Brasília - DF
2017
LIZANDRA CRISTINA GONÇALVES CARVALHO LEÃO TEIXEIRA
Brasília
2017
Projeto de TCC I, de autoria de Lizandra Cristina Gonçalves Carvalho Leão Teixeira,
intitulado “Avaliação da atividade antiviral de bacteriocinas contra o vírus herpes simplex
tipo 1 (HSV-1) através das metodologias de Redução do Título Viral e Plaque Assay”,
apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina da
Universidade Católica de Brasília, em 1º de novembro de 2017, defendida e aprovada pela
banca examinadora abaixo assinada:
____________________________________________________
Profa. MSc. Lídia Maria Pinto de Lima
Orientadora
Curso de Biomedicina – Universidade Católica de Brasília (UCB)
_____________________________________________________
Doutoranda Liana Costa Pereira Vilas Boas
Banca Examinadora
Patologia Molecular – Universidade de Brasília (UnB)
Brasília
2017
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4
1.1 VÍRUS HERPES SIMPLEX TIPO 1 (HSV-1)............................................................ 4
1.2 ANTIVIRAIS ............................................................................................................... 6
1.3 BACTERIOCINAS ..................................................................................................... 7
1.4 PLAQUE ASSAY........................................................................................................ 8
2 JUSTIFICATIVA E PERSPECTIVAS ............................................................................. 10
3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 11
3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 11
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 11
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 12
4.1 CULTURA CELULAR ............................................................................................. 12
4.2 BACTERIOCINAS ................................................................................................... 12
4.3 BIOENSAIOS ............................................................................................................ 12
4.3.1 Titulação Viral .................................................................................................. 12
4.3.2 Ensaio Citotóxico e Viabilidade Celular ......................................................... 13
4.3.3 Redução do Título Viral ................................................................................... 14
4.3.4 Plaque Assay ..................................................................................................... 14
4.3.5 Mecanismo de Ação .......................................................................................... 16
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 17
6 CRONOGRAMA ................................................................................................................. 20
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1. INTRODUÇÃO
As infecções virais constituem grande parte dos problemas de saúde em todo mundo.
As formas de transmissão e disseminação dos vírus são variadas, podendo causar doenças
respiratórias, entéricas, dermotrópicas, viroses multissistêmicas e do sistema nervoso central,
além de viroses oncogênicas e congênitas. O tratamento e a prevenção dessas doenças são
realizados a partir da administração de antivirais e vacinas que são disponíveis atualmente
contra alguns vírus (SANTOS et al, 2015).
Por volta dos anos 1960, a terapia antiviral era considerada mais difícil do que o
tratamento antibacteriano, pelo fato dos vírus serem patógenos intracelulares obrigatórios,
diferentes da maioria das bactérias que se multiplicam independentemente da célula
hospedeira. Por essa razão de dependência do vírus e a limitação do conhecimento de técnicas
moleculares, considerava-se a impossibilidade de agentes antivirais serem obtidos sem que os
mesmos interferissem no metabolismo celular causando danos as células (SANTOS et al,
2015).
Dentre as viroses dermotrópicas podem ser citadas aquelas que se restringem a
superfície corpórea, como as causadas pelo vírus herpes simplex 1 e 2, vírus do papiloma
humano e vírus do molusco contagioso, além das de disseminação sistêmica pelo corpo, como
as do herpesvírus 6 e 7, sarampo, rubéola e herpes vírus associado ao sarcoma de Kaposi
(SANTOS et al, 2015).
O HSV-1 (Figura 1) possui DNA linear com 152kbp, fita dupla, capsídeo icosaédrico
composto por 162 capsômeros, tegumento amorfo ao redor do capsídeo que permite o
transporte do DNA por um canal, envelope externo com bicamada lipídica contendo cerca de
13 glicoproteínas incorporadas (SHEN & NEMUNAITIS, 2006).
Fonte: http://viralzone.expasy.org/viralzone/all_by_species/178.html
1.2 ANTIVIRAIS
Alguns antivirais são agentes utilizados para tratar diferentes doenças causadas por
vírus inibindo a replicação viral. A eficiência dessas substâncias relaciona-se com a
capacidade de inibir fases específicas do ciclo viral sem que haja prejuízo para a célula
hospedeira (BATISTA, 2011; OLIVEIRA, 1989).
Essas drogas antivirais podem interferir desde a adsorção da célula até a formação de
novas partículas virais, podendo ser tóxicas às células humanas, pois a replicação viral ocorre
no interior celular e os vírus utilizam as vias metabólicas das células hospedeiras. Além disso,
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os vírus podem desenvolver resistência a elas (STEPHENS et al, 2009). São relatados na
literatura, casos de resistência aos antivirais, como o aciclovir, droga padrão utilizada em
infecções causadas pelo vírus herpes simples. Devido às mutações que ocorrem, algumas
cepas são incapazes de fosforilar o aciclovir, por serem deficientes ou geradoras
incompetentes de timidina-quinase (GELLER et al, 2012).
Muitos antivirais são desenvolvidos para atuar contra vírus específicos, como o HIV,
HCV e vírus Influenza. Entretanto existem outras doenças importantes em seres humanos, que
não possuem tratamentos eficazes e demandam de novos estudos e investigações sobre outros
fármacos e a ação antiviral dos mesmos (DE CLERQ, 2004; VIGANT, 2015).
Outros antivirais são substâncias que afetam diretamente a partícula viral, destruindo-a
ou impedindo a sua entrada na célula hospedeira, assim como aqueles que bloqueiam o
estágio inicial da replicação viral, o desnudamento, impedindo o desencapsulamento do
genoma viral, como a Amantadina e Rimantadina, drogas antivirais mais ativas contra
Influenza A (SANTOS et al, 2015).
1.3 BACTERIOCINAS
Para o ensaio antiviral, será implantada a técnica de Plaque Assay, que visa quantificar
o vírus em determinado volume de amostra em função da sua inibição pela substância. Nesse
método há a formação de discretas placas, que constituem zonas celulares mortas em função
da infecção viral nas células, sendo esta uma técnica que possui maior precisão para
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2. JUSTIFICATIVA E PERSPECTIVAS
Outros estudos realizados indicam que foram encontrados herpes vírus simplex 1 e 2,
que são resistentes as drogas antivirais de referência para o tratamento. Portanto, diante dos
fatos justifica-se a proposta de realização deste estudo para avaliar a atividade antiviral de
diferentes bacteriocinas contra o HSV-1 fazendo uma comparação entre a Redução do Título
Viral e a técnica de Plaque Assay, pois é necessário introduzir técnicas que possam confirmar
a ação antiviral de determinadas substâncias de forma eficiente.
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
4.2 BACTERIOCINAS
4.3 BIOENSAIOS
Os experimentos serão realizados com o vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1) cedido
pela Professora Maria Teresa Vilela Romanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em
placas de 96 poços serão inoculadas células Vero entre 105 e 106 células por mL-1 e a placa
será incubada a 37ºC por 48h em estufa com 5% de CO2 em atmosfera úmida, para a
formação da monocamada de células. Após esse período, o meio de crescimento será
desprezado e adicionado 100µL/poço de DMEM 1x sem SFB. Será feito uma diluição seriada
na base 10, em que 8 microtubos serão preenchidos com 450µL de DMEM 1x sem SFB e no
1º tubo (diluição 10-1) será adicionado 50µL da amostra de vírus, passando desse 50µL para o
2º tubo (diluição 10-2) e assim sucessivamente até o 8º tubo (diluição 10-8). Serão inoculados
25µL referente a cada diluição nos respectivos poços, deixando reservado uma linha de
controle de células (CC) onde serão adicionados apenas 100µL de DMEM 1x sem SFB. A
placa permanecerá por mais 48h de incubação para posterior visualização do efeito citopático
(ECP) através de microscópio óptico invertido. O cálculo TCID50 mL-1 (Tissue Culture
Infective Dose) será baseado na metodologia de Reed e Muench (1938) conforme abaixo:
Em placas de 96 poços serão inoculadas células Vero entre 105 e 106 células por mL-1
e a placa será incubada a 37ºC por 48h em estufa com 5% de CO2 em atmosfera úmida, para a
formação da monocamada de células. Após esse período, o meio de crescimento será
desprezado e adicionado 100µL/poço de DMEM 1x sem SFB. As amostras de bacteriocinas
serão diluídas na base 2 de acordo com a quantificação de proteínas obtidas, sendo inoculadas
100µL da solução. As placas serão incubadas novamente nas mesmas condições iniciais por
mais 48h. A viabilidade celular será avaliada pelo método de MTT, sendo adicionado 20µL
da solução em todos os poços e novamente incubada por 3h. Após esse processo será
adicionado 100µL/poço de DMSO (Dimetilsufóxido) e as placas ficarão em temperatura
ambiente de 15 a 20 minutos para a solubilização dos cristais de formazan. Em seguida será
realizada a leitura por absorbância em leitora de ELISA a 490nm (TAKEUSHI et al, 1991,
com modificações).
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Placas de 6 poços (3,5 cm de diâmetro) serão preparadas, nas quais serão adicionados
2 mL da suspensão de células Vero (entre 105 e 106 células viáveis/mL em meio DMEM com
10% de SFB) em cada poço. As placas serão incubadas em estufa com atmosfera úmida a
37ºC com 5% CO2 durante 48 horas. A concentração das substâncias será determinada a partir
do ensaio citotóxico e as mesmas serão diluídas em DMEM 1x com 2% de SFB na proporção
de 1:1. Para a diluição do vírus será retirado 50µL do estoque de vírus (10-2) e acrescentado
450µL de DMEM 1x com 2% de SFB, ficando a 10-1, o que corresponderá a TCID50 mL-1.
Após esse procedimento o meio de crescimento será desprezado e imediatamente serão
inoculadas 500µL das diluições das bacteriocinas e 100µL da diluição do vírus, distribuídas
nos poços conforme ilustração abaixo, para a adsorção viral. As placas serão incubadas por 1h
em estufa nas mesmas condições anteriores, balançadas suavemente a cada 15 minutos para
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evitar que as células sequem. Todos os experimentos com placas de 6 poços serão feitos em
duplicata.
Com o número de placas obtidas nos poços será calculado o percentual de inibição
(PI) do HSV-1, a concentração que inibe 50 % da formação das placas (índice de inibição –
EC50), assim como o índice de seletividade (IS), para atividade antiviral das substâncias. O
cálculo de unidades formadoras de placas (PFU - plaque forming units) será de acordo com a
fórmula PFU = Média de Placas /D x V, na qual toma-se o número médio de placas para uma
mesma diluição e o inverso do fator de diluição total, onde D= diluição e V= volume de vírus
adicionado à placa (BAHER & KEHN-HALL, 2014). As bacteriocinas que apresentarem
atividade antiviral ≥ 70% terão a EC50 definida através de cálculos estatísticos e o IS pela
razão CC50/EC50 (CHIARADIA et al, 2010).
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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6. CRONOGRAMA
Ensaios Antivirais X X X X
Redação do TCC X X X X X