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Estas medidas justificam-se pelo facto de, a partir de Outubro de 2016, alguns indicadores
monetários e financeiros terem começado a evoluir no sentido esperado, com destaque
para a taxa de câmbio, o que abre boas perspectivas para que a curto e médio prazos a
inflação desacelere, permitindo assim reforçar o princípio de taxas de juro reais positivas.
Projecções mais recentes indicam que a inflação anual poderá situar-se abaixo das
expectativas feitas pelo CPMO em Outubro, que apontavam para um nível em redor de
30% no final de 2016, muito embora subsistam riscos da conjuntura doméstica e
internacional que a ocorrer de forma severa poderão impactar na sua trajectória
estimada.
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RECUPERAÇÃO DO PREÇO DAS COMMODITIES E SINAIS DE EXPANSÃO DA
ACTIVIDADE ECONÓMICA MUNDIAL RELANÇAM AS EXPECTATIVAS DE
CRESCIMENTO DAS EXPORTAÇÕES DE MOÇAMBIQUE
Os últimos dados sobre a actividade económica mundial mostram uma recuperação das
economias avançadas e um abrandamento da desaceleração nas economias emergentes.
A conjuntura internacional indica uma expansão da actividade económica nas economias
avançadas, com destaque para a recuperação da Zona Euro e dos EUA, depois de um
crescimento abaixo do esperado no segundo trimestre. Do lado das economias de mercado
emergentes, a Índia e a Coreia do Sul mantêm taxas de crescimento mais elevadas
comparativamente à China cujo ritmo de expansão estabilizou a um nível inferior quando
comparado com os anos anteriores. Este desempenho tem contribuído para uma ligeira
recuperação do preço das matérias-primas no mercado internacional, com impacto positivo
para as perspectivas de crescimento das exportações moçambicanas e consequente melhoria do
saldo da conta corrente do país.
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O AUMENTO DOS PREÇOS ADMINISTRADOS E A QUEDA DA OFERTA DE
PRODUTOS FRESCOS CONTRIBUÍRAM PARA A ACELERAÇÃO DA INFLAÇÃO
O desempenho fiscal nos primeiros nove meses de 2016 revela um agravamento do défice
público e aumento do recurso, pelo Estado, ao financiamento interno, afectando a
liquidez do sistema, com impactos sobre o andamento dos preços. A execução orçamental
até Setembro de 2016 foi caracterizada por um ligeiro incremento da receita, contrariado por
um substancial agravamento da despesa, o que contribuiu para elevar o défice público, antes e
depois de donativos. Dados mais recentes sobre a actividade financeira do Estado no mês de
Novembro mostram que a sua posição líquida junto do sistema bancário nacional deteriorou,
em consequência de maior recurso ao financiamento interno, o que denota um incremento do
risco fiscal sobre a liquidez da economia e, em última instância, sobre a inflação.
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Entretanto, a desaceleração dos agregados monetários e a apreciação do Metical
contribuem para amortecer a pressão sobre os preços e melhoram as perspectivas de
inflação, de curto e médio prazos. Nos bancos comerciais, dados mais recentes indicam que
o Dólar norte-americano foi cotado em 72,4 MT/USD no dia 13 de Dezembro, nível que
representa uma apreciação do metical na ordem dos 7,8% desde 7 de Outubro, tendo a
depreciação anual recuado de um máximo de 71,5% para cerca de 31%1. Relativamente ao
Rand sul-africano, a informação mais recente mostra que este foi transacionado a 5.33
MT/ZAR, o equivalente a uma apreciação face à cotação do fecho de Outubro e uma
desaceleração das perdas nominais do metical, passando de 88,2% para cerca de 40,0%. A
relativa estabilidade que o mercado cambial apresenta traduz o efeito das medidas de política
monetária que foram sendo tomadas ao longo dos últimos meses com vista ao controlo da
liquidez, aliadas às medidas de reforço da disciplina e transparência do mercado, com impacto
imediato na alteração das expectativas dos agentes económicos.
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A acentuada queda da depreciação anual traduz, em grande medida, o efeito base captado
nos 24,5% de aumento mensal do câmbio em Novembro do ano transacto.
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REDUZ A LIQUIDEZ APÓS ÚLTIMO AGRAVAMENTO DO COEFICIENTE DAS
RESERVAS OBRIGATÓRIAS
Aumento das taxas de juro do Mercado Monetário Interbancário (MMI) para níveis em
redor da taxa da Facilidade Permanente de Cedência (FPC). Em Novembro, as taxas de
juro médias ponderadas resultantes dos leilões de BT para as maturidades de 91 e 182 dias,
aumentaram para 22,50% (mais 321 pontos base) e 23,00% (mais 220 pontos base). A taxa de
juro das permutas de liquidez entre os bancos comerciais subiu em 10 pontos base para 23,16%,
no último dia de Novembro. Por seu turno, entre Outubro e Novembro, os bancos comerciais
agravaram as taxas de juro nominais praticadas nas suas operações activas para máximos em
redor de 37,5% para maturidade de um ano e mínima para 19,5%. Para o mesmo período, a
prime rate média do sistema passou de 24,2% para 27,8%.
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de 30% anunciada em Outubro, em face da tendência mais recente da taxa de câmbio do
Metical, conjugada com sinais de contenção da procura agregada resultante das medidas de
política monetária restritivas que vêm sendo tomadas.