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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

Concreto Armado:

estados limites de serviço - ELS

Valdirene Maria Silva


Ana Lúcia Homce de Cresce El Debs
José Samuel Giongo

São Carlos, setembro de 2009.


APRESENTAÇÃO

Este texto discute a rotina para a verificação dos Estados Limites de Serviço em
elementos estruturais fletidos construídos em concreto armado.
São estudados os critérios paras os cálculos do momento de fissuração
(verificação do estado limite de formação de fissuras – ELS - F), das aberturas de
fissuras (verificação do estado limite de abertura de fissuras – ELS - W) e dos
deslocamentos (verificação do estado limite de deformações excessivas – ELS - DEF),
com os critérios da NBR 6118:2003 (ABNT, 2004).
Inicialmente são apresentados os critérios para determinação da posição da
linha neutra, do momento de inércia e cálculo da tensão nas barras da armadura de
tração, com as hipóteses dos Estádios I e II, conforme já estudados na disciplina SET
409 – Estruturas de Concreto Armado I no primeiro semestre de 2008.
É feita, também, uma recordação das definições de estados limites e das
combinações das ações necessárias para o dimensionamento no estado limite último e
para as verificações dos estados limites de serviço.
É apresentado um exemplo de viga simplesmente apoiada sendo que em etapa
anterior da disciplina SET 410 – Estruturas de Concreto Armado II, 2008 foram feitos o
dimensionamento e o detalhamento das armaduras.
O texto que serviu de base para este trabalho foi escrito pela Engenheira
Doutora Valdirene Maria Silva e pela Professora Doutora Ana Lúcia Homce de Cresce
El Debs, sendo que aqui ele foi revisado e adaptado pelo terceiro autor.
SUMÁRIO

1 Introdução 1
1.1 Definições de estados limites 2

2 Ações e combinações 3
2.1 Classificação das ações [NBR 6118:2003] 3
2.2 Combinação de serviço das ações 3
2.2.1 Combinações quase permanentes de serviço 3
2.2.2 Combinações freqüentes de serviço 4
2.2.3 Combinações raras de serviço 4

3 Estádios de comportamento de elementos fletidos em concreto armado 4


3.1 Estádio I 5
3.1.1 Propriedades geométricas de seções no estádio I 6
3.1.1.a Altura da linha neutra 7
3.1.1.b Momento de inércia 8
3.2 Estádio II 8
3.2.1 Propriedades geométricas de seções no estádio II 8
3.2.1.a Altura da linha neutra 8
3.2.1.b Momento de inércia 9

4 Estado limite de formação de fissuras 9

5 Estado limite de fissuração 10


5.1 Valores máximos das aberturas das fissuras em função do meio ambiente 11
5.2 Estado limite de fissuração de acordo com a NBR 6118:2003 11

6 Estado limite de deformação segundo a NBR 6118:2003 13


6.1 Avaliação aproximada da flecha em vigas 15
6.1.1 Flecha imediata em vigas de concreto armado 15
6.1.2 Cálculo da flecha diferida no tempo para vigas de concreto armado 15

7 Exemplo 16
7.1 Esforços solicitantes 17
7.2 Estado limite de formação de fissuras 18
7.2.1 Combinação freqüente de serviço 18
7.2.2 Momento de fissuração 18
7.3 Estado limite de abertura de fissuras 19
7.3.1 Cálculo da abertura de fissura para a condição de fissuração sistemática 19
7.3.2 Cálculo da abertura de fissura para a condição de fissuração não sistemática 20
7.4 Verificação do estado limite de deformação excessiva 21

8 Bibliografia 24
Valdirene Maria Silva, Ana Lúcia H. C. El Debs e José Samuel Giongo – USP – EESC – SET - Setembro de 2009 1
Concreto armado: estados limites de serviço

1 Introdução (22 de Setembro de 2009)

A idéia de se dimensionar uma estrutura utilizando os procedimentos dos estados


limites surgiu na Rússia nos anos de 1947 a 1949, tendo sido aprovada pelos órgãos
técnicos em 1955 e aplicada à engenharia civil em 1958.
O objetivo da consideração dos estados limites nas estruturas de concreto é
determinar o limite além do qual um elemento estrutural não pode mais ser utilizado ou,
em última instância, pode ser considerado inseguro ou próximo de atingir uma situação
de ruína. Quando uma estrutura ou parte dela não satisfaz uma das suas finalidades na
construção, diz-se que ela atingiu um estado limite.
Os estados limites podem ser classificados em estados limites últimos ou de
ruína (ELU) e estados limites de serviço (ELS).
Os estados limites últimos nada mais são do que o esgotamento da
capacidade resistente da estrutura e, em geral, é originado por um ou vários dos
seguintes fenômenos:

a.- Perda de equilíbrio de uma parte ou do conjunto da estrutura, assimilada esta


a um corpo rígido; por exemplo, tombamento, arrancamento de suas fundações,
deslizamentos etc.;

b.- Ruína (colapso) da estrutura, ou seja, transformação da estrutura original em


uma estrutura parcial ou totalmente hipoestática, por plasticidade;

c.- Perda da estabilidade de uma parte ou do conjunto da estrutura, por


deformação;

d.- Deformação elástica ou plástica, deformação lenta e fissuração (no caso de


concreto estrutural) que provoquem uma mudança de geometria que exija uma
substituição da estrutura;

e.- Perda de capacidade de sustentação por parte de seus elementos, ruptura de


seções, por ter sido ultrapassada a resistência do material, sua resistência à
flambagem, resistência à fadiga etc.;

f.- Propagação de um colapso que se inicia em um ponto ou região da estrutura,


para uma situação de colapso total – colapso progressivo ou falta de integridade
estrutural;

g.- Grandes deformações, transformação em mecanismo, instabilidade global;

h.- Sensibilidade da estrutura aos efeitos da repetição das ações, do fogo, de


uma explosão e outros.

Os estados limites de serviço correspondem às exigências funcionais e de


durabilidade da estrutura, podendo ser originados por um ou vários dos seguintes
fenômenos:

a.- Deformações excessivas para uma utilização normal da estrutura, como por
exemplo: flechas ou rotações que afetam a aparência da estrutura, o uso funcional ou
a drenagem de um edifício, ou que possam causar danos a componentes não
estruturais e aos seus elementos de ligação;
USP - EESC - SET - Disciplina SET 410 - Estruturas de Concreto Armado II 2
Concreto Armado: estado limite de serviço - ELS

b.- Deslocamentos excessivos sem perda do equilíbrio;

c.- Danos locais excessivos (fissuração, trincas, corrosão, escoamento localizado


ou deslizamento) que afetam a aparência, a utilização ou a durabilidade da estrutura;

d.- Vibração excessiva que afeta o conforto dos ocupantes da edificação ou a


operação de equipamentos.

1.1 Definições de estados limites

Seguem algumas definições de estados limites segundo a ABNT NBR


6118:2003.

Estado limite último (ELU)

Estado limite relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína


estrutural, que determine a paralisação do uso da estrutura.

Estado limite de formação de fissuras (ELS-F)

Estado em que se inicia a formação de fissuras. Admite-se que este estado


limite é atingido quando a tensão de tração nas fibras mais solicitada na seção
transversal for igual à resistência do concreto à tração na flexão (fct,f).
Estado limite de abertura das fissuras (ELS-W)
Estado em que as fissuras se apresentam com aberturas iguais aos máximos
especificados em norma.
Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF)
Estado em que as deformações atingem os limites estabelecidos para a
utilização normal.
Estado limite de descompressão (ELS-D)
Estado no qual um ou mais pontos da seção transversal a tensão normal é nula,
não havendo tração no restante da seção. Verificação usual no caso de concreto
protendido.
Estado limite de descompressão parcial (ELS-DP)
Estado no qual garante-se a compressão na seção transversal, na região onde
existem armaduras ativas. Essa região deve se estender até uma distância ap da face
mais próxima da cordoalha ou da bainha de protensão, Figura 1.

Figura 1 - Estado limite de descompressão parcial


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Concreto armado: estados limites de serviço

Estado limite de compressão excessiva (ELS-CE)


Estado em que as tensões de compressão atingem o limite convencional estabelecido.
Usual no caso do concreto protendido na ocasião da aplicação da protensão.

Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE)

Estado em que as vibrações atingem os limites estabelecidos para utilização


normal da construção.

2 Ações e combinações

2.1 Classificação das ações (ABNT NBR 6118:2003)

São classificadas de acordo com sua permanência na estrutura e devem ser


verificadas como estabelecido a seguir:

a.- quase-permanentes: podem atuar durante grande parte do período de vida


da estrutura e sua consideração pode ser necessária na verificação do estado limite de
deformações excessivas.

b.- freqüentes: repetem-se muitas vezes durante o período de vida da estrutura


e sua consideração pode ser necessária na verificação dos estados limites de
formação de fissuras, de abertura de fissuras e de vibrações excessivas. Podem
também ser consideradas para verificações de estados limites de deformações
excessivas decorrentes de vento ou temperatura que podem comprometer as
vedações.

c.- raras: ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura e sua
consideração pode ser necessária na verificação do Estado Limite de Formação de
Fissuras.

Na ABNT NBR 8681:2003 – Ações e segurança nas estruturas encontram-se as


definições e classificações das ações, os seus valores representativos, os valores de
cálculo, os critérios de combinações das ações, as expressões para cálculo das
combinações últimas, os coeficientes de ponderação para combinações últimas e as
resistências dos materiais.

2.2 Combinações de serviço das ações

Nas combinações de serviço são consideradas todas as ações permanentes,


inclusive as deformações impostas permanentes, e as ações variáveis correspondentes
a cada um dos tipos de combinações, de acordo com os itens seguintes:

2.2.1 Combinações quase permanentes de serviço

Nas combinações quase permanentes de serviço, todas as ações variáveis são


consideradas com seus valores quase permanentes Ψ2 FQk:

m n
Fd,uti = ∑ FGi,k + ∑ Ψ2 j ⋅ FQj,k (2.1)
i =1 j =1
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Concreto Armado: estado limite de serviço - ELS

2.2.2 Combinações freqüentes de serviço

Nas combinações freqüentes de serviço, a ação variável principal FQ1 é tomada


com seu valor freqüente Ψ1 FQ1,k e todas as demais ações variáveis são tomadas com
seus valores quase permanentes Ψ2 FQk:

m n
Fd,uti = ∑ FGi,k + Ψ1 ⋅ FQ1,k + ∑ Ψ2 j ⋅ FQj,k (2.2)
i =1 j= 2

2.2.3 Combinações raras de serviço

Nas combinações raras de serviço, a ação variável principal FQ1 é tomada com
seu valor característico FQ1,k e todas as demais ações são tomadas com seus valores
freqüentes Ψ1 FQk:

m n
Fd,uti = ∑ FGi,k + FQ1,k + ∑ Ψ1j ⋅ FQj,k (2.3)
i =1 j= 2

3 Estádios de comportamento de elementos fletidos em concreto armado

Na verificação dos Estados Limites de Serviço não é possível considerar que o


material que compõe as estruturas de concreto armado seja homogêneo, pois ele é
constituído por concreto e barras de aço definindo, assim, um material heterogêneo.
São usadas as expressões da Resistência dos Materiais na determinação das
deformações e tensões nas barras de aço. Lembra-se que as expressões da RM foram
deduzidas considerando o material homogêneo. Assim, como se tratam de estruturas
de concreto armado há necessidade de se realizar a homogeneização do material. A
seção transversal de uma viga, para a qual se quer determinar as deformações e as
tensões, é homogeneizada considerando-se uma seção adicional de concreto que
substitui a área da seção transversal de barras de aço.
As deformações são proporcionais à profundidade da linha neutra, que precisa
ser determinada nas situações de serviço, considerando, portanto, o estádio de
comportamento em que o elemento estrutural se encontra. Na seqüência se efetuam os
cálculos do momento de inércia e das tensões na seção transversal. É importante
lembrar que é preciso conhecer as hipóteses dos estádios de comportamento dos
elementos estruturais fletidos em concreto armado.
Segundo AMARAL (1969) o fato das tensões não serem proporcionais às
deformações e em virtude da pequena resistência do concreto à tração é necessário
considerar diferentes fases da solicitação, a que correspondem trechos distintos do
diagrama tensão-deformação (Figura 2). Não se pode estabelecer uma forma geral de
cálculo válida para qualquer fase da solicitação. De acordo com a grandeza das
tensões consideram-se três fases que se denominam como Estádios I, II e III do
concreto.
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Concreto armado: estados limites de serviço

compressão

tração ε

Figura 2 - Gráfico tensão x deformação

Os estádios são diferentes fases pelas quais um elemento estrutural fletido em


concreto armado passa quando é solicitado por uma ação variável de zero até a última,
que provoca a sua ruína.

3.1 Estádio I

O estádio I corresponde ao início do carregamento, é quando as solicitações são


pequenas e o concreto resiste sozinho às tensões de tração. Esse estádio pode ser
subdividido em dois: Ia e Ib.
No estádio Ia o concreto resiste as tensões de tração e compressão no regime
elástico linear, ou seja, as tensões são proporcionais as deformações, conforme Figura
3.

Figura 3 - Diagrama de tensão no estádio I

A verificação nesse estádio é feito segundo os princípios da resistência dos


materiais, com tensão na borda comprimida calculada por:

M
σc = ⋅x (3.1)
I

Resumo:
- O concreto não está fissurado na região tracionada;
- O diagrama de tensão é linear na tração e na compressão.

Observação:
- É utilizado para a verificação das deformações em lajes, uma vez que as lajes
apresentam-se poucas fissuradas.
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No estádio Ib o concreto está na iminência de ruptura à tração, regime plástico,


Figura 3. Com as hipóteses deste estádio calcula-se o momento de fissuração da peça,
conforme item 4 deste texto. Depois de se iniciar a ruptura por tração, despreza-se toda
a zona tracionada e passa-se para o Estádio II.

Resumo:
- O concreto ainda resiste à tração;
- O diagrama de tensão na região comprimida é linear;
- O diagrama de tensão na região tracionada é não-linear e a maior tensão
solicitante de tração é igual à resistência do concreto à tração.

Observação:
- Pode ser utilizado no cálculo do momento fletor de fissuração (Mr), solicitação
que pode provocar o início de formação de fissuras, e no cálculo da área da armadura
mínima. A armadura de tração deve resistir, pelo menos, ao momento fletor resistido
pela seção de concreto simples calculado no estádio Ib.

3.1.1 Propriedades geométricas de seções no estádio I

O centro de rotação da seção e a rigidez da mesma são afetados pelo


posicionamento da armadura e, neste caso, deve ser feita a homogeneização da seção
para se utilizar a teoria clássica da Resistência dos Materiais, Figura 4. Em elementos
estruturais de concreto armado todo detalhamento da armadura é feito procurando
garantir a aderência entre o aço e o concreto, proporcionando a igualdade das
deformações dos dois materiais. A armadura de tração submetida a uma determinada
tensão é transformada em uma seção de concreto equivalente de acordo com a
Equação (3.2) e com uma tensão equivalente dada pela Equação (3.3).

A *ct = α e ⋅ A s (3.2)

σ st
σ eq = (3.3)
αe

sendo:

As = área da armadura de tração;


σst = tensão na armadura de tração;
A*ct = área de concreto equivalente à armadura de tração;
σeq = tensão equivalente atuante na armadura de tração;
αe = razão entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto.

Observação: A ABNT NBR 6118:2003, por falta de valores precisos, recomenda


que se adote:

αe = 15 para a razão entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto no


caso de ações freqüentes ou quase permanentes;

αe = 10 para a razão entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto


para a situação de ações raras.
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Concreto armado: estados limites de serviço

Analogamente, a área da armadura de compressão submetida a uma


determinada tensão é transformada em uma seção de concreto equivalente de acordo
com a Equação (3.4) e com uma tensão equivalente dada pela Equação (3.5).

A *cc = α e ⋅ A 's (3.4)

σ sc
σ eq = (3.5)
αe

sendo:

As’ = área da armadura comprimida;


σsc = tensão na armadura comprimida;
A*cc = área de concreto equivalente à armadura comprimida;
αe = razão entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto;
σeq = tensão equivalente atuante na armadura comprimida.

Figura 4 - Homogeneização da seção

3.1.1.a Altura da linha neutra

No estádio I a linha neutra passa pelo centro de gravidade da seção


homogeneizada, portanto o momento estático em relação à linha neutra (SLN) é igual a
zero.

SLN = zero

Ou seja:

b w ⋅ xI2
2
( ) b
+ α e ⋅ A 's ⋅ xI − d' − α e ⋅ A s ⋅ (d − xI ) − w ⋅ (h − xI ) = 0
2
2
(3.6)

sendo:

αe = relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto;


d' = distância do centro de gravidade de As’ até a borda comprimida do concreto;
xI = altura da linha neutra no estádio I (cm).

Para as situações em que a viga de seção retangular não possui armadura


posicionada na região comprimida, as equações anteriores são válidas, basta fazer As’
igual a zero.
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3.1.1.b Momento de inércia

O momento de inércia em relação a linha neutra pode ser calculado pela Equação
(3.7).

b w ⋅ h3 ⎛h ⎞
+ b w ⋅ h ⋅ ⎜ − xI2 ⎟ + αe ⋅ A 's ⋅ ( xI − d' )2 + αe ⋅ A s ⋅ (d − x I )
2
II = (3.7)
12 ⎝2 ⎠

3.2 Estádio II

No estádio II, também chamado de estádio de fissuração, a resistência à tração


do concreto é ultrapassada nas fibras mais afastadas da linha neutra. São
consideradas somente as tensões de compressão no concreto, isto é, nos cálculos são
desprezadas todas as áreas da seção de concreto correspondente à zona de tração. O
concreto não resiste às solicitações de tração, sendo estas absorvidas pela armadura.
Na região comprimida o diagrama de tensões é linear, Figura 5.

Figura 5 - Diagramas de tensões nos estádios I e II

Resumo:
- Concreto fissurado na região tracionada;
- Armadura resiste às tensões de tração;
- O diagrama de tensão na região comprimida é linear;
- O diagrama de tensão na região tracionada, onde não existe fissura, é não-
linear;

Observação:
- As vigas normalmente trabalham no Estádio II sob ações de serviço sendo,
portanto, adotado na verificação das deformações em vigas e análise das vigas em
serviço.

3.2.1 Propriedades geométricas de seções no estádio II

3.2.1.a Altura da linha neutra

No estádio II despreza-se a colaboração do concreto na região tracionada em


virtude da fissuração. O momento estático em relação à linha neutra é igual a zero,
Equação (3.8), conforme figura 5 e com barras junto a face superior ( A 's ).

b w ⋅ xII2
2
( )
+ α e ⋅ A 's ⋅ xII − d' − α e ⋅ A s ⋅ (d − xII ) = 0 (3.8)
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sendo:

αe = relação entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto;


d' = distância do centro de gravidade de As’ até a borda comprimida do concreto;
xII = altura da linha neutra no estádio II (cm).

Para situações em que a viga de seção retangular não possui armadura


negativa, as equações anteriores são válidas, basta fazer As’ = 0.

3.2.1.b Momento de inércia

O momento de inércia no estádio II em relação à linha neutra pode ser calculado


pela Equação (3.9).

b ⋅ xII3
+ α e ⋅ A 's ⋅ ( xII − d' )2 + α e ⋅ A s ⋅ (d − xII )
2
III = (3.9)
3

4 Estado limite de formação de fissuras

4.1 Cálculo do momento de fissuração segundo a ABNT NBR 6118:2003

Nos estados limites de serviço as estruturas trabalham parcialmente nos


estádios I e II. A separação entre essas duas partes é definida pelo momento de
fissuração. Esse momento pode ser calculado pela seguinte expressão aproximada:

α ⋅ fct ⋅ Ic
Mr = (4.1)
yt

sendo:

α = 1,2 para seções T ou duplo T;


α = 1,5 para seções retangulares;
α é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão
com a resistência à tração direta;
yt = distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada;
Ic = momento de inércia da seção bruta de concreto;
fct = fctk,inf, para determinação do momento de fissuração, no estado limite de
formação de fissura;
fct = fctk,m, na verificação do estado limite de deformação excessiva (flechas).

A resistência à tração direta fct pode ser calculada em função das resistências à
tração determinada por meio de ensaios de corpos-de-prova ensaiados à compressão
diametral (expressão 4.2) ou por ensaios de flexão de prismas de concreto (expressão
4.3).

fct = 0,9 fct,sp (4.2)

ou

fct = 0,7 fct,f (4.3)

sendo:
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fct,sp = resistência à tração indireta;


fct,f = resistência à tração na flexão.

A resistência à tração indireta e a resistência à tração na flexão é obtida em


ensaios realizados segundo a ABNT NBR 7222:1994 e a ABNT NBR 12142:1991,
respectivamente.
Na falta da realização dos ensaios para obter a resistência à tração indireta e a
resistência à tração na flexão pode-se obter o valor médio ou característico da
resistência à tração direta do concreto (fct) por meio das seguintes equações, indicadas
na ABNT NBR 6118:2003:

fct,m = 0,3 ⋅ fck2 / 3 (4.4)

fctk,inf = 0,7 ⋅ fct,m (4.5)

fctk,sup = 1,3 ⋅ fct,m (4.6)

sendo:

fct,m e fck expressos em megapascal.


fct,m = resistência média à tração do concreto
fck = resistência característica à compressão do concreto.

No caso de viga de seção retangular α = 1,5 e substituindo na expressão 4.1


tem-se:

1,5 ⋅ fct ⋅ Ic
Mr = (4.7)
yt

b ⋅ h3
Ic = (4.8)
12

h
yt = (4.9)
2

Portanto:

Mr = 0,25 ⋅ fct ⋅ b ⋅ h2
(4.10)
sendo fct = fctk,inf

5 Estado limite de fissuração

A matriz cimentícia apresenta duas desvantagens do ponto de vista estrutural, o


problema de fissuração e a pouca tenacidade. A abertura de fissuras está intimamente
ligada à durabilidade e ao desempenho das estruturas de concreto. O problema é que
a fissuração dos elementos estruturais de concreto armado é inevitável, uma vez que o
concreto possui pequena resistência a tração. Para garantir a proteção das armaduras
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Concreto armado: estados limites de serviço

e conseqüentemente a durabilidade das estruturas, é necessário controlar a abertura


de fissuras.
As fissuras na superfície de uma estrutura de concreto armado compromete a
utilização, tanto na redução da durabilidade quanto no prejuízo que traz ao
funcionamento e à estética. Por exemplo, em reatores nucleares, reatores químicos,
reservatórios e edifícios correntes.
A durabilidade da estrutura fica comprometida por facilitar a penetração dos
agentes agressivos à armadura e à própria massa do concreto. Assim sendo, a
abertura de fissura é prejudicial à durabilidade e função do meio em que está a
estrutura.
Desta forma, o estudo da fissuração tem que ser feito em 2 etapas distintas como
a seguir.

5.1 Valores máximos das aberturas das fissuras em função do meio ambiente

De acordo com a ABNT NBR 6118:2003 nas estruturas de concreto armado


(armaduras passivas) a abertura máxima de fissura (wk) é da ordem de 0,2 mm a 0,4
mm, para garantir a proteção da armadura contra a corrosão. Nas estruturas com
armadura ativa o aparecimento de fissuras pode ser mais nocivo porque a corrosão
será na armadura sob tensão, portanto, é necessária uma maior preocupação quanto a
agressividade ambiental (Tabela 1).

Tabela 1 - Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da


armadura, em função das classes de agressividade ambiental [ABNT NBR 6118:2003]

Classe de agressividade
Tipo de concreto Exigências relativas à Combinação de ações em
ambiental (CAA) e tipo
estrutural fissuração serviço a utilizar
de proteção
Concreto simples CAA I a CAA IV Não há ---
CAA I ELS-W wk ≤ 0,4 mm Combinação freqüente
Concreto armado
CAA II a CAA IV ELS-W wk ≤ 0,3 mm Combinação freqüente
Concreto Pré-tração com CAA I
protendido nível 1 ou ELS-W wk ≤ 0,2 mm Combinação freqüente
(protensão parcial) Pós-tração com CAA I e II
Concreto Pré-tração com CAA II Verificar as duas condições abaixo
protendido nível 2 ou ELS-F Combinação freqüente
(protensão Pós-tração com CAA III e 1 Combinação quase
ELS-D
limitada) IV permanente
Concreto Verificar as duas condições abaixo
protendido nível 3 Pré-tração com CAA III e ELS-F Combinação rara
(protensão IV 1
ELS-D Combinação freqüente
completa)
ELS-W – estado limite de abertura das fissuras;
ELS-F – estado limite de formação de fissuras;
ELS-D – estado limite de descompressão;
ELS-DP –estado limite de descompressão parcial;
Para as classes de agressividade ambiental CAA III e IV exige-se que as cordoalhas não aderentes
tenham proteção especial na região de suas ancoragens;
1
A critério do projetista, o ELS-D pode ser substituído pelo ELS-DP com ap = 25 mm.

5.2 Estado limite de fissuração de acordo com a ABNT NBR 6118:2003

A formulação para determinar a abertura de fissuras é indicada na ABNT NBR


6118:2003, como a seguir se expõe.
Para cada elemento ou grupo de elementos das armaduras passiva e ativa
aderente (excluindo-se os cabos protendidos que estejam dentro de bainhas), que
controlam a fissuração do elemento estrutural, deve ser considerada uma área Acr do
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Concreto Armado: estado limite de serviço - ELS

concreto de envolvimento, constituída por um retângulo cujos lados não distam mais de
7,5φ do contorno do elemento da armadura, Figura 5.
É conveniente que toda a armadura de pele φi da viga, na sua zona tracionada,
limite a abertura de fissuras na região Acri correspondente, e que seja mantido um
espaçamento menor ou igual a 15 φi.

Figura 5 - Envolvimento por concreto das barras da armadura

A grandeza da abertura de fissuras, wk, determinada para cada parte da região


de envolvimento, é a menor entre as obtidas pelas expressões que seguem.

Fissuração sistemática

φi σ ⎛ 4 ⎞
wk = ⋅ si ⋅ ⎜⎜ + 45 ⎟⎟ (5.1)
12,5 ⋅ ηi Esi ⎝ ρri ⎠

Fissuração não sistemática (assistemática)

φi σ 3 ⋅ σ si
wk = ⋅ si ⋅ (5.2)
12,5 ⋅ ηi Esi fctm

σsi, φi, Esi, ρri são definidos para cada área de envolvimento em exame.

sendo:

Acri = área da região de envolvimento protegida pela barra φi;


Esi = módulo de elasticidade do aço da barra φi considerada;
φi = diâmetro da barra que protege a região de envolvimento considerada;
ρri = taxa de armadura passiva ou ativa aderente, que não esteja dentro de
bainha, em relação a área da região de envolvimento (Acri);
σsi = tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada,
calculada no Estádio II, com αe = Es / Es = 15;
ηi = coeficiente de conformação superficial da armadura considerada, devendo
ser adotados os valores de η1 para passiva, Tabela 2.

Tabela 2 - Relação entre η1 e ηb


Coeficiente de conformação superficial
Tipo de barra
ηb η1
Lisa (CA-25) 1,0 1,0
Entalhada (CA-60) 1,2 1,4
Alta aderência (CA-50) ≥ 1,5 2,25
Valdirene Maria Silva, Ana Lúcia H. C. El Debs e José Samuel Giongo – USP – EESC – SET - Setembro de 2009 13
Concreto armado: estados limites de serviço

O cálculo no Estádio II, que admite comportamento linear dos materiais e


despreza a resistência à tração do concreto, pode ser feito considerando a relação αe
entre os módulos de elasticidade do aço e do concreto igual a 15.
A ABNT NBR 6118:2003 permite analisar o estado de fissuração sem a
verificação da abertura de fissuras. Para dispensar a avaliação da grandeza da
abertura de fissuras e atender ao estado limite de fissuração (aberturas máximas
esperadas da ordem de 0,3mm para o concreto armado), um elemento estrutural deve
ser dimensionado respeitando as restrições da Tabela 3 quanto ao diâmetro máximo
(φmax) e ao espaçamento máximo (smáx) das armaduras, bem como as exigências de
cobrimento e de armadura mínima. A tensão σs deve ser determinada no Estádio II.

Tabela 3 - Valores máximos de diâmetro e espaçamento, com barras de alta


aderência em função da tensão na armadura na situação de serviço

Tensão na barra Valores máximos


σs φmax smax
(MPa) (mm) (cm)
160 32 30
200 25 25
240 16 20
280 12,5 15
320 10 10
360 8 6

6 Estado limite de deformação segundo a ABNT NBR 6118:2003

A verificação dos valores limites estabelecidos na Tabela 4 para a deformação


da estrutura, mais propriamente rotações e deslocamentos em elementos estruturais
lineares, analisados isoladamente e submetidos à combinação de ações, deve ser
realizada por meio de modelos que considerem a rigidez efetiva das seções do
elemento estrutural, ou seja, levem em consideração a presença da armadura, a
existência de fissuras no concreto ao longo dessa armadura e as deformações diferidas
no tempo.
A deformação real da estrutura depende também do processo construtivo, assim
como das propriedades dos materiais (principalmente do módulo de elasticidade e da
resistência à tração) no instante de sua efetiva solicitação. Em face da grande
variabilidade dos parâmetros citados as deformações reais também. Não se pode
esperar, portanto, grande precisão nas previsões de deslocamentos dadas pelos
processos analíticos a seguir prescritos.
De uma forma geral, o limite de deslocamento mais empregado nos cálculos é
l / 250 , que corresponde a aceitabilidade visual e a drenagem de águas.
USP - EESC - SET - Disciplina SET 410 - Estruturas de Concreto Armado II 14
Concreto Armado: estado limite de serviço - ELS

Tabela 4 - Limites para deslocamentos


Deslocamento a
Tipo de efeito Razão da limitação Exemplo Deslocamento limite
considerar
Deslocamentos visíveis
Aceitabilidade
sensorial
Visual em elementos Total l / 250
estruturais
Vibrações sentidas no Por causa de
Outro
piso cargas acidentais l / 350
Efeitos
Superfícies que devem
estruturais em
drenar água
Coberturas e varandas Total l / 2501
serviço

Total l / 350 +
Pavimentos que devem Ginásios e pistas de contraflecha2
permanecer planos boliche Ocorrido após a
construção do piso l / 600
De acordo com a
Elementos que Ocorrido após o
recomendação do
suportam equipamentos Laboratórios nivelamento do
fabricante do
sensíveis equipamento
equipamento
Efeitos em
elementos não
Alvenaria, caixilhos e Após a construção l / 500 3 ou 10mm ou
revestimentos da parede θ = 0,0017rad4
estruturais
Ocorrido após a
Divisórias leves e
caixilhos telescópicos
instalação da l / 250 3 ou 25mm
divisória
Provocado pela
Paredes
ação do vento para
Movimento lateral de H/1700 ou Hi/8505 entre
combinação
edifícios pavimentos6
freqüente
(ψ1=0,30)
Provocado por
Movimentos térmicos
verticais
diferença de l / 400 7 ou 15mm
temperatura
Provocado por
Movimentos térmicos
diferenças de Hi/500
horizontais
temperatura
Ocorrido após
Forros Revestimentos colados
construção do forro l / 350
Revestimentos Deslocamento
pendurados ou com ocorrido após a l / 175
juntas construção do forro
Deslocamento
Desalinhamento de provocado pelas
Pontes rolantes H/400
trilhos ações decorrentes
na frenação
Efeitos em Afastamento em Se os deslocamentos forem relevantes para o elemento considerado,
elementos relação às hipóteses de seus efeitos sobre as tensões ou sobre a estabilidade da estrutura devem
estruturais cálculo adotadas ser considerados, incorporando-as ao modelo estrutural adotado
Notas:
1
As superfícies devem ser suficientemente inclinadas ou o deslocamento previsto compensado por contraflechas, de
modo a não se ter acúmulo de água.
2
Os deslocamentos podem ser parcialmente compensados pela especificação de contraflechas. Entretanto, a
atuação isolada da contraflecha não pode ocasionar um desvio do plano maior que l / 350 .
3
O vão l deve ser tomado na direção na qual a parede ou a divisória se desenvolve.
4
Rotação nos elementos que suportam paredes.
5
H é a altura total do edifício e Hi o desnível entre dois pavimentos vizinhos.
6
Este limite aplica-se ao deslocamento lateral entre dois pavimentos consecutivos devido à atuação de ações
horizontais. Não devem ser incluídos os deslocamentos devidos a deformações axiais nos pilares. O limite também
se aplica para o deslocamento vertical relativo das extremidades de lintéis conectados a duas paredes de
contraventamento, quando Hi representa o comprimento do lintel.
7
O valor l refere-se à distância entre o pilar externo e o primeiro pilar interno.
Observações: a) Todos os valores limites de deslocamentos supõem elementos de vão l suportados em ambas as
extremidades por apoios que não se movem. Quando se tratar de balanços, o vão equivalente a ser considerado
deve ser o dobro do comprimento do balanço. b) Para o caso de elementos de superfície, os limites prescritos
consideram que o valor l é o menor vão, exceto em casos de verificação de paredes e divisórias, onde interessa a
direção na qual a parede ou divisória se desenvolve, limitando-se esse valor a duas vezes o vão menor. c) O
deslocamento total deve ser obtido a partir da combinação das ações características ponderadas pelos coeficientes
de acompanhamento. d) Deslocamentos excessivos podem ser parcialmente compensados por contraflechas.
Valdirene Maria Silva, Ana Lúcia H. C. El Debs e José Samuel Giongo – USP – EESC – SET - Setembro de 2009 15
Concreto armado: estados limites de serviço

6.1 Avaliação aproximada da flecha em vigas

O modelo de comportamento da estrutura pode admitir o concreto e o aço como


materiais de comportamento elástico e linear, de modo que as seções ao longo do
elemento estrutural podem ter as deformações específicas determinadas no Estádio I,
desde que o momento fletor de cálculo (Md,ser) não supere o momento de fissuração
(Mr), e, no Estádio II, em caso contrário.
Deve ser utilizado no cálculo o valor do módulo de elasticidade secante Ecs,
Equação (6.1), sendo obrigatória a consideração do efeito da fluência.

Ecs = 0,85 ⋅ 5600 ⋅ fck (MPa) (6.1)

6.1.1 Flecha imediata em vigas de concreto armado

Para uma avaliação aproximada da flecha imediata em vigas pode-se utilizar a


fórmula de rigidez equivalente (Fórmula de Branson - ACI) conforme 6.2.

⎧⎪⎛ M ⎞ 3 ⎡ ⎛ M ⎞ 3 ⎤ ⎫⎪
(EI)eq = Ecs ⋅ ⎨⎜⎜ r
⎟⎟ ⋅ Ic + ⎢1 − ⎜⎜ r ⎟⎟ ⎥ ⋅ III ⎬ ≤ Ecs ⋅ Ic (6.2)
M
⎪⎩⎝ a ⎠ ⎢⎣ ⎝ Ma ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭

sendo:

Ic = momento de inércia da seção bruta de concreto;


III = momento de inércia da seção fissurada de concreto no Estádio II, calculado
com αe = Es/Ecs;
Ma = momento fletor na seção crítica do vão considerado, momento máximo no
vão para vigas biapoiadas ou contínuas e momento no apoio para balanços,
para a combinação de ações considerada nessa avaliação;
Mr = momento de fissuração do elemento estrutural, cujo valor deve ser reduzido
à metade no caso de utilização de barras lisas;
Ecs = módulo de elasticidade secante do concreto.

6.1.2 Cálculo da flecha diferida no tempo para vigas de concreto armado

A flecha adicional diferida, decorrente das ações de longa duração em função da


fluência, podem ser calculadas de maneira aproximada pela multiplicação da flecha
imediata pelo fator αf dado pela expressão:

Δξ
αf = (6.3)
1 + 50 ⋅ ρ′

sendo:


As (6.4)
ρ′ =
b⋅d

ξ é um coeficiente em função do tempo, que deve ser calculado pela expressão


seguinte, ou obtido diretamente na Tabela 5.
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Concreto Armado: estado limite de serviço - ELS

Δξ = ξ(t ) − ξ(t 0 ) (6.5)

( )
ξ(t ) = 0,68 ⋅ 0,996 t ⋅ t 0,32 para t ≤ 70 meses (6.6)

ξ(t ) = 2 para t > 70 meses (6.7)

Tabela 5 - Valores do coeficiente ξ em função do tempo


Tempo (t)
0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 ≥70
Meses
Coeficiente
0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
ξ (t)
sendo:
t = tempo, em meses, quando se deseja o valor da flecha diferida;
t0 = idade, em meses, relativa à data de aplicação da carga de longa duração.
No caso de parcelas da carga de longa duração serem aplicadas em idades
diferentes pode-se tomar para t0 o valor ponderado a seguir:

∑ Pi ⋅ t 0i
t0 = (6.8)
∑ Pi

sendo:
Pi = parcelas de carga;
t0i = idade em que se aplicou cada parcela Pi, em meses.
O valor da flecha total deve ser obtido multiplicando a flecha imediata por (1+αf).

7 Exemplo
Este exemplo de viga de concreto armado discute as verificações com relação
aos estados limites de serviço que precisam ser feitas à luz da ABNT NBR 6118:2003.
Considera-se que a ação concentrada, reação da viga V2, é constituída de duas
parcelas: um permanente G = 80 kN e outra variável normal Q = 70 kN. A ação
uniformemente distribuída, oriunda das reações de apoio das lajes, é igual a gk = 14,30
kN/m e qk = 5,70 kN/m. A força gk é relativa às ações permanentes que atuam nas lajes
que se apóiam na viga, o peso próprio da viga e a ação de uma parede de alvenaria a
ser construída sobre a viga. A força qk é por causa das reações de apoio das lajes
levando-se em conta as ações variáveis normais que nelas atuam. Na edificação as
ações acidentais atuantes nas lajes não superam 5 kN/m2.
Lembra-se que este exemplo é continuação do projeto da viga 1, quando se fez
o dimensionamento com relação às tensões normais e tangenciais, inclusive com o
detalhamento completo das barras das armaduras.
Dados para o projeto:
Concreto C30 (fck = 30 MPa) Aço CA-50 (fyk = 500 MPa)
As = 20,10 cm2 (10 φ 16,0 mm) bw = 25cm h = 75cm
A figura 6 mostra o eixo da viga destacando a seção na qual é introduzida força
concentrada, que á a reação de apoio da viga V02, que dista 4m do apoio da esquerda,
a seção transversal da viga na seção mais solicitada a momento fletor, para a qual
foram dimensionadas 10 barras de 16,0mm de diâmetro, conforme já visto em etapa
anterior do curso.
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Concreto armado: estados limites de serviço

Os diagramas de momentos fletores e forças cortantes são desenhados para as


ações permanentes (g) e variáveis normais (q).

7.1 Esforços solicitantes

Ação permanente:

Ação variável normal:

Figura 6 - Diagramas de esforços solicitantes e seção transversal - viga V01


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Concreto Armado: estado limite de serviço - ELS

7.2 Estado limite de formação de fissuras (ELS-F)


7.2.1 Combinação de serviço freqüente
A combinação de serviço freqüente é calculada de acordo com as hipóteses da
ABNT NBR 6118:2003, resultando:
MSd,ser = MG,k + Ψ1 ⋅ MQ,k

MSd,ser = 222,9 + 0,4 ⋅ 154,2 = 284,6 kN.m

7.2.2 Momento de fissuração


O momento de fissuração é determinado com a expressão indicada na ABNT
NBR 6118:2003 apresentada no item 4 deste texto.
α ⋅ fct ⋅ Ic
Mr =
yt

sendo:
α = 1,5 para seções retangulares;
yt = 37,5 cm, ou seja, igual a altura da viga (75cm) dividida por 2;

b ⋅ h3
Ic = = 878.906 cm 4
12
Cálculo da resistência de tração do concreto (fct)
para a verificação do ELS-DEF

fct = fct,m = 0,3 ⋅ fck2 / 3 = 0,3 ⋅ 302 / 3 = 2,90 MPa = 0,290 kN / cm2

para a verificação do ELS-F

fct = fctk,inf = 0,7 ⋅ 0,3 ⋅ fck2 / 3 = 0,7 ⋅ 0,3 ⋅ 302 / 3 = 2,03 MPa = 0,203 kN / cm2

O cálculo do momento de fissuração para verificação do estado limite de


formação de fissuras (ELS-F) é feito por:
1,5 ⋅ 0,203 ⋅ 878.906
Mr = = 7.136,7 kN.cm = 71,4kNm
37,5

O cálculo do momento de fissuração para verificação do estado limite de


deformação excessiva (ELS-DEF) é calculado por:
1,5 ⋅ 0,290 ⋅ 878.906
Mr = = 10.195,3 kN.cm = 102,0 kN.m
37,5

Como o momento de serviço de cálculo com o qual se verifica o estado limite de


formação de fissuras (MSd,ser = 284,6kNm) é maior do que o momento de fissuração
(Mr = 71,4kNm) e, portanto, há grande probabilidade de ser iniciar o processo de
fissuração nas seções transversais onde ocorrem estas relações entre os momentos
fletores.
Assim, é necessário realizar a verificação das aberturas das fissuras que
ocorrerão na viga, quando em serviço.
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Concreto armado: estados limites de serviço

7.3 Estado limite de abertura de fissuras (ELS-W)

De acordo com a ABNT NBR 6118:2003, considerando a classe de


agressividade ambiental II, a máxima abertura das fissuras na situação de serviço da
viga é igual a wk ≤ 0,3 mm. A combinação de esforços solicitantes com a qual se faz a
verificação é a freqüente.

7.3.1 Cálculo da abertura de fissura para a condição de fissuração sistemática:

A expressão para calculo da abertura de fissuras considerando-as sistemáticas,


de acordo com a ABNT NBR 6118:2003, é:

φi σ ⎛ 4 ⎞
w= ⋅ si ⋅ ⎜⎜ + 45 ⎟⎟
12,5 ⋅ ηi Esi ⎝ ρri ⎠

Determinação da taxa de armadura passiva em relação à área da região de


envolvimento (Acr), considerando o arranjo das barras da armadura longitudinal de
tração na seção transversal, desprezando-se, por uma decisão de projeto as barras da
armadura de pele:

As
ρr =
A cr

As = 20,10cm2 (10 Φ 16,0mm)


Acr = 25 . 19,4 = 485cm2
ρr = 0,0414

Figura 7 - Determinação da taxa de armadura em relação a área Acr

A tensão de tração no centro de gravidade das barras da armadura tem que ser
determinada considerando as hipóteses do Estádio II. E, para isto, é preciso calcular a
profundidade da linha neutra no Estádio II (xII) e, depois, o valor do momento de inércia
(III).
A posição da linha neutra no Estádio II, com αe = 15, é calculada pela equação
3.8, com a área das barras da armadura comprimida igual a zero, pois no
dimensionamento a linha neutra, no estado limite último, ficou aquém do valor limite
entre os domínios 3 e 4.
A profundidade da linha neutra é calculada com a equação 3.8, com os dados de
projeto da figura 6 (seção transversal) resultando:

25 ⋅ x II2
− 15 ⋅ 20,1⋅ (69,4 − x II ) = 0 (equação 3.8)
2

portanto,

xII = 30,6cm
USP - EESC - SET - Disciplina SET 410 - Estruturas de Concreto Armado II 20
Concreto Armado: estado limite de serviço - ELS

O momento de inércia no Estádio II, com αe = 15, é calculado pela equação 3.9
e com A sc = A 's igual a zero, pois no dimensionamento da viga, feito em etapa anterior
do projeto, resultou domínio 3 de deformações e, portanto, sem necessidade de barras
de armadura junto a face comprimida da viga.

b ⋅ x II3
+ αe ⋅ A s ⋅ (d − x II )
2
III =
3

Substituindo os valores de xII, αe e d, resulta:

25 ⋅ 30,6 3
+ 15 ⋅ 20,1⋅ (69,4 − 30,6 ) = 692.662 cm 4
2
III =
3

A equação com a qual se calcula a tensão nas barras da armadura,


considerando as hipóteses do estádio II, no centro de gravidade das barras da
armadura, é indicada a seguir. Essa equação foi deduzida com os critérios da
Resistência dos Materiais, porém fazendo-se a homogeneização da seção transversal,
conforme exposto no item 3.1.

αe ⋅ MSd,ser 15 ⋅ 28.460
σ s,II = ⋅ [d − x II ] = ⋅ [69,4 − 30,6]
III 692.662

Substituindo os valores calculados resulta:

σ s,II = 23,9 kN / cm 2 = 239 MPa

A título da comparação lembra-se ao leitor que ao dimensionar-se a viga com as


hipóteses do estado limite último foi adotado valor da tensão de cálculo igual a
resistência de escoamento das barras de aço, que no caso de aço CA-50 é igual a
435MPa.
Substituindo na equação 5.1 com a qual se calcula a abertura das fissuras,
lembrando que ηi é igual a 2,25 (aço CA-50), vem:

16 23,9 ⎛ 4 ⎞
wk = ⋅ ⋅⎜ + 45 ⎟ = 0,09 mm < 0,3 mm
12,5 ⋅ 2,25 21.000 ⎝ 0,0414 ⎠

7.3.2 Cálculo da abertura de fissura para a condição de fissuração não sistemática:

A equação 5.2 deste texto, indicada na ABNT NBR 6118:2003, com a qual se
calcula a abertura de fissuras considerando-as não sistemáticas é dada por:

φi σ 3 ⋅ σsi
wk = ⋅ si ⋅
12,5 ⋅ ηi Esi fctm

Substituindo convenientemente os parâmetros vem:

16 23,9 3 ⋅ 23,9
wk = ⋅ ⋅ = 0,16 mm < 0,3 mm
12,5 ⋅ 2,25 21.000 0,290
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Concreto armado: estados limites de serviço

De acordo com os critérios da ABNT NBR 6118:2003 a verificação de apenas


uma das equações é suficiente, porém as duas expressões resultaram valores de
aberturas de fissuras menores que a limite indicada na norma. A viga, portanto, pode
ser construída, pois, na situação de serviço, não apresentará ao longo de sua vida útil
fissuras com abertura maiores que a abertura limite especificada.

7.4 Verificação do estado limite de deformação excessiva

Na verificação do estado limite de deformação excessiva da viga, a flecha


precisa ser menor ou igual a l / 250 , que é o critério de aceitabilidade sensorial,
indicado na ABNT NBR 6118:2003. Seguem os cálculos para a determinação da
flecha.
A combinação das solicitações a considerar é a quase permanente por meio da
expressão:

Md,ser = MG,k + Ψ2 ⋅ MQ,k

Substituindo os valores dos momentos fletores calculados no item 7.1, resulta:

Md,ser = 222,9 + 0,3 ⋅ 154,2 = 269,2kNm

O cálculo da rigidez equivalente é feito pela equação 6.2 (Fórmula de Branson):

⎧⎪⎛ M ⎞ 3 ⎡ ⎛ M ⎞ 3 ⎤ ⎫⎪
(EI)eq = Ecs ⋅ ⎨⎜⎜ r
⎟⎟ ⋅ Ic + ⎢1 − ⎜⎜ r ⎟⎟ ⎥ ⋅ III ⎬ ≤ Ecs ⋅ Ic
M
⎪⎩⎝ a ⎠ ⎢⎣ ⎝ Ma ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭

O valor do módulo de elasticidade secante é calculado, em função da


resistência característica à compressão do concreto, por:

E cs = 0,85 ⋅ 5600 ⋅ fck = 0,85 ⋅ 5600 ⋅ 30 = 26.072 MPa = 2.607 kN / cm2

Para esta verificação de deslocamentos é necessário calcular a posição da


linha neutra (xII) e o momento de inércia (III) no estádio II, pois, segundo a ABNT NBR
6118:2003, a relação entre os módulos é calculada por:

Es 210.000
αe = = = 8,05
E cs 26.072

Considerando a figura 6 e a equação 3.9 tem-se:

b w ⋅ x II2
− α e ⋅ A s ⋅ (d − x II ) = 0
2

Substituindo os valores convenientemente, resulta:

25 ⋅ x II2
− 8,05 ⋅ 20,1⋅ (69,4 − xII ) = 0
2

ou seja,
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Concreto Armado: estado limite de serviço - ELS

xII = 24,2cm

Momento de inércia no estádio II é calculado com a equação 3.9.

b ⋅ x II3
+ αe ⋅ A s ⋅ (d − x II )
2
III =
3

Substituindo αe = Es/Ecs = 8,05, As = 20,1cm2, d = 69,4cm e xII = 13,2cm, resulta:

25 ⋅ 24,23
+ 8,05 ⋅ 20,1⋅ (69,4 − 24,2) = 448.678 cm 4
2
III =
3

O momento de inércia da seção bruta, sem considerar a fissuração, ou seja


deformações compatíveis com o estádio I, é igual a

b w ⋅ h3 25 ⋅ 75 3
Ic = = = 878.906 cm 4
12 12

Substituindo na expressão com a qual se calcula o produto de inércia


equivalente tem-se:

⎧⎪⎛ 10.195,3 ⎞3 ⎡ ⎛ 10.195,3 ⎞3 ⎤ ⎫⎪


(EI)eq = 2.607 ⋅ ⎨⎜ ⎟ ⋅ 878.906 + ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ⋅ 448.678 ⎬ ≤ 2.607 ⋅ 878.906
⎪⎩⎝ 26.920 ⎠ ⎣⎢ ⎝ 26.920 ⎠ ⎦⎥ ⎪⎭

Portanto, tem-se:

(EI)eq = 1.230.631.209 kN ⋅ cm2 ≤ Ecs ⋅ Ic = 2.291.308.948 kN ⋅ cm2


O cálculo da flecha imediata é feito considerando a combinação quase
permanente e as contribuições parciais das ações concentradas e uniformemente
distribuídas, conforme segue.
A expressão para cálculo da combinação quase permanente de serviço para as
ações concentradas é:

Fd,ser = Gk + Ψ2 ⋅ Qk

Fd,ser = 80 + 0,3 ⋅ 70 = 101 kN

A expressão com a qual se calcula a combinação quase permanente de serviço


para as ações uniformemente distribuídas é:

Fd,ser = gk + Ψ2 ⋅ qk

Fd,ser = 14,3 + 0,3 ⋅ 5,7 = 16,0 kN / m = 0,16 kN / cm

O valor da flecha inicial no ponto de aplicação das ações concentradas (x=4m),


seção de momento fletor máximo, utilizando as expressões da Mecânica das
Estruturas, é
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Concreto armado: estados limites de serviço

fd,ser ⋅ l 4 x ⎡⎛ x ⎞ ⎤
3 2
Fd,ser ⋅ a 2 ⋅ b 2 ⎛x⎞
ai = + ⋅ ⋅ ⎢⎜ ⎟ − 2 ⋅ ⎜ ⎟ + 1⎥
3 ⋅ (EI)eq ⋅ l 24 ⋅ (EI)eq l ⎣⎢⎝ l ⎠ ⎝l⎠ ⎥⎦

400 ⎡⎛ 400 ⎞ ⎤
3 2
101⋅ 4002 ⋅ 3002 0,16 ⋅ 7004 ⎛ 400 ⎞
ai = + ⋅ ⋅ ⎢⎜ ⎟ − 2⋅⎜ ⎟ + 1⎥
3 ⋅ 1.230.631.209 ⋅ 700 24 ⋅ 1.230.631.209 700 ⎣⎢⎝ 700 ⎠ ⎝ 700 ⎠ ⎦⎥

Resultando:

ai = 0,56 + 0,39 = 0,95 cm

O valor da flecha diferida com a consideração do tempo é calculada de maneira


aproximada pelo produto da flecha imediata pelo fator αf dado pela expressão:

Δξ
αf =
1 + 50 ⋅ ρ′

Sendo que a taxa de armadura de compressão é calculada por:


As
ρ′ = =0
b⋅d

Igual a zero, pois, não há armadura de compressão exigida na verificação do


Estado Limite Último, quando se calculou a área de armadura longitudinal tracionada,
sendo que, por ter a posição da linha neutra resultado no domínio 3, não há
necessidade de armadura dupla.

Δξ = ξ(t ) − ξ(t 0 ) , considerando t > 70 meses e ξ (t 0 ) = 1 mês, que é viável


pensando-se na entrada em serviço aos 28 dias de idade, tem-se:

Δξ = 2 − 0,68 = 1,32

e, portanto:

α f = 1,32

A flecha final fica igual a:


l
a final = a i ⋅ (1 + α f ) = 0,95 ⋅ (1 + 1,32) = 2,20 cm ≤
= 2,8cm
250
Assim, a viga pode ser construída, pois a flecha na situação de serviço, por causa
das deformações, mesmos considerando os efeitos da deformação lenta, não serão
maiores que o limite ( l /250) indicado na ABNT NBR 6118:2003.
USP - EESC - SET - Disciplina SET 410 - Estruturas de Concreto Armado II 24
Concreto Armado: estado limite de serviço - ELS

8 Bibliografia
Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 6118:2003 Projeto de
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______. ABNT NBR 7222:1994 Argamassa e concreto – Determinação da resistência
à tração por compressão diametral de corpos-de-prova cilíndricos – Método de ensaio,
Rio de Janeiro, 1994.
______. ABNT NBR 12142:1991 Concreto – Determinação da resistência à tração na
flexão em corpos-de-prova prismáticos – Método de ensaio, Rio de Janeiro, 1991.
Amaral, N.A. Construções de concreto I. São Paulo: EPUSP, 1969. (Notas de aula, v.
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1994. (Notas de aulas).

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