Você está na página 1de 9

Walkarounds CCADF– Aviação Militar Portuguesa http://walkarounds-ccadf.blogspot.

com

Texto: Rui Ferreira, Nuno Martins Fotos: Rui Ferreira Perfis: Eduardo Cruz

Volvidos mais de dois anos da sua retirada, após Para tal foi solicitado o desenvolvimento de um
37 anos de serviço na Força Aérea Portuguesa, a helicóptero com capacidade de operação em
frota SA-330 Puma voltou ao activo no final de 2008 diferentes tipos de clima, de dia ou de noite, algo que
para suprir as necessidades de meios aéreos para as se mostrava à partida difícil de cumprir dada a fraca
missões de Busca e Salvamento e de Evacuações potência dos motores disponíveis no mercado, e
Médicas na vasta área de actuação que tem como também a dificuldade em encontrar um radar
base o Arquipélago Açoriano. adequado, dotado do modo “all-weather terrain
Nesta segunda parte são apresentados alguns avoidance”.
detalhes do desenvolvimento desta aeronave e O protótipo do SA-330, designado inicialmente por
características que fazem do Puma um dos Alouette IV, voou pela primeira vez a 15 de Abril de
helicópteros mais utilizados em todo o Mundo. A 1965, e no seu design foi tida em conta a experiência
história do Puma na Força Aérea Portuguesa não obtida em combate pelos franceses na Argélia e na
poderia estar completa sem uma descrição das Indochina e, para alargar as possibilidades
Unidades em que serviram e dos vários esquemas de operacionais, para lá da capacidade requisitada de
pintura aplicados ao longo de quatro décadas de transporte de 15 “tropas” completamente equipados,
utilização, desde a Guerra Colonial até ao presente. incluía a possibilidade de operar como CASEVAC
Ainda assim, e como aliás foi referido na primeira (evacuação de feridos em combate) e como transporte
parte, serve este trabalho como um contributo para a médio de carga suspensa. Foi também estudada a
história do SA-330 Puma na Força Aérea Portuguesa, possibilidade de armar o SA-330 para defesa, através
uma história que ainda tem muito para contar, da colocação de metralhadoras colocadas nas portas
histórias que ainda estão, no momento presente, a De construção semi-monocoque, faz utilização
serem escritas… limitada de ligas de titânio à volta da instalação do
motor, sendo a sua construção, em termos estruturais,
Características e desenvolvimento muito convencional.
A localização dos motores acima da cabine, com
O desenvolvimento do SA-330 tem lugar na Sud tanques de combustível flexíveis, de 1.300 litros de
Aviation nos anos 60 do Século XX, a partir do capacidade, embutidos na estrutura do chão do
conceito de um helicóptero de manobra tendo em helicóptero (depósitos autoselantes com capacidade
vista, entre outros, a substituição dos Sikorsky H-34 de suportar disparos de armas ligeiras, até ao calibre
do Exército Francês. 7.62 mm), permite a utilização plena do espaço interior

Pumas 40 Anos, 70000 Horas - Parte II – 1


Walkarounds CCADF– Aviação Militar Portuguesa http://walkarounds-ccadf.blogspot.com

O interior da fuselagem, para lá da operação


puramente militar, pode ser rapidamente adaptado
para o transporte geral de passageiros, ou para
versões VIP, através da instalação fácil de um
conjunto de cadeiras semelhantes às de aparelhos
civis. Algumas versões VIP foram equipadas com
sistemas de ar condicionado.
A motorização inicial do SA-330 consistia em duas
turbinas Turboméca Turmo, um desenvolvimento do
motor que equipava o Super Frelon. A potência das
diferentes versões desta turbina variava entre os 985 e
1175 kW (1.320 a 1.575 shp), todas podendo operar
com uma variedade alargada de tipos de combustível,
alimentando os quatro depósitos no chão da cabine
(capacidade total de 1.029 kg / 2.268 lb), e até quatro
tanques extra cada um contendo 370 kg / 815 lb.
A caixa de velocidades do rotor principal,
localizada atrás dos motores e por cima da cabine,
recebe o impulso separadamente de cada motor, e
tem cinco estágios de redução. O primeiro faz
movimentar o alternador e a refrigeração/ventilação,
bem como duas bombas hidráulicas. O segundo
Foto: Rui Ferreira

estágio sincroniza a rotação dos dois motores para


uma única “driveshaft”, permitindo que as caixas de
velocidades possam ser movimentadas por um ou dois
motores, ou pelo rotor principal em auto-rotação. Com
uma saída da turbina de 23.000 rpm, a caixa reduz a
da cabine, que se apresenta ampla e desobstruída. rotação do rotor para 265 rpm, com 1.278 rpm no rotor
Neste espaço, inicialmente previsto para transportar de cauda. Inclui um travão de rotor integral de controlo
15 militares, a sua capacidade varia com os diferentes hidráulico, que permite a paragem do rotor 15
operadores, de 14 a 20 lugares consoante as versões. segundos depois de o motor ser desligado.
A estrutura do chão foi reforçada, e nele colocado Tem um rotor principal de 4 pás, com um eixo
pontos de fixação para o transporte de carga no seu totalmente articulado. O ângulo de ataque das pás é
interior, sendo também possível retirar a porta de actuado através de três unidades servo-controladas de
saída de emergência (ao fundo da fuselagem) para duplo cilindro hidráulico. Cada pá está presa ao rotor
transportar cargas de maiores dimensões, como pás por dois pinos, de forma a permitir rápida e simples
do rotor principal deste mesmo helicóptero. dobragem manual das pás. As versões iniciais de pás
Um painel amovível, existente no chão da metálicas foram sendo substituídas por pás em
fuselagem, mesmo por baixo da cabeça do rotor materiais compósitos, em fibra de vidro e fibra de
principal, permite a fixação de uma estrutura de carbono, com a estrutura interior em favo de abelha. O
suporte para cargas externas suspensas (capacidade rotor de cauda é composto de cinco pás.
inicial para 2.500 kg mais tarde aumentada em O trem de aterragem retráctil do Puma, composto
diferentes versões do Puma). Estas cargas, ainda que por conjuntos de duas rodas, dispõe de absorsores de
fortemente condicionadoras dos limites de operação choque oleo-pneumáticos de câmara dupla. As rodas
(velocidade, alcance, manoberabilidade e altitude), de nariz recolhem para trás para uma cavidade por
permitem uma operação rápida no local de descarga,
bem como a operação em locais onde o helicóptero
não possa aterrar. Esta estrutura tem a possibilidade
de largar a carga em emergência.
As portas da cabine são amplas (1,35x1,35 m) e
deslizantes para a frente, podendo ser ejectadas em
caso de emergência. Versões posteriores possuem
portas adicionais de acesso à cabine de pilotagem.
A colocação de tropas no terreno faz-se através
das duas portas laterais, com o helicóptero a pairar a
poucos metros do chão, mas também em “rappel” ou
Foto: Rui Ferreira

“fast-rope” com o helicóptero pairando acima do


terreno, podendo ainda ser largados de pára-quedas.
Na porta de estibordo, desde as versões iniciais, é
possível a instalação de um guincho de recuperação,
imperativo para missões de busca e salvamento.

Pumas 40 Anos, 70000 Horas - Parte II – 2


Walkarounds CCADF– Aviação Militar Portuguesa http://walkarounds-ccadf.blogspot.com

baixo da cabine de pilotagem. O trem principal, com


discos de travão diferenciais actuados
hidraulicamente, recolhe para trás para o interior das
SA-330 Puma na FAP - Cronologia
estruturas em cada lado da parte traseira da • 1969 – recepcionados na BA3, em Tancos, seis de um
fuselagem. Alguns Puma, como caso do Português, total de treze SA-330 Puma (2 Agosto);
tem estas estruturas de dimensões maiores onde • 1970 – primeiros seis helicópteros colocados na Esquadra
estão localizados depósitos de combustível adicionais. 94, baseada na BA9, em Luanda;
Em algumas versões, nomeadamente nas mais • 1970 – adquiridos mais seis SA-330 atribuídos à Esquadra
recentes, como também acontece na versão 703, baseada no AB7 Tete-Chingosi, em Moçambique;
Portuguesa, estas estruturas incluem equipamento de • 1970 – diversos dos aparelhos baseados em Tancos são
sabotados sendo, entre eles, destruído o nº.9507;
flutuação de emergência, assim como a parte frontal
• 1973 - acidente em Moçambique (Dezembro), destruído o
da fuselagem por baixo da cabine de pilotagem. nº.9510;
Durante a produção (e mesmo depois desta ter • 1975 – recebido um último Puma (nº.9513), para reforço
terminado), muitos foram os melhoramentos da frota do AB7 não chegando a sair de Portugal;
introduzidos, de entre eles, o aumento da potência e a • 1976 - são desembarcados os primeiros Puma nos
utilização de pás em materiais compósitos, vieram Açores, os helicópteros nº.9511 e nº.9512, destinados à
aumentar as capacidades de voo e de carga. Para avaliação operacional destas aeronaves no Arquipélago,
trazidos a bordo do navio da Armada LPD-15 “Ponce” (26
além destes, sucessivas versões incluíram os últimos
Novembro);
avanços em sistemas de navegação, contramedidas
• 1977 – os Puma são agrupados na BA 6, no Montijo
electrónicas defensivas, equipamento de visão (integrados no GAH – Grupo Aéreo de Helicópteros).
nocturna, e toda uma panóplia de sistemas para Também são atribuídos à Esquadra 42 de Busca e
missões específicas, como a busca e salvamento de Salvamento com base na BA4;
combate, ao reconhecimento, entre outras. Provisões • 1978 – fruto da reestruturação ocorrida na FAP, os Puma
para descongelamento automático das tomadas de ar passam a ser utilizados na Busca e Salvamento, após as
primeiras modificações à frota que os convertem ao
dos motores e das pás, e todos os sistemas padrão SA-330H. O GAH passa a designar-se Grupo
enunciados tornaram o Puma no primeiro aparelho Operacional 61 (que integra também as restantes
ocidental capaz de operar em todo o tipo de tempo, esquadras baseadas no Montijo) e os Puma são atribuídos
inclusive com formação de gelo. à recém criada Esquadra 751 (quatro unidades). Nos
Açores a Esquadra 42 passou a designar-se Esquadra
A produção do Puma atingiu um total de 697 752, integrando o Grupo Operacional 41, operando (as
unidades até 1987, altura em que a produção francesa restantes sete unidades) também em destacamento a
terminou, incluídos neste valor estão os 5 dos 11 partir do Porto Santo, Madeira;
aparelhos construídos na IPTN/Nurtario na Indonésia, • 1979 – aquando das cheias ocorridas na bacia do Tejo, a
e os 48 aparelhos construídos pela Westland no Reino Esquadra 751 executa 163 missões, transportando
/evacuando 1386 pessoas;
Unido. A produção continuou na Roménia, onde se
• 1980 – participação em inúmeras operações de
estima que tenham sido construídos 165 aparelhos. assistência às populações após o terramoto desse ano
ocorrido no Arquipélago dos Açores;
• 1983 – dois Puma descolaram na manhã de 25 de Janeiro
da Base Aérea do Montijo rumo a Porto Santo fazendo
uma escala para reabastecimento no Cabo de S. Vicente,
realizando então o primeiro voo entre Continente e Ilhas, a
Operação Atlântida.
• 1986 – perda do nº.19501 durante treinos de carga
suspensa;
• 198? – última modificação à frota. Com a instalação dos
motores Turboméca Makila 1A12 altera a denominação
para SA-330S-1 (não oficial);
• 1993 – a Esquadra 752, pessoal, aeronaves e missão
passam para a Esquadra 711. Formadas duas
esquadrilhas distintas integrando também pessoal e meios
da Esquadra 503;
• 1995 – a Esquadra 711 comemorou a 30 de Abril 15.000
horas de voo sem acidentes em cerca de 18 anos de
operação do Puma a partir da BA4;
• 2006 – início da operação do EH-101 na BA6 a 3 de
Fevereiro. Chegada ao Porto Santo e substituição do
Puma no Arquipélago da Madeira a 22 Fevereiro.
Conclusão do processo de “phase-out” da frota Puma a 30
de Novembro na BA4;
• 2008 – é reactivada a Esquadra 752. Os Puma voltam ao
serviço na BA4, após a denominada Operação Fénix, a 24
Foto: Rui Ferreira

de Novembro;
• 2009 – a frota SA-330 Puma atinge a marca das 70.000
horas de voo, num percurso de 40 anos de operação na
Força Aérea Portuguesa.

Pumas 40 Anos, 70000 Horas - Parte II – 3


Walkarounds CCADF– Aviação Militar Portuguesa http://walkarounds-ccadf.blogspot.com

Ainda estavam a ser construídos SA-330 Puma Angola. Posteriormente um foi retirado de serviço após
quando a produção do SA-332 Super Puma já acidente em que foi destruído.
decorria a bom ritmo. Esta esquadra esteve baseada no Aeródromo
Base 7, no Tete, Moçambique, e operou em conjunto
Esquadras de voo helicópteros Alouette III.

Esquadra Mista de Aviões e Helicópteros


Criada em 1965 na BA3, em Tancos, destinada à
instrução do pessoal destinado às esquadras de voo
das colónias, recebeu as primeiras unidades que
depois foram enviadas para Angola e para
Moçambique.
Não é precisa a informação acerca de quantos
aparelhos estariam alocados a esta unidade aérea.
Seria um a dois, sendo que um terceiro (nº.9513) foi
recepcionado já em 1975.

Grupo Aéreo de Helicópteros


Entre 1974 e 1977, constituiu-se e operou os SA-
330 Puma, entretanto recebidos das colónias e
também os operados pela Esquadra Mista de Aviões e
Helicópteros da BA3.
Extinguiu-se em 1978, com a criação do Grupo
Operacional 61.

Esquadra 94 “Moscas”
Foi a primeira unidade aérea operacional a ser
equipada com o SA-330 Puma, recebendo em 1970
cinco helicópteros, que operou nos diferentes cenários
do conflito em missões de transporte aéreo táctico,
evacuação médica, apoio logístico e transporte aéreo
geral.
Esta esquadra esteve baseada na Base Aérea 9,
em Luanda, Angola, e operou também os Alouette II e
Alouette III.
Esquadra Mista de Aviões e Helicópteros
Criada em 1965 na BA3, em Tancos, destinada à
instrução do pessoal destinado às esquadras de voo
das colónias, recebeu as primeiras unidades que
depois foram enviadas para Angola e para
Moçambique.

Esquadra 42
As suas origens remontam à Esquadrilha de
Busca e Salvamento constituída no final da Segunda
Guerra Mundial, na BA4, nas Lajes, operando um
misto de aeronaves desde o seu início como os SB-
17G, SA-16A, e SC-54D, sendo a primeira unidade
aérea a operar helicópteros, com um único exemplar
de Sikorsky H-19A.
Esquadra 703 “Vampiros” Esta esquadra vê reduzidos os seus efectivos e a
Foi a segunda unidade aérea a receber o SA-330 sua actividade, sensivelmente desde o início da guerra
Puma, também em 1970, em número de seis, e sendo colonial até meados dos anos 70. Recebe os primeiros
empregues em missões idênticas às que dois SA-330 Puma nos finais de 1976 e mais dois nos
desempenharam os aparelhos da Esquadra 94 em finais de 1977.

Pumas 40 Anos, 70000 Horas - Parte II – 4


Walkarounds CCADF– Aviação Militar Portuguesa http://walkarounds-ccadf.blogspot.com

Em 1978 é extinta dando lugar à Esquadra 752 recebem o seu primeiro pedido de socorro,
“Pumas”. procedendo a uma evacuação mesmo antes da sua
chegada à BA4. Constituindo-se portanto esta na
primeira operação de salvamento dos SA-330 Puma
nos Açores!
Durante as décadas seguintes, a Esquadra 752
prestou um valioso serviço no cumprimento das suas
missões e no auxílio às populações do arquipélago em
diferentes situações de necessidade.
Foi extinta em 1993, aquando de uma
reformulação na estrutura da FAP, sendo o seu
pessoal e equipamento integrado na recém-formada
Esquadra 711, que opera o SA-330 Puma até ao
“phase out” da frota, em 30 de Novembro de 2006.
Refira-se no seu historial o transporte de dezenas
de feridos e um total de 7 toneladas de víveres em
Esquadra de Busca e Salvamento 751 “Pumas” consequência do sismo de 1980 que assolou as ilhas
da Terceira e S. Jorge, o transporte de bens de
Criada em 29 de Abril de 1978, a Esquadra 751 primeira necessidade para as ilhas das Flores e Corvo
recebe parte dos SA-330 Puma recebidos de África e devido ao mau tempo em 1983 e 1996, e inúmeras
que entretanto tinham sido reequipados para a missão evacuações médicas entre ilhas e navios (e quatro
de Busca e Salvamento. submarinos).
A sua Missão Primária foi desde a sua criação a Com o início da Operação Fénix, a 27 de
Busca e Salvamento, tendo como Secundárias as Fevereiro de 2008, iniciam-se os trabalhos que
missões de Transporte Aéreo Táctico e Transporte conduzem à sua reactivação, a 24 de Setembro de
Aéreo Geral. Manteve desde então o alerta de busca 2008, data oficial em que esta inicia de novo a
e salvamento do dispositivo da FAP a partir da BA6 no operação do SA-330 Puma nos Açores.
Montijo, sendo que na década de 90 passa a efectuar
o Destacamento Aéreo da Madeira, com um
helicóptero, para missões de Busca e Salvamento e
também, missões de Evacuação Aeromédicas.
Até à sua retirada de serviço, esta esquadra
somou um total de 30.000 horas voadas em SA-330
Puma, em que se salvaram mais de 1.800 vidas.

Esquadrilha de Helicópteros Puma da Esquadra


711 “Albatrozes”
Em 19 de Outubro de 1993 a Esquadra 752
“Pumas” é desactivada e o seu pessoal e equipamento
passam a integrar a Esquadra 711, que absorve
também o pessoal, equipamento e missões da
Esquadra de Busca e Salvamento 752 “Pumas” Esquadra 503 “Golfinhos” que opera o C-212 Aviocar.
A Esquadra 752 foi criada em Maio de 1975, Doravante a Esquadra 711 “Albatrozes” passa a ser
recebendo os seus dois primeiros SA-330 Puma a 30 constituída por uma Esquadrilha de Material, uma
de Novembro de 1976. Esquadrilha de Puma e uma Esquadrilha de Aviocar.
Á semelhança da Esquadra 751, a sua Missão Opera estas aeronaves na Missão Primária de
Primária é a Busca e Salvamento, tendo como Busca e Salvamento, e nas Missões Secundárias de
Missões Secundárias o Transporte Aéreo Táctico. Transporte Aéreo Táctico e Transporte Aéreo Geral.
Recebe mais dois SA-330 Puma em 18 de Destaca-se na vigência da Esquadra 711 a
Outubro de 1977, estes já equipados para a missão, Operação “Ribeira Quente”, o apoio Às populações
com radar e flutuadores de emergência. Logo após a aquando do sismo que ocorreu no Faial em 1998, e o
sua chegada a Santa Maria, até onde foram apoio aquando da queda do ATP da SATA em S.
transportados num navio da United States Navy, e Jorge, em 1999, bem como em 1997 a evacuação de
durante a sua deslocação em voo para as Lajes, 34 marinheiros do porta-contentores “Carla”.

Pumas 40 Anos, 70000 Horas - Parte II – 5


Walkarounds CCADF– Aviação Militar Portuguesa http://walkarounds-ccadf.blogspot.com

Aerospatiale SA-330 Puma

O SA-330 Puma, é operado pela FAP desde 1969,


contabilizando na sua história, e de acordo com
Esquema: Força Aérea Portuguesa

números oficiais, 4.280 vidas salvas, 2.482 das quais,


no Arquipélago dos Açores.

Versões operadas pela FAP


SA-330C
Os Puma foram inicialmente recebidos em 1969
nesta versão que corresponde à versão de
exportação, basicamente similar à versão francesa
(SA-330B) e à versão inglesa (SA-330E). Tinha
motores melhorados Turmo IVB de 1044 kW.

SA-330H
Modernização à frota a partir de 1978, na OGMA,
nomeadamente através da introdução de flutuadores
de emergência, guincho e sistema de navegação e de
voo por instrumentos, plataforma de inércia Litton
• Motor:
LTN-72R e radar doppler Marconi AN/APN-208V.
2 Turbomeca Makila A1A com potência de 1.940 CV cada

SA-330S-1
• Dimensões:
Comprimento (com rotores em funcionamento)........ 18,15 m Designação da última versão dos Puma da FAP, a
Altura (incluindo rotor de cauda)…….......................... 5,14 m partir dos anos 80, após a instalação também na
Diâmetro do rotor principal........................................ 15,15 m OGMA das turbinas Makila, das pás em material
compósito e o radar OMERA ORB-31.
• Peso: A designação SA-330S-1 não é reconhecida pelo
Vazio........................................................................ 3.290 kg fabricante.
Máximo………...……………..................................... 7.400 kg
Cores e esquemas de pintura
• Performances:
Velocidade máxima................................................. 309 km/h A pintura aplicada aos SA-330 sofreu várias
Velocidade cruzeiro................................................. 222 km/h modificações. Podem-se distinguir cinco esquemas
Tecto de serviço………………….……………………. 6.000 m principais de pintura aplicados e identificar diversas
Raio de acção............................................................ 407 km modificações ou variações. De facto, durante o tempo
Alcance máximo * ……………………………………… 980 km (limitado) de elaboração deste trabalho, não foi
Autonomia máxima………………………………........... 05H00 possível o esclarecimento de todas as dúvidas
Altitude máxima para descolagem…………………….4.150 m entretanto surgidas. Ainda assim apresenta-se no
Passageiros……………………………………….................. 16 texto abaixo a descrição a mais pormenorizada e fiel
Passageiros em configuração VIP…………………………… 8 possível sem, contudo, se colocar um ponto final no
Tropas de infantaria……………………………………......... 20 debate em torno desta temática.
Macas/paramédicos………………………………………..... 6/4
Combustível.......................................................... 2.250 litros Esquema A
Capacidade carga interna………………….………… 2.300 kg
O primeiro lote de seis SA-330 Puma (nº.9501 a
Capacidade carga suspensa……………….……….. 2.500 kg
nº.9506) recebidos da Sud-Aviation em 1969
apresentava um esquema de pintura verde-azeitona
(*) – com depósitos suplementares de combustível.
igual ao então aplicado nos aparelhos destinados à
ALAT (Aviation Legere de l'Armee de Terre) e com

Pumas 40 Anos, 70000 Horas - Parte II – 6


Walkarounds CCADF– Aviação Militar Portuguesa http://walkarounds-ccadf.blogspot.com

Esquema A: Pintura em verde-


azeitona aplicado aos primeiros
seis aparelhos recebidos.

pouco “stenciling” aplicado. A Cruz de Cristo, do tipo semelhante à pintura dos aparelhos então utilizada
F, aplicada em ambos os lados da fuselagem, pela RAF (Royal Air Force), em verde-escuro e
ligeiramente atrás da última janela da cabine. A cinzento com a parte inferior da fuselagem e do
numeração era aplicada em ambos os lados da parte estabilizador de cauda em cinzento mais claro, sendo
superior traseira da cauda sobre a Bandeira Nacional a linha de separação entre essas superfícies
(sem Escudo) e também a meio do nariz com a aproximadamente rectilínea. Na parte superior
numeração inserida num rectângulo desenhado a apresentavam pintada de origem uma barra laranja,
linha da mesma espessura. não contínua na sua totalidade, ao longo das tampas
do veio de transmissão do rotor de cauda, junto à base
do rotor principal na direcção do rotor de cauda, e
sobre a carenagem dos motores.
As Marcas Nacionais eram, em dimensão e
características, idênticas às do Esquema A,
conhecendo-se também a aplicação da Cruz de Cristo
(tipo F) num formato mais reduzido (nº.9510), bem
como a ocultação da Cruz de Cristo e Bandeira
Após a Guerra Colonial, este esquema foi Nacional no Ultramar por razões tácticas. Com o
reintroduzido até à aplicação do esquema actual a regresso à Metrópole após o 25 de Abril, foram sendo
partir do início dos anos 80 e à medida que os pintados no Esquema A e, alguns destes,
helicópteros passavam pela manutenção na OGMA. posteriormente no Esquema C.
Ainda assim, em muitos dos helicópteros já revistos e
mesmo modificados para a versão SAR ao longo do Esquema C
final dos anos 70 e início dos anos 80, é possível Após a introdução operacional destes aparelhos, a
observar o esquema de pintura verde-azeitona, com partir de 1970, nos teatros de operações de Angola e
as necessárias diferenças de configuração das Moçambique, a muitos - se não mesmo a todos -
aeronaves. É durante este período também que a foram ocultadas as marcas nacionais nomeadamente
Cruz de Cristo surge em formato reduzido no mesmo a Cruz de Cristo e a Bandeira Nacional nos aparelhos
local. em que esta tinha sido pintada e, com a introdução de
mísseis terra-ar, vários destes aparelhos receberam
Esquema B pintura verde anti-radiação a partir de 1973.
Os aparelhos do segundo lote (nº.9507 a nº.9512) Desconhece-se também se terá sido durante essa
apresentavam-se com uma pintura tipo camuflado, altura que, por razões de maior visibilidade quando

Esquema B: Os aparelhos do segundo


lote apresentavam um camuflado em
verde-escuro e dois tons de cinzento.

Pumas 40 Anos, 70000 Horas - Parte II – 7


Walkarounds CCADF– Aviação Militar Portuguesa http://walkarounds-ccadf.blogspot.com

Esquema D: Pintura de toda a aeronave em


verde-azeitona com várias áreas pintadas em
laranja “dayglo” para maior visibilidade.

vistos de cima durante as operações aéreas, foi de alta visibilidade que apenas é igual na faixa na
aplicada nos helicópteros que se encontravam com parte superior da fuselagem.
este esquema de pintura uma barra laranja, tal como a
existente nos aparelhos pintados no Esquema B Esquema E
referido anteriormente. Com a regulação introduzida às diferentes frotas,
que resulta da implementação do Regulamento de
Esquema D Pinturas, Insígnias e Marcas das Aeronaves da Força
Este esquema foi aplicado a partir do início dos Aérea (RFA401-2), a frota SA-330 Puma foi sendo
anos 80 a aeronaves já modificadas para a versão repintada neste novo esquema, que utiliza na
SAR destinadas à Esquadra 752, baseada na BA 4. actualidade, e que é caracterizado por um camuflado a
Este esquema caracteriza-se pela pintura de toda três cores: dois tons de verde (FS 34079 e FS 34102)
a aeronave em verde-azeitona com excepção de e castanho (FS 30219) nas superfícies superiores, e
várias áreas pintadas em laranja “dayglo” para maior cinzento (FS 36622) nas superfícies inferiores, com a
visibilidade, nomeadamente a parte superior do linha de separação ondulada. Foi também introduzida
estabilizador de cauda, uma faixa ao longo da parte uma faixa amarela (FS 33538), de 80 cm de largura,
superior da fuselagem (igual aos Esquemas B e C indicadora de proximidade das pás do rotor de cauda.
anteriores), toda a secção de cabine de pilotagem até As Insígnias Nacionais, a Cruz de Cristo com novo
ao radar, e a cobertura do conjunto depósito desenho (tipo G), com o círculo branco de 37 cm de
externo/apoio do trem principal. diâmetro, foi colocada em ambos os lados da cauda e
As Marcas Nacionais neste esquema foram sensivelmente a meio. Uma outra Cruz de Cristo do
mantidas na mesma localização, passando a Cruz de mesmo tamanho está localizada na superfície inferior
Cristo a ser de dimensão mais reduzida, a Bandeira da fuselagem abaixo da janela de observação.
Nacional é aplicada em ambos os lados da cauda, A Bandeira Nacional, em dimensão mais reduzida
abaixo da numeração, sendo esta mantida no formato que no esquema anterior (50 cm de comprimento)
e dimensões anteriores. Com a aplicação do radar manteve-se sensivelmente na mesma localização,
meteorológico no nariz, a numeração existente neste abaixo do número da aeronave.
local subiu um pouco, localizando-se entre a parte A numeração (números com 15 cm de altura),
inferior do vidro e a base do radar. Conhecem-se sujeita também na nova regulamentação a desenho e
algumas aeronaves com este esquema de pintura, dimensões diferentes, mantém as posições em ambos
nomeadamente as nº.9508, 9509 e 9511. os lados da cauda, acrescentando-se agora em ambos
No território continental, o esquema mantido é de os lados da fuselagem, entre as portas da cabine de
todo o modo semelhante, com a excepção da pintura pilotagem e de passageiros, um pouco acima da

Esquema E: A introdução do esquema


actual é progressiva, apresentando-se em
aparelhos com diferentes configurações.

Pumas 40 Anos, 70000 Horas - Parte II – 8


Walkarounds CCADF– Aviação Militar Portuguesa http://walkarounds-ccadf.blogspot.com

Marcas especiais: Em diferentes ocasiões foram


aplicadas algumas marcas especiais como as
alusivas às 20.000 Horas da Esquadra 711.

separação ondulada da camuflagem. Para além dos esquemas comemorativos e das


À semelhança dos demais esquemas, a marcas de unidade aérea, conhecem-se algumas
introdução do Esquema E não se dá a par das pinturas, ou marcas que, em diferentes ocasiões,
modificações e grandes manutenções a cada foram aplicadas a uma ou mais aeronaves. Destaque-
helicóptero, facto testemunhado em fotos de se, por exemplo, a referente à primeira visita Papal, de
aparelhos pintados neste esquema apresentando S.S. João Paulo II, em 1980, sendo aplicado ao Puma
configurações diferentes. nº.9501 de ambos os lados da fuselagem dois
autocolantes com o brasão da Santa Sé e também a
Do último helicóptero recebido em 1975 (nº.9513) aplicação de marcas alusivas às 20.000 Horas da
para substituir o que se perdeu por sabotagem em Esquadra 711 em Abril de 2004, no Puma nº.19502.
Tancos (nº.9507) e o acidentado em Moçambique
(nº.9510) não foi possível apurar qual o esquema em
que veio do fabricante, pelo que se estima que tenha
vindo no Esquema A. No entanto, antes mesmo de ter
sido modificado para a versão H e depois S-1, são
conhecidas diversas imagens, do início dos anos 80,
já no Esquema E.

Pinturas comemorativas
Já perto do final do “phase out” da frota Puma em
2006 foi aplicado, à aeronave nº.19513, o esquema
alusivo ao final da operação da frota e à sua operação
pelas Esquadras 752 e 711. Esta aeronave veio para
o Continente, sendo armazenada na BA 11 em Beja,
onde ainda se encontra, já que não foi englobada no Agradecimentos:
conjunto de aeronaves que integraram a Operação A Eduardo Cruz pela elaboração e cedência dos seus
Fénix. perfis e também a Fernando Moreira e Carlos Alberto
Em Setembro de 2009, atingida a marca dos 40 Gomes pelo debate e esclarecimento de várias
Anos/70.000 Horas de voo da frota, aplicou-se à questões surgidas durante a elaboração do texto
aeronave nº.19504 um esquema alusivo à marca referente às cores e esquema de pintura aplicados,
atingida, destacando o regresso ao activo após uma palavra de agradecimento pela sua ajuda e
Operação Fénix. colaboração na realização desta segunda parte.
Pinturas comemorativas: Atingida a marca dos
40 Anos/70.000 Horas de voo da frota, aplicou-se
à aeronave nº.19504 um esquema especial.

Pumas 40 Anos, 70000 Horas - Parte II – 9

Você também pode gostar