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DIREITO ELEITORAL
Pontos atualizados: nº 11 (Info 907); nº 03 (Info 917); n° 13 (Info 918); nº 03 (Info 921);
nº 01 (Info 922)
1. LIBERDADE DE EXPRESSÃO
1.1. Violam a CF/88 os atos de busca e apreensão de materiais de cunho eleitoral e a
suspensão de atividades de divulgação de ideias em universidades públicas e privadas –
(Info 922)
2. DIREITOS POLÍTICOS
2.1. Inadmissibilidade da figura do “Prefeito itinerante” – (Info 673) -
IMPORTANTE!!! – REPERCUSSÃO GERAL!!!
A pessoa que já exerceu dois mandatos consecutivos de Prefeito, ou seja, foi eleito e
reeleito, fica inelegível para um terceiro mandato, ainda que seja em município
diferente.
Não se admite a figura do “Prefeito itinerante”.
O art. 14, § 5º, da CF deve ser interpretado no sentido de que a proibição da segunda
reeleição é absoluta e torna inelegível para determinado cargo de Chefe do Poder
Executivo o cidadão que já cumpriu 2 mandatos consecutivos (reeleito uma única vez)
em cargo da mesma natureza, ainda que em ente da federação diverso.
As decisões do TSE que acarretem mudança de jurisprudência no curso do pleito
eleitoral ou logo após o seu encerramento não se aplicam imediatamente ao caso
concreto e somente têm eficácia sobre outras situações em pleito eleitoral posterior.
STF. Plenário. RE 637485/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 1º/8/12 (repercussão geral) (Info
673).
3. TÍTULO DE ELEITOR
3.1. É válido o cancelamento do título do eleitor que não comparecer à revisão eleitoral
– (Info 917) – IMPORTANTE!!!
É válido o cancelamento do título do eleitor que, convocado por edital, não comparecer
ao processo de revisão eleitoral, em virtude do que dispõe o art. 14, caput, e § 1º da
CF/88.
São válidos o art. 3º, § 4º, da Lei 7.444/85 e as Resoluções do TSE que preveem o
cancelamento do título dos eleitores que não comparecerem à revisão eleitoral.
STF. Plenário. ADPF 541 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 26/9/18 (Info 917)
OBS:
Lei 7.444/85: Em 1985, a Justiça Eleitoral decidiu que os dados dos eleitores precisavam
estar registrados em um sistema informatizado (e não mais em arquivos em papel). Diante
disso, foi editada a Lei 7.444/85, que teve como objetivo implementar o “processamento
eletrônico dos dados no alistamento eleitoral”. Essa lei estabeleceu que deveria ser feita
uma revisão dos eleitores inscritos em cada Zona Eleitoral. Depois de conferidos e
atualizados os respectivos registros, os cadastros dos eleitores seriam “mantidos em
computador”. A lei estabeleceu que deveria ser dado um prazo para os eleitores fazerem
o recadastramento (revisão eleitoral) e que, se não o fizessem neste prazo, os seus títulos
deveriam ser cancelados (art. 3º, § 4º). A lei disse que as regras para a realização dessa
revisão eleitoral deveriam ser regulamentadas por Resolução do TSE e que o prazo para
os eleitores fazerem deveria ser de, no mínimo, 30 dias.
Enfim, as revisões eleitorais são constantes e têm por objetivo, em última análise, evitar
fraudes, garantindo a lisura das eleições.
Revisão para o cadastramento biométrico obrigatório: Desde 2007, o TSE iniciou uma
série de revisões eleitorais com o objetivo de fazer o cadastramento biométrico dos
eleitores. Em outras palavras, os eleitores são convocados a comparecer à Justiça Eleitoral
a fim de fazer a revisão eleitoral e, na mesma oportunidade, cadastrar suas digitais com a
finalidade de minimizar as fraudes no momento da votação. Esta revisão foi disciplinada
inicialmente pela Resolução 22.688/07, do TSE. Desde então, houve uma série de revisões
com essa finalidade, que foram disciplinadas pelas Resoluções 23.061/09, 23.335/11 e,
finalmente, pela Res./TSE 23.440/15. O prazo estimado para o término da biometria é
2022.
Res. 23.440/15: Atualmente, está em vigor a Res. 23.440/15, do TSE, que disciplina os
procedimentos para a realização da atualização ordinária do cadastro eleitoral, com a
implementação de nova sistemática de identificação do eleitor, mediante incorporação de
dados biométricos e por meio de revisões de eleitorado de ofício, em municípios
previamente selecionados pelos tribunais regionais eleitorais.
Cancelamento dos títulos: Conforme vimos acima, a Lei 7.444/85 determinou que os
eleitores que não participassem da revisão eleitoral, teriam seus títulos eleitorais
cancelados. Essa previsão foi repetida pelas diversas Resoluções do TSE que
regulamentaram as revisões eleitorais, dentre elas a Resolução 23.440/15. Veja:
Art. 3º Em cada circunscrição eleitoral submetida ao procedimento de que
cuida o § 3º do art. 1º desta norma, ultrapassado o prazo estabelecido para o
comparecimento do eleitorado, serão canceladas, mediante comando do
código de ASE 469, as inscrições correspondentes aos títulos que não forem
apresentados à revisão. (...)
Essa regra acima possui algumas exceções e também é permitido que o eleitor que teve
o título cancelado possa, posteriormente, fazer um novo alistamento eleitoral. Assim,
não se trata de uma “perda” definitiva do direito de votar. É possível regularizar a
situação. Vale ressaltar, no entanto, que, em anos eleitorais, essa regularização tem um
prazo e, caso não seja feito até determinada data, somente poderá ser realizada após o
pleito já ter se encerrado. Ex: para votar nas eleições de 2018, o eleitor teria que ter
regularizado a sua situação até 09/05. Se não fez isso, ficou impedido de votar em 2018,
mas pode regularizar para votar em 2020.
O STF concordou com o pedido? NÃO. A ADPF foi julgada improcedente, tendo o STF
decidido que o art. 3º, § 4º, da Lei 7.444/85 e as Resoluções do TSE que trataram sobre o
tema são constitucionais.
Não há ofensa à soberania popular e à cidadania: Assim, percebe-se que a revisão eleitoral
e o eventual cancelamento do título do eleitor que não comparece possuem lastro
(fundamento) na Constituição e na lei e não há qualquer vício na concretização. Logo, não
se pode dizer que as normas impugnadas ofendem a democracia, a soberania popular,
a cidadania ou o direito de voto.
O atual cenário existe há muitos anos: A Lei 7.444/85 está em vigor há mais de 30 anos.
A biometria tem sido implementada há 11 anos. Múltiplas eleições se processaram sob a
vigência de tais normas. Milhões de títulos foram cancelados sem que se tivesse
demonstrado o comprometimento do devido processo democrático ou da higidez dos
pleitos. O ajuizamento tardio da ação, às vésperas da eleição e após tantos anos,
compromete a alegação de urgência. O Min. Alexandre de Moraes explicou que a Lei
7.444/85, apesar de não falar em biometria, dá suporte legal a essa atividade considerando
que ela autoriza a revisão para recadastramento. Assim, os recadastramentos sempre
foram realizados e estão autorizados pela Lei. A diferença agora é o método, a biometria.
4. PARTIDOS POLÍTICOS
4.1. INFIDELIDADE PARTIDÁRIA: Análise da constitucionalidade do art. 22-A da
Lei 9.096/95 – (Info 901)
O art. 1º da Resolução 22.610/07, do TSE, previa que a criação de novo partido político
era considerada como justa causa para desfiliação, sem perda do mandato, desde que a
nova filiação ocorresse em 30 dias da criação da sigla.
O art. 22-A da Lei 9.096/95, introduzido pela Lei 13.165, de 29 de setembro de 2015
(minirreforma eleitoral de 2015), excluiu a criação de nova legenda como hipótese de
justa causa para a desfiliação, sem perda de mandato, por infidelidade partidária.
Desse modo, a troca de partido, mesmo decorrente da criação de nova legenda, passou
a ser considerada como hipótese de infidelidade partidária, sujeita à perda do mandato.
Ocorre que, quando a Lei 13.165 foi editada, em 29/09/15, 3 novos partidos haviam
acabado de ser registrados no TSE, de modo que estavam correndo seus prazos de 30
dias para que recebessem parlamentares detentores de mandato eletivo, ao abrigo da
justa causa de desfiliação.
Diante disso, o Min. Roberto Barroso, em decisão monocrática, entendeu que o art. 22-
A não poderia ser aplicado para esses 3 partidos, sob pena de violação da segurança
jurídica, na modalidade direito adquirido, tanto das agremiações recém-criadas quanto
dos parlamentares que pretendiam se filiar a elas. Ele, então, determinou que esses 3
partidos tivessem direito de receber de volta os 30 dias para que os detentores de
mandatos eletivos pudessem se filiar a novas agremiações que tenham sido registradas
no TSE antes da entrada em vigor da lei impugnada.
O Plenário do STF referendou essa medida cautelar.
STF. Plenário. ADI 5398/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 9/5/2018 (Info 901).
4.2. É constitucional a Lei 13.107/15, que alterou a Lei dos Partidos Políticos – (Info 801)
A Lei 13.107/15 alterou a Lei 9.096/95 com o objetivo de desestimular a fusão de partidos
políticos. Veja duas das mudanças promovidas:
1) A Lei 13.107/15 alterou o § 1º do art. 7º da Lei 9.096/95 ao exigir que as pessoas que
assinarem o apoiamento para a criação de novos partidos não poderão fazer parte de
outros partidos políticos.
2) A Lei 13.107/2015 determinou que somente será admitida a fusão ou incorporação de
partidos políticos que hajam obtido o registro definitivo do TSE há, pelo menos, 5 anos.
Antes não havia essa exigência.
Essas duas mudanças foram impugnadas por meio de ADI, mas o STF negou a medida
cautelar afirmando que as alterações são compatíveis com a CF/88, não tendo havido
violação à autonomia constitucional dos partidos políticos.
STF. Plenário. ADI 5311-MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 30/9/15 (Info 801).
4.3. É inconstitucional a Lei 12.875/2013, que alterou a Lei dos Partidos Políticos e a Lei
das Eleições – (Info 801)
Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, decidir sair do partido político no qual
foi eleito, ele perderá o cargo que ocupa?
a) Se for um cargo eletivo MAJORITÁRIO: NÃO
A perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos
eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das
escolhas feitas pelo eleitor.
No sistema majoritário, o candidato escolhido é aquele que obteve mais votos, não
importando o quociente eleitoral nem o quociente partidário.
Nos pleitos dessa natureza, os eleitores votam no candidato e não no seu partido
político. Desse modo, no sistema majoritário, a imposição da perda do mandato por
infidelidade partidária é antagônica (contrária) à soberania popular.
Art. 17 (...)
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º
deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do
mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação
considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de
acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela EC 97/2017)
É CONSTITUCIONAL o art. 4º da Lei 9.504/97, que exige que o partido político tenha
no mínimo um ano de existência para que possa concorrer nas eleições.
STF. Plenário. ADI 1817/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 28/5/2014 (Info 748).
OBS: O art. 4º da Lei nº 9.504/97 foi alterado pela Lei nº 13.488/2017 e agora se exige que
o partido político tenha no mínimo seis meses de existência para que possa concorrer nas
eleições.
4.6. O registro dos estatutos partidários no TSE é ato de natureza meramente
administrativa – (SEM INFO)
5. SISTEMAS ELEITORAIS
5.1. Número de Deputados Federais deve ser fixado por meio de Lei Complementar,
não podendo ser feito pelo TSE – (Info 751)
A CF/88 previu que o número total de Deputados, bem como a representação por Estado
e pelo Distrito Federal, deve ser estabelecido por lei complementar, proporcionalmente
à população (§ 1º do art. 45).
Em 1993, foi editada a LC 78/93, que disciplina a fixação do número de Deputados.
O art. 1º da LC 78/93 previu que, em cada ano anterior às eleições, o IBGE deverá
fornecer ao TSE a atualização estatística demográfica das unidades da Federação. Com
base nesses dados, o TSE faz o cálculo da quantidade de Deputados Federais por
Estado/DF e encaminha para os TRE’s e para os partidos políticos o número de vagas a
serem disputadas (parágrafo único do art. 1º da LC).
Em 2013, com base no art. 1º da LC 78/93, o TSE editou a Resolução 23.389 alterando o
número de vagas de Deputado Federal de cada Estado/DF e, consequentemente, o
número de vagas de Deputados Estaduais a serem disputadas nas eleições de 2014.
O Congresso Nacional, argumentando que o TSE exorbitou do seu poder regulamentar,
publicou o Decreto Legislativo 424/2013 sustando os efeitos da Resolução TSE
23.389/2013.
O STF entendeu que:
O parágrafo único do art. 1º da LC 78/93 e a Resolução TSE 23.389/2013 são
INCONSTITUCIONAIS por violarem o § 1º do art. 45 da CF/88 e a
independência do Poder Legislativo.
O Decreto Legislativo 424/2013, editado pelo Congresso Nacional, é
INCONSTITUCIONAL por violar o art. 49, V, da CF/88 e a independência do
Poder Judiciário.
Nas eleições de outubro de 2014 deverão ser adotados os mesmos critérios
aplicados nas eleições de 2010, ou seja, o número de vagas de Deputados
Federais não foi alterado.
STF. Plenário. ADI 4947, 5020, 5028, 5130, 4963, 4965 e ADC 33/DF, Rel. p. Acórdão Min.
Rosa Weber, julgados em 18/6/2014 (Info 751).
Lei da Ficha Limpa: Em 2010, foi aprovada a LC 135/10, que teve como objetivo alterar a
LC 64/90, incluindo novas hipóteses de inelegibilidade para proteger a probidade
administrativa e a moralidade no exercício do mandato. A LC 135/2010 ficou conhecida
como “Lei da Ficha Limpa”.
Ampliação do prazo de inelegibilidade para as condenações por abuso de poder: Uma das
alterações promovidas pela Lei da Ficha Limpa foi que ela ampliou, de 3 para 8 anos, o
prazo de inelegibilidade para os casos em que o político é condenado por abuso de
poder econômico ou político. Veja como foi a mudança:
Antes da LC 135/2010 Depois da LC 135/2010
Art. 1º São inelegíveis: Art. 1º São inelegíveis:
I - para qualquer cargo: I - para qualquer cargo:
(...) (...)
d) os que tenham contra sua d) os que tenham contra sua
pessoa representação julgada pessoa representação julgada
procedente pela Justiça Eleitoral, procedente pela Justiça Eleitoral,
transitada em julgado, em em decisão transitada em julgado
processo de apuração de abuso do ou proferida por órgão colegiado,
poder econômico ou político, para em processo de apuração de abuso
a eleição na qual concorrem ou do poder econômico ou político,
tenham sido diplomados, bem para a eleição na qual concorrem
como para as que se realizarem 3 ou tenham sido diplomados, bem
(três) anos seguintes; como para as que se realizarem
nos 8 (oito) anos
seguintes; (Redação dada pela
LC 135/2010)
Desse modo, antes da Lei da Ficha Limpa, o político condenado por abuso de poder teria
que ficar 3 anos sem disputar novas eleições. Com a mudança, ele passou a ter que ficar 8
anos inelegível.
STF julgou a validade da Lei da Ficha Limpa: O STF decidiu que essa previsão, assim
como todos os outros dispositivos da Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010), são
constitucionais. STF. Plenário. ADC 29/DF, rel. Min. Luiz Fux, 15 e 16/2/12, ADC 30/DF,
rel. Min. Luiz Fux, 15 e 16/2/12 e ADI 4578/DF, rel. Min. Luiz Fux, 15 e 16/2/12.
A Lei da Ficha Limpa somente foi aplicada a partir das eleições de 2010: A Lei da Ficha
Limpa foi promulgada em 4 de junho de 2010. Como entrou em vigor menos de 1 ano
antes das eleições gerais de 2010, o STF entendeu que ela não poderia ser aplicada
naquele pleito por força do que dispõe o art. 16 da CF/88:
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na
data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até
um ano da data de sua vigência.
Essa decisão foi tomada no RE 633703, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 23/3/11.
Imagine agora a seguinte situação adaptada: João concorreu ao cargo de Vereador e foi
condenado, nos autos de representação eleitoral por abuso de poder econômico e compra
de votos por fatos ocorridos em 2004. Naquela época não havia ainda a Lei da Ficha Limpa.
Vigorava a redação originária do art. 1º, I, “d”, da LC 64/90. Logo, a Justiça Eleitoral
determinou que João ficasse inelegível por 3 anos. Relembre o que dizia a Lei:
Art. 1º São inelegíveis:
I - para qualquer cargo:
(...)
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada
procedente pela Justiça Eleitoral, transitada em julgado, em
processo de apuração de abuso do poder econômico ou político,
para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados,
bem como para as que se realizarem 3 (três) anos seguintes;
Resumindo:
Em 2004, João praticou abuso de poder econômico e foi condenado a uma
inelegibilidade de 3 anos, conforme previa a redação originária do art. 1º, I, “d”,
da LC 64/90.
Esse processo transitou em julgado e, em 2007, João terminou de cumprir o prazo
de inelegibilidade para o qual foi condenado.
Em 2010, a Lei da Ficha Limpa (2010) aumentou a punição prevista no art. 1º, I,
“d”, da LC 64/90 de 3 para 8 anos.
A Justiça Eleitoral entendeu que, mesmo a Lei da Ficha Limpa tendo entrado em
vigor após o fato praticado por João, este novo diploma deveria ser aplicado ao
caso concreto. Logo, a inelegibilidade de João, que era de 3 anos (e que acabou em
2007), subiria para 8 anos (e a proibição permaneceria para as eleições de 2012).
Recurso extraordinário: João não concordou com a decisão da Justiça Eleitoral e recorreu
ao STF alegando que a inelegibilidade constitui espécie de sanção, razão pela qual a
mudança legislativa não poderia retroagir por se tratar de lei mais grave (art. 5º, XXXVI,
CF/88). Além disso, teria havido ofensa à coisa julgada. Para reforçar a sua tese, João
argumentou que a própria LC 64/90 prevê a inelegibilidade como sanção:
Art. 22 (...)
XIV – julgada procedente a representação, ainda que após a
proclamação dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do
representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato,
cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se
realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se
verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato
diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou
pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de
comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério
Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o
caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências
que a espécie comportar; (Redação dada pela LC 135/2010)
A pergunta que se faz é a seguinte: esse aumento trazido pela Lei da Ficha Limpa já se
aplica para a situação de João mesmo que o fato tendo ocorrido antes da vigência da nova
Lei? SIM. O STF entendeu que é possível aplicar o prazo de 8 anos de inelegibilidade,
introduzido pela LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), às condenações por abuso de poder,
mesmo nos casos em que o processo já tenha transitado em julgado quando a Lei da
Ficha Limpa entrou em vigor. O fato de a condenação nos autos de representação por
abuso de poder econômico ou político haver transitado em julgado, ou mesmo haver
transcorrido o prazo da sanção de três anos, imposta por força de condenação pela Justiça
Eleitoral, não afasta a incidência da inelegibilidade constante da alínea “d” do inciso I do
art. 1º da LC 64/90, cujo prazo passou a ser de 8 anos.
Repercussão geral: Sobre esse tema, o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral:
A condenação por abuso do poder econômico ou político em ação
de investigação judicial eleitoral, transitada em julgado, “ex vi”
do artigo 22, inciso XIV, da Lei Complementar 64/90, em sua
redação primitiva, é apta a atrair a incidência da inelegibilidade
do artigo 1º, inciso I, alínea "d", na redação dada pela Lei
Complementar 135/2010, aplicando-se a todos os processos de
registros de candidatura em trâmite.
STF. Plenário. RE 929670/DF, rel. orig. Min. Ricardo
Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/3/2018
(repercussão geral) (Info 892).
Mas o art. 22, XIV fala em sanção...: Segundo o Min. Fux, houve uma atecnia do legislador,
ou seja, uma falha de técnica legislativa ao se afirmar que a inelegibilidade do art. 22, XIV,
seria uma hipótese de sanção. Além disso, a natureza de um instituto jurídico não deve
ser interpretada pelo seu “rótulo legal”, mas sim pela a partir da análise dos efeitos
jurídicos que efetivamente dele advêm.
Não há retroatividade máxima: As leis (em sentido amplo) podem apresentar três espécies
de retroatividade:
a) Retroatividade b) Retroatividade média c) Retroatividade mínima
máxima (temperada ou mitigada):
(ou restitutória)
Ocorre quando a lei nova Ocorre quando a lei nova Ocorre quando a lei nova
retroage para atingir atinge efeitos pendentes atinge efeitos futuros de
fatos passados sem de fatos praticados no fatos praticados no
qualquer empecilho, passado. passado.
mesmo que eles já Ex: na época da celebração Ex: na época da celebração
estejam consumados. do contrato, os juros de do contrato, os juros de
Se a retroatividade é mora eram de 6% ao ano; mora eram de 6% ao ano;
máxima, a lei atinge, veio uma nova lei veio uma nova lei
inclusive, direito aumentando para 12%; aumentando para 12%;
adquirido, ato jurídico pela retroatividade média, pela retroatividade
perfeito ou coisa julgada. essa mudança produz mínima, essa mudança
Ex: na época da efeitos sobre as prestações produz efeitos sobre as
celebração do contrato, os em aberto (vencidas, mas prestações futuras; as
juros de mora eram de 6% não pagas) e sobre as prestações já pagas e as
ao ano; veio uma nova lei prestações futuras; as prestações em aberto
aumentando para 12%; prestações já pagas continuam com os juros
pela retroatividade continuam com os juros anteriores.
máxima, essa mudança anteriores.
produz efeitos inclusive
sobre as prestações já
pagas.
Retroatividade inautêntica (ou retrospectividade): O Min. Luiz Fux sustentou que, como
a inelegibilidade do art. 22, XIV, da LC 64/90 não se constitui em sanção, a ampliação do
prazo nele previsto (de 3 para 8 anos) pela Lei da Ficha Limpa não representa ofensa à
retroatividade máxima. Para o STF, aplicar a Lei da Ficha Limpa para fatos ocorridos antes
da sua vigência não configura uma autêntica (uma verdadeira) retroatividade. Isso é
aquilo que se pode chamar de retroatividade inautêntica (ou retrospectividade). A
retroatividade autêntica é vedada pela CF. O texto constitucional não proíbe, contudo, a
retrospectividade. A retrospectividade é parecida, mas não idêntica à retroatividade
mínima.
• Retroatividade mínima: a nova lei altera as consequências jurídicas de fatos ocorridos
antes da sua edição.
• Retrospectividade: a nova lei atribui novos efeitos jurídicos, a partir de sua edição, a
fatos ocorridos anteriormente.
7. VOTO IMPRESSO
7.1. Inconstitucionalidade do voto híbrido previsto no art. 59-A da Lei 9.504/97 – (Info
905) – IMPORTANTE!!!
8. INFIDELIDADE PARTIDÁRIA
10. INELEGIBILIDADES
10.1. INELEGIBILIDADES: A vedação ao exercício de três mandatos consecutivos pelo
mesmo núcleo familiar aplica-se também na hipótese em que um dos mandatos tenha sido
para suceder o eleito que foi cassado – (Info 921)
2) o titular deverá se afastar do mandato seis meses antes das eleições: Ex:
Auricélio era Prefeito e renunciou ao cargo seis meses antes das eleições a fim
de permitir que seu cunhado Hélio (que é parente por afinidade em segundo
grau) fosse candidato ao mesmo cargo.
Terceiro mandato no mesmo núcleo familiar: O TSE considerou que, se fosse permitido
que Hélio continuasse no cargo de Prefeito e exercesse o mandato de 2017 a 2020, isso
significaria o terceiro mandato consecutivo do mesmo núcleo familiar para o mesmo
cargo. Para o TSE, ao se fazer uma interpretação conjugada dos §§ 5º e 7º do art. 14 da
CF/88 chega-se à conclusão sobre qual foi a intenção do legislador constituinte: proibir
que pessoas do mesmo núcleo familiar ocupem três mandatos consecutivos para o
mesmo cargo no Poder Executivo. Em outros termos, a CF/88 quis proibir que o mesmo
núcleo familiar ocupasse três mandatos consecutivos de Prefeito, de Governador ou de
Presidente. Quando Hélio foi eleito em 2012 e passou a exercer o mandato em 2013, este
foi o segundo mandato consecutivo de Prefeito daquele grupo familiar. Mesmo sendo
uma outra pessoa, é como se fosse a reeleição de Auricélio. O mandato de 2013-2016
desempenhado por Hélio é como se fosse o segundo mandato de Auricélio. Logo, já chega.
Não pode um terceiro consecutivo.
Obs1: quando falamos em “núcleo familiar” aqui estamos nos referindo ao cônjuge e aos
parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção (art. 14, § 7º).
Situação de Hélio foi parecida com o caso Garotinho e Rosinha: A situação acima exposta
foi semelhante ao que aconteceu no Governo do RJ envolvendo Anthony Garotinho e sua
esposa Rosinha. Em 1998, Garotinho foi eleito Governador do RJ. No final do seu 1º
mandato (em 2002), ele renunciou ao cargo para se desincompatibilizar e concorrer à
Presidência da República. Sua esposa, Rosinha, candidatou-se ao cargo de Governador na
eleição de 2002, tendo sido eleita. O TSE considerou que Rosinha poderia concorrer e
assumir o cargo porque seu marido havia renunciado e ainda estava no 1º mandato. A
lógica utilizada pelo TSE foi a seguinte: ora, se o próprio Garotinho poderia concorrer
novamente ao cargo de Governador, não haveria sentido em se negar à sua esposa o
direito de disputar a eleição. Vale ressaltar, no entanto, que ao ganhar a eleição, é como
se Rosinha estivesse exercendo o 2º mandato consecutivo. Logo, em 2006, ele não pode
concorrer novamente ao Governo. Em suma, este núcleo familiar foi eleito Governador
em 1998 e reeleito em 2002, não podendo figurar em um terceiro mandato consecutivo.
10.4. Magistrado pode decidir com base em fatos e circunstâncias não alegados pelas
partes – (Info 747)
O TSE editou a Resolução 23.396/2013 prevendo que o inquérito policial para apurar
crimes eleitorais somente poderá ser instaurado se houver uma determinação da Justiça
Eleitoral (art. 8º). Assim, pelo texto da Resolução, o Ministério Público não poderia
requisitar a instauração de inquérito policial para apurar crimes eleitorais.
O STF, ao apreciar medida cautelar, decidiu que esse dispositivo é
INCONSTITUCIONAL por dispor sobre norma de direito processual e por violar
prerrogativa constitucional do Ministério Público prevista no art. 129, VIII, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 5104 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014 (Info
747).
O Plenário do STF reconheceu que o MPE possui legitimidade para recorrer de decisão
que deferiu registro de candidatura, mesmo que não tenha apresentado impugnação ao
pedido inicial desse registro.
O STF, com essa decisão, modifica a posição até então dominante no TSE.
Vale ressaltar, no entanto, que esse novo entendimento manifestado pelo STF foi
modulado e só valerá a partir das eleições de 2014.
Assim, nos recursos que tratam sobre o tema, referentes ao pleito de 2012, deverá
continuar sendo aplicado o entendimento do TSE que estendia ao MP a regra da
Súmula 11-TSE.
STF. Plenário. ARE 728188/RJ. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 18/12/13 (Info 733).
(MPRR-2017-CESPE): O MP eleitoral tem legitimidade para recorrer de decisão que
julgue o pedido de registro de candidatura, mesmo que não tenha apresentado
impugnação anterior. BL: Info 733, STF.
11.5. Legitimidade do MP para representar contra propaganda partidária irregular
11.6. Legitimidade do MPE para recorrer de decisão que deferiu registro de candidatura,
mesmo que não tenha apresentado impugnação ao pedido inicial desse registro
O art. 45, II e III da Lei nº 9.504/97 prevê que, depois do prazo para a realização das
convenções no ano das eleições, as emissoras de rádio e televisão, em sua programação
normal e em seu noticiário, não podem:
a) usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer
forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou
veicular programa com esse efeito (inciso II) e
b) difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus órgãos
ou representantes (segunda parte do inciso III).
Os §§ 4º e 5º explicam o que se entende por trucagem e por montagem.
O STF decidiu que tais dispositivos são INCONSTITUCIONAIS porque representam
censura prévia.
A liberdade de expressão autoriza que os meios de comunicação optem por
determinados posicionamentos e exteriorizem seu juízo de valor, bem como autoriza
programas humorísticos, “charges” e sátiras realizados a partir de trucagem, montagem
ou outro recurso de áudio e vídeo, como costumeiramente se realiza, não havendo
nenhuma justificativa constitucional razoável para a interrupção durante o período
eleitoral.
Vale ressaltar que, posteriormente, é possível a responsabilização dos meios de
comunicação e de seus agentes por eventuais informações mentirosas, injuriosas,
difamantes. O que não se pode é fazer uma censura prévia.
São inconstitucionais quaisquer leis ou atos normativos tendentes a constranger ou
inibir a liberdade de expressão a partir de mecanismos de censura prévia.
STF. Plenário. ADI 4451/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 20 e 21/6/18 (Info 907).
OBS:
Art. 45 da Lei nº 9.504/97: A Lei nº 9.504/97 é a lei geral que rege as eleições, dispondo, dentre
outros temas, sobre propaganda eleitoral. O art. 45, II e III da Lei nº 9.504/97 prevê que,
depois de o prazo para a realização das convenções no ano das eleições, as emissoras de
rádio e televisão, em sua programação normal e em seu noticiário, não podem:
a) usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo
que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato,
partido ou coligação, ou produzir ou veicular programa com esse
efeito (inciso II) e
b) difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido,
coligação, a seus órgãos ou representantes (segunda parte do
inciso III).
Desse modo, tais dispositivo impedem que as emissoras veiculem programas que
venham a degradar ou ridicularizar candidatos nos meses que antecedem as eleições. É
o caso, por exemplo, dos programas de humor que satirizam os candidatos.
Liminar: Ainda em 2010, o STF deferiu a medida liminar e suspendeu o inciso II e a parte
final do inciso III do referido art. 45. Por arrastamento, os Ministros decidiram suspender
também os §§ 4º e 5º. Desse modo, desde 2010, tais dispositivos não estavam produzindo
efeitos.
Julgamento definitivo: Em 2018, o STF confirmou a liminar que havia sido deferida e
julgou procedente a ADI. O STF decidiu que tais dispositivos são
INCONSTITUCIONAIS porque representam censura prévia.
CF/88 não admite censura: A CF/88 não permite que haja limitações preventivas (prévias)
a respeito do conteúdo do debate público em razão de conjectura sobre o efeito que alguns
conteúdos possam vir a ter junto ao público. O exercício do direito à liberdade de
expressão não pode ser cerceado pelo Estado ou por particular.
Existem riscos advindos da comunicação social no período eleitoral: Não se ignora que
existem inúmeros riscos que podem surgir na comunicação de massa durante o período
eleitoral. Um exemplo disso são as chamadas “fake news”. No entanto, esses riscos não
são resolvidos ao se censurar previamente o conteúdo dos meios de comunicação. Ao
contrário, o combate às “fake news” deve feito pelos meios legais e pela boa imprensa,
que rapidamente podem levar a correta notícia à população.
12.2. É legítima a Resolução do TSE que proíbe propaganda eleitoral por meio de
telemarketing – (Info 900)
É constitucional o art. 25, § 2º, da Resolução 23.404/14 do TSE, que proíbe a realização
de propaganda eleitoral via “telemarketing", em qualquer horário.
STF. Plenário. ADI 5122, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2018 (Info 900).
OBS:
Art. 25 (...)
§ 2º É vedada a realização de propaganda via telemarketing, em
qualquer horário (Constituição Federal, art. 5º, X e XI, e Código
Eleitoral, art. 243, VI).
Rol taxativo dos meios de propaganda permitidos: O art. 37, § 2º e o art. 38, da Lei 9.504/97
estabelecem um rol TAXATIVO das situações em que a propaganda eleitoral pode ser
realizada independentemente de autorização da Justiça especializada. Confira:
Art. 37 (...)
§ 2º Não é permitida a veiculação de material de propaganda
eleitoral em bens públicos ou particulares, exceto de:
I - bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que
não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e
veículos;
II - adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas,
motocicletas e janelas residenciais, desde que não exceda a 0,5 m²
(meio metro quadrado).
Isso significa que, tirando esses casos acima listados, as demais formas de divulgação
somente podem ocorrer mediante chancela prévia da Justiça Eleitoral. Nesse contexto, o
TSE pode se antecipar a eventuais pedidos de autorização e vedar, desde logo, o uso do
“telemarketing”, sem que isso caracterize usurpação de competência do Congresso
Nacional para legislar sobre Direito Eleitoral.
Constitucionalidade material: A proibição contida no art. 25, § 2º, da Resolução não viola
os princípios constitucionais da livre manifestação do pensamento, da liberdade
política, de comunicação e de acesso à informação. Essa vedação tem como fundamentos:
o art. 243, VI, do Código Eleitoral, que proíbe propaganda eleitoral que “perturbe
o sossego público, com algazarras e abusos de instrumentos sonoros ou sinais
acústicos”;
incisos X e XI do art. 5º, da CF, que protegem a intimidade, a vida e a
inviolabilidade domiciliar do eleitor.
Vale ressaltar, ainda, que a vedação imposta pela Resolução não configura censura de
natureza política. Isso porque o TSE não controla previamente o conteúdo da
propaganda a ser veiculada. Ele simplesmente proíbe a propaganda por meio de
determinado veículo de comunicação (telemarketing). Além disso, a vedação à censura
(art. 220, § 2º, da CF/88) proíbe o controle prévio, exercido por autoridade administrativa,
da veiculação de determinado conteúdo, permitindo-se, no entanto, que a lei lhe
estabeleça, excepcionalmente, e nos parâmetros do Estado Democrático de Direito,
limites e restrições, que tenham por fundamento a proteção e a promoção de direitos e
bem jurídicos constitucionalmente assegurados, desde que observados os critérios da
proporcionalidade e da preservação do núcleo essencial dos direitos.
O tempo de propaganda eleitoral gratuita, nas emissoras de rádio e TV, é regulado pelo
art. 47 da Lei 9.504/97. A Lei 13.165/15 alterou o § 2º do art. 47, mudando os percentuais
dessa distribuição, aumentando ainda mais o tempo dos partidos que tenham
representação na Câmara dos Deputados.
Essa mudança foi atacada por meio de ADI e o STF decidiu que:
É constitucional o § 2º do art. 47 da Lei 9.504/97, com redação dada pela Lei 13.165/15,
que prevê que os horários reservados à propaganda de cada eleição serão distribuídos
entre os partidos e coligações proporcionalmente com base no número de
representantes na Câmara dos Deputados.
STF. Plenário. ADI 5423/DF e ADI 5491/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 24 e
25/8/16; ADI 5577 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24 e 25/8/16 (Info
836).
OBS:
A Lei nº 13.165/2015 alterou o § 2º do art. 47, mudando os percentuais dessa distribuição,
aumentando ainda mais o tempo dos partidos que tenham representação na Câmara. Veja
a redação atual:
Art. 47 (...)
§ 2º Os horários reservados à propaganda de cada eleição, nos
termos do § 1º, serão distribuídos entre todos os partidos e
coligações que tenham candidato, observados os seguintes
critérios:
I - 90% (noventa por cento) distribuídos proporcionalmente ao
número de representantes na Câmara dos Deputados,
considerados, no caso de coligação para eleições majoritárias, o
resultado da soma do número de representantes dos seis maiores
partidos que a integrem e, nos casos de coligações para eleições
proporcionais, o resultado da soma do número de
representantes de todos os partidos que a integrem;
II - 10% (dez por cento) distribuídos igualitariamente.
ADI proposta por partidos contra esta mudança: Quatro partidos políticos (PTN, PHS,
PRP e PTC) ajuizaram ADI contra a alteração promovida pela Lei 13.165/15 no art. 47, §
2º, da Lei 9.504/97. Na ação, argumentaram que este tratamento diferenciado em favor
dos partidos maiores viola o § 3º do art. 17 da CF/88, o princípio da isonomia (art. 5º,
caput) e o princípio republicano (art. 1º). Segundo defendem, a repartição do horário de
propaganda eleitoral gratuita deveria ocorrer de forma igualitária entre todos os partidos
políticos. Questionaram a expressão “seis maiores”, constante do inciso I do § 2º do art. 47
da Lei das Eleições, afirmando que “mesmo que se admita a possibilidade de discrímen
entre os diversos Partidos, no que tange ao exercício do direito de antena, não se mostra
razoável e proporcional que se inclua na contagem, no caso de coligação majoritária,
somente o tempo dos seis maiores partidos integrantes da coligação”. Argumentaram, em
síntese, que as novas regras instituíram verdadeira barreira aos partidos políticos menores
ao impedir a divisão igualitária do tempo de TV e rádio.
A ação proposta foi acolhida pelo STF? As novas regras sobre o tempo de propaganda
eleitoral gratuita previstas no § 2º do art. 47 são inconstitucionais? NÃO. O STF
entendeu que os incisos I e II do § 2º do art. 47 da Lei 9.504/97 são compatíveis com a
cláusula democrática e com o sistema proporcional. Esses incisos estabelecem uma regra
de equidade e asseguram um tratamento mais benéfico aos partidos maiores, mas essa
distinção não pode ser considerada odiosa (arbitrária), considerando que o critério para
conferir maior tempo é baseado nos partidos que possuem maior legitimidade popular
(maior número de Deputados Federais, ou seja, de "representantes do povo"). Além disso,
se, por um lado, a Lei prevê maior tempo para quem tem mais representantes na Câmara
dos Deputados, por outro, nenhum partido fica sem participação e todos eles terão tempo
de rádio e TV.
Seis maiores partidos: Como vimos acima, o inciso I afirma que, na eleição majoritária,
havendo coligação, serão somados apenas os Deputados Federais dos seis maiores
partidos que fazem parte desta coligação. Este critério de somente considerar os "seis
maiores partidos" também havia sido impugnado e o STF declarou que é válido. Para o
STF, este critério tem como objetivo garantir um equilíbrio na distribuição do tempo de
horário eleitoral gratuito. Em outras palavras, a finalidade é evitar que uma só coligação,
se for muito grande (ex: formada por 10 grandes e médios partidos) fique com
praticamente todo o tempo ou tenha um tempo muito maior do que os outros candidatos.
ADI: A Procuradoria-Geral da República ajuizou ADI contra este art. 9º. Segundo a PGR,
não basta que a lei reserve percentual de vagas para candidatas, é preciso garantir que elas
tenham recursos suficientes para disputar o pleito eleitoral em igualdade de condições
com os homens. Defendeu-se que a norma contraria o princípio fundamental da
igualdade, deixa de proteger suficientemente o pluralismo político, a cidadania e o
princípio democrático e falha na busca do objetivo fundamental de construir uma
sociedade livre, justa e solidária, além de ferir os princípios da eficiência, da finalidade e
da autonomia dos partidos políticos. A legislação eleitoral prevê que cada partido ou
coligação deverá reservar, no mínimo, 30% de suas candidaturas nas eleições
proporcionais para mulheres. Segundo a PGR, o limite máximo de 15% previsto na lei
produz mais desigualdade e menos pluralismo da definição das posições de gênero. “Se
não há limites máximos para financiamento de campanhas de homens, não se podem fixar
limites máximos para as mulheres”, afirma. Quanto ao limite mínimo, enfatiza que o
patamar de 5% dos recursos para as candidatas protege de forma deficiente os direitos
políticos das mulheres. Na ação defende-se que o princípio da proporcionalidade só seria
atendido se o percentual de recursos fosse de 30%, pois se equipararia ao patamar mínimo
de candidaturas femininas.
O STF concordou com os argumentos da PGR? SIM. O STF julgou procedente a ADI.
A Lei nº 13.165/2015 alterou a redação do art. 46 da Lei 9.504/97, que trata sobre os
debates eleitorais no rádio e TV.
Antes da Lei, as emissoras eram obrigadas a convidar todos os candidatos dos partidos
que tivessem representação na Câmara dos Deputados. Assim, se o candidato fizesse
parte de um partido político que tivesse, no mínimo, 1 Deputado Federal, ele deveria
ser obrigatoriamente convidado para o debate.
Agora, as emissoras são obrigadas a convidar todos os candidatos dos partidos que
tenham representação na Câmara superior a 9 Deputados. Desse modo, para que a
emissora seja obrigada a convidar o candidato, ele deve fazer parte de um partido
político que tenha, no mínimo, 10 Deputados Federais.
Foram propostas diversas ADIs contra esta alteração e o STF chegou a três importantes
conclusões, que podem ser assim resumidas:
I - É constitucional o art. 46 da Lei nº 9.504/97, com redação dada pela Lei nº 13.165/2015,
que prevê que as emissoras de rádio e TV somente são obrigadas a convidar para
participar dos debates eleitorais os candidatos dos partidos que tenham representação
na Câmara superior a 9 Deputados Federais. Esta regra não viola os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade.
II - Os candidatos aptos não podem deliberar pela exclusão dos debates de candidatos
cuja participação seja facultativa, quando a emissora tenha optado por convidá-los.
III - As emissoras de rádio e TV possuem a faculdade de convidar outros candidatos
não enquadrados no critério do caput do art. 46, independentemente de concordância
dos candidatos aptos, mas esse convite deverá ser feito conforme critérios objetivos,
que atendam os princípios da imparcialidade e da isonomia e o direito à informação, a
ser regulamentado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
STF. Plenário. ADI 5423/DF e ADI 5491/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 24 e
25/8/16; ADI 5577 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24 e 25/8/16; ADI
5487/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
24 e 25/8/2016 (Info 836).
OBS: O direito de participação em debates eleitorais ― diferentemente da propaganda
eleitoral gratuita no rádio e na TV ― não tem assento constitucional e, por essa razão, pode
sofrer restrição maior, em razão do formato e do objetivo desse tipo de programação. Em
outras palavras, a CF/88 assegura aos partidos políticos a propaganda eleitoral gratuita
no rádio e TV (art. 17, § 3º). Logo, esse direito tem status constitucional e, por essa razão, o
legislador não pode impor critérios muito rígidos que excluam por completo os partidos
menores. Já no caso dos debates, a situação é diferente. Isso porque não existe nenhum
dispositivo constitucional que assegure a participação dos partidos. Dessa forma, o
legislador tem uma liberdade maior para impor restrições e, assim, permitir que as
emissoras de rádio e TV apenas convidem os partidos com maior representação política.
A emissora de rádio ou TV pode convidar para o debate candidatos que sejam filiados a
partidos políticos com menos de 10 Deputados Federais? Isso é permitido? SIM. O art. 46
da Lei nº 9.504/97 não proíbe que se convidem candidatos filiados a partidos com menos
de 10 Deputados Federais. O dispositivo legal apenas confere uma faculdade às emissoras,
ou seja, elas podem convidar se quiserem. Ex: em uma eleição para prefeito concorrem 5
candidatos: João (filiado a partido com 20 Deputados Federais), Hugo (partido com 15
Deputados), Pedro (partido com 10 Deputados), André (partido com 9 Deputados) e
Luciano (partido sem Deputados). A emissora de rádio da cidade quer realizar um debate.
Por lei, ela só está obrigada a convidar João, Hugo e Pedro. No entanto, nada impede que
ela chame também André e Luciano.
Esse argumento está correto, segundo o STF? Os candidatos filiados a partidos com mais
de 9 Deputados Federais, com base no § 5º do art. 46 (chamados de "candidatos aptos"),
poderão impedir que a emissora convide os demais candidatos que não preenchem este
requisito ("candidatos inaptos")? Em nosso exemplo, João e Pedro (2/3 dos candidatos
aptos) poderão impedir que a emissora convide André e Luciano?
NÃO. O STF decidiu que os candidatos que têm participação assegurada no debate
eleitoral ("candidatos aptos"; em nosso exemplo, João e Pedro) não podem, durante a
reunião preparatória, decidir pela exclusão dos demais candidatos que, mesmo sem terem
mais de 9 Deputados Federais no partido, foram convidados pela emissora de rádio ou TV
para participarem do debate.
Mas o que significa, então, essa frase presente no § 5º: "serão consideradas aprovadas as
regras, inclusive as que definam o número de participantes, que obtiverem a concordância
de pelo menos 2/3 (dois terços) dos candidatos aptos, no caso de eleição majoritária"? O
STF conferiu interpretação conforme a Constituição ao § 5º do art. 46 e disse que essa frase
e o dispositivo todo devem ser interpretados da seguinte forma:
A emissora pode convidar os candidatos que sejam filiados a partidos políticos
com menos de 10 Deputados Federais. Caso ela convide, os candidatos aptos
(filiados a partidos com 10 ou mais Deputados) não poderão se opor a esse convite.
O § 5º do art. 46 não confere esse poder aos candidatos aptos;
Se a emissora decidir convidar apenas os candidatos filiados a partidos com mais
de 9 Deputados Federais, estes candidatos aptos poderão decidir, desde que exista
concordância de no mínimo 2/3 deles, que o debate deverá contar também com a
participação dos demais candidatos. Neste caso, a emissora, que anteriormente
havia convidado apenas os candidatos aptos, terá que aceitar;
Desse modo, esta previsão de que os candidatos aptos (mínimo de 2/3) poderão
definir "o número de participantes" só vale caso eles queiram incluir os candidatos
inaptos e não convidados. Esta previsão não vale para impedir (vetar) que a
emissora convide os demais candidatos com menos de 10 Deputados Federais.
Ex1: emissora convidou os 5 candidatos; João e Pedro, mesmo representando 2/3 dos
candidatos aptos, não poderão impedir que a emissora convide André e Luciano.
Ex2: imagine que a emissora convidou apenas os três candidatos aptos; ocorre que João e
Pedro, em um gesto democrático, decidem que André e Luciano também deverão
participar do debate. A emissora terá duas opções: ou aceita o que foi decidido e convida
os dois que faltaram, ou então, desiste de realizar o debate.
O argumento para o STF foi o de que o § 5º do art. 46 regra deve ser interpretado no sentido
de dar maior densidade democrática ao processo eleitoral. Assim, essa deliberação de no
mínimo 2/3 dos candidatos aptos só deve valer para tornar o debate político mais plural
e não para restringi-lo.
As emissoras de rádio e TV poderão convidar os candidatos mesmo que eles sejam filiados
a partidos políticos com menos de 9 Deputados Federais; os candidatos aptos não
poderão se opor a isso. Ok, até aqui tudo bem. Mas vem agora uma última pergunta: as
emissoras poderá fazer esse convite livremente, ou seja, sem respeitar qualquer critério?
A emissora poderá, por exemplo, sem qualquer justificativa, convidar um dos candidatos
inaptos e deixar o outro de fora? NÃO. O STF afirmou que as emissoras, no momento de
fazer esse convite para os candidatos não enquadrados no caput do art. 46, deverão
respeitar critérios objetivos, a serem regulamentados pelo TSE, devendo esses critérios
respeitar os princípios da imparcialidade e da isonomia e o direito à informação.
Qual foi o crime cometido por Paulo? Falsidade ideológica para fins eleitorais, delito
previsto no art. 350 do Código Eleitoral:
Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração
que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração
falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa,
se o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento
de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular.
Uma das alegações da defesa foi a de que o material não declarado (material gráfico de
campanha) não foi recolhido e que, portanto, não haveria materialidade delitiva. Essa
tese foi acolhida pelo STF? NÃO. O delito de falsidade ideológica é crime formal. Não
exige, portanto, o recolhimento do material não declarado.
15.2. Candidato que recebe ordem para não entrar na repartição pública para pedir votos
não comete desobediência se ingressa no local para fiscalizar o adversário – (Info 826)
Não comete crime de desobediência eleitoral (art. 347 do Código Eleitoral) o candidato
que, proibido de ingressar em órgãos públicos com o intuito de realizar atos inerentes
à campanha eleitoral, adentra nos prédios da Administração Pública para filmar e
fotografar fiscalizando se o então Prefeito, seu adversário, estava praticando ilícitos
eleitorais.
STF. 2ª Turma. Inq 3909/SE, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 17/5/16 (Info 826).
15.4. “Dolo específico” no crime de corrupção eleitoral (art. 299 do CE) – (Info 742)
O delito do art. 299 do CE, exige “dolo específico” (elemento subjetivo especial).
No caso da corrupção eleitoral ativa, esse “dolo específico” é a intenção do agente de
obter voto ou conseguir abstenção.
Na corrupção eleitoral passiva, a finalidade específica do sujeito é a de dar seu voto ou
prometer abstenção.
STF. Plenário. Inq 3693/PA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/4/2014 (Info 742).
ADI: O Conselho Federal da OAB ajuizou ADI contra esse dispositivo, que foi incluído
pela Lei nº 13.165/2015. A entidade argumentou que o dispositivo é inconstitucional,
pois permite que doações feitas a partidos possam ser repassadas a candidatos sem a
demonstração da origem dos recursos, o que violaria o princípio da transparência e o
princípio da moralidade, além de favorecer a corrupção, dificultando o rastreamento
das doações eleitorais. Segundo a petição inicial, doações ocultas são aquelas em que não
é possível identificar o vínculo entre doadores e candidatos. Nesse modelo, a pessoa
física doa dinheiro para o partido, que repassa ao candidato, sem que o processo seja
transparente. A possibilidade de “doações ocultas” de pessoas físicas a candidatos pode
sustentar relações pouco republicanas entre os políticos e seus financiadores. A ausência
de transparência impede a identificação dos interesses por trás da atuação do candidato,
dificultando eventuais investigações e impedindo que o eleitor decida de modo
informado. É preciso que o eleitor saiba quem financia seus candidatos, compreendendo
todo o caminho do dinheiro nas campanhas eleitorais.
Vamos entender.
Transparência das doações: É necessário que haja um efetivo sistema de controle dos
recursos arrecadados por partidos e candidatos. Para isso, é indispensável que haja
transparência nas contas eleitorais. A transparência das doações serve para se verificar a
ocorrência de eventual vício que macule a atuação do próprio candidato eleito, pois será
possível analisar a existência de relações não republicanas entre os doadores e o agora
detentor de cargo público.
Além disso, a identificação dos particulares que fizeram doações eleitorais é informação
essencial para que se possa constatar se as doações provêm de fontes lícitas e se respeitam
os limites máximos de valor previstos no art. 23 da Lei 9.504/97.
Art. 17, III, da CF/88: O caráter oculto das doações eleitorais viola o art. 17, III, da CF/88,
que prevê o seguinte:
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
(...)
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
Resolução TSE e “reação legislativa”: Vale ressaltar que, antes da inclusão do § 12 ao art.
28 da Lei 9.504/97, o TSE já havia editado uma Resolução (TSE 23.406/14) exigindo a
identificação dos doadores de forma individualizada, com fundamento na Lei nº
12.527/2011 (Lei do Acesso à Informação). Desse modo, a inovação legislativa promovida
pela Lei 13.165/2015, permitindo a “doação oculta”, teve o nítido propósito de contrariar
(superar) a Resolução do TSE.
Confirmação da liminar: Importante esclarecer que esse dispositivo já não estava sendo
aplicado desde 12/11/2015, quando o STF deferiu medida cautelar na ADI para
suspender a eficácia da expressão “sem individualização dos doadores”, presente na parte
final do § 12 do art. 28. Assim, a presente decisão confirma essa liminar, julgando, em
definitivo, o dispositivo como inconstitucional.
16.2. Inconstitucionalidade da norma que permitia doações anônimas a candidatos
(Info 807).
16.3. Inconstitucionalidade das doações eleitorais feitas por pessoas jurídicas – (Info
799) – IMPORTANTE!!!
Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a apreciação
das contas de Prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas
Câmaras Municipais, com auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer
prévio somente deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos vereadores.
STF. Plenário. RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min.
Ricardo Lewandowski, j. 10/8/2016 (repercussão geral) (Info 834).
Parecer técnico elaborado pelo Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa,
competindo exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das contas anuais
do chefe do Poder Executivo local, sendo incabível o julgamento ficto das contas por
decurso de prazo.
STF. Plenário. RE 729744/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 10/8/2016 (repercussão geral)
(Info 834).
OBS:
COMPETÊNCIA PARA JULGAR AS CONTAS DOS PREFEITOS
Lei da Ficha Limpa: A LC 64/90, alterada pela LC 135/10 (Lei da Ficha Limpa), prevê que
os administradores que ocuparam cargos ou funções públicas e tiveram suas contas
rejeitadas pelo "órgão competente" ficam inelegíveis pelo período de 8 anos. Veja:
Art. 1º São inelegíveis:
I - para qualquer cargo:
(...)
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou
funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que
configure ato doloso de improbidade administrativa, e por
decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver
sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições
que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir
da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71
da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem
exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;
Os diplomas são assinados pelo Juiz Eleitoral, pelo Presidente do TER ou pelo Presidente
do TSE, a depender do caso concreto.
Recurso contra a diplomação (RCED): Mesmo depois da diplomação, é possível que esse
ato seja impugnado por meio de um instrumento processual chamado “recurso contra a
expedição do diploma”, estando previsto no art. 262 do Código Eleitoral nos seguintes
termos:
Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente
nos casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza
constitucional e de falta de condição de elegibilidade.
Prazo: O RCED deve ser proposto no prazo de 3 dias, contados a partir da data da sessão
de diplomação (art. 258 do CE).
Procedimento:
1) Legitimado ativo apresenta o RCED por meio de petição subscrita por advogado.
2) Recebida a petição, o Juiz Eleitoral (no caso de RCED proposto na Junta Eleitoral) ou o
Relator do TRE sorteado (no caso de RCED proposto no TRE) mandará intimar o
“recorrido” para ciência do “recurso”, dando vista dos autos a fim de, no prazo de 3 dias,
possa oferecer razões, acompanhadas ou não de novos documentos.
3) Se o recorrido juntar novos documentos, terá o recorrente vista dos autos por 48 horas
para se manifestar sobre eles.
4) O juiz eleitoral, dentro de 48 horas, fará subir os autos ao Tribunal Regional com a sua
resposta e os documentos em que se fundar.
Competência:
• Se o RCED for contra a diplomação de Prefeito, Vice-Prefeito ou Vereador (eleições
municipais): a competência para julgar será do TRE.
• Se o RCED for contra a diplomação de Governador, Vice-Governador, Senador,
Deputado Federal, Deputado Estadual/Distrital (eleições gerais federais e estaduais): a
competência para julgar será do TSE.
O sistema estabelecido pelo Código Eleitoral prevê que o julgamento do RCED será feito
pelo órgão jurisdicional hierarquicamente superior àquele que concedeu a diplomação. A
exceção fica por conta da diplomação para Presidente e Vice-Presidente da República.
Isso porque o Presidente e o Vice são diplomados pelo TSE e é o próprio TSE que julga
eventual RCED proposto questionando esse ato.