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Sumário
MÓDULO 1........................................................................................................... 7
2
Tomando decisões a partir dos resultados do programa de treinamento e
desenvolvimento................................................................................................. 23
Treinamentos presenciais.................................................................................. 42
MÓDULO 2......................................................................................................... 64
3
Formas de controlar a mente e as atitudes do dia a dia ................................. 69
Desenvolvimento da percepção......................................................................... 80
Desenvolvimento da atenção............................................................................. 81
Rabiscos mecânicos........................................................................................... 86
Representação pictográfica............................................................................... 90
4
MÓDULO 3....................................................................................................... 103
5
MÓDULO 4....................................................................................................... 125
Memorização.................................................................................................... 125
Associação........................................................................................................ 126
Concentração.................................................................................................... 129
REFERÊNCIAS................................................................................................... 150
6
MÓDULO 1
7
disseminada no ambiente de negócios. Um ambiente sustentável relaciona-se com a
continuidade no longo prazo, algo que você preserva, que mantém. A sustentabilidade
de uma empresa, por exemplo, está vinculada ao lucro, à disponibilidade dos recursos
(mão de obra, matéria-prima, tecnologia). Pensando nesses aspectos, qual a relação
entre a sustentabilidade e os programas de treinamento e desenvolvimento?
Para que a empresa consiga mais espaço no mercado, com garantia de manutenção
no longo prazo, precisa desenvolver uma nova estratégia para, por exemplo, exportar
seus produtos.
Para refletir um pouco mais sobre estes aspectos, observe outro exemplo,
imaginando a relação de uma empresa com seus fornecedores, conforme descrito
a seguir.
8
Observe que o problema foi gerado pela ação mal planejada de um colaborador
(ou de um departamento) que, por falta de visão, treinamento e conhecimento,
deixou de buscar fornecedores alternativos que pudessem suprir as necessidades
da empresa.
9
Os objetivos do treinamento auxiliam na melhoria dos processos, das atividades e
também dos comportamentos que influenciam diretamente o alcance das metas e
os desafios organizacionais.
Vantagens Limitações
10
Racionaliza procedimentos e desenvolve Incerteza quanto à continuidade do pro-
pessoas. grama.
11
Figura 1 – O ciclo de treinamento e desenvolvimento utilizado pela mente
12
Diagnosticando as necessidades de treinamento
A primeira etapa em que se constitui um programa de treinamento e desenvolvi-
mento é a de levantamento de necessidades. As necessidades de treinamento são
a lacuna entre o que a organização deseja e o que o profissional possui nos aspec-
tos técnicos e operacionais, que demandam conhecimento imediato. Já quando se
fala em desenvolvimento, trata-se da capacidade atual do profissional e o potencial
a ser trabalhado para atender a organização no futuro.
13
Quadro 2 – Análise de necessidades
Análise organizacional
• Número de colaboradores.
• Nível de conhecimento e qualificação requerido para o trabalho de cada trabalha-
dor.
• Habilidades disponíveis de cada colaborador.
• Atitude de cada empregado em relação ao trabalho.
• Potencialidades de recrutamento interno.
• Tempo de treinamento necessário.
• Índice de absenteísmo, turnover e afastamentos.
• Descrição dos cargos e a clara definição das competências necessárias.
• Resultado da avaliação de desempenho.
• Análise de problemas de pessoal.
• Expansão da empresa e a admissão de novos colaboradores.
• Comportamentos, atitudes e competências.
• Competências necessárias para o alcance dos objetivos organizacionais.
14
Análise das operações e tarefas
• Metas desejadas.
• Descrição dos cargos.
• Análise dos processos operacionais.
• Definição do CHA (conhecimento, habilidade e atitude) pertinente ao cargo e à fase do
processo operacional.
• Programas de qualidade e certificações.
• Equipamentos e materiais disponíveis e a sua utilização.
• Análise de problemas, relatórios e indicadores.
• Modernização de maquinário e equipamentos, despesas de manutenção.
• Produção e comercialização.
• Mudanças nos processos versus preparação dos colaboradores.
• Qualidade e quantidade de produção.
• Número de acidentes, erros e sucatas, condições físicas do trabalho.
• Distinção entre não poder fazer, não querer fazer e não saber fazer.
Análise do treinamento
15
Conforme descritas no quadro, as informações baseadas nos níveis de análise
fornecem uma visão global da organização, dos seus processos, das suas atividades,
do cumprimento de normas e procedimentos, da definição de metas, dos controles
produtivos, dos modelos de negócio, dos produtos e serviços. Também mostra
as necessidades atuais e futuras, além de aspectos técnicos e comportamentais,
que permitem aos elaboradores do programa de treinamento e desenvolvimento a
interação entre as mais diversas áreas da empresa e o conhecimento do negócio,
possibilitando maior assertividade e resultado organizacional.
16
Observe a figura abaixo, que apresenta aspectos relevantes nas etapas do plane-
jamento: a estratégia, a visão, as pessoas, as metas, o desenvolvimento. Essas in-
formações, na elaboração do planejamento do programa, direcionam a conduzir as
ações com maior assertividade.
17
Analisando a figura, pôde-se observar a importância dessa etapa para a correta
execução do programa de treinamento e desenvolvimento, e como este implica o
desenvolvimento da mente e suas aplicabilidades.
Quanto ao uso
18
Quanto ao local
Estratégias de desenvolvimento
• Posições de assessoria.
• Aprendizagem prática.
• Estudos de caso.
• Jogos de empresa.
• Aconselhamento.
19
Quadro 4 – Treinamento e Desenvolvimento de Qualidades
Os fatores determinantes de sucesso ou fracasso são inúmeros. Vale lembrar que, por
trás de cada fator exposto estão pessoas que devem ser preparadas e alinhadas
aos objetivos estratégicos, para que o planejamento atenda à realidade organizacional.
20
• O módulo é capaz de suprir as demandas, ou serão necessários outros módulos?
Procedimento de execução
Otimizar e delegar responsabilidades: quem ou qual setor irá executar cada ação
durante a execução do programa.
Expor plano aos executores: apresentar a todos as ações que serão realizadas, cada
etapa do programa de T&D (treinamento e desenvolvimento).
21
Controlar e avaliar os programas de autoestudo: treinandos e gestores devem registrar a
realização das atividades previstas, conforme proposto. Ex.: elaborar planilha com plano
de ação, registrar e levar a atividade.
22
O termo subjetivo está relacionado ao íntimo da pessoa, à sua realidade particular,
à sua forma de pensar e agir.
Melhorias apresentadas
23
A dinâmica do mercado, provocada pelas ações concorrentes e por questões
econômicas, políticas e sociais, impacta diretamente a construção dos processos,
dos modelos e das práticas, pois exige novas adequações da empresa para o alcance
dos seus objetivos estratégicos. Também influencia as formas de gestão e,
especialmente, o conhecimento e a aprendizagem dos indivíduos. Dessa maneira,
os saberes adquiridos tornam-se um diferencial competitivo para as empresas,
contribuindo para que os colaboradores adequem-se às novas exigências. Com
base nesse cenário, o objetivo deste estudo é identificar como os desenvolvimentos
individuais e organizacionais interagem para contribuir na sustentabilidade do
negócio.
24
A dinâmica mercadológica atual (informação constante, exigência dos
clientes, desenvolvimento constante dos profissionais) rompeu as barreiras
organizacionais e abriu as possibilidades e oportunidades para as empresas
conquistarem novos mercados. Consequentemente, os indivíduos tiveram de se
adequar e tornar-se independentes, visualizando obrigatoriamente de que forma
se encaixam no futuro da organização.
25
Figura 3 – Ciclo de aprendizado da mente
As organizações adquirem o aprendizado por meio das pessoas que nela trabalham.
Contudo, mesmo que esse processo ocorra, não há garantia do aprendizado
organizacional. Isso porque é preciso o comprometimento de cada indivíduo, para
que haja mudança na forma de pensar e agir de todos que interagem no ambiente
profissional, de maneira que esta sinergia provoque as evoluções necessárias à
organização.
1. Saber o porquê.
2. Aprender continuamente.
26
Como o desenvolvimento individual contribui para a
organização?
A aprendizagem organizacional se constrói a partir das necessidades de
desenvolvimento causadas pelas demandas dos ambientes interno (novos
conhecimentos, mudanças em processos, novos produtos) e externo (exigências
dos clientes, ações concorrentes). As mudanças ocorridas nos ambientes
exigem dos indivíduos um processo de contínuo aprendizado, que agregue novos
conhecimentos, amplie os conhecimentos existentes e possibilite comportamentos e
atitudes que se adequem às necessidades da organização.
Disciplina Característica
27
Quando os esforços individuais são coordenados para uma
Aprendizagem em
mesma direção, assim a equipe amplia sua capacidade de
equipe
ideias e ações.
Forma de
Descrição
aprendizagem
Resolução sistemática
Uso de informações para tomada de decisão.
de problemas
28
Quando o conhecimento é compartilhado na organiza-
ção de forma eficaz. Várias estratégias podem ser uti-
Circulação de lizadas, incluindo materiais escritos e relatórios orais,
conhecimento visuais, visitas e passeios, programas de rotação de
pessoal em atividades, programas de educação e forma-
ção e programas de normatização.
Os autores citados nesta obra descrevem sete características que permitem identi-
ficar a essência da cultura organizacional, apresentadas no quadro 9.
29
Quadro 9 – Características da cultura organizacional
30
Quadro 10 – Objetivos do Treinamento
Identificar e desenvolver
talentos contratados pela
Identificar os talentos poten-
empresa
ciais, que possam atender às
Planejar carreira e Individual e necessidades específicas; pro-
sucessões grupal por novas atribuições, respon-
sabilidades, promover o de-
Recompensar
sempenho superior.
desempenhos acima das
expectativas
O treinamento e o desenvolvi-
mento não foram eficazes; o
Individual, gru- profissional não está alinhado
Desligar pessoas cujo mau pal, organizacio- aos objetivos organizacionais,
desempenho se repete nal e interorgani- não se compromete, não me-
zacional lhora suas competências. Trei-
nar e desenvolver outro profis-
sional ou buscar no mercado.
31
É importante ressaltar que, para se obter efetivo resultado dos processos de
avaliação de desempenho nos programas de treinamento e desenvolvimento, estes
devem estar alinhados à estratégia organizacional, e as competências precisam ser
institucionalizadas, ou seja, reconhecidas pelos mais diversos níveis da organização.
32
Redes de relacionamento e parcerias estratégicas, conjunto de relações entre
agentes econômicos. As relações podem ser diretas (utiliza-se diretamente produto
ou serviço) ou indiretas (a empresa faz parte de um grupo. Exemplo: redução de
custos de plano de saúde empresarial, os associados têm o mesmo desconto).
33
A palavra feed forward, do idioma inglês, significa definir ações de controle que
permitam antecipar-se aos conhecimentos. Também com origem na língua inglesa,
o termo feedback significa retroalimentar ou dar um retorno sobre um assunto, um
desempenho, uma avaliação ou um resultado.
34
Praticando a melhoria contínua de pessoas e da
organização por meio dos programas de treinamento
e desenvolvimento
Ao considerarmos o processo de aprendizagem como uma ação do indivíduo
transferida ao grupo e para a organização, como ampliar os níveis de aprendizagem
por meio dos programas de treinamento e desenvolvimento? Os conceitos de
melhoria contínua vêm acompanhando as exigências (melhoria da qualidade dos
produtos e serviços, clientes buscando atendimento diferenciado a partir dos anos
1990). Nesse período, a abertura de mercado trouxe padrões de qualidade a serem
seguidos pelas empresas. Em outras palavras, o crescimento das exportações de
produtos brasileiros e a facilidade para importar artigos de outros países exigiu a
necessidade de conhecimentos voltados às certificações de qualidade, conhecidas
pela sigla em inglês ISO (International Organization Standartization), que, em português,
significa Organização Internacional de Padronização. “[...] as empresas que são
capazes de transformar suas organizações em fontes de vantagem competitiva
são aquelas que podem aproveitar vários programas de melhoria [...]” Chiavenato
35
Mudança principal e drástica na forma da execução de
uma operação. Exemplo: apontamento de produção fei-
to de forma manual. São instalados softwares de gestão
Melhoria de
e os apontamentos passam a ser integrados com outras
inovação
áreas da organização. Exige o treinamento da equipe
tanto no software quanto na mudança de comportamen-
to para alimentar o sistema.
36
• Caso 2: Uma empresa de pequeno porte, com faturamento anual de R$ 360
mil, realizou investimentos importantes nos últimos dois anos: em máqui-
nas e equipamentos, para melhorar os processos; na preparação da equipe,
para operar as máquinas e os equipamentos; na área de desenvolvimento
e no atendimento ao cliente. Consequentemente, seu crescimento tem sido
de 20% ao ano, ou seja, após 12 meses de investimentos faturou R$ 432 mil,
atingindo R$ 518,4 mil ao final do segundo ano. Esse resultado permitiu à
organização inovar seus produtos e serviços, contratar equipe especializa-
da para desenvolver programa de treinamento, melhorar a motivação dos
colaboradores por meio de metas, de participação nos lucros e de outros
benefícios.
37
Modalidades e metodologias de aplicação dos
programas de treinamento e desenvolvimento
Cada pessoa tem sua própria maneira de aprender. Por essa razão, as empresas
também se diferenciam na forma como aplicam seus programas de treinamento e
desenvolvimento, que podem ser presenciais ou a distância, conforme a necessida-
de, as características e a cultura da empresa, assim como a abrangência do número
de colaboradores.
38
A educação formal é aquela recebida na escola via disciplinas normatizadas.
Exemplo: na educação formal, o aluno verá os conceitos de forma teórica, em sala
de aula. Na informal, vivenciará o aprendizado na prática, em atividades de campo.
39
• Princípio 4 – Disponibilidade: Oferecer e disponibilizar atividades e recursos
educacionais de fácil acesso, propiciando condições favoráveis para os
colaboradores realizarem a aprendizagem em qualquer hora e lugar.
40
A empresa deve mapear suas competências de forma a al-
Mapeamento
cançar seus objetivos estratégicos de acordo com sua mis-
das competências da
são, sua visão e seus valores. Sugere-se realizar workshops
empresa
com pessoas-chave.
41
Treinamentos presenciais
Os treinamentos presenciais são aqueles em que os indivíduos comparecem
pessoalmente, o que possibilita interação entre treinadores e treinados. No entanto,
uma das grandes dificuldades dessa modalidade está na mobilização das pessoas.
Mas, a partir desse exemplo, qual seria a solução para treinar e desenvolver a equipe
completa sem onerar os custos? Uma alternativa seria a empresa utilizar-se da
educação on-line, conforme veremos a seguir.
42
Quadro 13 – Aspectos do Uso da Tecnologia
Aspectos Características
Educação on-line
43
Quadro 14 – Beneficios e Limitações
44
Melhoria da qualidade de educação, Nas formas não lineares de autoinstru-
por meio do necessário planejamento ção, pode emergir sensação de desnor-
sistemático do material didático e das teamento, perda de rumo por parte do
atividades propostas. educando.
Diante dos aspectos apresentados, podemos observar que adotar esta modalidade
no ambiente organizacional permite à empresa atender um grande número
de profissionais; oferece flexibilidade de estudo, por não exigir a presença do
participante; e auxilia no desenvolvimento de algumas competências, entre as quais
planejamento, organização e autonomia. Por outro lado, outros fatores precisam ser
observados para que se obtenha o melhor custo-benefício do processo, atingindo
os resultados desejados. Além das modalidades presenciais e a distância, algumas
organizações também se utilizam das dinâmicas de grupo para o desenvolvimento de
competências, conforme veremos em seguida.
45
Uso de dinâmicas em treinamento e desenvolvimento
As dinâmicas de grupo vêm sendo utilizadas para fins de treinamento, mas
atualmente também são aplicadas nos processos seletivos, para a identificação de
perfis.
46
Figura 8 – Ciclo de aprendizagem vivencial
47
As organizações precisam estar preparadas para receber novos colaboradores,
assim como possibilitar oportunidades de desenvolvimento profissional. As
metodologias utilizadas nos treinamentos internos (aplicados por membros
da equipe no ambiente de trabalho, ou fora dele) visam à formação do indivíduo
desde o momento em que é admitido, possibilitando e acompanhando o seu
desenvolvimento na organização. Da mesma forma ocorre com o treinamento
externo, porém este é realizado fora do ambiente organizacional, podendo
ser aplicado em eventos abertos, para públicos diversos, ou fechados, para a
própria empresa. Na sequência, veremos exemplos dessas metodologias.
48
Quadro 15 – Tipos de programas de integração
Tipos de
Informação abordada
programas
49
Quadro 16 – Metodologias Ativas no Conhecimento
Metodologias Características
50
Treinamentos externos são aqueles aplicados fora do ambiente de trabalho,
ou nas instalações da organização, por meio de empresas terceirizadas,
consultorias e profissionais especializados. Permitem ainda apresentar
variações, ou seja, tanto podem ser realizados com os profissionais de uma
mesma empresa (in company) quanto serem abertos para colaboradores de
diversas organizações. Nos chamados treinamentos abertos a instituição
divulga os cursos, e as várias empresas inscrevem os seus colaboradores.
Entre as modalidades que se enquadram nos treinamentos externos estão:
• Aulas expositivas.
• Estudos de caso.
• Instrução programada.
• Reuniões técnicas.
Vale lembrar que estas metodologias também podem ser utilizadas para
realização de treinamentos internos, dependendo da realidade da empresa.
51
Vantagens e limitações dos treinamentos internos e
externos
A escolha pela melhor modalidade está vinculada à realidade da organização. Mas é
importante ressaltar que há vantagens e limitações, tanto no treinamento interno
quanto no externo, conforme apresenta o quadro 17.
Vantagens Limitações
Treinamento interno
Treinamento externo
52
Neste capítulo, abordamos as alternativas estratégicas para as organizações, identi-
ficando a diversidade de modalidades e metodologias nos programas de treina-
mento e desenvolvimento. Por meio de exemplos, apontamos soluções para que a
empresa possa optar por aquelas que sejam adequadas às suas necessidades e ao
seu perfil.
Neste estudo, você entenderá que a visão de continuidade que sustenta a gestão
do conhecimento é que integra e interage com os programas de treinamento e
desenvolvimento. E que essa interação ocorre por meio de ações estratégicas que
facilitem a disseminação, a transferência, a criação e a aquisição de novos saberes.
Conforme abordamos no tópico a seguir, ao trilhar esses caminhos a empresa
alcançará um dos seus principais objetivos: o sucesso organizacional.
53
Quadro 18 – Construindo capacidade intelectual
Aspectos
(fontes de co- Conhecimento gerado
nhecimento)
54
“Inteligência competitiva é o processo formal de coletar, analisar e aplicar,
de forma legal e ética, informações sobre concorrentes e seu ambiente
competitivo” (SIQUEIRA, 2005, p. 88). Ou seja, é levantar informação para
se diferenciar no mercado. Exemplo: buscar novas matérias-primas.
Portanto, são informações “soltas e desconexas” que ainda não foram devidamente
tratadas ou aperfeiçoadas. Por exemplo, cadastro de clientes e funcionários, verbas
da folha de pagamento, lançamento de notas fiscais.
55
Refere-se ao conhecimento como: um conjunto de informações reconhecidas e
integradas pelas pessoas em um esquema preexistente. Portanto, é o processo de
tomada de decisão concretizado, baseado em um conjunto de informações analisadas
pelas mais diferentes perspectivas, experiências e vivências dos profissionais.
56
Desenvolver e modificar com-
Realização do portamentos (mudanças
valor do Compartilhar e aplicar os de atitudes que permitam a
conhecimen- ativos de conhecimento. conscientização da sensibi-
to lidade com as pessoas, os
clientes internos e externos).
57
Quadro 20 – Lidando com o conhecimento
Socialização Externalização
Do Articulação do conhecimento
conhecimento Compartilhamento de expe-
tácito em explícito. Definição
tácito riências, modelos mentais e
de conceitos, modelos men-
habilidades.
tais.
Internalização Combinação
Do Conhecimento sistêmico, for-
conhecimento Conhecimento
malização, detalhamento do
explícito operacional, saber fazer,
conhecimento, projetos, siste-
dominar, executar.
ma.
As constantes mudanças e investimentos exigem uma postura mais cautelosa das or-
ganizações, e, por outro lado, oferecem alternativas estratégicas que ultrapassam
as fronteiras do ambiente empresarial. Para obter novos conhecimentos, a apren-
dizagem organizacional passa por dois processos: o de aquisição interna, que está
no ambiente formal da empresa; e o da aquisição externa, que é obtido fora dos limites
da organização.
58
Diante deste cenário as exigências são constantes. E, se considerarmos a urgência de
adquirir conhecimento, a empresa pode não dispor de tempo e/ou investimentos
necessários para desenvolver-se internamente, optando por uma estratégia externa.
59
para atender às exigências, e o processo também sofre influência da transferência de
conhecimento, que depende do “querer fazer” dos indivíduos, sendo que, em uma
mudança de colaborador, pode ocorrer a perda de informações e prejudicar de
alguma forma a empresa.
As incubadoras são centros de negócios que têm como objetivo oferecer apoio
para criar e desenvolver Micro e Pequenas Empresas (MPEs). Esses centros utilizam-
se do conhecimento diversificado para que as empresas se sustentem e possam,
efetivamente, tornar-se independentes, o que movimenta questões econômicas e
sociais de um país, como a geração de emprego e renda.
Observe que essa é uma forma de transferência de conhecimento fora dos limites
organizacionais. Nesse caso, as universidades detêm o conhecimento e o transfe-
rem para o ambiente organizacional criado, visando à sua sustentabilidade futura.
60
Outra perspectiva da transferência de conhecimento refere-se ao rompimento
das barreiras globais. Sabe-se que a competitividade não tem fronteiras,
e o crescimento das organizações não se limita mais à sua atuação local.
Assim, as empresas buscam alternativas nos mercados internacionais,
abrindo escritórios, centros de distribuição e até mesmo fábricas para produção
de determinados itens de sua linha de produto. O que ocorre nesse processo
é que o conhecimento e a tecnologia estão na matriz principal da empresa;
portanto, como garantir a qualidade de seus produtos e serviços?
61
Disseminação do conhecimento: segredo ou
alinhamento?
A criação do conhecimento se constrói a partir de ambientes que estimulem não
apenas a aquisição individual de saberes, mas a integração coletiva que valorize
o potencial deste capital intelectual. Sabe-se que a aprendizagem ocorre nos
níveis individual, grupal, organizacional e interorganizacional; sendo assim, como é
possível que estes conhecimentos atinjam plenamente os níveis organizacionais?
62
mento, pois mesmo que o alinhamento seja fundamental para o crescimento do
negócio, existem dados, informações e conhecimento que precisam ser tratados de
maneira confidencial e limitada, para resguardar o futuro do empreendimento. Es-
tes procedimentos são comuns em áreas de pesquisa e desenvolvimento, visando
ao sigilo na criação de um novo produto ou tecnologia. Posteriormente ao processo
de criação ocorre o compartilhamento do conhecimento, que será internalizado e
disseminado com base na visão dos aspectos internos e externos à organização, con-
forme descrito a seguir.
63
MÓDULO 2
Memória organizacional
É importante destacar ainda que o processo de compartilhamento do conhecimento
deve ser integrado às formas de gestão das pessoas e de seus processos, tendo aten-
ção ao planejamento estratégico, às necessidades de inovação e ao desenvolvi-
mento de competências, por meio de práticas de T&D para construir a memória
organizacional.
64
“A capacidade para o alcance dos objetivos das organizações atuais depende de
fatores como: conhecimento, capacidade inovativa e pessoas preparadas para atuar
no processo de construção e uso de conhecimento para a melhoria”. Chiavenato,
2009.
Portanto, a melhoria ocorre apenas pela ação das pessoas, por meio da execução
de seus processos, de modo que o conhecimento possibilite propor ou realizar a mu-
dança positiva.
Estratégia de
Nível da melhoria gestão do conheci-
mento
65
Nível 4 – melhoria contínua proativa: há uma tentativa
de dar autonomia e poder aos indivíduos e grupos para Transferência de co-
gerenciarem e dirigirem seus próprios processos e ini- nhecimento.
ciativas de ações de melhoria.
A gestão do conheci-
Nível 5 – plena capacidade em melhoria contínua: apro- mento é implantada
xima-se do modelo das organizações de aprendizagem. totalmente na
organização.
66
Figura 9 – Processo de criação e desenvolvimento do conhecimento
67
Provém da compra de conhecimento externo e de bens
Aquisição
de capital (máquinas, equipamentos, software), bem
de conhecimento e
como de serviços incorporados no novo conhecimento
tecnologia
ou tecnologia, sem interação com a fonte.
No outro lado está a empresa que, ao promover seu produto no mercado, conta com
o respaldo do conhecimento científico e especializado para valorizar os atributos
do produto. Em contrapartida, os entraves desta relação estão nas questões
burocráticas, de disseminação do conhecimento na academia, devido ao sigilo e
também aos processos de patentes e domínio do conhecimento.
68
Concluímos os estudos deste capítulo, que trouxe reflexões sobre a relevância da gestão
do conhecimento para os processos de treinamento e desenvolvimento, suas
relações com a dinâmica do mercado e a importância da criação do conhecimento,
da disseminação, do compartilhamento e da transferência do conhecimento para
os processos de inovação e de vantagem competitiva para as organizações.
Negociadores de sucesso conhecem bem uma coisa: tudo pode ser negociado! Isto
quer dizer que você não deve aceitar nada que seja imposto, deve questionar. A um
nível prático, isto significa tentar negociar o valor de uma multa, a diária de um hotel,
o preço de uma passagem aérea. Você não pode negociar se não estiver disposto a
questionar a veracidade e a firmeza dos pontos de vista de seus oponentes.
Ser assertivo significa pedir o que você deseja e não aceitar o “não” como uma
primeira resposta. Comece a praticar uma postura na qual você vai expressar seus
sentimentos sem ansiedade ou raiva. Mostre para as pessoas o que você deseja
de uma maneira amigável, sem ameaças. Veja que existe uma grande diferença
entre ser assertivo e agressivo. Você é assertivo quando cuida de seus próprios
interesses e diz o que pensa, com educação.
Negociadores são como detetives. Eles fazem perguntas e depois calam a boca. Na
maioria das vezes seu oponente vai lhe falar tudo o que você precisa saber, con-
tanto que você fique calado. Aliás, muitos conflitos poderiam ser resolvidos se os
negociadores ouvissem melhor. O grande problema é que nunca fomos treinados a
ouvir, e sim a falar. Temos uma grande ansiedade em expor nossos pontos de vista,
e não conseguimos nos concentrar no que nosso oponente está falando. Duvida?
Faça você mesmo um teste. Em sua próxima negociação, veja quanto tempo con-
69
segue ficar calado, sem pensar em suas respostas e sem interromper o outro lado...
Você ficará surpreso! Quem fala mais dá mais informação. Como uma regra básica,
lembre-se da célebre teoria de Pareto. Fale 20% do tempo e ouça os outros 80%.
Faça bastante perguntas abertas, aquelas que não podem ser respondidas com um
simples “sim” ou “não”.
Nunca vá para uma negociação sem fazer sua lição de casa. Existem várias
informações que você precisa descobrir antes do início da negociação. Por exemplo:
quais as opções que ele tem? Quais as pressões que está sofrendo? Ele tem uma
data limite para resolver o problema? Qual o seu orçamento? Quando você planeja,
a tensão e o estresse diminuem. O cenário se torna mais familiar, e várias novas
opções vão surgindo à sua frente. Você fica mais tranquilo e confiante para qualquer
negociação.
Aristóteles Onassis já dizia: quem pede mais, leva mais. Lembre-se de que
o encarregado de defender os seus interesses é você. Ou seja, se você não
pedir alto, o outro lado não vai ficar com dó e aumentar a oferta. Na prática,
o resultado vai ser deste valor pedido para baixo. O mesmo raciocínio se
aplica se você estiver comprando. Em todas as negociações existe uma
gordura de pelo menos 10%. Ela vai ficar com quem for mais ousado e
pedir alto ou oferecer baixo. Um lembrete: use esta técnica com cautela se
o seu relacionamento com o outro lado for importante e de longo prazo.
Oferecer baixo ou pedir alto não funciona se você não souber como justificar sua
posição. Descubra maneiras de mostrar o valor da solução que você está propondo,
diferencie sua solução. Saber diferenciar significa conseguir valores mais altos. Veja
o exemplo da água mineral francesa Perrier. Ao criar uma grife, a Perrier consegue
ser a água mais vendida no mundo inteiro e uma das que consegue o maior preço.
Se alguém consegue diferenciar água mineral, certamente você tem elementos para
conseguir diferenciar sua posição, não é mesmo?
Os brasileiros gostam de resolver tudo muito rapidamente. Com a tensão do dia a dia,
nossa paciência anda muito curta. Computadores parecem lerdos, um comercial na
TV é interminável, um semáforo fica fechado para sempre; tudo demora muito. No
70
processo de negociação porém, quem consegue esperar normalmente consegue
melhores resultados. Se o outro lado tem pressa e você pode gastar o tempo que
for necessário, sua vantagem é bastante grande. Com um bom planejamento, você
não vai ter que lutar contra o relógio em sua próxima negociação. Você precisa de
paciência e tempo para negociar bem.
Se você aceitar uma primeira oferta de seu oponente, ele sempre vai ficar com a
sensação que fez um mau negócio, que poderia ter conseguido algo melhor. Ima-
gine esta cena: você vai comprar um carro usado. Depois de examiná-lo cuida-
dosamente, resolve fazer uma proposta indecorosa, 30% abaixo do valor real do
mercado, só para começar a negociar. Neste momento o dono do carro estende-lhe
a mão e diz sorridente: aceito! Negócio fechado! Qual será a sua reação? Será que
realmente fiz um bom negócio? Este carro deve ter problemas.
Tudo que é dado de graça não tem valor. Faça o outro lado valorizar cada concessão
sua. Não dê nada, troque tudo. Por exemplo, se ele pedir um desconto adicional no
preço, solicite uma condição de pagamento mais favorável. Se ele pedir mais prazo,
peça algo em troca. A palavra mais importante no vocabulário do negociador é a
palavra “se”. Tudo o que começa com “se” está no condicional e implica uma troca.
Se você fizer isso, eu posso fazer aquilo...
É importante que o outro lado saia com a sensação de vitória, de ter feito um ótimo
negócio. Para que isso aconteça é preciso guardar algumas pequenas concessões
para o final da negociação. Ele sai com o ego satisfeito e você sai com o bolso
satisfeito. Falando em ego, é sempre bom lembrar que o ego é um dos fatores que
mais atrapalha as negociações. Deixe sempre uma saída honrosa para que seu
oponente possa mudar de ideia sem ter que se humilhar.
Nunca negocie sem ter outras alternativas. Quando não temos opção, ficamos
inteiramente nas mãos do oponente. Se ele conseguir descobrir isto, certamente
vai conseguir desequilibrar a negociação.
71
Veja o exemplo: em uma cidade pequena, existe um comerciante que compra
e vende móveis usados. Uma pessoa vai até a loja e tenta vender um fogão
ao proprietário. Examine o balanço de poder desta situação. Se o comerciante
não comprar, certamente não vai fechar as portas por isto, já que ele tem
várias opções de venda de outros móveis no estoque. Já a pessoa que tenta
desesperadamente vender o fogão, se não concretizar a transação talvez não
consiga comprar um remédio, ou se alimentar, ou...
Negociar bem é uma mistura de arte e ciência. Saber negociar é fundamental para
o seu sucesso, tanto profissional quanto pessoal.
72
Os níveis das zonas de desenvolvimento cognitivo e
a aprendizagem
Inicialmente é importante apontar que o aprendizado começa a ocorrer antes do
período escolar, ou seja, o processo que acontece nessa instituição já possui alguma
história prévia. Esse processo de ensino e aprendizagem dentro da escola deve ser
combinado com o desenvolvimento da criança, ou seja, é necessário conhecer em
que ponto do desenvolvimento esse aluno se encontra e adequar o ensino de acordo
com essa realidade.
Para o autor, o desenvolvimento humano não pode ser compreendido sem levar
em consideração o contexto histórico-cultural no qual o indivíduo está inserido.
Outro diferencial da proposta de Vygotsky é que seu foco é a compreensão dos
mecanismos de desenvolvimento, e não apenas dos produtos desse processo.
73
O desenvolvimento real, portanto, consiste em todas as atividades realizadas pela
criança sem auxílio de outros, ou seja, demonstra aquilo que a criança já aprendeu,
habilidades que já adquiriu, como quando a criança já aprendeu a amarrar os sapatos
sozinha, sem precisar mais de dicas e ajuda de outras pessoas. A seguir, iremos
abordar sobre o desenvolvimento potencial, que diz respeito aos comportamentos que
o sujeito precisa de ajuda para executar.
74
Essa influência ocorre de maneira que o desenvolvimento individual se dá em um
ambiente social determinado, e a relação com o outro, nas diversas esferas e nos níveis
de atividade humana, é essencial para o processo de construção do ser psicológico
individual. Mais uma vez fica claro que a presença e a interação com o outro são
essenciais para o desenvolvimento humano.
75
o curso do desenvolvimento, permitindo o entendimento tanto dos processos
mentais maturados quanto daqueles que ainda estão em maturação.
76
A noção de zona de desenvolvimento proximal, apresentada anteriormente, aponta
para a importância das relações sociais para o desenvolvimento do indivíduo. O
organismo não consegue se desenvolver completamente sem o suporte de outros
organismos de sua espécie.
Fica claro que, para a teoria de Vygotsky, o campo de interação entre o aluno e o
professor é fundamental, de modo que é nessa interação que as transformações
necessárias para o processo de ensino e aprendizagem ocorrem.
Neste tópico, será abordado o papel do professor enquanto mediador entre o sujeito
(estudante) e os objetos do mundo. Além disso, também será abordado sobre qual a
atuação do professor no desenvolvimento do aluno, pela zona de desenvolvimento
proximal.
77
Mediação do processo de ensino e aprendizagem
Inicialmente, é necessário definir que a mediação é o elemento intermediário em
uma relação, ou seja, configura-se como a introdução de um elo entre organismo e
meio.
78
Atuação do professor na zona de desenvolvimento
proximal
No ambiente escolar, o aprendizado é um dos principais objetivos. Nesse contexto, o
professor ocupa o papel de provocar avanços na zona de desenvolvimento proximal dos
alunos, de maneira que o único bom ensino é aquele que se antecipa ao desenvolvimento.
Neste tópico, foi abordada a mediação como elemento essencial para a relação do
sujeito com o ambiente e no processo de ensino e aprendizagem, tendo o professor
um papel muito importante nesse sentido. Além disso, o professor também atua
diretamente na zona de desenvolvimento proximal, podendo permitir que o sujeito
desenvolva-se da melhor forma possível. Vimos, assim, uma das questões centrais
em Vygotsky, que é levar em consideração não apenas a relação do sujeito com
o ambiente de maneira física e direta, como também considerando as relações
indiretas, chamadas de mediadas, importantes para o desenvolvimento das funções
psicológicas superiores, a serem tratadas no tópico seguinte.
79
A aprendizagem das funções psicológicas superiores
As funções psicológicas superiores são embasadas nas características biológicas
da espécie humana, assim como desenvolvidas ao longo da história de vida dos
representantes da espécie. É a partir da mediação da relação do indivíduo com
o mundo, por meio dos instrumentos e signos, que as relações entre as funções
psicológicas (superiores e elementares) vão surgir e se desenvolver.
Desenvolvimento da percepção
Na perspectiva de Vygotsky (1991), a percepção consiste inicialmente na estruturação
do campo visual para resolução de problemas, porém vai se tornando um processo
cada vez mais distante do que é observado nos animais, e serve de base para os
processos psicológicos superiores. Os principais processos envolvidos na percepção
são a mediação simbólica e a origem sociocultural dos processos psicológicos
superiores.
A percepção é uma das operações mais afetadas pela relação entre o uso de
instrumentos e a fala. As crianças inicialmente possuem uma percepção “natural”
semelhante à de alguns animais, ou seja, ela é definida basicamente pelo aparato
sensorial humano. Mas essa função não se desenvolve de maneira contínua e direta
dessa percepção animal; os animais não conseguem modificar o campo sensorial
de maneira voluntária, de forma que a percepção se desenvolve em conjunto com a
linguagem humana.
80
Depois do período de rotulação, os processos relacionados à fala adquirem uma
nova função, que consiste na percepção verbalizada. Esse novo estágio vai ser fun-
damental para o desenvolvimento da percepção cognitiva. Esse desenvolvimento
da percepção humana a afasta consideravelmente do que é observado nos ani-
mais.
Desenvolvimento da atenção
A atenção tem como função primordial organizar o campo viso espacial, e baseia-se,
inicialmente, nos mecanismos fisiológicos, que vão sendo submetidos a processos
de mediação ao longo da vida dos sujeitos.
81
É importante apontar que as espécies nascem com alguns mecanismos de
atenção, como: atenção para determinados barulhos e sons, para mudanças
de iluminação, temperatura etc. Porém, com o decorrer do desenvolvimento,
o indivíduo é capaz de dirigir sua atenção para objetos que forem relevantes.
A relevância das informações vai depender da ação que o indivíduo estiver
desempenhando e do significado atribuído por ele. Por exemplo, uma pessoa
consegue dirigir sua atenção para uma conversa específica em um restaurante
lotado com outras pessoas conversando.
Uma das diferenças entre a inteligência prática das crianças e dos animais é que as
crianças são capazes de reconstruir sua percepção e, com o domínio da linguagem,
vão adquirindo domínio sobre sua atenção. Esse domínio tem como consequência
uma reorganização da percepção, de maneira que o campo de atenção da criança
engloba uma série de campos perceptivos. Assim, é possível notar, como já foi dito
anteriormente, que o desenvolvimento da percepção vai servir de base para outras
funções psicológicas superiores, nesse caso, a atenção.
82
Domínio do processo de memória
Inicialmente, é importante apontar que existem dois tipos fundamentais de
memória. A primeira a ser desenvolvida, predominante no período anterior à leitura,
é a memória natural, que está mais próxima da percepção de maneira que surge
como consequência da influência dos estímulos sobre os seres humanos.
Porém, essa memória natural não é a única presente no ser humano, pois há outro
tipo de memória: a mediada. A memória mediada também tem relação com o
acúmulo de informações, porém o que a diferencia é a ação voluntária do indivíduo,
que utiliza de elementos de mediação para auxiliar sua lembrança. Essa memória é
utilizada quando, por exemplo, uma pessoa quer lembrar o telefone de outra e utiliza
cadernetas ou o próprio celular para registrar a informação. A memória mediada
permite ao indivíduo controlar seu comportamento, por meio da utilização de
instrumentos e signos que provoquem a lembrança do conteúdo a ser recuperado,
de forma deliberada.
83
As funções elementares podem ser geradas por um objeto presente no
ambiente, enquanto a estimulação ambiental pode ser gerada, nesse
exemplo, pela memória desse objeto.
No próximo tópico, será abordada uma das formas de mediação essenciais para o
desenvolvimento das funções psicológicas superiores, que consiste no signo. Além
disso, veremos como a escrita se desenvolve ao longo da vida do sujeito.
84
Alexander Romanovich Luria nasceu na Rússia, no ano de 1902, e faleceu
no ano de 1977. Foi um grande neuropsicólogo e um dos principais nomes
da teoria socio-histórica.
Foi muito importante por estudar o desenvolvimento da escrita nas crianças, pois fez
diversos experimentos para compreender como o processo se desenvolve ao longo
do crescimento.
85
Figura 11 – Desenvolvimento da escrita
Rabiscos mecânicos
O desenvolvimento da escrita começa antes mesmo da escola, quando a criança
apresenta técnicas parecidas com as da escrita. Na fase chamada de pré-instrumental,
ou seja, na fase da estruturação da escrita, a criança ainda não utiliza esse
instrumento com um significado, podendo usá-lo como uma maneira de apenas
imitar a escrita adulta, porém sem compreender ainda seu significado e mecanismo,
não conseguindo empregar o instrumento da maneira correta.
86
Figura 12 – Rabiscos mecânicos
Outra questão que acontece nesse estágio da escrita é que as crianças ainda não
a utilizam como um recurso gráfico para auxiliá-las a recordar de alguma coisa, de
maneira que esse instrumento ainda não é um auxílio da memória.
87
Escrita não diferenciada e diferenciada
A primeira forma de escrita é a não diferenciada. Esse tipo apresenta uma relação
funcional, porém é não diferenciada por ser variável, ou seja, a criança usa uma vez e
depois de alguns dias pode esquecê-la. É na escrita não diferenciada que se encontram
as bases de onde o instrumento tirará forma. Esse tipo de escrita já possui a função
de auxiliar a memória.
88
1. A criança pode representar um conteúdo sem sair dos limites do rabisco
imitativo.
Este salto pressupõe uma pequena invenção, cujo significado psicológico é interes-
sante, pois ele altera a própria função psicológica do signo pela transformação do
signo primário, que apenas estabelece ostensivamente a existência de uma coisa,
em um outro tipo de signo que revela um conteúdo particular. Se esta diferenciação
89
realiza-se com sucesso, transforma um signo-estímulo em um signo-símbolo, e
um salto qualitativo é dado, assim, no desenvolvimento de formas complexas de
comportamento cultural.
Representação pictográfica
Geralmente, a escrita alcança seu desenvolvimento pleno quando a criança tem em
torno de 5, 6 anos de idade. Esse desenvolvimento consiste na fase pictográfica,
que se baseia nos desenhos infantis. Os desenhos das crianças se iniciam como um
método autocontido de representação, tendo uma função de brincadeira, e passam
a ser um método para registro, que pode ser utilizado para ajudá-la a lembrar de
algo que ocorreu (LURIA, 2010).
Porém, apesar de a escrita pictográfica ter influência do desenho, existe uma diferença
entre os dois, já que uma criança pode até desenhar bem, mas não necessariamente
estabelecer uma relação do desenho enquanto auxiliar do pensamento (LURIA, 2010).
90
Um exemplo no qual a criança é capaz de escrever pictogramas e é confrontada pela
tarefa de anotar algo que seja difícil de expressar por meio de figuras. A criança pode
tomar dois caminhos diferentes para solucionar essa questão da representação: ao
invés de tomar nota do objeto A, anotar o objeto B, que tenha alguma relação com
A, ou então fazer outra anotação arbitrária, conforme exemplo a seguir. Essas duas
soluções ilustram a escrita pictográfica e a simbólica; no primeiro caso, trata-se da
pictografia, e no segundo, da escrita simbólica.
Que estrelas... aqui está o céu (desenha uma linha). Aqui há um pouco de
grama em baixo (desenha)... Eu os vejo da janela (desenha uma janela)
(LURIA, 2010, p. 177).
91
Em um estágio mais avançado da escrita pictográfica, ocorre que o objeto a ser
representado pode ser substituído por alguma de suas características. Isso ilustra que a
criança já está em processo de aquisição de habilidades para desenvolver a escrita
simbólica, última etapa do desenvolvimento da escrita.
92
Para isso, abordaremos os seguintes temas: os teóricos que fundamentam as análises
behavioristas (Pavlov, Watson e Skinner), a relação que essa abordagem vê entre o sujeito
e o ambiente (principalmente na relação estímulo-resposta), a teoria do reforço do
comportamento e o controle aversivo do comportamento, os quais nos indicam
como, para essa abordagem, comportamentos são adquiridos ou modificados e
outros param de ocorrer.
93
Ivan Petrovich Pavlov nasceu em 1849, na Rússia, e formou-se em Medicina
em 1879, pela Academia Médica Militar. Pavlov foi um fisiologista que
estudava o funcionamento dos organismos vivos, suas funções mecânicas,
físicas e bioquímicas. Um dos enfoques de suas pesquisas foram os reflexos
biológicos. Por reflexos entenda aqui uma reação do corpo após receber um
estímulo específico.
Os resultados encontrados por Pavlov destacavam que o que ele fez foi
basicamente emparelhar (apresentar um e logo em seguida o outro) a carne
(estímulo que naturalmente desencadeava a resposta de salivação) e o
som da sineta (estímulo que não eliciava a resposta de salivação), medindo
a quantidade de gotas de saliva produzidas (resposta) pelo cão quando os
estímulos eram apresentados.
94
Figura 16 – Reflexos condicionados
Essa pesquisa possibilitou que Pavlov relacionasse seus estudos aos comportamentos
humanos e compreendesse que o ser humano possui capacidade de assimilar
estímulos que, a princípio, não possuem relação com seu comportamento, dando
a possibilidade de prever, planejar e antecipar ações. Podemos pensar na relação
que estabelecemos entre ouvir um despertador e acordar, ou receber um aviso de
mensagem no celular; esses estímulos nos geram o reflexo de acordar ou pegar o
celular.
95
Psychology (VYGOTSKY, 1991), que foi um dos primeiros e mais importantes legados
para o Comportamentalismo (VYGOTSKY, 1991). Para ele, a Psicologia não deveria
estudar processos internos da mente, mas sim os comportamentos, uma vez que o
comportamento é uma ação visível e passível de observação.
Após ouvir o som da martelada, o bebê começou a chorar. Watson repetiu a martelada
e observou comportamentos parecidos. Feita essa verificação, ele colocou próximo ao
pequeno Albert um rato albino (estímulo) e observou que o bebê não tinha medo
do animal. Feita essa segunda verificação, o experimentador posicionou a haste de
metal próximo ao bebê e colocou o rato a seu alcance. No momento em que Albert
tocou o rato, Watson bateu o martelo contra a haste, produzindo o som que havia
eliciado respostas de medo no bebê. Após algumas repetições (som e rato), ele
colocou próximo ao bebê apenas o rato e observou suas respostas. Ao fazer isso,
Watson pôde observar que, ao ver o rato, Albert apresentou respostas parecidas
com aquelas produzidas pelo som estridente, e constatou, então, a aprendizagem
de um novo reflexo, envolvendo respostas emocionais. VYGOTSKY (1991) afirma
que, dessa forma, Albert aprendeu a ter medo do rato.
96
de aprendizagem, fez com que suas pesquisas e descobertas fossem amplamente
difundidas no meio educacional.
Durante o estudo deste tópico, foi possível observar que a construção da Psicologia
Comportamentalista passou por diversos estudos até ser uma área sólida dentro
da Psicologia. Com métodos rigorosos e objetivos, ela foi se inserindo com facilidade
no mundo científico. No próximo tópico, veremos com maior atenção algumas
contribuições dos estudos de Skinner, principalmente os que possuem relação com o
campo educacional.
Sobre a relação sujeito-ambiente, afirma que o ambiente deu sua primeira grande
contribuição durante a evolução das espécies, mas ele exerce um tipo diferente de
efeito durante a vida do indivíduo. A combinação desses dois efeitos (do ambiente na
evolução das espécies e na vida individual de casa pessoa) resulta no comportamento
que observamos em dado momento. Qualquer informação disponível acerca das
contribuições auxilia a previsão e o controle do comportamento humano e sua
interpretação na vida diária; na medida em que um dos dois possa ser alterado (o
ambiente na evolução das espécies e o ambiente ao longo da vida do sujeito), o
comportamento pode ser modificado.
Não podemos dizer que Skinner elaborou uma teoria do desenvolvimento cognitivo e
nem mesmo da aprendizagem, pois seu olhar era sobre a aquisição e a modificação
do comportamento.
97
crianças desenvolvem novos conhecimentos, mas sim como surgem novos compor-
tamentos. Na figura a seguir, podemos observar a relação entre o estímulo do am-
biente que provocará respostas no sujeito.
Os reflexos aprendidos são aqueles que não existiam, mas passam a existir após o
contato com determinado objeto, situação ou vivência. Como exemplo, podemos
pensar o reflexo que temos de retirar a mão de uma superfície quente após aprendermos
que queima, ou olharmos para o lado ao ouvirmos alguém assoviar.
98
Sobre os reflexos, VYGOTSKY, 1991 diz que: um reflexo condicionado, como algo que
a pessoa possui, não tem força explicativa maior do que um reflexo incondicionado
ou inato. O coração de um corredor não começa a bater com força e rapidez logo
antes de uma corrida por causa de um reflexo cardíaco condicionado; o reflexo é
simplesmente um meio de identificar o fato de que ele começa a bater rapidamente.
O corredor foi modificado quando, a certas situações no começo da corrida, seguiu-
se um grande esforço, e, como um organismo modificado, ele se comporta de
maneira diferente; é questão de simples conveniência identificar a mudança como
sendo a “aquisição” de um reflexo condicionado.
99
Resposta ao estímulo
O organismo, ao receber um determinado estímulo do ambiente, emite uma resposta,
ou seja, modifica-se. No caso do Pequeno Albert, ao ouvir o som estridente, ele
chorava, modificando seu comportamento anteriormente calmo.
Podemos resumir esse experimento dizendo que um rato era colocado em uma caixa
fechada, composta pelos elementos visíveis, conforme podemos ver na imagem a
100
seguir. Ele ficava sem água ou comida e, ao explorar um pedal disponível na caixa,
quando o tocava ao acaso, uma gota de água era dada a ele, assim como grãos de
comida.
Com esse experimento, Skinner concluiu que os comportamentos que são seguidos de
um estímulo reforçador aumentam de frequência, enquanto outros comportamentos
diminuem de frequência. Após realizar esse experimento com ratos, ele passou a
modelar diferentes padrões comportamentais em outras espécies de animais para
seguir suas pesquisas.
101
adquiridos, Skinner chegou à conclusão de que os estímulos que o sujeito recebe
do meio podem ser reforçadores, ou seja, eles podem aumentar a probabilidade
de um determinado comportamento voltar a acontecer. Esses reforços podem ser
positivos ou negativos.
Uma recompensa pode ou não ser reforçador positivo, ou seja, pode haver
diferença de opinião, entre aquele que dá e aquele que recebe, sobre o que
constitui uma recompensa. Desta forma, apenas eventos ou objetos que vêm
após um comportamento e, subsequentemente, aumentam a sua frequência,
são definidos como reforçadores positivos.
102
MÓDULO 3
“Dizer que todo controle é manipulador, e por isso mau, é desprezar usos importantes
que dele podem ser feitos na Educação, na Psicoterapia, no governo e em outras
partes” (SKINNER, 2002, p. 206).
103
A modelagem é obtida proporcionando reforçadores após comportamentos que
se aproximam dos desejados. A modelagem, entendida como um método, envolve
princípios do condicionamento operante.
Faz-se importante lembrar que Skinner define esses termos durante suas
pesquisas com o objetivo de escrever e compreender como novos e mais
complexos comportamentos são aprendidos. Ele tinha como hipótese que não
eram apenas por meio dos reforços, positivos e negativos, que se geravam
novos comportamentos.
Os termos esquiva e fuga são de uso cotidiano. Você já deve ter ouvido alguém
falar: você está se esquivando de lavar a louça? Você está fugindo para não falar
com ela?
104
Mas como diferenciar esses dois termos e como eles interferem no comportamento?
VYGOTSKY, (1991) nos diz que os comportamentos de fuga e esquiva somente
são estabelecidos e mantidos em contingências de reforço negativo. Logo, não
observaremos fuga e esquiva em contingências de reforço positivo e de punição.
Para explicar a diferença entre os dois termos, vamos citar um dos exemplos que
apresenta sobre uma criança que não gosta de arrumar o quarto.
Vemos, nesse exemplo, a clara diferença entre esquivar (evitar que o estímulo
que não gostamos aconteça) e fugir (realizar uma ação para que o estímulo
ruim pare).
O estímulo aversivo
É possível dizer que temos uma tendência a ter como sinônimo de estímulo algo
positivo, mas, para a análise comportamentalista, precisamos entender estímulo como
tudo que recebemos do meio e que nos gera uma resposta, um comportamento.
Podemos dizer, então, que os estímulos aversivos são aqueles que a pessoa deseja
evitar; por essa razão não há estímulos aversivos idênticos para todas as pessoas.
Por exemplo, para uma criança, a bronca da professora é algo ruim (estímulo
105
aversivo), para outra pode ser um momento em que ela ganha atenção, vendo-se
como importante, não havendo estímulo aversivo, e sim reforço positivo.
A análise behaviorista teve grande entrada no mundo educacional. Fez e ainda faz
parte de muitos métodos de ensino. Ao mesmo tempo, sofreu muitas críticas por
optar pela análise apenas de fatos observáveis.
106
Ritmos de aprendizado
Uma das características importantes da proposta é que o aluno possa aprender
respeitando seu próprio ritmo. Pode ser que, por condições atuais das escolas de
excesso de alunos em sala de aula, o ritmo individual dos alunos não seja respeitado
da forma considerada ideal para o modelo de ensino analítico-comportamental.
Neste tópico, foi tratada a visão de Skinner sobre algumas questões do processo
educativo, como a presença do erro na aprendizagem, o uso da punição escolar e
o respeito ao ritmo de aprendizagem individual do aluno. No tópico seguinte, será
abordada a visão de Skinner sobre a aprendizagem pelas consequências.
107
pareamentos com o estímulo incondicionado (comida), o qual elicia salivação. Após
esses emparelhamentos, o sino passa a eliciar salivação (estímulo condicionado), con-
forme ilustrado na figura a seguir. Essa relação é entre estímulo e resposta (S-R).
Porém, essa não é a única forma de aprendizagem, pois, segundo Skinner (1978, p.
15), “os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez, são modificados
pelas consequências de sua ação”. A partir dessa frase, é possível abordar sobre a
visão da aprendizagem pelas consequências, ou seja, o condicionamento operante.
No condicionamento operante, o comportamento modifica o ambiente e é alterado
pelas consequências dessa modificação, conforme figura 20 (na figura: S = estímulo;
R = resposta; C = consequência).
108
Figura 20 – Comportamento respondente e operante
A ação do controle
Controle, nesse sentido, não é necessariamente aversivo, é um termo que abrange
as diferentes relações comportamentais. Existem dois principais tipos de controle pelas
consequências: um deles é o controle não coercitivo e o outro é o controle coercitivo.
109
Para entender a história da análise do comportamento no Brasil, leia o
artigo Os primeiros anos dos Laboratórios de Análise do Comportamento
no Brasil, de Rodrigo Lopes Miranda e Sérgio Dias Cirino (2010).
A partir dessa ideia, é possível aplicar o controle por reforço positivo em sala de aula
para ensinar os alunos. Uma situação em que isso pode ser utilizado na educação
é a da professora que quer aumentar a frequência com que os alunos perguntam,
e, para isso, pode passar a elogiar o comportamento do aluno que tira dúvidas,
observando se esse comportamento aumenta a frequência nesse e em outros
alunos também.
A ação da aversão
Conforme dito anteriormente, uma das formas de controle pelas consequências é o
controle coercitivo, também chamado de controle aversivo.
110
Figura 21 – Controle coercitivo/aversivo
111
Implicações práticas da aprendizagem por
consequência
Na prática, a visão de aprendizagem por consequências permite entender como
o comportamento dos alunos funciona e como esse pode ser modificado. Para
Skinner (1972), o que se conhece do condicionamento operante permite entender
diversas questões complexas do comportamento humano. A aplicação da noção
de comportamento operante na educação:
A aprendizagem que ocorre pelas consequências, ou seja, por aquilo que acontece
depois da resposta, é gerada pela resposta e retroage sobre ela. Porém, as
consequências não são as únicas variáveis que controlam o comportamento.
Aquilo que acontece antes dele também pode controlá-lo, e é sobre essas variáveis
do contexto que discutiremos no próximo tópico.
112
Além disso, será abordado como ele se estabelece, ou seja, o treino discriminativo,
no qual uma resposta apresenta maior probabilidade de ser reforçada diante de um
estímulo e menor probabilidade na presença de outro.
Controle de estímulos
O termo controle de estímulos trata justamente da influência que os estímulos
antecedentes podem exercer sobre o comportamento; por exemplo, aprendemos
a atravessar a rua em segurança apenas quando o sinal de pedestres está verde. Essa
influência tem relação, também, com as consequências, de modo que os estímulos
que têm relação com maior probabilidade de reforço acabam aumentando a
probabilidade de ocorrência do comportamento diante deles. Por exemplo, todas
as vezes que uma pessoa atravessou a rua com o sinal verde para os pedestres
conseguiu fazê-lo em segurança, porém quando atravessou a rua com o sinal
vermelho precisou correr ou desviar dos carros. Assim, uma pessoa que prefere a
segurança provavelmente vai atravessar a rua somente com o sinal verde.
113
placas, sinais e semáforos. No contexto educacional, é mais provável que um aluno
fale inglês na aula dessa disciplina e não em outras, ou seja, seu comportamento de
falar inglês está sob controle do antecedente “aula de língua inglesa”.
Treino discriminativo
O comportamento sob controle de antecedentes pode ser ensinado pelo treino
discriminativo. Assim, é possível afirmar que o treino discriminativo aconteceu
quando o comportamento tem a probabilidade de ocorrência aumentada diante de
um estímulo e diminuída diante de outro.
114
Figura 22 – Exemplo de reforçamento diferencial
Esse exemplo consiste na seguinte situação: o pai está com o semblante alegre
(SD), o filho pede para sair, conseguindo a autorização. Em outro dia, o pai está
com o semblante triste/bravo (SΔ) e o filho pede para sair, mas o pai não autoriza,
estabelecendo, então, um reforçamento diferencial do comportamento de pedir para
sair. O filho passa a perceber que, quando o pai está com o semblante alegre é mais
fácil que ele o deixe sair, e é nesse tipo de situação que o filho vai, provavelmente,
repetir esse pedido.
É possível perceber que o comportamento também pode ser controlado pelo que
ocorre antes dele, e esse tipo de controle pode ser ensinado por meio de um treino
discriminativo, no qual uma resposta é mais reforçada diante de um estímulo e
menos reforçada diante de outro. Por exemplo, a professora de inglês pode reforçar
mais os alunos a falarem a língua em sua aula, intensificando mais esse tipo de
comportamento, o que pode estabelecer o que vimos no exemplo acima, de o aluno,
diante da aula de língua inglesa, falar inglês.
115
A seguir, será abordado sobre as máquinas de ensinar elaboradas por Skinner e
suas principais características, como a possibilidade de fornecer feedback imediato
e possibilitar que vários alunos trabalhem em etapas diferentes em um mesmo
ambiente. A máquina de ensinar é um instrumento de ensino programado, proposta
de ensino segundo os princípios analítico-comportamentais.
Além disso, será apresentado o método de fading como uma forma de ensino sem
erros, que ocorre por meio da mudança do estímulo. E, finalmente, será tratado
como os princípios da análise do comportamento se aproximam com a criação de
jogos educativos.
Além disso, o aparelho permite que cada questão apareça apenas depois da resposta
correta ao item anterior, fazendo com que o sujeito adquira o repertório de maneira
completa. Ademais, o professor terá acesso às questões nas quais os alunos
apresentaram maior número de erros e que permite revisão do programa de ensino.
116
O ensino programado
A proposta de Skinner para a educação é denominada de ensino programado, que
é baseada nos princípios de sua teoria. Assim, a visão de como deveria operar o
ensino de é apresentada em sua proposta de tecnologia de ensino. A tecnologia
do ensino surge como uma revisão educacional a partir das observações feitas
em laboratório, ou seja, foi desenvolvida com base em conceitos analítico-
comportamentais observados nos estudos laboratoriais.
• É necessário algum registro das respostas dos alunos para uma possível revisão
do programa.
Assim, existem diversas questões desse método de ensino que podem ser aplicadas
na prática docente, como tentar respeitar o ritmo individual dos alunos e fornecer
feedback para suas respostas, por exemplo. Essas atitudes podem melhorar o processo
de ensino e aprendizagem dentro de sala de aula, de forma que o professor pode
aumentar o retorno das atividades aos alunos, tentar acompanhar de perto o que
eles estão aprendendo, entre outras ações.
117
O método fading
O método fading é utilizado por analistas do comportamento para diversas situações
educacionais, mas uma das principais é o uso no ensino sem erros. Esse método de
ensino pode ser traduzido como esvanecimento ou esmaecimento.
Assim, esse método pode ser utilizado em diversas situações, como para ensinar
a criança a identificar animais, em que pode aparecer uma foto com o nome do
animal e esse nome ir sumindo aos poucos, até o momento que a criança consiga
falar o nome do animal mesmo sem a presença do nome escrito. Esse método
pode permitir que a criança aprenda alguns comportamentos sem cometer erros, que,
conforme vimos em tópicos anteriores, podem ser prejudiciais para o processo de
ensino.
118
Linehan et al. (2009) apontam que existem diversas abordagens metodológicas
que foram utilizadas para a elaboração de jogos educativos, porém os autores
consideram que a abordagem comportamental é a mais próxima de aspectos dos
jogos educacionais.
• Metas claras.
Dessa forma, os jogos educativos desenvolvidos a partir desses aspectos podem ser
considerados métodos de ensino, de maneira que conseguem acompanhar melhor o
desempenho do aluno e fornecer um feedback imediato para ele.
Neste capítulo, vimos sobre como Skinner entende o processo educativo enquanto
preparação para situações futuras. Aprendemos também sobre o papel do professor
enquanto uma pessoa que arranja as situações para que o aluno aprenda mais
rápido, e até mesmo aprenda habilidades que não conseguiria sozinho.
119
Outra questão importante na visão dos analistas do comportamento em
relação à educação é que a punição escolar, seja por castigos físicos, seja
por humilhações morais, apresenta diversas consequências adversas, como a
contra-agressão voltada ao professor, por exemplo. Ademais, outra questão
importante para essa teoria é sobre o respeito ao ritmo individual de cada
aluno.
Por último, vimos sobre o ensino programado e as máquinas de ensinar como uma
possibilidade de melhoria no ensino, e como o behaviorismo pode ser aplicado no
contexto de jogos educacionais.
Desenvolvimento da percepção
Na perspectiva de Vygotsky (1991), a percepção consiste inicialmente na estruturação
do campo visual para resolução de problemas, porém vai se tornando um processo
cada vez mais distante do que é observado nos animais, e serve de base para os
processos psicológicos superiores. Os principais processos envolvidos na percepção
são a mediação simbólica e a origem sociocultural dos processos psicológicos
superiores.
120
A percepção é uma das operações mais afetadas pela relação entre o uso de
instrumentos e a fala. As crianças inicialmente possuem uma percepção “natural”
semelhante à de alguns animais, ou seja, ela é definida basicamente pelo aparato
sensorial humano. Porém essa função não se desenvolve de maneira contínua e direta
dessa percepção animal; os animais não conseguem modificar o campo sensorial
de maneira voluntária, de forma que a percepção se desenvolve conjuntamente com
a linguagem humana.
121
Desenvolvimento da atenção
A atenção tem como função primordial organizar o campo visoespacial e baseia-se,
inicialmente, nos mecanismos fisiológicos, que vão sendo submetidos a processos
de mediação ao longo da vida dos sujeitos.
Uma das diferenças entre a inteligência prática das crianças e dos animais é que as
crianças são capazes de reconstruir sua percepção, e, com o domínio da linguagem,
vão adquirindo a prática sobre sua atenção. Esse domínio tem como consequência
uma reorganização da percepção, de maneira que o campo de atenção da criança
engloba uma série de campos perceptivos (VYGOTSKY, 1991). Assim, é possível
notar, como já foi dito anteriormente, que o desenvolvimento da percepção vai
servir de base para outras funções psicológicas superiores, nesse caso, a atenção.
122
consegue atentar-se para o barulho de seu predador em uma floresta com outros
barulhos de animais. Além disso, a partir do desenvolvimento da linguagem nos seres
humanos, a atenção passa a ser controlada de maneira voluntária, permitindo que
os sujeitos consigam atentar-se para estímulos essenciais para sua aprendizagem.
Outro processo psicológico superior essencial para o ensino é a memória, que será
tratada no tópico seguinte.
Porém, essa memória natural não é a única presente no ser humano, pois há
outro tipo de memória: a mediada. A memória mediada também tem relação
com o acúmulo de informações, porém o que a diferencia é a ação voluntária do
indivíduo, que utiliza de elementos de mediação para auxiliar sua lembrança. Essa
memória é utilizada quando, por exemplo, uma pessoa quer lembrar o telefone
de outra e utiliza cadernetas ou o próprio celular para registrar a informação.
A memória mediada permite ao indivíduo controlar seu comportamento, por
meio da utilização de instrumentos e signos que provoquem a lembrança do
conteúdo a ser recuperado, de forma deliberada.
123
a incorporação de signos. Essa incorporação é uma característica dos seres
humanos e permite diferenciar as funções elementares das funções superiores. As
funções elementares são totalmente determinadas pela estimulação ambiental, já
as funções superiores têm como principal característica a estimulação autogerada,
como no exemplo da anotação do telefone na caderneta, ou seja, o próprio sujeito
gerou essa estimulação para lembrar de um número.
124
MÓDULO 4
Memorização
Vamos agora para a parte prática dos nossos estudos, na qual iremos aprender como
nossa mente se prepara para todas as associações e práticas de memorização.
Dirigindo seu próprio carro, ou usando veículo coletivo, você precisa estar atento
para os sinais de trânsito (principalmente agora, com o valor das multas e a perda
de pontos, em cada infração). Então responda: a luz de cima do farol de trânsito –
sinaleira – é vermelha ou verde?
Você vê este sinal dezenas de vezes por dia... No entanto, está em dúvida? Se isso
está ocorrendo, é demonstração de que você vê, mas não observa. A luz de cima é
vermelha. O quê? Você sabia? Ótimo! Parabéns! Isso significa que, diferentemente
da maioria, você vê e observa.
Esta reciclagem vai mostrar como usar – de modo mais efetivo – o método de
observação. Vai mostrar também como usar o sistema de associação, para registrar
o que você vê.
Por ser impossível lembrar de algo que não se observou, é necessário associá-lo,
na mente, a algo já conhecido ou de que nos lembramos, para fazer a ligação.
125
Associação
Só se consegue lembrar de alguma coisa que tenha sido observada antes. Depois é
preciso associá-la, na mente, a algo que já conhecemos e de que nos lembramos.
No que diz respeito à memória, a associação consiste simplesmente em duas ou
mais observações, ligadas umas às outras. Quando conseguimos lembrar de algo,
isso se deve ao fato de que, inconscientemente, o associamos a outro fato qualquer.
Você já deve ter visto ou ouvido algo que o fez estalar os dedos e dizer: isso me
lembra... Então você se lembrou de alguém, de um fato ou de algum assunto. O
que você viu ou ouviu pode não ter relação alguma com aquilo de que se lembrou.
Contudo, os dois fatos estavam ligados na sua mente.
126
Vamos agora a mais um rápido teste ligado à observação e à associação.
Vamos lá? Preste bastante atenção!
Você está dirigindo um ônibus que leva 50 pessoas. No primeiro ponto, dez pessoas
sobem e descem 17. No ponto seguinte, cinco pessoas entram e saem dez. Nas
duas próximas paradas descem cinco passageiros de cada vez, entrando três em
uma e nenhum na outra. O motor do ônibus começa a falhar e ele para. Com a
demora, alguns passageiros resolvem seguir a pé; são em número de dez. Após o
conserto, o ônibus segue viagem e chega ao ponto final, onde todos os passageiros
descem.
Agora, sem reter o parágrafo, você vai responder a duas perguntas. Se lhe
perguntássemos quantas pessoas desceram do ônibus no ponto final, você
provavelmente responderia de imediato. Portanto, a primeira pergunta é: quantas
paradas fez o ônibus, no total?
Poucos acertam essa resposta, por imaginarem que somente o número de paradas
fosse importante, não consideraram esse detalhe.
Agora, vá fazer os exercícios. Ou deixe isso para amanhã, se preferir. Apenas não
deixe de fazê-los. Logo que confirme a real eficiência deste programa, indique-o a
familiares e amigos, pois a divulgação deste material será feita principalmente por
pessoas que, como você, tiveram a oportunidade de conhecê-los. Faça agora os
exercícios das páginas seguintes.
127
TESTE 1
Leia apenas uma vez o nome dos 16 objetos da lista que se segue. Em seguida,
procure escrevê-los sem tornar a olhar o texto. Você deverá fazê-lo exatamente na
ordem em que aparecem aqui. Lembre-se de que, se esquecer uma única palavra,
errará as seguintes, pois não estarão na sequência exata.
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
TESTE 2
1 6 16
2 7 17
3 8 18
4 9 19
5 10 20
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Concentração
Primeiro vamos ver a origem da palavra. Ela começa com o prefixo CON, que designa
contiguidade, complemento. CENTRAÇÃO é o ato de atingir o centro. Portanto,
CONCENTRAÇÃO quer dizer: convergir para um centro, reunir a atenção para um
mesmo ponto. Isso torna mais densa, mais forte e mais ativa a atenção.
A palavra inglesa goal significa objetivo, meta. Por esse motivo, as traves debaixo
das quais se posiciona o goleiro, nas partidas de futebol, têm o nome de meta. O
objetivo do jogo é fazer a bola chegar ao fundo da meta adversária.
Para se saber por que isso ocorre, vamos ver em linhas gerais como o cérebro
trabalha.
Registros cerebrais
O cérebro trabalha dia e noite para que o instinto de vida mantenha-se equilibrado.
Mas nem sempre usamos corretamente. A maioria das pessoas dirige seus
pensamentos mais para o lado dos medos, das fobias.
129
Dessa forma, desde a infância nosso cérebro é bombardeado com imposições
castrativas, como, por exemplo: não pode isso, não pode aquilo, não faça isso, não
faça aquilo, é proibido, cale a boca, não se meta, e por aí afora.
Por ser frio e imparcial, o cérebro procura realizar tudo que, de uma forma ou de
outra, você transmitiu que queria. Então, ele procura atingir o alvo que, às vezes,
inconscientemente, você próprio estipulou. Por exemplo: ao atravessar a rua você
não viu o carro que se aproximava e quase foi atropelado. Já na calçada, assustado,
você fica momentaneamente sem ação. Nesse momento você é só reação. Sabemos
que a ação é dirigida, direcionada. A reação é passiva, regida pela emoção. Portanto,
sem controle.
Se você imaginou que poderia ser atropelado e ficar ferido, mude imediatamente
o registro no cérebro. Repita, a você mesmo, que não precisa daquilo, que está em
130
paz com a vida, e não há necessidade de passar por essa provação. Diga isso com
convicção e reforce mentalmente essa imagem. Não é à toa que todos os cursos de
autoajuda aconselham o uso de frases e pensamentos positivos.
Outro ponto importante. Não é raro guardarmos sentimentos de culpa por algo
que fizemos ou deixamos de fazer. Se identificar em você qualquer sentimento
desse tipo, admita seu quinhão de responsabilidade naquela ação ou inação. O
passo seguinte é encontrar o autoperdão. Por saber que, quanto mais carregar
nas costas o saco de culpas, em consequência dos muitos erros que julga
haver cometido, mais difícil será sua caminhada pela vida. Para ser útil, a si
próprio e aos outros, proponha-se a não cometer mais os mesmos erros, e
jogue por terra o pesado fardo que vinha carregando. Perdoe-se.
Técnicas de concentração
Dominar as técnicas de concentração está ao alcance de qualquer pessoa. Depende
apenas de disciplina. Quem não estiver disposto a se autodisciplinar terá grande
dificuldade para se concentrar. Provavelmente nem conseguirá alcançar esse
estado. Você vai depender de concentração para fazer os exercícios que se seguirão.
Portanto, é da maior importância que aprenda a se concentrar. Se já tem essa
facilidade, se é capaz de se concentrar fácil e rapidamente, melhor. Mesmo assim,
faça os exercícios de concentração. Isso lhe dará mais destreza e autoconfiança
para as técnicas de memorização e dos exercícios que terá pela frente. Faça diversas
listas de objetos e pratique o sistema de ligação mnemônica. Ele será de grande
utilidade prática para você, conforme vai perceber nas etapas seguintes. Treine
131
também como se lembrar dos objetos, de trás para frente, do último ao primeiro.
A técnica você já sabe. Depende somente de se exercitar bastante para utilizá-la
sempre que necessitar. Faça um bom trabalho.
Palavras de fixação
Entendeu como formar palavras com qualquer número? Então está pronto para
receber os primeiros pregos, que são palavras de FIXAÇÃO, escolhidas de propósito
por serem de fácil memorização.
Preste bastante atenção. Ligue a palavra criada aos números que ela vai representar.
5. LUA. A partir de hoje o número 5 será sempre LUA para você. Mentalize
sempre a mesma LUA, simbolizando o número 5.
8. ÁGUA. A partir de hoje o número 8 será sempre ÁGUA para você. Mentalize
sempre a ÁGUA que cai de uma cachoeira conhecida. Mentalize sempre a
mesma ÁGUA para representar o número 8.
132
10. TOURO. (T+R). A partir de hoje a palavra TOURO sempre representará o
número 10 para você. Mentalize sempre o mesmo TOURO, simbolizando o
número 10.
Sem um sistema seria muito difícil memorizar dez palavras totalmente sem relação,
como as que você acabou de aprender. Entretanto, a palavra de fixação para cada
número deve, forçosamente, conter determinadas consoantes. Assim, a tarefa
torna-se bastante simples.
Na verdade, se você leu e ouviu com atenção, é provável que já as conheça. Sempre
que tiver um número, pense primeiro na consoante correspondente a cada dígito.
Depois procure lembrar-se da palavra de fixação.
1. T – TEIA.
2. N – NOÉ.
3. M – MÃE.
4. C – CÃO.
5. L – LUA.
6. S, SS, Ç, X ou Z – ASA.
7. F ou V – FIO.
8. G – ÁGUA.
9. P, B, D, ou Q – PIÃO.
10. T e R – TOURO.
Você deve estudar estas palavras de fixação até ser capaz de falar qualquer uma,
em qualquer ordem. Se tiver dificuldade com algum número, cuja palavra de
fixação não lembre, pense na consoante correspondente e diga qualquer palavra
com aquela consoante que lhe vier à cabeça. Quando disser a palavra certa, isso
fará soar uma espécie de campainha em sua mente, e você saberá que aquela é a
palavra correta. Por exemplo, se não lembrar da palavra de fixação para o número
1, repita, mentalmente: tio... tua... tia... teia. Logo que ouvir a palavra TEIA, saberá
que ela é a certa.
133
Utilização prática – exercícios
Pense no que você tem feito até aqui. Progressivamente, foi desenvolvendo cada
item na memória. Primeiro, o sistema para ajudá-lo a lembrar-se de fonemas ou
consoantes. Depois, essas consoantes serviram para fazê-lo lembrar das palavras
de fixação, extremamente importantes. Agora estas palavras vão ajudá-lo a
memorizar qualquer coisa que envolva números.
134
3 – LÂMPADA. Mentalize sua MÃE em uma cadeira de balanço, com uma
lâmpada na boca acendendo e apagando. Veja a cena na sua mente.
Procure aplicar o que aprendeu até aqui nas coisas do seu dia a dia. Tarefas a
realizar, compras a fazer, roteiros a executar.
Para reter uma lista a ser usada no futuro, basta repassá-la na mente, um dia depois
de memorizá-la, e repetir esse procedimento por mais alguns dias. Então, essa lista
estará arquivada em sua mente, à sua disposição, sempre que precisar.
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A principal diferença entre os sistemas de LIGAÇÃO e FIXAÇÃO é que utilizamos o
primeiro para memorizar qualquer lista ou relação em sequência, do primeiro ao
último. O segundo é usado para memorizar coisas, em sequência ou fora dela.
Quem pensa que não precisa se lembrar de nada fora de ordem está enganado. O
sistema de fixação vai ser de suma importância para ajudá-lo a lembrar de datas,
números de muitos dígitos, em qualquer circunstância.
Vamos ver, por exemplo, como guardar na memória uma relação de coisas que
precisam ser feitas durante o dia.
Você vai usar tanto o sistema de ligação quanto o de fixação para memorizar esta
lista de tarefas.
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• Mentalize-se depositando cartas, no banco, ao invés de dinheiro (foi feita a
ligação entre banco e correio).
• Crie uma imagem de seu dentista usando uma carta em sua boca, ao invés da
broca (correio e dentista).
• Mentalize seu dentista com uma carta em uma das mãos e segurando um
guarda-chuva aberto na outra (dentista e guarda-chuva).
Você sabe que deve iniciar o discurso falando sobre o excesso de alunos em sua
sala de aula. Depois falará sobre as dificuldades dos professores etc. Em seguida,
exporá suas ideias sobre segurança, que deverá servir de gancho para que discorra
sobre a mobília e outros equipamentos.
137
Memorização de discursos ou textos
O orador anunciado subiu ao palco, aproximou-se timidamente do microfone e
gaguejou:
— Não é raro alguém esquecer o discurso que vai pronunciar, ao se postar diante de
uma plateia. Muitos oradores hesitam, como se não tivessem certeza do que vão
falar. O motivo é que, apesar de conhecerem o assunto, de se prepararem, muitos
esquecem uma parte ou outra do discurso.
Decorar um discurso, palavra por palavra, não é seguro, pois se você se esquecer
de uma só palavra poderá perder a sequência e se descontrolar. Neste caso,
talvez você imagine que seria melhor ler o discurso todo. Entretanto, a leitura
prolongada torna a fala monótona e cria uma atmosfera de tédio na plateia.
Além disso, cria o perigo de se esconder do auditório, por detrás das folhas
que está lendo. Se houver um microfone, a tarefa será ainda mais difícil. Não é
só isso. O ato de segurar as folhas de papel faz o orador perder a naturalidade
e a liberdade para gesticular. Imagine, então, o vexame, se ele deixar uma folha
cair!
Toda fala em público apresenta uma sequência de ideias. Para assimilar com
segurança essas ideias, ensaie o discurso que vai pronunciar. Depois, pegue uma
folha de papel e selecione as ideias ou os tópicos de cada pensamento. Resuma
o primeiro deles em uma ou duas frases. Selecione uma palavra-chave que possa
trazer-lhe à memória todo o pensamento. É mais fácil do que você imagina. Em
cada pensamento existe uma palavra ou expressão que o levará a formar aquela
ideia como um todo. Essa será sua palavra-chave.
138
A mesma técnica de palavras-chave pode se usada para memorizar roteiros, letras
de música, peças de teatro, poemas etc.
Mais ainda. Você será capaz de dizer em que ponto – na página – encontra-
se aquele assunto. Basta usar a técnica de empilhamento. É assim:
localize em que ponto da página encontra-se cada tópico ou ilustração
e faça uma pilha deles em sua tela mental. Lembre-se de que, como nos
demais sistemas, tem os assuntos destampados em colunas. Então, pegue
o assunto ou a ilustração que estiver ao pé da 1ª coluna da esquerda e
faça dele uma imagem grotesca. Apoiada – equilibrando-se ridiculamente
sobre essa cena –, coloque a imagem do tema ou da gravura que estiver
logo acima. Siga assim até o topo da coluna da esquerda. Inicie o mesmo
processo com a coluna imediatamente à direita. Depois, faça o mesmo
com a seguinte até a última da direita. Dessa forma, você terá a página
toda grotescamente ilustrada e, portanto, fácil de ser visualizada em sua
tela mental.
139
Todos esses são métodos auxiliares de memória. A maior parte do trabalho é
realizada pela memória real ou normal.
EXERCÍCIO 1
140
Antes de seguir adiante, é fundamental que já tenha memorizado todas as palavras
de fixação, de 1 a 60. Você precisa tê-las na ponta da língua, pois, daqui por diante,
elas serão solicitadas para a maioria dos exercícios que iremos fazer.
Memorização de datas
Você é capaz de dizer em que dia da semana cairá qualquer data deste ano, ou do
próximo? É provável que não, a não ser que consulte o calendário. A partir de agora
você estará apto a tê-las na ponta da língua e sem qualquer esforço, sempre que
quiser.
Para realizar essa proeza, você deve conscientizar-se de duas coisas, além do dia,
do mês e do ano. Tão logo as memorize, poderá gabar-se de saber, de memória,
todo o calendário, pelo menos até o ano 2100.
Antes de entrarmos nos detalhes da técnica, vamos explicar o método para que
você compreenda com mais facilidade.
Suponhamos que você queira saber que dia da semana foi 27 de dezembro de 1987.
A chave para esse ano é três, e a chave para o mês de dezembro é seis. Você deve
somar 27 – que é o dia do mês – com três – que é a chave do ano – mais seis – que
é a chave do mês de dezembro. Vai obter um total de 36. Deve ainda tirar todos os
setes que cabem no número 36, isto é, vai dividir por sete, e ficar com a sobra.
141
Note que não é complicado, pois, na verdade, nunca terá que somar números
maiores que sete, bastando, para isso, ir removendo todos os setes de qualquer
número, sempre que possível.
Se o dia for sete, 14, 21 ou 28, reduza imediatamente para zero, somando apenas as
chaves do mês e do ano.
Ao somar a chave de um mês que seja cinco, ao de um ano que seja três, reduza
para um, pois cinco + três = oito, do qual, subtraindo-se sete, sobra um.
Como ficou visto, você precisa saber duas coisas – além da data – para achar o
dia da semana. Essas duas coisas são a chave de cada mês e a chave de cada ano.
Agora você vai receber as chaves para cada mês do ano, e um auxiliar de memória,
para ajudá-lo a lembrar-se de cada uma delas. Antes – para que você as memorize
para sempre – vamos repetir a técnica mostrada.
Você ainda retém os números, na cabeça, mas... por quanto tempo? Só há uma
saída: gravá-los profundamente na memória. Contudo, sua memória é fraca.
Você não consegue guardar nem um simples número de telefone, quanto mais a
sequência da Mega-Sena!
142
lo em pânico. O medo de esquecê-los põe você desesperado. Quanto mais os
repete mentalmente, mais apavorado fica, e quanto mais se apavora, sabe que
maiores serão as chances de não se lembrar deles, pois tem consciência de que
nós atraímos o que tememos com muita intensidade e afastamos o que desejamos
com sofreguidão.
Melhor será acordar desse sonho, pois ele está virando pesadelo.
Mas, voltando à realidade: nada disso precisa acontecer se você for possuidor de
alguma técnica ou sistema que lhe permita reter qualquer número, na memória,
pelo tempo que quiser e por maior que seja.
Pode considerar-se felizardo, pois é essa técnica que você vai conhecer agora.
Dissemos, no início deste treinamento, que não há memória fraca; o que existe é
memória destreinada. De acordo com testes de Q.I. (quociente de inteligência),
qualquer pessoa adulta deve lembrar-se de um número de seis dígitos, de frente
para trás e de trás para frente, depois de vê-lo ou ouvi-lo uma única vez. Já o
adulto com inteligência superior fará o mesmo com um número de oito dígitos.
Que classificação será dada a você, quando se mostrar capaz de fazer isso com
números de 12, 15 ou 20 dígitos?
52164063852
143
Fique atento.
Substituição de palavras
O método de substituir palavras é bastante simples. Ao encontrar um vocábulo
que não signifique nada para você, que seja intangível ou inteligível, encontre outro
vocábulo, expressão ou pensamento cuja pronúncia tenha a maior semelhança
possível com o termo original. Que seja tangível e que possa ser memorizado.
Qualquer palavra que não tenha sentido – mesmo que seja de outro idioma –,
que precise ser memorizada, alcançará significado pelo método de localizar outra
palavra ou pensamento que possa substitui-la. Ficou confuso? Então vamos a um
exemplo.
Logo que foi contratada pela Rede Globo de Televisão, a jornalista e apresentadora
Lillian Witte Fibe contou, ela própria, ao ser entrevistada naquela emissora, que
seus novos colegas tiveram dificuldade para guardar seu nome. Sem titubear,
começaram a chamá-la de Lillian Bife Frito. Talvez nem tenham imaginado que
estavam usando o processo mnemônico de substituição de palavras.
144
Se você quiser memorizar, por exemplo, que o rabo de um peixe chama-se
nadadeira caudal, ponha em sua tela mental a imagem do peixe lambuzado
com calda de doce. Esta imagem basta para lembrá-lo de caudal. Você pode
ainda visualizar o peixe com uma longa corda, em lugar do rabo. Escolha uma
dessas imagens, ou qualquer outra que preferir.
Essa foi a imagem que nós criamos. Você poderá, talvez, visualizá-la melhor usando
as palavras dor e sal para estabelecer a associação. Neste caso, imagine-se ficando
com dor de barriga por haver comido um peixe muito salgado. Crie qualquer imagem
que possa ser associada àquilo que você quer lembrar.
Mais um exemplo: para memorizar o nome da cantora Tina Turner, imagine uma
lavadeira desastrada carregando uma tina de roupa lavada. Cada vez que se põe a
cantar, gesticula tão espalhafatosamente que a TINA ENTONA.
Alguma vez você já ficou embaraçado por não lembrar o nome de alguém?
Desagradável, não é? Pelo menos 80% das pessoas têm mais dificuldade para
145
lembrar-se de nomes do que de rostos. A razão é simples. Nós possuímos memória
visual, isto é, registramos com muito mais facilidade – no cérebro – as coisas vistas
do que as ouvidas. Vemos o rosto das pessoas, mas, em geral, apenas ouvimos o
nome delas.
É por isso que muitas vezes reconhecemos um rosto, mas não nos recordamos do
nome. Este incidente, além de constrangedor, pode prejudicar negócios, amizades
e muito mais.
Algumas vezes recorremos a truques, para que o outro não perceba que esquecemos
seu nome. Chamamos o interlocutor de querido, colega, amigo, ou lhe damos um
título, como doutor, professor etc. Por volta da década de 1960, alguns jovens, que
se autodenominavam existencialistas, tratavam os outros por pessoa. Ô pessoa!
Bom te ver! Além de esse disfarce não funcionar, ainda denota falta de respeito e
de consideração, pois a coisa mais importante, para o ser humano, é o próprio ser
humano e, em particular, seu próprio nome.
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A primeira regra para memorizar nomes é: procure ouvir claramente o nome.
Como dissemos antes, você vê o rosto e o reconhece, mas só ouve o nome.
Portanto, é preciso entendê-lo corretamente. Se não ouviu, ou não entendeu,
solicite que repitam e, se ainda não tiver certeza, peça que o soletrem. As
pessoas ficarão envaidecidas com seu interesse. Se, após se assegurar de
como deve soletrar o nome, perceber que é igual ou semelhante ao de um
parente ou amigo, mencione o fato. Isso servirá para que você grave o nome
na mente. Quando se tratar de um nome estranho, ou que nunca ouviu antes,
mencione isso à pessoa. Todo mundo fica lisonjeado quando seu nome é alvo
de atenções.
Outra coisa importante é repetir o nome – sem exagero – com certa frequência,
enquanto estiver conversando. Essa forma de conduta ajuda a gravar nomes com
mais facilidade. Faça isso por algum tempo, até se tornar um hábito. Ao despedir-
se, repita o nome.
Na maioria dos países usa-se o nome da família – que aqui no Brasil chamamos
de SOBRENOME – ao sermos apresentados a alguém. Por exemplo: meu nome
completo é José Augusto Machado, mas, ao ser apresentado a outra pessoa –
fora do Brasil –, eu declinaria apenas meu sobrenome – Machado –, e assim seria
chamado, até que a convivência ou maior intimidade justificasse ser chamado pelo
prenome. Por essa razão você vai encontrar, nos exercícios seguintes, exemplos de
sobrenomes indicados simplesmente como nomes.
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Como associar o nome à fisionomia
Agora que já sabe como tornar significativo qualquer nome, precisa apenas saber
como associá-lo à fisionomia. Você vai fazer isso de forma totalmente ridícula ou
absurda.
Conta-se que uma senhora estava recebendo vários convidados para jantar
quando um deles chamou-lhe vivamente a atenção por ser portador de um
nariz descomunal. Além de grande e proeminente, era bifurcado na ponta por
uma fenda vertical que dividia as ventas, dando-lhes um formato semelhante
a um par de nádegas. Assim que bateu os olhos naquela napa ela pensou:
que nariz obsceno! Nunca vi nada igual! Todavia, como boa anfitriã, registrou,
mentalmente, que precisava tomar cuidado durante o jantar, para não dirigir a
conversa a temas que envolvessem a palavra nariz, a fim de evitar possíveis
gafes. Durante o jantar, cada vez mais impressionada com a fisionomia
daquele homem, ela reparou que ele havia apanhado o pão e começava a
comê-lo. Querendo mostrar-se prestativa, estendeu-lhe a manteigueira e
disse, com toda a graça do mundo: o senhor não prefere passar manteiga no
seu bumbum?
Esta estória é mais do que uma simples anedota. Ela serve para mostrar como
os mecanismos da mente colocam instintivamente em ação os registros que
mais a impressionam, independentemente da vontade da pessoa, sejam eles
socialmente aceitos ou não. Ora! Se esse é um fato irretorquível, por que não
o usar conscientemente e de forma adequada?
Ao conhecer alguém, olhe para seu rosto e procure achar uma característica ou
um traço mais evidente. Pode ser qualquer detalhe. Olhos pequenos ou grandes,
lábios grossos ou finos, testa larga ou estreita, vincos na testa, nariz achatado ou
fino, narinas amplas ou estreitas, orelhas grandes ou de abano, covas, verrugas,
cicatrizes, rugas, queixo largo ou proeminente, tipo de cabelo. Enfim, qualquer traço
ou detalhe será importante.
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Escolha o traço que lhe pareça mais acentuado ou que mais o impressione. Não
precisa ser o mais evidente. Isso não importa. Aquilo que lhe salte mais à vista é o
que será mais obvio e importante ao reencontrar aquele indivíduo.
Por exemplo: o senhor Sacks tem uma testa bastante larga. Mentalize 1 milhão de
sacos caindo da testa dele. Assim, estará aplicando os princípios da associação
ridícula e ilógica que, se você tem exercitado de acordo com o recomendado nas
etapas anteriores, já constatou que dão excelentes resultados.
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REFERÊNCIAS
CATANIA, A. C. Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
______. Ciência e comportamento humano. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
150
Bibliografia complementar
HOLLAND, J. G.; SKINNER, B. F. A análise do comportamento. São Paulo: Edusp,
1975.
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