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Santa Inês
2018
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Santa Inês
2018
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SUMÁRIO
1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
1.1 Tema
O fantástico na literatura.
1.2 Título
O fantástico como recurso literário: análise do conto o gato preto de Edgar Allan
Poe.
1.3 Problema
Desde os primórdios, o homem recorre a narrações fantásticas – histórias com
elementos sobrenaturais – para diferentes fins: causar medo, impor regras, divertir. Com o
desenvolvimento do texto literário, encontrou-se um lugar-comum adequado para o uso do
fantástico: o gênero gótico. No entanto, o desenvolvimento científico fez o gênero sobreviver
desfocado de suas tradições populares. Dessa forma, muitos autores abusam desse recurso
para criar suspense, e entreter leitores ávidos por ação, suspense, medo do sobrenatural;
enquanto poucos escritores utilizam-no para fins propriamente literários.
O resultado disso é que o leitor absorve o fantástico e não faz esforço para
compreendê-lo, traduzir sua função para uma interpretação significativa, uma compreensão do
próprio homem. Assim, ao notar que o uso do recurso do fantástico tem sido muitas vezes
compreendido equivocadamente. Assim, resolveu-se fazer uma análise do conto gótico O gato
preto, de Edgar Allan Poe, para ser o corpus dessa pesquisa e perguntou-se: de que forma o
recurso do fantástico é utilizado na obra e como esse recurso contribui com o sentido do texto.
1.4 Objetivos
1.5 Justificativa
A obra de Edgar Allan Poe foi responsável por levar a literatura gótica ao Cânone
Literário. Escritor prolífico e observador sagaz, o autor ainda é estudado incansavelmente em
todo o mundo, tanto por sua técnica literária quanto por suas temáticas. Nota-se que o autor
recorreu ao fantástico em muitos contos e poemas, e que sua obra é amplamente conhecida.
Contudo, observou-se que há uma carência de análise e discussões sobre o fantástico entre os
acadêmicos da Uema, no Campus Santa Inês.
Sabe-se que o fantástico é um recurso recorrentemente usado. Portanto, a
compreensão de seu uso é essencial, uma vez que a compreensão e interpretação de uma obra
implica conhecer os mecanismos narrativos utilizados. Sendo assim, este trabalho torna-se
relevante, pois serve como incentivo para o estudo de Poe e do fantástico na literatura.
Por isso, percebendo essa carência nas pesquisas, neste Campus, sobre o gótico, o
fantástico, o maravilhoso, o transcendental, resolveu-se abraçar essa temática, o que motivou
a escolha de analisar a construção e a função do fantástico em O Gato Preto, de Edgar Allan
Poe.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
gatos que ora aparenta ser um gato que volta dos mortos. Ao mesmo tempo, apresenta-se um
protagonista irracional, agressivo, que ora aparenta está louco, ora apenas alcoolizado. A
morte, a loucura, o sobrenatural tornam a narração surpreendente. No entanto, para
compreender a obra, torna-se necessário conhecer as personagens, os artifícios empregados na
história, os efeitos pretendidos por Poe, além de analisar a estrutura e o gênero literário que
dão forma à história.
Se não soubermos em que categoria ordenar a narrativa que acabamos de ler, seja ela
qual for, principiamos por não saber como julgá-la, visto que [...] não se pode
submeter "A Cartomante" e D. Casmurro aos mesmos padrões analíticos e
interpretativos. [...] Essa questão extrapola, na verdade, os limites dos gêneros, sem
perda de pertinência. Onde situar Os Sertões? Na Sociologia? Na ficção? Na
História? No ensaio? Será indiferente localizar a obra num ou noutro desses nichos,
ou simultaneamente, em mais de um? (MOISÉS, 2006, p. 26 )
Nota-se, portanto, que determinar a qual gênero O Gato Preto, de Edgar Allan
Poe pertence é necessário, uma vez que essa questão será o ponto de partida para uma
determinação metodológica e hermenêutica. Dessa forma, as possíveis interpretações
acolhidas serão não só pertinentes, mas críveis.
Para Gotlib (2004), o conto não tem compromisso com a realidade, pois é ficção.
Assim, a interpretação do conto não implica dizer que o mundo real deve ser desta ou daquela
forma, mas expressar o homem de uma perspectiva diferente.
A autora afirma que:
Nessa perspectiva, nota-se que o conto não cumpre apenas função de representar
ou simbolizar a realidade. Pode também descrever as fantasias do homem, os medos, os
temores, as hesitações e as mentiras. Resta dizer que literatura não tem a mesma função de
um relato, uma vez que não narra eventos reais.
Para Wellek e Warren (2003), apesar de a literatura não corresponder em todos os
aspectos ao mundo real, sua construção tem como fim atingir a realidade, ao homem, ao
comportamento humano. Portanto, a literatura tem funções variadas, o que pode depender do
texto ou do autor. Para eles:
Dessa forma, os autores além de afirmarem que há funções no texto literário não
determinam quais são elas. Antes, interrogam-se quais são elas. A partir desses
questionamentos, os autores levam a discussão para o campo da Sociologia, Psicologia e da
Estética. Logo, percebe-se que a literatura pode se correlacionar a muitas áreas, o que
significa que a análise de uma obra e sua interpretação não se restringe apenas à ficção.
Moisés (2006) discute sobre a classificação do conto a partir de sua estrutura
narrativa, de suas peculiaridades e de suas diferenças, de acordo com cada autor. Para o autor,
no conto o protagonista, geralmente, está à mercê da unidade dramática, de um só espaço,
preso a um só conflito, e preso a um só desenlace.
Embora os grandes mestres e teóricos sobre o conto - Maupassant, Poe,
Hoffmann, Tchecov - aponte um ou outro método de escrita (início expositivo ou não,
desenlace inesperado ou previsível, espaço unívoco ou não), todos parecem recorrer, em
algum momento, a recursos literários semelhantes, geralmente no desenlace: o medo, a
simetria narrativa, a morte de um personagem, o silêncio, a tensão pós-morte, o sobrenatural,
o fantástico. Esses últimos recursos ganharam influência com o gênero gótico.
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Para Todorov (2010, p. 24) “um dos grandes períodos da literatura sobrenatural é
o do romance negro”, também chamado de romance gótico. Nesse período, o sobrenatural, o
fantástico, o melodramático tornou-se um padrão para autores de língua inglesa, logo depois
no mundo inteiro. Para Moisés (2006), o mistério na literatura, tal qual o conhecemos teve
início com a novela gótica, inaugurada com O Castelo de Otranto, publicado em 1764, de
Horace Walpole, obra que influenciou muitos autores, inclusive Poe.
Wellek e Warren (2003), embora nomeiem de romance gótico ao gênero
introduzido por Horace Walpole, definem suas características como a de um conto.
Nota-se que para Todorov, embora Poe não possa ser chamado de um autor de
obras puramente fantásticas, dois contos seus apresentam-se como pertencentes ao gênero
fantástico-puro, dentre eles O Gato Preto. Nesse conto o protagonista sofre uma mudança por
causa do alcoolismo, e o seu gato de estimação é punido sem que haja uma justificativa: um
dos olhos do animal é arrancado. Depois o animal é morto e outro gato, semelhante ao outro,
com um só olho, reaparece e tira a paz do novo dono.
Com uma conclusão surpreendente, por causa do elemento fantástico, o conto é
finalizado como a representação da culpa, da superstição, da irritação, da cólera, da
insanidade. No entanto, para se chegar a um sentido satisfatório do texto, é necessário fazer
uma análise que aborde esses temas e os elementos literários usados pelo autor. Para isso, será
usada a metodologia descrita a seguir.
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3 METODOLOGIA
4 CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS
GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do Conto. 10. ed. São Paulo: Ática, 2004.
MOISÉS, Massaud. A criação literária: prosa 1. 20. ed. - São Paulo: Cultrix, 2006.