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Enquanto a taxa de mortalidade por DAC diminuiu para mulheres e homens nos
últimos 20 anos, esse declínio é menor em mulheres do que em homens. Esse fenômeno
é em parte atribuído à uma maior associação, em mulheres mais velhas do que em
homens, dos fatores de risco coronarianos, combinados com a Síndrome Metabólica
(SM) e, pode explicar a eliminação da "vantagem feminina" em relação a sua maior
expectativa de vida. As doenças e condições da SM incluem: obesidade, especialmente
na região abdominal, hipertensão arterial, dislipidemia e distúrbios na utilização da
glicose. A Síndrome Metabólica freqüentemente leva a doenças coronarianas e à
Diabetes Mellitus tipo 2.
Mais de 50% das mulheres com mais de 20 anos estão acima do peso ou obesas,
quando comparadas a 60% dos homens. Muito preocupante é o fato de que mais de 65%
das negras americanas e das americanas descendentes de mexicanos estão acima do
peso ou obesas. Mulheres mais velhas apresentam um maior risco de ganho de peso e
acúmulo de gordura abdominal, um componente importante na SM. A inatividade física
tem sido considerada o principal contribuinte para a obesidade geral e a abdominal.
A hipertensão arterial afeta mais ou menos 52% das mulheres com mais de 40 anos e,
aproximadamente, três de cada quatro mulheres acima de 75 anos apresentam essa
condição. A hipertensão é mais comum nas mulheres negras do que nas brancas e
acredita-se que ela contribua para a elevação da taxa de mortalidade por DAC. Apesar
das controvérsias, parece que o tratamento da hipertensão arterial com uso de drogas
traz benefícios. Essas observações novamente corroboram a importância da prevenção
de doenças cardíacas em mulheres de todas as idades.
A quantidade anormal de lipídeos e lipoproteínas no sangue tem sido ultimamente
relacionada à SM e à DAC e vem sendo chamada de "dislipidemia aterogênica". Essas
anormalidades consistem em um aumento de leve a moderado no colesterol LDL
(lipoproteínas de baixa densidade) e nos triglicérides, com a predominância de um LDL
menor, mais denso e mais aterogênico e em baixos níveis de colesterol HDL
(lipoproteínas de alta densidade).
Depois dos 65 anos, um baixo nível de HDL e um alto índice de triglicérides parecem
ser fatores de risco de desenvolvimento da DAC mais relevantes para mulheres do que
para homens. Os aumentos do LDL e do colesterol total relacionados à idade são
maiores nas mulheres do que nos homens, assim como a substituição por partículas de
LDL menores, mais densas e mais aterogênicas. Mais de 40% das mulheres com mais
de 55 anos possuem níveis elevados de colesterol.
Nenhum outro fator de risco cardíaco tão significante quanto a Diabetes Mellitus
aumenta a predisposição feminina para adquirir DAC. A DM afeta 8% de todas as
mulheres acima dos 20 anos e é mais prevalente em mulheres americanas negras,
hispânicas e índias. Uma mulher com DM possui um risco três a sete vezes maior de ter
um problema cardíaco do que uma mulher que não é diabética. Isto em oposição ao
risco duas a três vezes maior de os homens com DM desenvolverem DAC. A DM dobra
a chance de um segundo ataque cardíaco em mulheres, mas não nos homens. Além
disso, 80% das mulheres com DM morrerão por causa de algum tipo de doença
cardiovascular. A Diabetes tipo 2 afeta mais mulheres do que homens. A saúde do
coração das mulheres é claramente relacionada com seu estado metabólico,
particularmente à medida que elas envelhecem.
CONCLUSÕES
A DAC é uma grande ameaça para a saúde das mulheres. Conseqüentemente, é vital a
conscientização das mulheres, dos profissionais da saúde e dos profissionais de fitness a
respeito desse fato.
Estratégias de prevenção possuem o potencial de diminuir significantemente o risco de
DAC em mulheres e homens. O aumento da atividade física é a mudança de estilo de
vida com maior probabilidade de levar a resultados de amplo alcance na prevenção
primária e secundária da DAC. A atividade física tem favoravelmente alterado a SM e
os fatores de risco relacionados à DAC, como dislipidemia, obesidade, DM Tipo 2 e
hipertensão. Ademais, para homens e mulheres com DAC, a melhora nos índices dos
fatores de risco tem grande chance de resultar em aumento da expectativa de vida e em
uma melhor qualidade de vida. Em vista destes fatos, o American College of Sports
Medicine (Colégio Americano de Medicina Esportiva) fortemente defende a prática de
atividades físicas como meio de melhorar a saúde do coração das mulheres de todas as
idades.
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* aluna do 3º ano do curso de Tradução e Interpretação da UNISANTOS - Universidade
Católica de Santos
Disfunção do ciclo menstrual
AMERICAN COLLEGE OF SPORT MEDICINE - CURRENT COMMENT
OCTOBER - 2000
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* aluna do 3º ano do curso de Tradução e Interpretação da UNISANTOS - Universidade
Católica de Santos.
Exercícios para Pessoas com Doenças Cardiovasculares
Benefícios e limitações
Atingir o condicionamento físico com exercícios aeróbicos regulares ajuda a diminuir
a frequência cardíaca e a pressão arterial seja em descanso ou em qualquer nível de
exercício. Consequentemente, a carga de trabalho do coração é reduzida e os sintomas
de angina pectoris são aliviados. O exercício regular também melhora o funcionamento
dos músculos e aumenta a capacidade do paciente cardíaco de absorver e utilizar o
oxigênio. Isso é conhecido como consumo máximo de oxigênio (VO² máx.) ou
capacidade cardíaca. À medida que a capacidade do corpo de transportar e distribuir
oxigênio aumenta, o paciente tem mais energia e sente menos cansaço. Esse benefício é
importante para pacientes com doenças cardíacas cuja condição física é tipicamente pior
do que a de adultos saudáveis de mesma idade. Ademais, os maiores progressos
geralmente ocorrem entre aqueles de pior condição física.
Além de que os treinos convencionais parecem ter pouco ou nenhum efeito para
melhorar a eficácia de bombeamento (conhecida como “fração de ejeção”) de um
coração danificado ou reduzir irregularidades rítmicas do coração.
Os riscos do exercício
O risco de complicações cardiovasculares parece aumentar rapidamente durante a
atividade física exaustiva, quando comparado com o risco em outros momentos. Isso se
torna verdade particularmente para pessoas com doenças cardíacas que são sedentárias
por hábito. As estimativas contemporâneas de complicações cardiovasculares
significativas em programas de reabilitação cardíaca por exercício variam entre um
paciente a cada 100.000 horas de exercício e um a cada 300.000. Portanto, a reabilitação
por exercício mostrou ser segura, com casos sérios sendo raros. Ademais, o risco global
de uma complicação cardíaca parece ser reduzido em pessoas que se exercitam
regularmente.
Independentemente do formato de exercício, os pacientes cardíacos devem prestar
atenção aos quatro sinais ou sintomas que podem indicar um agravamento ou
progressão de sua doença cardíaca: angina pectoris nova ou recorrente (dor ou pressão
no tórax, dor na mandíbula ou no queixo, desconforto no braço esquerdo ou direito,
dores nos ombros e costas); falta de ar incomum ou estranha; vertigem e tontura; e
anormalidades rítmicas do coração. Nesses casos, deve-se interromper o exercício e
procurar ajuda médica.
Estratégias de Comportamento
Várias recomendações práticas são oferecidas para manter a motivação pela boa
condição física. Essas incluem:
Conclusões
Até a metade da década de 1980, programas de reabilitação cardíaca focavam-se em
exercícios e uma dieta “prudente”. Apesar de esses programas resultarem em uma forma
física aprimorada e diminuições modestas na mortalidade, o curso da aterosclerose
permaneceu basicamente inalterado. Estudos contemporâneos sugerem que a
modificação súbita do fator de risco coronário, incluindo dieta, medicamentos e
exercício (especialmente combinados), pode desacelerar, parar e até reverter a
progressão da aterosclerose coronariana. Os benefícios adicionais incluem a redução
dos sintomas de angina pectoris, menor número de eventos cardíacos recorrentes e
menor necessidade de angioplastias e/ou pontes de safena. Hoje, o exercício continua
sendo o componente principal de um método abrangente para o tratamento de doenças
cardíacas (Figura/Número 4)* – um método que também inclui aconselhamento
psicossocial e vocacional, apoio emergencial, vigilância médica e modificação súbita do
fator de risco coronário.
O método usado para detectar uma reação de BIE afeta drasticamente as estimativas
de insurgência. Por mais que o método simples de medição de pico seja adequado para
o uso em indivíduos altamente sintomáticos e reativos, é relativamente insensível à
pessoas afetadas moderadamente ou atletas de elite nos quais pequenas reduções nos
fluxo das vias aéreas pode levar à uma significante diminuição no desempenho. Além
disso, medições de pico são altamente dependentes de esforço, então essa técnica de
diagnóstico pode não ser inteiramente confiável. Medições espirométricas e de fluxo
máximo médio expiratório são aceitavelmente precisas e reproduzíveis, já que a
variação no esforço é detectável pelas configurações dos gráficos.
A intensidade dos exercícios usada para induzir o BIE é outra variável importante.
Protocolos padrões de clínicas para provocar BIE aplicam exercícios intermitentes de
cinco a seis minutos àapenas um nível abaixo do limiar de lactato, de 70 a 85 por
centoda frequência cardíaca máxima. Esse limite foi escolhido porque o paciente pode
não conseguir completar os exercícios em uma intensidade maior, e um teste mais
severo provoca a liberação de catecolaminas, levando à broncodilatação. Um maior
problema com esses protocolos padrões é a identificação do limite de lactato individual,
dada a grande variedade de níveis de condições físicas na população em geral. Em
atletas de elite, exercícios subLL geralmente não são suficientes para produzir BIE. Em
adição, exercícios feitos em laboratório raramente são feitos nas condições ambientes
(ex: ar frio e seco) que produziriam os sintomas iniciais do BIE.
Uma importante questão a ser estudada tendo em vista o grande uso de profilaxia
farmacológica pelos atletas de elite de esportes de inverno ou não, é que broncoespasmo
é um fenômeno natural que atua como um mecanismo psicológico para proteger as vias
aéreas inferiores da agressão pela exposição a grandes quantidades de ar frio e seco. O
mesmo estreitamento das vias aéreas é comum como reação à inalação de gases
irritantes como SO2 e NO2, os quais podem ocorrer em grandes concentrações em
pistas de gelo.
Para a maioria dos pacientes asmáticos, e a maioria das pessoas que não sofrem de
asma clínica mas apresentam BIE, tratamento profilático individual é seguro e eficiente,
permitindo total participação em atividades esportivas. Como complemento, tempo
suficiente de aquecimento para preparação permite que os atletas utilizem o período
refratário para atenuar a reação broncoespástica durante o exercício e alcançar o
desempenho ideal.
Escrito para o Colégio Americano de Medicina do Esporte por Lester B. Mayers, M.D.
e Kenneth W. Rundell, Ph.D., FACSMs.
COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA –
Posicionamento Oficial
Exercício e Atividade Física para pessoas idosas
RESUMO
INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis (por
exemplo, genética, estilo de vida, doenças crônicas) que interagem entre si e
influenciam significativamente o modo em que alcançamos determinada idade. A
participação em atividade física regular (exercícios aeróbicos e de força) fornecem
várias respostas favoráveis que contribuem para o envelhecimento saudável. Muitas têm
sido descobertas recentemente de acordo à adaptabilidade dos vários sistemas
biológicos, assim como os meios em que o exercício regular pode influenciá-los.
Embora não seja possível incluir todas as influências referentes ao exercício e
atividade física sobre o envelhecimento, este posicionamento abrange as cinco maiores
áreas de importância. Estes tópicos incluem: (I) respostas cardiovasculares ao exercício
agudo e crônico; (II) treinamento de força, massa muscular e implicações na densidade
óssea; (III) estabilidade postural, flexibilidade e prevenção de quedas; (IV) o papel do
exercício sobre a função psicológica; e (V) o exercício para a pessoa muito idosa e
frágil.
É projetado que no ano 2030, o número de indivíduos acima de 65 anos pode
alcançar 70 milhões somente nos Estados Unidos; o segmento populacional que mais
cresce é o de pessoas com 85 anos e mais. Como mais indivíduos vivem mais, isto é
certo para determinar a amplitude e os mecanismos em que o exercício e a atividade
física podem melhorar a saúde, capacidade funcional, qualidade de vida e
independência nesta população.
FUNÇÃO CARDIOVASCULAR
Respostas cardiovasculares ao exercício em pessoas idosas saudáveis.
O consumo máximo de oxigênio (VO2máx) é um índice da função cardiovascular
máxima que decresce 5 a 15% por década após a idade de 25 anos (89). A redução na
diferença arterio-venosa máxima de O2 e no débito cardíaco máximo contribuem para
uma redução no VO2máx associado com a idade (66, 170, 191, 225). A frequência
cardíaca máxima decresce 6 a 10bpm por década e é responsável por muito do
decréscimo associado a idade no débito cardíaco máximo (66, 170, 180, 225). A
maioria, mas não todas, evidências também indicam que pessoas idosas têm menor
volume sistólico durante exercício máximo (170, 225). Isto é claro, todavia, pessoas
idosas contam com o mecanismo de Frank-Starling para aumentar a superfície afim de
incrementar o volume sistólico durante o exercício máximo, como evidenciado pelo
incremento no volume diastólico final (66, 191). Em contraste, o plasma, as células
vermelhas e o volume sanguíneo total são menores nas pessoas idosas (41). Pessoas
idosas apresentam reduzido enchimento diastólico inicial em repouso e durante
exercício comparado com o adulto jovem, talvez devido a condescendência ventricular
esquerda reduzida (120, 153). Como resultado, a pessoa idosa tem um enchimento
diastólico atrial atrasado em uma maior amplitude que o adulto jovem em repouso e
durante o exercício. O volume sistólico final no exercício máximo também é
usualmente maior na pessoa idosa, resultando em uma fração de ejeção reduzida (66,
191, 225). Adicionalmente, a contratilidade ventricular esquerda parece ser diminuída
no indivíduo idoso durante exercício máximo comparado ao adulto jovem (66). A
pressão sanguínea e a resistência vascular sistêmica são também maiores durante
exercício máximo no indivíduo idoso que no adulto jovem (66). A mulher e o homem
idosos geralmente exibem qualitativamente respostas cardiovasculares similares no
exercício máximo. Embora a mulher tenha menor pressão sistólica e cardíaca, volume
diastólico final e índice de volume sistólico, e maior resistência vascular sistêmica
durante exercício máximo (66, 191).
As respostas do sistema cardiovascular em indivíduos idosos no exercício submáximo
são qualitativamente e, em muitos casos, quantitativamente similares àqueles de adultos
jovens. A frequência cardíaca na mesma sobrecarga relativa (mesma porcentagem do
VO2máx) é menor em pessoas idosas que em jovens (66, 170, 191). Ou seja, as
respostas da frequência cardíaca no indivíduo jovem e idoso são similares na mesma
sobrecarga de trabalho absoluta (na mesma velocidade de caminhada ou resistência em
um ergômetro estacionário). O débito cardíaco na mesma sobrecarga relativa de
trabalho é menor no indivíduo idoso (66, 170). Também na mesma sobrecarga absoluta
de trabalho o débito cardíaco é um pouco menor no idoso, enquanto a diferença arterio-
venosa de O2 tende a ser um pouco maior (170, 225). Pessoas idosas também
apresentam menor volume sistólico que jovens nas mesmas intensidades relativa e
absoluta de exercício (170, 225). A pressão sanguínea é geralmente maior em ambas
intensidades relativa e absoluta de trabalho em idosos que em jovens (170, 225). Além
disso, estes incrementos na pressão sanguínea com a idade são mais dramáticos na
mulher (170). Adicionalmente, enquanto a resistência periférica total reduz
progressivamente no exercício mais intenso em jovens e idosos, a resistência periférica
total é geralmente maior na pessoa idosa comparada a jovem na mesma sobrecarga
relativa e absoluta de trabalho, especialmente na mulher idosa (170).
Recomendações.
Caminhada, corrida, natação e pedalar na bicicleta são formas de exercícios aeróbicos
rítmicos que utilizam os grandes grupamentos musculares e que são parte integral do
início dos anos de vida de muitos adultos. A maximização da qualidade e da quantidade
de vida nos adultos idosos é mais completa pela inserção destas atividades como um
estilo de vida. A iniciação a um programa de atividade física regular demonstra
numerosas alterações no sistema cardiovascular e em certos fatores de risco para
doenças cardiovasculares que ocorrem devido as deteriorações normalmente evidentes
com o envelhecimento. Enquanto o recente manual do CDC/ACSM recomenda um
estilo de vida com atividades de intensidade leve a moderada para otimizar a saúde
(174), estas mesmas intensidades podem ser necessárias para promover adaptações no
sistema cardiovascular e nos fatores de risco para doenças cardiovasculares. A única
resposta cardiovascular benéfica consistente ao exercício de intensidade leve a
moderada em indivíduos idosos é a redução na pressão arterial em idosos hipertensos.
Contudo, o início e a manutenção de um programa de atividade física de intensidade
leve a moderada durante um longo período em pessoas idosas pode diminuir a taxa de
deterioração associada a idade em numerosas funções fisiológicas, mesmo se elas não
resultarem em incrementos absolutos nestas medidas, o que a longo prazo, pode
beneficiar tanto a quantidade quanto a qualidade de vida.
TREINAMENTO DE FORÇA
O decréscimo da massa muscular (sarcopenia) com a idade em humanos está bem
documentada. A excreção urinária de creatinina reflete o conteúdo de creatina muscular
e a massa muscular total que decresce aproximadamente 50% entre as idades de 20 e 90
anos (238). A tomografia computadorizada do músculo demonstra que após os 30 anos
de idade ocorre uma redução na área de secção transversa da coxa, diminuição da
densidade muscular e aumento na gordura intramuscular. Estas alterações são mais
pronunciadas nas mulheres (96). A atrofia muscular pode ser resultado de uma redução
gradual e seletiva das fibras musculares. O número de fibras musculares na secção
média do vasto lateral de amostras autopsiadas é significativamente menor no homem
idoso (70-73 anos) comparado ao homem jovem na faixa etária de 19 a 37 anos de idade
(121). O declínio é mais pronunciado nas fibras musculares do tipo II, que reduz de uma
média de 60% no homem sedentário jovem para menos de 30% após os 80 anos de
idade (113) e está diretamente relacionada ao decréscimo na força associado a idade.
A redução na força muscular é um componente importante do envelhecimento
normal. Os valores do Framingham Study (100) indicam que 40% da população
feminina na idade de 55 a 64 anos, 45% entre 65 e 74 anos e 65% na faixa etária de 75 a
84 anos foram inábeis para levantar 4,5kg. Adicionalmente, de modo similar altas
porcentagens de mulheres nesta população registraram que foram incapazes para
desempenhar algumas tarefas domésticas normais. Tem sido registrado que a força
isométrica e dinâmica do quadríceps aumenta até os 30 anos de idade e decresce após os
50 anos (116). Uma diminuição aproximada de 30% na força entre os 50 e 70 anos de
idade é geralmente encontrada. Muito da redução na força é devido a atrofia seletiva das
fibras musculares do tipo II. Parece que o decréscimo na força muscular é mais
dramático após os 70 anos. A força de extensão do joelho em um grupo de homens e
mulheres saudáveis de 80 anos estudados no Copenhagen City Heart Study (40) foi 30%
menor que numa população previamente estudada de homens e mulheres aos 70 anos.
Então, valores transversais bem como longitudinais indicam que a força muscular
declina aproximadamente 15% por década na 6ª e 7ª década e aproximadamente 30%
posteriormente (40, 84, 114, 161). Enquanto existe alguma indicação que a função
neuromuscular declina com o avanço da idade, indiscutivelmente a redução na força
resulta de um decréscimo na massa muscular associado a idade.
Metabolismo energético.
O dispêndio energético diário declina progressivamente durante a vida adulta (146).
Em indivíduos sedentários, o principal determinante de gasto energético é a massa livre
de gordura (185) que declina aproximadamente 15% entre a terceira e oitava década de
vida, contribuindo para uma menor taxa metabólica basal em pessoas idosas (37). A
excreção de creatinina 24h (como índice de massa muscular) é rigorosamente
relacionada a taxa metabólica basal em todas as idades (238). A análise nutricional
daqueles com idade superior a 65 anos demonstram uma ingestão energética muito
baixa para homens (1400kcal/dia e 23kcal/kg/dia). Estes valores indicam que a
preservação da massa muscular e a prevenção da sarcopenia pode ajudar a prevenir o
decréscimo na taxa metabólica. Vários pesquisadores têm demonstrado incremento no
peso corporal com o avanço da idade após os 60 anos e um incremento associado a
idade no conteúdo relativo de gordura corporal tem sido demonstrado por muitos
investigadores. Dentre os fatores que levam a um aumento da adiposidade corporal o
principal é o declínio na taxa metabólica e o nível de atividade unido com uma ingestão
energética que não iguala a redução nas necessidades calóricas (190).
Em virtude deste papel no metabolismo energético, as alterações músculoesqueléticas
relacionadas a idade podem contribuir para tais alterações como a redução na massa
óssea (17, 209, 214), sensibilidade a insulina (110) e capacidade aeróbica (67). Por estas
razões, estratégias para a preservação da massa muscular com o avanço da idade, assim
como para o seu incremento e também da força muscular em idosos previamente
sedentários, pode ser uma forma importante para aumentar a independência funcional e
reduzir a prevalência de muitas doenças crônicas associadas a idade.
Treinamento de força.
O condicionamento de força é geralmente definido como o treinamento em que a
resistência contra a qual um músculo gera força é progressivamente aumentada durante
o tempo. Tem sido demonstrado que a força muscular incrementa em resposta ao
treinamento entre 60 e 100% de 1-RM (129). O condicionamento de força resulta em
um incremento no tamanho muscular, e este incremento no tamanho é o efeito do
aumento do conteúdo de proteína contrátil.
É evidente que quando a intensidade do exercício é baixa, somente modestos
incrementos na força são alcançados por sujeitos idosos (8, 115). Vários estudos tem
demonstrado que dado um estímulo adequado de treinamento, pessoas idosas
demonstram ganhos de força similares ou superiores àqueles de indivíduos jovens como
resultado do treinamento de resistência. Podem ser conquistados incrementos de duas a
três vezes mais na força muscular em um período de tempo relativamente curto (3 a 4
meses) nas fibras recrutadas durante o treinamento nesta população (71, 72).
O treinamento de força intenso tem profundos efeitos anabólicos em pessoas idosas.
O treinamento de força progressivo melhora o equilíbrio nitrogenado, que melhora
muito a retenção de nitrogênio em qualquer ingestão de proteína, e para aqueles com
ingestão marginal de proteína, isto pode significar a diferença entre a redução
continuada ou a retenção dos estoques de proteína corporal (primariamente muscular).
Uma alteração na ingestão alimentar total, ou talvez, em nutrientes selecionados, em
sujeitos iniciando um programa de treinamento de força pode afetar a hipertrofia
muscular (150).
O treinamento de força pode ser um importante coadjuvante para as intervenções de
redução de peso no idoso. Incremento significante na taxa metabólica basal com o
treinamento de força tem sido associado a um significante incremento na ingestão
energética necessária para manter o peso corporal em pessoas idosas (29). O aumento
do dispêndio energético inclui incremento na taxa metabólica de repouso e o custo
energético do exercício de resistência. Por este motivo, o treinamento de força é um
meio efetivo para aumentar os requerimentos energéticos, diminuir a massa de gordura
corporal e manter a massa de tecido metabolicamente ativa em indivíduos idosos
saudáveis. Com este efeito sobre o metabolismo energético, o treinamento de resistência
também melhora a ação da insulina em pessoas idosas (152).
O exercício aeróbico desempenhado regularmente tem efeito positivo sobre a saúde
óssea em mulheres saudáveis pós-menopausa (77, 163). Os efeitos de um programa de
treinamento de força intenso sobre a densidade óssea em indivíduos idosos pode
compensar o declínio típico relacionado com a idade na saúde óssea pela manutenção
ou incremento na densidade mineral óssea ou no conteúdo mineral corporal total (164).
Contudo, associado a este efeito no osso, o treinamento de força também aumenta a
massa e a força muscular, equilíbrio dinâmico e os níveis totais de atividade física.
Todos estes benefícios podem resultar na diminuição do risco de fraturas ósseas. Ao
contrário, as terapias farmacológicas e nutricionais tradicionais para o tratamento da
osteoporose têm a capacidade de manter ou reduzir a diminuição óssea, mas não a
habilidade para melhorar o equilíbrio, força e massa muscular ou atividade física.
Recomendações.
Em síntese, é evidente que a capacidade para se adaptar ao incremento nos níveis de
atividade física é preservada em populações idosas. O exercício desempenhado
regularmente produz um número notável de alterações positivas na mulher e no homem
idoso. Devido a sarcopenia e a fragilidade muscular ser quase uma característica
universal do avanço da idade, estratégias para preservar ou aumentar a massa muscular
em indivíduos idosos deve ser implementada. Com o incremento da força muscular,
níveis aumentados de atividade espontânea têm sido observados em ambos, mulheres e
homens frágeis e muitos idosos saudáveis e independentes. O treinamento de força, por
estes efeitos positivos sobre a ação da insulina, densidade óssea, metabolismo
energético e estado funcional, é também uma forma importante para aumentar os níveis
de atividade física no idoso.
Recomendações.
Ainda existem muitas questões que devem ser respondidas referentes a eficácia de
diferentes formas de exercício como estratégias de prevenção de quedas em diversos
grupos de indivíduos idosos (34, 228). Devido a natureza multifacetária de vários
programas de intervenção, ainda não é possível identificar os mecanismos específicos
em que a estabilidade postural tem melhorado. Contudo, parece que existe uma
evidência suficiente que suporta a recomendação de um programa amplo de exercícios
que inclua treinamento de equilíbrio, exercício resistido, caminhada e transferência de
peso, podem ser inclusos como parte de uma intervenção multifacetária para reduzir os
riscos de queda. Enquanto a frequência e a intensidade ótima do programa permanecem
incertas, existem vários estudos que têm demonstrado efeitos positivos significantes na
estabilidade postural com uma variedade de intervenções.
Flexibilidade
A flexibilidade é um termo geral que inclui a amplitude de movimento de uma
articulação simples e múltipla e a habilidade para desempenhar as tarefas específicas. A
amplitude de movimento de uma dada articulação depende primariamente da estrutura e
função do osso, músculo e tecido conectivo e de outros fatores tais como dor e a
habilidade para gerar força muscular suficiente. O envelhecimento afeta a estrutura
destes tecidos assim como a função, em termos da amplitude específica do movimento
nas articulações e a flexibilidade na performance das tarefas motoras grossas é reduzida.
O princípio para as intervenções com exercício para melhorar a flexibilidade é que as
propriedades do tecido conectivo ou muscular podem ser melhoradas, a dor articular
pode ser reduzida e/ou os padrões de recrutamento muscular podem ser alterados.
Alterações no músculo e no osso com o envelhecimento (como verificado na seção
Treinamento de Força) indicam que o treinamento de força tem um efeito protetor sobre
o conteúdo mineral ósseo total e promove um incremento na força e na massa muscular.
A limitação do tecido mole que pode afetar a flexibilidade inclui alterações no colágeno,
que é o componente primário do tecido conectivo fibroso que forma os ligamentos e os
tendões. O envelhecimento causa um incremento na cristalinidade das fibras colágenas e
aumenta o diâmetro da fibra, deste modo reduzindo a capacidade de extensão.
É evidente que a flexibilidade declina com a idade, com a amplitude máxima de
movimento ocorrendo da metade ao final dos vinte para homens e mulheres,
respectivamente (15, 75, 99). Dois estudos examinando o complexo articular do
tornozelo e o movimento da sexta cervical em pessoas idosas, demonstrou que a
amplitude de movimento declinou significativamente com a idade em ambos os sexos
(111, 166). Entretanto, nenhuma diferença relacionada a idade na amplitude de
movimento do tornozelo tem sido registrada, embora disparidades sexuais foram
observadas (206). Um estudo desenvolvido para estabelecer valores normativos
populacionais indicou menores amplitudes de movimento ativo do quadril e joelho que
foram associadas com o incremento da idade em uma grande amostra transversal de
sujeitos de ambos os sexos (189).
Recomendações.
Surpreendentemente existe pouca pesquisa recente na área de intervenção sobre o
incremento da flexibilidade em pessoas idosas apesar de se conhecer o decréscimo na
amplitude de movimento das articulações. Muitos dos estudos conduziram sua
intervenção em pequenos grupos de idosos saudáveis durante período de tempo que
variou de 6 semanas a 2 anos. A preponderância de evidência é que a flexibilidade pode
ser aumentada pelo exercício em pessoas idosas saudáveis. Também é provável que o
exercício de flexibilidade possa ser um componente útil de um programa de exercícios
para aqueles indivíduos com mobilidade total reduzida. Contudo, a literatura não
fornece evidência no presente momento para o desenvolvimento de programas de
exercícios sistemáticos e de custo efetivo para melhora da flexibilidade, Nós, portanto,
recomendamos que exercícios tais como caminhada, dança aeróbica e alongamento, que
têm demonstrado incrementar a amplitude de movimento de uma articulação, devem ser
incluídos em um programa geral de exercícios para pessoas idosas. Parece que, mesmo
com diferentes formas de abordagem, programas de curta duração, podem ter um efeito
benéfico sobre a flexibilidade. A exata relação dose-resposta permanece para ser
determinada, como um compreendimento dos benefícios nas atividades da vida diária
que originam-se do incremento da flexibilidade.
FUNÇÃO PSICOLÓGICA
Existe uma quantidade considerável de estudos sugerindo que a atividade física é
associada com a função psicológica (25, 68, 138, 143, 179). Neste posicionamento,
preferimos limitar a examinação desta literatura à aqueles aspectos da função
psicológica que são mais suscetíveis ao declínio com o envelhecimento e que têm
gerado um corpo substancial de pesquisas em que se faz um consenso. Estas áreas são a
função cognitiva, depressão e percepções de controle ou auto-eficácia. Brevemente, é
realçada devido ao declínio bem documentado da função do sistema nervoso central
com o envelhecimento, alterações que têm sido quase universalmente aceitas como
irreversíveis e inevitáveis (11). A depressão é uma das mais frequentes desordens de
saúde mental registradas com o avanço da idade, embora as taxas de prevalência sejam
influenciadas pelo critério empregado para estimar os sintomas depressivos (168). A
alta taxa de suicídio no idoso depressivo (108) e o custo espiral da saúde pública
causado pela depressão (5) faz uma condição importante demais para desconsiderar.
Finalmente, com o avanço da idade e este concomitante declínio na função física,
sensorial e cognitiva, resulta numa aceleração na redução do controle percebido (10,
154, 246). O controle pessoal pode ser melhor conceitualizado em termos de auto-
eficácia (9, 10) e tem sido fortemente estabelecido para declinar com a idade (10, 154,
192). Estas três áreas da função psicológica são subsequentemente revisadas de acordo:
(a) como a atividade física pode influenciar estas condições; (b) quais são os efeitos
agudos e crônicos e; (c) recomendações para estudos subsequentes.
Recomendações.
Muitas síndromes geriátricas comuns que contribuem para a fragilidade são
responsáveis para incrementar os níveis de atividade física apropriada. Os maiores
déficits fisiológicos que são relevantes e reversíveis incluem debilidade muscular,
menor massa muscular e densidade mineral óssea, descondicionamento cardiovascular,
equilíbrio ruim e caminhada. As maiores evidências para os benefícios existem com
programas que incluem treinamento de força, e o treinamento de alta intensidade é mais
benéfico e seguro do que o treinamento de baixa intensidade. Por isto, todos os
programas de exercício para o idoso frágil devem incluir treinamento de resistência
progressiva dos grandes grupamentos musculares das extremidades inferiores e
superiores e do tronco. Protocolos de no mínimo duas, mas preferivelmente, três vezes
por semana são recomendados, com duas ou três séries (uma pode ser suficiente;
entretanto, estudos são escassos nesta população) de cada exercício desempenhado em
cada dia de treinamento. Se possível, algumas posturas em pé com pesos livres podem
ser utilizadas para incrementar simultaneamente o equilíbrio e a coordenação muscular.
Grupos musculares relevantes clinicamente incluem os extensores de quadril e de
joelho, os flexores e os dorsiflexores plantares, bíceps, tríceps, ombro, extensores das
costas e os músculos abdominais.
O treinamento do equilíbrio pode também ser incorporado, como parte do
treinamento de força ou como uma modalidade separada. O treinamento e supervisão
(especialmente para os muito frágeis) é obrigatório para a segurança e progressão
ocorrerem. As séries ótimas de exercícios para melhoras no equilíbrio não podem ser
defendidas com dados científicos até agora mas, em geral, posturas progressivamente
mais difíceis que gradualmente reduzem a base de apoio (em pé sobre uma perna),
necessitam de movimentos dinâmicos que ativem o centro de gravidade (caminhada em
fila, ao redor de um círculo), estresse grupos musculares posturalmente importantes, tais
como os dorsiflexores (em pé sobre os calcanhares), e reduz outros impulsos sensoriais
(visão) conforme as teorias aceitas do controle do equilíbrio e adaptação.
A prescrição mais difícil para o idoso frágil é o treinamento aeróbico. Desordens de
caminhada graves, artrite, demência, doença cardiovascular, problemas ortopédicos e
pediátricos, debilidade visual e incontinência são somente algumas das condições que
fazem a recomendação usual de caminhada para a aptidão aeróbica ser difícil, ou
mesmo impossível, no idoso frágil. Antes de alguém caminhar, é necessária a habilidade
de se levantar de uma cadeira (necessitando de potência muscular) e manter uma
postura ereta enquanto se movimenta através de um espaço (necessitando de equilíbrio).
Por isto, o condicionamento aeróbico pode seguir o treinamento de força e equilíbrio,
que é, infelizmente, o inverso do que é feito atualmente. A tolerância à atividade de
levantamento de peso, tais como caminhada, pode ser significativamente melhorada
pela primeira otimização da força muscular, estabilidade articular e equilíbrio. Neste
ponto, o exercício aeróbico de intensidade moderada pode iniciar, primeiro por alcançar
uma meta de frequência (no mínimo três vezes por semana), com duração (no mínimo
20 minutos), e finalmente, intensidade apropriada (40 a 60% da frequência cardíaca de
reserva ou 11 a 13 na escala de Borg). A intensidade da caminhada deve ser
incrementada pela adição de subidas, steps e escadas, puxando uma cadeira de rodas
pesada ou ocupada, ou adicionando movimentos dos braços e de dança, preferivelmente
a incrementos na velocidade ou mudar para o jogging. As maiores intensidades são
improváveis para serem executadas nesta população. Os instrumentos de assistência
aumentam a segurança assim como o custo energético de uma atividade, deste modo
existem poucos benefícios na tentativa de fazer exercício sem eles. Embora a caminhada
seja um tipo preferido de atividade por sua natureza funcional direta, em alguns
indivíduos somente a ergometria de braço e perna, máquinas de step sentado e
exercícios aquáticos podem ser possíveis devido uma variedade de disabilidades, e estas
são alternativas adequadas se disponíveis.
Muitos dos idosos frágeis vivem em ambientes e entre profissionais que cuidam de
idosos para quem o exercício é uma constante não familiar e talvez um conceito
horrível. Existe uma grande necessidade para alterar o limite físico, opções de
programas recreacionais e treinamento de técnicos para que estas recomendações sejam
instituídas em casas privadas, complexos de apartamentos senior, comunidades de
cuidado a vida e casas de enfermagem. Pela eliminação das barreiras desnecessárias
para a ótima mobilidade e a aptidão física entre os muito idosos, os benefícios
substanciais da saúde podem ser realizados via prevenção de novas disabilidades assim
como a reabilitação das condições crônicas.
CONCLUSÕES
Várias conclusões podem ser feitas através das evidências disponíveis. A participação
em um programa de exercício regular é uma modalidade de intervenção efetiva para
reduzir/prevenir um número de declínios funcionais associados ao envelhecimento.
Adicionalmente, a treinabilidade dos indivíduos idosos (incluindo octo- e
nonagenarianos) é evidenciada pela habilidade de se adaptarem e responderem a ambos
os tipos de treinamento, endurance e força. O treinamento de endurance pode ajudar a
manter e melhorar vários aspectos da função cardiovascular (VO2máx, débito cardíaco
e diferença arterio-venosa de O2) bem como incrementar a performance submáxima.
Muito importante, as reduções nos fatores de risco associados com os estados de doença
(doença cardíaca, diabetes, etc.) melhoram a condição de saúde e contribuem para o
incremento na expectativa de vida. O treinamento de força ajuda a compensar a redução
na massa e força muscular tipicamente associada ao envelhecimento normal.
Simultaneamente, estas adaptações ao treinamento melhoram muito a capacidade
funcional das pessoas idosas, desse modo melhorando a qualidade de vida nessa
população. Benefícios adicionais do exercício regular incluem melhora da saúde óssea,
e então, decréscimo no risco de osteoporose; melhora da estabilidade postural,
reduzindo assim o risco de quedas, lesões e fraturas associadas; e incremento da
flexibilidade e amplitude de movimento. Enquanto, algumas evidências também
sugerem que o envolvimento em exercícios regulares pode também fornecer vários
benefícios psicológicos relacionados a preservação da função cognitiva, alívio dos
sintomas de depressão e comportamento, e uma melhora no conceito de controle pessoal
e auto-eficácia. Existe uma óbvia necessidade para mais pesquisas conduzidas e
corretamente controladas dedicando várias questões importantes relacionadas a
interação do exercício e atividade física no envelhecimento saudável. Isto inclui estudos
que variam desde investigações clínicas àqueles examinando os mecanismos celulares e
moleculares.
Simultaneamente, os benefícios associados ao exercício regular e a atividade física
contribuem para um estilo de vida independente e saudável, melhorando muito a
capacidade funcional e a qualidade de vida para o segmento de nossa população que
cresce rapidamente.
Este pronunciamento foi escrito para o American College of Sports Medicine por:
Robert S. Mazzeo, Ph.D. (FACSM), Peter Cavanagh, Ph.D., (FACSM), William J.
Evans, Ph.D. (FACSM), Maria A. Fiatarone, Ph.D., James Hagberg, Ph.D. (FACSM),
Edward McAuley, Ph.D. and Jill Startzell, Ph.D. Este pronunciamento foi revisado para
o American College of Sports Medicine pelos seus maiores membros, o Comitê de
Pronunciamento, e por John Lawler, Ph.D. e Christian Leeuwenburg, Ph.D. Desejamos
agradecer às seguintes pessoas pela sua presteza neste posicionamento: Doug Seals,
Roger Enoka, Marjorie Woollacott e os membros do ACSM’s SHI sobre
Envelhecimento nas Ciências do Exercício e Medicina do Esporte.
TRADUÇÃO: Este Posicionamento foi traduzido para a Língua Portuguesa por Vagner
Raso, Membro Colaborador do CELAFISCS, e revisado por Victor K. R. Matsudo &
Sandra M. M. Matsudo, CELAFISCS.
COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA
Posicionamento Oficial
Exercício para Pacientes com Doença Arterial Coronariana
RESUMO
Posicionamento Oficial do Colégio Americano de Medicina Esportiva: Exercise for
Patient with Coronary Artery Disease Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 26, No. 3, pp. I-v,
1994. A prática de exercício melhora a capacidade funcional e reduz os sintomas
clínicos em pacientes com Doença Arterial Coronariana. Entretanto, esses pacientes
apresentam maior risco de complicações cardiovasculares durante o exercício; portanto,
medidas adequadas de segurança devem ser empregadas para diminuir esses riscos. O
consenso do Colégio Americano de Medicina Esportiva, em que a maioria dos pacientes
com Doença Arterial Coronariana deva engajar-se a um programa individual de
exercícios para atingir saúde física e mental ideais, é baseado nos benefícios
documentados e riscos do exercício para pacientes com doença coronariana.
INTRODUÇÃO
Esse posicionamento oficial sugere exercício para pacientes com Doença Arterial
Coronarianas. Os seguintes pontos são facilmente reconhecidos. Os pacientes com
doença coronariana não compõem um grupo homogêneo e devem ser considerados
individualmente. Variam muito no seu estado clínico, incluindo extensão da doença
coronariana, disfunção ventricular esquerda, potencial para isquemia miocárdica e a
presença de arritmias cardíacas. Alguns pacientes com doença da artéria coronária já
passaram por eventos cardíacos anteriores (infarto do miocárdio, parada cardíaca) ou
tratamentos (cirurgia de bypass com enxerto de artéria coronária, angioplastia coronária
transluminal percutânea, ou outras intervenções coronarianas). Muitos pacientes
apresentam outras alterações clínicas como hipertensão, doença vascular periférica,
doença valvular cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e diabetes
mellitus. Exercício para pacientes ambulatoriais será sugerido neste artigo, apesar de
que deambulação precoce após eventos cardíacos é também importante para pacientes
internados.
EFEITOS DO EXERCÍCIO
Capacidade Funcional Pacientes com doença coronariana geralmente demonstram
consumo máximo de oxigênio e tolerância ao exercício reduzidos comparados com seus
contemporâneos saudáveis. A magnitude da redução varia, em parte, com a severidade
da doença e alguns coronariopatas apresentam uma tolerância normal ao exercício. Um
baixo volume cardíaco máximo e um baixo ritmo cardíaco podem limitar o débito
cardíaco máximo e o consumo de oxigênio. A magnitude da redução do volume
cardíaco depende da quantidade de fibras miocárdicas lesadas pela isquemia durante o
exercício e/ou pelo grau de acometimento do infarto prévio do miocárdio. O mecanismo
da freqüência cardíaca reduzida durante o exercício em pacientes não-medicados não foi
definido. Uma performance máxima no exercício realizada por pacientes com angina
pectoris é limitada pelo desconforto. Em pacientes com angina clássica, tal desconforto
ocorre em situações de débito cardíaco elevado (freqüência cardíaca X pressão
sanguínea sistólica), se fatores como hora do dia, temperatura da sala e posição
corporal, forem constantes. Muitos pacientes não demonstram esse padrão clássico,
sugerindo que as alterações do tônus vascular das coronárias contribuem para a variação
de seu limiar de angina. O comportamento do paciente e as recomendações médicas
também podem reduzir a capacidade ao exercício do paciente. Destreinamento ocorre
tanto por auto-indução como por restrições médicas exigidas à atividade. Medicamentos
como bloqueadores beta-adrenérgicos, embora beneficiem pacientes sintomáticos,
podem reduzir a capacidade ao exercício em alguns grupos de pacientes, especialmente
se essas drogas são prescritas rotineiramente ou profilaticamente em pacientes
assintomáticos.
O exercício aumenta a capacidade funcional e o consumo máximo de oxigênio
(VO2máx) em coronariopatas através do aumento da diferença de oxigênio arterovenosa
e, assim como em alguns casos, do volume cardíaco máximo. A contribuição relativa
destes dois fatores para aumento do VO2máx varia com a população de pacientes e o
tipo de programa de treinamento. O aumento no VO2máx em pacientes com doença
arterial coronariana depois de 3 anos de treinamento varia de aproximadamente 10-60%
nos artigos publicados, com média de 20%. Aumentos na capacidade máxima de
trabalho podem subestimar os benefícios funcionais da prática de exercício, pois
aumentos na capacidade submáxima de resistência podem ocorrer em indivíduos
saudáveis apesar de aumentos moderados no VO2máx.
Controle da hipertensão.
Hipertensão não-controlada duplica ou triplica o risco de ocorrências
cardiovasculares, e pressão arterial elevada é um fator independente que prediz a
morbidade e mortalidade subseqüente em sobreviventes ao infarto do miocárdio. O
controle efetivo da pressão arterial elevada na população vítima de infarto reduz a
mortalidade cardiovascular em 20%. Exercício físico contribui para o controle da
pressão arterial, mas o controle ideal é normalmente alcançado com terapia
farmacológica. A prática de exercício pode contribuir indiretamente para o controle da
hipertensão através da redução de peso, mas sua contribuição independente para o
controle da pressão arterial em pacientes coronariopatas não foi bem documentada.
Controle da obesidade.
Obesidade é um fator de risco independente para o desenvolvimento de doença
arterial coronariana. Obesidade também está associada à hipertensão, intolerância à
glicose, e perfis lipídicos desfavoráveis. Perda de peso com sucesso é um benefício do
programa de prática de exercício e deve contribuir para uma morbidade e mortalidade
cardiovascular reduzida.
Benefícios psicológicos.
Pacientes sob um programa de exercício ou programa de exercício e aconselhamento
demonstraram uma melhora na qualidade de vida comparados com grupos controle.
Além disso, a prática de exercício foi documentada em reduzir depressão em pacientes
clinicamente deprimidos pós-infarto agudo. Tais alterações psicológicas podem um dos
maiores benefícios para pacientes com doença coronária envolvendo programas de
prática de exercício, mas dois recentes estudos falharam em documentar os benefícios
psicológicos.
Mortalidade cardiovascular.
Estudos publicados documentaram os efeitos benéficos de programas de reabilitação
cardiovascular em reduzir a subseqüente mortalidade da doença arterial coronariana. Os
pacientes indicados a programas de reabilitação baseados em exercícios apresentaram
redução de 20- 25% em eventos cardiovasculares e mortalidade total comparados com
grupos controle. Estas análises não demonstraram diferenças em eventos não-fatais
recorrentes. Além disso, a contribuição do exercício para a sobrevivência de pacientes
submetidos à cirurgia de bypass com enxerto de artéria coronária e angioplastia
coronária transluminal percutânea não foi avaliada. De qualquer modo, estes resultados
de mortalidade sugerem que a prática de exercício é uma das poucas intervenções
registradas para aumentar a sobrevivência após infarto do miocárdio.
Custo benefício.
A análise de custo benefício da reabilitação física após infarto do miocárdio ou
cirurgia de bypass não foi bem estudadas. No entanto, foi documentada uma redução
significativa nos custos dos cuidados médicos em pacientes que escolheram participar
de programas de reabilitação cardíaca baseada em exercícios, em comparação com não
participantes. Em outro estudo, pacientes submetidos à reabilitação cardíaca após
angioplastia coronária transluminal percutânea apresentaram menos readmissões
hospitalares e uma redução no gasto médico total, comparados com pacientes que não
receberam reabilitação. Tais resultados preliminares sugerem que os benefícios
financeiros da reabilitação cardíaca superam seus custos monetários.
RECOMENDAÇÕES
Avaliação Depois de iniciado um programa de exercício, os pacientes com doença
coronariana necessitam de uma história clínica completa, exame físico e testes de
graduação de exercício. A avaliação inicial é dirigida ao estado cardiovascular do
paciente, assim como o estado clínico e ortopédico. Avaliação posterior, se clinicamente
indicada, é direcionada a definir qualquer anormalidade patofisiológica, incluindo
disfunção ventricular esquerda, isquemia do miocárdio ou arritmias. As anormalidades
identificadas podem ser tratadas clinicamente ou cirurgicamente anteriormente ao início
do programa de exercício.
Pacientes identificados como alto risco de complicações cardiovasculares durante o
exercício incluem pacientes com angina instável, estenose aórtica severa, arritmia
cardíaca incontrolável, insuficiência cardíaca congestiva descompensada, ou outras
condições médicas que podem ser agravadas pelo exercício (miocardite aguda ou
doença infecciosa). Estes pacientes devem adiar a prática de exercício até que os
problemas acima sejam controlados.
Pacientes de risco aumentado que podem praticar exercício sob supervisão médica
direta incluem aqueles com: I)Depressão severa da função ventricular esquerda;
II)arritmias ventricular complexa ao repouso;
III)arritmias ventriculares que surgem ou aumentam com o exercício;
IV)redução da pressão sanguínea sistólica com o exercício;
V)vítimas de acometimento cardíaco súbito;
VI)infarto do miocárdio recente complicado por insuficiência cardíaca congestiva; e
VII)isquemia induzida pelo exercício. Deve-se notar, entretanto, que o risco para a
proporção benéfica da prática de exercício para tais pacientes não é definida.
Prescrição do Exercício
O exercício para o paciente coronariopata inclui atividades realizadas em programas
de exercício de supervisão formal, assim como atividades físicas diárias. Por isso,
atividades diárias gerais são encorajadas em adição às sessões formais de exercício.
O programa de exercícios para o pacientes com doença coronariana é baseado na
prescrição tradicional para o desenvolvimento do efeito do treino em pessoas saudáveis.
Porém, é modificado como indicado pela condição cardiovascular e estado clínico geral
do paciente. Isso envolve um adequado programa individual de exercícios com respeito
ao modo, freqüência, duração, intensidade e progressão do exercício.
Modo.
Grandes grupos musculares, exercício contínuo como andar, correr, pedalar, nadar,
aeróbica em grupo e remar, são apropriados para o condicionamento de resistência
cardiovascular. Exercícios da extremidade superior realizados com ergométricos de
braço podem ser utilizados para aqueles que não podem tolerar atividade na
extremidade inferior devido a razões ortopédicas ou outras, e para pacientes cujas
atividades ocupacionais ou recreacionais são dominadas pelo trabalho de braço.
Treinamento de força também é benéfico para pacientes selecionados. Exercícios de
resistência geralmente são realizados numa abordagem de treinamento em circuito, até
10-12 exercícios usando 10-12 repetições de resistências que podem ser realizadas
confortavelmente. Atividade com bicicleta pode também ajudar a reduzir problemas
músculoesqueléticos e a aumentar a participação.
Freqüência.
Freqüência mínima é 3 dias não consecutivos na semana. Alguns pacientes preferem
exercitarem-se diariamente. Entretanto, com freqüência aumentada de exercício, o risco
de lesão musculoesquelética aumenta.
Duração.
Períodos de aquecimento e resfriamento de pelo menos 10 minutos, incluindo
alongamento e exercícios de flexibilidade, devem preceder e seguir o exercício de 20-40
minutos realizados tanto continuamente ou em intervalos. O último pode ser
especialmente útil para pacientes com doença vascular periférica e claudicação
intermitente.
Intensidade.
Exercício em programas supervisionados é realizado em intensidade moderada, de
maneira confortável, geralmente 40-85% da capacidade funcional máxima (VO2máx),
que correlaciona com 40-85% da reserva de freqüência cardíaca máxima ([freqüência
cardíaca máxima – freqüência cardíaca de repouso] x 40-85% + freqüência cardíaca de
repouso), ou 55-90% da freqüência cardíaca máxima. O grau de esforço percebido pode
também ser usado para monitorar a intensidade do exercício, com o objetivo de manter
a intensidade em nível moderado. A intensidade do exercício deve ser abaixo do nível
que provoque isquemia do miocárdio, arritmias significantes, ou sintomas de
intolerância ao exercício, de acordo com achados clínicos ou pelo teste de exercício.
A intensidade recomendada do exercício varia com o grau de supervisão disponível e
o nível de risco do paciente. Baixas intensidades de exercício são indicadas para
pacientes de alto risco (definidos acima), especialmente quando se exercitando fora de
programas supervisionados ou sem monitoramento por ECG contínuo.
Progressão.
Qualquer programa de exercício para pacientes com doença coronariana deve
envolver uma progressão inicial lenta e gradual da duração e intensidade do exercício.
Supervisão e Monitoramento
A supervisão do paciente envolve tanto observação direta quanto monitoramento da
freqüência e ritmo cardíacos. Aferência da pressão arterial é geralmente realizada
quando indicada clinicamente. A natureza e o grau de supervisão e monitoramento
dependem do risco do paciente para complicações e a intensidade do exercício.
Supervisão e monitoramento devem ser realizados mais amplamente quando se tratar de
pacientes de alto risco (definidos acima). Exercício em pacientes sem supervisão médica
e monitoração deve ser realizado em baixas intensidades.
Risco do Exercício.
A maioria das complicações cardiovasculares durante o exercício em pacientes com
doença arterial coronariana é infarto agudo do miocárdio, parada cardíaca, e morte
súbita. A incidência estimada de complicações cardiovasculares em programas de
reabilitação cardíaca supervisionado é: 1 infarto do miocárdio a cada 294.000
pacientes/hora, 1 parada cardíaca por 112.000 pacientes/hora, e 1 morte súbita por
784.000 pacientes/hora. Mais de 80% dos pacientes que sofrem parada cardíaca
(primariamente devido a fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular) em programa
de reabilitação cardíaca supervisionada são ressuscitados com sucesso com
desfibrilação imediata.
CONCLUSÃO
É consenso do Colégio Americano de Medicina Esportiva que a maioria dos
pacientes com doença arterial coronariana deva se engajar em programas individuais de
exercício para atingir saúde emocional e física adequadas. É recomendado que os
programas incluam uma compreensiva avaliação médica pré-exercício, incluindo teste
graduado e uma prescrição individualizada.
Programas de exercício apropriados para pacientes com Doença Coronariana
possuem múltiplos benefícios documentados, que podem ser alcançados com o alto grau
de segurança. Estes benefícios incluem capacidade funcional aumentada; redução dos
sintomas de isquemia do miocárdio, e subseqüente mortalidade da Doença Coronária;
melhora no perfil lipídico sanguíneo, controle do peso e da hipertensão; e, em pacientes
diabéticos, tolerância à glicose. Além disso, melhoras na perfusão do miocárdio,
abandono do hábito de fumar e funcionamento psicológico podem também ocorrer.
Agradecimentos
Esse pronunciamento foi escrito pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva por:
Steven F. Van Camp, M.D., FACSM (autor); John D. Cantwell. M.D., FACSM; Gerald
F. Fletcher, M.D.; L Kent Smith, M.D.; e Paul D. Thomoson, M.D., FACSM. Esse
pronunciamento foi revisado pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva por
membros efetivos, pelo Comitê de Pronunciamentos e por: H. L. Brammell, M.D.;
Barry A. Franklin, Ph.D, FACSM; G. R. Greenwell, M.D., FACSM; William L.
Haskell, Ph.D, FACSM; Jeremy N. Morris, M.D., FACSM; e Paul Ribisl, Ph.D,
FACSM.
TRADUÇÃO: Este Posicionamento foi traduzido para a Língua Portuguesa por João P.
M. Bergamaschi, Estagiário do CELAFISCS, e revisado por Victor K. R. Matsudo &
Sandra M. M. Matsudo, CELAFISCS.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte
Print version ISSN 1517-8692
Rev Bras Med Esporte vol.6 no.4 Niterói July/Aug. 2000
http://dx.doi.org/10.1590/S1517-86922000000400006
ARTIGO DE REVISÃO
RESUMO