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O falcão e o bebê

[Dedicado a Raymond Radclyffe]

Eu sou esse falcão de ouro


Orgulhoso em postura adamantina
Nos pilares de turquesa,
Vejo, além da dobra estrelada,
Onde um orbe sombrio é enrolado.

Lá, embaixo num bosque de teixo,


Brinca um bebê. Deveria desprezar
Uma espuma de ouro e olhos de
Berilo em chamas, tão azuis
Que o sol parecia espreitar?

Eu suspeitava, o céu estava maravilhado?


Com o bico eu bato apenas uma vez;
Lá fora, saltam um milhão de sóis.
Através do universo que brilhou
Grita sua luz e até a morte se ofuscou.

No meu ventre o bebê vai saltar;


Procure ele não, dentro dos meus olhos!
Nem me pergunte a razão
Eu deveria mergulhar do cristal íngreme
Como um mergulho na vastidão!

Veja sua estrela solitária!


Que mundo e a negritude lhe envolve
Arredondada! Lacunas inimagináveis!
Que seja! Satisfeito em seu vagão
Com a viagem para as coisas que são!
Nem tu, por ventura, eis que
Como eu mergulho e bato
Extripando as vísceras da Terra,
Julgo a turquesa párea ao mofo do monturo
Ou negue o falcão de ouro!

Aleister Crowley
(tradução H418)

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