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Periodização
I n s t it u t o P h o r t e E d u c a ç ã o
P h o r t e E d it o r a
Diretor-Presidente
Fabio Mazzonetto
Diretora-Executiva
Vânia M. V. Mazzonetto
Editor-Executivo
Tulio Loyelo
Tradutora
Grace Kawali
Revisor Científico
João Crisóstomo
C o n s e l h o E d it o r ia l
Diretor-Presidente
Fabio Mazzonetto
C o n s e l h e ir o s
Periodização
Teoria e Metodologia
do Treinamento
fflilorte
editora
São Paulo, 2012
Periodization: Theory and Methodology of Training —Fifth Edition
Copyright © 2009 by Human Kinetics
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, sem
autorização prévia por escrito da Phorte Editora Ltda.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
B683p
Bompa, Tudor O.
Periodização : teoria e metodologia do treinamento / Tudor O. Bompa, G. Gregory H a ff; [tradução Grace Kawali].
- São Paulo : Phorte, 2012.
440 p. : il.
ph270
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Este livro foi avaliado e aprovado pelo Conselho Editorial da Phorte Editora.
(www.phorte.com.br/conselho_editorial.php)
Sumário
Prefacio..................................................................................................................... 9
Agradecimentos........................................................................................................11
A p ên d ice............................................................................................................................365
G lo ssário ............................................................................................................................373
Referências.........................................................................................................................379
índice Remissivo................................................................................................................427
Sobre os A u to r e s .............................................................................................................439
Prefácio
ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
Na quinta edição, Bompa e Haff organizam o texto nas três principais áreas de conteúdo
encontradas na quarta edição: Teoria do Treinamento, Treinamento da Periodização e
Métodos de Treinamento. A Parte I, Teoria do Treinamento, contém cinco capítulos que
se aprofundam nos principais conceitos do treinamento, como o conceito de especifici
dade bioenergética do treinamento (Capítulo 1), a importância do desenvolvimento do
treinamento a longo prazo (Capítulo 2), o desenvolvimento das características básicas
relacionadas ao treinamento (ou seja, táticas, técnicas, físicas) (Capítulo 3), as variáveis
associadas ao desenvolvimento de um plano de treinamento (Capítulo 4) e a importân
cia da recuperação ou restauração no processo geral do treinamento (Capítulo 5). Os
primeiros cinco capítulos dão ao treinador, cientista esportivo e atleta os conceitos neces
sários para a compreensão e o desenvolvimento dos planos de treinamento periodizado,
que são tratados na parte II.
A Parte II, Periodização do Treinamento, contém quatro capítulos que discutem
muitos dos conceitos clássicos encontrados na quarta edição. Esses capítulos proporcio
nam discussões expandidas sobre a importância do plano anual de treinamento (Capítu
lo 6), sobre os métodos para elevar o desempenho em épocas apropriadas (Capítulo 7),
métodos para construir diferentes ciclos de treinamento (Capítulo 8) e como conceber
e p la n e ja r tre in a m e n to s (C a p ítu lo 9). O C a p ítu lo 7 re ú n e os c o n h e c im e n to s cien tífico s
atuais sobre a inter-relação entre estresse e desempenho com informações práticas que
permitirão a treinadores e atletas manipular o treinamento de modo a garantir o desem
penho órimo numa competição.
Os capítulos na parte III, Métodos de Treinamento, discutem o desenvolvimento de
força e potência (Capítulo 10), treinamento aeróbioaeróbio (Capítulo 11) e velocidade e
agilidade (Capítulo 12). Ao examinar o treinamento de força e potência, o Capítulo 10
apresenta informações sobre o relacionamento entre força, velocidade, taxa de desenvol
vimento de força e potência e sobre as variáveis que podem ser manipuladas na criação de
um programa de treinamento de força. Os capítulos sobre treinamento aeróbioaeróbio
(Capítulo 11) e treinamento de velocidade (Capítulo 12) foram ampliados de modo a
incluir as informações mais recentes sobre como desenvolver essas importantes caracte-
rísticas de desempenho no esporte.
Agradeço a Mike Bahrke e a equipe da Human Kinetics por seu trabalho nesta nova edição.
Tudor Bompa
Agradeço ao meu coautor, Tudor Bompa, por me permitir grande liberdade em atualizar
e modificar seu texto clássico. Realmente foi uma honra trabalhar com você, Tudor, e
discutir filosofias e crenças sobre a teoria do treinamento.
Devo reconhecer a pessoa mais importante em minha vida, minha esposa Erin. Os
sacrifícios que você fez para me permitir buscar meus sonhos são numerosos demais para
serem contados. Ao longo dos anos você tem se mudado, empacotado as coisas de nossa
casa e organizado minha vida mais vezes que gostaria. Apoiou-me enquanto passava
horas incontáveis trabalhando no laboratório e no escritório, trabalhando com alunos
e viajando. Como treinador, sempre me alertou sobre o lado prático da profissão e me
manteve com os pés no chão. Sou verdadeiramente abençoado por ter uma mulher tão
incrivelmente talentosa. Seu amor, apoio, confiança e sua crença em mim me permitiram
superar as tempestades que ocorrem no mundo acadêmico.
Com grande prazer e humildade expresso minha mais profunda gratidão ao meu
mentor. Dr. Mike Stone. Você é mais que um mentor para mim: é um dos meus melho
res amigos e confidentes e o meu modelo. Tenho sido abençoado por trabalhar com você
por mais de 15 anos e cada dia aguardo ansiosamente por nossas conversas sobre ciência
e vida. Fico honrado de que tenha sempre me incluído em sua jornada de pesquisas. Se
puder ser a metade do cientista do esporte que você é, terei realizado mais que a maioria.
Agradeço aos meus muitos colegas que, ao longo dos anos, apoiaram-me e me deram
valioso feedback. Em especial agradeço a Chuck Dumke por sua amizade e por sempre
estar lá para me levantar quando estou por baixo. Chuck, você é incrível e um dia esta
remos na mesma instituição trabalhando lado a lado novamente. Agradeço também
a Travis Triplett; você é simplesmente o mais surpreendente amigo e confidente. Tem
o dom extraordinário de analisar situações e encontrar as melhores soluções. Quando
preciso de conselhos, não posso pensar em nenhuma outra pessoa com quem gostaria
de conversar. Ao meu amigo Jeff McBride, não posso expressar o quanto você tem con
tribuído para minha agenda de pesquisa. Sua disposição em dar de si mesmo ao meu
laboratório é sem dúvida a coisa mais agradável que alguém já fez a mim. Seria negligente
se não agradecesse a meu bom amigo Steve Plisk. Você é o treinador de força mais inte
ligente que já conheci. Muitas de suas ideias, filosofias e trabalhos são citados ao longo
deste texto. Aprendi mais de você que pensa. Aos meus amigos no Reino Unido, Clive
Brewer e Ian Jeffreys, agradeço por todo o apoio, por responderem a uma infinidade de
perguntas sobre futebol e por me apresentarem a UKSCA.
Gostaria de agradecer a muitos atletas, especialmente a Mark Ernsting, Janna
Jackson, Stephanie Hanos, Stephanie Burgess e Domonic Van Neilen, que me confiaram
suas carreiras atléticas.
Para muitos alunos - em especial Blake Justice, Dr. Stephen Rossi, Dr. Naoki Kawamori,
Mark Lehmkuhl, Dr. Alan Jung, Adam Ferrebee, Christina Harner, Dr. Tim Baghurst,
Justin Kulik, Janna Jackson, David Powell, Lora McCoy, Ryan Hobbs, Kelsey Fowler,
Michelle ‘Meesh’ Molinari, Ryan Ruben e Adrian Whitley - estou mais orgulhoso de
suas realizações que das minhas próprias. Vocês todos têm afetado minha vida de ma
neiras demasiado numerosas para se contar. Sem seu empenho e dedicação, nada jamais
teria sido realizado.
Gostaria de agradecer a nossa editora de desenvolvimento, Amanda Ewing. Não sei
como você faz o que faz. O processo foi difícil para nós, e agradeço-lhe por seu intermi
nável apoio e orientação. Sem sua ajuda, nunca teríamos sido capazes de completar os
estágios finais deste processo.
Por último, gostaria de agradecer a meus pais, Guy e Sandy Haff, e a minha irmã,
Jennifer Haff. Que incrível jornada tem sido e continua a ser. Pai, quem teria pensado
que ir a ACM com você para aprender sobre levantamento de pesos conduziria a tudo
isso? Mãe, obrigado por sempre acreditar em mim e me manter no caminho. Jennifer,
agradeço-lhe por sempre me desafiar a defender minhas crenças.
G. Gregory Haff
Teoria do Treinamento
A base teórica para o treinamento continua a expandir-se à medida que a base de co
nhecimento científico sobre como o corpo responde a diversos estímulos aumenta. As
informações apresentadas nos cinco primeiros capítulos estabelecem a base da qual pla
nos de treinamento podem ser desenvolvidos. O Capítulo 1 explica os objetivos do trei
namento, o processo adaptativo e como o corpo fornece energia para a atividade física.
O Capítulo 2 apresenta os princípios básicos e fundamentais do treinamento, incluindo
a necessidade de planos individualizados, como desenvolver um modelo de treinamento
e a importância da progressão de carga e do sequenciamento. O Capítulo 3 destaca a
importância do treinamento físico, técnico, tático e teórico no processo global do trei
namento. O Capítulo 4 examina as principais variáveis passíveis de ser manipuladas
num plano de treinamento, incluindo volume, intensidade, densidade e complexidade.
Finalmente, o Capítulo 5 discute a importância do repouso e da recuperação no processo
de treinamento e detalha os efeitos do treinamento excessivo e o papel das modalidades
de recuperação.
CAPÍTULO
BASE PARA O
TREINAMENTO
ciência do esporte e a preparação de atletas estão em constante evolução. Essa
ESCOPO DO TREINAMENTO
Atletas se preparam para atingir um objetivo específico através de um treinamento es
truturado e focalizado. O objetivo do treinamento é aumentar as habilidades do atleta e
sua capacidade de trabalho de modo a otimizar o desempenho atlético. O treinamento é
realizado através de um longo período de tempo e envolve muitas variáveis fisiológicas,
psicológicas e sociológicas. Durante esse tempo, o treinamento é progressivo e individual
mente graduado. Ao longo do treinamento, as funções humanas fisiológicas e psicológi
cas são modeladas para atender às tarefas exigidas.
Pela tradição dos antigos Jogos Olímpicos, os atletas devem se esforçar para combi
nar perfeição física com refinamento espiritual e pureza moral. Perfeição física significa
15
16 Periodização
OBJETIVOS DO TREINAMENTO
Treinamento é o processo por meio do qual um atleta é preparado para o mais alto ní
vel de desempenho possível (59, 109). A capacidade de um treinador para direcionar a
otimização do desempenho é alcançada pelo desenvolvimento de planos sistemáticos de
treinamento que exploram o conhecimento acumulado de uma vasta gama de disciplinas
científicas, como mostrado na Figura 1.1 (109).
O processo de treinamento objetiva o desenvolvimento de atributos específicos correla
cionados com a execução de várias tarefas (109). Esses atributos incluem: desenvolvimento
físico multilateral, desenvolvimento físico específico do esporte, habilidades técnicas, habili
dades táticas, características psicológicas, manutenção da saúde, resistência a lesões e conheci
mento teórico. A aquisição bem-sucedida desses atributos é baseada na utilização de meios e
métodos individualizados e apropriados à idade, à experiência e ao nível de talento dos atletas.
regeneração. É crucial que o atleta compreenda por que certas atividades estão sendo
realizadas. Isso pode ser feito por meio da discussão dos objetivos estabelecidos do
treinamento para cada aspecto do plano ou exigindo que o atleta participe de semi
nários e conferências sobre treinamento. Armar o atleta com conhecimento teórico
sobre o processo de treinamento e o esporte melhora a probabilidade de que este
venha a tomar boas decisões pessoais e abordar o processo de treinamento com uma
forte focalização, que permitirá ao treinador e ao atleta melhor definirem suas metas.
CLASSIFICAÇÃO DE HABILIDADES
Muitos caminhos foram sugeridos como métodos para classificar as habilidades da ativi
dade física. Além do método tradicional de classificar as atividades esportivas em esportes
individuais (atletismo, ginástica, boxe) e esportes de equipe (futebol, futebol americano,
basquete, vôlei, rúgbi), uma classificação amplamente aceita usa as capacidades biomoto-
ras como critério. Capacidades biomotoras incluem força, velocidade, treinamento aeró-
bioaeróbio e coordenação (53). Apesar de classificar esportes por capacidades biomotoras
ser muito útil, outros métodos também são usados pelos treinadores. Um método popu
lar é classificar as habilidades esportivas como cíclicas, acíclicas ou acíclicas combinadas.
SISTEMA DE TREINAMENTO
Um sistema de treinamento é um conjunto organizado e metodicamente arranjado de ideias,
teorias ou especulações. O desenvolvimento de um sistema é baseado em descobertas científicas
combinadas com a experiência prática acumulada. Um sistema náo deve ser importado, embora
possa ser benéfico estudar outros sistemas antes de se desenvolver um. Além disso, para criar ou
desenvolver um sistema melhor, deve-se considerar o pano de fundo social e cultural de um país.
Bonderchuck (9) sugeriu que um sistema de treinamento é construído observando-
se três princípios básicos: 1) descobrir os fatores formadores do sistema, 2) determinar a
estrutura do sistema e 3) validar a eficácia ou os efeitos do sistema.
ZL
Fatores diretos Fatores de apoio
•:,* * * r _____ : .....: : , ' T ''
MHHgjgjgHNIfl Satisfação
FHi raràn Treinamento Avaliação Audiovisual Administração com a escola Dieta
tducaçao }fsic0 científica
I S I s Sé I S S S profissional
i 1 1
Aumento do Diário do Organização Programa diário Abstinência de
Técnica potencial Testes e padiôes treinamento do Ciube Equipamento organizado fumo e bebida
funcional
i 1 l 1
Desenvolver
Táticas capacidades Controle médico Autoavaliação Orçamento Vestuário Repouso
biomotoras
Planejamento
ADAPTAÇÃO AO TREINAMENTO
Treinamento é um processo organizado pelo qual o corpo e a mente são constantemente
expostos a estímulos estressores de volume (quantidade) e intensidade (qualidade) varia
dos. A capacidade de um atleta em se adaptar e se ajustar às cargas de trabalho impostas
pelo treinamento e pela competição é tão importante quanto a capacidade de uma espé
cie de adaptar-se ao ambiente em que vive —sem adaptação não há sobrevivência! Para
os atletas, uma incapacidade para adaptar-se a cargas de treinamento variadas constan
temente e aos estímulos estressores inerentes a treinamento e competição resultará em
níveis críticos de fadiga, exaustão (overreaching) ou mesmo excesso de treinamento.
Em tais circunstâncias, o atleta será incapaz de alcançar as metas do treinamento.
Base para o treinamento 21
E specificidade d e A daptação
Como a adaptação é altamente específica ao tipo de treinamento realizado, este deve ser
baseado nos sistemas energéticos dominantes no esporte, nas habilidades do esporte e
nas capacidades motoras exigidas pelo esporte. O tempo necessário para atingir um alto
Platô Estagnação do desempenho
Figura 1.4 Uma determinada carga padrão resulta em melhorias somente durante a primeira
parte do plano.
22 Periodização
+
o
Estímulo
0 Estímulo de
A Cl Estímulo de treinamento
E
©
o0o Estímulo
de
treinamento
treinamento
novo,
novo,
variado
Q de novo,
variado
variado
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Estímulo
O
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estímulo de estímulo de estímulo de
a de
treinamento
treinamento treinamento treinamento
Q. Q.
XI
< ~
<o
+
Limiar atual de
adaptação
frequentemente surpreende tanto treinadores quanto atletas, que podem não ser
capazes de antecipá-lo ou explicá-lo (“Trabalhamos duro e, de repente, simples
mente aconteceu!”). O bom planejamento das sessões, alterando cargas e intensi
dades altas com sessões de compensação, permitirá ao atleta se beneficiar do efeito
cumulativo do treinamento.
Overreaching (exaustão
A u m en ta d rastica m e n te o cond icion a m en to físico aeróbio se
5 5 ,0 -o u m ais temporária induzida pelo
co m bin a do com boa recuperação.
excesso de treinamento)
Fonte: THE NEW AEROBICS de Kenneth H. Cooper, direitos de autor @ 1970 por Kenneth H. Cooper. Usado com permissão
da Bantam Books, uma divisão da Random House, Inc.
26 Periodização
Quando atletas treinam, são expostos a uma série de estímulos que alteram seu status
fisiológico. Esras respostas fisiológicas podem incluir alterações metabólicas agudas (28,
40, 96, 113), hormonais (46, 52), cardiovasculares (88), neuromusculares (32, 48, 49) e
Supercompensação
Fases d e S u p erco m p en sa çã o
O ciclo de supercompensação (Figura 1.9) tem quatro fases e ocorre na seguinte sequência.
Melhoria no
desempenho
Melhoria no
desempenho
Figura 1.10 A som a do efeito do treinamento, (a) Longos intervalos entre as sessões e (b)
curtos intervalos entre as sessões.
Adaptado de Harre, 1982 (59).
Estímulos máximos
l i l 1 1 1 1
Declínio em
desempenho
Figura 1.12 Alternar estímulos de máxima e baixa intensidade produz uma curva de melhoria
tipo onda.
Figura 1.13 Um novo e mais alto nível de hom eostase significa que o próximo ciclo de super
com pensação com eça a partir desse ponto.
Figura 1.14 Um nível diminuído de hom eostase significa que o próximo ciclo de supercom
pensação com eça num ponto mais baixo que o nível anterior.
Base para o treinamento 33
FONTES DE ENERGIA
A energia dá ao atleta a capacidade de realizar trabalho. Trabalho é a aplicação da força,
ou seja, contrair músculos para aplicar força contra uma resistência. A energia é um pré-
-requisito para a execução de trabalho físico durante treinamento e competições. Em
última análise, nós a produzimos da conversão de alimentos a nível da célula muscu
lar num composto de alta energia conhecido como adenosina trifosfato (ATP), que é
então armazenado na célula muscular. O ATP, como seu nome sugere, consiste numa
molécula de adenosina e três de fosfato.
A energia necessária para a contração muscular é liberada pela conversão de ATP de
alta energia em ADP + P (adenosina difosfato + fosfato inorgânico). Quando uma liga
ção de fosfato é quebrada, fazendo o ADP e P se separarem, energia é liberada. A quan
tidade de ATP armazenada no músculo é limitada, assim o corpo deve continuamente
reabastecer os estoques de ATP para permitir a atividade física.
O corpo pode reabastecer os estoques de ATP por qualquer dos três sistemas de
energia, dependendo do tipo de atividade física: o sistema fosfagênio (ATP-PC), o siste
ma glicolítico e o sistema oxidativo (Figura 1.15).
1 1 1 n -------í 1
10s 30s 1 min 2 min 4 min 30 min 60 min
Tempo
10 30 60 2 4 10 30 60
S u p rim e n to ATP
10 20 30 50 65 85 95 98
aeróbio (%)
S istem a G licolítico
O segundo sistema de energia anaeróbia é o sistema glicolítico, que é o sistema pre-
valente para atividades que duram de 20 segundos a cerca de 2 minutos (87). O com-
Base para o treinamento 35
Human Kinetics
Para um bom desem penho, um atleta deve reabastecer su as fontes de energia por meio de
alimentação e hidratação apropriadas.
S istem a O xidativo
Como o sistema glicolítico, o sistema oxidativo tem a capacidade de usar a glicose do san
gue e o glicogênio do músculo como fontes de combustível para produzir ATP. A principal
diferença entre o sistema glicolítico e o oxidativo é que as reações enzimáticas associadas
ao sistema oxidativo ocorrem em presença de 0 2, enquanto o sistema glicolítico processa
energia sem 0 2 (10). Diferentemente do rápido sistema glicolítico, o sistema oxidativo não
produz ácido lático da quebra da glicose e do glicogênio. Além disso, o sistema oxidativo
tem a capacidade de usar gorduras e proteínas na produção de ATP (109).
Em repouso, os sistemas oxidativos derivam cerca de 70% de seu rendimento de
ATP da oxidação de gorduras e cerca de 30% da oxidação de carboidrato (10,109). A
utilização de combustível depende da intensidade do exercício. Brooks e colegas (10)
descreveram o que é chamado de conceito de crossover, no qual o exercício de intensidade
mais baixa recebe seu ATP primariamente da oxidação da gordura e de alguns carboidra
tos. Quando a intensidade do exercício aumenta, a quantidade de carboidrato utilizada
para a produção de ATP aumenta enquanto que a utilização de gordura para suprir ATP
diminui. Isto novamente apoia o conceito de que sessões de exercício de intensidade
mais alta usam carboidratos como fonte primária de combustível.
O sistema oxidativo ou aeróbio é a fonte primária de ATP para eventos durando
entre 2 minutos e aproximadamente 3 horas (todos os eventos de atletismo de 800 me
tros ou mais, esqui de fundo, patinação de velocidade de longa distância). Entretanto,
atividades mais curtas que 2 minutos dependem de meios anaeróbio para atender suas
demandas de ATP (88).
Treinador e atleta precisam compreender os mecanismos bioenergéticos que suprem
a energia para o desempenho no exercício e no esporte. Pode ser criado um paradigma no
qual o adeta é treinado com base na bioenergética da atividade esportiva. Esta tem sido
denominada especificidade bioenergética (109). A Figura 1.16 ilustra as fontes de energia
usadas para esportes e eventos específicos. Treinador e atleta podem usar a classificação bio
energética de esportes, que se baseia na duração, intensidade e combustível utilizados pela
atividade, para criar programas efetivos de treinamento para esportes específicos.
REAÇÕES ANAERÓBIAS
F o n te s de e n e rg ia
ATP PRODUZIDO SEM A PRESENÇA DE OXIGÉNIO
p r im á ria ATP PRODUZIDO NA PRESENÇA DE OXIGÉNIO
G licose do s a n g u e /
F o s fa g ê n io s : e s to q u e s
G lic o g ê n io d o F íg a d o / G lic o g ê n io c o m p le ta m e n te m e ta b o liz a d o
m u s c u la re s d e ATP e CrP
C o m b u s tív e l G lic o g ê n io d o M ú s c u lo e m p re s e n ç a d e o x ig é n io . ' G o rd u ra í P ro te ín a
D u ra çã o Os 10 s 40 s 60s 2 m in 4 m in lO m in 30 min 1h 2 h 3 h
E v e n to s e s p o rtiv o s Levantam ento de peso C iclism o de pista P atinação de velocidade de 1 .5 0 0 m Luta O lím pica C iclism o de estrada
S alto de esqui Nado de 5 0 m Exercício de solo em gin á stica A rtes m arciais M aratona
| Anaeróbio
■ Aeróbio
Duração do exercício
200 m 38 57 5 Mader*
Continua
Base para o treinamento
Continuação
E sp o rte E ve n to ou P osiçã o F o s fa g ê n io G lic o lltic o O x id a tiv o R e fe rê n c ia
PRINCÍPIOS d o
TREINAMENTO
esde que o treinamento adético começou, mais de 3.000 anos atrás (veja Eneida es
D crita pelo poeta romano Virgílio na segunda década a.C.), atletas e treinadores têm
estabelecido e seguido princípios de treinamento. Esses princípios evoluíram através
dos anos como resultado da pesquisa nas ciências biológicas, pedagógicas, psicológicas. Esses
princípios do treinamento esportivo são a base da teoria e da metodologia do treinamento.
O principal objetivo do treinamento é aumentar as qualificações das habilidades
esportivas do atleta e, finalmente, o nível de desempenho esportivo. Princípios de treina
mento são parte de um conceito completo e não devem ser vistos em unidades isoladas.
No entanto, muitas vezes são examinados separadamente para entender-se melhor os
conceitos básicos. O uso correto desses princípios resultará em programas de treinamen
to superiores e atletas bem-treinados.
D esen v o lv im en to M ultilateral
O conceito de desenvolvimento multilateral é encontrado na maioria das áreas da educação
e empreendimentos humanos. No atletismo, desenvolvimento multilateral ou desenvolvi
mento físico global, é uma necessidade (9, 25, 84). O uso de um plano de desenvolvimento
43
44 Periodização
Desenvolvimento
multilateral
Treinamento especializado
• A maioria dos melhores atletas russos tinha uma forte base multilateral.
• A maioria dos atletas começou a treinar com 7 ou 8 anos de idade. Durante os
primeiros anos, todos participaram de diversos esportes, como futebol, esqui de
longa distância, corrida, patinação, natação e ciclismo. Dos 10 aos 13, as crian
ças também participaram em esportes coletivos, ginástica, remo e atletismo.
• Programas especializados começaram nas idades de 15 a 17, sem negligenciar
os esportes e atividades anteriores. Os melhores desempenhos foram alcança
dos após 5 a 8 anos dedicados em esportes especializados.
• Adetas que se especializaram numa idade muito anterior obtiveram seus melhores
desempenhos num nível de idade júnior (< 18 anos). Esses desempenhos nunca
foram duplicados quando eles se tomaram seniores (> 18 anos). Muitos se retiraram
antes de chegar aos níveis sénior. Apenas uma minoria dos adetas dos que se especia
lizaram em tenra idade foram capazes de melhorar o desempenho no nível sénior.
• Muitos atletas importantes começaram a treinar num ambiente organizado
no nível júnior (14-18 anos de idade). Eles nunca foram campeões juniores
ou detiveram recordes nacionais, mas na idade de seniores muitos deles alcan
çaram desempenhos de classe nacional e internacional.
• A maioria dos atletas atribuiu seu sucesso à base multilateral construída du
rante a infância e a idade de juniores.
46 Periodização
v----------------- W --------------
COM PARAÇÃO ENTRE ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE
E DESENVOLVIMENTO MULTILATERAL
. s ______________________ ______________________ r .
Baseado em Harre 1982 (46).
y -------------------------------^ -------------------------------v*
RESUM O DA PESQUISA EXAM INANDO O S EFEITOS
DE ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE E TREINAMENTO MULTILATERAL
NO DESENVOLVIMENTO DO ATLETA
Grupo de Controle Grupo de Estudo
E specialização
Seja treinamento num campo, numa piscina ou num ginásio, o atleta finalmente se es
pecializará num esporte ou prova. Treinamento para um esporte resulta em adaptações
fisiológicas que são específicas ao padrão de movimento, demanda metabólica, padrão de
geração de força, tipo de contração e padrão de recrutamento muscular da atividade (28,
83, 91). O tipo de treinamento usado tem um efeito muito específico sobre as caracte-
rísticas fisiológicas do atleta (21). Por exemplo, o treinamento aeróbio tem a capacidade
de estimular adaptações centrais e periféricas, que podem incluir a alteração de padrões de
recrutamento neural, modificando fatores bioenergéticos ou metabólicos e estimulando
significativas alterações musculoesqueléticas (2, 48). Entretanto, o treinamento resistido
resulta em alterações significativas para máquinas contrátil, sistema neuromuscular e rea
ções químicas bioenergéticas ou metabólicas (1,21). Pesquisa contemporânea sugere que o
músculo esquelético apresenta grande quantidade de plasticidade em resposta às diferentes
modalidades de treinamento de resistido ou aeróbio resultando na ativação ou desativação
de diferentes caminhos de sinalização molecular dependendo do tipo de treinamento en
contrado (4, 6, 7, 21, 67, 68, 102). Adaptações específicas não são limitadas a respostas
fisiológicas, porque características técnicas, táticas e psicológicas também são desenvolvidas
em resposta ao treinamento especializado. É muito provável que cada atividade esportiva
possa desenvolver atributos que permitam ao atleta atingir um elevado nível de domínio.
A especialização é um processo não unilateral complexo baseado em desenvolvimen
to multilateral. Quando um atleta progride de iniciante a atleta experiente que dominou
48 Periodização
T iro c o m a rco 1 2 -1 4 1 6 -1 8 2 3 -3 0
Badminton 1 0 -1 2 1 4 -1 6 2 0 -2 5
B eisebol 1 0 -1 2 1 5 -1 6 2 2 -2 8
B asq ue te 1 0 -1 2 1 4 -1 6 2 2 -2 8
B iatlo 1 0 -1 2 1 6 -1 7 2 3 -2 6
Bobsled
1 2 -1 4 1 7 -1 8 2 2 -2 6
(e spo rte c o m tre n ó s)
Continua
Princípios do treinamento
Continuação
Id a d e e m q u e o m a is
Id a d e p a ra c o m e ç a r o Id a d e p a ra o in íc io d a a lto d e s e m p e n h o é
E s p o rte tre in a m e n to e s p e c ia liz a ç ã o a lc a n ç a d o
Boxe 1 3 -1 5 1 6 -1 7 2 2 -2 6
C anoagem 1 2 -1 4 1 5 -1 7 2 2 -2 6
X adrez 7 -8 1 2 -1 5 2 3 -3 5
H andebol co n tin e n ta l 1 0 -1 2 1 4 -1 6 2 2 -2 6
C ic lis m o 1 2 -1 5 1 6 -1 8 2 2 -2 8
M ergulho
M u lh e re s 6 -8 9-11 1 4 -1 8
H om ens 8 -1 0 1 1 -1 3 1 8 -2 2
E qu itaçã o 1 0 -1 2 1 4 -1 6 2 2 -2 8
E sgrim a 1 0 -1 2 1 4 -1 6 2 0 -2 5
H óquei em ca m p o 1 1 -1 3 1 4 -1 6 2 0 -2 5
Futebol A m ericano 1 2 -1 4 1 6 -1 8 2 3 -2 7
G inástica
M ulheres 6 -8 9 -1 0 1 4 -1 8
H om ens 8 -9 1 4 -1 5 2 2 -2 5
Hóquei no gelo 6 -8 1 3 -1 4 2 2 -2 8
Judô 8 -1 0 1 5 -1 6 2 2 -2 6
P entatlo M oderno 1 1 -1 3 1 4 -1 6 2 1 -2 5
Remo 1 1 -1 4 1 6 -1 8 2 2 -2 5
Rúgbi 1 3 -1 4 1 6 -1 7 2 2 -2 6
Vela 1 0 -1 2 1 4 -1 6 2 2 -3 0
Tiro 1 2 -1 5 1 7 -1 8 2 4 -3 0
Esqui
A lpino 7 -8 1 2 -1 4 1 8 -2 5
N órdico 1 2 -1 4 1 6 -1 8 2 3 -2 8
M ais de 3 0 k - 1 7 -1 9 2 4 -2 8
Salto 1 0 -1 2 1 4 -1 5 2 2 -2 6
Futebol 1 0 -1 2 1 4 -1 6 2 2 -2 6
S quash e han d e bo l 1 0 -1 2 1 5 -1 7 2 3 -2 7
N atação
M ulheres 7 -9 1 1 -1 3 1 8 -2 2
H om ens 7 -8 1 3 -1 5
Nado S incronizado 6 -8 1 2 -1 4 1 9 -2 3
Tênis de M esa 8 -9 1 3 -1 4 2 2 -2 5
Tênis
M ulheres 7 -8 1 1 -1 3 2 0 -2 5
H om ens 7 -8 1 2 -1 4 2 2 -2 7
V oleibol 1 0 -1 2 1 5 -1 6 2 2 -2 6
Pólo A q u á tico 1 0 -1 2 1 6 -1 7 2 3 -2 6
Alguns autores sugerem que a idade ideal para iniciar o treinamento é entre 5 e 9
anos (9, 12). Durante essas fases iniciais do treinamento o treinador deve concentrar-se
no desenvolvimento de uma iniciação física que inclua habilidades básicas, como correr,
saltar e arremessar (9). É importante desenvolver essas habilidades no início do treinamen
to, porque atletas jovens parecem desenvolver essas capacidades num ritmo mais rápido
que mais atletas maduros. Uma vez que o atleta desenvolve as habilidades básicas, ele
pode começar alguns treinos especializados para seu esporte escolhido. Isso geralmente
ocorre entre as idades de 10 e 14 anos. (9). Como indicado anteriormente, o treinamen
to multilateral é o foco principal até por volta de 14 anos, após é que o treinamento mais
especializado ocorre.
INDIVIDUALIZAÇÃO
Individualização é uma das principais exigências do treinamento contemporâneo. A in
dividualização requer que o treinador considere as habilidades, potenciais e característi-
cas de aprendizagem do atleta e as exigências do esporte escolhido, independentemente
do nível de desempenho. Cada atleta tem atributos fisiológicos e psicológicos que devem
ser considerados ao desenvolver-se um plano de treinamento.
Frequentemente, os treinadores adotam abordagens não científicas ao treinamento,
seguindo literalmente programas de treinamento ou programas esportivos de atletas bem-
-sucedidos com total desrespeito a experiência de treinamento, habilidades e constituição
fisiológica do atleta para quem é destinado aquelas atividades. Pior ainda, alguns treinado
res tomam programas de atletas de elite e os aplicam a atletas juniores que ainda não desen
volveram iniciação física, base fisiológica ou capacidade psicológica necessárias para realizar
esses tipos de programas. Atletas jovens não são fisiológica ou psicologicamente capazes
de tolerar programas criados para atletas avançados (26, 27, 39, 101). O treinador precisa
compreender as necessidades do atleta e desenvolver planos de treinamento que atendam a
essas necessidades. Isso pode ser feito seguindo algumas diretrizes:
Human Kinetics
de treinamento desenvolveram uma base
substancial de treinamento e a maioria
provavelmente será capaz de participar
num plano de treinamento especializa
do, especialmente se seu treinamento
inicial foi multilateral. Um atleta que A idade e o nível de habilidade de um atleta, jun
tenha uma alta idade cronológica em tam ente de outros fatores, devem ser tom ados
conjunto com uma baixa idade de trei em consideração ao se planejar se ssõ e s de trei
namento talvez precise de mais treina nam ento e prática.
mento multilateral e de aquisição de
habilidades, porque não possui a base de treinamento que permita graus elevados
de especialização em seu esporte.
• Histórico de Treinamento: A história de treinamento do atleta influen
cia sua capacidade de trabalho. Um atleta que empreendeu substancial treinamento
multilateral tem mais probabilidade de desenvolver os níveis de aptidão necessários
para tolerar altas cargas de treinamento em comparação com um atleta menos bem
treinado (91).
• Status de Saúde: Um atleta doente ou lesado terá uma capacidade de
trabalho reduzida e muitas vezes não será capaz de tolerar as cargas de treinamento
prescritas (91). O tipo de doença ou o grau de lesão e a base fisiológica convergem
para determinar a carga de treinamento que o atleta pode tolerar (91). O treinador
deve monitorar o status de saúde do atleta para determinar uma carga de treina
mento adequada.
• Estresse e a Taxa de Recuperação: A capacidade de tolerar uma carga
de treinamento está muitas vezes relacionada a todos os estressores que o atleta
encontra (91). Estressores geralmente são considerados aditivos e fatores que colo
cam uma alta demanda sobre o atleta podem alterar sua capacidade de tolerar uma
carga de treinamento (94). Por exemplo, pesado envolvimento em atividades esco
lares, de trabalho ou familiares podem afetar a capacidade do atleta de tolerar uma
carga de treinamento. Viajar de ida e volta para trabalho, escola ou treinamento
pode ainda contribuir para os níveis de estresse. Os treinadores devem considerar
esses fatores e ajustar a carga de treinamento de acordo. Por exemplo, durante os
períodos de alto estresse, como exames acadêmicos, uma redução na carga de trei
namento pode ser permitida.
52 Periodização
na maioria das situações, o desempenho aeróbio (53) e anaeróbio (14, 53) máximo e
submáximo não são afetados pelo ciclo menstrual. No entanto, a literatura científica su
gere que a regulação de temperatura é comprometida durante a fase lútea como resultado
de um aumento na temperatura interna (53). Essa pode ser uma consideração impor
tante para as mulheres se exercitando ou treinando por períodos extensos de tempo em
condições quentes e úmidas.
Agachamento => meio agachamento => agachamento com saltos => salto em profundidade
Outro exemplo deste conceito pode ser visto na preparação de ciclistas. Durante a
baixa temporada, ciclistas tipicamente realizam modalidades de treinamento como esqui
54 Periodização
Agachamento Agachamento
A gacham ento acima da cabe acima da cabe Agacham ento
frontal ça (Overhead ça (Overhead frontal
squat) squat)
Sem ana 1 2 3 4 5 6 7 8
Human Kinetics
DESENVOLVIMENTO DO MODELO
DE TREINAMENTO
Modelos de treinamento, embora nem sempre bem-organizados e frequentemente apli
cados aleatoriamente, têm sido usados desde a década de 1960 (11). Embora muitos
especialistas em esporte do Leste Europeu tenham adquirido conhecimentos e experiência
no uso de modelos de treinamento, uma tendência geral para a utilização dessas ferra
mentas não ocorreu em todo o mundo até a década de 1970 (10, 16).
Está bem documentado que treinamento e desempenho estão altamente relacionados,
mas são muito individualizados (5, 49). O desenvolvimento de um modelo de treinamento
centra-se na noção de especificidade do treinamento e na individualização dos programas
de treinamento (11, 49, 75, 92). Modelos de treinamento que permitem a implementação,
análise, avaliação e modificação do plano de treinamento baseado em parâmetros fisiológi
cos e de desempenho são de utilização específica no desenvolvimento de atletas (92).
O desenvolvimento de um modelo de treinamento é um processo longo que está em
um processo contínuo, porque evoluirá em conjunto com o desenvolvimento do atleta.
O desenvolvimento de um modelo é um processo trabalhoso que se baseia em modelos
anteriores e avaliações atuais do atleta e numa sólida base científica. Embora o processo
seja demorado, o tempo é bem-gasto, porque quanto melhor o modelo de treinamento,
mais provável ao atleta atingir um nível elevado de desempenho. O modelo deve ser
continuamente avaliado e modificado em resposta aos novos conhecimentos científicos, ao
nível de desenvolvimento do atleta e a avaliação do seu progresso. Um método teórico para
o desenvolvimento de um modelo de treinamento é apresentado na Figura 2.3.
O desenvolvimento de um modelo de treinamento começa com uma análise deta
lhada da literatura científica sobre o esporte. Compreender as características fisiológicas
(por exemplo, bioenergéticas) (75), morfológicas (37), anatômicas, biomotoras (56) e
psicológicas (77), associadas a um esporte estabelece as bases para a segunda fase do de
senvolvimento de um modelo de treinamento. A segunda fase exige o desenvolvimento
56 Periodização
de um programa de avaliação direcionada que pode ser usada para analisar o estado de
treinamento do atleta. Por exemplo, a literatura científica sobre arremesso indica que força
máxima e potência explosiva estão relacionadas a altos níveis de desempenho (90). Portan
to, testes fisiológicos devem ser desenvolvidos e implementados para avaliar a capacidade
de geração de força do atleta (pico de geração de força máxima, taxa de desenvolvimento
de força, força máxima) e força explosiva (avaliações de potência de picol R M no arranco,
1RM no arremesso). As habilidades táticas e técnicas do atleta também devem ser avaliadas
para se delinear as áreas de deficiências a serem superadas pelo modelo de treinamento.
Devem ser desenvolvidos testes que avaliam o atleta em áreas de déficit físico ou risco de le
são (por exemplo, amplitude de movimento, desequilíbrios musculares). Outras áreas que
podem ser avaliadas incluem traços psicológicos (por exemplo, estado de humor), status de
sono (por exemplo, qualidade do sono) e práticas nutricionais. Por último, resultados dos
registros diários de treinamento e desempenho competitivo do atleta devem ser avaliados
para determinar o que foi efetivo no modelo de treinamento anterior.
Uma vez concluída a avaliação do atleta, o treinador interpreta todos os dados cole
tados. O modelo de treinamento é delineado mirando as necessidades do atleta de modo
a aumentar a probabilidade de um alto nível de desempenho. Nesta fase do modelo os
principais fatores do treinamento são estabelecidos. Esses fatores incluem a progressão de
carga, a intensidade, o volume e a frequência do treinamento e o número de repetições
necessárias para estimular apropriadas adaptações fisiológicas e psicológicas. Além disso,
os componentes táticos, técnicos e estratégicos do modelo de treinamento são estabeleci
dos e integrados. O modelo de treinamento é muito específico ao indivíduo ou a equipe,
porque os resultados dos testes ajudam o treinador a estabelecer parâmetros de treina
mento. Depois que o modelo de treinamento é desenvolvido, é então implementado.
jj§§| ■ |
PSBi; literatura científica
Modificar modelo
de treinamento
Reavaliar modelo
de treinamento
PROGRESSÃO DE CARGA
Os resultados de desempenho dos atletas têm aumentado durante os últimos 50 anos (80).
Existem muitas razões para isso, mas claramente a capacidade de tolerar cargas de treina
mento mais altas está no centro desse fenômeno. Suporte para essa alegação é demonstrado
pelo aumento nas cargas de treinamento visto entre 1975 e 2000 (Tabela 2.2).
Melhorias no desempenho são um resultado direto da quantidade e da qualidade de
trabalho que o atleta consegue durante o treinamento. De iniciantes a atletas de elite, a
carga de trabalho do treinamento deve aumentar gradualmente e ser variada periodica
mente de acordo com a capacidade fisiológica, habilidades psicológicas e tolerância de
trabalho de cada atleta.
A carga de treinamento pode ser considerada como uma combinação de intensidade,
duração e frequência de treinamento (84). A carga de treinamento é determinada pelo
grau de especificidade do treinamento e o desenvolvimento do status de desempenho
do atleta (83). Existe uma complexa interação entre o condicionamento físico, a carga de
treinamento e a capacidade do atleta de tolerar o treinamento (84).
A aplicação de uma carga de treinamento resulta numa cascata de respostas fisioló
gicas que permite ao atleta adaptar-se ao estímulo de treinamento, que eleva seu nível de
condicionamento físico e leva a uma tolerância maior ao treinamento e a um aumento na
capacidade de desempenho (84, 104). Quando o atleta se adapta à carga de treinamento,
ela deve ser aumentada para adaptações fisiológicas continuadas ocorrerem.
Cargas de treinamento podem ser normalmente classificadas como de ganho,
de manutenção, ou de destreinamento (103, 104). Uma carga de ganho é uma carga de
treinamento de maior magnitude que a carga de treinamento habitual do atleta. Ao con
trário, uma carga de destreinamento é substancialmente mais leve que a habitual. Uma
carga de destreinamento, finalmente, resulta numa perda de condicionamento físico
e de capacidade de desempenho. Entre essas duas classificações de carga está a carga de
manutenção, que é a carga de trabalho habitual do atleta; a carga de manutenção permi
te ao atleta manter o condicionamento físico enquanto estiver em fase de recuperação.
58 Periodização
Quando o atleta adapta-se a uma carga estimulante, esta se torna a carga de manutenção
e a carga de manutenção anterior se torna uma carga de destreinamento.
Assim, a classificação de carga é um conceito fluido que muda quando o atleta se adapta,
portanto o treinador deve prestar atenção à sequência de cargas de treinamento no plano
de treinamento periodizado.
Uma carga de treinamento corretamente sequenciada será gradualmente aumen
tada, resultando finalmente num aumento na capacidade de desempenho (84). Se, no
entanto, a carga de treinamento é súbita e drasticamente aumentada, levará mais tempo
para as adaptações fisiológicas ocorrerem e os ganhos de desempenho serem percebidos
(91, 97, 103, 104). O período de tempo necessário para a recuperação e adaptação é
diretamente proporcional à magnitude do súbito aumento na carga de treinamento (91).
O ajuste gradual e sistemático da carga de treinamento é a base para a periodização
do treinamento e é encontrado em todos os níveis do plano de treinamento, do micro-
ciclo ao ciclo olímpico, em atletas de todos os níveis. O sequenciamento apropriado
da carga de treinamento está diretamente relacionado às melhorias de desempenho do
atleta. Paradigmas de carga variam entre os diferentes esportes e as regiões geográficas
do mundo. Uma breve análise de várias teorias de carga é apresentada a seguir.
Carga Padrão
A carga padrão envolve o uso de cargas e densidades de treinamento similares em toda
a fase preparatória do treinamento. Quando a carga padrão é usada regularmente du
rante a fase preparatória, melhorias de desempenho ocorrem somente durante a parte
inicial dessa fase.
E quando o atleta passa da fase preparatória à fase competitiva do treinamento, e o
estímulo de treinamento permanece muito semelhante com a exceção de uma redução
na carga. Se a carga padrão é implementada dessa maneira, o desempenho para de au
mentar durante a fase competitiva (veja Figura 1.4). Este platô no desempenho ocorre
como resultado da falta de variação na carga de treinamento. Se cargas de treinamento
submáximas são usadas durante a fase de competição, o desempenho provavelmente irá
deteriorar-se, especialmente durante a última parte dessa fase (52).
Como o desempenho melhora somente durante a parte inicial da fase preparató
ria, a carga de treinamento deve ser aumentada a cada ano. Teóricos contemporâneos do
tre in a m e n to su g erem q u e este tip o de carga é su b m á x im a em quase todas as situações e
que estratégias usando carga progressiva, microciclos agrupados concentrados ou sequen
ciamento conjugado podem resultar em maiores aprimoramentos de desempenho a longo
prazo (72). Por conseguinte, para otimizar adaptações de desempenho em resposta à carga
Princípios do treinamento 59
A u m en to Linear da Carga
Sobrecarga
O aumento linear da carga de treinamento é um conceito
que parece violar muitos dos princípios da periodização Figura 2.4 Incrementos de carga de acordo com
(72, 91); no entanto, esse tipo de paradigma de carga o princípio de sobrecarga.
é muito popular. Segundo os defensores originais desse Baseado em dados de Hellebrandt e Houtz 1956 (50)
princípio (50, 59), o desempenho aumentará somente se o e de Fox et al. 1989.
atleta treina em sua capacidade máxima utilizando cargas Fadiga
de trabalho que são gradualmente aumentadas e progressi
vamente mais altas que as normalmente encontradas (8, 72,
73). Conceitualmente, isso levaria a uma curva de carga que
retrata um aumento contínuo ao longo do tempo (Figura
2.4). Embora a literatura tenha claramente demonstrado
que a carga de treinamento deve ser aumentada em todo o
ciclo de treinamento ou na carreira do atleta (89, 104), esse
método de carga só pode ser útil durante um período curto CT>
O
de tempo (23, 31, 32, 34, 45) e períodos de recuperação são
necessários para maximizar respostas adaptativas. Se o em
prego progressivo da sobrecarga continua por um período
longo de tempo, provavelmente resultará em treinamento
excessivo. Se treinamento excessivo ocorre, o atleta exibirá
más adaptações fisiológicas e psicológicas, uma diminuição Microciclo
nos marcadores de desempenho e um alto nível de fadiga Figura 2.5 Um paradigma de carga de 3:1.
(70). Assim, o emprego progressivo da sobrecarga no seu Adaptado de Stone, Stone e Sands, 2007 (91).
sentido mais puro não é um modo ideal para treinar, exceto
quando implementada por curtos períodos, porque não permite tempo suficiente para a
recuperação e a probabilidade de exaustão e lesões aumenta incrementalmente.
Carga Progressiva
O modelo de carga progressiva do treinamento permite uma progressiva sobrecarga que
é intercalada com períodos de descarga e é às vezes chamado de um modelo de periodi
zação tradicional ou clássico (62, 63, 72). O uso de fases de recuperação ou de carga de
manutenção permite a regeneração, maiores adaptações fisiológicas e períodos de res
tauração psicológica. Com o paradigma de carga progressiva (Figura 2.5), um aumento
como onda na carga de treinamento ocorre (89, 91, 98, 104). Como uma sessão de trei
namento é insuficiente para provocar adaptações fisiológicas ou psicológicas perceptíveis,
geralmente é recomendado que a mesma carga de treinamento seja repetida ao longo de
várias sessões. Uma prática comum é planejar sessões de treinamento com as mesmas
características para um microciclo inteiro e, então, aumentar a carga de treinamento nos
60 Periodização
Fadiga
Microciclo
Figura 2.6 Um protocolo de carga 4:2.
Baseado em Nádori e Granek, 1989 (69) e Plisk e Stone, 2003 (72).
promover um maior estímulo adaptativo (72, 91) (Figura 2.8). Fundamentação científica
para a inclusão de mais variações de microciclo e periodicamente incluir treinamento de
ganho pode ser encontrada em estudos com humanos (30) e com animais (13). Essa lite
ratura sugere que a inclusão periódica de dias de treinamento leve resulta num potencial
maior para respostas adaptativas, que, finalmente, aumentarão o desempenho.
Outra variação do protocolo de carga progressiva é o microciclo concentrado (72, 91).
Nesse protocolo cada microciclo ou semana do bloco de treinamento é destinado para um
atributo de desempenho (por exemplo, treinamento aeróbio de força, força máxima, força
rápida). Ao longo das primeiras 3 semanas de cada bloco, o volume ou a intensidade do
treinamento é aumentado, com uma diminuição na carga de treinamento ocorrendo du
rante a quarta semana antes do início do próximo bloco (Figura 2.9).
1 2 3 4 11 2 3 4 |1 2 3 4M 2 3 4 11 2 3 4 M 2 3 4M 2 3 4|
Semana
Carga C oncentrada
Sobrecarga de curto prazo é geralmente classificada como carga concentrada (91)
ou overreaching (61). O atleta geralmente pode recuperar-se desse tipo de carga num
curto período de tempo se usar cargas de recuperação apropriadas (45). Como regra
geral, quanto maiores a amplitude e a duração da fase de carga concentrada, mais tempo
é necessário para dissipar a fadiga e o desempenho melhorar (83, 91, 103, 104). Siff e
Verkhoshansky (83) sugeriram que ganhos de desempenho podem ocorrer 4 a 12 sema
nas após a cessação da fase de carga concentrada (Figura 2.10).
Além disso, esses investigadores sugeriram que o treinador ou o atleta pode criar maior
contraste entre blocos de carga concentrada e blocos de restituição reduzindo, além dis
so, a distribuição do treinamento durante os blocos de restituição.
Carga Linear
O protocolo de carga linear é usado somente com atletas avançados, experientes e alta
mente treinados. Nesse modelo, microciclos com carga significativas são blocados juntos
seguidos pelo microciclo de recuperação. No modelo de cargas lineares (Figura 2.11), os
primeiros três microciclos criam uma alta demanda fisiológica como resultado do alto
volume e intensidade do treinamento. Após os três primeiros microciclos, o atleta realiza
um quarto microciclo, ou um período de regeneração. A duração do período de regene
ração será dependente da carga de treinamento global. Note que após as semanas 9-11,
nas mais altas cargas de treinamento no exemplo, existe um período de regeneração de 2
semanas (semanas 12-13). Stone e O ’Bryant (88) sugeriram que atletas avançados podem
tolerar esse tipo de carga somente se tiverem treinado por muitos anos e desenvolveram
uma base fisiológica que lhes permita treinar com esses grandes volumes e intensidades.
O modelo de cargas lineares é sugerido para a parte do meio da fase preparatória (pré-
-temporada) apenas. O modelo de carga progressiva pode ser usado em conjunto com o
modelo carga linear para aumentar progressivamente a carga de treinamento do atleta. A
Figura 2.12 mostra uma fase preparatória de treinamento na qual a carga de treinamento
muda de acordo com o escopo da fase de treinamento. O programa mostrado na Figura
2.12 tem três principais subfases: preparação geral, específica e pré-competitiva.
Na subfase de preparação geral, dois tipos de carga progressiva (3:1 e 2:1) são utili
zados para estimular adaptações fisiológicas e psicológicas que irão preparar o atleta para
a próxima subfase, que exige treinamento intensivo. Os objetivos de treinamento da prepara
ção geral são alcançados por um aumento gradual na carga de treinamento pela utilização do
modelo de carga progressiva. Após concluir a subfase de preparação geral, o atleta passa
para a subfase de treinamento de preparação específica ou acumulação.
Tempo
PREPARAÇÃO PARA O
TREINAMENTO
odos os programas atléticos devem tratar os aspectos físicos, técnicos, táticos, psi
69
70 Periodização
TREINAMENTO FÍSICO
Os atributos fisiológicos necessários ao sucesso esportivo são desenvolvidos pelo treina
mento físico apropriado (31,41). Essas adaptações fisiológicas são a base da qual avanços
técnicos e táticos são estabelecidos. Sem o desenvolvimento de capacidades físicas, a ca
pacidade do atleta de tolerar o treinamento será significativamente comprometida, resul
tando numa incapacidade para desenvolver os atributos técnicos e táticos necessários ao
sucesso esportivo. Deficiências no desenvolvimento técnico e tático geralmente ocorrem
como resultado de fadiga acumulada, que é facilmente evitada por meio do desenvolvi
mento adequado da base fisiológica com treinamento físico estruturado. Esses conceitos
estão entre os segredos mais bem mantidos do sistema de treinamento do Leste Europeu.
O treinamento físico tem dois objetivos principais: o primeiro é aumentar o poten
cial fisiológico do atleta, e o segundo maximizar as capacidades biomotoras específicas
do esporte. Num plano de treinamento periodizado, o treinamento físico é desenvolvido
num padrão sequencial, estruturado (Figura 3.2) (27, 30, 31, 38, 41). O treinamento
físico pode ser dividido em duas partes interdependentes:
Fase de d e s e n v o lv im e n to 1 2 3
Figura 3.2 Uma abordagem sequencial para o desenvolvimento de treinamento físico durante
um plano anual.
Preparação para o treinamento 73
TREINAMENTO TÉCNICO
Um elemento que diferencia as diversas ativida
des esportivas é a habilidade técnica ou motora
necessária. A técnica engloba todos os padrões
de movimenro, habilidades e elementos técnicos
necessários a prática do esporte. Técnica pode ser
considerada a maneira de executar uma habilidade
ou exercício físico. Atletas devem se esforçar conti-
AP Photo/Matt Dunham
nuamente por estabelecer técnica perfeita de modo
a criar os padrões de movimento mais eficientes.
Quanto mais perfeita ou biomecanica-
mente completa é a técnica, mais eficiente ou
económico será o atleta. Por exemplo, menos
energia é despendida quando um atleta tem
boa economia ou técnica de corrida (32). Tem
sido relatado que corredores treinados são Técnica adequada permite a um atleta executar efi
mais económicos e consomem 20% a 30% cientemente uma habilidade, portanto, treinamento
menos oxigénio comparados com corredores técnico deve ser incluído nos planos de treinamento.
novatos correndo a mesma velocidade submá-
xima (10, 14, 29). Biomecanicistas sugeriram que a economia na corrida é afetada pelo
comprimento da passada (8), frequência de passadas (24), altura e rigidez vertical (13),
forças de repulsão no solo (21) e tempo de contato com o solo (32). Assim, se um corre
dor torna-se tecnicamente qualificado e pode otimizar sua frequência de passada e tempo
de contato com o solo, ele será mais económico e, portanto, mais eficiente. A relação
entre técnica e eficiência do movimento é importante em todos os esportes. Atletas de
vem se esforçar continuamente por maximizar a proficiência técnica e, por conseguinte,
devem incorporar treinamento técnico em seu plano global de treinamento.
Técnica e Estilo
Cada atividade esportiva tem um padrão ou modelo técnico aceito como perfeito, ou tão
próximo quanto possível de perfeito, e representa o modelo aceito de desempenho (15). Um
modelo de desempenho deve ser biomecanicamente completo e fisiologicamente eficiente
para ser amplamente aceito. O modelo geralmente não é desenvolvido com base na técnica de
atletas de elite ou campeões porque sua técnica pode não ser biomecânica ou fisiologicamente
com pleta. P o rtan to , sim p lesm en te co p iar a técnica d e u m cam peão não é aconselhável.
Um modelo técnico deve exibir alguma flexibilidade, porque deve ser constantemente
atualizado com base nos novos resultados da pesquisa. O modelo técnico deve ser usado como
um ponto de comparação para o desempenho de um atleta (15). Isso permite ao treinador de
senvolver um plano de treinamento que tem como alvo as deficiências. Embora o modelo téc
nico seja inestimável para fins de treinamento, o atleta provavelmente desenvolverá seu próprio
76 Periodização
Individualização da Técnica
Nem todas as técnicas são úteis para todos os atletas. Por exemplo, um atleta novato usará
uma técnica mais simplificada que um atleta de classe mundial (15). Portanto, ao introdu
zir elementos técnicos ao plano de treinamento de um atleta, o treinador deve compreen
der o nível de desenvolvimento individual do atleta, sua capacidade técnica e deficiências.
Na maioria dos casos a técnica é desenvolvida em estágios, por meio dos quais as
técnicas simplificadas são introduzidas primeiro. Após o atleta dominar esses elementos
básicos, o treinador, então, adapta a técnica e adiciona elementos que aumentam a difi
culdade técnica do exercício. Por exemplo, quando trabalhando com um jovem lançador
de disco, um treinador começa com o aperfeiçoamento do lançamento simples parado
(17). Uma vez que o lançamento parado é dominado, o treinador pode adicionar outros
elementos, como um lançamento com giro ou exercícios com troca de pés, para começar
a ensinar o atleta a técnica de rotação necessária para ser um lançador de disco bem-
-sucedido (17). Atletas novatos geralmente usam técnicas muito diferentes daquelas dos
atletas de elite, que as possuem como resultado de seu status de desenvolvimento.
Podem existir variações no desempenho de uma habilidade técnica. Frequentemente
essas variações ocorrem como resultado da complexidade da tarefa ou atributos biomecânicos
ou fisiológicos do adeta. Esportes cíclicos (exemplo, corrida, ciclismo, remo) muitas vezes
exibem menos diferenças técnicas interindividuais, enquanto esportes acíclicos (por exemplo,
arremesso, levantamento de peso, alguns esportes coletivos) têm um potencial maior para
variações na técnica. Para exemplo, AI Oerter tende a segurar o disco numa posição mais
baixa durante sua rotação que a maioria dos lançadores de disco, o que é geralmente consi
derado uma falha técnica. Contudo, esse padrão técnico individual foi altamente eficaz para
Oerter, em razão da força altamente desenvolvida da parte superior de seu corpo e da rápida
velocidade da perna (40). Esse exemplo demonstra que técnica é desenvolvida com base nas
habilidades do atleta, características fisiológicas e mecânicas e nível de desenvolvimento.
Ao ensinar um elemento técnico ou técnica completa, o treinador deve compreen
der as capacidades físicas e psicológicas do atleta. Por exemplo, se o lançador não possui
Preparação para o treinamento 77
uma base de força adequada, pode não ser forte o suficiente para manter seu tronco ver
tical em todo o movimento de lançamento (26). Portanto, não se justifica trabalhar na
parte de rotação do lançamento até a força ter sido substancialmente aumentada. Uma
base física inadequadamente desenvolvida limitará a capacidade do atleta de aprender
aspectos técnicos do esporte. Esse cenário reforça o argumento de que o treinamento
físico é a base de todos os fatores do treinamento (Figura 3.1).
As vezes, um atleta será forçado a interromper sua programação de treinamento (por
exemplo, por motivo de doença ou acidentes). Essas interrupções geralmente afetam a
capacidade física do atleta, o que pode resultar em ligeiras alterações na técnica como resul
tado da perda de condicionamento físico. Quando atletas experimentam uma declínio em
capacidade física, uma deterioração concomitante na técnica com frequência ocorre. Além
disso, altos níveis de fadiga podem afetar negativamente a técnica de um atleta ou sua ca
pacidade de aperfeiçoá-la. Altos níveis de fadiga estão usualmente relacionados com baixos
níveis de capacidade de trabalho físico. Portanto, quando a capacidade de trabalho físico
retornar ao normal ou a fadiga for dissipada, o atleta será capaz de restabelecer sua técnica.
Por causa dos efeitos negativos da fadiga sobre o desenvolvimento da técnica, alguns auto
res sugerem que o treinamento técnico deve ocorrer antes do condicionamento e um dia
pesado de condicionamento não deve preceder um dia de técnica (15).
TREINAMENTO TÁTICO
Tática e estratégia são conceitos importantes em treinamento e atletismo. Ambos os termos
são derivados do vocabulário militar e têm origem grega. A palavra tática é derivada da pa
lavra grega taktika, que se refere a como as coisas são organizadas. Estratégia vem da palavra
grega strategos, que significa “general” ou “a arte do general”. Na teoria da guerra, estratégia
e tática são categorizadas separadamente porque ambos os termos têm dimensões únicas.
Quando examinadas no contexto militar, as estratégias concentram-se em espaços amplos,
longos períodos e grandes movimentos de forças, enquanto a tática trata espaços, tempos e
forças menores. Quando examinadas numa perspecriva hierárquica, estratégias precedem o
planejamento da guerra e da tática real usadas no campo de batalha.
Táticas e estratégias podem ser usadas durante treinamento ou numa competição
com adversários diretos ou indiretos. Estratégia é a organização do treinamento, do jogo
ou da competição baseada numa filosofia ou modo de abordar um problema (por exem
plo, treinamento ou competição). Dentro da estrutura estratégica estão as táticas, ou
planos de treinamento ou jogo. Um bom exemplo do inter-relacionamento entre estra
tégias e táticas pode ser visto no processo de treinamento, onde treinadores de força e
condicionamento induzem respostas fisiológicas usando táticas organizadas em sistemas
racionais (34). Quando alguém está tentando entender a relação entre estratégias e táti
cas, a abordagem mais simples é considerar estratégia como a arte de projetar e direcionar
planos de treinamento ou competitivos e táticas como a organização desses planos.
Treinamento tático refere-se a objetivos defensivos e ofensivos do treinamento (por
exemplo, pontuação, um jogo específico) pertinentes a um esporte. Por exemplo, em fu
tebol, habilidades que são consideradas como parte do treinamento tático incluem passes,
ritmo dos ataques, defesas, distribuição de passes, habilidades de drible e comprimento dos
passes (23). Cada esporte exige certas habilidades e, portanto, o treinamento tático pode
ser diferente para cada atividade esportiva. Ações táticas são parte da estrutura estratégica
usada para treinar o atleta e prepará-lo para a competição. A base de qualquer plano tático
bem-sucedido, independentemente da atividade esportiva, é um alto nível de proficiência
técnica. Assim, a técnica é um fator limitante para todas as manobras táticas, e as táticas
são uma função da técnica de um atleta. Habilidades técnicas baseiam-se nas adaptações
fisiológicas que ocorrem em resposta ao treinamento físico. Assim, o treinamento físico é o
fundamento para o treinamento técnico e tático (Figura 3.1).
Human Kinetics
Antes de criar um programa de treinamento, você precisa saber quais os tipos de habilidades
táticas necessários.
Muitas vezes atletas devem atuar em condições ambientais adversas ou incomuns, tais
como num campo molhado, num vento forte, em água fria ou num ambiente barulhento.
Preparaçao para o treinamento 81
Estas condições exigem preparação especial. As diretrizes a seguir podem ajudar atletas a
adaptar-se a estas condições adversas.
A interação coesa de uma equipe é essencial para o sucesso nos esportes classifica
dos nos grupos 2 e 4. Usar técnicas como limitar condições externas (por exemplo,
diminuir o tempo disponível ou espaço de jogo) pode forçar a equipe a interagir
e cooperar. Estresse adicional pode ser introduzido pela adição de fadiga a esses
cenários. Esses cenários ajudarão atletas a aprender como interagir e cooperar em
situações adversas.
Uma estratégia adicional é executar manobras táticas contra um adversário conhe
cido tentando neutralizar sua forma de jogar. Esse cenário pode ser criado usando-se
uma equipe adversária ou criando-se uma equipe adversária com jogadores da reserva
durante o treinamento. O treinador deve instruir estes jogadores a se comportar como
se não estivessem familiarizados com a tática aplicada. Jogadores da reserva devem
participar na preparação de táticas de jogo, porque alterações na organização da equipe
aumentam o potencial de um colapso na cooperação e nas táticas. E útil, portanto,
durante as práticas substituir jogadores-chave por jogadores da reserva. Isso permite
aos jogadores da reserva se familiarizarem com as táticas da equipe e aos outros joga
dores permite ao grupo existente ver como o jogador da reserva atua e como as táticas
da equipe mudariam com sua presença. Essas técnicas permitem à equipe desenvolver
novas combinações táticas que podem melhorar sua capacidade competitiva.
Para maximizar a cooperação da equipe, o treinador deve introduzir mudanças nas táti
cas da equipe que venham a aumentar sua flexibilidade tática. A equipe pode usar a fle
xibilidade tática para criar cenários que vão surpreender os adversários. Uma infinidade
de variações táticas p o d e ser u tiliz a d a, c o m o as seguintes:
• Agendar para equipe jogos amistosos contra equipes que usam vários estilos
de jogo. Isso permite a equipe se preparar para essas situações em jogos futu
ros e desenvolver soluções táticas para o estilo de jogo encontrado.
P en sa m en to Tático e Plano d e J o g o
Um componente central do treinamento tático é desenvolver habilidades de
pensamento tático. A capacidade de pensar taticamente é limitada pelo conhecimento e
repertório de habilidades táticas do adeta. Para pensar taticamente, o atleta deve aprender a
fazer o seguinte:
AP Photo/Mike McCarn
atuações para desenvolver confiança, criar moti
vação e aumentar o desejo competitivo.
Com a aproximação da competição, o trei
nador deve concentrar-se apenas em alguns
pontos importantes do plano de jogo sem so
brecarregar o atleta com instruções em demasia.
Não importa o quão detalhado seja o plano de
jogo preliminar, sempre existe um potencial de Um treinador precisa analisar o quão bem um pla
ocorrências técnicas e táticas imprevistas. Por no de jogo está funcionando durante uma compe
conseguinte, o plano deve ser flexível o suficiente tição. Será o atleta capaz de escolher a ação tática
para permitir ao atleta responder a esses desafios. correta para aplicar a uma determinada situação?
A segunda fase do plano de jogo é a implementação do plano geral numa situação real de
jogo. A fase inicial do jogo é geralmente usada para testar os elementos principais do plano
tático. Nessa parte do jogo, a equipe vai se esforçar para desvendar o plano de jogo do adver
sário enquanto oculta o seu próprio. O adeta terá de ser capaz de analisar e compreender as
situações táticas que surgem e escolher uma ação tática para aplicar. A capacidade de com
preender essas situações táticas dependerá do conhecimento tático do adeta, experiência, di
nâmica de equipe e preparação tática. Esses atributos permitirão ao atleta resolver problemas
instantaneamente, trabalhando com períodos de análise, síntese (isto é, combinando partes
separadas num todo), comparação e generalização. Esse processo permite ao adeta determinar
as soluções mais adequadas às demandas táticas do jogo. Os processos individuais de toma
da de decisão ocorrerão em sintonia com as dinâmicas de tomada de decisão do grupo. Os
esforços coordenados entre cada indivíduo na equipe permitem soluções racionais, originais,
rápidas, económicas e eficientes para os desafios táticos periódicos que surgem durante o jogo.
A terceira fase do planejamento de jogo requer ao treinador executar uma análise siste
mática, crítica do plano de jogo. O treinador deve examinar atentamente como o plano
foi desenvolvido, a eficácia das funções táticas individuais no plano, o sucesso do plano tático,
e, se o plano de jogo não teve êxito, quais as razões. Quanto mais detalhada a análise,
mais ela revelará os pontos fortes e fracos do plano.
84 Periodização
Integração-Diferenciação
Aprender ou aperfeiçoar uma habilidade, bem como treinar uma capacidade é um processo
multifatorial, por meio do qual o atleta pode desenvolver domínio técnico e estratégico.
Central ao processo são os conceitos de integração e diferenciação. Integração refere-se à
combinar a habilidade individual ou manobras táticas num processo global, enquanto di
ferenciação envolve processar analiticamente cada componente do processo global.
Ao aprender uma nova técnica ou habilidade, o atleta progride de simples elementos téc
nicos ou táticos para elementos complexos. Para dominar uma habilidade ou manobra tática
que já tenha sido aprendida, o processo é inverso: o adeta e o treinador devem analisar a habi
lidade toda ou manobra tática, dividindo-a em subunidades para determinar se existem erros
técnicos. Se o adeta e o treinador determinam que cada subunidade está livre de falhas técnicas,
é provável que existam erros na forma como as subunidades individuais são unificadas em todo
o sistema (exemplo, partes conectivas ou dois elementos numa rotina de ginástica ou outra
habilidade esportiva). Se o exame das conexóes entre as subunidades não revelar erros técnicos,
a diferenciação adicional da habilidade é necessária para isolar as fontes do erro. Uma vez que as
fontes do erro são isoladas, o treinador e o adeta devem desenvolver estratégias para eliminá-lo.
O processo de integração-diferenciação pode ser usado para aperfeiçoar ou alterar o
modelo técnico ou tático que está sendo usado. A Figura 3.4 ilustra como uma habilidade
pode ser aperfeiçoada pelo uso de um processo sistemático de integração (ou seja, construir
habilidades globais) e diferenciação (ou seja, dissecar a habilidade em subunidades e deter
minar onde estão os erros). O resultado desse processo é o domínio da habilidade.
Se o treinador determina que uma habilidade técnica ou manobra tática é insufi
ciente, pode ser necessário alterar o modelo de desempenho. O treinador deve deter
minar porque um erro ocorreu e analisar criticamente o modelo para determinar quais
componentes podem ser removidos ou modificados (Figura 3.5). Determinar erros téc
nicos ocorre com o mesmo processo de diferenciação apresentado anteriormente. Uma
vez que os erros técnicos são isolados e o treinador decidiu que o modelo de desempenho
deve ser alterado, o erro técnico deve ser “desaprendido” e uma nova habilidade técnica
ou um elemento ensinados. Uma vez que o atleta aprenda o novo elemento ou habili-
Preparação para o treinamento 85
dade, deverá praticá-lo até que se torne automático; então, a habilidade é reintroduzida
no sistema global de desempenho e o atleta pratica a habilidade até que ela é dominada.
Estabilidade-Variabilidade
Padronização-Individualização
E stá g io 1 E s tá g io 2 E s tá g io 3
♦ ♦ _ _ _ Í
O b je tivo O b je tiv o O b je tiv o
i 1
E xig ê n c ia s E x ig ê n c ia s E x ig ê n c ia s
Outra questão que deve ser considerada quando se trata erros técnicos é a intensi
dade ou velocidade em que os exercícios são executados. Na maioria dos casos, os trei
nadores se concentram em corrigir a técnica com movimentos de baixa intensidade ou
baixa velocidade. Embora este seja um passo importante na reeducação do atleta, eventos
esportivos, frequentemente ocorrem em velocidades e intensidades maiores. Portanto,
depois que o atleta se tornou proficiente na nova habilidade ou corrigiu a habilidade
com baixas intensidades e velocidades, ele deve praticá-la em velocidades e intensidades
progressivamente maiores até que a habilidade possa ser usada na competição.
Visualização ou prática mental é uma excelente ferramenta para a correção de erros
técnicos (46). A literatura científica tem mostrado que atletas que usam práticas mentais
atuam significativamente melhor que aqueles que não o fazem (46). O treinador deve
considerar incorporar a prática mental ao plano de treinamento de modo a maximizar a
correção de erros técnicos e, finaímente, melhorar o desempenho.
TREINAMENTO TEÓRICO
Embora seja comumente aceito que atletas precisem desenvolver habilidades físicas, téc
nicas, táticas e psicológicas, se eles precisam entender a base teórica do treinamento e do
esporte é de grande controvérsia. Alguns treinadores estão ligados à convicção arcaica de
que precisam pensar por seus atletas e de que estes só precisam preocupar-se com o trei
nar e o competir. De fato, tratar o desenvolvimento de atletas dessa forma poderá atrasar
a melhoria de suas habilidades e desempenho.
O treinador deve considerar o desenvolvimento do atleta, que inclui educá-lo sobre
o esporte, a teoria do treinamento e o porquê de estar fazendo certas coisas no treina
mento. Para educar atletas efetivamente, o treinador deve manter-se atualizado com os
conhecimentos teóricos lendo literatura de ciência do esporte, assistindo a conferências
sobre ciência do esporte e treinamento e interagindo com outros treinadores. O treina
dor deve educar o atleta nas seguintes áreas:
ser encorajados a se tornar estudantes de seu esporte. Isso pode ser feito assistindo a clí
nicas esportivas, interagindo com outros treinadores e atletas, lendo periódicos e outros
textos pertinentes, e participando de discussões detalhadas com seus treinadores pessoais.
VARIÁVEIS DO
TREINAMENTO
eficiência de um programa de treinamento físico decorre de manipulações de volume
VOLUME
Volume é um componente primário do treinamento, porque é um pré-requisito para o
alto nível de êxito técnico, tático e físico. O volume do treinamento, algumas vezes incor
retamente chamado de duração do treinamento, incorpora as seguintes partes essenciais:
91
92 Periodização
O tempo que os atletas passam treinando aumentou consistentemente ao longo das dé
cadas. Por exemplo, Abadjiev e Faradjiev (6) relataram que levantadores de peso na Bulgária
aumentaram seu volume de treinamento em 625% entre 1966 e 1984 - de 800 a 5.800
toneladas métricas, respectivamente. Fiskerstrand e Seiler (28) relataram que entre 1970 e
2001, o volume de treinamento aumentou 22% para os remadores noruegueses de classe in
ternacional. Embora seja importante maximizar o volume de treinamento, é imperativo que
este varie de acordo com o esporte, objetivos do treinamento, necessidades do atleta, idade de
treinamento do adeta, fase de desenvolvimento do atleta e fase do plano anual de treinamento.
INTENSIDADE
A intensidade, ou o componente qualitativo do trabalho que um atleta executa, é outra va
riável importante do treinamento. Komi definiu intensidade (43, 44) em relaçáo à potência
de saída (ou seja, gasto de energia ou trabalho por unidade de tempo), força de oposição
ou velocidade de progressão. Segundo essa definição, quanto mais trabalho o atleta executa
por unidade de tempo, maior a intensidade (20, 69, 79). Intensidade é uma função da ati
vação neuromuscular, com maiores intensidades (por exemplo, maiores potências de saída,
maiores cargas externas) que exigem maior ativação neuromuscular (36). A ativação neuro
muscular padrão será ditada pela carga externa, a velocidade do desempenho, a quantidade
de fadiga desenvolvida e o tipo de exercício realizado (36). Um fator adicional a considerar
é a pressão psicológica de um exercício. O aspecto psicológico de um exercício, mesmo na
presença de uma baixa tensão física, pode ter um alto nível de intensidade que se manifesta
como resultado da concentração e do estresse psicológico.
A avaliação da intensidade é específica do exercício e do esporte. Exercícios que envolvem
velocidade normalmente são avaliados em metros por segundo, taxa por minuto ou potência
de saída (watts). Quando a resistência é usada na atividade, a intensidade é normalmente
quantificada em quilogramas, quilogramas ergueram 1 metro contra a força da gravidade
(kg/m) ou potência de saída (watts). Em esportes de equipe, a intensidade do jogo é frequen
temente quantificada como a frequência cardíaca média, a frequência cardíaca em relação ao
limiar anaeróbio ou a porcentagem da frequência cardíaca máxima (13, 33, 76).
O plano de treinamento deve incluir intensidades variadas nas várias fases do plano anual
de treinamento, especificamente ao nível do microciclo. Existem muitos métodos para quan
tificar e estabelecer a intensidade do treinamento. Por exemplo, com exercícios que são execu
tados contra uma resistência ou em altas velocidades, a intensidade do treinamento pode ser
quantificada como uma porcentagem do melhor desempenho (68). O melhor desempenho,
então, representaria uma intensidade máxima. Digamos que um adeta complete uma corrida
de 100 m em 10 s, que corresponde a uma velocidade de 10 m/s. Se o atleta pode gerar uma
velocidade maior (por exemplo, 10,2 m/s) ao longo de uma distância menor, a intensidade
seria considerada supermáxima porque é mais que 100% da velocidade máxima (Tabela 4.1).
O colapso dos estoques musculares de ATP ocorre muito rapidamente e a CrP deve ser
usada para manter o suprimento de energia. No prazo de 10 s do início do exercício de
alta intensidade, a capacidade da CrP de manter o suprimento de ATP é diminuída em
50% e em 30 s a CrP contribui muito pouco para o fornecimento de ATP (53). Por
tanto, como o exercício nesta zona de intensidade se estende de 10 a 30 s em duração,
a dependência da glicose do sangue e dos estoques musculares de glicogênio aumenta
progressivamente (53). Por causa da crescente dependência da glicólise rápida, pode ha
ver um aumento substancial na acumulação de ácido lático dependendo da duração e da
intensidade da sessão de exercício (53, 79). Como resultado da produção aumentada de
ácido lático, um substancial ECOP pode ocorrer como resultado do exercício nesta zona
de intensidade.
• Zona de intensidade 3: Atividades que duram de 30 segundos a 2 minu
tos (exemplo, corrida 400 metros, corrida 800 metros, 1 quilómetro em ciclismo de
pista) são consideradas atividades de intensidade moderadamente alta. Essas ativida
des contam predominantemente com fornecimento de energia anaeróbia, especifica-
mente os sistemas glicolíticos rápido e lento. Como uma duração de atividade muda
de 30 s a 2 min, a ativação do sistema glicolítico lento aumenta. Com as atividades
nesta zona, a velocidade e o exercício aeróbios de alta intensidade (EAAI) são de
interesse primário. Dependendo da duração e da intensidade dessas atividades, uma
grande quantidade de ácido lático é produzida em resposta ao desafio metabólico
encontrado (53). Os mais prováveis limitadores de desempenho nesta zona de inten
sidade são as diminuições em estoque muscular de ATP, CrP e glicogênio muscular.
O acúmulo de ácido lático pode limitar também o desempenho (79).
Conhecer em que zona de intensidade cai sua atividade pode ajudá-lo a compreender melhor que
sistemas seu corpo usa para fornecer energia para competição.
96 Periodização
Ao trabalhar com atletas de treinamento aeróbio (22, 28, 66) ou adetas de esportes de
equipe (13, 33, 76), os treinadores devem considerar o uso da resposta de frequência cardíaca
como um indicador de intensidade. A frequência cardíaca aumenta linearmente com o au
mento da carga de trabalho e do consumo de oxigénio (54, 66). Em virtude desse estreito
relacionamento, a frequência cardíaca tem se tornado uma maneira popular de quantificar a
intensidade de exercício em exercício aeróbio. Para maximizar a eficácia do treinamento base
ado em frequência cardíaca, um teste de exercício graduado deve ser usado para determinar a
frequência cardíaca máxima, o limiar anaeróbio ou de lactato e o VO,máx do adeta. Embora
não tão precisos quanto um teste de exercício graduado, um máximo previsto por idade pode
ser usado para estimar a taxa cardíaca máxima do atleta (66).
Uma vez que a taxa cardíaca máxima é determinada, zonas de treinamento da frequência
cardíaca podem ser estabelecidas nas quais se basear o treinamento (Tabelas 4.3 e 4.4).
Faria e colegas (26) sugeriram que o limiar anaeróbio individual (IAS) é um marcador
crucial que pode ser usado para determinar variações de treinamento básicas e de
Variáveis do treinamento 97
evolução da taxa cardíaca (tabela 4.5). A zona de treinamento básico é usada para estimular
aumentos em aptidão aeróbia, enquanto que a zona de evolução é usada para melhorar a to
lerância ao lactato (26). A zona de treinamento básico é calculada como IAS - 50 batimentos
por minuto até IAS - 30 batimentos por minuto. Assim, para um atleta com IAS de 170, a
zona básica seria de 120 a 140 batimentos por minuto. A zona de treinamento de evolução
é calculada como o IAS - 5 batimentos por minuto até IAS + 5 batimentos por minuto. Por
exemplo, um adeta com um IAS de 170 teria uma zona de treinamento de evolução de 165 a
175 batimentos por minuto. Faria e colegas (26) sugeriram que a zona de evolução seja usada
após um período de treinamento básico e mais próximo da competição.
No esporte do ciclismo, pode-se também quantificar intensidade baseado na medição de
potência de saída (11, 40). Ao usar um plano de treinamento baseada em potência, o atleta
deve primeiro determinar seu limiar funcional, que é calculado subtraindo-se 5% da potência
média alcançada durante um período experimental de 20 minutos realizado numa superfície
plana (11). Uma vez que isso é realizado, sete zonas de treinamento distintas podem ser esta
belecidas e usadas para desenvolver um plano de treinamento (Tabela 4.6).
2 6 6 -7 2 T re in a m e n to a e ró b io básico
3 7 3 -8 0 T re in a m e n to de te m p o
4 8 4 -9 0 T re in a m e n to de lim ia r a na e ró b io
3 Tem po 7 6 % -9 0 % 8 4 % -9 4 % 1 7 1 -2 0 3 1 5 0 -1 6 7
4 L im ia r de 91 % -1 0 5 % 9 5 % -1 0 5 % 2 0 5 -2 3 6 1 6 9 -1 8 7
L acta to
6 C a p a cida d e 121 % -1 5 0 % N /A 2 7 2 -3 3 7 N /A
a n a e ró b ia
7 P o tê n cia N /A N /A N /A N /A
N e u ro m u s c u la r
Altas cargas de trabalho desenvolvem aptidão aeróbia, criam uma base de capacidade
de trabalho, estabelecem a duração e a estabilidade dos efeitos de treinamento corres
pondentes e servem como base para esforços intensos envolvidos em preparação especial
e técnica (79). Muitas estratégias podem ser usadas para aumentar a carga de trabalho:
(a) aumentar o número de repetições por série ou aumentar a distância com uma di
minuição correspondente em intensidade; (b) aumentar o número de séries, exercícios
ou ambos; e (c) manipular a densidade de treinamento (por exemplo, a frequência de
treinamento dentro do microciclo ou dia de treinamento). Um bom exemplo de como
usar esses métodos para aumentar a carga de trabalho pode ser visto em natação de longa
distância. Na fase preparatória do treinamento, o nadador pode aumentar o volume de
treinamento aumentando o número, comprimento ou distância dos intervalos usados
no treinamento ou aumentando a densidade de carga (por exemplo, aumentando a fre
quência do treinamento de alto volume) (62). Para aumentar o volume de treinamento,
uma diminuição em intensidade provavelmente ocorrerá. C ontudo, este treina
mento de baixa intensidade, e alto volume servirá como a base sobre a qual o trabalho
de mais elevada intensidade será construído (62, 79).
A relação entre volume e intensidade de treinamento varia consideravelmente ao
longo de um ano de treinamento, dependendo do foco da fase do plano anual (Figura
4.2). Com muitas atividades esportivas, essas flutuações no treinamento podem incluir
alterações em tempo ou ênfase no treinamento físico, tático e técnico.
Semanas
Figura 4.2 Exemplo de flutuações em volume e intensidade de treinamento para um levantador de peso master.
Nota: O volume é representado como volume de carga (repetições x séries x resistência em kg) e TI representa a intensidade de treinamento média em quilogramas.
100 Periodização
Figura 4.3 Comparação teórica das cargas de treinamento e nível de desenvolvimento do atleta. Uma carga
de destreinamento é uma carga subótima que resulta numa perda de adaptação fisiológica. Uma
carga de manutenção resulta na manutenção da adaptação fisiológica. Uma carga estimulante resul
ta num aumento em adaptações fisiológicas.
A d a p ta d o d e Z a tsio rsky, 1 9 9 5 (82) e Z a ts io rs k y e K raem er, 2 0 0 6 (83).
fisiológicas) ou uma carga de destreinamento (carga não suficientemente alta para manter
adaptações fisiológicas e uma perda de adaptações fisiológicas ocorre) (82, 83) (Figura
4.3). Por exemplo, um atleta principiante pode otimizar ganhos de força de um progra
ma de força com 3 dias de treinamento por semana (63, 67), enquanto um atleta mais
avançado pode exigir sessões de treinamento de resistência mais frequentes (por exem
plo, quatro a oito sessões por semana) para maximizar o estímulo de treinamento.
Quando o atleta tornar-se mais desenvolvido, precisará de uma variação maior de
treinamento, que vem de aumentos na carga (volume e intensidade), densidade de trei
namento e mudanças periódicas em exercícios ou atividades. Essas alterações na carga
de treinamento não devem ser súbitas, a menos que alguém esteja usando overreaching
planejado ou estratégias de carga concentrada (65, 69, 79). Quando o atleta torna-se
mais treinado e sua capacidade de trabalho aumenta, ele deve periodicamente aumentar
a carga de treinamento num modo não linear. Treinadores precisam ser extremamente
cuidadosos ao tentar aumentar a carga de treinamento, porque a maioria dos planos de
treinamento implica num atraso em adaptações ao treinamento.
Ao tentar aumentar a carga de treinamento por meio de alterações de volume e in
tensidade, o treinador pode considerar várias estratégias de exemplo.
uma fase de involução resulta. Apesar de uma redução na carga de trabalho ser necessária
quando o atleta está tentando dissipar a fadiga, recuperar-se ou chegar ao máximo para
uma competição, permanecer em períodos de treinamento sublimiar por tempo demais
resultará numa perda de adaptações fisiológicas e, final mente, de capacidade de desem
penho como um resultado do destreinamento (57, 58). Durante o plano anual, se a fase
de transição é muito longa e contém recuperação passiva ao invés de ativa, muitas, senão
todas, as adaptações estimuladas pelas fases preparatórias e competitivas do treinamento
serão perdidas.
DENSIDADE
A densidade de treinamento pode ser definida como a frequência ou a distribuição das ses
sões de treinamento (79) ou a frequência na qual um atleta executa uma série de repetições de
trabalho por unidade de tempo (15). A densidade de treinamento pode ser pensada como um
relacionamento que é expresso em unidades de tempo entre as fases de trabalho e a recupe
ração do treinamento. Assim, quanto maior a densidade, mais curto o tempo de recuperação
entre as fases de trabalho do treinamento. Ao aumentar a densidade do treinamento, atleta
e treinador devem estabelecer um equilíbrio entre trabalho e recuperação para evitar níveis
excessivos de fadiga ou exaustão, o que pode levar a treinamento excessivo.
E muito difícil calcular a quantidade ideal de tempo necessária entre múltiplas ses
sões de treinamento (por exemplo, dentro do dia de treinamento ou microciclo) porque
muitos fatores podem contribuir para a taxa de recuperação do atleta (ver Capítulo 5).
A intensidade e o volume de treinamento encontrados numa sessão desempenham um
papel importante na determinação da quantidade de tempo necessária antes de outro
treino ser realizado (79, 82). Quanto maior a carga de trabalho (ou seja, intensida
de e volume) da sessão de treinamento, maior a quantidade de tempo necessária para
recuperar-se antes que a preparação ou a capacidade de desempenho seja restaurada (82,
83). Além disso, o status de treinamento do atleta (82, 83), sua idade cronológica (23,
45, 71), as intervenções nutricionais utilizadas por ele (18) e o uso de intervenções de
recuperação (12, 55) todos podem afetar sua capacidade de recuperar-se das sessões
de treinamento (ver Capítulo 5 para mais informações). A recuperação completa de
uma sessão de treinamento antes da próxima não é necessária. Uma estratégia comum é
aumentar a densidade de treinamento e promover a recuperação por meio de sessões de
diferentes cargas de trabalho dentro de um dia de treinamento ou microciclo.
Dois métodos são comumente usados para otimizar o intervalo de trabalho/descanso
durante treinamento aeróbio ou treinamento intervalado: (a) taxas fixas de trabalho/recu
peração (14, 47, 48, 73, 75) e durações de recuperação (b) que necessitam de frequência
cardíaca para retornar a uma predeterminada porcentagem da máxima (9, 47, 48, 70).
Computar a densidade de uma sessão de treinamento pode ser realizado por calcular
o que é chamado de densidade relativa. A densidade relativa é a porcentagem do volume
de trabalho que o atleta executa em comparação com o volume total dentro da sessão de
treinamento. A equação da densidade relativa é a seguinte:
ATP-PC 5 -1 0 1 :1 2 -1 :2 0
Glicólise rápida 1 5 -3 0 1 :3 - 1 :5
Vamos dizer que o volume absoluto do treinamento seja de 102 minutos e o volume
relativo 120 minutos; a densidade relativa da sessão de treino seria calculada do seguinte modo:
Essa porcentagem calculada sugere que o atleta trabalhou 85% do tempo. Embora a
densidade relativa tenha algum valor para atleta e treinador, a densidade absoluta do
treinamento é mais importante. A densidade absoluta pode ser definida como a taxa
entre o trabalho efetivo que o atleta realiza e o volume absoluto. A densidade absoluta
ou trabalho efetivo é calculado subtraindo-se o volume dos intervalos de descanso do
volume absoluto usando a seguinte equação:
Vamos dizer que o volume dos intervalos de repouso seja de 26 minutos e a carga absoluta
102 minutos. A densidade absoluta, então, deveria ser calculada do seguinte modo:
Esses cálculos indicam que a densidade absoluta do treinamento foi 74,5%. Como
a densidade do treinamento é um fator de intensidade, o índice de densidade absoluta
poderia ser considerado de média intensidade (ver Tabela 4.1). Determinar a densidade
relativa e absoluta do treinamento pode ser útil para estabelecer sessões de treinamento
efetivas.
COMPLEXIDADE
Complexidade refere-se ao grau de sofisticação e dificuldade biomecânica de uma ha
bilidade. O desempenho de habilidades mais complexas em treinamento pode aumen
tar sua intensidade. Aprender uma habilidade complexa pode exigir trabalho extra, em
comparação com habilidades básicas, especialmente se o atleta possui coordenação neu
romuscular inferior ou não está completamente concentrado na aquisição da habilidade.
Atribuir habilidades complexas a vários indivíduos que não tenham experiência anterior
com a habilidade, diferencia rapidamente os atletas bem-condicionados dos malcondi-
cionados. Por conseguinte, quanto mais complexo um exercício ou habilidade, maiores
as diferenças e eficiências mecânicas individuais do atleta.
A complexidade das habilidades previamente aprendidas pode impor estresse fisiológi
co, ainda que as habilidades tenham sido dominadas. Por exemplo, Eniseler (25) demons
trou que a frequência cardíaca e o acúmulo de lactato são mais elevados com treinamento
tático comparado com treinamento técnico em jogadores de futebol. Nesse estudo, a parte
técnica da sessão de treinamento centrava-se na prática da habilidade sem a presença de
um adversário. A adição de um adversário durante o treinamento tático aumentou signifi
cativamente a complexidade dos exercícios e, portanto, aumentou a frequência cardíaca e
a produção de lactato. Além disso, quando jogos simulados foram empreendidos, a com
plexidade das atividades aumentou novamente, resultando num aumento concomitante na
frequência cardíaca e na produção de lactato. As frequências cardíacas e os níveis de lactato
mais altos foram observados em jogos reais. À luz dessas informações, o treinador deve
considerar o estresse fisiológico das diferentes partes da sessão de treinamento no contexto
da complexidade das habilidades ou das atividades usadas.
Nesse exemplo, o IDG de treinamento é muito baixo, um pouco menos que 50%.
REPOUSO E
RECUPERAÇÃO
tletas, especialmente atletas de elite, levam vidas muito exigentes, passando por
111
112 Periodização
levar a níveis mais altos de desempenho atlético (6). Quando um atleta deve enfrentar
múltiplas competições durante um tempo muito curto, o uso de intervenções especifica-
mente projetadas para induzir restauração e adaptação pode ser importante.
Atleta e treinador devem considerar incluir sessões de recuperação estruturadas
como parte do regime de treinamento regular do atleta e pós-competição (6). Para im
plementar adequadamente estratégias de recuperação, atleta e treinador precisam estar
familiarizados com as técnicas de recuperação e como elas podem ser melhor integradas
ao plano de treinamento periodizado.
Repouso e recuperação 113
O v e rre a c h in g
F a diga A u m en to do estado de fa d ig a
S in to m a s A u m en to da severidade d os sintom as
D im inuição e nenhum a
D e se m p e n h o A um ento D im inuição te m p o rá ria D im inuição
m udança
excesso de treinamento, porque uma infinidade de fatores contribui para sua ocorrência (50,
66, 68, 94, 102). Embora o melhor método para prevenir o excesso de treinamento seja usar
princípios de treinamento cientificamente embasados, como a periodização, o adeta também
se beneficiará de avaliações abrangentes do estresse de treinamento, de fatores psicológicos
como o estado de humor, dos índices bioquímicos de estresse e recuperação e das respostas fi
siológicas ao teste de desempenho (veja Etapas para Evitar o Excesso de Treinamento, p. 116).
11 m otivação ít indiferença
M anifestações
ff irritab ilid a de ít depressão
psicológicas
ít depressão ít sono
A petite 11 O
ít repouso, exercício e recup e ra ção da fre q u ên cia ít brad ica rdia de repouso
P arâm etros cardíaca 1 1 o F requência cardíaca de exercício
cardiovasculares ít repouso, exercício e recuperação da pressão sanguínea f f o recuperação da frequência cardíaca pós-exercício
ít a no rm alidades no ECG 1 1 o resposta da pressão sanguínea ao exercício
Fadiga C rónica ít
Adaptado, com permissão, de L.T. MacKinnon e S.L. Hooper, 2000, Overtraining and overreaching: causes, effects and
prevention, in: Exercise and sport science, editado porW.E.Garrett e D.T. Kirkendall (Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins),
487-98.
Repouso e recuperação 117
Treinadores e atletas são encorajados a criar suas próprias formas de atender suas ne
cessidades. No entanto um formulário em branco foi incluído na página 135 para ajudar
no processo de acompanhamento.
TEORIA DA RECUPERAÇÃO
Recuperação ou regeneração é um processo multifatorial que exige do treinador e atleta com
preender a constituição fisiológica do adeta, os efeitos fisiológicos das intervenções de treina
mento e recuperação, e os efeitos de integrar treinamento e as estratégias de recuperação. Um
treinador ou adeta que compreende esses conceitos pode aplicar intervenções de recuperação ou
modificações do plano de treinamento para maximizar os resultados do treinamento.
A restauração ocorre em diversas fases distintas: (a) recuperação interexercício, (b)
recuperação pós-exercício e (c) recuperação alongo prazo (140, 180).
Recuperação interexercício ocorre durante a sessão de exercício e se relaciona à bioener-
gética da atividade sendo executada. A fadiga durante uma sessão de exercício está parcial-
mente relacionada à quantidade de fosfagênios disponíveis. As concentrações de adenosina
trifosfato muscular (ATP) não diminuem mais de 45% em resposta ao exercício intenso
(1, 65, 81). Os níveis de ATP são mantidos como resultado da sua restauração por meio
dos sistemas de energia fosfagênio, glicolítico e oxidativo. Para manter os estoques de ATP
muscular, a fosfocreatina (PCr) pode ser reduzida de 50% a 70% em apenas 5 s de exercí
cio de alta intensidade e pode ser quase completamente esgotada com exercício exaustivo
muito intenso (65, 81). Aproximadamente 70% da restauração da ATP ocorre em cerca de
30 segundos, enquanto de 3 a 5 minutos de recuperação são necessários para ressintetizar
completamente a ATP (70). Aproximadamente 84% dos estoques de PCr são restaurados
em 2 minutos, 89% em 4 minutos e 100% em 8 minutos (58, 70, 72). Fosfagênios são
repostos principalmente pela utilização de metabolismo aeróbio (58), mas a glicólise rápida
pode contribuir para a recuperação após exercício de alta intensidade (42, 58).
Recuperação pós-exercício ocorre após o encerramento do exercício e está relaciona
da à remoção de subprodutos metabólicos, à reconstituição dos estoques de energia e
ao início da reparação do tecido (76, 140). Após o término do exercício o corpo não
retorna imediatamente a um estado de repouso. Esse fenômeno é melhor ilustrado pela
elevação no consumo de oxigénio conhecida como consumo excessivo de oxigénio pós-
-exercício (EPOC), visto em resposta a uma sessão de exercício (88). A magnitude e a duração
do EPOC são medidas pelo distúrbio fisiológico (intensidade, duração ou combinação)
criado pela sessão de exercício. Portanto, quanto maior o distúrbio fisiológico criado,
maior o EPOC. Exercício aeróbio suave resulta num EPOC consideravelmente menor
que atinge níveis pré-exercício dentro de alguns minutos ou a várias horas, dependendo
da duração do exercício. Inversamente, exercício anaeróbio de alta intensidade como
treinamento de resistência, resulta num EPOC muito grande que pode durar até 38 ho
ras antes dos níveis de repouso serem atingidos (88, 106). Vários fatores são responsáveis
por elevar a quantidade do consumo de oxigénio pós-exercício: a ressíntese de ATP e
PCr, a formação de glicogênio muscular do lactato, a oxidação do lactato para formar
energia, a restauração do conteúdo de oxigénio da mioglobina e do sangue, os efeitos
termogênicos da temperatura central elevada, os efeitos termogênicos de hormônios e
os efeitos de frequência cardíaca elevada, ventilação e outras funções fisiológicas (105).
De particular interesse para o treinador e o atleta é a restauração do glicogênio mus
cular atribuível a relação entre o metabolismo do glicogênio e a intensidade do exercício
(32). Ambos os exercícios aeróbios e anaeróbios podem diminuir significativamente o
estoque de glicogênio muscular (54, 105). Após o encerramento do exercício, a restauração
Repouso e recuperação 119
Idade
Atletas com mais de 40 anos podem exigir períodos de recuperação mais longos após
o treinamento que atletas jovens. Isso é parcialmente explicado por dados que indicam
que, quando indivíduos mais velhos executam exercício intenso, especialmente exercício
com grandes componentes excêntricos, exigem mais tempo para recuperar sua força que
os jovens (41, 90) e demonstram maiores quantidades de dano muscular (90, 131). Além
disso, parece que atletas mais jovens (< 18 anos de idade) exigem mais recuperação entre
sessões de treinamento para realizar adaptações em comparação com atletas mais velhos
(18 a 40 anos) (133). Portanto, o treinador precisa considerar a idade do atleta ao pro
jetar um plano periodizado. Pode ser necessário incluir recuperação adicional ou sessões
de menor intensidade para facilitar a recuperação quando estiver trabalhando com atletas
mais jovens (< 18) e mais velhos (> 40).
Nutrição
s______ nização.
r.
Adaptado de Loat e Rhodes, 1989 (101), Reilly e Waterhouse, 2005 (129), Reilly e Edwards, 2007 (125), Warden, 2005 (166),
e Waterhouse et al., 2007 (167).
INTERVENÇÕES E ESTRATÉGIAS
DE RECUPERAÇÃO
Atletas e treinadores podem usar uma ampla variedade de estratégias para acelerar a
taxa de recuperação após treinamento ou competição. Essas estratégias incluem repou
so total, massagem, crioterapia, hidroterapia, termoterapia, terapia de contraste, drogas
anti-inflamatórias não esteroides, vestuário de compressão, alongamento e intervenções
dietéticas. Também é possível que combinações de estratégias ofereçam os benefícios de
recuperação mais efetivos para o atleta (6, 110). Por exemplo, Monedero e Donne (110)
demonstraram taxas de recuperação significativamente maiores quando atletas execu
taram uma combinação de técnicas de recuperação ativa, seguidas de massagem, em
comparação com apenas uma técnica de recuperação.
Recuperação Passiva
Recuperação Ativa
Massagem
A massagem tem sido usada em todo o mundo por milhares de anos como uma ferra
menta de reabilitação e de indução ao relaxamento (169). Muitos treinadores, atletas e
profissionais de medicina esportiva acreditam que a massagem pode melhorar a recupe
ração do treinamento, reduzir o risco de lesão e manter o desempenho atlético. A massa
gem ocidental clássica ou massagem sueca é o tipo mais comum de massagem usado com
atletas (103, 169). Várias técnicas são utilizadas neste tipo de massagem, dependendo da
experiência do terapeuta e da vantagem clínica desejada.
Os efeitos da massagem podem ser estimulados por mais de um mecanismo. Weerapong
e colegas (169) apresentaram um modelo teórico que demonstra como a massagem pode
afetar mecanismos biomecânicos, fisiológicos, neurológicos e psicológicos (Figura 5.7).
Contudo, poucos dados empíricos estão disponíveis para apoiar estes mecanismos, e
substancialmente mais pesquisa é necessária. Recentemente, mais investigação científica
te m o c o rrid o n a área d e técn icas d e rec u p e raç ã o e restau ração .
Mancinelli e colegas (103) demonstraram que o uso de 17 minutos de um pro
tocolo de massagem clássica ocidental como uma estratégia de recuperação durante a
preparação da pré-temporada da primeira divisão de jogadoras de voleibol e basquetebol
feminino resultou numa manutenção do tempo de corrida de ir e vir, numa diminuição
da dor percebida e numa melhoria no desempenho em salto vertical quando comparado
124 Periodização
com um grupo de atletas que não recebeu o tratamento de massagem. Zainuddin e cole
gas (179) relataram que 10 minutos de massagem realizada 3 horas após 10 séries de seis
flexões isocinéticas máximas de cotovelo (90°/s) resultaram numa redução de 30% da
dor muscular posterior, numa redução no inchaço do músculo, e num aumento signifi
cativo na remoção de creatina quinase comparado a uma situação de recuperação passiva.
Massagem também pode aumentar a taxa de remoção de lactato (4), que pode estar rela
cionada à percepção de recuperação (62). Embora pareça que a massagem ofereça algum
benefício, Lane e Wenger (89) sugerem que seus efeitos de indução de recuperação são
iguais à imersão em água fria e recuperação ativa.
Suporte adicional ao uso da massagem como estratégias de recuperação vem da li
teratura, sugerindo que essa reduz a ansiedade (96, 170, 182), a tensão (170), o estresse
(130), e a depressão (80); melhora o humor (170); e aumenta o relaxamento (170), a
sensação de bem-estar (11) e a percepção de recuperação (61, 62). Assim, parece que a
massagem oferece significativos efeitos psicológicos que podem ser particularmente úteis
ao atleta durante a recuperação.
Quando implementada como parte de um plano de recuperação, a massagem pode
ser realizada antes do treinamento ou competição (massagem preparatória) e após com
petição ou treinamento (massagem restauradora) (3, 87, 169).
Termoterapia
Termoterapia envolve várias técnicas utilizadas para aquecer o corpo, tais como imersão
em água morna, saunas, banhos de vapor, banheiras de hidromassagem quente, bolsas
quentes (hydrocollator), banhos de parafina e lâmpadas infravermelhas (119, 138). Crê-
-se que a termoterapia aumente o fluxo sanguíneo subcutâneo e cutâneo como resultado
de um aumento em débito cardíaco e uma resistência periférica menor (16, 172, 173).
Esse aumento no fluxo sanguíneo aumenta a permeabilidade celular, linfática e capilar,
o que pode aumentar o metabolismo, a liberação de nutrientes e a remoção de resíduos
das células (36). É pouco provável que esses efeitos alcancem os tecidos profundos, porque
a aplicação parece ser localizada ao nível da pele (119). Aplicação de calor pode também
aumentar a transmissão neural, a elasticidade muscular, a extensibilidade articulatória, a
analgesia, e reduzir o espasmo muscular (30,174). Muitas informações relatadas podem
ser encontradas sobre os benefícios propostos da termoterapia, mas pouca investigação
científica explorando seu uso como ferramenta de recuperação está disponível.
A termoterapia tem algumas contraindicações. A mais óbvia é que altas temperatu
ras podem resultar em queimaduras (119, 174). A aplicação de calor também pode au
mentar respostas inflamatórias, inchaço e edema (119, 174). Se imersão em água quente
é usada, batimentos cardíacos ectópicos, hipotensão, síncope pelo calor, excessiva taqui-
cardia e, em casos raros, a morte podem ocorrer (174). Treinadores e atletas devem ter
cuidado ao usar termoterapia em atletas com feridas abertas, problemas de pele, doença
vascular periférica, circulação deficiente e lesões musculoesqueléticas agudas (119).
Quando técnicas de termoterapia são empregadas como uma intervenção de recu
peração, é importante se estar ciente de que existem indicações e contraindicações espe
cíficas para o uso de cada técnica.
Crioterapia
• Imersão em água fria : Quando imersão em água fria é usada como téc
nica de crioterapia, a temperatura interna pode ser mantida com imersão em água
Repouso e recuperação 127
Terapia de Contraste
Imersão em Água
água aumenta a pressão hidrostática, que pode reduzir a degeneração do tecido, a inflamação e a
dor muscular tardia e melhorar a função contrátil (174, 175). Imersão em água após exercício
pode estimular respostas psicológicas positivas por diminuir as percepções de fadiga (113).
Assim, a evidência indica que a imersão em água
pós-exercício induz respostas fisiológicas e psicoló
gicas que promovem a recuperação.
A literatura científica fornece várias reco
mendações sobre a duração da imersão em água
necessária para estimular o movimento de fluidos
intersticiais-intravasculares induzido pela pressão
hidrostática. Os investigadores, em geral, recomen
dam que a imersão em água usada como técnica de
recuperação pós-exercício deve ser executada por
pelo menos 10 minutos (79) e a maioria dos estu
dos utilizou períodos de imersão entre 15 e 20 mi
nutos (174, 175). Mais investigações científicas são
necessárias para definir a duração ideal da imersão
em água para maximizar a restauração.
Drogas Anti-lnflamatórias
Não Esteroidais
Quando adetas realizam exercícios intensos ou
Icon S M I
novos que exigem ações musculares excêntricas, a
ocorrência de disfunção muscular, dor e inflamação
pode aumentar (6). Inflamação é parte integrante
das respostas de reparo e adaptação do músculo Tratar inflamação e dor muscular com drogas como
esquelético (91). Exercício repetido com um gran o ibuprofeno pode oferecer alívio temporário à dor
de componente excêntrico geralmente estimula o e induzir uma sensação de recuperação temporá
maior dano muscular e inflamação concomitante. ria. Contudo, atletas devem limitar sua confiança
A resposta inflamatória começa dentro de 24 a 48 nesse tipo de intervenção de recuperação, porque
horas após conclusão da sessão de exercício, atingin ela pode reduzir as adaptações ao treinamento.
do o pico de dor muscular, rigidez e sensibilidade
(dolorimento), cerca de 48 a 73 horas após a atividade (159). Respostas típicas induzidas pela
inflamação incluíram dor muscular tardia, amplitude de movimento reduzida, falha de estimu
lação de acoplamento ou mecanismos contráteis e reduções na capacidade de geração de força
(26). A magnitude da perturbação induzida pelo exercício na função muscular e a dor
muscular resultante dependem da idade e do nível de treinamento do adeta e da magnitude do
estímulo de exercício (6, 90). Quanto mais desacostumado o atleta à intensidade, ao volume e à
frequência do treinamento, maior o potencial de induzir respostas inflamatórias e dor muscular.
A inflamação parece desempenhar um importante papel nas respostas adaptativas
do atleta ao exercício. O uso crónico de métodos de recuperação que reduzem resposta
inflamatória pode não otimizar as respostas adaptativas induzidas pelo exercício (6). In-
versamente, o breve uso de drogas anti-inflamatórias não esteroides (AINEs) pode
estimular a recuperação a curto prazo da função muscular e amortecer a dor muscular.
A eficácia analgésica do uso de AINE por curta duração parece estar vinculada ao grau
de dor muscular estimulada ou à magnitude do estímulo de exercício excêntrico (90).
Inversamente, o uso repetido de AINEs pode atenuar a capacidade dos músculos de
recuperar-se e adaptar-se a um estímulo de treinamento, finalmente, diminuindo os ganhos
de desempenho induzidos pelo treinamento do atleta (6, 165). Grandes doses de AINEs re-
130 Periodização
Estratégias Nutricionais
Suplementação Durante Exercício: Outra estratégia sugerida por Ivy e Portman (76) é con
sumir uma bebida de carboidratos e proteínas dentro de 30 minutos do iniciar do exercício e
então periodicamente durante a sessão de exercício. Esse regime de suplementação foi sugerido
para aumentar a taxa de recuperação pós-exercício como resultado de uma resposta hormonal
anabólica aumentada durante exercício de resistência e aeróbio (7, 25, 98, 109). Esse tipo de
Repouso e recuperação 131
20 minutos de recuperação
Evento competitivo Evento competitivo
30 minutos de recuperação
Sessão de treinamento
Figura 5.9 Exemplos de combinação de métodos de recuperação, (a) Um cenário para dois
eventos competitivos separados por um período de tempo muito curto, baseado no trabalho
de Monedero e Donne (110). (b) Um esquem a de recuperação pós-treinamento que combina
recuperação ativa com imersão em água.
Parte a baseada em Monedero e Donne, 2000 (110).
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133
134 Periodização
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Repouso e recuperação 135
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136 Periodização
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N enhum sono
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Pouca dor
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D or severa
Periodização do Treinamento
Periodização é um dos conceitos centrais da teoria do treinamento. Esta seção descreve
o processo de desenvolver planos de treinamento periodizado. O Capítulo 6 destaca a
importância do plano de treinamento anual como o modelo do qual as reais intervenções
de treinamento derivam. Uma parte fundamental do desenvolvimento do plano é esta
belecer quando as principais competições terão lugar para que estratégias para alcançar
redimento máximo possam ser consideradas. O Capítulo 7 explica o processo de levar ao
máximo o rendimento e como o treinamento pode ser manipulado de forma a aumentar
a probabilidade de altos níveis de desempenho nos momentos apropriados. Uma vez
que o plano de treinamento anual e o cronograma para os principais eventos com
petitivos são estabelecidos, o plano de treinamento anual pode ser subdividido em
ciclos de treinamento menores, conhecidos como macro e microciclos. Esses ciclos
menores são cobertos no Capítulo 8. O próximo passo é o desenvolvimento do plano
de treinamento individual. O Capítulo 9 apresenta informações detalhadas sobre o de
senvolvimento desse plano.
137
CAPÍTULO
PLANO DE
TREINAMENTO ANUAL
plano anual é a ferramenta que orienta o treinamento ao longo de um ano. É
PERIODIZAÇÃO
Periodização é a base do plano de treinamento de um atleta. O termo periodização pro
vém da palavra período, que é uma maneira de descrever uma parte ou divisão de tempo.
Periodização é um método pelo qual o treinamento é dividido em segmentos menores,
139
140 Periodização
Muitos não sabem a diferença entre periodização como uma divisão do plano anual
e a periodização das habilidades motoras. Na maioria dos esportes, o plano anual de
treinamento é dividido em três fases principais: preparatória, competitiva e de transição.
As fases preparatória e competitiva são divididas em duas subfases, que são classificadas
como gerais e específicas por causa de suas diferentes tarefas. O foco da subfase geral é
desenvolver uma base fisiológica usando muitos métodos inespecíficos de treinamento. A
subfase específica é utilizada para desenvolver as características necessárias a um esporte
usando modalidades específicas deste. A fase competitiva de treinamento subdivide-se
nas fases pré-competitiva e competitiva. Cada fase do plano anual contém macrociclos e
microciclos. Cada uma dessas subunidades tem objetivos que contribuem aos objetivos
do plano de treinamento anual. A Figura 6.1 ilustra a divisão do plano de treinamento
anual em fases e ciclos.
O desempenho atlético depende das adaptações fisiológicas e ajustes psicológicos
do atleta ao treinamento combinado com a possibilidade de desenvolver e dominar com
maestria as capacidades e habilidades exigidas pelo esporte. A duração de cada fase do
plano anual depende do tempo necessário para aumentar o status de treinamento e elevar
o grau de preparo do atleta. A principal determinante da duração de cada fase do treina
mento é a agenda competitiva. Para otimizar o desempenho no tempo apropriado (ou
seja, para as principais competições), os atletas passam por vários meses de treinamento.
O plano de treinamento deve ser bem organizado e desenvolver sequencialmente adap
tações fisiológicas, bem como gerenciar a fadiga para elevar o grau de preparação, o que
aumenta a capacidade de desempenho do atleta. O modelo ideal de periodização para
cada esporte e o tempo necessário para um aumento ótimo no nível de treinamento e
preparação ainda têm de ser elucidados. Pode atrapalhar a capacidade do treinador em
dosar de forma ideal o treinamento e a capacidade individual do atleta de tolerar e
adaptar-se a um plano de treinamento, o que é influenciado por muitos fatores, incluin
do herança genética, traços psicológicos, status de treinamento, dieta, estressores sociais
e métodos de recuperação utilizados. Em virtude dessa individualidade de resposta ao
treinamento, os programas devem ser adaptados de modo a satisfazer às necessidades
individuais, bem como as exigências da atividade esportiva.
Fases do
P reparatória C om petitiva Transição
tre in a m e n to
P reparação Preparação
S u b fa s e s
geral Específica
M a c ro c ic lo s
M ic ro c ic lo s
N ecessid a d es d e P eriodização
As fases de treinamento são estruturadas de modo a estimular adaptações fisiológicas e
psicológicas e sequenciadas para progressivamente desenvolver componentes específicos
do desempenho (físicos, técnicos e táticos) ao mesmo tempo, elevando a capacidade de
desempenho do atleta. E necessária uma abordagem sequencial para desenvolver o po
tencial do atleta porque não é possível manter as habilidades fisiológicas e psicológicas
deste, em sua capacidade máxima durante o ano inteiro de treinamento. Além disso, a
preparação variará dependendo da fase e do tipo de treinamento, e do estresse psicoló
gico e social encontrado pelo atleta. Portanto, o plano de treinamento anual deve ser
subdividido em fases que desenvolvam em sequência, aspectos específicos necessários
para maximizar o desempenho.
A fase preparatória é o período em que a base fisiológica para o desempenho é es
tabelecida, ao passo que a fase competitiva é quando a capacidade de desempenho é
maximizada. Se a fase preparatória é inadequada, o desempenho não será maximizado
durante a fase competitiva, porque as adaptações fisiológicas necessárias a um desem
penho melhor não foram desenvolvidas. Após a fase competitiva ser concluída, uma
fase de transição é necessária para remover a fadiga desenvolvida durante a temporada
competitiva e permitir ao atleta recuperar-se dos estresses fisiológicos e psicológicos
da competição. Além disso, a fase de transição permite ao atleta relaxar e preparar-se
psicologicamente para o próximo plano de treinamento anual, que terá início em breve.
Essa fase do treinamento é uma transição, não férias. O termo férias é inadequado, por
que atletas sérios não têm uma baixa estação. Em vez disso, eles transitam de um plano
de treinamento anual a outro. Por conseguinte, a transição é um elo importante entre os
planos anuais de treinamento.
O desenvolvimento de aptidões, manobras estratégicas e capacidades biomotoras re
quer uma abordagem especial que é exclusiva para cada fase do treinamento. Conjuntos
de habilidades técnicas e manobras táticas são aprendidos ao longo do tempo de forma
sequencial pelas fases de treinamento. O atleta tenta aperfeiçoar suas capacidades téc
nicas e quando seu nível de habilidade aumenta a complexidade do treinamento tático
também pode aumentar. A abordagem sequencial também é essencial para o desenvol
vimento e o aperfeiçoamento das habilidades motoras. Ao tentar melhorar habilidades
biomotoras e estimular adaptações fisiológicas, o treinador deve alternar o volume e a
intensidade do treinamento, como proposto no princípio de progressão de carga. Trei
namento não deve ocorrer de forma linear, e a periodização é verdadeiramente uma
abordagem não linear ao treinamento (70).
As condições climáticas e as estações influenciam a duração das fases de treinamento
dentro de um plano periodizado. Por exemplo, esportes sazonais, como esqui, remo e
futebol são restringidos pelo clima. Num plano periodizado as fases de treinamento são
talhadas sob medida para atender as necessidades individuais do esporte e isto irá por
conta das condições climáticas. Em futebol e remo, a fase preparatória do treinamento
ocorre durante o inverno e a competitiva normalmente na primavera, verão ou outono.
O oposto é verdadeiro para esportes de inverno, como patinação de velocidade, hóquei
no gelo e esqui.
Competição e treinamento intenso criam grande quantidade de estresse fisiológico e
fadiga acumulada. Se essa pressão é aplicada por tempo longo demais, o excesso de trei
namento pode ocorrer e a capacidade de desempenho diminuirá. Portanto, treinamento
estressante ou fases de competição devem ser alternados com períodos de recuperação e
regeneração. Esses tipos de fases são de transição que diminuirão a fadiga e permitirão ao
atleta preparar-se para a próxima fase do treinamento.
Plano de treinamento anual 143
Estresse
c c
Figura 6.4 Plano anual apresentado por Bondarchuk. C = competição; V = volume; I = in
tensidade.
Adaptado de Bondarchuk, 1986 (6).
Rendimento máximo
Figura 6.6 Ciclo simples para um esporte de velocidade e potência.
Figura 6.7 Ciclo simples para um esporte em que a aptidão aeróbia é o principal requisito. U = fase de descarga;
C = competição.
Figura 6.8 Plano de ciclo duplo para um esporte (atletismo), no qual a velocidade e a potência dominam.
Plano de treinamento anual 147
• Fase preparatória II: A segunda fase preparatória é mais curta que a pri
meira, durando aproximadamente 2 meses. Esta fase tem uma subfase preparatória
geral muito mais curta, com a maior parte do treinamento sendo executada na
subfase preparatória específica.
• Fase de competição II: A segunda fase competitiva é ligeiramente mais
longa, cerca de 3 meses e meio, e leva o atleta a um pico de desempenho.
• Fase de transição II: A segunda fase de transição é de aproximadamente 1
mês e meio, e é usada para regenerar e recuperar o atleta. Esta fase liga-se ao plano
de treinamento anual seguinte.
Um plano de ciclo duplo contém dois monociclos curtos ligados por uma fase de
regeneração e transição muito curta. A abordagem é semelhante para cada ciclo, exceto
quando o volume de treinamento na fase preparatória I é muito maior que na fase prepa
ratória II. Além disso, o nível de preparação será menor durante a fase competitiva I. Por
exemplo, em atletismo, os campeonatos ao ar livre são considerados mais importantes
que as competições em recinto fechado e, assim, a segunda fase competitiva do plano
anual deve mirar essa grande competição. Assim, justifica-se levar a preparação do atleta
ao seu nível mais alto do ano na segunda fase competitiva.
Embora o plano de treinamento anual de ciclo duplo seja útil para alguns esportes,
outros esportes como o boxe, a luta romana e a ginástica podem ter três grandes com
petições durante o plano anual (por exemplo, campeonatos nacionais, um torneio de
qualificação e a competição em si). Supondo que cada competição seja a cada 3 ou 4
meses, o atleta teria três fases competitivas, que criariam um plano de treinamento anual
de estrutura de ciclo triplo. Conforme ilustrado na Figura 6.9, um plano de ciclo triplo
incorpora a seguinte sequência de treinamento:
• Fase de Transição III: Esta fase é a mais longa fase de transição contida
no plano de treinamento anual durando cerca de 1 mês. Tem um papel importan
te na indução de recuperação e na preparação do atleta para o próximo plano de
tr e in a m e n to a n u a l.
Num plano de ciclo triplo, a competição mais importante de três deve ocorrer du
rante o último ciclo do ano. A primeira das três fases preparatórias deve ser a mais longa,
durante a qual o atleta cria a base técnica, tática e física da qual os dois próximos ciclos
são construídos. Como esse tipo de plano é normalmente usado só com atletas avança
dos, a primeira fase preparatória contém a subfase de preparação geral.
Num plano anual com estrutura de ciclo triplo, a curva de volume é a mais alta na
primeira fase preparatória. Isso destaca a importância do volume de treinamento nessa
fase. A curva de intensidade descrita na estrutura de ciclo triplo (Figura 6.9) segue um
padrão semelhante ao observado numa de um ciclo simples. As curvas de volume e in
tensidade diminuem ligeiramente para cada uma das três fases de descarga que precedem
as principais competições. No âmbito do plano de treinamento anual, o mais alto nível
de preparo deve ser planejado para a terceira fase competitiva de modo a permitir aos
desempenhos mais altos ocorrerem na principal competição do ano.
Embora as estruturas de ciclo duplo e de ciclo triplo sejam úteis para muitos espor
tes, outros esportes como tênis, artes marciais e boxe podem ter quatro ou mais competi
ções que exijam desempenho máximo (Figura 6.10). Nessas situações a fase preparatória,
que é crucial para o desenvolvimento de habilidades técnicas e táticas, bem como das
habilidades biomotoras, é significativamente encurtada. Atletas avançados que desenvol
veram uma sólida base de treinamento durante os primeiros anos de seu desenvolvimen
to atlético podem achar mais fácil lidar com essa programação competitiva pesada; atletas
jovens podem não achar. Esta pode ser uma razão por que tantos jovens tenistas se
esgotam antes ganhar um grande torneio.
M ês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tipo de
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
tre ina m e n to
Periodização S eletiva
Muito frequentemente planos de treinamento anuais desenvolvidos para atletas de elite
são usados para atletas jovens que não têm a experiência de treinamento e a maturidade
fisiológica para tolerar agendas competitivas intensas. Esta é uma das razões por que a
periodização do treinamento deve ser individualizada. O treinador deve considerar
o preparo do atleta para agendas competitivas intensas usando as seguintes diretrizes:
Tabela 6.1 Orientações para a Distribuição das Semanas para Cada Fase de
Treinamento nos Tipos Clássicos de Planos de Treinamento Anual
E s tru tu ra To tal de s e m a n a s
NÚMERO DE SEMANAS POR FASE
d o p la n o a n u a l p o r c ic lo P re p a ra tó ria C o m p e titiv a De T ra n s iç ã o
P re p a ra tó ria
g e ra l P re p a ra tó ria e s p e c ífic a P ré -c o m p e titiv a C o m p e tiç ã o p rin c ip a l T ra n s iç ã o
C essação
• A p tid ão aeróbia • P otência
m u scula r
• A m b os
A ptidão T reinam ento • T reinam ento aeróbio T reinam ento a eróbio do esporte ou específico de evento T reinam ento
aeróbia aeróbio • T reinam ento aeróbio (ergogênese) aeróbio
específico (ergogênese)
D atas Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. M ar. Abr. M a i. Ju n . J u l. A go.
Figura 6.13 Modelo de periodização de ciclo simples de treinamento de força para ginástica.
D ata s Jun. J u l. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan . Fev. Mar. Abr. M a i.
Figura 6.14 Modelo de periodização de ciclo simples para habilidades dominantes em patinação ar
tística no gelo.
Plano de treinamento anual 153
Período de Treinam ento Treinam ento Treinam ento aeróbio específico T reinam ento
tre ina m e n to aeróbio e aeróbio específico aeróbio geral
aeróbio anaeróbio (natação, apneia)
Figura 6.15 Modelo de periodização de ciclo simples para habilidades dominantes no nado sincronizado.
D atas Nov. Dez. Jan . Fev. Mar. Abr. M a i. Jun. J u l. A go. S et. Out.
Período de Adap. ana tôm ica Força m áxim a C onversão M anutenção R egeneração
força -Treinam ento potência
aeróbio tre in a m e n to aeróbio m u scula r
m u scula r
-P otência
Período de T reinam ento aeróbio específico A p e rfe iço a r tre in a m e n to aeróbio específico A p tid ão aeróbia
tre ina m e n to
aeróbio
Figura 6.16 Modelo de periodização de ciclo simples para habilidades dominantes numa equipe de beisebol.
D atas Nov. Dez. Ja n . Fev. Mar. Abr. M a i. Jun. J u l. A go. S et. Out.
C om petições C am p, de Camp,
inverno de verão
Prep, Geral Prep. Pré- Com p, T Prep. Prep. Específica Pré- Com p. Transição
Específica com p. Principal geral com p. principal
Período de Adap. Força C onv.:- M anter: A dapt. Força C onv.:- M anter: Regeneração
fo rça anatôm ica m áxim a potência -P otência Anat. máx. potência -P otência
-Treino Treino aerób. -Treino aerób. -Treino aerób.
aerób. m u scula r m usc. m u scula r
m usc.
Período de R esistência R esistência Velocidade R esistência R esistência V eloc. específica Jogos
velocidade aeróbia anaeróbia e específica e aeróbia anaeróbia e e ergogênese
ergogênese ergogênese ergogênese
Figura 6.17 Modelo de periodização de ciclo duplo para habilidades dominantes em natação (200 m)
com campeonatos nacionais de inverno e verão.
T = transição.
154 Periodização
A d a p ta çõ es A natôm icas
Após a fase de transição, quando a maioria dos atletas faz muito pouco treinamento de
fo rça, é aco n selh áv el c o m e ç a r u m p ro g ra m a d e fo rça p a ra criar u m a base d a q u al fu tu ras
práticas de treinamento serão desenvolvidas. Isso é tipicamente realizado durante a fase
de adaptação anatômica de um programa de treinamento de força. Essa fase é algumas
vezes referida com fase de hipertrofia (71, 79) ou fase de treinamento aeróbio de resistên
cia de força (58). Nesse início da fase preparatória, vários objetivos-chave são buscados:
estar no mais extremo do espectro (3 meses). Num esporte para o qual a força máxima é a
base, como andar de bicicleta ou corrida cross country, esta fase pode ser mais curta (1 mês).
O desenvolvimento de força máxima é mais bem realizado por três a cinco séries de quatro
a seis repetições com cargas de treinamento entre 75 e 85% da capacidade máxima (1RM).
Fase d e C onversão
A fase de conversão, denominada fase de potência muscular por alguns autores (58, 71,
73, 79), fornece uma transição entre a fase preparatória e a competitiva (73, 71). Como
esta fase liga a fase preparatória e competições, alguns autores sugeriram que ela é uma
parte importante dos últimos estágios das fases preparatória, pré-competitiva e competi
tiva do plano de treinamento anual (58).
O atleta gradualmente converterá a força desenvolvida na fase de força máxima no
tipo de potência necessária ao esporte objetivado (por exemplo, treinamento de velocidade,
pliométrico). Isso é realizado usando-se métodos apropriados de treinamento de potência
muscular. Níveis de força máxima devem ser mantidos durante esta fase, porque se estes
declinam, a habilidade de maximizar a capacidade de geração de potência também decli
nará. Se isso ocorre durante a fase competitiva, velocidade e agilidade também diminuirão.
As características fisiológicas do esporte determinam o tipo de potência ou de resistên
cia aeróbia que precisa ser desenvolvido durante essa fase do treinamento. Como a maioria
dos esportes requer alguma combinação de potência e resistência aeróbia, a taxa entre essas
duas características deve ser compatível com as exigências do esporte. Por exemplo, a taxa
pode ser quase igual para um lutador, mas a potência dominaria para um canoísta (200
e 500 m) e a resistência aeróbia muscular deve prevalecer para um remador (duração da
corrida 6-8 min) ou para eventos de natação de duração mais longa (400-1.500 metros).
Fase d e M anutenção
Esta fase do plano de treinamento anual é projetada de modo a manter os padrões fisiológicos
e de desempenho alcançados durante as fases anteriores. É muito difícil manter esses ganhos e
tem sido visto a força diminuir ao longo do período competitivo, especialmente quando mé
todos de treinamento inadequados são usados (34). A fase de manutenção deve conter uma
intensidade alta o suficiente para manter os ganhos de força enquanto evita o desenvolvimen
to de altos níveis de fadiga (65). Como o objetivo primário durante a fase de competição não
é o desenvolvimento de força, o treinador deve desenvolver um programa de treinamento
eficiente que mantenha os ganhos obtidos durante as fases anteriores do treinamento.
O programa de manutenção depende largamente dos requisitos fisiológicos do esporte
que está sendo treinado. Assim, a taxa de força, potência e resistência aeróbia muscular deve
refletir essas necessidades. Por exemplo, um jogador de futebol americano ou arremessa-
dor de peso concentraria seu treinamento de força no desenvolvimento de força máxima
e potência enquanto um adeta de resistência aeróbia se concentraria no desenvolvimento de
potência e resistência aeróbia. A paralização das sessões de treinamento que miram esses
atributos é difícil de recomeço porque elas dependem da temporada competitiva. Em geral,
a fase de manutenção contém um pequeno número de exercícios (dois a quatro que en
volvam grandes massas musculares) que são executados por uma a três séries de uma a três
repetições, com uma ampla gama de intensidades de treinamento (30%-100% de 1RM)
(71). A frequência de treinamento durante esta fase pode variar de 1 a 5 dias por microciclo
dependendo do projeto do plano de treinamento e da agenda competitiva.
156 Periodização
PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO
DA RESISTÊNCIA
Resistência aeróbia é desenvolvida em várias fases distintas por meio do plano de treinamento
anual. Dentro de um plano de treinamento anual que contém um pico, o treinamen
to da resistência aeróbia deveria ser desenvolvido em três fases: resistência aeróbia (oxi-
dativa), resistência aeróbia e específica (ergogênese) e, em seguida, resistência aeróbia
específica (ergogênese) (veja Figura 6.12).
R esistência A eróbia
Resistência aeróbia ou oxidativa é desenvolvida ao longo de toda a fase de transição e no
início da fase preparatória (1-3 meses). Embora cada esporte requeira ligeiras alterações,
a resistência aeróbia pode ser obtida pelo uso de um método contínuo e uniforme com
intensidades moderadas (por exemplo, longa distância em baixa intensidade —LSD) e
treinamento intervalado de alta intensidade (veja Capítulo 11). O desenvolvimento de
resistência aeróbia oferece os seguintes benefícios (40, 80, 88):
Plano de treinamento anual 157
PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO
DA VELOCIDADE
A periodização da velocidade depende das características do esporte considerando o nível
de desempenho e a competição programados. O desenvolvimento de velocidade para um
atleta de esporte coletivo é muito diferente daquele de um corredor. Atletas de esporte
coletivos geralmente seguem um plano anual de ciclo simples, enquanto que velocistas
geralmente seguem um plano de ciclo duplo como resultado de ter tanto campeonatos
em recinto fechado quanto ao ar livre.
0 0 30 cm obstáculos altos
A C ones
PERIODIZAÇÃO INTEGRADA
Um dos fatores mais importantes que deve ser considerado ao se criar um plano de trei
namento periodizado é a integração dos fatores de treinamento. Frequentemente muitos
cientistas do esporte, treinadores e profissionais isolam os fatores de treinamento em
vez de integrá-los ao plano de treinamento. Para maximizar a capacidade do treinador
de criar e fornecer planos de treinamento projetados devidamente, uma equipe inter-
disciplinar de especialistas pode ser necessária (54). Esse grupo pode ser considerado
como uma comissão técnica esportiva e pode incluir cientistas esportivos, psicólogos
esportivos, nutricionistas, biomecanicistas e profissionais de medicina esportiva. Como a
característica da rápida evolução da ciência do esporte (89), a abordagem interdisciplinar
pode ser necessária para interpretar, desenvolver e implementar mais eficazmente novos
métodos de treinamento no contexto de um plano de treinamento periodizado.
A integração de todos os componentes do treinamento num plano de treinamento
anual abrangente requer que o treinador e a comissão técnica avaliem o atleta e as metas
do treinamento, o que lhes permitirá sequenciar adequadamente os fatores do trei
namento. Dependendo da fase do plano de periodização, a ênfase do treinamento
mudará para desenvolver características específicas e administrar a fadiga. Um plano
verdadeiramente abrangente inclui recomendações dietéticas e treinamento psicoló
gico. Um exemplo de um plano de periodização integrado é apresentado na Figura 6.19.
Se o plano de treinamento não é completamente integrado, a probabilidade do atleta
conseguir resultados de sucesso é significativamente reduzida.
o>
O
M es es 1 2 3 4 5 6 11 12
Velocidade R esistência a eró b ia e • V elocidade • V elocidade m á xim a • P reparações espe cíficas do esporte R ecuperação Recreação,
anaeróbia m áxim a diversão
• V elocidade específica • V elocidade específica
• R esistência
• A gilida d e • A gilidade
anaeróbia
. A gilida d e reativa • A gilidade reativa
Força A daptação a n a tô m ica Força m áxim a Potência Força m áxim a C onversão de potência M anu ten çã o de potê ncia ou C om pensação
fo rça m áxim a
T reinam ento • A valiar habilidades . Treinam ento m ental • Treinam ento m ental • H abilidades m e nta is para lidar . H abilidades m e nta is • Repouso ativo
P eriodização
N utrição • C arboidrato alto • Proteína alta • C arboidrato • C arboidrato alto • C arboidrato alto F lutua de a cord o com a agenda C arboidrato atto Dieta
alto co m pe titiva balanceada
• Proteína m oderada • C arboidrato • P roteína m oderada • Proteína moderada
m oderado
Fase Preparatória
A fase preparatória é, provavelmente, a mais importante do plano de treinamento anual.
Essa fase estabelece a base física, técnica e psicológica sobre a qual a fase competitiva é
desenvolvida. As adaptações desenvolvidas como resultado do volume de treinamento
aumentado nesta fase permitirão ao atleta tolerar melhor o aumento da intensidade do
treinamento que ocorre na fase competitiva. Contudo, se a fase preparatória é inadequa
da, a capacidade do atleta para tolerar o treinamento e maximizar o desempenho durante
a fase competitiva ficará comprometida. A fase preparatória tem os seguintes objetivos:
A subfase preparatória geral é usada para elevar a capacidade de trabalho do atleta, aumentar
a preparação física geral, melhorar elementos técnicos e habilidades táticas básicas. A ênfase
principal dessa subfase é estabelecer um nível elevado de condicionamento físico, o que me
lhorará a capacidade fisiológica e psicológica do atleta de tolerar as exigências do treinamento
e da competição. Independentemente do esporte, uma base física sólida é um componente
essencial para o atleta. Necessariamente, a base é estabelecida com o uso de exercícios físicos
gerais e específicos do esporte em vez de uma dependência do desenvolvimento de habilidades
motoras específicas do esporte. Por exemplo, um treinador de ginástica pode dedicar os dois
ou três primeiros microciclos ao desenvolvimento da força geral e específica necessária para
dominar um certo elemento técnico nos ciclos seguintes. Esse conceito é válido para outros
esportes nos quais determinados atributos físicos podem limitar o progresso técnico. Muitas
vezes a incapacidade de desenvolver habilidade técnica é resultado de uma base física inade
quadamente desenvolvida. Portanto, pode ser justificado determinar se o atleta possui suporte
físico adequado para o desempenho técnico de um elemento ou habilidade motora (11).
Ao longo desta, subfase o plano inclui um volume elevado de treinamento, consis
tindo de exercícios que requerem esforço geral e específico.
164 Periodização
E sp o rte s de Técnico Elem entos técn ico s A p lica r e lem entos té cn ico s em
e q u ip e Tático Táticas individuais e de equipe situ açõ e s de jog o
Físico sim ple s Táticas de equipe
Exercício de resistência aeróbia R esistência anaeróbia
de alta intensidade D esenvolvim ento de potência
Força geral e m áxim a
Fase C om petitiva
Entre as principais tarefas da fase competitiva está o aperfeiçoamento de todos os fatores
de treinamento, que permitam ao atleta atuar com sucesso nas principais competições
ou campeonatos visados pelo plano de treinamento anual. Vários objetivos gerais são
tratados durante a fase competitiva, independentemente do esporte:
Subfase Pré-Competitiva.
A fase pré-competitiva geralmente contém competições não oficiais ou, no caso de espor
tes coletivos, jo g o s am isto so s. E m b o ra essa subfase seja p a rte in te g ra n te d a fase c o m p e
titiva, o objetivo não é alcançar o mais alto nível de competição. Essa subfase deve servir
como uma ferramenta de treinamento na qual o atleta participa em competições amis
tosas ou oficiais como forma de preparar-se para eventos posteriores. Uma das principais
razões para a utilização de competições amistosas ou não oficiais é obter-se feedback
objetivo sobre o nível de treinamento do atleta e seu preparo para competições futuras.
Essas competições permitirão a avaliação de todas as habilidades técnicas, táticas e físicas
em condições de competição. Competições amistosas e não oficiais não devem alterar
significativamente o programa de treinamento, especialmente para atletas de elite, por
que fornecem uma avaliação de campo da subfase competitiva, quando as competições
oficiais começam.
Volume
Intensidade nu
Figura 6.20 Fase de estabilização para um esporte de aptidão aeróbia.
170 Periodização
Esse período deve incluir várias sessões curtas mas de alta intensidade para manter as
adaptações induzidas por fases de treinamento anteriores (Figura 6.21). Uma estrutu
ra de microciclo de dois picos pode ser utilizada durante o primeiro microciclo dessa
subfase, m as lo n g o s in te rv a lo s d e re p o u so p re c isa m ser in c lu íd o s e n tre as rep etiçõ es p ara
ajudar a dissipar o cansaço e o estresse. Durante a sessão de treinamento de alta intensi
dade, todos os exercícios devem ser dinâmicos e de curta duração e devem conter carga
de média a alta intensidade. As outras sessões no microciclo devem alternar intensidades
submáximas entre intensidades baixa e muito baixa. Com esses tipos de esportes, o vo
lume e a frequência do treinamento de força devem ser reduzidos, enquanto se mantém
intensidades de moderada à alta. A remoção completa do treinamento de força pode não
ser justificada uma vez que potência e velocidade são altamente dependentes dos níveis
de força.
Durante o segundo microciclo dessa subfase, no qual a principal competição ocorre,
o treinador continua a reduzir o volume e a intensidade do treinamento.
Somente um pico ocorre durante a parte inicial deste microciclo. Ao longo desse
microciclo o objetivo é reduzir maximamente a fadiga e o estresse, enquanto se aumenta
o preparo e se mantém as adaptações fisiológicas estabelecidas.
Uma abordagem ligeiramente diferente pode ser usada quando se trabalha com es
portes coletivos onde volume e intensidade do treinamento são igualmente importantes.
Durante o primeiro microciclo da fase de recuperação, o treinador deve reduzir o vo
lume de trabalho para produzir o efeito regenerativo (Figura 6.22). Isso pode ser feito
reduzindo-se progressivamente a intensidade ao longo do microciclo enquanto tem-se
duas sessões de treinamento intenso de 50% a 60%, do máximo. Durante o segundo
microciclo desta subfase, o treinador deve continuar a reduzir o volume e a intensidade
do treinamento, reduzindo o volume a uma extensão maior que a intensidade. Essa
subfase pode incluir um microciclo de dois picos, o primeiro dos quais é executado numa
intensidade mais alta que o segundo (15%-20% menos que o primeiro pico). Dois dias
antes da competição, o atleta deve ser submetido a sessões curtas de treinamento de baixa
a muito baixa intensidade (Figura 6.22). Para obter mais detalhes sobre polimento ou
rendimento máximo de atletas para competição, veja o Capítulo 7.
Intensidade
100 -
Volume
Intensidade
Figura 6.21 Fase de descarga para um esporte dominado por velocidade ou potência.
Plano de treinamento anual 171
Volume |
Intensidade
Figura 6.22 Fase de descarga para um esporte de equipe.
Fase d e Transição
Após longos períodos de preparação, trabalho duro e competições estressantes, nos quais a
fadiga fisiológica e psicológica pode se acumular, um período de transição deve ser usado
para ligar planos de treinamento anuais ou como preparação para outra competição im
portante, como no caso de plano de treinamento anual de ciclo duplo, ciclo triplo e ciclo
múltiplo. A fase de transição desempenha um importante papel na preparação do atleta
para o próximo ciclo de treinamento. O atleta deve iniciar a nova fase preparatória somente
quando totalmente recuperado da temporada competitiva anterior (10). Se o atleta inicia
uma nova fase preparatória sem recuperação completa, é provável que os desempenhos ve
nham a ser prejudicados em futuros ciclos competitivos e o risco de lesão aumentará (10).
A fase de transição, muitas vezes impropriamente chamada de férias, liga dois planos
de treinamento anual. Essa fase facilita o repouso psicológico, o relaxamento e a regene
ração biológica, mantendo um nível aceitável de preparação física geral (40%-50% da
fase competitiva). O treinamento deve ser controlado; todos os fatores de carga devem ser
reduzidos, com os principais componentes do treinamento centrando-se no treinamento
geral, com mínimo, se houver algum, desenvolvimento técnico ou tático (10, 39). A fase de
transição geralmente deve durar 2 a 4 semanas, mas pode ser estendida para 6 semanas (10,
39). Sob circunstâncias normais a fase de transição não deve durar mais de 6 semanas.
172 Periodização
D esem penho T estes/padrões Prep. Física Prep. Técnica Prep. Tática Prep. Psicológica
14 hom ens p rin cipa is e 2 4
Homens: Como para 1. Aumentar o 1. Aperfeiçoar 1, Aperfeiçoara 1. Melhorar a
m ulheres p rin cipa is seguindo
-1 competição: 3-5 a seção 6 volume do todos os largada. concentração,
o ú ltim o teste no rem o -1 competição: 5-9 treinamento. detalhes 2, Duplicara para a largada.
e rgôm etro - 5 pontos da técnica curva ótima 2. Melhorar poder
2. Desenvolver
as habilidades moderna- do coeficiente volitivo para
Mulheres: biomotoras ortodoxa. de fadiga das o término da
-3 competições: 1-3 dominantes 2 . Maximizar corridas. corrida.
-1 competição: 4-6 (resistência ae- a taxa de
-2 competições: 4-9 róbia e anaeró alavancagem,
-12 pontos bia, resistência o impulso
aeróbia muscu ótimo através
Pontos totais da água.
lar, e potência).
(H & M) = 17
competições de que o atleta participará são listadas. Símbolos ou cores são usados para
diferenciar competições principais, importantes e amistosas. O treinador deve indicar
se a competição é doméstica ou internacional e colocar o local da competição no es
paço fornecido.
Uma vez que datas e locais de competições são registrados no gráfico do trei
namento, o plano de treinamento anual pode ser dividido em fases, trabalhando da
direita para a esquerda. Na Figura 6.23, a linha para periodização contém as três fases
clássicas (preparatória, competitiva e de transição). A fase de transição está planejada
para agosto, enquanto a competitiva dura 16 semanas, de 6 de abril a 20 de julho. As
semanas restantes são usadas para a fase preparatória (7 de outubro a 30 de março) e
uma fase de transição inicial (9 a 30 de setembro). Um código de cores ou linhas pode
ser usado para indicar onde cada fase começa ou termina.
Depois de estabelecer a fase de treinamento, o treinador divide o plano de treina
mento anual em macrociclos individuais com base na agenda de competições, obje
tivos de treinamento e semelhanças dos métodos usados para atingir os objetivos. Na
Figura 6.23, as fases de transição (setembro e agosto) são consideradas como macro
ciclos separados. Embora a competição principal ou torneio seja de curta duração, a
otimização (rendimento máximo) da preparação durante os dias ou semana(s) antes da
competição justifica um macrociclo separado. Além disso, o período anterior à com
petição principal (três microciclos neste exemplo), quando o preparo é elevado, é um
macrociclo separado.
Outro macrociclo curto é destinado para a semana seguinte às duas competições
na Europa, ou seja, Grunau e Lucerna. Depois dessas competições contra alguns dos
competidores mais magníficos do mundo, a fadiga induzida pela competição e viagens
será alta e um macrociclo de recuperação está previsto antes do próximo macrociclo,
que leva aos Jogos Olímpicos. Um macrociclo de 4 semanas é usado para essas duas
competições internacionais, porque elas são abordadas de forma cíclica, cada uma com
um microciclo para treinamento e outro para estabilização e competição. Outro ma
crociclo de 4 semanas contendo três microciclos de treinamento especializado e um de
estabilização, está previsto para preceder a corrida contrarrelógio em Welland.
O macrociclo mais longo (seis microciclos) do plano anual precederá os três mi
crociclos de treinamento especializado. Durante esses seis microciclos, o principal ob
jetivo é desenvolver resistência aeróbia. Durante este ciclo, os atletas participam em
duas regatas de longa distância na Colúmbia Britânica (BC). O macrociclo de feverei
ro a março também é longo (cinco microciclos) e é projetado para converter força má
xima em resistência aeróbia muscular. Os dois macrociclos anteriores a este macrociclo
(dezembro a janeiro) têm algumas similaridades (desenvolver força máxima e resistên
cia aeróbia). Na maior parte de dezembro, os atletas trabalharão no desenvolvimento
de resistência aeróbia com trabalho no remo ergômetro, corrida e esqui de fundo. De
senvolvimento geral, construir as bases para treinamento de força e resistência aeróbia
estão entre os principais objetivos de ambos os ciclos. Finalmente, após dividir o plano
de treinamento anual em macrociclos, o treinador pode numerá-los da esquerda para a
direita (do primeiro ao último). Cada macrociclo é conhecido pelo número.
Após determinar e numerar os macrociclos, o treinador determina as daras para
testes e os controles médicos. O primeiro teste deve ser conduzido durante o microciclo
inicial do primeiro macrociclo da fase preparatória, especialmente para atletas promis
sores. Os resultados desses testes serão usados para calcular a carga ideal, o número de
repetições e a quantidade de trabalho planejados para o treinamento. É recomendado
que todos os atletas sejam testados antes de iniciar um novo programa de treinamento
para que o treinador possa medir seu nível de treinamento. Durante a fase preparatória,
178 Periodização
pode ser aconselhável testar o atleta no final de cada macrociclo para avaliar o progresso
em direção aos objetivos do treinamento e ajustar continuamente a carga de treinamento
de modo a atender as mudanças de status fisiológico do atleta. Durante as fases pré-
-competitivas e competitivas, competições específicas são usadas como dias de testes.
Essas competições podem revelar o progresso do atleta em direção a objetivos específicos
do plano de treinamento anual.
Três ou quatro avaliações médicas durante o plano de treinamento anual devem ser
suficientes. A primeira deve ocorrer antes da fase preparatória de modo que o nível de saúde
do atleta seja conhecido antes que ele comece um novo plano de treinamento. Indivíduos
pouco saudáveis exigirão uma estrutura diferente de plano de treinamento, que poderia
incluir uma fase prolongada de regeneração e repouso ou um período de reabilitação. Ou
tras datas de controle médico devem ser colocadas antes e depois da fase competitiva. Uma
fase competitiva longa pode exigir pelo menos uma data de controle médico extra para
monitorar eficazmente o nível de saúde do atleta. Informações médicas coletadas durante
o último controle podem influenciar a duração e o tipo de fase de transição utilizados para
cada atleta. Controles médicos devem ser realizados por um médico com experiência em
esporte que compreenda as exigências do treinamento e as respostas fisiológicas a este.
A próxima seção do gráfico indica locais de preparação durante o plano anual. O trei
nador pode usar cores diferentes ou, como na Figura 6.23, desenhar uma seta para apontar
o tempo de treinamento no clube, em campos, ou em concentrações. O gráfico deve indi
car períodos de repouso, incluindo a fase de transição. Domingos não são necessariamente
mostrados no gráfico se forem apenas dias de descanso. Dois ou três feriados ou dias de
descanso (por exemplo, um feriado religioso ou o dia seguinte a uma competição impor
tante) são indicados por uma barra estreita no espaço apropriado da grade.
Uma vez que a maioria das atividades do adeta foram registradas no gráfico, a porcenta
gem de cada tópico de treinamento por macrociclo pode ser calculada e colocada no gráfico.
Uma vez que as porcentagens são estabelecidas, o componente de treinamento e as curvas
de rendimento máximo podem ser adicionados ao gráfico. Para distinguir rapidamente cada
fator de treinamento, o treinador pode usar diferentes cores ou símbolos. A ênfase colocada
em cada fator do treinamento depende das especificidades do esporte, dos pontos fortes e
fracos do arleta e da fase do treinamento. Por exemplo, durante o primeiro macrociclo do
plano anual a ênfase principal usualmente é a preparação física geral, independentemente do
esporte. Se o primeiro macrociclo objetiva a preparação física geral, então, o segundo macro
ciclo focalizará a preparação física específica que está diretamente relacionada às exigências do
esporte. O tópico que é focalizado é a ênfase principal, mas outros fatores como treinamento
tático ou técnico não são excluídos; em vez disso, esses fatores são treinados, mas com uma
ênfase menor. Essa abordagem básica pode ser usada com esportes individuais ou coletivos e
permite a potenciação da fase ao longo do plano de treinamento.
Outro fator importante para se decidir que peso colocar em cada fator de treinamento
é o nível de desempenho. O fator limitante de melhoria para futuros atletas é geralmente
considerado a proficiência técnica. Contudo, evidências recentes sugerem que a força mus
cular pode ser o fator mais importante, porque está fortemente relacionada à capacidades
técnicas (79). Uma vez que a técnica básica é estabelecida, a preparação física, particu
larmente a preparação física específica incluindo o desenvolvimento continuado da força
muscular, parece ser o fator limitante associado aos melhoramentos de desempenho.
Atletas normalmente começam um novo programa de treinamento anual com per
centagens de carga de trabalho entre 30% e 50% da capacidade máxima, dependendo
do seus níveis de desempenho. Usar percentagens de carga de trabalho inferiores a 30%
durante os estágios iniciais do plano anual normalmente resulta em níveis baixos de
melhoria ao longo do ano. Contudo, num ano após os Jogos Olímpicos, atletas
Plano de treinamento anual 179
participantes podem permitir-se um período de repouso mais longo, para que o volu
me de treinamento para o novo plano seja inferior, possivelmente cerca de 20% e 30%
do máximo. Um programa de treino anual anterior aos Jogos Olímpicos deve começar
com um volume de rreinamento de cerca de 40%. A curva que representa o volume de
treinamento é elevada progressivamente ao longo da fase preparatória, alcançando seu
cume no final da fase de preparação geral e no início da fase de preparação física espe
cífica. Inversamente, durante a fase competitiva, a curva que representa a quantidade de
volume de resistência aeróbia diminui progressivamente para seguir abaixo da curva que
representa intensidade. Essa última curva persegue a curva de volume de treinamento
ao longo da fase preparatória e, em seguida, a ultrapassa pelo meio da fase competitiva.
Ambas as curvas ondulam mais durante macrociclos com muitas competições. A inten
sidade é geralmente mais alta durante a parte inicial de um microciclo que precede uma
competição e diminui quando a competição se aproxima para permitir ao atleta descan
sar e regenerar-se antes dela. Quando o volume de treinamento é alto, a intensidade do
treinamento é geralmente mais baixa. Se volume e intensidade são altos, o potencial para
excesso de treinamento aumenta sensivelmente (16).
Durante a parte inicial do macrociclo antes da competição principal, o volume au
menta, refletindo uma ênfase em trabalho de alta qualidade. No final desse macrociclo o
volume diminui, geralmente nos dois últimos microciclos antes do próximo macrociclo.
A intensidade do treinamento é a princípio ligeiramente menor que o volume do treina
mento mas, então, eleva-se progressivamente à medida que a competição se aproxima.
Durante a estabilização, contudo, as duas curvas podem cair um pouco dependendo
do tipo de estratégia usado. Tradicionalmente, a intensidade não é muito elevada para
esportes de resistência aeróbia, permitindo tanto ao volume quanto à intensidade serem
igualmente salientados. Contudo, a literatura contemporânea sugere que aumentar a
intensidade do treinamento de resistência aeróbia com treinamento intervalado de
alta intensidade pode permitir ao volume ser reduzido, mantendo-se a capacidade de de
sempenho (40). Esportes caracterizados por atividades dinâmicas que expressam produ
tividades de alta potência exigirão que a intensidade seja elevada a níveis mais altos que a
curva de volume de treinamento. Como para a curta subfase das competições, o volume
é baixo e a intensidade é alta, significando que a maioria das competições é intensa.
A curva de pico, ou curva preparatória como às vezes é chamada, é um resultado direto
da interação entre volume e intensidade que afetará o nível de aptidão ou fadiga do atleta.
A curva de pico geralmente acompanha as curvas de volume e intensidade ao longo da fase
preparatória em resposta a fadiga desenvolvida nessa fase. A curva de pico então se eleva,
durante as subfases de pré-competição e competitiva em resposta à redução da fadiga que
ocorre quando o volume é diminuído. A curva de pico (curva preparatória) representa o
potencial do atleta para desempenho de alto nível, bem como seu nível de fadiga.
No exemplo de gráfico para um plano anual (Figura 6.23), a magnitude, e não a
porcentagem de cada curva, significa a ênfase colocada em volume e intensidade. Ex
pressar essas curvas em percentagens, em vez de em relação entre elas é mais complicado;
portanto, só treinadores experientes treinando atletas de elite devem usar esse método
de expressão. Da mesma forma, a curva de estresse não está incluída no gráfico, porque
sua forma é afetada pela curva de intensidade (e, portanto, assemelha-se a ela); datas de
competição também afetam a curva de estresse.
A Figura 6.24 apresenta um ciclo simples hipotético para uma equipe de voleibol.
Nesse exemplo um objetivo principal é classificar-se e ganhar a final do campeonato esta
dual ou campeonatos de uma associação universitária nos Estados Unidos. No exemplo,
a equipe deve classificar-se para o torneio do campeonato nacional e colocar-se entre a
três primeiras (em terceiro, sendo o objetivo mais realista). Antes dos jogos da Liga exis
tem três jogos amistosos, que são um meio de testar as capacidades da equipe.
180 Periodização
Figura 6.24 Plano de treinamento anual de ciclo simples para uma equipe hipotética de voleibol.
Prep. = preparação; T = transição; AA = adaptação anatômica; MxS = força máxima; Conv. pot. = conversão de potência; Regen.
regeneração; Res. = resistência; Téc. = técnico; Prep. hab. avanç. = preparação de habilidade avançada; Dev. estratégias comp.
desenvolver estratégias competitivas; Cal. = calorias; Carb. = carboidratos.
manipulada para incluir elementos que atendam às demandas específicas do atleta indi
vidualmente ou as exigências do esporte.
As taxas entre os fatores de treinamento são diferentes nas Figuras 6.24 e 6.23 como
resultado das exigências específicas de um esporte coletivo. Nesse exemplo, a preparação
técnica e tática tem uma ênfase maior. No primeiro macrociclo, a preparação física é o fator
dominante, como deveria ser com a maioria dos esportes, especialmente quando há uma
longa fase preparatória, porque o atleta deve primeiro desenvolver uma base física. Sem
sólido desenvolvimento físico o atleta pode não ser capaz de realizar as manobras técnicas
exigidas pelo esporte. Por exemplo, sem significativa força muscular nos membros inferio
res, o atleta pode não ser capaz de gerar força necessária para saltar o suficientemente alto
de modo, a atacar a bola ou bloquear as bolas atacadas pelos adversários.
As curvas de volume e intensidade são apresentadas como linhas horizontais para re
presentar um padrão de carga progressiva e ilustrar suas porcentagens, em comparação
com a Figura 6.23, na qual as curvas são usadas para mostrar a necessidade de se enfatizar
o componente de intensidade num estágio muito anterior da preparação. Na Figura 6.24
o volume do treinamento é elevado nos primeiros quatro macrociclos, com a curva de
intensidade se elevando durante o quinto macrociclo. Isso reflete o desenvolvimento da
força máxima e a ênfase na resistência específica do voleibol, aeróbia, agilidade e tempo de
reação específicos do jogo. Durante toda a fase competitiva, a intensidade permanece ele
vada, refletindo as atividades de treinamento neste momento e o estresse das competições.
índice d e R en d im en to M áxim o
Um novo parâmetro é introduzido na Figura 6.24: o índice de rendimento máximo ou de
preparação (58, 79, 92). Esse índice representa o nível de preparação do atleta para compe
tir e reflete o status fisiológico, técnico, tático e psicológico do atleta (Tabela 6.2). Para mo
dular o nível de preparo do atleta, os fatores de treinamento devem ser manipulados para
dissipar a fadiga, elevando, assim, a preparação do atleta para atuar. Neste processo as com
petições devem ser priorizadas; seria impossível render o máximo em todas as competições
porque o condicionamento físico começaria a declinar em razão de se gastar tempo demais
em baixos volumes ou intensidades de treinamento. Assim, vários níveis de ênfase devem
ser colocados em competições específicas. Exceto para as competições de alta prioridade,
não é essencial ao atleta (especialmente atletas de elite e equipes) render o máximo em
cada competição. Em esportes nos quais a fase competitiva é longa e existem muitas com
petições, não é viável atingir um ver
dadeiro pico em cada competição. O Tabela 6.2 Descrição do índice de Rendimento Máximo
atleta deve alcançar seu mais alto nível ín d ic e de re n d im e n to m á x im o N ível d e p re p a ra ç ã o (% )
desempenhos extraordinários. Em vez disso, a ênfase durante este ciclo é melhorar o nível
de preparação física do atleta em conjunto com o aumento da capacidade técnica e tática.
Durante o segundo ciclo, o volume de treinamento é dominante para seis microci-
clos e ligeiramente menos importante para os 19 microciclos restantes atribuíveis a uma
fase competitiva mais longa, durante a qual a intensidade do treinamento é a ênfase
principal. Volume e intensidade do treinamento variarão em resposta às exigências de
treinamento de cada microciclo, com curtos períodos de estabilização ocorrendo antes
de cada competição importante. As competições no primeiro ciclo competitivo são orga
nizadas de forma cíclica, enquanto aquelas na segunda fase competitiva são estruturadas
usando um método de agrupamento. A abordagem utilizada no segundo ciclo permite
que o treinamento seja facilmente dividido em treinamento e competições.
Figura 6.25 Plano anual de treinamento de ciclo duplo para uma equipe hipotética.
Prep. = preparação; S = setembro; T = transição; AA = adaptação anatômica; MxS = força máxima; Conv. = conversão; Conv. pot. = potência de con
versão; Res. geral = resistência geral; Res. an. = resistência anaeróbia; Avanç. = avançado.
184 Periodização
Volum e
Intensidade
R endim ento m áxim o
Prep. Física
Prep.Téc.
Prep. Tát.
Prep. Psic.
que a preparação física domina cada fase preparatória. Nos macrociclos contidos na fase
competitiva, a taxa entre os fatores de treinamento é mais equilibrada entre os quatro
tópicos (físicos, táticos, técnicos e psicológicos).
Outro exemplo de um plano de treinamento anual com um formato de ciclo triplo
é apresentado na Figura 6.27. Como no exemplo anterior, o gráfico do planejamento
retrata a modelagem de periodização das capacidades dominantes, bem como os fatores
psicológicos do treinamento em todas as fases do ano de treinamento. Esse exemplo in
clui o volume de trabalho de resistência aeróbia específica em metros por semana. A cur
va destas atividades evolui de acordo com as fases do treinamento e segue os princípios da
periodização. Como o volume de resistência aeróbia específica por semana é expresso em
quantidades precisas, um elemento crítico de objetividade é adicionado ao planejamento
da carga de treinamento.
A Figura 6.28, na página 188, demonstra um gráfico de planejamento anual para
natação, no qual o volume e a intensidade do treinamento são objetivamente defini
dos. Esse exemplo usa uma estrutura de ciclo duplo e expressa o volume do treina
mento em quilómetros por semana, e a intensidade, nesse caso, a velocidade, como
uma porcentagem do máximo. Este tipo de quantificação de volume e intensidade
funciona bem para esportes em que a carga de treinamento pode ser objetivamente
medida. Exemplos desses esportes incluem corrida, ciclismo, esqui, canoagem, remo e
levantamento de peso. O conceito pode ser modificado para esportes como a ginástica,
no qual a carga de treinamento pode ser especificada pelo número de rotinas parciais
ou rotinas completas executadas a cada semana.
D esem penho T estes/padrões Prep. Física Prep. Técnica Prep. Tática Prep. Psicológica
M eses Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. M ai. Jun. Jul. Ago. Set. 0
Datas
S em anas 10 17 2 4 31 7 14 21 2 8 5 12 19 26 2 9 16 2 3 30 6 13 2 0 2 7 5 12 16 26 2 9 16 2 3 72 1 14 21 28 4 11 18 2 5 2 9 16 23 3 0 6 13 2 0 27 4 10 17 24 1
D om ésticas
Á Á
Internacionais 1T Á iÁ Á I
T o ro n to 1
1 W in d s o r 1
1
1
| Vancouver |
ICologne Bonn |
C om petições
|
L Ottawa____
S e rv ille
O tta w a
T óauio
M a d ri
1 Z urich
[Hamilton
iidiid
Locação CL 1
1
I
I
Fase de tre ina m e n to P reparatória 1 C om petitiva 1 T P reparatória 2 Comp 2 P re p a ra tó ria 3 C om petitiva 3
R esistência aeróbia Vel. geral Res. aer. espec. M anutenção Vel. g e r a Res. aer. espec. Manut. R es. aer. e s p e c . Man. res. aer. espec.
V elocidade Vel. g e r a l V e lo c id a d e m á x im a M an u . vel.m áx. Vel. geral V elocidade m áx. Vel. geral Vel, m áx . M a n u t. Vel.máx. M a n u t.
Periodização
Coorde
Coordenação
A quisição de Coordenação do Série/ exercício S érie/ Coordenação do nação do C o o rd e n a ç ã o do
S érie/relaxar braço/recu
tecup Recup. do braço/
habilidade braço/recuperação form /rep relaxar braço/recuperação peração
b ra ç o /re c u p e ra ç ã o recuperação
Psicológica E stabelecer objetivos Simular estratégia de competição E stabelecer objetivos S im ula r e stra té g ia de com petição
N utrição A lta cal. Proteína e baixa caloria Carb. A lta cal. P ro teín a e b aix a calo ria Carb. Proteína e baixa caloria A lta cal.
M acrociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 11 12 13 14 15 16
M icrociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 2 0 21 22 2 3 2 4 2 5 2 6 2 7 28 2 9 30 31 3 2 3 3 34 3 5 3 6 3 7 38 3 9 4 0 41 7 2 43 4 4 4 5 4 6 47 48 4 9 5 0 51 52
D atas de testaqem 1 7 1
D atas dos controles m édicos 1 L L
Cam p ./se m i-cam p ,
V d G TGS — /o 10 0 “ - - ~ -
_
Fatores de treinamento
v. u a. 4500 90 2 A
aer. esp. 4200 80 _ a .
(em m etros) 4000 70 4 \ V \ / S \
\
* ►
3000 6 0 _5_ - V
0
Vel. m áx. - - 2000 ^
CD
30 E
TD
R endim ento • • • • 20
(D
CC
m áxim o 10
Figure 6.27 Plano de treinamento anual de ciclo triplo para um corredor olímpico.
Prep. = preparações; O = outubro; Comp = competitiva; T = transição; AA = adaptação anatômica; MxS = força máxima; Man. e potência
= manutenção e potência; Man. = manutenção; Res. aer. geral = resistência aeróbia geral; Res. aer. esp. = resistência aeróbia especial;
Man. res. aer. esp. = manutenção de resistência aeróbia especial; Vel. geral = velocidade geral; Vel. máx. = velocidade máxima; Man &
max. da vel. = manutenção e maximização da velocidade; Recup = recuperação; Relax = relaxamento; Sim. estr. comp. = simular estra
tégias competitivas; Cal = calorias; Carb = carboidratos.
188 Periodização
M eses Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. M ai. Jun. Jui. Ago. Set.
Datas
Sem anas 18 24 1 8 15 22 29 5 12 19 2 6 3 10 17 2-: 31 7 14 21 28 4 11 18 22 4 11 18 25 1 8 15 22 2 9 6 13 20 27 3 10 17 24 1 15 22 29 5 12 19 26 2 9
D om ésticas
Internacionais X X X 1 X X
1
1
1
V ancouver 1
E s lo v á a u ia 1
C om petições
P a rd u b ic e |
P io m b in o |
M a n c h e s te r!
G e n e b ra
D am as
M a d ri
Locação
R esistência aeróbia A eróbia A e ró b ia e a n a e ró b ia Específica do esporte A eróbia Aeróbia e anaeróbia Específica do esporte Aeróbia
Periodização
M icrociclos ■ 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 2 0 21 22 2 3 2 4 2 5 26 27 28 29 30 31 32 3 3 3 4 3 5 3 6 37 3 8 3 9 4 0 41 4 2 4 45 46 47 4 8 42 5C 51 52
Datas de testagem l l r 1 1r
D atas dos c o ntro le s m édicos
C am p ./se m i-ca m p .
130 % 100 1 •
Fatores de treinamento
„ 90 2 ••
120
•• •
S . 80 T ••
R endim ento
E 110 •• »• / • • *
•• •• • • •• •• • •
t 4S ™ 4 • **
M áxim o
100 5
E 60
| 90
-§ 80
•S 50 •
■§ 40
> 70
• ' ' •
8 30
1■ 60 33 20
50 10
Figura 6.28 Plano de treinamento anual de ciclo duplo para um nadador de 100 m.
Prep. = preparações; Comp. = competitiva; T = transição; AA = adaptação anatômica; MxS = força máxima, Man. = manutenção; Reab.
= reabilitação; Aero, e an. = resistência aeróbia e anaeróbia; Vel. geral = velocidade geral; Adm. do estresse = administração do estresse;
Treín. mental= treinamento mental; Pens, posit. /Adm. do estresse = pensamentos positivos e administração do estresse; Relax. =
relaxamento; Bal. = balanceado; Carb. = carboidratos.
M eses Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. M ai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.
Datas
S em anas 2 9 16 2 3 3 0 6 13 20 2 7 3 10 17 2 4 2 9 16 23 3C 6 13 2C 27 4 11 18 2 5 1 8 15 22 23 6 13 20 :■7 3 10 17 2 4 31 7 14 21 2 8 5 12 19 ;c 2 9 16 25
D om ésticas X X X
i
Internacionais
~
1
C om petições
São Francisco I
M o s-----
M o n tre a l
C a la a rv
T o ro n to
T o ro n to
T o ro n to
T o ro n to
co
Locação
-----
C om petitiva
Fase de tre ina m e n to P reparatória 1 C om petitiva 1 F Preparatória 2 T
2
Periodização
M acrociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 10 i i 12 13 14 15
M icrociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 2 0 21 2 2 2 3 2 4 2 5 2 6 2 7 2 8 29 3 0 31 32 3u 3 4 3 3 6 37 38 39 4 0 41 A 4 3 44 45 4 6 47 4 8 4 9 50 51 52
A quisição de habilidade A A A A A R R R R R R R R R R P P P P P P P P P P P P P P P P R R P P P P P P P P P P
Rotinas L L L L L L L L L L C C C C C C C C C C C C C C C C L L L C C C C C C C C C
Clube
Form as
C am p ./s e m i-ca m p .
de prep.
R epouso
1 -
Fatores de treinam ento
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Volume %10° 2 ■ ' 1^ — V
. ►
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......................... 90
— — ll 1101 iSIU dU tí gg ""tf i• • 'i
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Prep. Fís. 60
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M S Prep. Téc. 40
lll ill Prep. Tát. 30 s
X>< Prep. Psic. 20 _
10
D esem penho T estes/padrões Prep. Física Prep. Técnica Prep. Tática Prep. Psicológica
M eses Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai, Jun. Jul. Ago. Set. Out.
Datas
S em anas 4 1118 2 5 2 9 16 23 30 6 13 2027 3 1017 2 4 2 9 16 2 3 3 0 6 13 2027 4 11 18 2 5 1 8 15 22 29 6 13 2027 3 1017 24 31 7 14 2128 5 1219 2 6
D om ésticas X X X X X X X
í 1
Internacionais
IV ancouver 1
M o n tre a l 1
1
C om petições
|
E d m o n to n |
S u d b u rv
Q uebec
T o ro n to
T o ro n to
T o ro n to
T o ro n to
R e g in a
Locação
M acrociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ii 12 13
P otência T éc. PT PT d e
O bjetivos AA M xS
Téc. PT AA T é c . M xS Téc. PT Téc. P Téc. P PFG
M xS M xS M xS
Treinam ento
Intensidade M M M A A B M M M A A A M B
O bjetivos de desem penho 2 ,0 6 2 ,0 6 2 ,0 8 2 ,1 0
Form as de preparação Clube Comp. Clube Cam p. Feriado
Saltos 6 0 0 15 30 35 60 40 50 100 150 100 20
Exerc. técn . 8 0 0 25 70 50 85 60 60 130 200 100 20
Trein. peso (kgm):
M eios de tre in a m e n to
- C o r r id a 3 0 m 3 ,3 seg. 3 ,7 3 ,5 3 ,4 3 ,5 3 ,4 3 ,3 3 ,3
te s te s e padrões
- Salto vertical j. 6 2 . cm . 54 58 60 60 60 62
- S a lt o quíntuplo j. 1 5 .2 0 m. 1 4 ,0 0 1 4 ,8 0 1 4 ,8 0 1 5 ,2 0
- Flex, costas 7 0 cm 60 65 68 70
de treinamento do atleta em termos precisos, porque este incorpora todos os meios que o
atleta individualmente usaria em treinamento e mais especificamente o número de repetições
ou quilometragem para um ano de treinamento.
O treinador deve conhecer o calendário de competição, de modo a criar o plano de treina
mento. Uma vez que o calendário de competição é estabelecido, o plano de periodização pode
ser desenvolvido e os objetivos para cada macrociclo podem ser expressos de acordo com a fase
do treinamento para cada fator. Na Figura 6.30, um plano de treinamento individual hipoté
tico para um praticante de salto em altura, adaptação anatômica, força máxima e potência são
desenvolvidos durante a primeira subfase do treinamento (preparação geral). A medida que o
programa avança ou se aproxima da fase competitiva, a ênfase em outros fatores como a técnica
aumentará. À medida que o atleta atravessa a fase de transição do plano de treinamento anual,
a preparação física geral torna-se o objetivo dominante do treinamento.
A intensidade do treinamento é especificada no plano anual porque regerá a quan
tidade e a qualidade do trabalho de cada macrociclo. A intensidade pode ser expressa
simplesmente numa escala de baixa a alta, como apresentado na Figura 6.30, ou, mais
precisamente, usando-se a escala apresentada na Tabela 4.1 (1 = muito baixa, 2 = baixa,
3 = média, 4 = pesada, 5 = máxima, e 6 = supermáxima).
Na Figura 6.30, a diferença mais significativa entre o plano de treinamento anual
individual e os outros exemplos de planos apresentados neste capítulo é a inclusão de
uma seção que descreve os meios de treinamento. Essa seção lista as habilidades técnicas
dominantes, treinos e exercícios que são usados para desenvolver capacidades biomotoras
específicas. As repetições, a distância ou o tempo, a carga de volume (kg) ou o quilogra-
ma-força metros (kgm) que o atleta consegue durante o ano todo de treinamento são
apresentados adjacentes a cada meio de treinamento. Esses números são então divididos
por macrociclo, dependendo dos objetivos e da importância de cada fator nos macro-
ciclos subsequentes. Alguns exercícios fazem parte do ano todo de treinamento (por
exemplo, flexão de tornozelo) e outros (exercícios com bolas medicinais) são específicos
das fases preparatórias e pré-competitivas somente. Na Figura 6.30, todos os exercícios
de treinamento de peso são expressos em quilograma-força metros, ao passo que outros
exercícios específicos para o desenvolvimento da potência (pliométricos, treinamento
explosivo com peso) são expressos como o número de repetições. Por exemplo, treina
mento de peso que tem como alvo a geração de potência é calculado da seguinte forma:
3.800 repetições por ano x 1 metro, ou distância percorrida por um haltere x 70 kg, ou
a carga média = 266.000 kgm. A parte inferior do gráfico lista os testes e padrões corres
pondentes com a progressão para alcançar aqueles padrões.
O plano de treinamento anual individual pode ser usado para esportes individuais
ou coletivos. Esse tipo de plano parece ser mais adequado para esportes individuais, es
pecialmente aqueles com meios objetivos de medição. Contudo, esse plano pode ser fa
cilmente adaptado para as necessidades dos esportes coletivos. Por exemplo, o número de
repetições de um conjunto de habilidades específicas ou série de manobras táticas pode
ser planejado. É fácil incluir preparação física, testes e padrões no plano de treinamento
anual de atletas de esportes de equipe.
Introdução
Na introdução, a primeira coisa que deve ser apresentada é uma análise de necessidades (13,
14) na qual os aspectos científicos e metodológicos do esporte são apresentados no contexto
das necessidades do treinamento. Por exemplo, um treinador de futebol deve discutir a mag
nitude das habilidades fisiológicas, técnicas e táticas necessárias para o sucesso no esporte (27).
Esta discussão pode incluir informações sobre a duração do jogo (90 minutos) e a distância
percorrida (=8-12 km) durante um jogo (26). Informações adicionais sobre as contribuições
da força e diferentes formas de manifestações da força incluindo aceleração, saltos e corri-
Plano de treinamento anual 193
das podem ser apresentadas. Por exemplo, em média um jogador de futebol vai correr por
2 a 4 segundos a cada 90 s, correspondente de 1% a 11% da distância global do jogo (26).
Jogadores de elite executam cerca de 50 ações enquanto mantém o equilíbrio e o controle da
bola. Dessa forma (26), pode ser demonstrado que o futebol é uma série de corridas repeti
tivas que dependem de fornecimento de energia do fosfagênio (ATP-PC) e dos sistemas de
energia glicolíticos, que são intercalados com atividades aeróbias de intensidade mais baixa
(26). As relações entre força muscular, velocidade, potência e agilidade podem ser descritas
da mesma forma (26, 28, 90). Finalmente, o treinador deve descrever a duração do plano
de treinamento anual (por exemplo, de 15 de setembro de 2009 a 16 de agosto de 2010) e
apresentar informações pessoais ou da equipe (por exemplo, esporte, sexo, idade, altura, peso,
composição corporal).
A nálise R etrospectiva
Para elaborar adequadamente as previsões e objetivos de desempenho para o próximo ano, o
treinador deve analisar completamente o desempenho e o comportamento no ano anterior.
Realizações de desempenho referem-se ao desempenho competitivo, bem como o desempenho
em testes e padrões. Essa informação podem ser apresentada numa forma tabular (Tabela 6.3).
Depois de analisar os desempenhos competitivos, objetivos e testes ou padrões do
ano anterior, o treinador pode determinar o nível de preparação do atleta, analisando
cada fator de treinamento.
1. D istância lançada 5 1 ,5 0 m 5 2 .5 7 m
2. C orrida de 3 0 m 4 ,8 0 s 4 ,7 s
O b je tiv o s
3. Salto em distância 2 ,4 0 m 2 ,3 6 m
Nota: Os fatores apresentados são apenas exemplos; outros fatores como marcadores de força muscular (por
exemplo, arremesso, agachamento, prova de arranco), alterações na composição ou m assa corporal seriam apre
sentados.
Predição d o D esem p en h o
Uma das tarefas importantes do treinador é determinar as habilidades e capacidades que
precisam ser desenvolvidas e os desempenhos que precisam ser obtidos entre a data do plane
jamento e a das principais competições. A previsão do desempenho é uma referência da qual
os objetivos e padrões para o plano de treinamento anual são gerados. Alcançar esses objetivos
e padrões aumenta a probabilidade do atleta de atingir o maior desempenho competitivo pos
sível. Por exemplo, um treinador de ginástica pontua rotinas e elementos técnicos para ver se
são difíceis o suficiente para garantir uma pontuação média de 15,01 (total de pontos 120,1
no total), necessária para uma ginasta colocar-se entre os seis primeiros lugares no campeona
to nacional feminino. Após essa análise, o treinador decide quais elementos técnicos precisam
ser incorporados às rotinas do ano seguinte e as habilidades que precisam ser adicionadas
para alcançar o resultado previsto durante o ano de treinamento seguinte. Essa previsão deve
considerar a capacidade e o nível de habilidade do ginasta para ser realista.
A previsão de desempenho para esportes coletivos é mais difícil que para o esporte
individual, porque há muito mais fatores que podem afetar o desempenho. Entre os pou
cos aspectos que o treinador pode predizer estão os elementos técnicos, manobras táticas
e o nível de habilidade que os jogadores devem adquirir para melhorar o desempenho
durante o plano de treinamento anual do próximo ano.
Para o esporte em que o desempenho é objetiva e precisamente medido (por exemplo,
atletismo, halterofilismo, ciclismo de pista), a previsão de desempenho é mais fácil. Com
esses esportes o treinador examina os melhores resultados alcançados no treinamento do
ano anterior e usa a taxa de melhoria do atleta para prever o nível que este pode atingir
no ano de treinamento seguinte. Por exemplo, os desempenhos de homens remando numa
grande regata podem ser previstos por esse processo (Tabela 6.4). Usando essas previsões
e considerando as habilidades e o potencial de melhoramento do atleta, o treinador pode
Plano de treinamento anual 195
definir padrões para suas equipes e colocar expectativas para uma regata específica (Tabela
6.5). Usando a previsão de desempenho, o treinador estabelece objetivos realistas para cada
fator de treinamento e prepara o gráfico do plano de treinamento anual.
O bjetivos
No plano de treinamento anual e na projeção do planejamento, os objetivos devem ser
apresentados numa sequência metodológica com linguagem precisa e concisa. Os ob
jetivos são estabelecidos com base no desempenho passado, nos padrões de avaliações
obtidos, na taxa de melhoria para competências e desempenho e nas datas das principais
competições.
O ito rem os 5 m in 3 8 s 5 m in 4 1 s 5 m in 4 5 s 5 m in 5 0 s
Q uádruplo 5 m in 5 1 s 4 m in 5 5 s 5 m in 5 9 s 6 m in 0 4 s
Q uatro sem patrão 6 m in 0 5 s 6 m in 0 9 s 6 m in 1 3 s 6 m in 1 7 s
Q uatro com patrão 6 m in 1 3 s 6 m in 1 7 s 6 m in 2 1 s 6 m in 2 6 s
S kiff duplo 6 m in 2 3 s 6 m in 2 7 s 6 m in 3 1 s 6 m in 3 6 s
Dois sem 6 m in 4 3 s 6 m in 4 6 s 6 m in 5 0 s 6 m in 5 5 s
Oito 5 m in 4 5 s VI-VIII
Quad rem os 5 m in 5 8 s VI-VIII
Q uatro sem patrão 6 m in 1 2 s lll-V
Q uatro com patrão 6 m in 2 0 s VII-IX
S kiff duplo 6 m in 3 0 s lll-V
Dois sem patrão 6 m in 5 0 s V-VI
Skiff sim ples 7 m in 1 0 s VII-IX
Dois com patrão 7 m in 1 5 s VI-IX
Isso não significa que o treinador deva enfatizar cada fator nessa sequência. Em vez
disso, ele deverá dar prioridade aos fatores nos quais o atleta está proporcionalmente
subdesenvolvido e aqueles que são prioritários a todos os atletas participantes no esporte.
Ao definir objetivos, o treinador deve considerar e indicar a probabilidade (chance
em porcentagem) de alcançá-los, especialmente o objetivo de desempenho. Embora esse
processo se baseie em fatos objetivos, pode ser justificado considerar-se avaliações sub
jetivas, como potencial do atleta, potencial de melhoria e traços psicológicos. Objetivos
para um jogador de voleibol hipotético são apresentados no Quadro 6.3.
FATORES DE TREINAMENTO
Ite m F a to r O b je tiv o
Calendário d e C om petição
Estabelecer o calendário de competição é um aspecto importante do plano de treinamento
anual. A programação competitiva é estabelecida pelo treinador em conformidade com os
eventos agendados pela entidade nacional, associação universitária ou internacional. Nesse
processo são selecionadas as competições que melhor atendam as necessidades, nível de
desenvolvimento, capacidade de desempenho, habilidades e características psicológicas do
atleta. Embora os atletas devam contribuir para o processo de planejamento, especialmente
os atletas de elite, o treinador tem o papel decisivo de estabelecer o programa competitivo.
O grande campeonato ou objetivo competitivo principal do ano é o fator central
usado para estabelecer o plano de treinamento periodizado e o calendário competitivo.
Outras competições oficiais e amistosas devem ser de importância secundária. Contudo,
essas competições desempenham um importante papel ao permitir ao treinador avaliar
Plano de treinamento anual 197
T estes e Padrões
A avaliação de testes e p a d rõ e s específicos relacio n ad o s a u m e sp o rte é p a rte cru cial d o
desenvolvimento em um plano de treinamento periodizado (79). Essas avaliações pre
cisam ser organizadas, sistematizadas e consistentemente executadas durante o plano
de treinamento anual para angariar informações detalhadas sobre o progresso do atleta.
Monitorar o treinamento usando testes e padrões fornece ao treinador um meio obje
tivo de quantificar a evolução, o potencial de estagnação ou o risco de degradação do
198 Periodização
de treinamento. Por exemplo, um exercício comum usado para treinar a força da parte
inferior do corpo é o agachamento e este mesmo exercício é frequentemente usado para
avaliar a força da parte inferior do corpo. Então, nesse caso, um atleta treinaria o agacha-
mento para desenvolver a força da perna e usaria um teste de 1RM com o agachamento
para avaliar a força máxima.
A bateria de testes deve ser concisa (4-8 testes de desempenho) e os testes devem ser
altamente relacionados com o esporte em questão (20, 28, 33, 75, 76, 77). Por exem
plo, Stone e colegas (75) informaram que força máxima, avaliada pela prova de arranco
e levantamento terra isométrico está fortemente relacionada à habilidade de arremesso
de peso - e de implementos pesados - em arremessadores universitários. Portanto, faz
sentido avaliar a força máxima em todo o plano de treinamento anual de arremessadores
universitários. Haff e colegas (21) usaram uma bateria quinzenal de testes que incluía
avaliações de massa corporal, gordura corporal, massa magra corporal, respostas hormo
nais ao treinamento e características da curva força-tempo (força máxima, taxa de desen
volvimento de força com movimentos isométricos e dinâmicos) em halterofilistas de elite
do sexo feminino. A bateria de testes foi simples de executar, e alterações nas caracterís
ticas da curva força-tempo foram relacionadas ao plano de treinamento. Curiosamente,
a maximização do desenvolvimento de força máxima e taxa de força máxima mostraram
estar relacionadas ao desempenho no halterofilismo (20). Assim, essa simples bateria de
testes foi capaz de diferenciar o nível de preparo desses atletas.
Os testes utilizados ao longo do plano de treinamento anual e suas datas devem ser
decididos quando o treinador elabora o plano. Os primeiros testes devem ocorrer du
rante o primeiro microciclo da fase preparatória. Realizando o teste nesse momento, o
treinador pode determinar o nível de preparação do atleta e fazer algumas modificações
no plano de treinamento anual. Cada macrociclo mira objetivos específicos e testes po
dem ser conduzidos para determinar se estes são atingidos. Portanto, alguma forma de
teste deve ser conduzida durante 1 ou 2 dias no final de cada fase preparatória e subfase
pré-competitiva do macrociclo. Isso é feito para avaliar o nível preparatório do atleta du
rante essas fases. Se os resultados dos testes revelam melhora consistente, a estrutura de
treinamento original deve ser mantida. Entretanto, se os resultados indicam estagnação
ou diminuição nas medidas de teste específicas, então o treinador talvez precise modi
ficar o próximo ciclo de treinamento. O treinador deve ter cuidado ao avaliar dados de
teste, porque a fase de treinamento pode causar diminuição esperada em características
específicas de desempenho. Por exemplo, durante a fase de preparação geral, em que
volume de treinamento, carga de trabalho e fadiga são os mais altos, pode-se desconfiar
de declínios nos marcadores de capacidade de geração de potência máxima (71, 79).
Contudo, durante a fase competitiva se esperaria elevações na capacidade de geração de
potência. Durante a fase competitiva do plano de treinamento anual, sessões de teste
devem ser planejadas somente se o tempo entre duas competições é de 4 a 5 semanas.
Durante essa fase as próprias competições fornecem oportunidades ideais para avaliar o
nível de treinamento do atleta. Independentemente de em qual fase do plano de treina
mento anual as sessões de testes ocorram, o treinador deve manter registros detalhados
sobre os resultados de teste do atleta. Quanto mais organizados os dados, mais fácil de
executar uma análise longitudinal da taxa de melhoria e adaptação ao plano de treina
m e n to d o atleta.
No plano escrito, o treinador deve indicar o teste para cada fator de treinamento por
meio de diferentes cores ou símbolos. O treinador deve estabelecer padrões para cada
teste, especialmente para os fatores físicos e técnicos, ao compilar o plano anual. Padrões
do ano anterior de treinamento podem servir como pontos de referência para alcançar
200 Periodização
cada padrão. Essa progressão deve refletir a taxa de melhoria e o nível de adaptação ao
programa do atleta. Para atletas iniciantes que estão apenas começando um programa
de treinamento estruturado, os resultados da primeira sessão de teste podem ser usados
como ponto de referência para futuro planejamento.
O treinador deve ter cuidado ao estabelecer padrões (índices), porque estes ofe
recem incentivos a preparação e ao progresso. Padrões devem representar um desafio,
mas também devem ser realistas o suficiente para que o atleta possa alcançá-los.
Para atletas que pretendem alcançar altos níveis de desempenho, os padrões devem
lembrar os de outros atletas importantes. Existem dois tipos de padrões: padrões
evolutivos, que são ligeiramente superiores ao potencial do atleta e estimulam o
aumento no desempenho e padrões de manutenção, que visam preservar um nível
ótimo de preparação. O prazo de treinamento em que o atleta avança em direção a
esses padrões deve incluir no máximo dois macrociclos entre cada período de tes
tes. Se o atleta não alcançou o padrão dentro de dois macrociclos, o treinador deve
determinar o motivo. Para simplificar, os resultados dos testes e padrões podem ser
apresentados num formato tabular (Tabela 6.6).
M od elo d e P eriodização
A periodização do plano anual fornece o modelo a seguir em treinamento. A agenda
de competição pode ser usada como base da qual o plano anual mais adequado é
elaborado (estrutura de ciclos simples, duplos ou triplos). Depois de selecionar a
estrutura do plano anual, o treinador determina a duração de cada fase e subfase do
treinamento. Após sequenciar cada fase do treinamento, o treinador projeta os ma
crociclos individuais contidos do plano anual. Dentro dos macrociclos, o número,
data, locação, objetivos e métodos para satisfazer os objetivos determinados devem
ser integrados ao plano.
M od elo d e Preparação
O modelo de preparação é uma síntese do plano de treinamento anual. Ele delineia as
principais qualidades e parâmetros quantitativos utilizados no treinamento e o incre
mento de porcentagem por parâmetro entre os planos anuais, atuais e anteriores. O
treinador deve vincular o modelo de preparação com toda a estrutura do plano anual
e seus objetivos. Um treinador experiente poderia prever a duração e o número de
treinos necessários para desenvolver as competências e capacidades necessárias para
atingir os objetivos. Um modelo de preparação pode ser estruturado como mostrado na
Tabela 6.7.
O modelo apresentado na Tabela 6.7 assume que, para chegar a um nível mais
alto de desempenho, o atleta deve aumentar sua resistência aeróbia e muscular. Isso é
conseguido elevando-se o volume do treinamento, prolongando-se a fase preparatória e
aumentando o número de sessões de treinamento para corresponder com um aumento
do número total de horas gastas treinando. Além disso, modificar a relação entre diferen
tes métodos e tipos de treinamento melhorará a resistência muscular e aeróbia.
Periodização
D uração do plano anual (dias) 322 1 00 >8
Fase prepa ra tó ria (dias) 1 82 5 6 ,5 <5
Fase c o m pe titiva (dias) 1 19 37 <3
Fase de tran siçã o (dias) 21 6 ,5
M acrociclos (n) 9
M icrociclos (n) 46
No clube 41
No cam p, nacional 3
No exterior 2
C om petições (n) 7
intern a cion a is 2
N acionais 4
R egionais 1
Testes (n) 16
RENDIMENTO MAXIMO
POR COMPETIÇÃO
tletas, treinadores e cientistas esportivos trabalham continuamente para facilitar o
RENDIMENTO MÁXIMO
O objetivo final do plano de treinamento de um atleta é otimizar o desempenho em
competições específicas durante todo o ano de treinamento. Esse objetivo é realizado
com cuidadoso sequenciamento do plano de treinamento anual. A base para levar ao
máximo o desempenho de um atleta é estabelecida durante as fases preparatória e de
competição do treinamento, quando o atleta desenvolve sua base física, tática e técnica
de treinamento (64, 65). Durante as últimas partes da fase de competição do treina
mento, o processo de levar ao máximo o desempenho de um atleta para competição
específica é iniciado (Figura 7.1). Rendimento máximo, ou polimento como às vezes
é chamado (64, 65), é um processo complexo que pode ser afetado por muitos fatores,
incluindo o volume, a frequência e a intensidade do treinamento (19). Se implementa
do corretamente, o polimento ou rendimento máximo ocorre em resposta a adaptações
fisiológicas e psicológicas induzidas pelo plano de treinamento (19, 41). O polimento é
uma das fases mais críticas da preparação de um atleta para competição (19). Polimentos
são a m p la m e n te u tiliz a d o s p o r atletas d e vários esp o rtes p a ra g a n h a r u m a v a n ta g e m de
desempenho sobre seus concorrentes (10, 21, 24, 26, 34, 35, 38, 50, 63).
203
204 Periodização
t_____ t
Preparações
Figura 7.1 Modelo de Periodização Generalizado para Treinamento de Força e Potência com
um Polimento.
Adaptado, com permissão, de S.S. Plisk e M.H. Stone, 2003, Periodiation strategies, S tre n g th a n d C o n d i
tio n in g 25:19-37.
DEFININDO UM POLIMENTO
Muitas definições foram usadas para descrever como um plano de treinamento de um
atleta é modificado nos últimos dias antes de uma competição (4, 39, 41, 44, 59, 62).
Ao tentar fazer um atleta render o máximo para competição, o treinador reduz a carga de
trabalho antes da competição (41). A redução na carga de trabalho que é usada durante
esse período é considerada um polimento (4, 41, 61). Tradicionalmente, um polim ento é
simplesmente definido como uma redução na carga de trabalho do treinamento antes de
uma competição (58). Mais recentemente, Mujika e Padilla (40) definiram um polimento
como “uma redução não linear progressiva da carga de treinamento durante um período
variável de tempo, numa tentativa de reduzir o estresse fisiológico e psicológico do treina
mento diário e otimizar o desempenho esportivo” (p. 80). Essa definição se expande sobre
a definição tradicional, incluindo algumas implicações para o projeto do polimento (41).
uma redução na sensação de fadiga e uma sensação aumentada de vigor (20, 41, 56).
Essas conclusões indicam que no início de um polimento, as adaptações fisiológicas ao
programa de treinamento já ocorreram (41) e estão provavelmente mascaradas pela fa
diga acumulada (60), enquanto que as adaptações psicológicas ocorrerão em resposta ao
polimento. Assim, o polimento é um mecanismo para diminuir tanto a fadiga fisiológica
quanto a psicológica, permitindo ganhos no desempenho.
Figura 7.2 Relacionamento entre fadiga, condicionamento físico, preparo e duração do polimento.
Durante o polimento a fadiga diminui rapidamente, enquanto o condicionamento físico é mantido
por um pouco mais dependendo da composição do polimento. Contudo, se o polimento se esten
de por tempo longo demais, o condicionamento físico se dissipará até ocorrer o destreinamento.
206 Periodização
Redução ótima na
carga de treinamento
Se, por exemplo, a carga de treinamento anterior ao polimento é muito alta, uma redu
ção dela com duração maior de polimento será necessária para maximizar a diminuição
em fadiga requerida para elevar o preparo (30, 61). Assim, o polimento é mais que sim
plesmente reduzir a carga de treinamento; ele envolve a integração de muitos fatores para
elevar o preparo do atleta e otimizar seu desempenho.
Intensidade do Treinamento
A literatura científica indica que quando se reduz volume e frequência durante um polimento
pode ser justificado manter ou elevar ligeiramente a intensidade do treinamento (4, 24, 30, 34,
41, 50, 59). Parece que a intensidade do treinamento durante o polimento está infimamente
relacionada a capacidade de manter as adaptações de desempenho induzidas pelo treinamen
to durante períodos de carga de treinamento reduzida (17, 58). Também foi sugerido que a
intensidade do treinamento é um fator chave na manutenção das adaptações fisiológicas indu
zidas pelo treinamento durante o polimento (4, 44). Na análise de estudos de treinamento de
resistência aeróbia, pesquisadores têm observado que intensidades de treinamento mais baixas
(< 70% VO ,máx) durante o período de polimento tendem a resultar numa redução ou manu
tenção do desempenho de resistência aeróbia (25, 33). Entretanto, quando intensidades mais
altas (> 90% V 0 2máx) são incluídas no polimento, o desempenho tende a aumentar (58).
Rendimento máximo por competição 207
V ------------------------------------- V*
ESTRATÉGIAS DE PO LIM EN TO RECOMENDADAS
Usar estratégias de polimento para dissipar m ento extensivo precede o polimento, pode
a fadiga, m anter o condicionamento físico, ser justificado diminuir o volume do treina
elevar o preparo, e melhorar o desempenho. m ento por 60% a 90% dos volumes pré-po
Criar estratégias de polimento individualizadas limento.
que durem entre i e 4 semanas com 8 a 14 dias M anter a frequência de treinam ento em
sendo o tempo ideal na maioria dos casos. 80% ou mais de frequências pré-polimento.
Manter intensidades de treinam ento m ode Usar modelos de polimento progressivos,
rada a alta durante 0 polimento para evitar não lineares.
destreinam ento. Esperar ganhos de desem penho de aproxi-
Diminuir o volume do treinam ento por 41% a m adam ente 3% em resposta ao polimento.
60 %dos volumes pré-polimento. Se treina
D-------------------------------------
Adaptado de Mujika e Padilla, 2003 (41), Mujika, 1998 (34) e Bosquet et al., 2002 (4).
Volume de Treinamento
Frequência do Treinamento
Duração do Polimento
Dias de polimento
Figura 7.4 Quatro tipos comuns de polimentos propostos por Mujika e Padilla (41).
Adaptado de Mujika e Padilla, 2003 (41).
210 Periodização
C lassificações de
C om p etições
Human Kinetics
Competições podem ser classificadas em duas
grandes categorias: (1) competições principais ou
oficiais e (2) competições preparatórias ou amis
tosas. Competições menores e eventos amistosos no iní
Competições principais são as mais impor cio do calendário de competição são boas maneiras
tantes para o atleta (por exemplo, campeonatos de medir como um plano de treinamento está fun
nacionais, mundiais, Jogos Olímpicos). Essas cionando. Treinadores podem usar esses eventos
competições exigem do atleta o máximo de de para analisar que partes do plano de treinamento
sempenho e muitas vezes fornecem as diretrizes talvez precisem ser alteradas para preparar o atieta
para a organização do plano de treinamento para grandes competições e eventos.
anual do atleta, especialmente para esportes in
dividuais. Preparações para uma competição importante normalmente incluem um
polimento para dissipar a fadiga acumulada e aumentar o preparo do atleta
Competições preparatórias ou amistosas são usadas para testar o atleta e conseguir
feedback sobre aspectos específicos do treinamento. Essas competições são parte inte
grante da preparação do atleta e uma parte importante do plano de treinamento. Muitas
vezes atletas vão treinar tipos de competições sem usar quaisquer estratégias de polimen
to específicas. Muitos treinadores usam essas competições para testar algum aspecto do
desenvolvimento do atleta. Por exemplo, numa competição local um halterofilista pode
competir numa capacidade muito próxima à máxima na prova de arranco para testar
uma modificação técnica que fez no treinamento. Se esse for seu objetivo para essa
competição, ele pode usar apenas cargas moderadas de treinamento para a prova de ar
remesso e, então realizar uma sessão de treinamento após a competição. A vitória não é
sempre o foco desses tipos de competições; em vez disso, elas são realizadas como sessões
de treinamento de intensidade muito alta. Contudo, a vitória nessas competições pode
produzir informações valiosas sobre o nível de preparação do atleta que podem justificar
alterações no plano de treinamento.
212 Periodização
Campeonatos mundiais
Os últimos dois macrociclos (10 e 11) contém as duas competições principais dessa
fase de competição. No futebol universitário americano, a competição no macrociclo 10
seria os campeonatos universitários, enquanto a competição no macrociclo 11 seria um
jogo final decisivo.1 Como cada microciclo ao longo dos macrociclos 8 e 9 termina com
um jogo, uma estrutura de microciclo de um pico pode ser justificada. Esse pico ou carga
de treinamento aumentada poderia ocorrer na terça ou quarta-feira.
Um ou dois dias antes de cada jogo, um período de menor carga seria usado para
dissipar a fadiga e preparar o atleta para a competição. Treinadores que trabalham com
esportes individuais devem considerar o uso da abordagem cíclica pouco antes das gran
des competições (Figura 7.8). Nessa abordagem, o treinador pode levar o atleta a várias
competições que ocorrem a cada 2 semanas de modo a obter informações sobre o atleta
em situações de competição. Isso permitirá ao treinador modificar o plano de treinamento
com base no feedback recolhido das competições periódicas.
Na abordagem cíclica, a primeira metade da semana após uma competição conteria
uma carga de treinamento menor para aumentar a recuperação, enquanto a segunda
metade conteria cargas de treinamento maiores (Figura 7.9). O microciclo anterior à
próxima competição seria estruturado de modo que as cargas de treinamento mais altas
sejam encontradas no início da semana (ou seja, terça ou quarta-feira) e as mais baixas
ocorreriam na segunda metade da semana de modo a facilitar a recuperação para a com
petição do fim de semana. Contudo, este é apenas um exemplo de como um microciclo
poderia ser formatado; muitos formatos diferentes estão disponíveis baseados no tipo de
polimento e na temporada competitiva. Embora essas duas abordagens principais sejam
geralmente usadas para projetar a fase competitiva do treinamento, é provável que as
abordagens cíclicas e agrupadas possam ser combinadas ao se planejar para competições.
Campeonatos mundiais
Figura 7.7 Calendário de competição para um esporte de equipe com base numa aborda
gem cíclica.
Fase de
Fase competitiva
treinamento
Nov. Dez. Jan. Fev. Mar.
Datas
1 s 15 22 29 5 12 IS 26 3 10 17 24 31 7 14 21 28 4 ■ H IE lfe S l
Macrociclos 1 1
Programação
competitiva O O o o O O A
< c> Competição (ênfase secundária)
y l Campeonatos nacionais (ênfase primária)
Campeonatos mundiais
□ Dia de competição
Carga de treinamento B Dia de repouso
□ Dia de treinamento
80%-90% Alta
Corrida
70%-80% Média
50%-70% Baixa
0 Repouso
Figura 7.9 Estrutura de microciclo para treinamento entre competições durante a abordagem cíclica.
Frequência d e C om p etição
Determinar a frequência das competições é um empreendimento complexo. Fatores
como características do atleta, anos de treinamento e esporte contribuem para a frequên
cia e o número de competições realizadas a cada ano. O treinador também deve conside
rar a duraçáo da fase de competição, dado que uma fase mais longa permitiria um maior
número de competições.
Uma determinante primária do número de competições realizadas pelos atletas é sua
idade e experiência de treinamento (9). Quanto menos experimentado o atleta criança
ou jovem, menos frequentemente ele deve competir (9). Se o treinamento do atleta é
centrado em desenvolvimento multilateral, o jovem atleta aumentará o número de epi
sódios competitivos progressivamente enquanto desenvolve suas habilidades e seu plano
de treinamento aumenta a ênfase em especialização (45, 55). Kauhanen (29) sugeriu
que, quando o atleta jovem torna-se mais treinado, o número de grandes competições
deve aumentar a cada ano (Tabela 7.1). Durante estes anos, competições secundárias ou
menores são ainda realizadas para ajudar a desenvolver as habilidades do atleta em com
petição. Com atletas jovens a ênfase primária é o desenvolvimento das habilidades que
serão usadas na competição quando eles tornam-se mais treinados.
Um segundo fator determinando a frequência das competições são as características
do esporte. Em esportes coletivos, a duração da temporada pode ter grande impacto
sobre o número de competições organizadas. Por exemplo, uma equipe de ponta no Cam
peonato Inglês de futebol pode competir em aproximadamente 60 competições durante
aproximadamente 270 dias, o que equivale aproximadamente a competir a cada 3 dias e
meio a 4 dias e meio (8). Atletas de esportes individuais geralmente têm uma maior flexi
bilidade na seleção das competições, porque provavelmente competirão com menos fre
quência que atletas em esportes coletivos. Por exemplo, um halterofilista de elite só pode
competir em três ou quatro grandes competições por ano de treinamento (1, 12). Dick
(8) sugeriu que a montagem do período principal de competição em atletismo deve con
sistir de cerca de 7 a 10 competições. Quaisquer competições adicionais seriam utilizadas
para treinamento de nível mais baixo (8). A Tabela 7.2 oferece algumas orientações muito
rudimentares relativamente ao número de competições para adetas iniciantes e avançados.
216 Periodização
M édia distância
8 0 0 -1 5 0 0 m - 4 -8 2 -3 1 0 -1 6
C urtas d istân cia s 2 -3 8 -1 0 2 -4 8 -1 0
C orrida e ca m in h a da de distân cia
M aratona - 1 - 2 -3
C am inhada 5 0K 6 -8 8 -1 0
Preparação especializada 1, C o rrig ir d e ficiê n cia s reveladas dura n te a 1. In cluir tre in a m e n to extensivo
para as com pe tiçõ e s da liga subfase de p ré -co m p e tiçã o 2. A u m en tar volum e de tre ina m e n to
2 . A lte ra r té cn ica s e m étodos para m elhorar 3 . P articipar de alg u m a s co m pe tiçõ e s sem
ca pacidades co m pe titiva s a ltera r o tre in a m e n to
Restauração
Competição — ► Competição
(manutenção) — ►
C om petição
Restauração Restauração
Competição Competição —► Competição
* (manutenção) (manutenção;
Sobre o intervalo de tempo entre competições, Bompa (3) e Harre (15) recomen
dam o seguinte:
CICLOS DE
TREINAMENTO
iclos de treinamento podem ser estruturados em planos de longo prazo, como o plano
C quadrienal (4 anos) e o plano anual individual (1 ano). Baseado nos planos metodológi
cos de alemães preparando-se para as Olimpíadas de 1936, o plano anual pode ser subdi
vidido em planos grosse (macrociclo) e kleine (microciclo). Macrociclos podem ser estruturados
em incrementos de 2 a 7 semanas, enquanto microciclos geralmente consistem de 1 semana ou
3 a 7 dias de treinamento. Embora alguns autores sugiram existir oito ou nove variantes de mi
crociclo, é provavelmente melhor usar cinco variantes básicas: desenvolvimento, choque, rege
neração, competição e polimento. Embora os cinco tipos básicos de microciclo sejam na maioria
das vezes utilizados, é provável que alguns treinadores usem variações dessas amplas categorias.
MICROCICLO
O termo microciclo vem da palavra grega micros, que significa “pequeno” e da palavra latina
ciclos, que se refere a uma sequência regular de eventos. Em metodologia do treinamento, um
microciclo é um programa de treinamento semanal ou de 3 a 7 dias dentro de um programa
anual. O microciclo é a mais importante ferramenta de planejamento funcional no processo
de treinamento (16, 19, 20). A estrutura e o conteúdo do microciclo determinam a qualidade
do processo de treinamento. O microciclo é estruturado de acordo com objetivos, volume,
intensidade e métodos que são o foco da fase do treinamento. As demandas fisiológicas e
psicológicas colocadas sobre o atleta não podem ser estáveis, devem mudar de acordo com a
capacidade de trabalho do atleta, sua necessidade de recuperação e o plano de competição. O
microciclo deve ser flexível o suficiente para que as sessões individuais de treinamento possam
ser modificadas para atender a certas circunstâncias (20). Quando o microciclo é modificado,
sessões de treinamento subsequentes devem ser modificadas de modo a manter o foco do
microciclo e assegurar que os objetivos do treinamento sejam alcançados (22).
Elaborando M icrociclos
O microciclo tem uma forte precedência histórica e pode ser encontrado nas obras de
Filóstrato, um erudito grego antigo. Filóstrato propôs um plano de curto prazo que ele
219
220 Periodização
chamou de sistema tetra, que era um ciclo de treinamento de 4 dias que decorriam na
seguinte ordem.
A estrutura do sistema tetra era para ser repetida continuamente. Essas antigas prá
ticas de treinamento são a base da estrutura do microciclo.
Os principais critérios determinando a estrutura do microciclo são os objetivos e
fatores do treinamento e as melhorias desejadas no desempenho atlético. A estrutura de
microciclo apropriada ditará a taxa de melhoria nos vários fatores do treinamento. O
sequenciamento do microciclo é de particular importância, porque a fadiga gerada numa
sessão de treinamento pode afetar significativamente as subsequentes. Por exemplo, se
uma sessão que se concentra no desenvolvimento de resistência ou contém um estímulo
muito intenso precede uma sessão de treinamento técnico, a fadiga gerada pela primeira
sessão prejudicará significativamente o desenvolvimento da técnica na sessão seguinte.
Assim, o sequenciamento dos estímulos de treinamento ao longo do microciclo deve
levar em contar a fadiga acumulada de modo a maximizar o desenvolvimento de fatores
específicos de desempenho ou biomotores. O microciclo deve ser estruturado usando-se
os mesmos conceitos sugeridos para o plano da sessão de treinamento:
Human Kinetics
Ao estruturar microciclos, o treinador deve incluir oportunidades para o atleta melhorar conhecimento
técnico e desenvolver velocidade, força e resistência.
Ciclos de treinamento 221
Elaborando um Microciclo
Considerações Estruturais
O treinador deve determinar se o atleta deve executar uma ou mais sessões por dia.
Se o desenvolvimento do atleta e a agenda de trabalho, escolar ou pessoal, permitem
várias sessões de treinamento, o treinador deve planejar o cronograma destas.
E útil começar cada microciclo com uma reunião em que treinador e atleta discutam
os objetivos de cada fator de treinamento contido no microciclo e como esses objetivos
serão alcançados. O treinador e o atleta devem discutir o volume e a intensidade do trei
namento, o número de sessões contido em cada dia de treinamento, e onde estarão lo
calizadas as sessões mais difíceis. O treinador pode querer visar padrões de desempenho
para o microciclo. Informações personalizadas adicionais podem ser dadas aos atletas nesse
momento. Finalmente, se o microciclo está levando a uma competição, o treinador deve
dar ao atleta detalhes sobre os próximos desafios e motivá-lo a atingir cada objetivo desta.
Se não houver nenhuma competição no final do microciclo, deve ser realizada uma
reunião curta após a última sessão de treinamento para analisar se o atleta alcançou
os objetivos e metas do microciclo. O treinador deve usar essa reunião para criticar o
desempenho do atleta durante o treinamento, certificando-se de destacar os aspectos
positivos enquanto direciona os outros ao aperfeiçoamento. O treinador pode reforçar
a avaliação do microciclo pela coleta de contribuições do atleta. O treinador deve,
então, reunir todas as informações obtidas das reuniões e os resultados do treinamento
para formular estratégias para microciclos futuros com metas e objetivos semelhantes. A
reunião após um microciclo é uma ferramenta com a qual treinadores e atletas podem
coordenar seu foco nos resultados do desempenho.
C lassificando M icrociclos
Várias estruturas diferentes de microciclo são apresentadas neste capítulo, mas circuns
tâncias específicas de treinamento resultam num número infinito de variações estrutu
rais. A dinâmica do microciclo é ditada por muitos fatores, incluindo a fase do treina
mento, o status de desenvolvimento do atleta e a ênfase no fator de treinamento (por
exemplo, preparação técnica, física ou tática). Um dos fatores mais importantes a ditar
a estrutura do microciclo é o nível de desenvolvimento do atleta e sua capacidade de
Ciclos de treinamento 223
treinamento. Por exemplo, um atleta altamente treinado pode ser capaz de tolerar uma
densidade maior de sessões de treinamento realizadas em intensidades mais altas que um
atleta novato ou menos desenvolvido. Atletas na mesma equipe podem ter capacidades
de trabalho e necessidades de treinamento diferentes, assim a individualização da estru
tura do microciclo pode se justificar.
Para criar um estímulo de treinamento individualizado, o treinador deve eliminar pa
dronização e rigidez ao estruturar o microciclo. O microciclo deve ser flexível no contexto
do plano de treinamento, bem como permitir ao treinador alterar fatores de treinamento
quando o atleta avança no plano. Essa flexibilidade permite ao treinador usar as informa
ções coletadas de treinamento, avaliações ou competição para modificar o plano de treina
mento de modo a ajudar o atleta a alcançar os objetivos de desempenho e do treinamento.
Um método para classificar microciclos centra-se no número de sessões de treina
mento por semana. Como mencionado antes, o número de sessões que o atleta pode
tolerar sem que ocorra overtraining é ditado por seu nível de desenvolvimento e prepara
ção física. Adicionalmente, a estrutura do microciclo se alterará dependendo do tempo
disponível para o treinamento e se o atleta está participando num campo de treinamento
ou realizando sessões regulares de treino.
Há uma variedade de estruturas de microciclo: 3 dias por semana (Figura 8.1), 4
dias por semana (Figura 8.2) e 5 dias por semana (Figura 8.3) são estruturas comuns.
Atletas avançados que tenham alta tolerância de trabalho e podem atender aos requisitos
de tempo podem realizar oito sessões de treinamento por semana (Figuras 8.4 e 8.5).
Te m po d a
DIA
se ssã o Segunda Terça Q u a rta Q u in ta S exta S áb a d o D o m in g o
M anhã
T e m p o da
DIA
se ssã o Segunda Terça Q u a rta Q u in ta S exta Sábado D o m in g o
Figura 8.2 Microciclo com quatro sessões de treinamento por semana. Uma variante é ter a
quarta sessão na sexta-feira.
Te m p o da DIA
se ssã o Segunda Terça Q u a rta Q u in ta S e xta Sábado D o m in g o
M anhã ^ ____
Tarde Treinam ento Treinam ento T reinam ento Treinam ento Treinam ento
Te m p o da DIA
se ssã o Segunda Terça Q u a rta Q u in ta S e xta Sábado D o m in g o
Microciclos com sessão de treinamento adicional podem ser utilizados durante fe
riados ou concentrações, quando mais tempo para treinamento está disponível ou com
atletas mais avançados.
Existem muitas maneiras de aumentar o número de sessões de treinamento. O atleta
pode usar um microciclo 3 + 1, treinamento em três meios dias sucessivos, seguidos por
meio dia de descanso, para um total de nove sessões de treinamento durante o microciclo
(Figura 8.6). Esse modelo pode ser modificado para um atleta cuja tolerância ou potencial
de treinamento seja mais alta e possa tolerar microciclos mais intensivos. Um microciclo de
5 + 1 (cinco sessões mais meio dia de repouso) (Figura 8.7) e um microciclo de 5 + 1 + 1
(cinco sessões mais meio dia de repouso, seguido por meio dia de trabalho) são microciclos
intensivos (Figura 8.8). A estrutura desses microciclos mais intensivos depende da quan
tidade de tempo disponível e do tipo de estímulo de treinamento usado em cada sessão.
A estrutura do microciclo pode ser expandida mais tarde, integrando-se ao longo
do dia várias sessões que visem a diferentes fatores do treinamento. Por exemplo, um
microciclo de três componentes pode ser elaborado onde uma sessão de corrida-agilidade
ou uma sessão pliométrica é conduzida pela manhã e a sessão de treinamento principal,
que visa o desenvolvimento tático ou técnico, seguida de treinamento de força, pode ser
realizada no fim da tarde ou começo da noite (Figura 8.9).
Um aspecto adicional da estrutura do microciclo relaciona-se a variações em intensidade e
demanda do treinamento. As dinâmicas do treinamento não devem ser uniformes em todo o mi
crociclo. Devem variar de acordo com as características do treinamento, o tipo de microciclo usa
do, as condições ambientais (por exemplo, clima, estação), e a fase do plano de treinamento anual.
T e m p o da DIA
se ssã o S egunda Terça Q u a rta Q u in ta S e xta Sábado D o m in g o
Tarde T reinam ento Treinam ento Treinam ento T reinam ento Treinam ento Treinam ento
Te m po da DIA
se ssã o S egunda T e rça Q ua rta Q u in ta S e xta S ába do D o m in g o
M anhã Treinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento
Tem po da DIA
se ssã o Segunda Terça Q ua rta Q u in ta S e xta S ába do D o m in g o
M anhã T reinam ento Treinam ento T reinam ento T reinam ento T reinam ento Treinam ento
Tarde Treinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento ......
Te m po da DIA
se ssã o Segunda Terça Q u a rta Q u in ta S e xta S ába do D o m in g o
M anhã Treinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento
DIA
Te m po da
se ssã o S egunda Terça Q u a rta Q u in ta S e xta S ába do D o m in g o
T reinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento Treinam ento
3 d a Tarde
principal principal principal principal principal
4 A lta 8 0 -9 0 A lta
3 M édia 7 0 -8 0 M édia
2 Baixa 5 0 -7 0 Baixa
Carga de treinamento
80%-90% Alta
70%-80% Média
50%-70% Baixa
0 Repouso
Dias do microciclo
Figura 8.10 Microciclo com um pico.
226 Periodização
Carga de treinamento
80%-90% Alta
70%-80% Média
50%-70% Baixa
0 Repouso
Figura 8.14 Microciclo de dois picos, no qual o segundo pico é uma competição.
Nessas situações, pode ser justificado adicionar um microciclo de adaptação que não
contenha pico. A estrutura do microciclo também deve ser alterada quando o atleta está
treinando em clima quente e úmido. Nessa situação, é recomendável que o pico ocorra
no início da semana, quando o atleta tem mais vigor.
Os microciclos de amostra nas Figuras 8.10 até 8.16 representam a demanda de treinamento
total em vez de variáveis separadas de volume e intensidade. O uso da demanda de treinamento to
tal permite que a estrutura do microciclo seja utilizada numa variedade de modalidades esportivas,
porque os esportes variam em sua área de ênfase, com alguns em que predominam velocidade-po
tência, força máxima ou resistência. Além disso, esportes de equipe contêm uma interação com
plexa de muitos fatores que podem ser melhor representados pela demanda de treinamento total.
228 Periodização
Carga de treinamento
80%-90% Alta
70%-80% Média
50%-70% Baixa
0 Repouso
Dias do microciclo
Carga de treinamento
80%-90% Alta
70%-80% Média
50%-70% Baixa
0 Repouso
Dias do microciclo
Figura 8.16 Microciclo de três picos com alternância de dem andas de treinamento.
E sp o rte /E v e n to :D a rd o M ic ro c ic lo # 2 9
D ata: 2 0 .0 7 -2 7 .0 9 O b je tivo s :
1. Executar 6 7 ,0 0 m
2, A p e rfe iço a r o ritm o das trê s últim a s passadas sob co ndições de velocidade m ais alta
3, D esenvolver a ca pacidade de co n ce n tra r-se para a co m pe tiçã o da m anhã
4 . M a nte r a p otência de pern a e braço
lOhOO • 1 5 m in de a quecim ento A q u ecim e nto para Igual a A q u ecim e nto C om petição
-Ilh O O •C o rrid a s: com pe tiçã o : 6 te rça para co m pe tiçã o 10h45
da m anhã 2 0 .3 0 .4 0 m 6
2; 3
4 4
a rrem essos
/
• A quecim ento: 2 0 min • A quecim ento: Jogo de Igual • A quecim e nto: Jogo de
• C orridas: C om petição Basquete: a co m pe tiçã o Basquete:
30 m 3 • A rrem essos: 2 x segunda • A rrem essos: 15 2 x
4 • 6 a rrem essos 4 /4 15 min apro xim a ção m édia 1 5 m in
4 • 1 5 arrem essos, • C am in ha r e
• Técnica 3á co m cu rta a rrem essar: 15 m in a
• Ú ltim as 3 passadas aproxim ação d ifere n te s espo rtes na
• 3 0 arrem e sso s com • A quecim e nto: 7 m in g ram a
beisebol de aque cim en to • R elaxam ento:
• 1 5 a rrem essos de bola específico exercícios especiais
m edicina! • Treinam ento de peso:
• S altos 2 x 3 0 m 3 0 m in
• Flexibilidade: 5 m in
Microciclos de Desenvolvimento
Microciclo de Choque
do atleta nos blocos de treinamento subsequentes (16). Esse tipo de carga resultará num
nível significativo de perturbações fisiológicas, o que facilitará aumentos posteriores em
preparação e desempenho (5, 6, 15). Contudo, quanto maior a carga de treinamento
programada num microciclo de choque, mais longo a demora antes do aumento de
desempenho depois que o atleta retorna às cargas normais de treinamento (16, 19).
Um exemplo de microciclo de choque é apresentado na Figura 8.19. Nesse exemplo
foi elaborado um microciclo de três picos no qual demandas muito altas de treinamento
são encontradas. Para facilitar a recuperação, dois dias de recuperação são planejados
(quinta-feira e domingo).
Carga de treinamento
80%-90% Alta
70%-80% Média
50%-70% Baixa
0 Repouso
Carga de treinamento
80%-90% Alta
70%-80% Média
O
-t-J
c
QJ
50%-70% Baixa E
>
Choque
Choque
Choque
Figura 8.19 Variante de microciclo de choque. Uma variante do microciclo de choque apresentado pode con
ter uma leve sessão de treinamento de recuperação na quinta-feira.
Ciclos de treinamento 231
Figura 8.20 Variante de um microciclo de choque intercalando picos de alta intensidade com
repouso ativo de intensidade mais baixa.
Uma alternativa a esse formato é intercalar os picos de alta intensidade com repouso ati
vo ou treinos de regeneração de menor intensidade (Figura 8.20). Ao usar esses tipos de
ciclo, o atleta deve permitir tempo suficiente para preparação e desempenho de modo a
supercompensar. Portanto, esses tipos de microciclo não devem ser usados imediatamente
antes de uma competição ou 2 a 3 semanas após um microciclo de choque, regeneração
ou estabilizador, quando a intensidade do treinamento deve ser consideravelmente menor.
Microciclo de Recuperação-Regeneração
Carga de treinamento
80%-90% Alta
70%-80% Média
50%-70% Baixa
0 Repouso
Dias do microciclo
Figura 8.21 Microciclo com competições semanais.
Ciclos de treinamento 233
Carga de treinamento
80%-90% Alta
70%-80% Média
50%-70% Baixa
0 Repouso
Qua. | Qui.
Dias do microciclo
Figura 8.22 Microciclo competitivo para um esporte de equipe com dois jogos em uma semana.
Carga de treinamento
80%-90% Alta
o o
70%-80% Média o o
CD CD
50%-70% Baixa o O O
O oO o
iC tf O IC O O
'cO ICO
0O
3 'c
o
'0
o
co o
CO _Ç> "■
+D
-1
< 50% Muito baixa
v_
0 '.2 '-J= _N 0 C
Cl o 0C S 3cg CL Q.
=3
O c « E E
CD 0 O o
0 Repouso CE 1 LU
03
LU O O
Seg. Ter. Qua. Qui. Sex. Sáb. Dom.
Dias do microciclo
Figura 8.23 Microciclo competitivo para um esporte de equipe com dois jogos num final de semana.
DIAS DO MICROCICLO
Te m po
S egunda T e rça Q ua rta Q u in ta S e xta S ába do D o m in g o
Figura 8.24 Microciclo para um torneio de esporte de equipe de uma semana de duração.
Além disso, uma sessão de treinamento tático de baixa intensidade está prevista para o
final da tarde do dia anterior a cada jogo. Um microciclo formatado dessa forma dará ao
atleta o melhor potencial para recuperar-se e maximizar o desempenho.
dia de competição, por vezes, não é tão bom quanto o esperado. O declínio no desem
penho parece estar baseado em reações psicológicas pós-competição (como excesso de
confiança, presunção) em vez de acúmulo de fadiga. Para facilitar a capacidade do atleta
em tolerar os dias de descanso entre competições, o treinador pode incluir microciclos
baseados na competição em todos os macrociclos contidos na fase competitiva do plano
de treinamento anual. Se a fase competitiva é curta, o treinador pode introduzir o mo
delo competitivo durante a última parte da fase preparatória.
Embora o modelo competitivo possa ser usado para se preparar para uma competi
ção importante, o atleta provavelmente participará em diversas competições adicionais.
Essas podem ocorrer no microciclo num dia diferente da competição principal. O mo
delo de microciclo geralmente não deve ser modificado nessas situações, especialmente se
o atleta tem probabilidade de se classificar para a competição principal.
O principal objetivo dos microciclos anteriores à competição principal é permitir ao
atleta recuperar-se completamente do estresse fisiológico e psicológico do treinamento
para que ocorra o desempenho máximo (para mais informações sobre rendimento máxi
mo, veja o Capítulo 7). O atleta pode render o máximo reduzindo a carga de treinamento
em cerca de 40% a 60% durante o microciclo (2) antes da competição principal. Outra
estratégia consiste em manipular a carga de treinamento por meio de dois microciclos.
Nessa situação o rendimento máximo pode ser alcançado em 8 a 14 dias, com reduções
graduais na carga de treinamento. Vários exemplos de estratégias de rendimento máximo
são apresentados no Capítulo 7.
Padrao
de carga
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20 %
10%
Semana 8
Carga de treinamento
80%-90% Alta
70%-80% Média
50%-70% Baixa
r* CO
O (D
ico -S tCO -r-j
Dias do m icrociclo
No melhor cenário, o plano alterna dias de treinamento pesado com dias fáceis durante
o ano. No pior, o plano utiliza uma filosofia “sem dor, sem ganho (nopain, no gain)” e a
carga ou intensidade do treinamento é constantemente muito alta, o que acaba por levar
ao overtraining e a altos níveis de fadiga.
Embora poucos treinadores quantifiquem os parâmetros de carga contidos em seus
programas de treinamento, quantificar treinamento é uma das partes mais importan
tes do desenvolvimento de um plano de treinamento. Em esportes individuais, como
atletismo, natação e remo, o volume é frequentemente quantificado utilizando-se quilo
metragem (quilómetros ou milhas por microciclo, macrociclo ou ano de treinamento).
Em provas de arremesso, o volume pode ser quantificado como o número de arremessos
completados nos ciclos individuais. A intensidade pode ser quantificada como a distân
cia saltada ou arremessada, a porcentagem de velocidade máxima ou potência máxima
ou frequência cardíaca. Em treinamento de força, o volume do treinamento é quanti
ficado como volume de carga ou tonelagem levantada, enquanto que a intensidade é
determinada pela força máxima do atleta ou 1 RM (veja Capítulo 10 para maiores in
formações). Intensidade de treinamento e volume raramente são quantificados em es
portes de equipe, o que torna difícil aos treinadores monitorar o treinamento dos atletas.
A quantificação do treinamento é muitas vezes uma tarefa difícil, que é mais fácil de
realizar quando o programa de treinamento é projetado para um atleta com quem o trei
nador esteja muito familiarizado. O treinador deve conhecer os antecedentes de treina
mento do atleta, sua capacidade de tolerar estresse fisiológico e psicológico, seus pontos
fortes e fracos, e seu ambiente de treinamento. Como essas características são diferen
tes para cada indivíduo, programas de treinamento não devem ser compartilhados por
atletas. Compreender as necessidades e capacidades do atleta é um componente essencial
na criação de um plano de treinamento. A intensidade do treinamento deve ser planejada
usando-se equações estabelecidas e o volume do treinamento deve ser quantificado.
Em todos os programas, a intensidade do treinamento ao longo do microciclo deve
ser variada de modo a melhorar a adaptação fisiológica do atleta à carga do treinamento
e estimular a regeneração após uma sessão de treino. Para quantificar a intensidade do
treinamento, o treinador pode identificar três a cinco intensidades de treinamento com
238 Periodização
base nas demandas fisiológicas do esporte. Cada intensidade deve estar correlacionada
com o ritmo ou tempo da atividade, o tipo e o método do treinamento e a frequência
cardíaca de resposta do atleta (mais ou menos algumas batidas por minuto). As zonas
de intensidade devem ser determinadas de acordo com as características bioenergéticas
do esporte ou a contribuição percentual dos vários sistemas de energia. Depois de reunir
essas informações, o treinador pode planejar a porcentagem de cada nível de intensidade
contido no microciclo (Tabela 8.3). A porcentagem mais alta de carga de treinamento
deve visar ao desenvolvimento da capacidade dominante e das características bioenergé
ticas do esporte.
As Tabelas 8.3 e 8.4 mostram esse conceito aplicado a um microciclo para remo. Na
Tabela 8.3, as intensidades 3 e 4 compreendem 70% da carga total de treinamento para a
fase competitiva do plano de treinamento anual. As mesmas duas intensidades dominam
o exemplo na Tabela 8.4, que mostra a relação entre o conceito teórico e sua aplicação
no treinamento de remadores.
Se meios objetivos de quantificar o treinamento não existem, o treinador pode sub
jetivamente dividir capacidades e treinamento em estratificações mais difíceis (ritmo de
jogo, corrida ou partida) e menos difíceis. O ritmo do jogo, corrida ou partida deve ser
simulado com intensidade número 2; essa intensidade deve ser usada por, pelo menos,
50% do tempo de treinamento por semana.
1 2 3 4 5
R itm o d a a tiv id a d e M áxim o M u ito alto, m aior R ápido, ritm o e M oderado, m ais Baixo
que a taxa e ritm o taxa ideais baixo que o ritm o
da co rrid a da co rrid a
N ú m e ro de >40 3 7 -4 0 3 2 -3 6 2 4 -3 2 <24
re m a d a s
F re q u ê n c ia >180 1 7 0 -1 8 0 1 5 0 -1 7 0 1 2 0 -1 5 0 <120
c a rd ía c a
(b a tim e n to s p o r
m in u to )
B io e n e rg é tic a (%)
A n a e ró b ia 80 65 25 1% 5
A e ró b ia 20 35 75 85 95
V o lu m e to ta l do 10 70 20
tre in a m e n to (%)
Ciclos de treinamento 239
9h30m in Intensidade 4 3 5 4 3 4
11 h30m in
D istribuição (km) 24 20 24 24 20 24
Treinam ento R epetições T reinam ento R esistência Taxa Treinam ento R esistência
longas: 8 x intervalado: aeróbia variável, intervalado: 6 a eróbia 3 x 1
2 km 1 0 x 3 m in, de longa potência x 3 m in, taxa m in
taxa de distân cia variável de tra b a lh o /
tra b a lh o / repouso 1 :1 ,5
repouso 1 :1
CD
SZ
O
Ò
Intensidade 2 4 1 4 2
CO
_d
O
O
D istribuição (km) 20 24 20 24 20
Treinam ento Treinam ento Taxa variável, C orridas: Rep. longas: T reinam ento
m odelo: potência 500 3 x 6 km , m odelo:
1 x 2 5 0 m, variável rem adas repouso 5 1 x 2 5 0 m,
2 x 5 0 0 m, totais, m in, 6 x 1 .0 0 0 m,
2 x 1 ,0 0 0 m, repouso 2 x 5 0 0 m,
2 x 5 0 0 m, 1 ,5 m in 2 x 250 m
2 x 250 m
1. Intensidade máxima.
2. Mais alta que o ritmo do jogo, corrida ou partida.
3. Ritmo do jogo, corrida ou partida.
4. Mais baixa que o ritmo de jogo, corrida ou partida.
5. Compensação.
Em qualquer dos casos, a intensidade mais alta que o ritmo do jogo, corrida ou partida
é dominada pelo suprimento de energia anaeróbia, enquanto que o suprimento de energia
aeróbia domina intensidades abaixo do ritmo do jogo, corrida ou partida.
Seja usando métodos objetivos ou subjetivos para quantificar o treinamento, o
treinador deve seguir a sequência correta ao planejar o microciclo. O primeiro passo é
planejar as zonas de intensidade para cada dia da semana e indicar isso no plano de trei
namento (Tabela 8.4). Zonas de intensidade devem ser escolhidas para cada dia da sema
na de modo a fornecer variações em intensidades, tipo de trabalho ou sistema energético
visados. Após essa etapa do processo de planejamento ser concluída, o plano de treina
mento deve ser desenvolvido (etapa 2). Para melhores resultados, o treinador deve incluir
diversas variáveis de trabalho para cada intensidade, independentemente de se referirem
a tre in a m e n to té c n ic o , tá tic o o u físico. Cada plano deve in c lu ir um a três sím b o lo s de
intensidade, o que significa que é possível treinar pelo menos dois tipos de trabalho que
exijam o mesmo sisrema de energia. Essa sugestão é válida principalmente para esportes
de alta complexidade técnica e tática. Um exemplo para um esporte de equipe ilustra essa
sequência. A Tabela 8.5 é um exemplo de método para a quantificação do treinamento;
ao passo que a Tabela 8.6 é um exemplo de como planejar zonas de intensidade.
240 Periodização
C a ra c te rís tic a s do T: com plexo; T/TA; suicídios TA: V 0 2m áx T/TA: fosfa g ê nio T: habilidades:
tre in a m e n to TA: tre in a m e n to de precisão em
to lerâ n cia ao ácido arrem esso,
lático s a q u e ,p a sse
D u ra çã o 3 0 -6 0 s 2 0 -3 0 s 3 -5 m in 5 -1 5 s 10 m in
(m uitos episódios)
In te rv a lo d e re p o u s o 3 -5 3 2 -3 1 -2 1
F re q u ê n c ia c a rd ía c a >180 >180 >170 >170 1 2 0 -1 5 0
(b a tid a s / m in )
B io e n e rg é tic a (% )
A n a e ró b ia 80 90 40 90 10
A e ró b ia 20 10 60 10 90
V o lu m e de 40 20 20 20
tre in a m e n to to ta l (5)
Nota: T = técnico; TA = tático. Durante o intervalo de repouso, atletas podem praticar habilidades técnicas de baixa intensidade
(por exemplo, arremessar a bola de basquete).
3 2 4 3 4 5
1 5 5 5 1
5 2 5
preferencialmente visados. Portanto (3), uma alta intensidade aumentará a influência dos
sistemas fosfagênio e glicolítico rápido, enquanto que uma intensidade mais baixa au
mentará a ênfase nos sistemas glicolítico lento e oxidativo (20). Se a competição esgota as
reservas de energia do atleta, a intensidade do treinamento durante os dias de treinamen
to pós-competitivo deve ser reduzida. Reduzir a intensidade do treinamento dissipará a
fadiga cumulativa, criando assim um microciclo que induz recuperação e regeneração e,
portanto, prepara o atleta para o treinamento subsequente.
Embora seja importante alternar trabalho e regeneração, nem sempre é necessário
ao atleta estar completamente recuperado para o próximo episódio de treinamento. Por
exemplo, durante a fase preparatória do treinamento, quando o foco principal é desen
volver uma forte base fisiológica, o atleta não se recuperará totalmente e o desempenho
não se supercompensará. Quando a demanda de treinamento é reduzida nos últimos
microciclos de estabilização o nível de preparação do atleta será elevado e o desempenho
aumentará. Portanto, durante a fase preparatória do treinamento, o plano pode incluir
microciclos de desenvolvimento e choque, sem permitir ao atleta tempo suficiente para
remover toda a fadiga acumulada. Esse processo desafiará os sistemas fisiológicos do atle
ta e resultará em maior desempenho após futuros microciclos de estabilização. Quando
uma competição se aproxima, a fadiga gerada na fase preparatória pode ser reduzida,
alternando-se intensidades de treinamento, estimulando assim adaptações fisiológicas,
remoção da fadiga, além de permitir parâmetros físicos para supercompensar.
Alternar o foco sobre intensidade e sistemas de energia pode ser muito difícil com
esportes complexos (como esportes de equipe) nos quais múltiplos sistemas de energia
desempenham um grande papel no desempenho, e as habilidades técnicas e táticas são
muito complexas. Essas atividades podem exigir do atleta maximizar força, velocidade e
resistência de alta intensidade para serem bem-sucedidas. Assim, o planejamento envolve
um problema difícil no qual muitas tarefas devem ser treinadas de modo a atender às
demandas do esporte sem induzir ao overtraining. A melhor abordagem é variar as inten
sidades, alterando assim os alvos bioenergéticos do treinamento de modo a desenvolver
as múltiplas facetas da fisiologia do atleta. Um processo de duas etapas pode ser usado
para variar as intensidades do treinamento numa tentativa de visar aos sistemas de ener
gia específicos.
O primeiro passo é classificar todas as habilidades e tipos de treinamento de acordo
com os sistemas de energia que são exigidos. A Tabela 8.7 dá um exemplo de como se
pode classificar habilidades. Embora a Tabela 8.7 possa ser usada como orientação para
a classificação de habilidades, é importante confirmar a classificação das aptidões e ca
pacidades biomotoras pertinentes ao esporte. Um método para planejar a sessão diária
de treinamento é visar a um sistema de energia específico com todas as habilidades e
atividades do treinamento físico. Entretanto, a sessão diária pode visar a uma opção de
treinamento e deixar o restante das atividades para outros dias.
O segundo passo é planejar um microciclo que alterne as opções de treinamento da
Tabela 8.7 de modo a visar aos sistemas específicos de energia. As alterações nas cargas
de treinamento em conjunto com uma nutrição adequada permitirão ao atleta restaurar
as fontes de energia, facilitando adaptações fisiológicas que finalmente aumentarão o
desempenho.
E m te rm o s d e m icro ciclo s q u e a lte rn a m sistem as d e en erg ia, esses tip o s de ciclos
de treinamento não estão previstos em todo o plano anual. Durante algumas fases do
treinamento a fadiga deve ser dissipada de modo a estimular a supercompensação, ao
passo que, em outras fases, altos níveis de fadiga são gerados para desafiar a fisiologia do
atleta a se adaptar. Embora as opções de treinamento sejam alternadas nesses microciclos,
242 Periodização
Dia do m icrociclo
Curva
“ "v j^ v A
te ó rica de
fadiga
Figura 8.27 Microciclo para ser usado no final da fase preparatória de treinamento para um
esporte de equipe.
Ciclos de treinamento 243
Dia do m icrociclo
R esistência
de potência
C urva te ó rica
de fadiga
vy\/vw
\ s - \ _ / \ í
Figura 8.28 Estresse de treinamento alternado para um esporte que requer velocidade e potência.
\ _ r
244 Periodização
Dia do m icrociclo
Dia Seg. Ter. Qua. Qui. Sex, Sab. Dom.
R esistência Resistência Resistência Ergogênese Resistência Resistência
aeróbia anaeróbia aeróbia aeróbia aeróbia
D em anda de R esistência Força Treinam ento Resistência Resistência Treinam ento de
treinam ento m uscular m áxim a ou de co m pe n de potência m uscular com pensação
resistência de sação
potência
/VVv
Curva teórica
de fadiga
Figura 8.29 Estresse de treinamento alternado para um esporte que requer resistência.
Figura 8.30 Estresse de treinamento alternado para um esporte que requer resistência por 4 a 6 min.
Ciclos de treinamento 245
MACROCICLO
O termo macro é derivado da palavra grega makros, significando “grande.” Um macrociclo de
treinamento é uma fase que dura de 2 a 7 semanas. Um macrociclo contém dois a sete micro-
ciclos. O microciclo é usado para se planejar para o futuro imediato, ao passo que o macrociclo
projeta a estrutura de um programa de treinamento várias semanas em adiantamento. Portanto,
pode-se pensar no macrociclo como a estrutura geral do treinamento e no microciclo como o
método exato usado para alcançar os objetivos visados.
Duração de um Macrociclo
Embora os planos de macrociclo usados para preparar adetas para várias atividades esportivas
possam ter algumas similaridades, é provável que cada esporte tenha requisitos que devam ser
considerados. Esses requisitos ditarão, na maioria dos casos, a estrutura do macrociclo. O paradig
ma de carga e a duração dos macrociclos podem ser diferentes dependendo do esporte e da fase
do treinamento. Portanto, o macrociclo deve ser cuidadosamente elaborado de modo a atender
aos objetivos individuais de treinamento do adeta. O Quadro 8.1 apresenta uma estrutura de
macrociclo para o plano de treinamento de força de um time de futebol feminino de uma uni
versidade americana.
Ao estabelecer a extensão do macrociclo, o treinador deve considerar a fase do treinamento.
Durante a fase preparatória, o macrociclo é geralmente mais longo (4-7 semanas) que aqueles na
fase de competição para atender aos objetivos dessa parte do plano de treinamento anual. Nesse
contexto o macrociclo deve ser suficientemente longo para desenvolver capacidades biomotoras,
habilidades técnicas ou elementos táticos.
R econdicionam ento
M a nutenção
M anutenção
P otência
Técnica
Força
N úm ero de 4 4 5 2 3 2 4 3
m ícrociclos
Ênfase
sobre
objetivos do
tre ina m e n to
m u scula r
estabilização. Se o nível de fadiga é muito alto após o terceiro microciclo, a carga utilizada no
quarto microciclo pode ser reduzida ainda mais ou um segundo microciclo de regeneração
pode ser usado para criar um padrão de carga de 3:2.
Macrociclos de choque podem ser usados na fase preparatória para induzir significa
tivas melhorias em desempenho, uma vez que a fadiga é dissipada.
Microciclo
Macrociclo 1 Macrociclo 2
Figura 8.31 Dois exemplos de macrociclos de desenvolvimento: (a) modelo 4:1, (b) modelo 3:1.
Microciclo
Macrociclo 1 Macrociclo 2
Julho
D atas
16 23 30 7
C alendário de
eventos
O
O
Treinam ento:
Tipo de -M a nu te n çã o
tre ina m e n to ou -T reinam ento m odelo
co m petição
(todos os fa to re s do treinam ento)
Padrão de
carga
M icrociclo 1 2
Macrociclo
PLANEJAMENTO DO
TREINAMENTO
planejamento do treinamento existe desde os antigos Jogos Olímpicos. Provas
IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO
O planejamento é provavelmente a ferramenta mais importante que um treinador tem.
Usando um procedimento metódico e cientificamente baseado, o treinador pode
251
252 Periodização
Ap Photo/Wade Payne
Um treinador deve ter um profundo conhecim ento d e teoria do treinam ento e do desenvolvim ento do
atleta para ajudar com êxito um atleta a alcançar seu potencial.
Planejamento do treinamento 253
No contexto dessa previsão está uma compreensão das respostas fisiológicas ao trei
namento e de como diferentes ações podem modular recuperação e estimular a adapta
ção (ver Capítulo 5). Essa linha de raciocínio sugere que talvez seja melhor considerar
o planejamento do treinamento como um processo no qual o estímulo é sistemática e
logicamente manipulado de modo a otimizar as adaptações fisiológicas ao treinamento.
Esse processo deve realizar-se em conformidade com as exigências do esporte treinado e
com o objetivo expresso de maximizar os resultados de desempenho.
A eficácia do plano de treinamento em grande parte é ditada pela habilidade e expe
riência do treinador. O treinador deve compreender os muitos fatores relacionados à teo
ria do treinamento e ao desenvolvimento dos atletas. Um treinador deve compreender as
respostas fisiológicas do corpo ao treinamento e exercício, o processo de recuperação e as
técnicas necessárias para induzir restauração, nutrição e sua importância no treinamento,
aprendizagem motora e sua aplicação no desenvolvimento de habilidades, e os aspectos
psicológicos da motivação. Quanto maior a base de conhecimento do treinador, melhor
preparado ele estará para administrar o plano de treinamento.
Como o treinamento é planejado de acordo com o potencial e a taxa de desenvolvi
mento do atleta, o plano de treinamento reflete a base de conhecimento do treinador (52).
Para otimizar o plano de treinamento de um atleta, o treinador deve examinar os resulrados
de teste do atleta, resultados competitivos, progresso em todos os fatores do treinamento e
o calendário de competição. O plano de treinamento deve evoluir de acordo com a taxa de
progresso do atleta e o conhecimento continuamente em expansão do treinador.
REQUISITOS DO PLANEJAMENTO
Para criar um plano de treinamento efetivo, o treinador deve estabelecer um caminho de
desenvolvimento de longo prazo que otimize o potencial do atleta. Para ajudar o atleta
a atingir objetivos de treinamento a longo prazo, o treinador deve monitorá-lo durante
o treino, em competições e, periodicamente, com testes especializados que possam ser
interpretados e usados para ajustar os estímulos de treinamento.
Excelência sustentada
Domínio do treinamento
Preparação geral
treinamento é uma ferramenta muito simples para traçar diariamente as respostas aos estímulos
do treinamento; produz grande quantidade de informações que podem dar ao treinador grande
discernimento na resposta do adeta ao plano de treinamento (72). A análise dos diários de trei
namento juntamente dos dados coletados de testes especializados e resultados de desempenho,
permitirá ao treinador ajudar o adeta a maximizar seus ganhos de desempenho.
definir metas de treinamento a longo prazo e estabelecer um plano geral para atingir essas metas.
Como parte do planejamento a longo prazo, desempenho e objetivos do treinamento são estabeleci
dos para cada ano do plano. Uma vez estabelecido isso, planos anuais de treinamento individuais
podem ser criados. Nesse p o n to o plano de treinam ento anual pode ser dividido em macrociclos
e microciclos (veja Capítulo 6 para maiores informações). A estrutura do microciclo é a parte mais
importante do plano (veja Capítulo 8 para saber mais a respeito) e é geralmente quebrada em
sessões de treinamento individuais, que são os segmentos de treinamento de período mais curto.
SESSÃO DE TREINAMENTO
Durante uma sessão de treinamento individual ou tarefa, o treinador compartilha conhe
cimento com o atleta, que, então, tenta desenvolver um ou mais fatores do treinamento.
A sessão de treinamento pode ser classificada de várias formas diferentes, dependendo
das tarefas e da estrutura da sessão.
Sessão de Aprendizagem
Sessão de Repetição
Sessões de Avaliação
Sessões de avaliação devem ser realizadas periodicamente. Essas sessões podem incluir
testes que avaliem as respostas fisiológicas do atleta ao treinamento e o desempenho,
Planejamento do treinamento 257
S e s sõ e s d e T reinam ento
Classificadas por Estrutura
O treinador pode organizar sessões de treinamento de várias
formas de modo a acomodar adetas individuais e grupos.
treinamento para esportes de equipe são geralmente uniformes em duração, ao passo que
sessões de treinamento para esportes individuais tendem a variar em duração. Sessões de
treinamento se enquadram em três categorias de duração: (a) sessões curtas, que duram
entre 30 e 90 min; (b) sessões médias, que duram 2 a 3 h; e (c) sessões longas, que duram
mais que 3 h. A duração da sessão de treinamento depende das tarefas que são requeridas
durante a sessão, das atividades sendo executadas e da preparação física do atleta. Um
corredor pode executar uma sessão de treinamento que dure apenas 1 a 1,5 horas durante
a fase competitiva, ao passo que um corredor de maratona pode realizar uma sessão de 2
a 2,5 h. O treinamento também pode ser dividido em pequenas subunidades ao longo
do dia de treinamento (1, 2, 3, 4, 33). Quando uma sessão de treinamento é quebrada
em pequenas subunidades, o tempo total gasto treinando pode ser ligeiramente mais lon
go, cerca de 2 a 2,5 h. O número de repetições executadas á essencial à duração da sessão
de treinamento assim como os intervalos de repouso entre repetições e séries.
Introdução
A introdução de uma sessão de treinamento é iniciada reunindo-se os atletas num grupo para
facilitar a comunicação. Várias tarefas administrativas podem ser realizadas durante esse tem
po, tais como fazer a chamada (especialmente em esportes de equipe), retransmitir qualquer
informação pertinente ao treinamento ou às agendas competitivas dos atletas, e explicar os
objetivos da sessão de treinamento. Quando estiver discutindo os objetivos do treinamento,
o treinador deve explicar os métodos que serão usados para realizar esses objetivos. Nesse
momento o treinador deve tentar aumentar a motivação e o foco dos atletas nas tarefas de
treinamento do dia. Depois que os objetivos gerais são explicados, o grupo deve ser dividido
em subgrupos menores segundo os objetivos individuais ou baseado em posição.
A duração da introdução depende da extensão da explicação e do nível do atleta.
Atletas iniciantes e novatos exigirão uma introdução de 5 a 10 minutos, mas, quando se
tornam mais desenvolvidos, a duração da introdução pode ser reduzida.
O treinador deve estar sempre preparado e organizado quando estiver explicando os
objetivos do treinamento; alguns treinadores acham útil usar auxílio audiovisual ou ma
terial impresso explicando partes da sessão. Material impresso pode abranger objetivos ou
Planejamento do treinamento 259
metas específicos que precisem ser destacados na sessão e podem ser considerados uma
expansão do plano de treinamento global. Atletas devem receber o plano de treinamento
bem antes da sessão de treinamento para que possam se familiarizar com ele e se preparar
para a sessão. Se isso for feito, o treinador precisará apenas enfatizar as partes importan
tes da sessão de treinamento. O plano de treinamento também deve ser publicado para
que os atletas possam facilmente consultá-lo durante a sessão. Permitir que os atletas se
familiarizem com a organização da sessão de treinamento dá-lhes um sentido de respon
sabilidade partilhada e aumenta a probabilidade de que façam um esforço concentrado
durante o treinamento. E também provável que esse processo venha a permitir que os
atletas desenvolvam confiança e força de vontade.
Aquecimento
É amplamente aceito por atletas e treinadores que um aquecimento é essencial para o de
sempenho ótimo durante o treinamento ou competição (8). A literatura científica con
temporânea apoia essa alegação e sugere que a composição do aquecimento possa afetar
o grau de melhoria do desempenho (8, 9, 40, 60, 75, 76, 77). Está bem documentado
que um aquecimento adequado melhorará a função muscular e preparará o atleta para as
demandas de exercício ou competição (75).
Tipos de Aquecimento Aquecimentos podem ser classificados, em linhas gerais, como pas
sivos ou ativos (8, 75). Um aquecimento passivo utiliza meios externos (por exemplo,
saunas, chuveiros quentes, banhos quentes, almofadas de aquecimento ou diatermia) para
elevar a temperatura do músculo e a interna sem esgotar os substratos de energia (8). Um
aquecimento ativo envolve o uso de alguma forma de atividade física para elevar a tempe
ratura do músculo e a interna (75). O aquecimento ativo pode ainda ser dividido em tipos
gerais ou específicos (65). Procedimentos de aquecimento geral incluem atividades como
corrida, exercícios calistênicos, ou andar de bicicleta (8), enquanto que aquecimentos es
pecíficos usam atividades específicas para o esporte (8, 75). Para a maioria dos atletas é im
praticável usar processos de aquecimento passivo; portanto, atletas que estão se preparando
para treinamento ou competição normalmente usam aquecimentos ativos.
Geral C am inhada = > co rrid a = > jogg ing = > skipping = > co rrid a lateral = > carioca 10
(deslocam ento lateral com passadas cruzadas) => corrida para trás
Efeitos psicológicos Outra resposta induzida pelo aquecimento envolve o estado psi
cológico do atleta (8). Investigadores relataram uma falta de melhorias no desempenho
quando atletas foram hipnotizados para esquecer que tinham atravessado um aqueci
mento (42). Outros investigadores mostraram que atletas que usaram imagens mentais
como ferramenta de aquecimento demonstraram características de desempenho fisioló
gico aumentadas (41). Parece que o aquecimento prepara o atleta não apenas fisiologica-
mente mas também psicologicamente.
Lesão Tem sido bem documentado que um aquecimento adequado reduzirá as taxas de
lesão (75). E provável que a temperatura aumentada que ocorre durante um período de
aquecimento reduza o potencial de lesão. Suporte para essa alegação pode ser visto em
estudos com animais que demonstram que 1 °C de aumento de temperatura reduz a
ocorrência de lesões musculoesqueléticas.
O atleta deve estar bem descansado quando aprende novas competências, e elemen
tos técnicos e táticos devem ser tratados no início do corpo principal da sessão de treina
mento. Isso é particularmente importante porque a fadiga prejudicará a capacidade do
atleta em dominar habilidades motoras (53). Quando o atleta está tentando sequenciar
a aprendizagem ou aperfeiçoar elementos técnicos e táticos, ele deve consolidar elemen
tos ou competências adquiridos em sessões anteriores. Ele deve trabalhar no aperfeiçoa
mento dos elementos técnicos ou habilidades mais importantes e, em seguida, concluir,
aplicando essas habilidades em competições simuladas.
Se aperfeiçoar uma técnica requer trabalho pesado e cansativo, o atleta deve executar
essas atividades mais tarde no corpo principal da sessão de treinamento. É aconselhável
preceder essas atividades com exercícios de velocidade. Essa abordagem pode ser apro
priada para halterofilistas ou praticantes de atletismo.
Atividades concebidas para melhorar velocidade e agilidade são geralmente de alta
intensidade e realizadas por períodos relativamente curtos. Esses tipos de exercício são
extremamente exigentes e o atleta deve realizá-los quando estiver bem descansado. Essas
atividades geralmente precedem tanto o treinamento de força quanto o de resistência.
Contudo, o foco da sessão de treinamento alterará a ordem relativa das atividades. Por
exemplo, se o desenvolvimento de velocidade é o foco primário da sessão de exercícios,
então exercícios baseados em velocidade devem seguir-se imediatamente ao aquecimen
to. Se coordenação ou agilidade são o foco principal, devem ser tratadas no início de
sessão, porque a fadiga pode afetar significativamente as habilidades motoras (53).
Exercícios de desenvolvimento de força geralmente são colocados após o desenvol
vimento técnico e exercícios de velocidade. Embora isso seja adequado à maioria dos
atletas, não é aconselhável em alguns casos. Por exemplo, vários estudos sugerem que
preceder atividades de corrida com um exercício de força de carga pesada (70%-90%
de 1 RM) resulta numa resposta de potencialização pós-ativação que se manifesta como
um aumento na velocidade de corrida (47, 76). Essa técnica parece ser muito efetiva em
aumentar o desempenho de corrida se o volume e a intensidade da atividade de força não
forem excessivos. Esse método de sequenciar o treinamento de força parece ser efetivo
apenas com atletas altamente treinados (17).
Exercícios para desenvolver resistência geral ou específica devem ser colocados na
última parte do corpo principal da sessão de treinamento. Essas atividades geram gran
des quantidades de fadiga, o que prejudicará a capacidade do atleta em adquirir ou
aperfeiçoar habilidades de movimento ou táticas, desenvolver velocidade e agilidade e
maximizar o desenvolvimento de força. Esse sequenciamento não deve ser confundido
com a estratégia de praticar certos exercícios sob fadiga de modo a preparar o atleta para
um cenário específico de jogo.
Se aprendizagem é o objetivo dominante para atletas iniciantes, a sequência de trei
namento deve ser técnica, velocidade, força e resistência. Contudo, uma única sessão de
treinamento raramente deve incluir todos esses quatro elementos. Essa mesma sequência
geral para o treinamento pode ser usada com atletas de elite; contudo, atletas avançados
podem se beneficiar de alterar a ordem do treinamento, dependendo dos objetivos da
sessão de treinamento individual e dos objetivos do microciclo.
A estrutura do corpo principal do treinamento será ditada pelos objetivos estabele
cidos para a sessão de treinamento individual. Cada sessão deve concentrar-se em apenas
dois ou três objetivos, porque é muito difícil efetivamente visar mais que três objetivos
de treinamento. Tentar visar aos objetivos demais provavelmente vai prejudicar a taxa de
melhoria do arleta e pode resultar na ocorrência de overtraining. Os objetivos da sessão
de treinamento individual devem estar relacionados aos objetivos do microciclo e ma-
crociclo, ao nível de desempenho e ao potencial do atleta. Embora possa ser aconselhável
Planejamento do treinamento 263
Human Kinetics
Inclua um desaquecimento em seus planos de treinamento. O período de desaquecimento é parte
importante de um treinamento.
Desaquecimento
Tabela 9.2 Duração (em minutos) para Cada Parte de uma Sessão de Treina
mento de 2 horas
S e ssã o d e tre in a m e n to S essão d e tre in a m e n to
P a rte s d a se s s ã o de tre in a m e n to d e q u a tro p a rte s de trê s p a rte s
Introdução 5
P reparação 30 30
C orpo principal 65 70
C onclusão 20 20
A fadiga periférica tem recebido a maior atenção na literatura científica e geral mente
está relacionada a fatores nos próprios músculos (18, 19, 24). Esses fatores podem incluir
deficiências em transmissão neuromuscular, na propagação de impulso, falha no retículo
sarcoplásmico, esgotamento do substrato e vários outros fatores metabólicos que podem
interromper a produção de energia e a contração muscular (19). Pesquisas explorando
a fadiga periférica têm se concentrado na disponibilidade de substratos combustíveis
durante um episódio de exercício ou competição (18). Quando os episódios de exercí
cio são intensos (31, 59) ou realizados por longos períodos (18), a disponibilidade de
substratos combustíveis como carboidratos pode ficar comprometida. Isso pode reduzir
significativamente a capacidade do atleta de manter altos níveis de desempenho (32).
O segundo tipo de fadiga discutido na literatura, a fadiga central, está relacionado
ao cérebro (19). A fadiga central está frequentemente associada a uma falha do siste
ma nervoso central em recrutar músculos esqueléticos (54). Parece que as alterações
em neurotransmissores, como a dopamina, a serotonina e possivelmente a acetilcolina
induzidas pela fadiga, têm o potencial de alterar a capacidade dos impulsos neurais em
alcançar o músculo (20, 21, 54). Por exemplo, tem sido sugerido que o aumento de
serotonina induzido pelo exercício (5-HT) pode levar à fadiga central e possivelmente à
fadiga mental, o que poderia prejudicar o desempenho (19). Nesse sentido, parece que
a percepção consciente das funções do corpo como respiração, aumento do débito car
díaco (batimentos do coração), temperatura corporal e sudorese podem afetar a fadiga
(67). Também acredita-se que essas sensações cognitivas possam afetar a motivação, que
parece estar ligada à exposição anterior a situações similares (67).
E evidente que tanto a fadiga central quanto a periférica podem se acumular em
resposta a um episódio de treinamento ou competitivo. Gandelsman e Smirnov (25) su
geriram que existem duas fases principais da fadiga: a latente e a evidente. Nas primeiras
partes de um episódio de competição ou treinamento, alterações fisiológicas ocorrem a
fim de atender às demandas do episódio de exercício. Durante esta fase, a fadiga la
tente pode resultar em resposta ao aumento da atividade neuromuscular e do estresse
metabólico provocados pelo episódio de exercício. Se o episódio é prolongado com a
mesma intensidade, a fadiga se acumulará, resultando na ocorrência de fadiga evidente.
266 Periodização
o atleta deve realizar durante cada parte da sessão. O plano deve fornecer uma explicação
detalhada da dosagem (repetições, séries, duração) e da intensidade (percentagem de
força máxima, intervalo de frequência cardíaca, tempo, potência) da sessão de treina
m e n to . O u tr o ite m a in clu ir, e sp ec ia lm e n te q u a n d o se tra b a lh a c o m esp o rtes de e q u ip e,
é uma seção detalhando as práticas mais difíceis que um atleta pode executar durante o
treino. Por último, o plano de treinamento deve observar os itens em que o atleta precisa
concentrar-se durante os exercícios. Essas observações podem ser muito específicas ao
atleta individual ou tratar as necessidades globais de um grupo de atletas. Uma amostra
de plano de sessão de treinamento é apresentada na Figura 9.2.
A duração de um plano de sessão dependerá do esporte e da experiência do treina
dor. Treinadores inexperientes precisam ser tão específicos e incluir tanta informação
quanto possível no plano de treinamento. Isso proporciona-lhes um esquema de trabalho
de onde partir durante a sessão e diminui a chance de que esqueçam algum aspecto im
portante do treinamento. Treinadores mais experientes podem ser capazes de se dar bem
com um plano mais generalizado, mas ainda pode ser justificado apresentar um plano
detalhado aos atletas para que eles possam preparar-se mental e fisicamente para a sessão
de treinamento.
A quecim ento 1. D uração do aqu e cim en to 20 min Rita: vista dois agasalhos.
9 h-10 h Repouso
Se o atleta está frequentando uma concentração, a densidade das sessões pode ser
substancialmente maior. O dia de treinamento pode ser subdividido em duas sessões,
uma de manhã e outra à noite. Um exemplo de como o treinamento pode ser estrutu
rado para um atleta que trabalhe período integral e também treine duas vezes por dia é
mostrado acima. Quando atletas frequentam concentrações provavelmente empreende
rão uma maior densidade de treinamento, como três a quatro sessões por dia ou mais,
como mostrado acima.
Planejamento do treinamento 271
MODELANDO O PLANO DA
SESSÃO DE TREINAMENTO
Um modelo de treinamento é uma simulação de uma competição. Seu objetivo é au
mentar certas adaptações ao treinamento e traduzi-las em desempenho competitivo. O
processo de modelagem pode ser considerado um método para criar uma sessão de trei
namento que imite os elementos fisiológicos, técnicos, táticos e psicológicos encontrados
durante uma competição. Qualquer sessão de treinamento pode ser projetada de modo
a coincidir com os objetivos de uma determinada fase do treinamento enquanto modela
o desempenho competitivo (13).
O treinador deve evitar a tentação de estruturar a sessão de treinamento da mesma
maneira o tempo todo. A variação do estímulo de treinamento é muito importante na
indução de ganhos fisiológicos e de desempenho (72). A abordagem do modelo é um
método de inserir um estímulo novo ou desconhecido no plano de treinamento.
Esse método pode ser usado para aumentar a motivação do atleta, induzir um novo
desafio fisiológico e oferecer ao atleta novas tarefas que o preparem para a competição.
Existem muitas maneiras de usar a abordagem de modelo e treinadores devem modificar
os exemplos seguintes para melhor atender seus objetivos de treinamento.
Nota: Este modelo básico de estrutura pode ser modificado para treinamento de agilidade, velocidade e potência.
Esta situação desafia a capacidade do atleta de enfrentar e superar a fadiga, tanto física
quanto psicologicamente (ou seja, por meio da determinação, motivação e força de von
tade). Um exemplo de como esse modelo pode ser incorporado a uma sessão de treina
mento é apresentado no Quadro 9.2.
Esse modelo também pode ser adaptado para desafiar as habilidades do atleta de exe
cutar movimentos atléticos rápidos, ágeis e poderosos sob condições de fadiga. Esse tipo
de modelo pode também ser útil na preparação de artes marciais, jogadores de esporte
de raquete, atletas em esportes de contato, ou para qualquer atleta executar habilidades
técnicas e táticas efetivamente durante a última parte de uma competição esportiva. O
objetivo deste modelo é melhorar o desempenho no final do jogo, partida ou competição
quando a fadiga está em seu ponto mais alto. Este modelo expõe o atleta a essas condi
ções, permitindo-lhe adaptar-se fisiológica e psicologicamente a esse cenário.
Nota: Este modelo pode ser adaptado para desafiar a capacidade do atleta de executar movimentos rápidos, ágeis
e precisos sob condições de fadiga.
Planejamento do treinamento 273
Essas ações curtas e não induzindo fadiga podem melhorar o desempenho posterior, au
mentando a contratibilidade dos principais músculos esqueléticos usados nos movimen
tos esportivos (23). Essas atividades devem ser de curta duração e não devem provocar
fadiga, porque esta diminuirá a capacidade de desempenho. Uma estratégia adicional é
usar longos intervalos de repouso entre cada episódio de atividade de modo a assegurar
a recuperação (46).
DESENVOLVIMENTO DE
FORÇA E POTÊNCIA
orça muscular e capacidade geradora de potência são fatores importantes na deter
CAPACIDADES BIOMOTORAS
O desempenho atlético é dominado por combinações de força, velocidade e resistência,
que são capacidades biom otoras. A maioria das atividades esportivas pode ser classifi
cada como tendo uma capacidade biomotora predominante. A Figura 10.1 ilustra um
paradigma teórico onde força, velocidade ou resistência são as capacidades biomotoras
dominantes (24, 51). Por exemplo, a capacidade biomotora dominante necessária para o
sucesso em corrida de longa distância é geralmente considerada a resistência (24). Cada
atividade esportiva tem uma capacidade biomotora dominante (Figura 10.2). Contudo,
a pesquisa contemporânea sugere que atividades esportivas podem ser afetadas por várias
das capacidades biomotoras (141, 144). Isso pode ser claramente visto pelo fato de que
força muscular parece influenciar tanto a velocidade na corrida (18, 26, 37) quanto a
resistência (110). Por exemplo, a força e a potência da perna parecem estar significativa
mente relacionadas à velocidade da corrida, com os atletas mais fortes e mais potentes
sendo capazes de correr mais rápido (18, 26, 37). A influência da força sobre a resistência
pode ser vista na literatura, demonstrando que adicionar treinamento de força aos re
gimes de treinamento de corredores de longa distância (110,144), esquiadores nórdicos
(94, 94, 143, 145) ou ciclistas (20) resulta em melhorias significativamente maiores em
desempenho comparado com se concentrar apenas em treinamento de resistência. Evi
dência recente sugere que atletas mais fortes e mais potentes atuam melhor em testes de
277
278 Periodização
desempenho projetados para avaliar a agilidade (147). Baseado nesses dados, um modelo
hipotético pode ser elaborado no qual a força está conectada a muitos dos fatores que na
literatura têm sido demonstrados impactar o desempenho numa variedade de atividades
esportivas (Figura 10.3). Como a força afeta outras capacidades biomotoras e quase to
das as facetas do desempenho atlético, ela deve ser considerada como a capacidade bio-
motora crucial (24). Portanto, para maximizar a força no desempenho atlético, deve-se
sempre treiná-la em conjunto com outras capacidades biomotoras.
F F F
Figura 10.1 Relaçao entre as principais capacidades biomotoras, nas quais (a) força, (b) ve
locidade e (c) resistência (51) dominam. F = força; S = velocidade; E = resistência.
De Florescu, Dumitrescu e Predescu, 1969 (51).
F F F F F
FORÇA
Força pode ser definida como o torque máximo (força rotacional) que um músculo ou
grupo muscular pode gerar (116, 117). A força é melhor definida como a capacidade do
sistema neuromuscular de produzir tensão contra uma resistência externa (187). A literatu
ra contemporânea sugere que altos níveis de energia muscular estão significativamente re
lacionados ao desempenho esportivo. Por exemplo, a força muscular tem sido relacionada
ao desempenho em corrida (18, 26, 37), futebol americano (19, 57), futebol (34, 65, 93,
174), voleibol (48, 134), hóquei no gelo (95), rúgbi (60) e aos exercícios aeróbios (20, 94,
110, 144). Esses dados parecem apoiar a alegação de que a força muscular é um importan
te contribuinte na maioria das atividades esportivas. Portanto, a aplicação apropriada de
treinamento resistido pode alterar o sistema neuromuscular numa maneira que melhore a
capacidade de produzir força e o desempenho esportivo do atleta (73, 182, 183).
motoras maiores são ativadas em resposta a cargas externas maiores (49, 73). Contudo,
o padrão de recrutamento de unidade motora é afetado não somente pela força exercida
(73), mas também pela velocidade de contração (73), pelo tipo de contração muscular
(45) e p elo e sta d o m e ta b ó lic o d o m ú sc u lo (1 0 6 , 137).
Ciclo de Alongamento-encurtamento
Inibição Neuromuscular
AP Photo/Andres Leighton
(61). Se os padrões de ativação neural desses
mecanismos protetores são alterados, a desini-
bição pode ocorrer e a capacidade geradora de
força pode aumentar (111). O suporte para
este argumento pode ser visto no trabalho de
Aagaard e colegas (3), em que 14 semanas de
treinamento resistido pesado reduziram sig
nificativamente as respostas inibitórias neu- A força é afetada por muitos fatores, incluindo tipo de
romusculares. A redução resultante em ini- fibra e o grau de hipertrofia muscular,
bição pode explicar parcialmente alguns dos
aumentos na capacidade de geração de força vistos como um resultado do treinamento (3).
Estudos de seção transversal sugerem que atletas de força e potência têm elevadas porcen
tagens de fibras musculares Tipo II (contração rápida) (53%-60%) (58, 59, 81, 84, 153,
191). Isso é importante porque o tipo de fibra muscular característica de um atleta desem
penha um papel significativo em sua capacidade de exibir força máxima muscular e na ca
pacidade de geração de potência (58, 59, 153, 154, 192). Por exemplo, Fry e colaboradores
(58) relataram que a concentração de fibras de Tipo II dos halterofilistas está significativa
mente correlacionada ao peso máximo levantado na prova de arranco (r = 0,94) e na prova
de arremesso (r = 0,78). A distribuição do tipo de fibra de um atleta também parece estar
significativamente relacionada à capacidade de salto vertical do atleta (r = 0,79). Entretan
to, atletas que participam em esportes de resistência geralmente têm percentagens maiores
de fibras musculares do Tipo I (contração lenta) (21, 192), o que se mostrou corresponder
à taxas mais altas de consumo máximo de oxigénio (21) e a capacidades de geração de força
máxima mais baixas. Assim, o atleta que possui concentrações maiores de fibras musculares
do Tipo II parece ter uma vantagem em atividades esportivas que exigem altos níveis de
força e potência. Contudo, ter uma porcentagem maior de fibras musculares do Tipo I é
vantajoso ao desempenho de exercício de resistência.
Hipertrofia Muscular
Adaptações Neurológicas
(2, 40, 197). Um regime de treinamento resistido pesado tem o potencial de aumentar a
sincronização de unidade motora (164) e reduzir a inibição neural (3). Essas adaptações
neurológicas parecem alterar a capacidade e a taxa de geração de força, o que pode afetar
o desempenho esportivo.
Adaptações Morfológicas
Nota: Todas as porcentagens baseadas em dados de cadeia pesada de miosína. NA = não disponível.
Tipo d e Força
Vários tipos de força podem ser visados dentro de um regime de treinamento resistido.
Compreender a relação entre a força e as características de desempenho do esporte per
mitirá ao treinador elaborar programas de treinamento que transfiram o desenvolvimen
to de força a ganhos em desempenho. Alguns tipos de força a considerar são os seguintes:
• ^ ---- --------- 1
• Força Relativa: Força relativa é a razão entre a força máxima de um atleta e seu
peso corporal ou massa corporal magra. A taxa para avaliação da força relativa é calculada
pela força absoluta do adeta dividida pelo seu peso corporal (185). Conmdo, vários pes
quisadores têm sugerido que simplesmente dividir força absoluta por peso corporal resulta
numa deturpação da força muscular relativa, porque a relação entre força e massa corporal
náo é linear (14, 139, 185). O método de taxa geralmente resulta numa tendenciosidade
para indivíduos pequenos (14,213). Para evitar essa distorção vários métodos (53,175,185)
foram sugeridos como alternativas para determinar força relativa (ver métodos de escala em
destaque). Comparações de força muscular mostram que técnicas de escala alométrica ou a
fórmula Sinclair (175) fornecem uma representação melhor da força relativa de um adeta.
V olum e
O Volume de treinamento pode ser quantificado como a quantidade de trabalho realizada
e pode incorporar horas de treinamento totais, número de quilogramas levantados, tone
lada métrica ou toneladas curtas erguidas por sessão, fase do treinamento ou por ano e o
número de séries e repetições realizadas (24). Na literatura, o volume é tradicionalmente
representado como tonelada métrica (11, 46, 133) ou volume de carga (180, 187) e diver
sos autores sugerem que a tonelada métrica (volume de carga) dá a melhor representação do
volume do treinamento (180, 187). Uma tonelada métrica equivale a 1.000 kg, enquanto
uma tonelada curta é igual a 1.102,3 kg. O volume de uma sessão de treinamento é cal
culado pela multiplicação do peso erguido pelo número de séries (ou sets) de exercício e o
número de repetições, que geram um valor de volume de carga (Tabela 10.2).
Desenvolvimento de força e potência 289
50%
R ep etiçõ es
O número de repetições que pode ser execu- Tabela 10.5 Carga para Relacionamento de
tada é geralmente uma função da carga uti- Repetição
lizada (Tabela 10.5). Quanto maior a carga,
P e rc e n ta g e m de 1 RM N ú m e ro d e re p e tiç õ e s
mais baixo o número de repetições que pode
1 00 1
ser executado (90, 91, 171). Contudo, é difícil
95 2 -3
fazer conexões definitivas entre uma percenta
4
gem de 1 RM e o número de repetições que 9 0
85 6
pode ser executado porque parece que status
8 -1 0
de treinamento, massa muscular envolvida, gê 8 0
nero e tipo de exercício podem alterar o núme 7 5 1 0 -1 2
R epetições
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 6 17 1 8 19 20 2 5 30 3 5 4 0 45 5 0 55 > 6 0
Força m áxim a
P otência m áxim a
R esistência de
alta intensidade
R esistência de
baixa intensidade
Figura 10.8 Número de repetições necessário para o desenvolvimento de diversos tipos de força.
Desenvolvimento de força e potência 293
A literatura indica que indivíduos náo treinados recebem o máximo de benefícios de três ou
quatro séries, enquanto que indivíduos treinados vão ganhar mais adaptações de quatro a oito
séries (148, 156). Portanto, ao elaborai- um programa de treinamento, os treinadores devem
considerar o nível de treinamento do indivíduo, porque atletas altamente treinados são capazes
de tolerar e podem se beneficiar de números de séries mais altos. Quanto mais séries de exercí
cios um adeta pode tolerar, maior o estímulo para adaptação e maiores os ganhos de força.
O formato tradicional de uma série pode ser modificado alterando-se o estímulo de
treinamento (72, 123, 124). Vários pesquisadores têm sugerido que o formato de uma série
tradicional pode ser modificado, incorporando-se um intervalo breve de descanso entre
repetições para criar o que é denominado de série de grupo {cluster set) (72, 123, 124).
Durante configurações de séries tradicionais, com cada repetição existe uma diminuição na
velocidade de repetição, potência e qualidade. A adição de 10 a 30 segundos de intervalo de
repouso entre repetições pode permitir recuperação parcial entre cada repetição (160), possi
bilitando assim maior qualidade de repetição (72). O intervalo de descanso entre repetições
pode ser manipulado de modo a visar respostas fisiológicas. Por exemplo, se o atleta está se
concentrando em capacidade de geração de potência, ele pode usar um intervalo de repouso
de 30 segundos entre repetições. Entretanto, se a resistência de alta intensidade é o objetivo
do treinamento, o atleta pode usar um intervalo de repouso de 10 segundos entre repetições.
Séries de grupo podem ser estruturadas em várias formas diferentes dependendo do
objetivo do treinamento (Tabela 10.6). Uma variação adicional na série de grupo pode
ser realizada mudando-se o protocolo de carga (72). Três esquemas distintos de repetição
podem ser construídos: uma série de grupo uniforme que usa a mesma intensidade em
todas as repetições, um grupo ascendente onde a intensidade de cada repetição é aumen
tada e um grupo ondulante onde a carga é implementada de forma piramidal (Tabela
10.7). A literatura contemporânea sugere que o uso mais efetivo da série de grupo é com
exercício balístico ou explosivo (124) e que séries de exercício tradicionais podem ser me
lhores para o desenvolvimento de hipertrofia muscular ou força muscular máxima (157).
Grupo 3 x 1 0 /5 30 11 0 110
Nota: 3 x 1 0 /1 = três séries de 10 repetições executadas com 30 s de descanso entre cada repetição de série; 3 x 10/2
= três séries de 10 repetições com 30 s de descanso após cada duas repetições; 3 x 1 0 /5 = três séries de 10 repetições
com 30 s de descanso após 5 repetições. Cargas são baseadas numa puxada do arremesso (clean) de 1 RM de 150 kg.
Grupo 3 x 5 /1 30 12 0 12 0 120 12 0 12 0
Nota: 3 x 5 / 1 = três séries de 5 repetições executadas com 30 s entre cada repetição de série. Cargas são baseadas
sobre uma puxada de arremesso de 1 RM de 150 kg.
294 Periodização
O rdem d o s Exercícios
A ordem de exercícios num programa de treinamento de força pode influenciar significati
vamente a eficácia da sessão (12, 15, 169, 177). Exercícios de grandes massas musculares,
multiarticulares devem ser colocados no início da sessão de treinamento (12, 169, 177) por
que são fundamentais para o desenvolvimento de força e precisam ser treinados quando o
atleta está com uma quantidade mínima de fadiga (177, 180). Vorobeyev (200) sugeriu que
exercícios de força de velocidade (por exemplo, arranco, arremesso), que são frequentemen
te exercícios de grandes massas musculares, multiarticulares, sejam executados em primeiro
lugar, porque podem exercer um efeito positivo nos exercícios de desempenho subsequentes.
Depois de completar os exercícios de grandes massas musculares, multiarticulares, o atleta
pode então passar a exercícios de massas musculares menores, monoarticulares (12). Como
alternativa, tem sido sugerido que o atleta alterne entre exercícios com a parte superior e a in
ferior do corpo de modo a facilitar a recuperação (202). Esse método de treinamento pode ser
útil com programas de rreinamenro baseados em circuitos, mas foi mostrado ser inadequado
para programas de treinamento que enfatizam o desenvolvimento de força e potência (181).
Outro método de sequenciamento de exercício que é popular em fisiculturismo
envolve fatigar o grupo muscular usando um exercício de grandes massas musculares,
monoarticular antes de realizar um exercício multiarticular, criando o chamado complexo
pré-exaustão (15, 189). Pesquisas atuais sugerem que o uso de um exercício de pré-exaus
tão reduz os ganhos de força e diminui a ativação muscular (15). Este fenômeno muito
provavelmente ocorre como resultado da fadiga afetando negativamente os exercícios
multiarticulares que seguem o exercício pré-exausrão monoarticular. Portanto, atletas
que estão tentando maximizar força máxima e desenvolvimento da potência não devem
usar um complexo de pré-exaustão.
Quando um atleta está tentando maximizar desenvolvimento de força e potência,
pode ser vantajoso realizar ou um exercício explosivo (130, 200) ou um exercício de car
ga pesada, multiarticular, envolvendo grandes massas musculares (130) antes de executar
um exercício explosivo como salto ou corrida. Isso pode ser chamado de complexo de
potencialização pós-ativação. Complexos de pós-ativação demonstraram aumentar signi
ficativamente a taxa de desenvolvimento de força (TDF), salto em altura (210), corrida
de velocidade (130) e ciclismo de velocidade (176). Contudo, se o exercício inicial cria
grandes quantidades de fadiga, o desempenho muito provavelmente será prejudicado
durante o segundo exercício da série (32). O complexo de pós-ativação parece ser efetivo
somente quando usado com indivíduos altamente treinados (33). Exisrem numerosos
exemplos de complexos de pós-ativação na literatura científica, mas alguns exemplos que
podem ter efeitos de desempenho significativos podem ser vistos na Tabela 10.8. Com
plexos de potencialização precisam ter uma atividade de carga pesada (> 90% 1 RM)
como um agachamento para repetições mínimas (uma a três repetições) realizado de 4
a 5 min antes de uma atividade explosiva, como saltar ou correr.
296 Periodização
P otência
1 8 ,5 m in de
Chiu e t al. (33) Agacham entos 5 x 1 9 0 % 1 RM Salto agacham entos f f com saltos a
descanso
3 0 % 1 RM
0 ,8 7 % U em
M cBride et al. (128) Agachamento 1 x 3 90% 1 RM 4 m in de descanso 4 0 m corrida
te m p o de corrida
S alto com
2 ,8 % f t em
Young e ta l. (210) A g a cha m e nto 1 x 5 RM 4 m in de descanso co ntra m o vim e nto
a ltura de salto
carregado
N ota: l i = d im in u iç ã o ; ff = a u m e n to .
atividades. Portanto, esses atletas podem executar três ou quatro sessões de treinamento
de força por semana em conjunto com suas outras atividades de treinamento. Contudo,
se o objetivo do atleta é maximizar força e recursos de geração de potência, treinamento
mais frequente pode justificar-se. A fase do treinamento deve ser considerada ao sele-
cionar-se uma frequência de treinamento. Por exemplo, durante a fase de preparação, a
frequência do treinamento pode ser substancialmente mais alta que na última parte da
fase de competição. O número de sessões de treinamento, frequentemente, é reduzido
para o treinamento de polimento e para dissipar a fadiga.
Padrões d e Carga
O padrão de carga usado no regime de treinamento é particularmente importante porque
estimulará adaptações fisiológicas. O padrão de carga mais efetivo para estimular ganhos
de força máxima é a pirâmide achatada (24). Na pirâmide achatada, o atleta começa com
várias séries de aquecimento e trabalha em direção a uma carga prescrita na qual todas as
séries de treinamento são executadas, seguidas por uma série de carga mais baixa (Tabela
10.9). A porção plana da pirâmide geralmente usa uma intensidade entre 80% e 100% da
máxima quando o atleta está especificamente visando à força máxima (12, 66, 77). A série
de carga mais baixa pode resultar num efeito de potencialização pós-ativação que aumenta
a potência produzida e a velocidade do movimento (186). Parece que o desempenho é ma
ximizado quando a maior parte do treinamento é realizada com intensidades de cerca de
70% a 85% de 1 RM (66, 211). Isso é visto em dados apresentados por Zatsiorsky (211),
que relatou que 35% do volume de treinamento dos halterofilistas soviéticos ficava entre
70% e 80% de 1 RM, 26% do volume de treinamento era entre 80% e 90% de 1 RM, e
apenas 7% do volume de treinamento entre 90% e 100% de 1 RM durante todo o ano de
treinamento. Em contrapartida, Hákkinen e colegas (77) relataram que quando o volume
de treinamento é aumentado em 80% a 90% e 90% a 100% de 1 RM, a força máxima
aumenta significativamente. Quando a maior parte do volume está no intervalo de 90% a
100%, o desempenho pode não ser otimizado e pode ocorrer overtraining (56).
Um segundo padrão de carga é o padrão de carga de pirâmide (24, 173) ou um esque
ma de carga de pirâmide crescente. Neste esquema de carga, com cada série a porcentagem
de 1 RM aumenta até que é feita uma tentativa máxima e com cada série de exercício o
número de repetições diminui (Tabela 10.10). A variação de carga da pirâmide crescente
sugerida foi de 10% a 15% (24). Variações de carga maiores que 15% não são recomen
dadas, pois a fadiga que se acumula pode comprometer o desenvolvimento da força (24).
Uma modificação do padrão de carga da pirâmide crescente é o que alguns têm cha
mado de pirâmide dupla (24, 69) ou simplesmente pirâmide (211,212). Nesse padrão de
carga, a resistência é aumentada para uma tentativa máxima e, então, a carga é progres
sivamente diminuída (211, 212). Em conjunção com esse padrão de carga, dois padrões
de volume foram sugeridos (Tabela 10.11).
Tabela 10.9 Padrão de Carga para uma Pirâmide Achatada Usando o Aga-
chamento
AQUECIMENTO SÉRIES ALVO SÉRIES DE CARGA MAIS BAIXA
C arg a (kg) 6 7 ,5 1 1 2 ,5 13 5 1 5 7 ,5 180 19 0 19 0 19 0 1 8 0 ,5
R e p e tiç õ e s 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Porcentagem de 1 RM 30 50 60 70 80 84 84 84 80
R e p e tiç õ e s 6 6 6 6 6 6 4 2 1
P o r c e n ta g e m d e 1 R M 30 50 60 70 80 85 90 95 1 00
Tabela 10.11 Padrão de Carga para uma Pirâmide Dupla Usando o Agachamento
PIRÂMIDE DUPLA VERSÃO 1
C a rg a (kg ) 18 0 191 2 0 2 ,5 214 214 2 0 2 ,5 191 18 0
R e p e tiç õ e s 4 3 2 1 1 2 3 4
P o rc e n ta g e m de 1 RM 80 85 90 95 95 90 85 80
R e p e tiç õ e s 1 1 1 1 1 1 1 1
P o rc e n ta g e m d e 1 RM 80 85 90 95 95 90 85 80
Nota: Carga baseada num agachamento máximo de 225 kg. Um aquecimento apropriado é requerido para preparar o atleta
para a sessão de treinamento.
Adaptado de Stone et al., 2006 (184).
Repetições 2 2 2 2 2
P o rc e n ta g e m d e 1 RM 30 65 85 105 65
Nota: Carga baseada numa puxada de arremesso máxima de 212 kg. Um aquecimento apropriado é requerido para
preparar o atleta para a sessão de treinamento.
Adaptado de Stone et al., 2008 (186).
Desenvolvimento de força e potência 299
R e p e tiç õ e s a 5 3 2 3 2 3 3 2
P o rc e n ta g e m d e 1 RM a 60 70 75 80 85 75 80 85
R e p e tiç õ e s b 5 5 5 1 5 1 5 1
P o rc e n ta g e m d e 1 R M b 60 70 80 90 80 90 80 90
O método ondulatório pode ser útil porque permite um efeito potencializador, por
que uma carga leve é executada após uma carga pesada; contudo, a ocorrência de um
efeito de potencialização pós-ativaçáo com esse modelo ainda tem de ser investigado na
literatura científica. O modelo ondulatório parece funcionar melhor com exercícios de
levantamento olímpico (por exemplo, arranco, arranco alto, puxadas de arremesso, pu
xadas até o peito). Uma variante do modelo ondulatório é o modelo de dupla estimulação
(108). Nesse modelo, o atleta alterna uma série de altas repetições com uma única repeti
ção que é executada em 10% a 15% maior intensidade. O modelo de dupla estimulação
parece funcionar melhor com exercícios de força (por exemplo, agachamento, tração),
todavia, tem ainda que ser explorado na literatura científica.
IMPLEMENTAÇÃO DE UM REGIME DE
TREINAMENTO DE FORÇA
Monitorização contínua do processo de treinamento é uma parte muitas vezes esqueci
da, mas essencial da implementação de um plano de treinamento de força periodizado
(187). Monitorar o progresso do atleta permite ao treinador determinar se as metas do
plano de treinamento estão sendo alcançadas. As etapas a seguir permitirão ao treinador
conceituar, projetar e implementar um regime de treinamento de força periodizado.
% de 1 RM / número de repetições
Notas: Carga = % 1 RM
repetições
V o lu m e In te n s id a d e d o
E xercício S érie 1 S érie 2 S é rie 3 S érie 4 S érie 5 S é rie 6 S érie 7 S é rie 8 S é rie 9 S érie 10
d e c a rg a tre in a m e n to
Repetições 60 80 110 130 130 130
Agacham ento 6 .4 0 0 1 0 6 ,6 7
de peso 10 10 10 10 10 10
Repetições 60 60 60
Press m ilita r 1 .8 0 0 6 0 ,0 0
de peso 10 10 1
Repetições 70 70 70
Supíno inclinado 2 .1 0 0 7 0 ,0 0
de peso 10 10 10
Repetições
de peso
Repetições
de peso
Repetições
de peso
303
CAPÍTULO
TREINAMENTO DE
RESISTÊNCIA
esistência pode ser classificada de várias maneiras. Por exemplo, resistência aeró-
CLASSIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA
O conceito de resistência difere distintamente entre as várias atividades esportivas e assim
pode ser definido de várias maneiras diferentes. Por exemplo, o tipo de resistência que
um corredor de maratona de elite precisa fornece a capacidade de atuar continuamente
a uma potência ou velocidade específica por um longo período de tempo. Entretanto,
um jogador de hóquei no gelo de elite precisa executar repetitivamente períodos de
movimentos de alta velocidade por 30 a 80 segundos intercalados com períodos de
recuperação durando entre 4 e 5 minutos (106). Embora alguma forma de resistência
afete o desempenho de ambos os atletas, o desenvolvimento de resistência nesses atletas
será distintamente diferente. Se o tipo errado de treinamento de resistência é imple
m e n ta d o , o atleta pode desenvolver características de resistência que não satisfazem as
necessidades do esporte, e, portanto, a capacidade de desempenho pode ser reduzida (45,
147). Para compreender a correta aplicação do treinamento de resistência, o treinador e
o atleta devem diferenciar entre os dois tipos principais de resistência relatados na litera
tura contemporânea: exercício de resistência de baixa intensidade (EEBI) e exercício
de resistência de alta intensidade (EEAI) (147).
305
306 Periodização
P otência A eróbia
Potência aeróbia máxima tem sido longamente considerada um importante fator na
determinação de sucesso em esportes de resistência (33, 131). Entretanto, a potência
308 Periodização
Sistema Pulmonar
O sistema pulm onar parece limitar o VO ,máx em circunstâncias muito específicas (9,
120). Por exemplo, a dessaturação do oxigénio ( 0 2) pode ocorrer em atletas de elite que
estejam executando trabalho máximo (39), porque um alto débito cardíaco de exercício
(Q = volume sistólico x frequência cardíaca) diminui o tempo de trânsito da célula ver
melha do sangue (CVS) através do capilar pulmonar (9, 39). O tempo de trânsito dimi
nuído para a CVS diminui o tempo disponível para saturar o sangue com O ,, limitando
potencialmente o desempenho. Suporte para a alegação de que o sistema pulmonar pode
limitar o VO^máx pode ser visto em estudos que têm explorado os efeitos da hiperóxia
(120). Se O, suplementar for fornecido, existe um aumento de “força motriz” 0 2, que
eleva o VO ,máx como resultado da saturação aumentada de oxigénio (109, 120).
Treinamento de resistência 309
C onsum o m áxim o
de oxigénio (V 02Máx)
Figura 11.3 Fatores que afetam a potência aeróbia máxima ou consumo máximo de oxigénio.
(diferença a-V02) = diferença de oxigénio venoso arterial-misto.
Adaptado de Bassett e Howley, 2000 (9), Coyle, 1995 (35) e Joyner e Coyle, 2008 (76).
Débito Cardíaco
até aproximadamente 40% do V 0 2máx (119, 160, 164), após o que o volume sistólico
se estabiliza ou aumenta ligeiramente, e o aumento na frequência cardíaca determina
aumento em débito cardíaco (164). Acredita-se que o platô em débito cardíaco é uma
função direta d e um tempo d e e n c h im e n to d ia stó lico v e n tric u la r esq u e rd o d im in u íd o , o
que pode ser visto com o aumento da intensidade do exercício (128). Todavia, atletas de
elite de resistência aeróbia exibem aumento na frequência cardíaca e no débito cardíaco
em resposta à crescente intensidade do exercício (59, 164).
cT
Figura 11.4 Comparação de (a) consumo máximo de oxigénio e (b) débito cardíaco máximo
entre corredores de distância não treinados, treinados e de elite do sexo masculino.
Partes a -b adaptadas de Zhou et al., 2001 (164).
A razão para essa discrepância em resposta de volume sistólico entre atletas de re
sistência de elite e pessoas treinadas ou não treinadas ainda não foi determinada, mas é
geralmente aceito que atletas de elite apresentem valores mais altos de Qmáx (9).
Como adetas de elite apresentam um Qmáx maior, poderia ser especulado que a diferença
entre adetas de elite, adetas treinados e pessoas não treinadas baseia-se ou na capacidade de
atingir frequências cardíacas máximas ou na capacidade de aumentar o volume sistólico (9, 92).
A frequência cardíaca máxima é ligeiramente inferior em adetas de elite em comparação com
não adetas (92, 164); portanto, é provável que o principal fator de diferenciação da Qmáx entre
adetas e não adetas sejam as alterações induzidas pelo treinamento no volume sistólico (92). O
aumento em volume sistólico visto em adetas está provavelmente relacionado a um aumento
em volume diastólico final que ocorre como resultado de melhor complacência da cavidade car
díaca ou um aumento na distensibilidade do pericárdio (92). Esses dados indicam que a Qmáx
explica parcialmente as diferenças de VCfimáx entre adetas e não adetas.
Transporte de Oxigénio
Músculo Esquelético
Tipo de fibra muscular O tipo de fibra muscular parece estar significativamente rela
cionado ao V 0 2máx de atletas de elite (98). Atletas que expressam valores de VO,máx
superiores também parecem ter conteúdo de fibra Tipo I mais alto. Esse fenômeno pode
estar relacionado às diferentes densidades capilares, ao conteúdo mitocondrial e as capa
cidades da enzima aeróbia vistas entre fibras Tipo I eTipo II. Fibras Tipo I, que têm uma
capacidade oxidativa maior, tem um vaso capilar maior para a proporção de fibra como
resultado de estar rodeado por mais vasos capilares em comparação com fibras do Tipo II
(165). Fibras do tipo I também podem exibir uma maior densidade mitocondrial (127)
e uma maior dependência da atividade enzimática aeróbia (51, 70, 156). Por último,
parece haver um deslocamento geral do teor de fibra Tipo II para o Tipo I, um aumen
to em conteúdo mitocondrial e uma dependência aumentada do metabolismo aeróbio
em resposta ao treinamento de resistência (127, 154). Essas adaptações induzidas pelo
treinamento de resistência parecem estar relacionadas à idade de treinamento do atleta;
atletas que treinam a mais tempo experimentam aumentos maiores em densidade capilar
e teor de fibra Tipo I e uma maior dependência da atividade enzimática aeróbia (127).
Densidade capilar: Investigadores relataram que uma maior densidade ou número ca
pilar corresponde a uma V 0 2máx mais alta (9, 26, 35, 132). Tem sido especulado que
3 12 Periodização
Limiar d e Lactato
E bem aceito que o VO,máx desempenha um papel nas capacidades de desempenho de
resistência. Contudo, com atletas de elite existe uma estreita variação entre o VO,máx
de indivíduos atletas (18, 27), sugerindo assim que o VO,máx não diferencie entre os
desempenhos desses atletas (14, 18). Se, por exemplo, dois atletas de elite com diferen
tes valores de VO .máx são concorrentes, o atleta que possui o VO.rnáx menor pode ser
capaz de compensar isso, trabalhando numa percentagem mais alta de sua capacidade
máxima (Figura 11.5) (18, 33, 140). A porcentagem de VO,máx na qual um atleta pode
trabalhar pode ser um preditor mais preciso do desempenho.
Figura 11.5 Comparação de dois atletas com o mesmo V02máx com diferentes limiares de
lactato e valores de início de acúmulo de lactato no sangue (OBLA).
Nota: O atleta A pode produzir 300 W em seu limiar de lactato, enquanto que o atleta B pode produzir 320 W. Assim, o atleta
B pode trabalhar a uma carga de trabalho superior de 6,7%. Potência no limiar de lactato tem sido fortemente correlacionada
a capacidade de desempenho de resistência (75).
Treinamento de resistência 313
V 0 2m áx (%)
Figura 11.6 Limiar de lactato e resposta de início de acumúlo de lactato no sangue (OBLA) a
um teste incremental em cicioergômetro.
314 Periodização
Econom ia do M ovim en to
Economia de exercício é um fator-chave ditando o desempenho em exercício de resistên
cia. Economia de exercício ou movimento tem sido definida como o consumo de oxigénio
necessário para executar exercício a uma dada intensidade (75) ou a taxa de trabalho me
cânico feito para a energia gasta (9). A economia de movimento e seu efeito sobre o custo
de energia de um episódio de exercício pode explicar parcialmente algumas das diferenças
em desempenho observadas entre atletas que possuem valores similares de VO,máx (10).
Uma análise atenta de atletas com valores similares de V 0 2máx sugere que existe grande
variabilidade interindividual no custo de oxigénio de exercício submáximo (75).
Treinamento de resistência 315
Suporte para essa alegação pode ser encontrado no trabalho de Franch e colegas
(53); nesse estudo, 6 semanas de intervalos longos, que consistiram de quatro a seis séries
de intervalos de 4 minutos (4,6 m/s) separados por 2 minutos de descanso, resultaram
n u m a u m e n to de 6% e m VO,máx e n u m a u m e n to de 3% n a eco n o m ia de corrida. Num
estudo de jogadores de futebol, 8 semanas de treinamento aeróbio intervalado que consistia
de quatro séries de 4 minutos de corrida intervalada (90-95% da frequência cardíaca
máxima) separados por 3 minutos de caminhada leve realizada duas vezes por semana
resultaram num aumento de 6,7% em economia de corrida, um aumento de 10,7% em
VO máx, um aumento de 15,9% no limiar de lactato, um aumento de 24% em envol
vimentos com a bola durante um jogo e um aumento de 3,5% na capacidade de atuar
a uma taxa cardíaca média mais alta durante uma partida de futebol (62). Embora esses
dados preliminares sugiram que intervalos de alta intensidade possam melhorar a eco
nomia de corrida, é necessária mais investigação para esclarecer os tipos de treinamento
intervalado mais efetivos. Parece que treinamento intervalado de alta intensidade deve
ser incorporado a planos de treinamento de atletas de esportes de equipe e atletas de
resistência mais tradicional.
Outro método para melhorar a economia de corrida em corredores de distância é a
adição de treinamento de força ou pliométrico (73, 110, 155). Essas melhorias em eco
nomia de corrida podem ocorrer como resultado de uma eficiência mecânica aumentada
causada por padrões de recrutamento de unidade motora melhorados, força muscular
aumentada, taxas de desenvolvimento de força melhoradas e de aumento na rigidez do
tendão (73, 110, 155). Embora o treinamento de força pareça oferecer grande benefí
cio ao atleta de resistência, muitos atletas se preocupam com ganhar peso por causa do
treinamento (103). Isso, contudo, não deve ser fonte de grande preocupação, porque a
literatura contemporânea a respeito de sinalização celular sugere que o treinamento de
resistência embota as vias de sinalização que precisariam ser ativadas para induzir ganhos
significativos em massa muscular (108). Isso pode ser visto claramente na literatura que
explora os efeitos do treinamento de força sobre o desempenho de resistência, em
que atletas veem tipicamente menos de 1,0% de aumento em massa corporal como
resultado de um aumento em massa corporal magra (68, 110). Portanto, pode ser justi
ficado para atletas de resistência incluir treinamento de força e pliométrico para otimizar
a economia de exercício e, finalmente, o desempenho de resistência.
B ioen ergética
O EEAI depende da capacidade de realizar repetitivamente atividades de alta potência
que preferencialmente ativam os sistemas de energia anaeróbia (113). Quando o atleta
incorpora treinamento de EEAI em seu plano de treinamento, experimenta adaptações
Treinamento de resistência 317
Sistem a Cardiovascular
O metabolismo oxidativo e o sistema cardiovascular desempenham um papel integrante
na recuperação de treinamento intervalado de alta intensidade, tais como treinamento de
resistência ou de corrida intervalada (148). Contudo, atletas que participam de esportes
que dependem de EEAI não devem participar de treinamento de EEBI, porque esse
treinamento prejudica a capacidade de desempenho anaeróbio (45).
Evidências recentes demonstram claramente que o treinamento intervalado de alta
intensidade pode aumentar o VO^máx, o volume sistólico e a capacidade de usar o me
tabolismo oxidativo durante a recuperação de treinamento intervalado (87, 113). Essas
adaptações parecem desempenhar um papel integrante na capacidade de recuperação do
atleta de episódios repetitivos de exercício de alta intensidade. Curiosamente, o uso de treina
mento intervalado de alta intensidade não prejudica o suprimento energético anaeróbio
durante o exercício ou altera os padrões de ativação neuromuscular geralmente vistos em
318 Periodização
R epouso Ativo
Repouso ativo ou exercício de recuperação é frequentemente usado para estimular a
recuperação de treinamento de alta intensidade ou competição. Esse tipo de atividade
exige uma baixa frequência cardíaca de exercício (< 65% no máximo) e dura cerca de 30
a 60 minutos (1, 141).
'Outros dias de treinamento contêm outros métodos de treinamento ou repouso e recuperação. Pmáx = potência máxima
ao V02máx.
Intervalos Aeróbios
vistas durante a competição (118). Treinamento intervalado aeróbio tem sido também
denominado treinamento de limiar ou treinamento de ritmo ou tempo (118). Treinamento
de ritmo ou tempo pode ser executado contínua ou intermitentemente. Por exemplo,
numa sessão de treinamento de ritmo ou tempo contínuo, o atleta manteria um ritmo
constante ou ligeiramente acima do limiar de lactato pela duração da sessão de exercício.
Entretanto, intervalos de ritmo ou tempo contêm períodos de exercício de estado esta
cionário similares aos observados no modelo contínuo, mas neste modelo os episódios
são mais curtos e intercalados com breves períodos de recuperação (118). Exemplos de
treinos intervalados aeróbios são apresentados nas Tabelas 11.3 e 11.4.
Quando o treinador está criando um treinamento intervalado aeróbio, é recomen
dável que seja realizado um teste de exercício graduado para estabelecer a frequência car
díaca máxima do atleta, a potência ou velocidade máxima e o limiar de lactato. Essencial
a esse processo é determinar o tempo no qual a potência máxima ou velocidade máxima
pode ser mantida, o que tem sido denominado Tmáx (87, 91). Uma vez que o Tmáx e a
potência ou velocidade máxima são estabelecidos, então, as durações e intensidades do
intervalo podem ser determinadas. Tem sido recomendado que a duração de cada inter
valo corresponda a 60% do Tmáx e seja executado na potência ou velocidade máxima
(91). O intervalo de repouso então será definido como o tempo para se chegar a 65% da
frequência cardíaca máxima do atleta.
Intervalos aeróbios também podem ser definidos por prescrever uma variação de
frequência cardíaca ou de potência que é executada por um período pré-determinado
(145). O intervalo de repouso pode ser pré-definido visando especificamente ao desen
volvimento do sistema aeróbio. Por exemplo, um atleta pode executar oito séries de
intervalos aeróbios que duram 5 minutos e são separados por 1 minuto de recuperação
ativa de baixa intensidade.
Dia de
T re in a m e n to
descanso
T re in a m e n to de Intervalos
LSD R ecuperação R ecuperação LSD Fartlek
re s is tê n c ia aeróbios
T re in a m e n to de Treinam ento Treinamento
re s is tê n c ia de resistência de resistência
D u ra çã o to ta l 6 0 -1 2 0
1 20 60 80 60 1 50
(m in )
D u ra çã o de
in te rv a lo 1 20 60 15 60 150 -
(m in u to s )
R e cu p e ra çã o
0 0 5 0 0 -
(m in )
Taxa tra b a lh o /
1 :0 1 :0 3:1 1 :0 1:0 -
re p o u so
In te n s id a d e
(b a tim e n to s p o r 1 3 1 -1 3 9 < 131 1 4 0 -1 4 6 <131 1 3 1 -1 3 9 -
m in )
Nota: O exemplo de microciclo baseia-se num volume de treinamento semanal de 10 horas, no qual a frequência cardíaca
do atleta ao limiar de lactato é de 153 batidas/min. LSD = distância longa em ritmo lento.
Baseado em Friel, 2006 (54) e Potteiger, 2000 (118).
3 22 Periodização
In te rv a lo s é rie 1 In te rv a lo s é rie 2
A q u e c im e n to 1 0 -1 5 m in 1 0 -1 5 m in
N ú m e ro de in te rv a lo s d e tra b a lh o 8 8
D u ra çã o 5 m in 6 0 % Tm áx { = 4 m in)
D e s a q u e c im e n to 1 0 -1 5 m in 1 0 -1 5 m in
Te m po d e tre in a m e n to to ta l 6 7 -7 7 m in 6 6 -9 0 m in
F re q u ê n c ia (ve ze s p o r s e m a n a ) 1 ou 2 1 ou 2
A intensidade para este tipo de intervalo estaria entre 80% e 85% da frequência cardíaca
máxima ou alguma percentagem da frequência cardíaca no limiar de lactato.
Independentemente do método utilizado, intervalos aeróbios podem estimular sig
nificativos ganhos de desempenho e adaptações fisiológicas concomitantes quando exe
cutados duas vezes por semana por até 4 semanas (87, 91, 145). Em virtute da grande
quantidade de estresse fisiológico e psicológico que pode ser gerado por treinamento
aeróbio intervalado, o treinador deve integrar métodos de recuperação e treinamento de
intensidade mais baixa no microciclo para evitar overtraining do atleta. Uma amostra
de microciclo é apresentada na Tabela 11.5.
A q u e c im e n to (m in ) 1 5 -2 0 1 5 -2 0
E p isó d io s d e Tra b a lh o
N ú m e ro 1 2
D u ra çã o (m in ) 30 10
In te n s id a d e (b a tim e n to s p o r m in u to ) 1 5 3 -1 5 6 1 5 3 -1 5 6
E p isó d io s de re c u p e ra ç ã o
N ú m e ro 0 2
D u ra çã o (m in ) 0 10
In te n s id a d e (b a tim e n to s p o r m in u to ) <131 <131
Nota: Baseado numa frequência cardíaca ao limiar de lactato de 153 batimentos por minuto.
Adaptado de Potteiger, 2000 (118) e USA Cycling, 2002 (1).
Treinamento de resistência 323
T re in a m e n to Dia de repouso
D u ra çã o to ta l (m in ) 120 80 60 6 0 -1 2 0 65 1 50
D u ra çã o de 120 15 60 5 1 50
in te rv a lo (m in )
R e cu p e ra çã o (m in ) 0 5 0 - 1 0
R elaçã o tra b a lh o / 1 :0 3:1 1 :0 5:1 1 :0
re p o u so
In te n s id a d e 1 3 1 -1 3 9 1 4 0 -1 4 6 <131 8 0 -8 5 % 1 3 1 -1 3 9
(b a tim e n to s p o r HRmáx batim e n to s por
m in u to ) m inu to
Notas: Este microciclo é baseado num volume de treinamento semanal de 9-10 r, onde a frequência cardíaca do atleta ao
limiar de lactato é de 153 batidas/min. LSD = distância longa em ritmo lento; HRmáx = frequência cardíaca máxima.
Adaptado de Friel, 2006 (54) e Potteiger, 2000 (118).
Intervalos Anaeróbios
Repetição
Fartlek
Fartlek é a palavra sueca para “jogo de velocidade” e é um método clássico para o de
senvolvimento de resistência (98). Este método de treinamento é uma combinação não
324 Periodização
T re in a m e n to D ia de
descanso
T re in a m e n to de
re s is tê n c ia
D u ra çã o to ta l 3 0 -4 0 m in * 6 0 m in 1 2 0 m in 3 0 -4 0 m in * 4 5 m in 4 5 -6 0 m in
D uração do in te rva lo 30 s 6 0 m in 1 2 0 m in 30 s 4 5 m in -
R e c u p e ra ç ã o 60s 0 0 60s 0 -
N ú m e ro de 6 6
in te rv a lo s
R e la çã o tra b a lh o / 1 :2 1 :0 1 :0 1 :2 1 :0
re p o u s o
Nota: Este microciclo baseia-se num volume de treinamento semanal de 5-6 horas, onde a frequência cardíaca do atleta
ao limiar de lactato é de 153 batimentos/min. LSD = distância longa em ritmo lento; HRmáx = frequência cardíaca máxima.
•Inclui 15 min de aquecimento e desaquecimento.
Adaptado de Friel, 2006 (54) e Potteiger, 2000 (118).
Treinamento fartlek pode ser mais útil durante o condicionamento geral ou fase prepa
ratória do plano de treinamento anual porque desafia os sistemas fisiológicos do corpo
enquanto elimina o tédio e a monotonia associados ao treinamento diário (98, 118).
D esem penho de
resistência
(a) esportes como futebol americano e beisebol, que requerem breves tarefas intermi
tentes que envolvem potências de saída muito grandes e derivam a maior parte da sua
energia do sistema de energia de fosfato e (b) esportes como futebol e basquete, que re
querem atividades repetitivas de alta intensidade e derivam energia predominantemente
dos sistemas de fosfato e energia glicolítica (45). Em ambos os tipos de esporte, o meta
bolismo oxidativo é importante durante a recuperação porque a reconstituição da fosfo-
creatina e a remoção de lactato é um processo oxidativo (22, 45). Essa dependência do
metabolismo oxidativo durante a recuperação é a base para o argumento clássico de que
técnicas de EEBI são necessárias a atletas que participam em esportes baseados em ana
eróbia (28, 45). Embora o treinamento de EEBI aprimore vários fatores fisiológicos que
podem melhorar a taxa de recuperação entre episódios de exercício, as correspondentes
diminuições em habilidades anaeróbias e correspondentes capacidades de desempenho
parecem superar os benefícios dessa intervenção de treinamento (45). Atletas anaeróbios
devem evitar treinamento EEBI e usar outras estratégias que melhorem desempenho e
recuperação (113, 115). Contudo, o desenvolvimento de EEAI pode realmente melho
rar o desempenho de EEBI e, assim, os métodos utilizados por atletas anaeróbios podem
beneficiar o atleta de resistência aeróbia (87, 147).
Uma estratégia para o desenvolvimento de resistência que tem sido recomendada
recentemente é o uso de treinamento intervalado de alta intensidade, porque este permi
te melhorias na capacidade anaeróbia, potência anaeróbia e também capacidade aeróbia
(87, 113). Treinamento intervalado geralmente é realizado usando-se séries de repetições
de corridas intercaladas com intervalos de recuperação. A duração desses intervalos de re
cuperação varia dependendo do sistema bioenergético alvo (28) (Tabela 11.7). Por exem
plo, um programa de treinamento intervalado com uma relação de trabalho/repouso de
1:1 visaria ao sistema oxidativo (50), enquanto que uma relação de trabalho/repouso
de 1:20 visaria ao sistema fosfagênio (28, 148). O uso de um programa de treinamento
intervalado será determinado por vários fatores, incluindo as demandas bioenergéticas
do esporte, o modelo de desempenho estabelecido para o esporte e a fase do plano de
treinamento anual.
1 :1 2 -1 :2 0 5 -1 0 6 0 -2 0 0 5 60 ATP-CP 9 0 -1 0 0
1 :3 - 1 :5 1 5 -3 0 4 5 -1 5 0 30 75 Glicólise rápida 7 5 -9 0
1 :3 - 1 :4 6 0 -1 8 0 1 8 0 -7 2 0 60 1 80 G licólise rápida, 3 0 -7 5
glicó lise lenta,
e oxidativo *
*0 sistema de energia primária utilizado variará dependendo da duração do intervalo e da duração da recuperação.
Adaptado de Conley, 2000 (28) e Stone, Stone e Sands, 2007 (148).
Esses fatores podem ser tratados pela manipulação dos intervalos trabalho/descanso, das
intensidades do intervalo, da duração ou distância do intervalo, do volume de exercí
cio do intervalo, da duração do treinamento intervalado, da frequência do treinamento
intervalado, da progressão do treinamento intervalado, da manutenção na temporada e do
treinamento de resistência.
Treinamento de resistência 327
D uração da recuperação 6 0 -1 2 0 s 4 5 -9 0 s
D uração ou distância 1 4 -9 5 s ou 1 0 0 -4 0 0 m 1 3 - 1 8 0 s o u 1 0 0 -1 0 0 0 m
D uração da recuperação 1 2 0 -2 4 0 s 9 0 -1 8 0 s
Treinam ento supra m á xim o > C om petição < C om petição Intervalos de co rrid a de 1 0 0 m
T reinam ento subm áxim o < C om petição > co m pe tiçã o Intervalos de co rrid a de 4 0 0 m
Human Kinetics
Treinamento na temporada é uma parte importante de qualquer plano de treinamento. Não deixe
que ocorra descondicionamento durante a temporada competitiva.
3 32 Periodização
TREINAMENTO DE
VELOCIDADE E AGILIDADE
elocidade, agilidade e endurance de velocidade são habilidades cruciais que po
TREINAMENTO DE VELOCIDADE
Velocidade é a capacidade para percorrer uma distância rapidamente. A capacidade de
mover-se rapidamente numa linha reta é um componente integrante do desempenho
bem-sucedido numa grande variedade de esportes (69, 81, 121, 120). Corrida em linha
reta pode ser dividida em três fases: aceleração, alcance e manutenção da velocidade
máxima (27, 81).
Aceleração é a capacidade de aumentar a velocidade do movimento numa quanti
dade mínima de tempo. A aceleração (69) determina as habilidades do desempenho em
corrida em distâncias curtas (por exemplo 5 metros e 10 metros) e é geralmente medida
como velocidade (por exemplo, m/s) ou como unidade de tempo (por exemplo, segun
dos ou minutos) (83). A capacidade de acelerar diferencia entre atletas para uma varieda
de de esportes (2, 27, 81). Por exemplo, durante uma corrida de 100 metros, velocistas
inexperientes atingem a velocidade máxima em 10 a 36 metros (27), enquanto velocistas
altamente treinados não atingem a velocidade máxima até cerca de 80 metros (2). É pro
vável que os níveis de força máxima para os extensores do joelho explique parcialmente
as habilidades de aceleração de vários atletas, porque força está fortemente relacionada à
capacidade de correr (6, 10, 18, 78, 79, 119). Suporte para esta alegação pode ser obtido
da literatura, que relata que velocistas mais rápidos são significativamente mais fortes e
capazes de acelerar à taxas mais rápidas que seus colegas mais lentos (6, 24, 74).
Em muitos esportes, como futebol, a capacidade de acelerar está na base da jogada
bem-sucedida (69, 83). Durante uma jogada de futebol, a distância média corrida é
335
336 Periodização
Sistemas de Energia
Correr envolve uma rápida liberação de energia que permite uma alta taxa de ciclo de
formação de pontes cruzadas dentro do músculo e uma produção rápida e repetitiva
de força muscular. O corpo satisfaz as exigências de energia do músculo sob condições de
corrida (a) alterando a atividade enzimática de reações químicas específicas produtoras
de energia, (b) aumentando a quantidade de energia armazenada no músculo e (c) au
mentando a capacidade dos músculos de superar o acúmulo de metabólitos induzidos
pela fadiga (97).
Acúmulo de M etabólitos Induzidos pela Fadiga O acúmulo de ácido láctico como resul
tado de múltiplos episódios de corrida parece contribuir para o desempenho deficiente
de corrida (68, 114). Com um aumento no acúmulo de ácido láctico, há um aumento
em concentração de íon H + (que pode inibir a atividade PFK) (43), uma diminuição na
taxa de transporte de Ca+ (65) e uma diminuição da taxa do ciclo de formação de pontes
cruzadas no músculo esquelético (107). Se os íons H +não são tamponados, a capacidade
de correr e, mais importante, de correr repetidamente, será prejudicada (62).
O uso de treinamento intervalado de alta intensidade demonstrou resultar numa maior
capacidade de tamponamento (75, 114). Com essa maior capacidade de tamponamento,
Treinamento de velocidade e agilidade 339
Sistemas Neuromusculares
Figura 12.1 Potência de saída e capacidade de geração de força por subtipo de fibra mus
cular da cadeia pesada da miosina (MHC).
Contudo, parece que essa adaptação favorável à composição de fibra muscular pode
ser diminuída se treinamento de endurance é incluído no plano de treinamento (97).
Fornecimento insuficiente de repouso entre repetições ou séries de esforços de corrida
(44, 66, 97) e incluir somente corridas de longa duração (19, 64, 97, 103) resulta numa
transição de tipo de fibra semelhante à observada com treinamento de endurance. Dada
essa informação, treinadores devem considerar cuidadosamente o conteúdo do programa
de treinamento periodizado. A primeira preocupação do programa é que treinamento de
endurance tradicional, como trabalho de longa distância em ritmo lento, deve ser evitado
por atletas que precisem expressar altos níveis de velocidade de corrida. Em segundo lu
gar, dependendo das necessidades do atleta e do esporte sendo treinado, o uso de interva
los curtos de descanso e episódios de corrida mais longos devem ser reservados para a fase
preparatória geral do plano de treinamento anual. Quando o atleta progride ao longo
da fase preparatória específica para a fase competitiva, o uso de corridas mais curtas com
intervalos de repouso mais longos o ajudará a produzir altas velocidades de movimento.
podem melhorar a rigidez do músculo em contato com o solo (98). Aumentos na rigidez
do sistema tendomuscular parecem estar relacionados à máxima velocidade de corrida e à
manutenção da velocidade (21, 70). Aumentos em rigidez do sistema tendomuscular pa
recem diminuir o tempo de contato durante a fase de suporte da corrida por aumentar
a taxa de desenvolvimento de força e as forças máximas geradas durante esse tempo (98).
Fadiga Neural A fadiga neural pode afetar o desempenho de corrida, reduzindo a capa
cidade voluntária de geração de força (94). Como a fadiga se manifesta durante corrida
de 100 metros em velocidade máxima existe um ligeiro declínio em velocidade, especial
mente nas fases posteriores da corrida, o que corresponde a uma diminuição em frequ
ência de passadas (2, 98). Ross e colegas (98) sugeriram que essa redução em frequência
de passadas é resultado de fadiga neural, pela unidade motora (98).
Durante corrida, como uma arrancada de 100 m, existe um recrutamento preferen
cial de fibras do Tipo II (contração rápida), que são particularmente sensíveis à fadiga
neural aguda como resultado de seus tempos curtos de contração e altas velocidades de
condução axial (80). Quando a corrida de 100 m progride, existe uma redução progressi
va no recrutamento, o que provavelmente ocorre como resultado de uma produtividade
menos que ótima do córtex motor (98). Uma redução de 4,9% a 8,7% em ativação mus
cular foi notada uma vez que a velocidade máxima foi alcançada durante uma arrancada
de 100 m. Essa redução no recrutamento pode ter ocorrido como resultado da fadiga da
junção neuromuscular, uma taxa de disparo diminuída ou uma redução no recrutamen
to de unidades motoras de limiares mais altos (Tipo Ilb ou IIx) (98).
Ross e colegas (98) postularam que fadiga neural aguda pode diminuir a sensibilidade
reflexa. Mesmo que isso ainda tenha de ser demonstrado em resposta a exercício de corrida,
é possível que grandes volumes de alongamento-encurtamento muscular traumático possam
reduzir a sensibilidade reflexa, o que poderia reduzir a produção de força durante a corrida
(98). Essa redução em produção de força poderia prejudicar o desempenho em corrida.
Sistemas Técnicos
AP Photo/Sipa
A combinação de um grande comprimento e uma alta frequência de passada pode impactar o de
sempenho em corrida.
342 Periodização
Corrida é uma atividade balística na qual uma série de passadas lançam o corpo para frente
com aceleração ou velocidade máxima por uma distância (91). A corrida contém duas
fases principais: uma fase de não suporte ou aérea e uma fase de suporte (1). A fase de não
suporte contém recuperação e preparações de solo, enquanto que a fase de suporte inclui as
subfases de contração excêntrica e propulsão concêntrica (1, 91). Quando um atleta corre,
alterna entre as fases de não suporte e suporte. Quando o atleta entra na fase de suporte,
uma ação de contração excêntrica precede uma contração concêntrica explosiva.
Com crescentes velocidades de corrida, o tempo gasto na fase de não suporte geral
mente aumenta e o tempo gasto na fase de suporte diminui (1). Quando o tempo gasto
na fase de suporte diminui, torna-se particularmente importante que o atleta demonstre
altas taxas de desenvolvimento de força muito rapidamente de modo a manter ou conti
nuar a elevar a velocidade da corrida.
A velocidade na qual um atleta corre depende largamente de uma interação
entre a frequência e o comprimento da passada (61, 91, 119). Quando o atleta acelera
e alcança a velocidade máxima, a frequência de passadas aumenta a uma extensão maior
que o comprimento da passada (91). Frequência de passada parece ser mais treinável que
comprimento de passada (91), porque este está relacionado a estatura e extensão do corpo
e parece ser muito individualizado (77). Contudo, corredores de elite tendem a alcançar
maiores frequência e comprimento de passada num período de tempo mais curto (91),
sugerindo que ambos podem ser otimizados com intervenções de treinamento adequadas.
As fases de uma corrida são a largada, a aceleração e a fase de velocidade máxima.
Largada Plisk (91) sugeriu que a posição de largada ideal é uma posição calcanhar à dedo médio
(heel-to-toe), independentemente de se o adeta está numa posição de dois pontos (de pé) ou
de três-quatro pontos (agachado). Iniciar uma corrida da posição de largada é então realizado
superando-se a inércia por meio da aplicação explosiva de força com as pernas. A perna dianteira
se estende enquanto a traseira é balançada adiante para a frente do corpo para preparar o corpo
para um impacto com o solo. Ao mesmo tempo o braço oposto à perna que está balançando
adiante move-se para frente e para cima com o cotovelo flexionado em aproximadamente 90°
e a mão se move em direção à testa (91). Quando a perna dianteira move-se na fase de suporte
e estende-se, o braço oposto deve inicialmente balançar para trás antes de balançar para frente
(91). Quando a largada é executada corretamente, o corpo avança e fica num ângulo de 45° ou
menos da horizontal (91). A Figura 12.2 mostra a técnica de corrida para a posição de largada.
primordial importância durante essa fase (83). Durante a fase preliminar do período de
aceleração, o corpo terá uma inclinação para frente (< 45°), que se moverá progressiva
mente para uma posição mais vertical quando o atleta se aproxima da velocidade máxima
(119). Plisk (91) sugeriu que a inclinação para frente durante o período de aceleração
permite à perna estar no que é chamado de uma posição power line no final da fase de
impulso. Enquanto na posição power line, a perna é completamente estendida e está ali
nhada com o eixo longitudinal do corpo. A recuperação, a partir dessa posição, é iniciada
por lançar o joelho na frente do quadril para alcançar uma posição na qual a coxa fica
perpendicular ao tronco, enquanto que perna fica paralela ao tronco. Quando a perna
entra na fase de suporte, estende-se para baixo e para trás (91). Durante a fase de suporte
o atleta transitará entre uma subfase excêntrica e concêntrica com o uso de uma ação
de ciclo muscular de alongamento-encurtamento (91). Quando o atleta acelera, forças
de reação de solo verticais maiores devem ser desenvolvidas para se continuar a acelerar
(57). Esses dados parecem sugerir que o treinamento de força, especialmente atividades
que melhoram a taxa de desenvolvimento de força, é um componente essencial de um
programa de treinamento desenvolvido para melhorar o desempenho em corrida.
A ação do braço durante a aceleração ocorre com o braço flexionado à aproximada-
mente 90° e exige que o braço do lado oposto à perna entrando na fase de apoio mova-se
para perto do corpo enquanto a mão balança para cima e para a frente do quadril à altura
do ombro (53, 63, 91). O movimento do braço deve sempre se originar do ombro e se
mover para frente e para trás (63). Esses movimentos de braço compensam a dinâmica
axial gerada pela perna e quadril contralateral (91). As posições utilizadas na fase de ace
leração são mostradas na Figura 12.2.
Quando o atleta entra na fase de suporte, entrará em contato com o solo diretamente
abaixo ou ligeiramente a frente do seu centro de gravidade (91). Ao mover-se para a fase de
suporte, o atleta transitará de uma ação de contração excêntrica à uma ação concêntrica com
o uso de uma ação de ciclo muscular de alongamento-encurtamento (1, 91). Durante a fase
concêntrica, o atleta executará uma “tripla extensão” do quadril, joelho e tornozelo para apli
car corretamente forças ao solo. Depois de executada a tripla extensão, o adeta então iniciará
um tripla flexão do tornozelo, joelho e quadril, que colocará o calcanhar perto das nádegas.
Esse triplo movimento de flexão permite ao atleta avançar rapidamente o joelho para
uma posição à frente do quadril, posicionando efetivamente a perna na frente do corpo. Esse
movimento prepara o pé para uma descida rápida e permite ao atleta maximizar as forças de
reação do solo quando o pé se move para baixo e para trás durante o impacto com o solo (91).
Fadiga
d e V elocidade
Velocidade e endurance de velocidade podem ser desenvolvidas manipulando-se uma
infinidade de fatores de treinamento. Por exemplo, a fase de aceleração pode ser desen
volvida visando-se ao sistema ATP-PC e realizando-se corridas curtas (20-80 metros) a
90% a 95% da velocidade máxima com períodos de recuperação mais longos entre re
petições e séries (33). Entretanto, trabalho de ritmo em que distâncias mais longas
(> 200 m) são cobertas e intensidades mais baixas (< 70% da máxima) são intercaladas
com curtos intervalos de descanso (< 45 s) desenvolverão a capacidade aeróbica do atleta
(33). A Tabela 12.1 dá exemplos de manipulações para o desenvolvimento de vários as
pectos diferentes de velocidade e endurance de velocidade.
TREINAMENTO DE AGILIDADE
E comumente aceito que o desenvolvimento da capacidade de corrida em linha reta é impor
tante para praticantes de atletismo e atletas que participam em outros esportes baseados em
Treinamento de velocidade e agilidade 345
campo ou quadra (por exemplo, futebol, futebol americano, beisebol) (101). Como menciona
do anteriormente, esse tipo de velocidade é desenvolvido por exercícios e atividades que visam
a aceleração, velocidade máxima e endurance de velocidade (61,91, 101). Embora a capacidade
de acelerar rapidamente seja uma habilidade importante, o adeta também deve ser capaz de
mudar rapidamente de direção em resposta ao ambiente esportivo (11, 69).
As habilidades de parar, mudar rapidamente de direção e acelerar em resposta a
uma sinalização externa são requeridas por muitos esportes (11, 34, 69). Essas habili
dades podem ser consideradas como uma expressão de agilidade (35, 69). Alguns livros
usam o termo rapidez como sinónimo de agilidade ou velocidade de mudança de direção
(82, 101). Contudo, Sheppard e Young (101) sugeriram que a definição de rapidez não
considera desaceleração ou mudança de direção e que a rapidez em si contribui para a
agilidade. O termo cutting tem sido usado para descrever capacidades de mudança de
direção (101) e é, às vezes, falsamente usado para descrever agilidade.
P otência 5 0 -8 0 9 5 -1 0 0 2 -3 m in 7 -1 0 m in
ATP-PC e Endurance de 8 0 -1 5 0 9 0 -9 5 5 -6 m in
glico lítico velocidade
R itm o Extensivo A eróbio M etabolism o C apacidade aeróbia >200 <70 < 45 s 2 min
oxidativo
Adaptado, com permissão, de W. H. Freeman, 2001, P e a k w h e n it c o u n ts : P erio d iza tio n fo r A m e ric a n tra c k & field, 4. ed.
(Montain View, CA: Tafnews Press), p. 147,
Esse termo só considera a mudança de direção, mas a mudança de direção é iniciada pelo
contato do pé com o solo (101). A literatura indica que agilidade deve considerar não só
velocidade, mas também a capacidade de desacelerar, mudar de direção e reacelerar em
resposta a estímulos.
Agilidade é um conjunto complexo de habilidades interdependentes que conver
gem para o atleta responder a um estímulo externo com uma desaceleração rápida,
346 Periodização
A gilidade
Velocidade
Técnica C aracterísticas do m úsculo
de corrida
Energia
Posição
corporal
Foco visual
A ção da Força m áxim a Força reativa
perna
A ntecipação A ção do
braço
Técnica
Ação de perna, ação de braço e mecânica de desaceleração podem todas afetar a capa
cidade de um atleta de expressar agilidade em movimentos (91). Quando o atleta está
acelerando ou desacelerando, a inclinação do corpo deve aumentar de modo a permitir
à base de apoio mover-se adiante do centro de gravidade do atleta (91) enquanto o
centro de gravidade é rebaixado (101). Essas ações permitem ao atleta manter a esta
bilidade dinâmica (91) e mudar rapidamente de direção (101). Ao iniciar a ação de
desaceleração antes da mudança de direção, o atleta irá diminuir seu comprimento
de passada (99). Na reaceleração, o atleta progressivamente aumentará o comprimen
to e frequência da passada enquanto a posição do corpo torna-se mais vertical (91).
Pode ser justificado para o atleta correr com um centro de gravidade mais baixo e uma
inclinação à frente mais pronunciada ao participar de esportes que exijam mudanças
frequentes de direção (99, 101).
Ações de braço poderosas são um componente fundamental dos movimentos mul-
tidirecionais (90, 91). Como mencionado anteriormente, as ações do braço afetam a di
reção da perna do atleta quando este acelera. Quando o atleta inicia uma mudança de
direção, as poderosas ações dos braços contribuem para a direção da perna (90, 91). Se
a direção do braço não é devidamente executada ou executada na hora errada, a velocida
de pode ser reduzida como resultado de um padrão de movimento ineficiente (90, 91).
Um componente-chave na capacidade de mudar de direção é a capacidade de tole
rar as elevadas forças excêntricas que são geradas quando o atleta tenta desacelerar (91).
Várias técnicas podem ser usadas para desenvolver a capacidade do atleta de tolerar essas
cargas de contração excêntrica. Por exemplo, a capacidade de tolerar forças excêntricas
está relacionada à força muscular (49) e à técnica utilizada para iniciar a mudança de
direção (90). E recomendável que o atleta contate o solo com o pé inteiro de modo a
maximizar a área de superfície em contato com o solo e reduzir a carga excêntrica por
empregar a extremidade inferior inteira (90).
348 Periodização
Velocidade de Corrida
Alguns treinadores acreditam que a capacidade de corrida em linha reta afeta diretamen
te a capacidade do atleta de mudar de direção (101). Por isso muitos treinadores usam
uma boa quantidade de corrida em linha reta para preparar seus atletas. Contudo, essa
prática pode não ser a melhor quando se trabalha com atletas em esportes que exigem
tarefas multidirecionais (121), como o futebol ou o rúgbi. A capacidade de correr em
linha reta explica apenas uma pequena quantidade da variação vista com atividades de
mudança de direção (101, 121, 120). Tem sido demonstrado que, para maximizar as
melhorias na capacidade de mudança de direção, o atleta deve incorporar esses tipos de
atividades em seu treinamento (118, 121). Quando só corrida em linha reta é usada, não
há praticamente nenhuma melhoria no desempenho de tarefas de mudança de direção
multidirecionais (101, 121). A adição da bola (por exemplo, futebol ou basquete) pode
alterar significativamente a capacidade do atleta de executar tarefas multidirecionais
como movimentos de mudança de direção (101). Portanto, ambas, corrida em linha reta
e tarefas de mudança de direção com e sem implementos (por exemplo, bolas, luvas),
devem ser incorporadas em vários estágios do desenvolvimento e da preparação do atleta
para a competição.
Características Musculares
DELINEAMENTO DO PROGRAMA
Desenvolver um plano de treinamento envolve planejamento em vários níveis distintos.
Esses incluem o microciclo (curto prazo), o macrociclo (prazo intermediário) e o plano
de treinamento anual (longo prazo). A cada nível de planejamento o treinador deve
considerar os princípios de desenvolvimento de velocidade e agilidade e compreender as
respostas fisiológicas e de desempenho a variáveis específicas do treinamento.
Treinamento de velocidade e agilidade 349
Human Kinetics
Forneça treinamento de agilidade ao seu esporte. Dessa forma, você desenvolverá habilidades es
pecíficas do esporte ao mesmo tempo em que desenvolve velocidade e agilidade.
Feedback
É importante que ao atleta seja dado feedback objetivo e subjetivo ao longo do processo
de treinamento. Feedback objetivo pode incluir tempos registrados e análise em vídeo do
desempenho, enquanto feedback subjetivo pode incluir o conceito de velocidade máxima
percebida (28). Com atletas novatos ou quando o conjunto de habilidades é complexo,
o treinador deve fornecer feedback e reforço constantes. Estefeedback parece ser essencial
durante os primeiros estágios do desenvolvimento de habilidades, mas a medida que o
atleta se desenvolve menos feedback é necessário. Considere fornecer informações sobre
o desempenho e métodos adequados de correção de erros. Quando a habilidade se de
senvolve, o feedback deve ser menos frequente e progredir do qualitativo ao quantitativo
(91).
Motivação
Para desenvolver velocidade e agilidade, o atleta deve estar altamente motivado (28). Trei
namento de corrida e agilidade produz grande quantidade de fadiga, especialmente quando
visando a endurance de velocidade (90, 91), e um atleta motivado tem mais probabilidade
de tolerar esse tipo de treinamento. Motivação pode ser cultivada fornecendo-se feedback,
especialmente feedback que enfatize os aspectos positivos do treinamento do atleta e in
cluindo o atleta no processo de planejamento. Se o plano for implementado corretamente,
o atleta terá mais probabilidade de progredir em direção a níveis mais altos.
Treinamento de velocidade e agilidade 351
Densidade
Duração e Distância
Uma corrida pode ser calculada em segundos ou minutos para determinar a duração do
exercício. A distância percorrida também pode ser quantificada em metros ou jardas. Por
exemplo, se um atleta corre 100 metros (distância) em 22 segundos (duração), distância
e duração foram determinadas e podem ser usadas para calcular um fator de intensidade.
A duração ou distância de uma atividade determina o roteiro bioenergético visado
bem como a qualidade específica visada. Atividades de curta duração ou curta distância
tendem a visar ao sistema fosfagênio e ao desenvolvimento de aceleração ou velocidade.
Por exemplo, a aceleração é enfatizada quando o atleta executa corridas curtas (10-20 m)
ao passo que a velocidade máxima é visada com corridas mais longas (> 20 m). Corredo
res de elite parecem alcançar velocidades máximas após 5 a 6 segundos em cerca de 45 a
55 m, ao passo que corredores novatos atingem velocidades máximas por 20 a 30 metros
(91). Se a corrida é estendida, a dependência do sistema energético oxidativo aumentará.
Portanto, a distância e a duração da corrida são considerações importantes quando se
está visando à aceleração, velocidade máxima, ou características de endurance.
Ordem de Exercício
de velocidade e proficiência técnica (91). (Ver Capítulo 11 para mais informações sobre
os métodos intervalados diferentes.) É possível criar sessões que visem à velocidade e a
endurance de velocidade, mas o treinador deve cuidar da ordenação dos exercícios nessas
sessões.
Intensidade
De acordo com essa equação, se um atleta corre 100 metros em 22 segundos ele teria
um intensidade de 4,5 m/s. Exemplos adicionais de cálculo de intensidade para corridas
individuais são apresentados nas Tabelas 12.2 e 12.3. O treinador deve considerar que
corridas curtas executadas em altas velocidades fornecem um episódio de exercício de
intensidade mais alta.
D is tâ n c ia Tem po In te n s id a d e V o lu m e de D is tâ n c ia Te m po In te n s id a d e V o lu m e de
200 48 4 ,1 7 8 3 3 ,3 3 400 79 5 ,0 6 2 .0 2 5 ,3 2
200 39 5 ,1 3 1 .0 2 5 ,6 4 200 40 5 ,0 0 1 .0 0 0 ,0 0
V olum e de ca rg a d a sessão 4 .1 1 2 ,9 4 V o lu m e de c a rg a d a se s s ã o de 5 .7 7 5 ,4 5
de tre in a m e n to = tre in a m e n to =
Nota: Volume de carga está em unidades arbitrárias. Intensidade de treinamento é a velocidade média do treino. Conceito
baseado nos métodos apresentados por Piisk (91).
5 9 0 -1 0 0 4 ,1 -4 ,5 2 4 ,4 -2 2 ,0 M áxim a
4 8 0 -9 0 3 ,6 -4 ,1 2 7 ,5 -2 4 ,5 Pesada
3 7 0 -8 0 3 ,2 -3 ,6 3 1 ,4 -2 7 ,5 M édia
2 5 0 -7 0 2 ,3 -3 ,3 4 4 ,0 -3 1 ,4 Baixa
90% de tempo (s) de treinamento =100 (m) / 4,1 (m/s) = 24,4 (s)
Portanto, a zona de treinamento para um dia máximo (90-100%) para este atleta
exigiria que ele corresse 100 m num tempo entre 24,4 e 22,0 s. Mais exemplos de zonas
de treinamento podem ser encontrados na Tabela 12.3.
Intervalos de Repouso
(60) sugeriu que se permita um mínimo de 4 horas entre sessões ao estruturar-se o trei
namento dessa maneira.
Plisk (91) sugeriu que treinamento de velocidade e agilidade tem o potencial de criar
grande quantidade de fadiga neuromuscular e metabólica. A fadiga pode dificultar o de
senvolvimento de velocidade ou agilidade, portanto, é recomendável que treinamento
de velocidade e agilidade seja realizado no início de sessão de treinamento e após um
dia de descanso ou dia de treinamento técnico leve (60). Manipular a estrutura do trei
namento diário permitirá ao atleta administrar melhor a fadiga desenvolvida em resposta
a ele. Uma estratégia que pode elevar o condicionamento e a preparação enquanto mini
miza a fadiga é denominada treinamento de bloco (50) ou treinamento sequenciado (91).
Treinamento sequenciado (ou treinamento de bloco) é baseado na ideia de que os
efeitos retardados do treinamento das atividades podem modificar as respostas de ou
tras atividades de treinamento (50, 91, 102). A ideia de que diferentes habilidades {en
durance aeróbica, força máxima, endurance anaeróbica, endurance de força e velocidade
máxima) apresentam diferentes taxas de decadência (involução) é fundamental para
o sequenciamento do treinamento (50). A quantidade de tempo dedicado ao período
de preparação influenciará a taxa de decadência dos fatores do treinamento. Quanto
mais longo o programa de treinamento, ou subfase de preparação do plano anual, mais
estáveis as adaptações fisiológicas e de desempenho e residuais (91). Isso permite ao
atleta manter adaptações criadas numa subfase do treinamento com uma ênfase míni
ma ou volume de carga de treinamento pequeno na subfase de treinamento seguinte.
Isso permite ao atleta colocar a ênfase principal durante a próxima subfase noutro foco
de treinamento (14, 15, 50, 91, 102).
Treinamento sequenciado envolve alternar o uso de blocos ou subfases de treina
mento de acumulação, transmutação e realização de modo a enfatizar um fator de trei
namento principal, enquanto minimiza o foco em outros fatores (Quadro 12.1) (50).
F a to r A c u m u la ç ã o T ra n s m u ta ç ã o R e s titu iç ã o
D u ra çã o (s e m a n a s) 2 -4 2 -4 1 -2
Portanto, a intensidade do treinamento dessa sessão é de 5,14 m/s. Note que quando
o volume de carga aumenta, há uma tendência geral para a intensidade ou a velocidade
do movimento diminuir.
Volume
Volume de carga
Como acontece com treinamento de resistência (veja Capítulo 10), quando a in
tensidade (velocidade) da sessão diminui o volume de carga aumentará. Um exemplo de
cálculo de volume de carga pode ser encontrado na Tabela 12.2.
Quando o treinador está elaborando o plano de treinamento, pode justificar-se pre
ver as flutuações do volume de carga para treinamento de corrida e integrar esses volume
de cargas com os estabelecidos para atividades de treinamento de resistência. Se feita cor
retamente, a integração das cargas do treinamento permitirá uma administração superior
da fadiga enquanto maximiza condicionamento e preparação para competição.
Locação
<
Oregon
M u nd ia is
_i
Locação
M oscou
Sevilha
B erlim
Oslon
Zurique
Tóquio
V elocidade Trabalho D esenvolvim ento de velocidade de base D esenvolvim ento de velo cid ad e m áxim a
té c n ic o
Adaptado, com permissão, de W. H. Freeman, 2001, Peak when it counts: Periodization for American track & field (Mountain
View, CA: Tafnews Press), p. 147.
Macrociclo
P e rio d iz a ç ã o
M ic roc ic los 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Foco p rim á rio Endurance de fo rça Força m á xim a P otência Técnica M anutenção Rendim ento
m áximo
S essões 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
E ndurance de fo rça M A A M M M B - A B B B - - - B B B A A B B B - -
Força M M M M A A A M M M M M B B B B M B M M B B B B B
P otência B B B B B M M B - A A A M B M M M B B B M M M M M
T re in a m e n to de fo r ç a
V elocidade - - - B B B B M - B M M A A A M M A M M M M M M A
Foco p rim á rio VA e endurance de VA Endurance de VA Endurance Tática Tática, m anu ten çã o e recuperação
Endurance B B B B M M M M A A A A M M M B B B M M B B B B B
Endurance de M M M M A A A M M M M M M B B B B B M M B B B B B
v e lo cid ad e e agilidade
V elocidade e agilidade M M M M B B B M B B B B B M M B B B B B B B B B B
T écnico M M M M M M M M B M M M M B B B B B B B B B B B B
Tático B B B B B B B B B B B B B A A A A A A A A A M M M
E n d u ra n ce , v e lo c id a d e e
a g ilid a d e , tre in a m e n to té c n ic o
e tá tic o
R ecuperação B B B M B B B M B B B B M B B M M M B M M A M A M
Figura 12.6 Plano de treinamento anual de uma equipe americana de futebol universitário.
Nota: A = ênfase alfa; M = ênfase moderada; B = ênfase baixa; - = não treinado; VA = velocidade e agilidade.
Adaptado de Gray e Stone, 2008 (38).
Treinamento de velocidade e agilidade
359
D atas M eses N ovem bro D ezem bro Ja ne iro Fevereiro M arço A bril
Com petições
Subfase Com p. Transição P reparação geral P reparação específica P ré -com petição C om petitiva
M acrociclos 7 8 9 10 11 12 13 14
P e rio d iz a ç ã o
M icrocíclos 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51
Foco prim ário R endim ento Recuperação Técnica Endurance de fo rç a Força m áxim a P otência V elocidade
m áxim o
R ecuperação
Sessões 2 1 0 0 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 3 3 3 3 3 3 3 3 3
Endurance de fo rç a - - - - M M A A A M M M M B M B M A - M B B - - - -
Força B - - - B M M M M B A A A M A A A M - M M M B B B B
potência B B - - - - - B B - B - - - M M M B - A A A M M M M
T re in a m e n to d e fo r ç a
Velocidade A M - - - - - - - B - - B M B B M M - M M B A A M A
Foco prim ário M anutenção Recuperação Velocidade e Endurance de R ecuperação V elocidade e agilidade
agilidade velo cid ad e e agilidade e tá tica
Endurance M B - - A A A M M B - - - B B
Endurance de M B - B B M M B M M B B M A A A B - B M B B B - "
velocidade e a g ilid a d e
Velocidade e agilid a d e B B - - - - - B B B M A A M M B B - - - M A A M A A
Técnico B B - - M M M M M B H H H B M M B B - B M M M A A A
Tático A M - - B B B B B B B B B M M A A A - A M M M B B B
Endurance, v e lo c id a d e e
a g ilid a d e , tre in a m e n to té c n ic o
e tá tic o
Recuperação A A A A B M M M A A M M M A M B B A - A M M M A M A
Figura 12.6 Plano de treinamento anual de uma equipe americana de futebol universitário.
Nota: A = ênfase alta; M = ênfase moderada; B = ênfase baixa; - = não-treinado; VA = velocidade e agilidade.
Adaptado de Gray e Stone, 2008 (38).
Treinamento de velocidade e agilidade 361
Uma vez que o atleta desloca-se para a fase de preparação específica, atividades de endu
rance de velocidade como atividades curtas de velocidade podem ser selecionadas.
Um fator importante a considerar é que o uso de distância longa em ritmo lento (LSD)
p a ra desenvolver cap acid ad e aeró b ica é p reju d icial ao d esen v o lv im en to d e velocidade ( 92 ).
É melhor desenvolver capacidade aeróbica e potência ou endurance de velocidade usando
métodos de ritmo extensivos e intensivos, que também podem ser denominados intervalos
aeróbicos e anaeróbicos (91, 92). Pesquisas recentes sugerem que esses métodos resultam
em adaptações fisiológicas que melhoram o desempenho de endurance de velocidade (62).
A dinâmica do trabalho com esportes de equipe cria problemas adicionais ao nível
de macrociclo, porque o plano de treinamento deve incluir atividades técnicas e táticas
em conjunto com atividades projetadas para desenvolver endurance, força e capacidades
de corrida e agilidade. No exemplo de esporte de equipe apresentado na Figura 12.6, a
fase de preparação 1 e a fase de competição 1 são significativamente mais longas que
a fase de preparação 2 ou a fase de competição 2. A fase de preparação 1 contém uma
subfase de preparação geral mais curta com uma ênfase maior na preparação específica.
Entretanto, a fase de preparação 2 contém uma fase de preparação geral significativa
mente mais longa. Cada subfase é dividida em macrociclos que contêm blocos de trei
namento que têm ênfases primária específica (foco na Figura 12.6). Por exemplo, no
macrociclo 1 a ênfase primária é colocada em endurance de força, velocidade e agilidade
e endurance de velocidade e agilidade. O macrociclo 2 é dividido em dois blocos, com o
primeiro concentrando-se primariamente em força máxima e endurance de velocidade e
agilidade e o segundo em potência e endurance. Lembrar que embora cada bloco tenha
um foco primário, é um princípio importante do sistema sequenciado ou de bloco usar
cargas de manutenção para outros fatores, como pode ser visto na Figura 12.6.
Um exemplo adicional de um plano de treinamento sequenciado foi apresentado por
Plisk (91). A Figura 12.7 mostra uma fase preparatória de treinamento para uma equipe
de futebol americano universitária ou profissional baseada no trabalho de Plisk. Cada
bloco (macrociclo) é distinguido por frequências e densidades diferentes de treinamento
em respeito ao conteúdo do treinamento (treinamento de força, velocidade e agilidade e
endurance de velocidade). No macrociclo 1, existe uma grande ênfase no treinamento de
força com 12 sessões (4 por microciclo), enquanto que uma ênfase secundária é colocada
em velocidade, agilidade e endurance de velocidade (2 por microciclo). O trabalho de
velocidade, agilidade e endurance de velocidade são feitos na mesma sessão, com ênfase
variando entre sessões ou em sessões separadas dependendo das restrições de tempo.
V e lo c id a d e e Sessões 2 2 2 3 3 3 3 2 2 2 3 3 3 3
a g ilid a d e
Endurance de Sessões 2 2 2 3 3 3 3 2 2 2 - -
v e lo c id a d e
Endurance Sessão 3 3 3 3
e s p e c ia l
Microciclo
densidade e frequência para cada fator do treinamento. Como múltiplos fatores são trei
nados no mesmo dia, a administração da fadiga é importante, então dividir os fatores em
sessões de treinamento distintas no mesmo dia justifica-se.
M ês M a cro ciclo Sem anas Ê nfase S egu n d a Terça Q ua rta Q uin ta S e xta S ábado D om ingo
V elocidade e agilidade VA VA
Endurance de velocidade EV EV
Endurance especial
V elocidade e agilidade VA VA VA
Endurance de velocidade EV EV EV
Endurance especial
V elocidade e agilidade VA VA
Endurance de velocidade
Endurance especial
Endurance de velocidade
Endurance especial EE EE EE
Figura 12.8 Estrutura de microciclo para uma fase de preparação sequenciada de 14 sem a
nas do plano de treinamento para futebol americano universitário e profissional.
TF = treinamento de força; VA = velocidade agilidade; EV = e n d u ra n c e de velocidade; EE = e n d u ra n c e especial. Em dias
quando atividades múltiplas são agendadas, estas devem ser separadas de modo que um fator é tratado numa sessão mati
nal e o outro pelo menos 4 horas mais tarde. Se restrições de tempo determinam que ambos os fatores devam ser treinados
na mesma sessão, o item de prioridade deve ser tratado primeiro. Em dias que ocorrem VA e TF, o TF para esta sessão
geralmente se concentra em atividades da parte superior do corpo. Adaptado de Plisk, 2008 (91) e Half et al., 2004 (39).
GRÁFICOS EM BRANCO
PARA PLANOS ANUAIS E
QUADRIENAIS
Estes gráficos em branco podem ser fotocopiados e reutilizados quando você criar planos
anuais e quadrienais.
365
G ráfico do Plano Anual
Meses
Datas
Sem anas
D om ésticas
Internacionais
C om petições
Local
Força
Endurance
Velocidade
P sicológico
P eriodização
N utrição
M acrociclos
M icrociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52
D atas de testagem
C am p o /se m icam p o
1
— V olum e %10°
2
— Intensidade 80 3
....... Rend. máx. 70 4
5
■■■ Prep. Física 50
0
mm Prep. Técnica 40 c:
Fatores de
03
tre ina m e n to
E
= Prep. Tática 20 TCD
03
***** Prep. Psicol. 10 cc
De T. O. Bompa e G. G. Haff, 2009, Periodization: Theory and methodology o f training, 5th ed. (Champaign, IL: Human Kinetics).
G ráfico do Plano A nual
M eses
Datas
S em anas
D om ésticas
Internacionais
C om petições
Local
Força
Endurance
V elocidade
P sicológico
P eriodização
N utrição
M acrociclos
M icrociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52
D atas de te sta g e m
C am p o /se m icam p o
— V olum e %™
|ro | - |
— ...... Intensidade 8o
....... Rend. m áx. 70
Prep. Física 50
Prep, Técnica 4o
Fatores de
tre ina m e n to
= Prep. Tática íjo
Prep. Psicol. to
| R endim ento
De T. O. Bompa e G. G. Haff, 2009, P e rio d iza tio n : T h e o ry a n d m e th o d o lo g y o f training, 5th ed. (Champaign, 1L: Human Kinetics).
G ráfico do Plano Anual
Meses
D atas
Sem anas
D om ésticas
Internacionais
C om petições
Local
Força
Endurance
Velocidade
Psicológico
P eriodização
N utrição
M acrociclos
M icrociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52
Exercícios opcionais
A quisição de habilidades
Rotinas
D atas de testagem
C am po/sem icam po
— V olum e %10°
90
— Intensidade 8o
S em anas
C om petições D om ésticas
Internacionais
Local
Força
Endurance
V elocidade
Psicológico
P eriodização
N utrição
M a crociclos
M icrociclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52
D atas de testagem
C am p o /se m icam p o
|-.
u> |-c. | cj
Rend. Máx.
Intensidade
Volum e
R endim ento
.........
DeT. O. BompaeG. G. Haff, 2009, P e rio d iz a tio n : T h e o ry a n d m e th o d o lo g y o f training, 5th ed. (Champaign, IL: Human Kinetics).
G ráfico do Plano A nual
M eses
Datas
Sem anas
D om ésticas
Internacionais
C om petições
Local
Força
Endurance
Velocidade
Psicológico
Periodização
N utrição
M acrociclos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52
M icrociclos
D atas de testagem
C am po/sem icam po
1
2
......... Rend, máx, 3
4
------- Volum e 5
Fatores de
------- Intensidade
tre ina m e n to
J
1
2
......... Rend. máx. 3
4
------- Volum e 5
Fatores de
tre in a m e n to
------- Intensidade
1
2
......... Rend. máx.
3
4
------- V olum e 5
-S
E
Fatores de
------- Intensidade
tre ina m e n to
DeT. O. Bom paeG . G. Haff, 2009, Periodization: Theory and methodology o f training, 5th ed. (Champaign, IL: Human Kinetics).
O bjetivos
Ano 20 20 20 20
Desempenho
P reparação Física
P reparação Técnica
P reparação Tática
P reparação Psicológica
Testes e padrões
— V olum e %10°
— Intensidade eo
....... R e n d .m á x . to
■»* Prep, física “
m b Prep, té c n ic a 40
= Prep, tá tic a 20
De T. O. Bompa e G. G. Haff, 2009, Periodization: Theory and methodology o f training, 5th ed. (Champaign, IL: Human Kinetics).
Glossário
373
374 Periodização
quando as cargas de trabalho são significativa fadiga - um sentido geral de cansaço que é mui
mente reduzidas, tas vezes acompanhado por uma diminuição
diário do treinamento —documento usado para em desempenho muscular,
registrar informações do treinamento, fadiga aguda - fadiga de curto prazo resultante
diferença arteriovenosa de oxigénio (diferen do estresse do treinamento,
ça de a-V02) - diferença de oxigénio entre fadiga crónica —manifestação de longo prazo de
o sangue arterial e o misto venoso. Reflete a fadiga da qual o atleta não pode recuperar-se
quantidade de oxigénio usada pelo tecido, facilmente.
diferenciação - processo de dissecar habilidade fartlek - palavra sueca para “jogo de velocida
em subunidades e determinar onde estão os de”; um método clássico para o desenvolvi
erros. mento de endurance.
distância longa em ritmo lento (LSD) - trei fibra muscular do Tipo I —fibras que tem baixa
namento de endurance que pode ser classifica capacidade de geração de força; também co
do como exercício conversacional, no qual o nhecidas como fibras de contração lenta. Es
atleta pode manter uma conversa sem estresse sas fibras tendem a ser menores, ter maiores
respiratório. concentrações de enzimas oxidativas e são mais
dor muscular de início tardio (DMT) - dor resistentes à fadiga que as fibras de Tipo II.
muscular ou dor que ocorre 24 a 48 horas fibra muscular do Tipo II - fibras que em uma
após um episódio pesado de exercício, alta capacidade de geração de força; também
drogas anti-inflamatórias não esteroidais conhecidas como fibras de contração rápida.
(AINEs) - classe de drogas frequentemen- Essas fibras tendem a ser maiores, ter maio
te prescritas para reduzir respostas infla res concentrações de enzimas anaeróbicas e
matórias. são mais sensíveis à fadiga que as fibras do
efeito do treinamento - resposta fisiológica, de Tipo I.
desempenho ou psicológica a um programa fisiculturismo —esporte no qual o tamanho, de
de treinamento. finição e simetria do músculo determinam o
endurance de velocidade - capacidade de man vencedor.
ter velocidade ou repetitivamente expressar força - a força ou torque máximos que um mús
altas velocidades de movimentos. culo ou grupo muscular pode gerar,
endurance muscular - capacidade do sistema força absoluta - quantidade de força que pode
neuromuscular de produzir força de forma ser gerada independentemente do tamanho
repetitiva. do corpo.
enzima - composto de proteína que acelera uma força de velocidade - capacidade de desenvol
reação química, ver força rapidamente e em altas velocidades
especificidade bioenergética - treinamento das força específica - força relacionada aos padrões
características bioenergéticas específicas de de movimento de um esporte específico,
um esporte ou atividade especificados, força geral —força do sistema muscular como
excesso de treinamento - decréscimo em de um todo.
sempenho de longo prazo que ocorre em força máxima — a maior força que o sistema
resposta ao acúmulo de treinamento e aos es neuromuscular pode gerar durante uma con
tressores não treinamento, tração voluntária máxima,
exercício de endurance de alta intensidade força relativa —taxa entre a força máxima do
(EEAI) — tipo de endurance que requer ao atleta e seu peso corporal ou massa magra
atleta manter ou repetir movimentos de alta corporal.
intensidade ou alta potência com durações de fosfocreatina (PCr) —componente do sistema
exercício de 2 minutos ou menos, ATP-PC que fornece energia para açóes mus
exercício de endurance de baixa intensidade culares por meio da manutenção dos estoques
(EEBI) - forma de endurance que se relaciona de ATP.
com a capacidade de continuamente realizar fosfofrutoquinase (PFK) - a enzima limitante
trabalho por uma longa duração de tempo. do sistema glicolítico.
Glossário 375
fosforilase (PHOS) - a enzima responsável por inflamação - resposta celular local marcada por
estimular a quebra do glicogênio muscular, infiltração leucocítica, dor, inchaço e, muitas
frequência do treinamento - número de vezes vezes, perda de função,
p o r se m a n a c m q u e os tre in a m e n to s o co rrem , início de acúm ulo de lactato no sangue (OBLA)
glicogênio - forma de armazenamento de car - ponto no qual a concentração de lactato no
boidrato encontrada no músculo esquelético sangue atinge 4 mmol/L.
e fígado. insulina - hormônio anabólico que facilita a ab
glicogenolítico - quebra do glicogênio. sorção de glicose e pode estimular a síntese da
glicólise lenta - um dos dois modos nos quais proteína.
a glicólise progride. Glicólise lenta resulta na integração - processo de construir habilidades
formação de piruvato da quebra da glicose e integrais.
progride com uma taxa mais lenta que a gli intensidade - o elemento qualitativo do trei
cólise rápida, namento como velocidade, força máxima e
glicólise rápida —um dos dois modos nos quais potência. No treinamento de força, a inten
a glicólise progride. A glicólise rápida resul sidade é frequentemente expressa em carga
ta na formação de ácido láctico da quebra da relacionada ao 1 RM.
glicose e tem uma taxa mais rápida de for intensidade do treinamento - intensidade de
necimento de energia quando comparada à terminada por dividir-se o volume de carga
glicólise lenta, total pelo número total de repetições,
glicose - mecanismo mais comum para o trans intervalos aeróbicos — intervalos projetados
porte de carboidratos no corpo; primariamente para enfatizar o sistema aeróbico também
quebrados pelo sistema glicolítico de energia, chamados de treinamento ritmo-tempo {pace-
habilidades acíclicas —funções essenciais execu -tempo training). Intervalos aeróbicos podem
tadas numa ação. ser executados de maneira contínua ou inter
habilidades acíclicas combinadas —habilidades mitente.
cíclicas seguidas por uma habilidade acíclica. intervalos anaeróbicos —forma de treinamento
habilidades biomotoras — habilidades pelas intervalado em que episódios de intensidade
quais o organismo pode executar uma va muito alta são retentivamente realizados por
riedade de atividades, tais como força, velo curtos períodos de tempo com períodos de
cidade e endurance. São influenciadas pelo repouso intercalados entre esforços,
treinamento e podem ser geneticamente de involução - também conhecida como decadên
terminadas. cia ou destreinamento.
habilidades cíclicas - atividades esportivas que lactato - sal formado de ácido lático. Não se
contêm movimentos repetitivos da mesma acredita que o lactato esteja associado à fa
habilidade motora, diga, mas pode ser usado para gerar energia,
hemoglobina (Hb) - composto contendo ferro lactato desidrogenase - enzima contida no sis
no sangue que liga o oxigénio, tema energético glicolítico que converte piru
hipertrofia - aumento no tamanho. Por exem vato em lactato,
plo, um músculo pode sofrer hipertrofia e au limiar anaeróbico — intensidade do exercício
mentar em tamanho, em que o corpo não pode atender sua deman
hormônio do crescimento —também conhe da de energia por meios aeróbicos; o ponto
cido como somatotropina; um hormônio no qual a produção de lactato supera as capa
anabólico que pode melhorar a absorção de cidades de tamponamento.
aminoácido celular e estimular a síntese da limiar de lactato (LT) - ponto no qual a for
proteína. mação de lactato começa abruptamente a au
idade biológica - indicação de idade baseada na mentar acima da linha de base.
maturação sexual, macrociclo — ciclo de treinamento de médio
idade cronológica - a idade do indivíduo, prazo que dura entre 2 a 8 semanas,
idade de treinamento - número de anos em máxima fase estável de lactato - equilíbrio en
que um indivíduo tem treinado. tre a produção e o tamponamento de lactato.
376 Periodização
máximo de repetição (RM) - O peso mais pe pontes cruzadas - projeções em torno do fila
sado que pode ser erguido para um número mento de miosina que se agarram ao sítio de
de repetições predeterminado. Um 1 RM é o ligação na actina.
peso mais pesado que pode ser erguido 1 vez, potência —uma unidade de trabalho expressa
enquanto que 10 RM é o peso mais pesado por unidade de tempo (ou seja, potência =
que pode ser levantado 10 vezes, trabalho/tempo), frequentemente conside
mesociclo - na literatura russa, um ciclo de trei rada um fator de intensidade. Pode tam
namento de médio prazo que dura entre 2 e bém ser calculada multiplicando-se força x
8 semanas. deslocamento,
metabolismo - soma das reações anabólicas e potência aeróbica — veja capacidade aeróbica
catabólicas que ocorrem no corpo, máxima.
microciclo — curto ciclo de treinamento que potência de arranco —movimento de levanta
dura 3 a 7 dias. mento de peso no qual o haltere é erguido
mioglobina - composto encontrado no mús do solo a uma posição de braços estendidos
culo que transporta oxigénio da membrana sobre a cabeça num único movimento,
celular para a mitocôndria. preparação - um estado que se elevado levará
mioquinase (MK) - enzima do sistema fosfagê- a melhorias de desempenho; se suprimido, a
nio que toma um fosfato da adenosina difos- preparação corresponderá a diminuição em
fato e adiciona o fosfato e adenosina difosfato desempenho,
fazer adenosina trifosfato. princípio do tamanho - princípio que sugere
mitocôndria - organelas celulares especializadas que o tamanho da unidade motora determina
nas quais a produção oxidativa de ATP ocorre, sua ativação,
órgão tendinoso de Golgi - receptor sensorial programa monótono de excesso de treina
que monitora tensão e situa-se no tendão do mento — forma de excesso de treinamento
músculo. que ocorre em resposta a uma falta de varia
overreaching - período de curto prazo durante o ção do treinamento e resulta numa redução
qual o adeta treina em excesso intencionalmente, ou estagnação dos ganhos de desempenho,
periodização - sequenciamento lógico e sis proteínas —combinações de aminoácidos liga
temático dos fatores do treinamento num dos, todos os quais contêm nitrogénio,
modo integrativo de modo a otimizar resul puxada ao peito {power clean) —movimento
tados específicos do treinamento em pontos de levantamento de peso no qual o haltere é
de tempo pré-determinados, erguido do solo aos ombros num único mo
plano de ciclo duplo - plano de treinamento vimento.
anual com dois picos importantes, recuperação - processo de regresso ao estado
plano de treinamento anual - plano de treina pré-exercício,
mento a longo prazo que normalmente tem a recuperação a longo prazo —forma de recu
duração de 1 ano. peração que ocorre em resposta ao plano de
plano quadrienal - plano de treinamento de 4 treinamento,
anos, tipicamente usado com atletas do ensi recuperação interexercício - forma de recupera
no médio, universitários e olímpicos, ção que ocorre durante o episódio de exercí
plano de ciclo triplo - de plano de treinamento cio e relaciona-se à bioenergética da atividade
anual que contém três picos importantes, sendo executada,
polimento - fase de descarga do treinamento recuperação pós-exercício - forma de recupe
anterior a uma competição importante que ração que ocorre após a cessação do exercício,
geralmente dura entre 8 e 14 dias. reflexo de alo n g a m e n to — contração de um
polimento não progressivo —polimento que é músculo em resposta a um alongamento;
marcado por reduções padronizadas na carga também conhecido como reflexo miotático.
de treinamento, relacionamento condicionamento-fadiga - rela
polimento progressivo - redução sistemática na ção entre condicionamento e fadiga e como
carga do treinamento. eles modulam a preparação do atleta. Esse
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Referências 425
Nota: Of , o q e o t e m itálico seguintes aos números de página referem-se a figuras, quadros e tabelas,
respectivamente.
427
428 Periodização
E
D economia de movimento 314-316
Deakin, V. 130 edema 125
débito cardíaco 309-310 efeito cumulativo 24-25
declínio de desempenho de estímulos prolon efeito imediato do treinamento 24
gados de intensidade máxima 3 1 / efeitos glicogenolíticos do exercício 130
densidade capilar 311-312 efeitos retardados do treinamento 12
densidade do treinamento 92, 99, 106-108, 351 da carga concentrada ou overreaching 119/
densidade relativa 107 endurance. Veja também endurance aeróbia
descobrindo fatores de formação, sistema de alternante estresse de treinamento 2 4 3 /
treinamento 19 anaeróbia 316-318
desenvolvimento 7 0 / classificação 305-307
desenvolvimento biomotor exercícios 74-75 fase anaeróbia 159
desenvolvimento de taxa de força 280, 318 métodos de desenvolvimento 318-325
desenvolvimento físico específico do esporte 16-17 periodização 156
desenvolvimento físico geral exercícios 73 treinamento 305
desenvolvimento físico multilateral 16 endurance aeróbia 158-159
desenvolvimento de microciclos 229, 2 3 0 / desempenho 307-316
desenvolvimento modelo de treinamento 5 6 / fase 158-159-160
desenvolvimento multilateral 43-47 energia
estudos em apoio de 44-47 atividade esportiva 3 4 /
versus especialização 43-50 esporte competitivo 3 7 /
desenvolvimento, agilidade 348 fontes 33-42
desenvolvimento, macrociclos de 24 7 / sistemas de entrega 40t, 411
desidratação 121 sistemas superposição 38-41
deslocamentos de fuso horário, recuperação e Eniseler, N. 108
destreinamento 120 ergogênese em percentagens 40t-4l?
carga de 101 erros técnicos e táticos, corrigindo
síndrome 172-174 causas ambientais 88
destreinamento efeito curto prazo \7òq execução de habilidade do atleta incorreta
diários do treinamento 115, 303/ mente 87-88
diferenciação 84 método do treinador é falho 88
treinamento tático 84 escopo 15-16
diferença arteriovenosa de oxigénio 311 estímulo e adaptação 2 2 /
dinâmica de volume de treinamento de 1975- sistema 18-20, 2 0 /
2000 58? especialização 46-50
distância longa em ritmo lento 320 especialização precoce e desenvolvimento multi
microciclo 321? lateral comparação 4 5 /
distribuição uniforme de energia, treinamento especificidade bioenergética, intervalos traba
tático 80 lho-repouso 107?
430 Periodização
esporte e sintomas associados, excesso de trabalho esporte dominado por velocidade ou potência 170/
esportes de velocidade e potência 243f fase de força máxima 154-155
estabilidade 84-85 fase de manutenção 155
estabilidade-variabilidade processo, treinamento fase de preparação do plano de treinamento,
tático 84-85 futebol 361/
estado de prontidão para competições 24 fase de velocidade específica 160
estágios aperfeiçoamento de habilidade 8 7 / fases da competição 146-147, 166-171
estágios de aperfeiçoamento técnico e treina plano de treinamento anual 210-218
mento tático 86-87 fases de supercompensação 28-33
estilo e técnica 75-76 fases de transição 146-147, 171-175
estímulos de intensidade alternante máxima-e- fases preparatórias 72f, 146-147, 163-166
-baixa 3 2 / objetivos do treinamento 164#
estoques de glicogênio 35, 130 testes e padrões arremessadores 199í
estratégia 78 fatores de potência aeróbia máxima 3 0 9 /
estratégias 353-354 fatores fisiológicos e modelo de relacionamento
estresse 51 de desempenho de endurance 308/
planejamento e periodização 150-151 fatores psicológicos objetivo do treinamento 17
estresse de treinamento alternante esportes de Filostrato, Flavio 255
endurance 2 4 4 / Fiscus, K. A. 127
excesso de trabalho parassimpático 115# fisiculturismo 295
excesso de treinamento 20, 113f 113, 240 Fiskerstrand, A. 93
monitoramento 114-118 Flannagan, T. E 128
prevenção 116-118 flexibilidade da equipe 81-82
exercício flexibilidade da equipe, treinamento tático 81-82
ordem 295, 351 Folbrot 25
treinamento físico 70-72 fora de temporada 142, 172
exercício aeróbio 319 força 53, 279-287
exercícios de baixa intensidade 319 e desenvolvimento de potência 279-281
exercícios de endurance de alta intensidade força,velocidade, taxa de desenvolvimento de força,
(HIEE) 72, 95, 306-307 (exercícios aeró- potência 279-281
bios de alta intensidade (EAAI)) Fosbury flop, Olimpíadas 76
desenvolvimento 307-314 fosfagênio (ATP-PC) sistema 33-34
exigido para o desenvolvimento de força 292/ fosfocreatina 22, 33
fosfofrutoquinase (PFK) 317
F frequência cardíaca pré-determinada 107
fadiga 20, 240 frequência cardíaca, zonas de treinamento
fadiga aguda 113 ciclistas do sexo masculino 9I t
fadiga central 264-266 limiar anaeróbio 97t
fadiga crónica 113 frequência do treinamento 208
fadiga periférica 264-266 Frobose, I. 105, 295
Faradjiev, B. 93 Fry, A. C. 283
Faria, E. W. 96-97 futebol, plano de treinamento anual 359f-360f
fartlek 320
fase de agilidade reativa 160 G
fase de cessação 156 (fase pré-competitiva) Gambetta, V. 39, 327-328, 342, 351, 354, 361
fase de compensação 156 (fase de regeneração) Gandelsman, A. 265
fase de conversão 155 gênero
fase de descarga diferenças 52
equipe esportiva 171/ massa muscular e 52
esporte de endurance 169/ Gibala, M. J. 210
índice 431
plano de ciclo triplo para atletismo 146/ prevenir excesso de treinamento 116-118
plano de estrutura de ciclo triplo 148/ princípio de sobrecarga 5 9 /
plano de jogo princípio do tamanho 281
analisando 83 programação competitiva baseada em aborda
aplicando 83 gem de grupo 2 1 3 /
pensamento tático 82-84 projeto de programa, treinamento de velocidade
preliminar 82 e agilidade 349-350
plano de nível de tolerância 50-51 proteínas 130
plano de treinamento anual 139 protocolo de aquecimento, arremessadores
plano de treinamento anual de quatro picos 141/ 260/
plano de treinamento anual individual 189-190
plano de treinamento anual de ciclo triplo
147-148, 184/ Q
corredores olímpicos 186/ qualidade total de recuperação (TQR)
ginastas 188/ escala 117
gráfico 184-185 quantificação do treinamento, esportes de
plano de treinamento individual de praticante equipe 240/
de salto em altura 189/
planos quadrienais 219
Plisk, S. S. 39,62,63,66,327,328,342,343,351,354 R
polimentos 191-192 recuperação 118
polimentos 203,204-210, 20 4 / crio terapia e 126-127
definido 204 e fatores de adaptação 112/
duração 208-209 e idade 120
etapa 209 e nutrição 120-121
fatores que afetam 206-209 estratégias de combinação para indução 132
lógica por trás 205-206 fatores que afetam 119-121
melhorias esperadas de desempenho 210 intervenções e modalidades 122-132
não progressivos 209 massagem 123-125
objetivo dos 204-205 passiva 122
progressivos 209 recuperação ativa 122-123
polimentos 209 terapia de contraste 127-128
variação 53-54 recuperação ativa 122
ponte cruzada ligação 29 recuperação interexercício 118
Portman, R. 130 recuperação passiva 122
pós-exercício regeneração
recuperação 118-119 microciclo 2 3 7 /
suplementação 130-131 sessão 236/
potência 53 Reilly, T. 122, 132
potência aeróbia 307-312 relacionamento condicionamento-fadiga 112/
potência de saída 240 e excesso de treinamento 113-118
e capacidade de geração de força por subtipo e sessões de treinamento 264-266
de cadeia pesada de miosina 3 40/ relacionamento força-velocidade 280f-281 /
pré-adaptação 23 rendimento máximo para competição 203-218
predição de desempenho repetições 92, 291-292, 323
plano de treinamento anual 193 método 351
remadores 194/ repouso
predição de desempenho mínimo de remo 194/ carga de retenção 100
Prentice, W. E. 127 e recuperação 111-132
preparação 62, 111 intervalos 353
Indice 435
439