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Processo Penal

1) Qual a justiça competente para o julgamento do policial militar atirador


de elite?
Fundamente.
R: Segundo o art. 9º, §1º da Lei Nº 13.491, de 13/10/2017, que altera tanto a
competência da Justiça Militar Federal, quanto a Estadual, é concreto dizer
que a justiça competente para crimes dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência da Justiça Comum Estadual no
Tribunal do Júri. Sendo assim, via de regra, quando houver homicídio
cometidos por militares estaduais serão julgados pelo tribunal do júri.

Segue entendimento: (STJ - CC: 158084 RS 2018/0096571-4; Relator:


Ministro Reynaldo Soares da Fonseca; Data de Julgamento: 23/05/2018; S3 -
TERCEIRA SEÇÃO; ata de Publicação: DJe 05/06/2018).
Ementa: PENAL E PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA. JUSTIÇA MILITAR X JUSTIÇA ESTADUAL. INQUÉRITO
POLICIAL. HOMICÍDIO PRATICADO POR POLICIAL MILITAR CONTRA CIVIL
EM HORÁRIO DE SERVIÇO. INDÍCIOS QUE APONTAM PARA O DOLO DO
POLICIAL MILITAR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL.

2) No caso da justiça reconhecer a existência de crime doloso contra a


vida de civil praticado pelo policial militar e havendo a informação de que
a vítima foi atingida no Paraisópolis, mas foi socorrida na cidade de
Osasco, local onde faleceu, qual será o foro competente para julgamento
deste homicídio? Explique apontando o fundamento legal e a posição
jurisprudencial.
R: O foro competente para o julgamento deste crime seria o da comarca de
São Paulo. Em regra geral, de acordo com o Art. 70, do Código de Processo
Penal, é utilizada a Teoria do Resultado, que diz que o local do crime será
onde ocorreu o resultado, ou onde deveria ter ocorrido, Mas alguns
professores e doutrinadores jurídicos atentaram-se mais às exceções do que
às regras gerais, uma exceção, por exemplo é o crime de homicídio. Sendo
assim, aplica-se a Teoria da Atividade, que adota como princípio que o lugar
do crime é aquele em que foi praticada a conduta, seja ela ação ou omissão.
Dito isso, como o crime foi cometido em Paraisópolis, confirma-se que o foro
competente para o julgamento é o da comarca de São Paulo.

Segue entendimento: (TJ-SP - APL: 10000455020088260052 SP 1000045-


50.2008.8.26.0052, Relator: Alcides Malossi Junior, Data de Julgamento:
08/11/2018, 8ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 13/11/2018)
Ementa: PENAL. APELAÇÃO. HOMÍCIDIO QUALIFICADO. CONDENÇÃO.
RECURSO DEFENSIVO
3) Caso seja reconhecida pela justiça a tese da incidência das
excludentes de antijuridicidade de legítima defesa e/ou estrito
cumprimento do dever legal, quais princípios processuais penais melhor
se adequariam ao argumento da defesa para promover o “trancamento”
do Inquérito Policial e libertar o policial militar. Fundamente com
jurisprudência e/ou doutrina.
R: No caso citado, um dos princípios que podemos utilizar para a defesa do
militar, seria o da ampla defesa. Este princípio, trata-se de uma garantia para
assegurar a defesa das partes, onde será capaz de fazer uso de todos os
elementos possíveis para sustentar sua defesa. Podendo ser defesa técnica
ou autodefesa. Na defesa técnica, o policial militar deverá ter um defensor
público ou um advogado, este defensor deve estar presente em todos os atos
do processo, e, tem como função apresentar todas evidências de defesa para o
réu. Já na autodefesa, o militar faria de maneira independente, onde ele teria a
possibilidade de praticar alguns atos defensivos em seu favor, como ter
presença das formações da prova, ou seja, comparecer na audiência e em
atos processuais, ou, pode utilizar a apelação, que é possibilidade de
interposição de alguns recursos.
O segundo princípio que podemos utilizar, seria o da presunção da inocência.
É levado como conceito que “Toda pessoa acusada de delito tem direito a que
se presuma sua inocência, enquanto não se prova sua culpabilidade.” Isso
significa que o princípio tem como objetivo respeitar e resguardar o estado de
inocência de todo acusado, até que sua sentença transite em julgado. Neste
princípio temos duas regras, são elas, a regra probatória ou de juízo, que é a
permanência do estado de inocência até o trânsito em julgado da sentença.
Segundo o doutrinador e jurista Fernando Capez, o estrito cumprimento do
dever legal "É a causa de exclusão da ilicitude que consiste na realização de
um fato típico, por força do desempenho de uma obrigação imposta por lei, nos
exatos limites dessa obrigação". Dito isso, o policial militar deverá ser liberto,
por conta que ele está cumprindo o seu dever de agente público. Melhor
dizendo, pelo fato do mesmo ser um membro do GATE, ele não poderia fugir
desse compromisso, visto que este mesmo compromisso exige dele um
esforço que não é exigido por um cidadão comum. Portanto se o policial errar,
imbuído do espírito de cumprir esse dever legal, para não ser responsabilizado
por prevaricação, o Estado dá a ele a proteção jurídica para encorajá-lo a fazer
essa obrigação. Sabemos que não é dever legal do policial cometer um
homicídio, mas no caso citado, o policial é de elite, ou seja, ele é treinado
justamente para matar. Exemplo: um traficante está com reféns e começa a
matá-los. O atirador de elite é a única solução, visto que a negociação não
funcionou, e com isso, este agente efetua o disparo para que outras vidas
sejam preservadas.
Sendo assim, como o policial tem a proteção jurídica para aquele determinado
ato e função mediante explicação acima, o mesmo deverá ser liberto.
Caso ainda seja compreendido que os fatos narrados e teses defendidas não
sejam suficientes, para promover o “trancamento” do inquérito policial e libertar
o policial, será incluído tese secundária. A partir daqui devemos considerar
uma excludente de culpabilidade por ausência de inexigibilidade de conduta
diversa. A inexigibilidade de conduta diversa é quando o autor, no caso o
policial, age de maneira típica e ilícita, mas não merece ser punido, porque
naquela determinada circunstância fática, dentro do que revela a experiência
humana, não lhe era exigível um comportamento conforme o ordenamento
jurídico. Essa causa é supralegal, não prevista em lei, para excluir a
culpabilidade do agente constitui causa de exclusão da culpabilidade por
reduzir ou excluir a dirigibilidade normativa do agente.
Segue entendimento: (STJ - AgRg no RHC: 92001 TO 2017/0299816-1,
Relator: Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Data de Julgamento: 06/12/2018,
T6 Sexta Turma, Data de Publicação: DJe 04/02/2019).
Ementa: PROCESSO PENAL . AGRAVO REGIMENTAL. ART 240 DO CPM.
TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICAL. MEDIDA EXCEPCIONAL.
INVIABILIDADE. ALEGAÇÃO DE NULIDADES NO INQUÉRITO POLICIAL.
SUPERVENIÊNCIA DO OFERECIMENTO E DO RECEBIMENTO DA
DENÚNCIA. PREJUDICIALIDADE.

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