1) Qual a justiça competente para o julgamento do policial militar atirador
de elite? Fundamente. R: Segundo o art. 9º, §1º da Lei Nº 13.491, de 13/10/2017, que altera tanto a competência da Justiça Militar Federal, quanto a Estadual, é concreto dizer que a justiça competente para crimes dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência da Justiça Comum Estadual no Tribunal do Júri. Sendo assim, via de regra, quando houver homicídio cometidos por militares estaduais serão julgados pelo tribunal do júri.
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca; Data de Julgamento: 23/05/2018; S3 - TERCEIRA SEÇÃO; ata de Publicação: DJe 05/06/2018). Ementa: PENAL E PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA MILITAR X JUSTIÇA ESTADUAL. INQUÉRITO POLICIAL. HOMICÍDIO PRATICADO POR POLICIAL MILITAR CONTRA CIVIL EM HORÁRIO DE SERVIÇO. INDÍCIOS QUE APONTAM PARA O DOLO DO POLICIAL MILITAR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL.
2) No caso da justiça reconhecer a existência de crime doloso contra a
vida de civil praticado pelo policial militar e havendo a informação de que a vítima foi atingida no Paraisópolis, mas foi socorrida na cidade de Osasco, local onde faleceu, qual será o foro competente para julgamento deste homicídio? Explique apontando o fundamento legal e a posição jurisprudencial. R: O foro competente para o julgamento deste crime seria o da comarca de São Paulo. Em regra geral, de acordo com o Art. 70, do Código de Processo Penal, é utilizada a Teoria do Resultado, que diz que o local do crime será onde ocorreu o resultado, ou onde deveria ter ocorrido, Mas alguns professores e doutrinadores jurídicos atentaram-se mais às exceções do que às regras gerais, uma exceção, por exemplo é o crime de homicídio. Sendo assim, aplica-se a Teoria da Atividade, que adota como princípio que o lugar do crime é aquele em que foi praticada a conduta, seja ela ação ou omissão. Dito isso, como o crime foi cometido em Paraisópolis, confirma-se que o foro competente para o julgamento é o da comarca de São Paulo.
50.2008.8.26.0052, Relator: Alcides Malossi Junior, Data de Julgamento: 08/11/2018, 8ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 13/11/2018) Ementa: PENAL. APELAÇÃO. HOMÍCIDIO QUALIFICADO. CONDENÇÃO. RECURSO DEFENSIVO 3) Caso seja reconhecida pela justiça a tese da incidência das excludentes de antijuridicidade de legítima defesa e/ou estrito cumprimento do dever legal, quais princípios processuais penais melhor se adequariam ao argumento da defesa para promover o “trancamento” do Inquérito Policial e libertar o policial militar. Fundamente com jurisprudência e/ou doutrina. R: No caso citado, um dos princípios que podemos utilizar para a defesa do militar, seria o da ampla defesa. Este princípio, trata-se de uma garantia para assegurar a defesa das partes, onde será capaz de fazer uso de todos os elementos possíveis para sustentar sua defesa. Podendo ser defesa técnica ou autodefesa. Na defesa técnica, o policial militar deverá ter um defensor público ou um advogado, este defensor deve estar presente em todos os atos do processo, e, tem como função apresentar todas evidências de defesa para o réu. Já na autodefesa, o militar faria de maneira independente, onde ele teria a possibilidade de praticar alguns atos defensivos em seu favor, como ter presença das formações da prova, ou seja, comparecer na audiência e em atos processuais, ou, pode utilizar a apelação, que é possibilidade de interposição de alguns recursos. O segundo princípio que podemos utilizar, seria o da presunção da inocência. É levado como conceito que “Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se prova sua culpabilidade.” Isso significa que o princípio tem como objetivo respeitar e resguardar o estado de inocência de todo acusado, até que sua sentença transite em julgado. Neste princípio temos duas regras, são elas, a regra probatória ou de juízo, que é a permanência do estado de inocência até o trânsito em julgado da sentença. Segundo o doutrinador e jurista Fernando Capez, o estrito cumprimento do dever legal "É a causa de exclusão da ilicitude que consiste na realização de um fato típico, por força do desempenho de uma obrigação imposta por lei, nos exatos limites dessa obrigação". Dito isso, o policial militar deverá ser liberto, por conta que ele está cumprindo o seu dever de agente público. Melhor dizendo, pelo fato do mesmo ser um membro do GATE, ele não poderia fugir desse compromisso, visto que este mesmo compromisso exige dele um esforço que não é exigido por um cidadão comum. Portanto se o policial errar, imbuído do espírito de cumprir esse dever legal, para não ser responsabilizado por prevaricação, o Estado dá a ele a proteção jurídica para encorajá-lo a fazer essa obrigação. Sabemos que não é dever legal do policial cometer um homicídio, mas no caso citado, o policial é de elite, ou seja, ele é treinado justamente para matar. Exemplo: um traficante está com reféns e começa a matá-los. O atirador de elite é a única solução, visto que a negociação não funcionou, e com isso, este agente efetua o disparo para que outras vidas sejam preservadas. Sendo assim, como o policial tem a proteção jurídica para aquele determinado ato e função mediante explicação acima, o mesmo deverá ser liberto. Caso ainda seja compreendido que os fatos narrados e teses defendidas não sejam suficientes, para promover o “trancamento” do inquérito policial e libertar o policial, será incluído tese secundária. A partir daqui devemos considerar uma excludente de culpabilidade por ausência de inexigibilidade de conduta diversa. A inexigibilidade de conduta diversa é quando o autor, no caso o policial, age de maneira típica e ilícita, mas não merece ser punido, porque naquela determinada circunstância fática, dentro do que revela a experiência humana, não lhe era exigível um comportamento conforme o ordenamento jurídico. Essa causa é supralegal, não prevista em lei, para excluir a culpabilidade do agente constitui causa de exclusão da culpabilidade por reduzir ou excluir a dirigibilidade normativa do agente. Segue entendimento: (STJ - AgRg no RHC: 92001 TO 2017/0299816-1, Relator: Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Data de Julgamento: 06/12/2018, T6 Sexta Turma, Data de Publicação: DJe 04/02/2019). Ementa: PROCESSO PENAL . AGRAVO REGIMENTAL. ART 240 DO CPM. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICAL. MEDIDA EXCEPCIONAL. INVIABILIDADE. ALEGAÇÃO DE NULIDADES NO INQUÉRITO POLICIAL. SUPERVENIÊNCIA DO OFERECIMENTO E DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. PREJUDICIALIDADE.