SÃO PAULO
2019
NÃO-RESUMO: Em 22 anos de existência eu sempre fui uma pessoa
acompanhada pela preguiça e pelo ócio. Como estudante eu constantemente
arrumo formas de driblar meu cansaço e lidar com minha falta de energia. Por
esse motivo, resumos são peças que não podem faltar em um texto. Na minha
cabeça preguiçosa eu penso ”Por que ler 200 páginas se posso me contentar
com um resumo de 2 parágrafos?”. Eu sei. É um pensamento mesquinho. Mas
ele me fez refletir sobre quais são as necessidades de um resumo. Não acho
justo começar um texto falando em poucas linhas o que foi a pesquisa. O
relatório aqui presente já consiste em um resumo do que foi a experiência de
pesquisa na prática. Fora que um resumo tradicional estaria cheio de “spoilers”
que talvez tirem a vontade de muitos preguiçosos que, assim como eu, por
vezes se contentam com um bom resumo. Pensei em chamar essa parte do
texto de “convite ao leitor”, “dedicatória”, “sinopse” ou qualquer outra coisa,
mas no fundo ela só não é um resumo. Se você realmente precisa de um
resumo, não se preocupe, ele estará no anexo ao fim do relatório. Mas antes,
(in)felizmente você terá de folhear e passear pelas páginas do texto até
encontrá-lo. Divirta-se.
IN.CO.MO.DAR1
Sim, é isso mesmo que você leu: um jogo. Eu sempre fui fascinado por criar
situações de jogo, então pensei “por que não começar esse texto convidando
meus leitores e leitoras para um jogo?”. Seria um jogo mais interessante se eu
estivesse aí compartilhando o mesmo espaço e tempo que você.
Provavelmente eu iria propor um jogo teatral, corporal ou até rítmico. Mas,
como nossas circunstâncias concretas não permitem, tentaremos estabelecer
relações de outra forma. Batizarei esse jogo de “Os incomodados que se
mudem”.
Ao final desse parágrafo, peço que você interrompa por alguns minutinhos sua
leitura e pense em três pequenas coisas que te incomodem. Sabe aquelas
coisas que te deixam com uma pulga atrás da orelha? São elas mesmas que
estamos buscando para nosso jogo. A regra é simples: você vai fechar os olhos
e pensar em como acabar com esse incômodo, como se livrar dele. Para dar
um ar de competitividade, eu estarei jogando com você e pensarei também na
solução para meus três incômodos. Vence aquele que conseguir resolver seus
problemas primeiro. Preparada (o)? Em Três... Dois... Um. Valendo!
...
1
Significado de Incomodar. Dicionário Aurélio Online, 2019. Disponível em:
<https://dicionariodoaurelio.com/incomodo>. Acesso em: 16 de Jul. de 2019.
2
Pronto. Agora vamos compartilhar nossos incômodos para ver quem venceu
esse divertido e intrigante jogo. Eu começo! Meu primeiro incômodo é em
relação ao uso do acento crase. É fato que acentuação na língua portuguesa
sempre foi algo extremamente complexo para minha pessoa. Mas poxa, eu
estudei a vida inteira em escola pública e lá não me deram nenhuma aula
sobre crase. Até posso colocar no anexo desse relatório uma cópia digital dos
meus boletins da escola com o registro das minhas boas notas em português.
Tudo isso para provar que a culpa da ausência da crase não é minha. Mas não
acho justo culpar a escola onde eu estudei, ou o simpático professor Haroldo
com quem eu aprendi muito sobre literatura (mas nada sobre crase). E também
é besteira ficar aqui divagando sobre a culpa do sistema educacional brasileiro
nas minhas letras “a” sem crase. O fato é que a crase me gera um incômodo e
para solucioná-lo, vou parar de reclamar e fazer algo concreto para tentar
mudar isso: proponho que por hora vamos suspender o uso correto desse
acento. De agora em diante leitores e leitoras, não usarei crase e, num ato de
rebeldia (porque para mim, toda rebeldia nasce de um incômodo), adotarei o
uso do acento trema. A meu ver, um acento muito mais simpático e
interessante que foi injustamente renegado pela academia de letras2.
Meu segundo incômodo é com essa cadeira na qual estou sentado agora
mesmo digitando este relatório. Poderia ficar aqui discorrendo sobre como ela
é dura, tem um encosto formatado de forma a prejudicar minha coluna ou sobre
como ela tem pernas tortas que me fazem ficar balançando
desconfortavelmente. Ao invés de desperdiçar mais linhas desse texto
reclamando, vou solucionar esse incômodo levantando meu traseiro dessa
cadeira e me sentando num outro canto. No próximo parágrafo prometo não
voltar mais nesse assunto. Resolvido. Seguiremos tranqüilamente com o texto.
Não me leve a mal, eu até gosto dele. Gosto tanto que o escolhi como minha
futura profissão. Mas é inegável dizer que ele me causa alguns momentos de
aborrecimento e irritação. Comecei a fazer teatro tarde, aos 16 anos. Foi tarde
2
Aos amantes e fervorosos defensores da norma culta da língua, peço para que não se
preocupem. Ao final desse item e a partir do começo do próximo intitulado “Meu caro amigo
engenheiro, eis aqui um projeto” espero voltar às normas cultas da língua portuguesa.
3
desse jeito porque nunca me deram oportunidade. Antes disso eu até tinha
tentado, mas a mim foi dito que faltava talento, desenvoltura, voz e tantas
outras qualidades que só os artistas de verdade possuem. Talvez por teimosia
eu tenha entrado num curso de Artes Cênicas. Mas o fato é que dentro de uma
das maiores universidades da América Latina eu matei a mosca que me
atormentava: atuei, dirigi, fiz cenário, figurino e até ergui as cortinas para uma
peça começar. Continuo tendo talento nenhum, mas isso não me impede de
ser artista. Talvez esse incômodo tenha me trazido até a licenciatura. Acreditar
que todas as pessoas podem comunicar e expressar através do teatro é algo
que mata a pulga que vive me causando coceira na orelha esquerda.
Foi então que em 2016 eu entrei para o projeto, que na época se chamava
“Construir pontes: atividades de criação, fruição e mediação teatral”. Foi nele
que encontrei possíveis curas e complicações para todos os meus incômodos
4
com teatro. Enfim, para avançar na minha luta incessante contra meus
incômodos com o teatro, escrevo este relatório. Nele pretendo compartilhar
com você minhas dores, dúvidas, reflexões e algumas tentativas de solucionar
meus problemas, principalmente os que dizem respeito ao ato de ser
espectador.
Algo que eu aprendi em três anos nesse projeto é que não é só o “artista” ou o
“autor” que tem algo a dizer. Você que está lendo, assistindo ou contemplando
também têm seus incômodos, suas visões, suas criações. E para essa
pesquisa, elas também interessam. Então voltemos ao nosso pequeno jogo.
Digo tudo isso para lhe fazer um convite: se algo nesse texto te incomodar,
faça alguma coisa! Rabisque a página e escreva algo novo, imprima o texto e
faça aviõezinhos de papel para lançar num dia nublado. Entre em contato
comigo3 e vamos compartilhar nossos problemas juntos. Nós dois sairemos
ganhando nesse jogo. Parafraseado Viola Spolin “Solucionar problema para
arrumar problemas”. Como no espetáculo, que assisti recentemente com os
alunos do oitavo ano, espero que essas palavras ecoem em nossas cabeças.
3
Criei esse e-mail chamado incomodados.que.se.mudem@gmail.com. Responderei todas as
mensagens enviadas nesse endereço.
4 Cena final do espetáculo “Utopia numa noite de inverno” da Cia. Lúdica de teatro.
5
Foi complicado explicar ao menino o que era mediação teatral. Meu primeiro
impulso foi entregar uma série de textos sobre o tema na mão dele e
desaparecer. Mas com algum esforço, comecei uma enxurrada de explicações
simplistas sobre o que era mediação e como que eu trabalhava com isso na
prática. No final, nem eu mesmo estava entendendo minha pesquisa. Terminei
minha fala de aproximadamente cinco minutos engatando um “e basicamente é
isso, entendeu?”. Ele acenou com a cabeça e começamos a falar sobre as
capivaras do campus.
Isso me gerou certa aflição, porque para mim, a pesquisa realizada no projeto
“Mediação teatral: caminhos na educação básica” não é algo extremamente
complexo de se compreender e tenho pra mim entendido sua importância e
relevância. Porém, quando tive a oportunidade de compartilhar minhas
experiências e descobertas para uma pessoa que não fosse da área, minha
cabeça entrou numa espécie de vórtex onde nada mais fazia sentido. Será que
minha pesquisa pode ser acessível para pessoas que não fazem parte da
6
O projeto conta atualmente com uma equipe composta pela docente Profª. Drª.
Maria Lúcia de Souza Barros Pupo5, pela professora de Arte-Teatro da Escola
de Aplicação Adriana Oliveira 6 e pelo estudante de Licenciatura em Artes
Cênicas, Ronaldo Fogaça7 (eu mesmo, o autor). Outros estudantes já
passaram pelo projeto em suas edições anteriores. Mais recentemente, a
edição do projeto era composta também pela aluna Marina de Abreu 8, mas por
motivos de força maior, ela optou pelo desligamento de sua participação na
pesquisa em Maio de 2019.
Esse projeto realiza ações que impactam a vida dos alunos da Escola de
Aplicação (principalmente daqueles que estão em séries nas quais a aula de
5 Maria Lúcia de Souza Barros Pupo é professora titular da Universidade de São Paulo e vem
atuando tanto na área de Licenciatura em Artes Cênicas quanto no programa de Pós-
Graduação em torno dos seguintes temas: pedagogia, formação, teatro contemporâneo, ação
cultural e mediação teatral.
6 Adriana Silva de Oliveira é professora de Arte – Teatro da Escola de Aplicação desde 2012.
Licenciada em Educação Artística com Habilitação em Artes Cênicas pela Universidade de São
Paulo, a professora atualmente também é aluna de mestrado da mesma instituição.
7 Ronaldo Fogaça é aluno quintanista do curso de Licenciatura em Artes Cênicas pela
Imagem 1: Mapa da distância entre o CAC e a EA, contendo o tempo da caminhada a pé entre
um à outro. Fonte: Google Maps.
equipe do projeto nas salas de aula da EA. Isso mostra que esse projeto
estabelece trânsitos, pontes, e relações valiosas que contribuem para a
formação em diferentes camadas.
O mais engraçado dessa ficha é o fato dela parecer uma prova. Ela podia ter
qualquer formato, mas na hora de elaborá-la, optamos inconscientemente por
uma forma rígida e semelhante aos modelos usados para uma avaliação
escolar. O espaço destinado ao desenho, por exemplo, era relativamente
pequeno e nada convidativo. Na mesma época, era constantemente debatido
em nossas reuniões o fato do “ambiente escolar” causar uma série de desafios
para o nosso trabalho como mediadores. O tempo cronometrado das aulas, a
relação professor-aluno e a postura dos alunos diante das atividades de
mediação são exemplos dos assuntos mais presentes em nossos momentos
de reflexão.
Essa série de perguntas foi o estopim para algumas fichas caírem. Dentre elas,
caiu a modalidade de mediação das fichas-registro. No segundo semestre
suspendemos essa e outras modalidades que se aproximavam por suas
características das formas/modelos/práticas escolares de pergunta e resposta.
Em troca, procuramos criar modalidades que alcançassem outras facetas das
possibilidades de sensibilização e reverberação dos espetáculos.
Se essa ficha ainda não caiu para você, não se preocupe. Teremos espaço
para aprofundar essa discussão nos próximos três capítulos, no qual traçarei
uma reflexão à luz das experiências práticas de mediação teatral com as
15
9
Fragmento da carta de uma aluna de 9 anos endereçada aos artistas do grupo “Teatro de
Garatujás”. A carta foi escrita na atividade de mediação pós-espetáculo.
17
No caso dos alunos, percebemos que grande parte se divertiu com a peça.
Momentos nos quais os personagens jogavam com a plateia (composta pelos
alunos e outros espectadores lá presente) e faziam brincadeiras com as
palavras deixavam as crianças eufóricas. Ao final, cheguei à conclusão que,
mesmo com todos os “poréns”, valeu a pena aceitar o convite.
Imagem 6: Alunos do 4º ano compondo o público do espetáculo “Dois Baús”. Fonte: Ronaldo
Fogaça.
11Kelly Sabino é professora de Artes Visuais da Escola de Aplicação desde 2010. Licenciada
em Artes Plásticas pela Universidade de São Paulo, mestranda na Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo, na linha de pesquisa Filosofia e Educação.
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não é a realidade encontrada no campo escolar. Ainda mais com crianças com
idade entre 8 e 9 anos.
Primeiro eu faria uma pergunta, imaginemos algo bem genérico como “O que
será que aconteceu com o personagem fulano ao final da peça?”. Em questões
de segundos, metade das crianças iria erguer as mãos e outra metade iria
começar a responder em um coro de vozes agitadas. Caos instaurado.
Provavelmente eu iria pedir calma e organização. O caos continuaria. Então eu
suplicaria para as crianças erguerem a mão para falar. O caos continuaria.
Então eu teria que erguer o volume da voz pedindo desesperadamente calma e
com sorte, eles ficariam em silêncio. Falo então da importância de nos
ouvirmos, de estarmos atentos à resposta dos colegas, em guardar os
comentários que não fossem pertinentes para outro momento. E então, poderia
refazer a pergunta. Agora encontro o silêncio mortal do abismo do vazio. A
atividade perdeu um pouco da graça, ficou chato. Ninguém mais quer
responder.
Se por sorte conseguirmos sair dessa, alguém vai responder algo do tipo “para
mim o personagem fulano morre no final”. Várias crianças na hora discordariam
da resposta dada pelo colega. Coro de vozes discordando. Coro de vozes
concordando. É o retorno no caos.
Depois desse comovente relato vivido inúmeras vezes por mim e por outras
pessoas do projeto, decidi pensar em formas de tornar o momento “debate
sobre o espetáculo” em uma atividade que fosse viável com os alunos em sala
de aula. Eis então que surgiu a “conversa game”.
Uma conversa game nada mais é que uma forma lúdica na qual através de
regras e estímulos artísticos, os participantes podem manifestar suas
impressões sobre um determinado espetáculo.
22
Imagem 8: Aluno retirando uma pergunta do baú após não conseguir pensar em mais
nenhuma rima para o jogo. Fonte: Ronaldo Fogaça.
Imagem 9: Aluna pensando na resposta que poderia dar à seguinte pergunta: É possível ser
feliz vivendo em dois lugares diferentes. Fonte: Ronaldo Fogaça
O jogo alcançou os objetivos esperados por nós. Mas durante a condução dos
exercícios, notamos alguns pontos que poderiam ser mais elaborados. No
começo do jogo, os alunos que erravam a rima pensavam na pergunta como
uma espécie de “castigo” ou “mico” o que causava certa intimidação que não é
12
Trecho da transcrição de áudio gravado durante a realização da atividade de mediação com
os alunos do 4º ano II.
24
Por último, propusemos aos alunos que escrevessem uma carta para um dos
três personagens nessa peça. Nessa carta eles poderiam escrever sensações
que tiveram ao ver a peça e também poderiam fazer um desenho “pela
metade” de um momento que ficou marcado em sua memória. A ideia do
desenho pela metade veio de um momento do espetáculo no qual o
personagem questiona a plateia com a seguinte pergunta: É possível viver
apenas com a metade? Depois de escritas, as cartas foram entregue ao grupo
“Teatro de Garatujas” como nossa forma de agradecimento pelo convite.
Imagem 10: Alunos escrevendo suas cartas durante a sessão de mediação. Fonte: Ronaldo
Fogaça.
Há casos também nos quais uma aula propõe uma aproximação entre o aluno
e o saber. Estaríamos falando de um professor-mediador? Se existem duas
palavras, existem duas coisas diferentes? Veja bem, não estou aqui querendo
defender uma fronteira entre o que é uma aula e o que é mediação.
Ultimamente não tenho condições nem para afirmar que essa cadeira na qual
estou sentado é de fato uma cadeira. Os questionamentos estão na mesa com
o objetivo de nos fornecer pistas que guiem e impulsionem nossa criação, seja
de uma aula, ou de uma mediação teatral.
Voltaremos mais tarde a tecer os fios dessa reflexão. Por ora, voltaremos a
outro ponto, mais precisamente às atividades de mediação do espetáculo “Dois
Baús”.
tirarem as perguntas durante o jogo. Isso tinha sido algo que os prenderam
durante a atividade inteira. A fascinação foi tanta que alguns alunos chegavam
a errar a rima de propósito apenas para ter o prazer de tirar um papelzinho de
dentro do baú.
Uma vez eu ouvi essa frase, já não me lembro de quem, mas ela agora fazia
total sentido. “Deus vive nos detalhes”.
Imagem 11: Material de divulgação do espetáculo “A última gaivota”. Fonte: Christian Martins.
Outro ponto a ser notado sobre a ida ao ensaio foi o fato do grupo estar bem
aberto e receptivo. Ao final do ensaio, realizamos uma conversa entre os
artistas e os mediadores buscando entender as motivações que os levaram a
querer apresentar o espetáculo para um grupo de alunos, quais referências
Para mim, enquanto mediador, a peça levantava alguns desafios que seriam
interessantes ser trabalhados durante as sessões de mediação. A primeira
pergunta que me sucedeu foi: os alunos conseguirão fruir o espetáculo sem ter
contato com a referência do texto de Tchekhov? De certo modo, o espetáculo
era uma releitura da obra original e portanto muitas das situações e escolhas
estéticas faziam sentido para quem conhecesse pelo menos um pouco da obra
do autor russo.
Isso não acontece pelo acaso. As aulas de Artes para os alunos do Ensino
Médio da Escola de Aplicação são divididas em três ateliês. Cada ateliê
trabalha com uma linguagem artística diferente (música, teatro e artes visuais)
e os alunos podem escolher qual linguagem querem estudar pelos três anos do
Ensino Médio.
Imagem 12: Alunos do 2º ano do Ensino Médio trabalhando em uma atividade de mediação
teatral. Fonte: Ronaldo Fogaça.
Como dito anteriormente, existia uma preocupação pelo fato desse espetáculo
ser muito apoiado na obra do Tchekhov. Dessa forma nossa pergunta era: É
necessário ter algum conhecimento sobre “A gaivota” original para uma melhor
experiência de fruição do espetáculo “A última gaivota”?
31
Jogamos essa pergunta para os artistas do grupo, mas eles não souberam
responder. Afinal, até então eles só haviam apresentado o espetáculo para um
público composto pelos colegas do Departamento de Artes Cênicas.
Espetáculos que são releituras de obras clássicas já foram trabalhados com
alguns mediadores do projeto e, saber se é necessária ou não uma preparação
do espectador para assisti-lo é uma questão que já permeou nossa pesquisa.
Não é possível ter uma resposta generalizada sobre o assunto. Cada releitura
lida com o material original de um modo. Mas após assistir a gravação e ver um
ensaio do espetáculo “A última gaivota”, minhas pistas apontavam que seria
interessante trabalhar com os alunos o contexto da obra original antes da
apresentação da peça. Essas pistas vieram pelo fato de eu mesmo não ter tido
um contato tão aprofundado com esse texto do Tchekhov e ao assistir a
gravação do espetáculo, consegui criar poucas relações sobre o que era
proposto em cena.
opostos do palco. De um lado temos uma atriz brincando com enormes aviões
de papel. Do outro, temos um ator apoiado em uma mesa, escrevendo sem
parar o que parece ser uma peça de teatro. Ao fundo, toca-se uma canção
russa. Após os alunos se sentarem nas poltronas da plateia, uma cena
começa.
Imagem 13: Cena inicial apresentada pelos mediadores na sessão pré-espetáculo. Fonte:
Adriana Oliveira.
A atriz perturba o ator que escreve. Entediada, ela reclama estar cansada de
esperar o companheiro terminar de escrever a peça, e deseja saber sobre o
que se trata a nova obra do autor. Já o ator vai se enfurecendo com as
inúmeras perguntas realizadas a ele, até que então a paciência se esgota e ele
rasga a folha de papel na qual estava trabalhando.
que seu sonho é ser uma grande atriz da cidade de Moscou, mas seus pais
não a deixam seguir nessa carreira e por esse motivo, ela trabalha com
Treplev.
Imagem 14: Alunos preparando suas cenas enquanto a contagem regressiva era projetada.
Fonte: Adriana Oliveira
A primeira pista era entregue por Nina em uma tira de papel para cada grupo.
A pista indicava um local da escola no qual uma gaivota estava escondida.
34
Imagem 15: Tira de papel contendo a primeira pista. Fonte: Ronaldo Fogaça.
Imagem 16: Gaivota de papel contendo pistas aos alunos. Fonte: Ronaldo Fogaça.
a cena deveria durar entre 3 a 5 minutos. O grupo deveria dar um título para
essa cena. E por último, em cada folha havia um diálogo do texto “A gaivota” e
os alunos deveriam inserir esse diálogo em algum momento de suas cenas.
Imagem 16 e 17: Fotografia de duas cenas criadas pelos alunos na sessão de mediação pré-
espetáculo. Fonte: Adriana Oliveira.
15O jogo “Zip, Zap” é jogado em roda. Os alunos passam uma espécie de flecha invisível com
as mãos para outro jogador, essa flecha é marcada pela batida de uma mão na outra.
Simultaneamente à flecha, o jogador deve dizer a palavra “Zip” se sua flecha estiver
endereçada à alguém que está em seu lado da roda. Ou “Zap” se o jogador estiver em
qualquer outra localização. O jogo tem diversas variações, com mais regras e maior
complexidade.
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Essa conversa seria muito curta, tendo uma duração de pouco mais de vinte
minutos. A atividade completa do dia teria que acabar com os alunos chegando
de volta a Escola de Aplicação no horário previsto para o fim das aulas. O
coletivo de artistas também demonstrou muito interesse nesse momento de
troca após a peça.
Como podemos ver, mais uma vez nossa equipe se deparou com o desafio de
mediar uma conversa. Só que essa estava no meio de circunstâncias
diferenciadas. Primeiro que os alunos estavam cara a cara com os artistas do
espetáculo. Segundo que essa conversa aconteceu literalmente logo após o
final da apresentação, não sendo dado nem um intervalo de 5 ou 10 minutos
para os atores retirarem seus figurinos ou os alunos poderem sair tomar um
gole d’água.
Imagem 16: Comentário anônimo realizado por aluno-espectador ao final da peça. Fonte:
Ronaldo Fogaça
O desafio para nós, talvez seja deixar mais nítido para os alunos que nesse
momento de debate, o importante ali é os espectadores comentarem suas
leituras, semelhante ao que acontece quando eles discutem suas próprias
cenas em sala de aula. Os artistas estão ali para ouvir e para responder
possíveis dúvidas que só eles poderiam responder. Um exemplo de pergunta
dessa natureza foi uma das alunas perguntando para atriz “Onde você
aprendeu a andar de patins? É difícil fazer isso em cena?”. Essa pergunta
refere-se somente à experiência da atriz e respondê-la não compromete a
leitura de ninguém. Talvez, tornar essa distinção visível aos alunos possa
tornar o momento de debate mais fluído.
Vale frisar, mesmo que pela enésima vez, que o contato e diálogo entre
público e espectador é um momento que pode ser rico e proveitoso para
ambas as partes. Porém, se não preparado, esse contato pode fazer com que
38
Imagem 17: Cena na qual os atores comemoram o sequestro de Fausto Silva. Fonte: Christian
Martins.
16 O nome faz referência ao programa televisivo apresentado por Sílvio Santos nas noites de
Domingo. O programa foi ao ar durante a década de 90. “Quem quer dinheiro.”, era um dos
jargões principais do apresentador.
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Imagem 18: Dinheiros de papel que foram entregues aos alunos que conseguiam um bom
desempenho nas atividades da aula. Fonte: Adriana Oliveira.
Imagem 19: Alunos realizando o jogo “Espelho” conduzido pelo mediador no papel de
apresentador. Fonte: Ronaldo Fogaça.
Imagem 20, 21 e 22: Criações das “Gaivotas Mecânicas” feita pelos alunos. Fonte: Ronaldo
Fogaça.
Depois dessa sessão de jogos, cada aluno estava com uma quantia de
dinheiro para a próxima parte da aula que seria um “Leilão de arte”. Eu, como
mediador, seria o leiloeiro. As obras de artes eram projetadas para todos os
alunos que participavam e assistiam ao leilão. Quem desse o maior valor pela
42
O objetivo dos jogos valendo dinheiro e do leilão artístico era propor uma
reflexão na qual colocaríamos a arte como uma mercadoria de fato. Foi
possível observar uma postura diferente dos alunos em relação aos jogos. O
dinheiro, mesmo que fictício, funcionava como uma espécie de recompensa
estimulante aos alunos participarem das atividades com maior atenção,
prontidão e criatividade. Já no leilão, as obras que representavam os produtos
da indústria cultural recebiam os maiores valores. A única exceção foi as
próprias cenas dos alunos que pelo fato de ser a última obra a ser leiloada, foi
a que recebeu o maior lance.
Bolo do sucesso
Ingredientes
1 xícara de carisma
4 xícaras de brilho
500 ml de personalidade
1 kg de beleza
1 colher de deboche
1 copo de empenho
5 xícaras de persistência
300 ml de felicidade
100 ml de amor
10 L de Glow
Modo de preparo:
Ingredientes:
17Transcrição de duas cartas escritas pelos alunos. O material original para consulta encontra-
se disponível no anexo.
44
A aula era ciências, e veja bem, eu detestava ciências. Até que um dia a
professora Verena chegou à sala de aula. Sua tarefa ali seria substituir por um
bimestre a professora titular que estava de licença.
18
Trecho da transcrição de áudio gravado na sessão de mediação pós-espetáculo.
45
A vida seguiu. Não me tornei um cientista e nunca mais voltei a separar areia
do pó de serra. Mas então me pergunto o que tinha de interessante naquela
aula ao ponto de ter sido uma das maiores experiências na escola guardadas
em minha memória?
46
As instruções dos exercícios foram uma chave para propor esse outro tipo de
experiência. A instrução na sessão pré-espetáculo, não vinha pela voz do
professor como acontece geralmente, mas sim de um personagem, de uma
gaivota encontrada embaixo de uma rampa ou de um cronômetro projetado na
tela. Na mediação pós o exercício não era a escrita de um texto dissertativo ou
analítico, mas sim uma receita culinária. Os alunos poderiam assim, acessar as
atividades com um corpo e mente mais sensível e menos preocupado com as
questões cotidianas da escola. Assim como na minha aula de ciências, a forma
como o enunciado do problema era apresentado aos alunos abria espaço para
um novo tipo de aproximação com o conteúdo.
Vale ressaltar também que esse trabalho exigiu uma preparação muito mais
complicada que as mediações anteriores. A elaboração dos exercícios
logisticamente seria impossível realizar apenas com um professor ou mediador.
O professor no papel ou professor-personagem também foram pontos que
forneceram pistas interessantíssimas para uma atividade de mediação teatral.
Mas trataremos dessa questão no próximo capítulo, pois lá ela aparece mais
nitidamente.
Imagem 23: Cena do espetáculo “Utopia numa noite de inverno”. Fonte: Cia Lúdica.
19Trecho do livro “A utopia” de Thomas More. Publicado em 1516, o autor descreve seu
encontro com um navegador chamado Rafael Hitlodeu. Rafael descreve a Thomas More a
descoberta de um lugar chamado Utopia.
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Esse espetáculo chegou até nós através de uma indicação feita à professora
Adriana. Como a peça ficaria em cartaz por longo período de tempo,
conseguimos assisti-la antes de levarmos os alunos.
Após as instalações, uma porta se abria e o grupo nos indicava com uma
canção, o local onde assistiríamos à peça. Depois do término do espetáculo, o
grupo colocava no centro do palco uma espécie de tela branca e
disponibilizava materiais como canetinhas, giz de cera, lápis para nos
manifestarmos artisticamente. Um microfone, instrumentos musicais e livros de
20O Tendal da Lapa é um conjunto arquitetônico localizado no bairro da Lapa, em São Paulo.
O espaço oferece apresentações teatrais, oficinas, danças, esportes e músicas gratuitas, há 20
anos, ministradas por professores voluntários.
21 Sinopse encontrada e disponibilizada no link:
50
Imagem 23: Fotografia da instalação proposta pela experiência “Utopia na era da Incerteza”.
Fonte: Ronaldo Fogaça.
Imagem 24: Fotografia da instalação proposta pela experiência “Utopia na era da Incerteza”.
Fonte: Ronaldo Fogaça.
As encrencas do 8º ano
Outro fator diferenciado é o número de alunos por classe. Todas as aulas são
realizadas com 30 alunos. Vez ou outra, quando possível, a professora Adriana
pensa em formas de dividi-los em dois grupos de 15, tornando as atividades de
sua aula mais fluídas. Na experiência com o espetáculo “Utopia em uma noite
de inverno” pude conduzir as mesmas atividades de mediação com grupos de
15 e 30 alunos, mais para frente relatarei melhor os impasses dessa diferença.
Imagem 25: Turma do 8º II conhecendo o espaço do Tendal da Lapa. Fonte: Ronaldo Fogaça.
Imagem 26: Alunos no 8º I conhecendo o espaço do Tendal da Lapa. Fonte: Ronaldo Fogaça.
Imagem 27: Estrutura indicando o lugar chamado “Nas cucuias”. Fonte: Adriana Oliveira
Imagem 29: Atividade realizada pelos alunos do 8º ano. Fonte: Ronaldo Fogaça.
Para próxima parte, os alunos eram questionados sobre que tipo de espaço
era aquele onde eles estavam. Alguns diziam que pareciam ilhas, outras
falavam que eram apenas panos sobre as carteiras. Então, com a ajuda da
professora Adriana, os alunos eram apresentados ao conceito de instalação
artística através de um vídeo que trazia diversos exemplos desse tipo de
construção do espaço.
Imagem 30, 31 e 32: Instalações artísticas representando a utopia dos alunos. Fonte: Ronaldo
Fogaça.
uma praia deserta na qual podíamos notar um clima de festa e diversão. Já nas
instalações mostradas nas imagens 30 e 31, os elementos abriam margens
para diferentes leituras, causando discussões interessantes para aprofundar o
conceito de utopia.
Foi interessante notar mais uma vez como a sessão de mediação ganhou
outras particularidades quando o pano de fundo “aula” desaparecia em parte. A
experiência também causava um estranhamento nos alunos. A atividade
propiciava momentos de apreciação não só visual, como também no campo da
descoberta sensitiva. O chá de baunilha servido no inicio da sessão é um
exemplo disso. A relação entre os alunos e um personagem de outro século
também colaborava para a imersão na atividade proposta. Novamente, optar
por alternativas não convencionais nos pareceu uma escolha positiva.
Essa sessão de mediação ocorreu três vezes. A primeira sessão com metade
de uma turma (15 alunos), as segunda com a outra metade dessa turma (15
alunos) e a última com uma turma completa de (30 alunos). Apesar de ser
logisticamente mais complexa, a atividade com o professor-personagem
pareceu instigar os dois grupos de forma igual.
Uma das dificuldades encontradas por mim ao longo da condução nesse tipo
de atividade foi como estabelecer e criar essa figura do personagem mediador.
No caso da mediação do espetáculo “A última gaivota” os personagens-
mediadores apareciam em uma cena que pouco se relacionava diretamente
com os alunos. A cena dava a instrução inicial e as instruções seguintes eram
encontradas pelos próprios alunos na caça à gaivota. O apresentador de
programa televisivo também não necessitou de grandes pesquisas visto que
nós, enquanto mediadores, nos colocamos nesse papel e jogamos conforme as
circunstâncias pediam.
Imagem 33: Alunos criando uma imagem em GIF a partir da projeção da natureza. Fonte:
Ronaldo Fogaça.
“Graphics Interchange Format” ou GIF é um formato de imagem de bitmap tem vindo a ser
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amplamente utilizado na World Wide Web devido ao seu amplo suporte e portabilidade entre
muitas aplicações e sistemas operacionais.
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Imagem 34: Imagem da cena na qual uma pessoa está desacordada no chão, uma outra está
jogando álcool em cima dela e por último alguém fotografa a cena toda. Fonte: Ronaldo
Fogaça.
A atividade de mediação, por mais que não fosse composta por grandes
elementos estéticos como as anteriores, foi bastante produtiva para discutir
temas não só do espetáculo, mas como também do mundo ao redor. O
espetáculo assistido pedia esse momento de pausa e discussão. Dessa forma
a utopia levou os alunos terem a perspectiva de outra realidade distante das
suas.
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Quando pela primeira vez na minha vida me veio uma vontade de estudar
artes cênicas para ser professor, a diretora do meu grupo de teatro, Sandra
Mezenna, me emprestou um livro chamado “Improvisação para o teatro” da
autora Viola Spolin.
Digo tudo isso porque agora pretendo compartilhar com vocês leitores e
leitoras, a minha própria lista de 11 sugestões e lembretes para aqueles e
aquelas que possuem interesse em trabalhar com mediação teatral. Esses
conselhos tem como base minha experiência ao longo desses três do projeto,
criando e refletindo sobre as atividades de mediação.
É. Parece brega, eu sei. Mas uma das primeiras questões que devem ser
pensadas quando mediamos um espetáculo (principalmente se for com alunos)
é qual peça escolher. Isso se você tiver o luxo de poder escolher um
espetáculo, visto que essa escolha às vezes acontece pela facilidade de
logística e pelas temidas barreiras do acesso físico.
Mas não vai pensando que você só vai mediar suas peças preferidas. Eu
queria muito fazer uma mediação do musical “O rei leão”, mas veja bem, não
foi possível. A questão está em você encontrar aquilo que instigue seu
coraçãozinho de artista, nem que seja um detalhezinho do espetáculo (uma
cena, uma fala, um gesto do ator). Dessa forma, leques de possibilidades de
atividades de mediação irão aparecer.
II – Conheça o espetáculo
23Stalkear é uma palavra derivada do inglês stalker, que significa “perseguidor”. Neste caso, o
neologismo português significa “ato de perseguir”.
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Essa frase, quando foi dita a mim pela Prof. Maria Lúcia Pupo, causou
diversos incômodos. E se você chegou até a essa página, já me conhece
relativamente bem para saber que eu gosto de solucionar meus incômodos.
Experimentei, ao longo do projeto, ser diretor e mediador. Duas vezes.
Não leve a mal, as duas coisas aconteceram tranquilamente. Não foi o fim do
mundo. Porém, hoje concordo com a professora Malu. O diretor, ator,
cenógrafo, iluminador ou qualquer outro membro do coletivo de artistas está
dentro do processo de criação. Mas qualquer que seja a proposta trazida por
eles, soará como uma sequência da experiência estética. A mediação teatral é
um espaço nosso, dos espectadores, para discutir, elaborar e criar a partir das
nossas próprias reverberações. É lógico que os artistas são bem-vindos, mas o
momento é de escuta do público. E isso é mais interessante se proposto por
um mediador que faça parte desse público.
IV – Conheça os espectadores
Isso talvez faça mais sentido se você estiver trabalhando no contexto escolar.
Já falamos anteriormente que a mediação é o espaço dos espectadores, então
conhece-los é deveras importante para a fruição da sessão de mediação.
Esse público tem qual idade? Eles já tiveram contanto com a linguagem
teatral? Qual foi a última peça que eles assistiram? Eles conseguem sustentar
um diálogo sem dispersar? Quais referências artísticas eles tem? O que será
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que os provoca? Será que eles conhecem esse jogo “x”? Eles gostam de
desenhar? De fazer cena? De cantar? De dançar?
V – Chega de aula!
Mediação teatral não é uma aula de teatro. Se existe dois nomes, existem
duas coisas diferentes.
Adoro triangulação, mas veja bem, ficou por isso mesmo. A aula poderia ter
discutido a questão da quebra da quarta parede e suas consequências. O que
os alunos sentiam como espectadores quando um palhaço jogava diretamente
com eles através do olhar. Ou o porquê da triangulação causar um efeito
cômico. Mas a mediação se resumiu apenas a uma aula de um pequeno
aspecto da linguagem cômica do palhaço.
Não acho que as aulas sejam ruins também. Gosto muito das aulas da
professora Adriana que promovem outra relação com o espaço de aula. O que
tentamos evitar e desconstruir é o próprio contexto escolar vivenciado
diariamente pelos alunos. As aulas da professora Adriana já fazem isso de
certa forma, mas as mediações teatrais levam isso a um nível ainda maior.
Sinto, hoje, que a criação dessas sessões de mediação foi assim: o espetáculo
tem sonoplastia. Tem! Então coloca uma sessão pra trabalhar com sons. O
espetáculo tem triangulação. Tem! Então coloca uma sessão de triangulação
junto. O espetáculo tem narrativa. Tem muita! Então bota duas sessões para
trabalhar com isso.
Dessa forma, não existe uma regra única que possa tornar essa missão
possível. Cabe ao mediador uma postura criadora e a vontade de ver respostas
artísticas vindas do outro lado do palco.
XI – Um trabalho interminável
A mediação não acaba ao final de uma sessão. Ela segue reverberando nos
espectadores que por ela participaram. Mesmo a mediação sobre a
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Por mais que minhas pesquisas com mediação tenham chegado a esse ponto
de conclusão dentro do projeto, espero seguir pesquisando o tema da
mediação teatral na minha carreira como professor ou na minha prática como
artista.
Não planejei um final para esse texto. Portanto, resta-me citar a frase que eu
aprendi com os muitos alunos que também não achavam um final para sua
cena.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PUPO, Maria Lúcia de Souza Barros. Para alimentar o desejo de teatro. São
Paulo: Editora Hucitec, 2015.
ANEXO