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EDITORA MESTRE JOU BIBLIOTECA DE SOCIOLOGIA sob a direcio do hor, JOS JEREMIAS DE OLIVEIRA FILHO da Universidade Federal do Rio de Janelro e da Universidade Federal Fluminense GINO GERMANI SOCIOLOGIA DA MODERNIZACAO ESTUD0S TEORICOS, AMETODOLOGICOS E APLICADOS a Ancierca Lata Traducao urico ps Loma Figuemepo a Ath EDITORA MESTRE JOU SAO PAULO. Primeira edicéo em castelhano Primeiza edicio em portugués . 1909 10% Titulo originat SOCIOLOGIA DB LA MODERNIZACION srupi0s rednicos, meTovoLseICoS APLICADOS A AnMgRICA LATINA Cara oe ADONIS: ados para os paises do I INTRODUCAO Costuma-se classificar a América Latina entre as regiées do iro Mundo, Sem diivida, isto 6 correto no que diz: respeito, menos, a trés pontos essenciais, Em primeiro lugar, a Amé- ‘Latina compartilha com regides que iniciaram sua transigio poca mais tardia uma série de importantes caracteristicas diferenciam daquelas que se adiantaram na iniciagio do sso. Em segundo lugar, compartilha com os pafses menos nyolvidos e subdesenvolvidos sua situacéo “periférica”, em 108 de nivel tecnoldgico e cientifico, econémico, politico o mi cm rélagéo aos paises “centrais”. Por fim, se pensamos nas bes ideolégicas e polfticas do termo, nao parece havor’ ‘de que a América Latina se coloca no Terceiro Mundo. ‘A finalidade principal deste livro consiste em analisar algun's 5 do primeiro ponto, que é, em parte, insepardvel do sogun: 0 ou, mais genericamente, do problema da depen: Na verdade, muito pouco poder-seia entender acerca da > da América Latina se nfo se Jevasse constantemente em. dorivadas do deterioramento do: aspectos; dependéneia de sua economia # Gino Germant iderar, especialmente no primeiro capitulo, 0 impacto dos externos” sobre as caracteristicas da transicéio. Por ow: ‘ais fatores também so estudados neste livro de maneira parcial. Por exemplo, quase nfo se faz referéncia a todos ispectos das dimensdes “psicossociais” da andlise que, para tores, merecem uma atengo especial. Essas limitagdes mpreensivels, uma vez que elas resultam diretamente da do livro, que nao é, precisamente, a de oferecer um istemético e completo a respeito da Sociologia da Mo- hemos a modernizacio como um processo global no ntretanto, € necessdrio distinguir uma série de processos ponentes, Em cada pais, a peculiaridade da transi¢io resulta, rande parte, do fato de que a seqiiéncia, assim como a velo- em que ocorrem tais processos componentes, variam con- lente de pais para pais, por causa das circunstincias ‘48 diferentes, tanto no nivel nacional, quanto no nivel in- al, Esta variagdo em taxas @ seatiéncias 6 o que 1 transic&io dos paises do Terceiro Mundo da transicéo ‘ses atualmente avangados, que se realizou, por sua vez, histdricas distintas. Se tomamos (arbitrariamente) a ocidental e 2 comparamos com a da Amé- camos algumas diferengas em. tazas e seqiiéncias arecem de forma proeminente: 8) Populagdéo e¢ tazas vitais: A diminuigio da taxa de mor- std ocorrendo em um nivel mais adiantado — em com- m O grau de desenvolvimento econdmico — e com um ido; a taxa de natalidade 6 mais alta do que a que Niio existe uma “vélvula de escape” como aquela que, , Proporciona a emigragéo em masse para outros conti- Sociologia da Modernizacio 3 dade da terra, tipos arcaicos de relacionamentos interpessoais & sociais etc.). ) Persisténcia de fortes descontinuidades internas entre as Sreas modernizadas (“‘centrais”) e as atrasadas (“periféricas”), no interior de cada pais. Tendéncia & acentuagéo dos desequill- brios internos, em virtude da auséneia de uma politica delibe- yada de integracéio nacional. e) Persisténcia da marginatidade (econdmica, social, cultural, politica) tanto nas dreas rurais e ecologicamente isoladas ou peri- téricas no interior do territério nacional, como nas areas urbanas (migrantes internos parcialmente segregados dentro das cidades). 1) Forte “terclarizagdo”: Crescimento de dois tipos de “ter- cidrio” em uma proporgio maior do que a registrada nos paises avangados em estdgios similares de desenvolvimento. Em parti- cular: 1) “pseudoterciétio”: ocupagées em servicos de produtivi- dade muito baixa que representam, na realidade, formas disfar- gadas de desemprego; 2) “tercidrio desenvolvido": incremento superior &s possibilidades de desenvolvimento econdmico, de ati- vidades tercidtias do tipo “modero”, com a conseatiente expan: “prematura” dos estratos médios urbanos. ) Aspiragdes de consumo “modernas”, dentro de uma estru- tura de produgao relativamente “arcaica”. h) Provével “atraso” no surgimento e expanséio das atitw: jodernas” adequadas concernentes & ciéncia, & atividade mica, & organizagao estatal (dentro das elites: intelectual, ica, politica etc.). i) Aparectmento simultaneo de outros processos que ocor- sivamente na experiéneia ocidental (por exemplo, das sociedades de massas nas grandes cidades, acom- ela persisténcia da marginalidade “tradicional” nas ocorre, pelo menos em al- das etapas “correspon- exemplo, “sindicali- w Gino Germant Persisténcia do padrio da intervencdo militar, em condi- s jit modernizadas de participacio politica. Algumas dessas descontinuidades internas também se regis: paises atualmente avangados, se bem que em menor . Na realidade, elas sio 0 resultado de assincronias que cm uma caracteristica universal da mudanca social, par- monte da mudanga nfo planejada ou no dirigide, Uma 10 0 proceso histérico nfo se detém, nos paises mais mo- além de algumas das indicadas na sta, podem apa- (tras descontinuidades originadas por complicagdes espe- rridas em estégios ulteriores do processo. Além disso, i$ cASOS, as assincronias, surgidas por causa do processo peculiar de cada pais, podem originar conflitos quase mesmo em pafses econdmica e socialmente mais mo- 38 0 caso, por exemplo, do problema do negro nos Unidos. endo destacado as caracteristicas que a América Latina com- com outras dreas menos desenvolvidas, seré conveniente também as diferencas. Tais diferencas existem ¢ seria esquecé-las, pois tal esquecimento poderia levar a gene- ‘5 indevidas. Si bem conhecidos os fatos que vio ser ados. ‘Todavia, freqtientemente, no séo levados em con- ” por serem demasiado dbvios. primeiro lugar, a América Latina se diferencia porque rigem possui fortes raizes na cultura ocidental, Qualquer 1 influéneia das populagdes autéctones e das grandes préhispinicas, impacto, através de quatro séculos, do idental ¢ a origem cultural européia de grande parte julagéio fazem da América Latina um caso bastante dis- ‘a muitos pafses da Asia ¢ da Africa, do lugar, deve-se dizer que as diferencas étnicas na Latina nao so inteiramente compardveis com es que n outras regides. Ainda que no passado, e mesmo atu- gla da Modernizagdo ut manifesta nos paises ocidentais e nfio-ocidentais, nfo pode ser considerado como tipico do sistema latino-americano de valores. ‘As formas particulares assumidas pelas clivagens étnicas e cultu- parecem propiciar aos paises da América Latina melhores sssibilidades de integragdo nacional, do que aquelas que ocorrem rogides onde a percepefio das chamadas diferengas “raciais” atitudes em relagdo a tais diferencas estio baseadas em econceitos biolégicos profundamente arraigados. ‘Em tereeiro lugar, é conveniente recordar que, embora os latino-americanos sejam usualmente considerados como \c6es novas”, tal categorizago sé pode ser aceita depois de série de ponderagdes. 1 verdade que 0 processo de cons- \¢iio nacional nfo pode considerar-se terminado em muitos de Sos paises, e que a independéncia formal ndo foi acompanhada modernizagao da estrutura social, ¢ que, além disso, apare- novas formas de dependéncias. Sem diivida, mais de um e meio de vida independente ndo deixou de criar, de modo wvel nos distintos paises, uma identidade nacional verdadeira, a integragdio nacional erescente em termos psicolégicos, sociais ‘olitieos. Nao se pode, por certo, negar a existéncia de vastos ores marginais da populagéo, nem de profundas clivagens in- nas em cada pais, onde diferentes regiées apresentam diferen- niveis de mobilizago e desenvolvimento econdmico. Quando mpara, porém, as nagées da América Latina com outras na- lo Terceiro Mundo, deve-se admitir que sua integragdo e sual (0 como Estado nacional alcangaram estégios mais avan- que, em todo caso, apresentam problemas muito distintos. 10, deve-se enfatizar o fato, intimamente relacionado de que os paises latino-americanos mais impor- \e representam uns trés-quertos da populacéo, devem ‘ndos nfo mais como regides subdesenvolvidas, mas nagées que ja atingiram um status de “classe média” Ia internacional, em termos de desenvolvimento & jase de um fato conhecido, porém freqttente- ‘undo se considera a América Latina como Ter- parativos baseados na utilizagéo de uma econdmica, a Latina em uma, n Gino Germani intermedidria, usualmente na metade superior da escala. * tais avaliagSes tenham, sem diivida, suas limitagdes, pa- itdvel dizer que proporcionam, pelo menos, uma visio com- iva adequada que permite situar as diferentes unidades na- is dentro do contexto internacional. De qualquer modo, de- lembrar que muitos paises da regifio superaram amplamente ‘0s estéigios do desenvolvimento econdmico. Por exem- desses paises jd apresentam um setor industrial im- jue contribui substancialmente na formacio do produto Avangaram, também, no nfvel de modernizacio social, possam apresentar éreas atrasadas. A posicao alcangada im determinado pais na sua transicao para formas industriais 8, assim como as caracteristicas seguidas pela propria (0, constituem fatores de méxima importancia que deter- em grande parte, as possibilidades que sao exeqiiiveis ) no curso posterior do processo, A omissio destas cir- © a falta de discriminagéo entre niveis de desenvol- (ou subdesenvolvimento) ¢ uma das causas principais Ideolégicos e politicos, quando se examina o assunto. de 6 possivel que, nesta posigéio intermediéria, no de- do proceso, surjam problemas pecultares, muito distintos 's que se podem apresentar, tanto nos primeiros passos da ‘lo, como em estégios mais avangados. Para escrever este livro, foram utilizados — em alguns casos (rabalhos anteriores. ‘Todos eles foram revisados e, amide, Na re Caplow e Kurt Finsterbusch, Development Rank: a New Sociologia da Modernizagto 43 substancialmente modificados.* Desejo agradecer 0 apoio que me outorgou 0 Social Science Research Council, que me permitiu, em particular em relagio as partes novas, dispor do tempo neces- sdrlo, assim como as senhoras Sonia Cairoli, Helen Foster e Kiki Platt que, com muita paciéncia, datilografaram 0 manuscrito. ‘Social Change and Intergroup Conflicts”, publicado em , The New Sociology, Nova Torque, Oxiord University [ AS ETAPAS DO PROCESSO DE MODERNIZACAO NA AMERICA LATINA 1, A transicio como um processo global © 0s processos que a compiem, 0 ponto de partida 6 a definigio da sociedade industrial como categoria genériea que engloba diferentes tipos de istriais, que sio em parte semelhantes (o que jus- 0 que Tequer @ distingdo em diferentes t{pos). As inicio adotada foram examinadas em trabalhos an- ‘erflo repetidas aqui, Bastard recordar 0 conceito , que constitul o micleo da prépria definigéo. Por ondemos um processo composto por trés tipos ia estrutura normativa predominante internalizadas corresponden- da agao cletiva ¢ dimi- campo de aplicacéio da ago presoritiva; conte das instituig6es ¢ aparecimento de sis- © rolativamente autonomos para cada cresconte da mudanga u Gino Germani 6 tei MoarrRiicte! a gerandose, assim, a manifestagdo de um novo complexo sociedade industrial. O fato desta associagio ter ocor- n determinadas circunsténcias e nfo em outras deve ser do em termos de um proceso histérico tinico que nao é arefa analisar aqui. Por outro lado, quando apareceu, pela © novo complexo cultural constitufdo pela sociedade demonstrou ter um extraordinério potencial de difusao. Sbvio, deve-se fazer distingdo entre 0 proceso que aparecimento da primeira situactio histérica deste novo iedade e a grande variedade de formas de transicio im posterlormente no processo de difustio, adaptacio \efio, primeiramente em algumas sociedades ocidentais no resto do mundo. i referéncias aqui & “grande transformagio” anterior ‘0 do primeiro caso histérico da sociedade indus- penas s muitas transigdes geradas pela difusio uni- novo complexo “‘industrialmoderno”. Do ponto de cia histérica ou empirica, cada uma destas jai uma totalidade conereta. A complexidade do jedade de formas que adotou em diferentes con- culturais, sociais e econdmicas exigem que a ‘ne entre os diferentes processos que, em seu con- na transigéo global. Neste sentido distinguiremos 'ss08 Componentes mais importantes: desenvol- sodernizacdo social e modernizagao politica. corrente, mas definigdes adotadas, impli- nem sempre parecem claras e, em todo 0 m um emprego uniforme entre os cien- motivo, sero feitas, neste contexto, obser- relagio aos significados inerentes a tais , da tecnologia e da economia, de modo tal que levem 20 ego cada vez meior de fontes energéticas de alto potencial e maximizacio da eficiéncia na produgao de bens e servicos. ‘Tais caracteristicas podem ser consideradas como um nticleo 10 (se bem que genérico) de toda sociedade industrial, e tam- m como requisitos universais para sua existéncia e manutencio. obstante, além do ambiente institucional requerido para obter yprego crescente de energia de alto potencial e uma crescento ncia na tecnologia produtiva, é necessario deixar uma mar- ra uma ampla gama de variagdes estruturais e culturais, para muitos tipos diversos de sociedade industrial. Fica, anto, ainda sem resposta satisfatdria a questfio que indaga futura evolugio produziré mais homogeneidade ou mais di- sagtio, * Mesmo quando um certo grau de secularizagio (que, como mos, pode variar em condicGes histricas e sécio-culturals \s) 6 uma condigéo necessdria para o emprego de energia potencial e alta eficiéncia na produgdo de bens e servigos, ma condicdo suficiente, Na realidade, hé muitas situagdes "as om que a secularizacio nfo foi seguida nem acompa- ‘orld Congress of Sociology ( rie du développement et 20 Gino Germant cesso de mudanca estrutural, mas tal mudanga ndo € sufictente para o desenvolvimento auto-sustentado. A expansio econdmica pode (e assim sucede efetivamente na matoria dos casos) ocorrer com base na modernizacio e expansio de alguma produgio pri- méria especializada, na sua integragdo no mercado internacional © na expanséo comercial e financeira que a acompanha, com todas suas outras Teperoussdes na economia e nos seus “efe’ nizadores” em outros setores da sociedade, A expansio econd- mica pode, eventualmente, originar-se ou transformarse em um processo de desenvolvimento econémico propriamente dito, Tal- vez possa, a0 menos, constituirse em uma de suas pré-condig6es, Embora niio exista acordo em consideréla como uma pré-condi- gio necesséria, pode-se dizer, com maior certeza, que ela no é uma pré-condigéo suficiente. Na realidade, niio se pode supor que a reorientacdo da economia e a introdugio das mudangas es- truturais exigidas para o desenvolvimento econdmico sejam in- duzidas automaticamente por certo nivel de expans&o econdmica. Somente em determinadas condigées pode a expansio converter “se em uma etapa — talvez importante — do processo de desen- volvimento econdmico, © conceito de desenvolvimento politico é ainda mais polémico que 0 de desenvolvimento econdmico. Talvez possam ser desta- cadas trés caractoristicas principais: 1) a “organizacéo racional do Estado” (om termos weberianos), incluindo uma alta eficiéncia no cumprimento de fung6es estatais om expansdo e cada vez mais diversificadas, especializadas ou centralizadas, sociedade industrial; 2) a capacidade de o mudangas estruturais nas esferas econdmiea, politica e social, man- tendo, 20 mesmo tempo, um mfnimo de integracéo; 3) algum tipo de participaggo politica de toda ou da grande maioria da populagéo adulta, Outros componentes que se costuma incluir podem ser considerados como conseqtiéncias ou aspectos das trés caracteristicas enumeradas. ¥ 0 caso, por exemplo, da “maturi- dade como Estado nacional” e da “identificaglo nacional” (que poderia ser considerado como um aspecto da participagiio total). De forma andloga, a “estabil capacidade para promover, logia da Modernizacto almente, a modernizacdo social é considerada, so ma categoria residual, ilustrada (e mals do que jante uma enumeragio (forgosamente incompleta) dos a crescente concentraco demografica nas zon: qiiéncia, uma das conseqiiéncias mais tipicas 3) outras mudancas demogréticas, tais com: na estrutura etéria; 4) as mudancas na esti nas relagées internas da familia nuclear, assim, parentesco; 5) mudangas na comunidade I idangas nas comunicagdes; 7) mudangas n¢ crescent ie” (baseada no (embora uma redugdo de tais diferencas possa afetar a maior parte da populagao, é possivel que subsista, ou até mesmo aumente, a clivagem na ctispide da sociedade, especialmente por meio da concentragéo do poder ou, pelo menos, de certas formas de poder). ‘A caracteristica distintiva da sociedade moderna reside em sua permanente incorporagéio de mecanismos adequados para ori- ginar e absorver um fluxo de mudanca continua, a0 mesmo tempo que mantém um grau “adequado” de integragio. Em relactio a isto, pode-se fazer uma analogia com 0 desenvolvimento econd- ‘a modernizagio social politica é uma transformagio da jira social que implica em mecanismos de “mudanca social Na realidade, dada a unidade bésica crescimento econdmico auto-susten- ¢ “a mudanca social e politica auto-sustentada” sio formas entes de se considerar 0 mesmo processo. Se nao se podem estabelecer tais mecanismos para efeitos de uma mudanca con: pode-se chegar & interrupeio, estancamento ou “liquidacé proceso de modernizagio social ou politica. Do mesmo modo, nfio se estabelecem mecanismos equivalentes na estrutura eco: nOmica, ocorrerdo fendmenos similares nessa order. Por ultimo, deve-se assinalar que a caracterfstica essencial que define a mo- Izaglio nfo 6 0 fato da mudanga continua, mas sua legitimi- le em termos de expectativas institucionalizadas e atitudes in- lizadas, assim como sua capacidade em originar e absorver tal mudanga, * 10 & idéia de “institucionalizagio da mudanga’” freqtiontemente ia como sindnimo de mudanea “sem conflitos”, devem-se acres- lugar, por dofiniciio, as mudangas que ocorrem nas em geval quobram, Soclologia da Moderntzagiio 2 2, Variagdes de xitmos e seqiiéncias entre 0s processos compo- nentes A inter-relacéo entre os processos componentes deve ser con: ada como de causalidade reciproca. Ou seja, um afeta 0 estes efeitos reciprocos determinarfio a orientagao e o rit- transicio total; assim mesmo, podem produzir efeitos ini- 1s ou dinamizadores sobre qualquer um dos processos com ‘es, Em outras palavras, 0s processos de desenvolvimento mico (e, em determinadas circunsténcias, processos de ex: econdmica) condicionam os processos de modernizacio © politica e vice-versa. Também se pode sugerir que existem inimos (limiares) de desenvolvimento econdmico (ou ex- \Omica) exigidos para o alcance de determinados graus zagio social ou politica, e vice-versa, determinados fnimos de modernizagao social ou politica que constituem 1s necessdrios para que sejam efetivados certos graus ivimento ou expansio econdmica. Carece-se ainda, po- im modelo tedrico adequado para a anilise de tais relagdes assim, como de um esquema conceitual adequado. Po- 1r, to-somente, que os tipos e formas de inter-rolagbes imiares” variam segundo as circunstancias hist6- ro a transigéo de cada nacio. Estas circunstincias mmpreendem uma consideravel escala de fatores cul © econémicos. Ho mais importante é que nfio 86 ‘as condigées internas da sociedade em transigio, como condigées externas, especialmente em sua relacto des, Esta é uma das razes pelas quais existem mos ¢ seqiiéncias entre os diversos processos par- ento econdmico e modernizagio. jere que @ expansiio econdmica pode produ, 's similares aos que induz o desen a Gino Germani vimento econdmico — é neste sentido que a expanstio econdmica pode ter um “efeito modernizador”. 0 caréter e as conseqiiéncias desta inter-relago entre os pro- sos componentes, se véem profundamente afetados por cir- stinoias histéricas e sociais em que ocorre a transicio, cir- nstincias que incluem, para cada nac&o ou regifio, as diferen- s sécio-culturais no “ponto de partida”, ia das prinefpais fontes de variacdo, em relagio aos diversos inhos que pode tomar a transic&o total, sio as variagdes de seqiiéncias segundo as quais ocorrem os processos com- mentes. EE tais varingGes deveriam ser explicadas em termos istintas condigées contextuais (econdmicas, culturais, politi- sociais), tanto no nivel nacional como no nfvel internacio- mando como base de comparagio a experiéneia historica fo ocidental infeial, observamos que houve casos de di- ritmos (ou seja, aceleragdo ou desaceleraedo) e também mneas nas seqiléncias (atrasos ou adiantamentos). © aumen- ‘banizac&o (esiritamente definida como concentragko de- ica nas zonas urbanas) ou a diminuigdo da taxa da mor- , que tendiam mais a preceder, que a seguir ou 8 acom- © desenvolvimento econémico, proporcionam exemplos de aceleracio e adiantamento (tendo em vista o grau ializagiio “equivalente”). Os casos de aceleragéo da mo- 9 social, a participagio politica e a difusdo de aspiracdes modelo ocidental, tenderam a produzir-se com um ritmo 110 © somente avancaram consideravelmente depois que a ingou um grat maior de desenvolvimento econdmico ente em termos de mudanga estrutural) so menos uni- as foram observados com freqtiéncia em diferentes pai- muito comum 0 fenémeno inverso: ritmos mais sados. Deve-se ter em conta que a aceleragio e/ou le certos processos podem muito bem coexistir com eraggio de outros. sta falta de sincronizagio ou defasagem é um, Sociologia da Modernizacéo 2% ms campos de ago social podem coexistir atitudes e compor- \entos “modernizados” com atitudes e comportamentos “ar- ou menos modernizados em certos aspectos. Embora as ages em relacio a tais problemas sejam muito dificeis icar, pode-se conjeturar que os valores bésicos (principal- ie os que foram internalizados na primeira fase da vida do 10) podem permanecer imutaveis e coexistir com outros atitudes adquiridos por meio do contato com ambientes \éncias mais modernas. Tomando um exemplo do cenério ericano, pode-se observar que a aceitacio “manifesta” logia moderna (e até mesmo seu emprego efetivo) pode panhada por uma persisténcia de orientagées valorativas cas” pouco favoréveis & ciéneia moderna; ou que pode ideologias politicas e sociais extremamente “avancadas”, ihadas por valores e comportamentos tradicionais na vida a, na familia, nas relagdes interpessoais, nas aspiracdes na imagem da propria vida. O fendmeno da coexis- rigina efeitos particulares de “fuséo” do “moderno” com nal”, Um exemplo disto é a fuséo da énfase conferida 10 qué caracteriza a etapa de desenvolvimento mais avan- 9 ideal de dclo e consumo pertencentes ao modo de vida radicional. A interrupcio do proceso de modernizacao amento social, politico ou econdmico podem, talvez, ser parcialmente, pela persisténcia das orientagées valo- io modernas” subjacentes nos processos de modernt- erados, que ocorrem em diferentes setores da socle- nportante aspecto da descontinuidade e do desnivel do ransigfo é a diferenciagao entre “centro” e “perife- rior de cada pais e, ao nivel internacional, entre na- entre as reas “avancadas” e “atrasadas” (tanto no como no internacional) nem: sempre 6 de coexis- tencia, e mesmo em certos casos pode-se tornar uma supra-orde- nagio de hegemonia do centro em relac&o & periferia, A “duali- dade” pode tender a ser um processo que se auto-reforga e que tende a aumentar, ao invés de se enfraquecer. Ao chegar a este ponto pode-se tornar titil enumerar breve- mente outros fatores que provavelmente intervenham e condi- cionem a natureza, orientacdo e ritmo dos processos componentes ¢ da transigio total. 1) A natureza e disponibilidade dos recursos humanos em cada pais (a “visbilidade” do pais e as condiebes necessarlas para © desenvolvimento econdmico de acordo com sous recursos).” Estas podem também dar origem a diferentes tipos de desenvol- vimento e modernizacéo, tal como o desenvolvimento expansio- nista ou inirinseco sugerido por Hoselitz,*° ou podem conferir ‘40 processo econémico uma dindmica particular, como no caso da “economia de espacos livres” da Argentina e de outros paises la- tino-americanos. 2) A posigio relativa do pais dentro da dimensio centro- periferia em relagio com: a) a estratificagio internacional de ro com o poder politico e econdmico e, em conseqiiéncia, de do com o grau de dependéneia politica e/ou econdmica, e b) as cirounstincias espectticas (e em mudanga) erladas pela situa- internacional no momento e durante a transigio. ) As caracteristicas histéricas ¢ culturais e a estrutura so- clal do pats ao iniciar a transicéo (ou seja, 0 tipo de sociedade encontra no “ponto de partida”). Pode-se observar que 0 ito de “sociedade tradicional” foi empregado amitide como tegoria residual que incluia uma grande variedade de es- sociais e condigées culturais, Na realidade, seria neces- ma tipologia de “pontos de partida”. O estagio de desenvolvimento dos conhecimentos em cién- © carter da tecnologia disponivel no momento ini- sigflo ¢ 0 conjunto de sua evolugio e mudancas durante (Hm muitos paises em desenvolvimerito estas mu- ‘Sociologia da Modernizagéo a” dangas tém origem em outro lugar; sua natureza exdgena oxercerd um impacto particular sobre a forma de transiciio do pais recep: et » © estégio de desenvolvimento das ciéneias sociais, espe: cialmento em relagio com 0 proceso de desenvolvimento econd- mico e de modernizagio. Isto depende nio apenas do desenvol- yimento das ciéncias sociais, mas também do grau de acumula- fio de experiéncia histériea — ao nivel internacional — no mo- mento inicial e durante a transigdo. ne 6) O grau de “espontaneidade”, “tomada de consciéncia”, jeracdo e eleigdo” ¢ “planejamento” que caracteriza as ages que geram os processos parciais de desenvolvimento ¢co- ico e modernizagao social. 7) A natureza e a proporgiio dos fatores exdgenos e endége- nos que determinam a transigio. it 8) Os diferentes tipos de elite que dirigem ou participam, um ou de outro modo, no da transicéo ¢ no desdobra- 0 de suas etapas posteriore: 9) As mudancas que se produziram em sociedades que se mvolverim e se modernizaram com anterioridade e os tipos jedade industrial avangada, que irfio surgix. Tstas 8 especialmente nas nacgdes “centrais” hegemonicas) se! modelos de transig&o e, como tais, proporcionam fins ‘capazes de serem adotados pelos grupos moderniz dades em desenvolvimento ¢, em forma mais geval conhecido “‘efeito de demonstragio”. Pode ser obser' a 6a forma em que se originam as diferentes ide\ Himento, Estas ideologias podem chegar a conve! poderosos fatores capazes de imprimir uma ou outra fo transigéo, incluir outras observagées gerais: 1) estas: Gino Germant intertlependéncia. Ao se analisar 0 proceso de uma ional determinada, deve-se sempre ter em conta que 80 nfo pode ser separado do contexto global ao nivel i, ¢ 4) por tiltimo, tal como se indicou acima, todos "muta natureza dinfmica, Em outras palavras, va- ‘amente através do tempo, originando assim, em qual- momento, diferentes configuragées de circunstncias m na transi¢So que, nesse interim, estd ocorrendo. ‘emplo interessante das conseqtiéneias geradas pelas va- ritmos e em seqtténcias 6 0 “‘efeito moderntzador” da, ondmica: a aceleragio de certos processos de mo- cial (acompanhada amitide por atraso em outros) io com o ritmo de desenvolvimento econémico (tal inido aqui). ‘Esta variagdo é particularmente impor 0 de muitos paises latino-americanos e dependeré do jureza das repercussdes sobre o resto da economia (as yhman denomina de repercussGes “laterais”, “para tris” ronte”) © suas conseaiiéncias sobre os outros setores ira social, isto 6, sobre os processos de modernizagao modernizagéo politica. 8 da transieao 1 questiio bésica ainda no resolvida teoricamente é a de “equivaléncias” ao se comparar as seqiiéncias ¢ os a oS graus “equivalentes” ou “esperados” nos sos parciais, Em geral, adotam-se dois procedi- intos: 1) a experiéneia histérica do modelo ocidental adotada como criiério ou base de comparacio geral (tal exemplos dados no parégrafo precedente); 2) podem \das equivaléncias baseadas em médias e na corre- a entre os indicadores que caracterizam os diver- 8808 em vérios paises. Ambos os procedimentos so mbora teoricamente pouco adequados, na medida em Sociologia da Modernizacto 2 que 0 critério adotado se converte implicita ou explicitamente em uum modelo universal de transicio. Nao existe razio alguma para que se creia que 0 modelo “ocidental” deveria repetir-se; na rea- lidade, 0 contrério é mais provavel. Os procedimentos estatisticos siio muito necessérios quando se trata de descobrir correlagdes € associagdes entre processos, porém nao podem explicar suas cai sas, nem a existéncia, seja dos casos estatisticamente normais, seja dos casos de desvio, Outro problema relacionado com a definicio estatistica de “equivaléncias” é que usualmente se obtém combi nando dados de paises onde a transicao se verificou em periodos stdricos diferentes, em condigdes internactonais bem divergen- es, e que se acham em niveis de transigéo bem distintos. ‘A resposta a este problema deveria constitulr uma teoria us etapas da moderizagio, Até o momento, porém, tentativas neste sentido néo obtiveram éxito.** Na realidade, as diferencas entre os ritmos e as seqliéncias dos processos componentes e, ambém, de outras variagbes geradas pelas diferentes fontes j& mcionadas originam uma variedade de “caminhos” que podem ar ou reduzir, em grande medida, a validade de qualquer es- ma geral'ou universal de sucessao de etapas determinadas. Ou rez 0 esquema de sucessio devesse bascarse em uma teoria az de integrar muitos fatores, determinantes e contextuais, € rar toda uma tipologia de transi¢des (com “etapas equiva- ” ao lado de “caminhos divergentes”) aplicdvel a uma gran- variedade de processos histéricos. Aqui o cientista social en- ‘um problema, Por um lado carece de ume teoria neste pelo menos no momento. Por outro, em toda anélise de as relacionados com a transigiio, 6 muito diffcil evitar 0 go de conceitos tais como “nfveis”, “graus” e outros. Na lade, esto implicitos nela e, a menos que se considere cada ” Gino Germant suetoaga ta Notercago a sae paella enact tia asl scape ran histérico 6 um fluxo continuo e conereto, ¢ 0 conceito de “ponto cone te nan is | Connie tac sUreeray oven marae de decisio” 6 sempre, em grande parte, arbitrério ou convencional, Fe Ug ears sae eT Senna No entanto, seu emprego pode contribuir para restringir um i F Eicon saree peerage modelo puramente determinista da transicio. Neste sentido, 8 | Ghvias, oa exitarine (exbsence eomyencinnala:o iar irae um “ponto de partida” pode ser definido como um momento bo modelo. gold aria pia ee oor ae particular (de duragéo varivel de acordo com condigbes diferen- in atl ilo Oo mio, leu tro eee tes) no qual pode produzir-se (ou ndo) uma reorientacio. Sua melethterle podozesmixers case posal aes ee ocorréneia real, assim como seu caréiter — positivo ou negativo — aaa ion bere ene 1a partir do ponto de vista da modemnizagio e do desenvolvimento EINDD. Se acne, segtin eee an eee econdmico aleancados, estaréo determinados pela inter-relagio par- pombe nes ens tet 08] 60) Ou oy Tu yee score ticular dos processos sociais ¢ econdmicos, isto 6, pela configu: ¢ das condigéeshistriea a partir das qunis ovorsew Fee ae aslo rclatatian atricaras Ongiaabat ac bite) a trenslceo: Pode suner au see eee or 50 prévio da transigio, © as “‘decisdes” adotadas pelos atores so- in gat) torniuladas \pars, Stead) Gece ttlcg eu Ln a) ciais (individuos 6 grupos em posigées chaves). Sugerese que a ee a ean interrupgao da modemizagio € a estagnagsio econdmica (ou vice- Oe ae ate agree ee eerie -versa) ou 0 progresso até graus de modernizacao social ou po- irmplitiescio, de: umd sétle. Gay Deoceaee rea cos litica © de desenvolvimento econémico mais elevados, poderia ser (mas no idénticos). Por outro lado, poderia ser de Sepllsaas ard iste dsmseseeeeeiespnese to sclsban sd analtiea pre iol ereciages coun de Se arc eer ‘olapas de transigio, Na realidade, o emprego de etapas lugar, entende-se que as configurages ou caracteristicas no ape- ene ks tunes dey Wak, Yo Aeexions 4 Secale nas incluem a estrutura interna da Sociedade, como também a ari gitsai os soaliacs len ida eaaomuao GoMBSTEMES situagio externa e internacional. Em segundo lugar, admite-se que, de outros fatores determinantes ¢ contextuais (aos aicbare 0 anodia da aoaaia” ej erpeiatcente diel elit ernos ¢ internacionais) podem tender a cristalizar-se camente carente de preciséo, le é empregedo com freqlléncia, »s estruturais eeiectons. Poe sua vez 6 provavel a bse ou Soe: na. enatee dos Erocepans rng e m ao préprio processo e se transformem em fatores mente, na adogdo de rumos da ago politica ou ica. oxplicar seu curso ulterior. Isto oferece, talvez, uma Him todo caso, 0 significado da “decisio” deve ser definido em Ibjetiva para a selegio de etapas e para dividir a tran- fungfio da gama de “opgdes” que se acham concretamente & dis- porfodos significativos. posig@o dos atores, gama esta que variard em diferentes condigbes {dentificar as etapas podem ser sugeridos dois critérios eras © externas (ou seja, em determinadas “contiguragbes” 1) @ ocorréncla de uma configuragio de caracteristi- acteristicas estruturais). ura econdmica, social ¢ politica) dotadas de um Outro fator importante é 0 grau de conhecimento e tecnolo- fe 0 duragdo, ¢ claramente difefenciadas 0s (tanto em relagio as cféncias naturais como em murais precedentes ¢ soguintes; 2) a im- isposigiio dos atores. ‘Tal como 5° ypontaneldade”, de “tomada de nentou dos paises ne Gino German ram suas transig6es com anterioridade deve ser consi- forma totalmente diferente das que foram assumidas atualmente em desenvolvimento. ntos de um esquema de etapas nas atuais discussées sobre a América Latina A América Latina parece apresentar as condigSes due, segun- indicou anteriormente, podiam assegurar certa validade It a um esquema de etapas: 2) ambientes culturals, sociais micos relativamente semelhantes xo comeco da transicéo, iancias histérieas externas e internas semelhantes ‘sso. Na realidade, embore tenham sido realizadas ativas explicitas para se apresentar uma teoria de eta: ia das andlises histéricas e tedricas da modernizagio \eessos que a compéem, seno todas, tendem a pressu- uma ou de outra forma, uma sucesséio de etapas vélidas ‘a regio. Nao obstante, em certa medida, a concepedo 4 Latina como uma unidade nfo 56 se baseia em fatores ¢ s6elo-culiurais tedricos, como também — empregan- mo obsoleto em relagdio a uma condigiio que ainda existe “geopoliticas” e ideoldgicas: 0 status politico co- \ino-americano em relagio & estrutura de poder politico , Também notsivel, po” dos “estudos latino-americanos”, que ito longe, transformando-o, amitide, em um mero ando-o, em todo caso, ao limite de maxima que este tipo de generalizagio é capaz de dar. averiguar certo mimero limitado de contribuigées teorla ow esquoma de etapas, usualmente, porém, em. dos processos parciais. Por exemplo, para des- Sociologia da Modernizaedo cy por uma terceira. essencialmente terminada em 1580, quando os es- panhdis e os portugueses estabeleceram 0 padréo.colonizador da regia. A quarta etapa, bem mais prolongada, abarcando um perfo- do aproximado de duzentos anos, caracterizou-se pela consolidacio do padrio urbano, juntamente com as instituigdes da sociedade co- I A independéncia nao acarretou muitas mudancas. Estas se produziram na quinta etapa, caracterizada pela imigracio européia ¢ pela “europelzaciio” das principais cidades latino-americanas. Fi- nalmente, a sexta etapa, a atual, caracteriza-se pelas migracdes internas rurais-urbanas e pelo répido ritmo de crescimento urbano, No mesmo campo da histéria urbana, outro autor distingue duas amplas etapas: a primeira, centrifuga, para fora das cidades, e a segunda, centripeta, que tende & concentracio urbana especial- mente para a cidade primate * e cosmopolita.** A fase centrifuga caracteriza-se pola “hacienda” ** (ou fazenda, na América portu- sa), usualmente reconhecida como uma das instituicdes cen- trais da sociedade tradicional latino-americana, dotada de fun- c&es politicas, sociais, militares ¢ judiciais e que jé foram com- ‘adas com a villa romana, durante 0 declinio do Império.** O envolvimento do sistema de “haciendas” implicou 0 debilita- nto do papel das cidades e “a descentralizagio da sociedade ‘Novo Mundo em torno da grande propriedade territorial”, em ‘a semelhante & Europa pésromana. A etapa contréria, diri- para a centralizagfio nas cidades “primates”, tepresentou uma fio direta da relago da colonia com 0 miindo exterior ¢ ‘ipalmente da dependéncia cultural, politica, econdmica e mi- da sociedade colonial em relagko aos seus centros metropo- ropeus. Nao obstante, o conceito de duas fases, antes de par um esquema de sucesséo de etapas, isola e coloca ivamente, de maneira eficaz ¢ sintética, duas das forcas rtantes que funcionaram na época colonial © posterior- (N. do T) speots of Fumetion and ty and History, TV (19612), au Gino Germans jo (a segunda etapa urbana centripeta de Morse estendida do séoulo KIX e que se prolonga até o presente). ) emprego de um esquema de amplas etapas de desenvolvi- sshd, implicito na andlise formulada pelos economistas tanto ‘a determinados paises, como em relagéio & transicéo como um todo, Talvez a forma mais popular seja a entre “creseimento para fora” ¢ “erescimento para den- as duas formas de erescimento correspondem 20 con- ntre uma economia baseada na exportacio de matérias- sscimento para fora) e uma economia baseada na in- (erescimento para dentro). Usualmente se indica 0 como o “ponto decisivo” em que se produziu a mu- jentaciio na América Latina, ou seja, na época da Gran- . Para os cientistas sociais da América Latina, a la expansio “para fora” para a expanséo “para dentro” muito mais do que uma mudanca econdmica. Mais ainda, estrutural na economia assinalou também 0 comeco rio de outras mudangas na estrutura social, na politica, © no grau ¢ carter da identidade nacional, Todavia, sto implicitas, ou, em todo caso, carecem de uma > precisa. Por outro lado, no estio concebidas como a de etapas, mesmo quando este é, na realidade, seu Breqtientemente a distingdo “para fora-para iéncia nacional alienada”, indieada por um eresci- le, neste enfoque, o Soctotogla da Modernizagto as Autores de tendéncias ideolégicas distintas, especialmente os de extrema-esquerda, em geral ndo esto de acordo sobre o grau de autonomia da wiltima etapa “para dentro”. Para tais autores a hegemonia imperialista e a alienag&o nacional esto vinculadas & estrutura do poder que prevalece nas nagées da América La- tina: consideram que a verdadeira liberagio nacional somente pode ser alcancada através da mudanga revoluciondria. Neste sentido, o desenvolvimento “para dentro”, sob a lideranca da burguesia nacional, esté condenado ao fracasso. Na realidade, eles nfo tém fé6 alguma na burguesia e em sua capacidade para dirigir um processo de desenvolvimento nacional verdadeiro e auténomo. Por outro lado, os limites estruturais das burguesias locais para a condugao de tal processo foram descritos e analisa- dos por muitos estudiosos. Apesar da forma em que se possa usar ou abusar ideologica- mente dos esquemas baseados nas amplas fases de modernizagio anteriormente esbogadas, estas se baseiam na percep¢lio de mu- danges’ drésticas ocorridas na regifio e tendem a por em relevo o papel dos fatores externos ou internacionais, que freqiientemente niio recebem a devida consideracio nos estudos efetuados por cientistas sociais estrangeiros. Nesta busca de um esquema de etapas para a América Latina, poder-se-4 falar de outras contribuicées valiosas, embora de card- indireto, Por exemplo, a dréstica mudanga introduzida na utura social latino-americana, quando os “setores médios” sur- wm © cresceram, poderia voltar a ser interpretada em termos ima sucessio de etapas: a primeira caracterizada pela hege- de elites semifeudais e de elites “oligdrquicas” semicapita- estreitamente vinculadas & economia primdria de exporta- uma segunda ctapa, mais avancada, na qual a participacio ovos estratos médios introduz um poderoso elemento de aio e pode converter-se em um fator para o desenvol- 8 — na etapa do desenvolvimento “para dentro”. — & 4 Gino German » econdmico e politico futuro. O aparecimento das classes considerado como um dos aspectos de uma série de mu- que ocorreram desde a segunda metade do século XIX, ‘ansio da economia priméria de exportagio, inversdes es- ras, imigragéo estrangeira, uma organizaciio estatal me- mais recional, melhorias nas comunicagées, transportes, © padres de vida. Usualmente se admite que o cresci- dos “‘setores médios” ocorreu no século XK, sobretudo imeiras décadas, ainda quando a nova — e mais deci- de industrializacio, posterior a 1930, também contri- sua ulterior expansio, * Embora nos tiltimos anos o setores no processo de modernizagio se tenha mos- contraditério e 0 otimismo inicial de certas teses lo por ser desmentido, seria dificil negar que sua apa- uma importante mudanga no prdprio proceso, me- modificagéo relativamente estdvel da configuracio es- sociedade. \ssfio precedente somente consideramos alguns esque- de etapas, assim como algumas das suposigdes im- orrentes sobre a sucesso de etapas na América como foi indicado anteriormente, as tentativas pare juemas compreensivos e explicitos sfio bastante redu- 0 86 conhecemos duas, uma delas ainda inédita, objetivo dos dois esquemas seja a andlise do pro- podem ser considerados amplos no sentido de que am em consideracéo, em certo sentido pelo menos, © econdmicas. © primeiro foi apresentado, or Kalman H, Silvert e 0 autor doste livro, fe se baseava em uma andlise do processo de € 9 sucessiva expansiio da participagio polt foi considerado como um aspecto de mobiliza- ont Sociologia da Modernizagao a rleo anteriormente sugerido.** A outra tentativa foi apresentada por Hello Jaguaribe.* Este autor distingue trés etapas princi- pais: a colonial, a semicolontal e a transicional. Neste esquema encontramos uma excelente apresentacdo do conceito de autono- mia crescente, Na realidade, sua principal variével (embora nfo seja a tinica de modo algum) parece ser 0 grau de dependéncia e © grau correspondente de autonomfa nacional auténtica. Na pri- meira etapa, que néo finaliza com a queda do regime colonial espanhol ou portugués, mas sim no comego da expansio da eco- nomis priméria de exportacéo como resultado da Revolugio Tn- dustrial (isto 6, meados do século XIX), 0 grau de dependéncia se encontra no seu ponto mais alto. Na etapa “‘semicolonial” a Gependéncia continua, embora de forma distinta, enquanto a transformagtio interna da sociedade da origem a uma “capaci- dade inicial para o creseimento auto-induzido”, Esta capacidade se vé mals reforcada ainda com o declinio da economia de expor- taco primaria posterior a 1930, durante a toreeira etapa “tran- sicionai” que também se caracteriza pelo surgimento de novos grupos e classes e pelo aparecimento de novas tensdes. Finalmente, podese encontrar uma importante contribuigio Para o conceito de etapas comuns nas discuss6es entre os histo- riadores a respeito das possibilidades de uma Histéria compa- rada do hemisfério ocidental. Em relacio a isto é bastante perti- nento mencionar aqui que Charles C. Griffin no seu exame “The History of American Progress”,* ao informar a respeito do pe- riodo nacional da histéria americana (tanto latina, como nio-lati- 1961, pags. 10-27, podese encontrar uma aplicacso com ina, Grande parte destes trabalhos foram incorporados 40 jociedade numa Bpoea de Transigdo, op. cit. de etapas esta inclufdo nos apontamentos de um curso ias feito na Universidade de Harvard (1965) que elreulow mi Gino Germant firmou que, “por estranho que pareca”, howve um “acordo vel sobre 0 importante problema da divisio em perio- n conseqiténcia, ele sugeriu um mareo comum que dis- quatro perfodos: ‘ompimento com o velho mundo (1770-1820). II. O ento de novas 1 da década de 1790 & década de I. O ajuste do Cc mo Industrial e Financeiro (da le 1860 até a Primeira Guerra Mundial). IV. A reagiio ante 0 impacto das tensées do século XX na Civili- idental (de 1914 até o presente). * a breve resenhe omitimos todas as referéncias que dizem plicagéo de ctapas a nagSes individuais, assim como lagdes mais abstratas e gerais como, por exemplo, 0 co- modelo folk-urbano desenvolvido por Redfield. Tampouco 105 ao intento — que acreditamos como sendo de suma - de utilizar modelos matemiéticos que permitiriam uma Iinguagem mais adequada para o emprego de uma de enorme de variéveis.** dlc um esquema de ctapas de modernizagio na Amé- a (xo apresentado neste capitulo nfo pretende ofe- “Weoria das etapas”. Seu fim é bem mais modesto: a lentativa que visa proporeionar um panorama da modo sumamente simplificado, que pode ser til para das caracteristicas principais do processo. Por » niio pode ser considerado sendo como um resumo Soctotogia da Modernizacéo x» do sentido comum, altamente condensado, da histéria social Iatt- noamericana. Nao é necessfrio dizer que, devido a esta conden- saci, e ao sou nivel de generalizacdo, nio representa nenhum dos processos histéricos especificos que ocorreram (e ocorrem) nos paises latino-americanos. As excessGes serdo regra, mas pre- cisamente ao destacar tais “desvios” talvez se possa empregar como um instrumento de comparacio ¢ como um meio capaz de destacar nfo sé as caracteristicas especificas como as comuns (se as houver), no processo de modernizacdo dos paises Jatino- -americanos. Ademais, ao classificar seu contetido empirico nos trés processos principais da transigio total (e ao especificar, “em esboco”, alguns de seus subprocessos correspondentes) pode con: tribuir para por em relevo tanto seus aspectos sincrénicos como assincronicos: casos de aceleragéo e desacelerago de subproces- sos especificos, ou diferengas em suas segiténcias, ou casos em que as diferengas de ritmos e seqiiéncias produziram fusdes ou contemporaneidade de etapas, em lugar de uma sucessio, tal como se indica no esquema (¢ como ocorreu realmente, pelo menos em alguns casos empiricos). Por wltimo, o esquema pode contribuir para proporcionar, pelo menos, uma resposta proviséria a0 pro- blema do emprego émplicito de algum tipo de sucesséio. Tal como Se observou anteriormente, até a simples mengiio de “mais” ow “menos” avangado, to freatiente em todas as discussdes sobre 0 tema da modernizacéo, significa a adoc&io implicita do conceito de que algumas mudangas costumam preceder @ outras, ou que erminado pafs esté Iocalizado em outro ponto da sucessio tem- al (implicita), isto 6, na suposicgo de uma sucessio. Neste ‘ido, a tentativa pode ser considerada um passo para que se 1m ‘ais explicitas tais suposiges ao sugerir uma definigio is especifica da sucessio. procurarei discutir aqui cada uma das etapas indicadas ro. Por um lado, isto seria impossfvel dentro da limitada do capitulo e dos propésitos do livro; ademais, 0 con- i 56, & luz da lite- w Gino Germant , pois, a considerar alguns aspectos da inter-relagdo entre \dégenos e exdgenos @ 0 surgimento e cristalizagio de ‘tos estabilizadores”, principalmente na terceira e quar- io dos fatores endégenos ¢ exgenos no aparecimento laagio das eonfiguragies estruturais que tipificam os igios jervar-se-é que os principais estdgios do esquema esifio 8 por acontecimentos externos. Atribuir caracteristicas # similares a todos os paises, aproximadamente em um mes- iento cronolégico, deixa sérias dtividas (ainda quando, tal sugere no quadro, se deixe uma margem para grandes 's NO que diz respeito as caracteristicas mais especificas). », devido a0 conhecido fato segundo o qual os dife- de modernizacio, que caracterizam as diversas uni- , qualquer momento determinado os deveria en- in diferentes posi¢des ou etapas. Mesmo no caso em sincronizagio entre nagées (para nfo falar tro das nagées) deveria implicar na imposst mesma etapa em torno de um tempo aproximadamente lontro de um prazo relativamente breve. A homologia ‘4 no simultaneidade, A resposta a este absurdo apa- "m relevo a importncia dinamica dos fatores exdgenos, quais se fundamenta a periodizacio. Tais fatores geram sem se levar em conta o grau de modernizacio que nga neste momento — uma série de processos essen- res. O cardter comum e a relative simultaneidade externo 6, precisamente, o que contribui de maneira conferir a cada etapa amplas caracteristicas sim| Sociologia da Moderniancto a tinuidades internas, isto 6, a assincronia entre dreas, instituigées, pautas do atitudes © comportamentos. Isto ocorreu porque 0 impacto oxtorno pode acelerar alguns processos componentes, a0 mesmo tempo que no afeta, ou reduz, anula ou inverte a velo- cidade dos outros, © significado histérico do impacto exteno 6 bastante dbvio, porém, com freqiiéncia, foi ignorado seu papel na acentuacdo da hhomogeneidade entre nagGes e, conseqtientemente, as descontinul- dades dentro das mesmas. O mesmo esquecimento verificou-se em relacio ao papel exercido neste duplo efeito pela interagio entre fatores exdgenos e endégenos. Talvez se possa indicar que {al efeito aumentou com o transcurso do tempo ou que, pelo me- nos, tendeu a tornar-se mais visivel na terceira e, ainda mais, na quarta etapa, Também poderia sugerir-se que, com 0 aumento da interdependéncia internacional em todas as esferas — e espe- cialmente com o crescimento da estrutura mundial da estratifi- cagéo do poder — os fatores exdgenos podem ter voltado a se tornarem mais poderosos. Isto pode ter acontecido ainda quando ocorreu 0 erescimento das formas internas de muftas nacdes de- vido ao desenvolvimento econdmico, a crescente modernizacio social e o incrementado nivel de “consciéncia nacional” (ou, talvex (inufdo o grau de alienacio), caracteristicas que, segundo al- marcam a etapa do “crescimento para dentro”. Por outro Jado, na medida em que o tempo passava e tendia a aumentar a distdncia entre os paises da regio, o efeito generalizado do im- pacto externo pode ter acentuado as descontinuidades internas, yecialmente em todos aqueles casos em que o dito impacto pro- iu a aceleraciio de certos processos componentes, enquanto, 0 mesmo tempo, freou ou desacelerou outros, © efeito conjunto dos fatores exdgenos ¢ endégenos na ter etapa é conhecido: “expansio econdmica” fundamentada in de exportagaio priméria e, por conseguinte, estimulo de modernizacdo, nas ordens social e poli- to modernizador” se deu em fungéio de 1) 0 tipo de economia de exportacéo “ Gino Germant , em grande medida, a variedade e alcance das repercussdes stante da estrutura social. Novamente, no entanto, tais ‘ses estavarn limitadas ou expandidas, retardadas ou ace- a ago e orientacéo das elites. s0 econdmica baseada no tipo de producao priméria, ‘© caso de certes economiss mineiras ou de plantacées, atividades econdmicas, que representavam realmente dependentes do estrangeiro e relativamente isoladas mia nacional. Agui era provavel que surgissem uma so- uma economia “duais” tipicas, caracterizadas por uma, a clivagem entre os setores “arcaicos” e os “moderniza- ‘A modernizago social podia afetar alguns aspectos rtamento e instituigses em algumas éreas restritas © ns grupos mais sociais — usalmente os estratos mais ss © médios dos centros urbanos ou, com maior freqtiéneia, ates”. Nao obstante, algumas orientagGes bé- invaridveis ainda nesses setores, coexistindo sintomas manifestos de modernizagio. es paises em que a economia de exportagio priméria pelo menos induzia indiretamente, a participacio de jores de populacio a nfveis ocupacionais baixos e inter- ocorreu uma expansio do mercado interno e/ou al- ito de “dispersio”, assim como outros processos (0 social, a um ritmo acelerado e com anterioridade or foi restringido. Em compensacéo ocorreu ibuidas de ideologias modernizadoras, © proceso pelo menos até 0 méximo ‘8 colocados por outros fato- Sociologia da Modernieactio 4“ em tipos intermediérios que abarcaram atividades relativamente “encapsuladas” e segregedas do resto da economia e da socic- dade, até atividades mais dinamicas, que exerceram um impacto sobre uma considerével proporeio da populagio e que afctaram uma gama mais ampla de grupos ¢ instituigdes sociais. ‘Na quarta etapa, o principal impacto externo foi constituido pela Grande Depressfio, que forgou a industrializagéio em toda a América Latina, Esta tendéncia se viu mais reforcada ainda pela Segunda Guerra, Mundial, e pela interrelacio com os fatores internos surgiram importantes foreas sociais e novas atitudes fa- vordveis ao “desenvolvimento para dentro” através de uma in- dustrializagiio deliberada e, mais tarde, pela planificacio nacio- nal, A industrializagio dos anos 30 comegou, na realidade, na maioria dos casos, nfio jé como um processo deliberado ou pla- nificado, mas sim como um processo forgado, imposto pelas no- vas condigées criadas pela Grande Depressi e seguidas, logo de- pois, pela Segunda Guerra Mundial. O crescimento industrial e © ritmo consideravel de desenvolvimento econdmico, que carac- torizaram a maior parte dos paises latino-americanos na década de 40 e primeira metade de 0, pareciam terminar em uma inter- rupgfio ou, pelo menos, em uma diminuigéo notével nos anos que se seguiram. Ainda quando a industrializacéo em alguns dos pai- ses mais adiantados foi mais além da etapa de substituigio de is de consumo de importagiio, * apareceram outros obstdculos atrasaram tanto o desenvolvimento industrial como 0 de- wolvimento e a modernizagsio de outros setores da economia. is obstaculos, que em parte refletiram as novas condigdes cria- pelo creseimento industrial anterior, foram relacionados por ‘observadores como tendo caracteristicas eristalizadas na ina otapa, @ que seguiram persistindo na quarta, unidas & idade das sociedades latino-americanas de introduzir as as estruturais necessdrias, Uma vea mais, isto pode ser Gino Germant tado como determinado, direta ou indiretamente, por um ‘0 de fatores internos ou externos. °° 70 proceso importante, tipico da quarta etapa, foi a ur- fio, que ocorreu de maneira extensa e rapida e foi o re- de outra combinagéo de fatores internos e externos: por a oxplosiio demogrdfica, conseqliéncia dos efeitos mo- res da terceira etapa (introducéo de tecnologia sani- Jeve melhoria das condigées de vida das massas); por da economia de exportagio priméria, a persisténcia, io bastante desigual da terra e (até certo ponto) a la de mio-de-obra industrial, A urbanizagio esteve, evi- fe, relacionada com as grandes migragées internas. Ora, jentos de populacéo devem ser considerados como um as- outro processo crucial: 0 processo de mobilizagiio so- Como se indicou no quadro a seguir, a mobilizacio social ut na terceira etapa (como um dos aspectos dos “efeltos tes”), mas alcangou uma escala de massa durante a ipa. E foram suas causas, em parte, as mudangas obje- lentais mencionadas anteriormente (explosio demogré- da economia primaria, comeco da industrializacSo). Mas internos: mudangas no clima ideolégico (tanto no mal como no nacional) e amplas inovagées nos agio de massa durante 0 periodo. Na medida 's da populacio estiveram aptos para a par- Soctologia da Modernizacdo 6 como resultado dos processos de mobilizacdo em massa corridos depois de 1930, Isto 6, as classes médias, ou parte delas, deixa- ram de ser fatores de mudanca para a modernizagio e se con- verteram em fatores de estabilizacio (veja-se a segéo seguinte). ‘Também intervieram outros fatores, exdgenos e endégenos, que complicaram singularmente a situagio, agrogando novas inflex!- bilidades ¢ levando em muitos casos & interrupgiio ou & regressfio no desenvolvimento econémico ¢ na modernizacso politica, Entre tais fatores devemos mencionar: a) os res{duos sobreviventes, ivos, das antigas estruturas de poder, tais co ria e certos segmentos da Tgreja (a Igreja omo foi chamada,) e grupos das forcas armadas; b) as limitagdes (de ordem. psicocultural em parte, mas sobretudo originadas em fatores estruturais internos ¢ externos) das “bur- ‘guesias pacionais” no exercicio de uma ac&o coerente ¢ eficaz em favor do desenvolvimento econdmico; ¢) a persisténcia do inter- yencionismo militar. Este fendmeno deve ser considerado como uma caracteristica intrinseca da “cultura politica” latino-america- na que se viu muito reforcada por fatores exdgenos. Sua apari- ¢éo deve ser explicada em termos histéricos, mas sua sobrevivén- cia se produz por meio de mecanismos similares aos que man- tém em vigéncia toda pauta cultural: a pauta da intervencéo mi- litar na América Latina chegou a transformarse em uma “con- tranorma” com vigéncia crescente. Isto significa que, se por um Jado a “norma ideal” e as atitudes e os valores “manifestos” insis- tem em condenar a participacdo das Forgas Armadas na direcéo politica do pais, também existe uma “contranorma” empirica- mente vigente (nas atitudes e expectativas de politicos ¢ cidada militares ¢ civis por igual), em itar faz parte das “regras do jos politica, Durante largos perfodos a “contranorma” da intervengao Ode permaneeer latente, como ocorreu na Argontina, no Brasil “6 Gino Germant ‘esentar um fator monolitico operante de maneira coerente Ima 86 direcdo, é dificil por em diivida que setores poderosos iedade norte-americana tenderam a reforear a rigides man- 7 fatores internos, em oposig&o as forgas favordveis & in- fio de reformas realmente significativas, 'ssos desta natureza se encontram na origem da instabt- litica que caracterizou a quarta etapa, assim como as jes reeafdas no cfreulo vicioso constituido pela sucessio ntos abortados de se formar governos constituctonais do- de regimes representativos, e IntervengSes militares, igual- ¢ fracassadas em seus propésitos reformadores, renovado- nodemizadores”. Falase de “recaida” pois, swperficial- ata-se de processos andlogos aos golpes militares como io limitada ou ampliada, Amitide, a crise de parti- — que, na quarta fase, sempre implicou setores das clas- em alguns paises representava o transito para a total da populago — desembocou em novas formas regimes “nacionais populares” (e, em um pais — em um regime socielista). novas formas — enquanto se mantiveram no poder \cdo politica ¢ social se estendeu de algum modo aos ppulares, embora com mecanismos distintos dos verifi- modelo convencional da “democracia representativa”. intervengiio das Forcas Armadas — embora longe com uma orientacio coerente — pareceu mais yperar como instrumento de “desmobilizacio” dos se- "8 Yecém-mobilizados.** A reitera¢io das inter. niio deixou de reforgar a “contranorma’” cor- a a emma pre Sociologta da Modernizapdo a trito dos militares, Mais ainda, emergiram novas ideologias ten- dentes a atribuir um papel positive & atuacio politica direta das Forgas Armadas e 208 regimes militares. Tais ideologias teriam sido inconcebiveis durante a terceira etapa, dominada pelo libe- ralismo como norma ideal. Como é natural, dada a incoeréncia das orientagdes militares e os conflitos que caracterizam a quarta etapa, essas expresses ideoldgicas, justificantes das intervenedes militares, foram freqilentemente contraditérias. Talvez tenham sido dois os micleos ideolégicos mais importantes das “novas” formas de intervencionismo militar. Por um lado, a ideclogia da “fronteira ideolégica”, segundo a qual o papel das Forgas Arma- das no consistiria apenas na defesa das fronteiras geogrificas, mas também na defesa das fronteiras ideolégicas, isto 6, de corto status quo, Aqui-é evidente o impacto da guerra-fria ¢ a influén- cia de setores de poder — militares e civis — dos Estados Unidos, operantes em combinacdo com fatores sociais internos dos pafses a regio, igualmente interessaclos em evitar reformas substan- is que pudessem prejudicdlos. Por outro lado, alguns setores, Forgas Armadas como isto €, capazes de cum- prir um papel positivo na eliminag&o dos obstéculos ao “desen- volvimento econémico” e na superacio da estagnacio. Aqui a influéneia externa foi exercida em forma de “modelo ideolégico”, jal como o “nasserismo” ¢ outros exemplos de ag&o moderniza- dora nos paises do Terceiro Mundo. im termos gerais, podese dizer que a interacio dos fatores cexlernos e internos, na quarta etapa — atualmente em curso — se por um lado produziu efeitos modernizadores, por outro esti- lou certos fatores de resisténcia ou estabilizagao. ‘ais efeitos 6rios se manifestaram no plano politico em termos de idade ¢ intensificagdo de tensdes © conflitos. civis e militares, perceberam o papel 7, Os “efeitos estabilizadores” da modernizactio como possivels atores de atraso nas mudaneas futuras ea natureza dos “efeitos 4 Gino Germant ue ela continha também certos “efeitos estabilizadores”, Em ‘S palavras, mesmo quando foram conspicuos e difundidos, feitos modernizadores” ndo conseguiram incorporar os me- mos apropriados e suficientes para a “mudanca auto-susten- na ordem social, econémica ¢ politica (isto 6, de um tipo wudanga capaz de se realizar sem profundas rupturas do sis- social, ainda que © modificando). Um bom exemplo deste sso 6 a tendéncia a perdurar, dentro do mareo da economia ‘portacio primérie, mesmo ainda em um momento em que anto mais racional, como factivel, empreender um deliberado ‘0 para reorienté-lo em termos de industriallzacio e diversi- setor primério, em um nivel tecnoldgico mais elevado. dade desta reorientacio se deu de forma pronunciada etapa © nos maiores paises, assim como naqueles onde 1odernizadores foram mais fortes. Ainds assim, com mais favordvel, o impulso para a industrializacéo até a década de trinta e 36 foi gerado por um impacto Em termos do marco analitico sugerido em uma seco um momento determinado, durante a terceira etapa, A “um ponto de deciséo” no qual havia duas alternati- m escolhidas: procurar uma politica de industrializa- da com uma reorientagao em termos de produtividade ‘ago apropriada do setor primario, ou simplesmente no velho camino do “crescimento para fora”, mes- este tipo de crescimento havia deixado de ser vidvel. eo para este © outros fracassos semelhantes pode em um complexo de fatores endégenos e exégenos Sociologia da Modernizagio “ interelacionados que poderia ser denominado de “‘sindrome da xpansio para fora”. Seria bom mencionar, entre muitos outros, dois de seus aspectos: em primeiro lugar, embora implicasse im- rtantes componentes dindmicos, estes nfo bastaram para pro- ir mudancas em certas caracteristicas altamente estratégicas ia estrutura social ¢ eliminar obstdculos endégenos ¢ exdgenos. gundo lugar, algumas das estruturas modernas parciais intro- s na terceira etapa tenderam a funcionar mais como estabili- s do que como fatores dinamicos. Alguns dos paradoxos mados com os paises latino-americanos derivam deste fato, precisamente onde os “efeitos modernizadores” pareciam fortes e difundidos, a estagnagio e o atraso tenderam a © progresso para etapas ulteriores depois de haver alcan- im grau de moderizac&o bastante avancado, freatiente- te emn ritmo acelerado. Embora, em termos de estagnagio, conseqiiéncias $6 se tenham tornado visiveis na quarta etapa, no “sindrome de expansio fora”. Por outro lado, na quarta etapa se agregaram novos 's establlizadores”. Uma de suas caracteristicas comuns ito de que tais efeitos siio, na verdade, parte das conseaitén- tegrantes da modernizagio social. Sd “estabilizadores” levam & incorporagéo de novos grupos no setor mo- termos de pautas culturais, tipos de consumo (ainda baixo nivel), relages sociais, aspiragbes e espe- icipagdo politica e outros aspectos do comportamento. analisar como estes “efeitos (ou melhor ainda, “me- ) estabilizadores” desempenharam um papel obstacull- modernizagéo futura. Simplificando, poder-se-ia dizer ma diminuir 0 potencial de inovagéio (nas esferas politica ¢ social) dos grupos emergentes e recente- porados (de nivel sécio-econdtmico médio e baixo, nas s). As vezes, permitiram sua alianca virtual com ressados em manter o status quo. Em outros ca- ar aquilo que poderia ser uma fora, social ¢ econdmica, em uma oo Gino Germant nar aqui trés dos efeitos estabilizadores principais. Em lugar, referir-nos-emos a0 aparecimento ¢ ao crescimento ies médias urbanas, Como se ver proximamente,* po- jervar que estes grupos se expandiram na América Latina tamanho esperado, tomando-se como base o nivel de envolvimento econdmico @ outros aspectos da modernizagio ssta. comparagio se faz tomando como critério a experién- tal). Embora o aparecimento dos estratos médios ti io habitualmente considerado como um fator favorével a modernizagio, na atualidade se reconhece que, uma vez setores aleangam certo grau de participagio social e po- iminuem consideravelmente em sua propenséo reformista la em vaio sendo mais absorvidos pelo sistema, Assina- aqui que, no caso europeu, esses grupos se originaram no lo compreendido entre as duas guerras, 0 que constituiu @ mpressionante “ruptura’” do processo de modernizacao ocor- agora. Evidentemente néio pode ser negado que 0 apa- oe © crescimento destes estratos 6 um dos aspectos is da modernizaciio social. Mas os episédios fascistas mos- que, em certas condigées, tais estratos podiam operar isliculos poderosos para uma futura modernizacéio © até jer causa de involugéo. certo, néo obstante, que, na tina, em geral, as classes médias néo tenham engen- movimentos de massas do tipo fascista, embora se tenham rias tentativas de mantpulagio nessa dirego. Mas aléncia e ineficiéncia polftieas chamam, sem dtivida, speito de sua situacto estrutural ambfgua, pelo terminados periodos durante a transi¢éo.™ iogia da Modernisacéo a ‘A migragdo interna de massas nos oferece o segundo exemplo rtante do mecanismo estabilizador. Outra vez encontramos um processo que néo 6 exclusive da América Latina. Sabe- muito bem que, na Europa, a migragéo de massas para 0 perou como um “vélvula de seguranca”, durante 0 sé XIX, Esta fungio “latente” da migracio como “substituto evolugio” no foi na realidade to “Iatente”, jé que nio fal- m dirigentes politicos que usaram deliberadamente de tal ra diminuir a presséo da classe baixe. Este importante: > “secundério” da migraco ruralurbana (e até mesmo de quer migragio interna) néo é usualmente reconhecido na Amé- tina, Muitos, principalmente os conservadores, concebem io urbana” como uma ameaga ao status quo, ou como: mento do potencial para a revolugio social, Mas, na ‘a migragéo advinda de regides mais atrasadas tende a. ‘em termos seletivos, proporcionando uma safda precisa~ ra os individuos mais ativos e potencialmente “perigo- partir de uma perspectiva conservadora) dentro da po- Podleria argilirse que este potencial revolucio- ido aos principais centros urbanos, ou seja, no onde se radica o poder politico da nagio, No novo arse muito mais perigosos para a estabilidade Nao obstante, 0 processo real é bastante dife- jedade urbana funcionam outros “mecanis- 08 novos setores urbanos, recentemente incor- hegar a estar disponiveis para a participagio xe em diversas oportunidades) e originar as freatientemente ameagadoras para o status 0, Mas a experiéneia do perfodo posterior & indica que esses sctores urbanos se sa- reformas parciais que implicam em me- om relagio ao seu padrio de vida, como Gino German ‘ioclologia da Modernizagaio 2 em relagio ao nivel de participacio politica ou sindical. a tais melhorias paream ameacadoras para os conserva menos argutos, operam de fato como fatores de integra : potencialmente interessados em tais reformas, acabam absor- 3 © canalizados por reformas setoriais mfnimas, a possibili- io do transformagées mais significativas se vé muito reduzida, menos tomporariamente, Os efeitos contraditérios da mo- jzagio parcial podem ser percebidos agora com maior cla- . Por um lado, tais efeitos so considerados positivos, j4 que ‘tituem um progresso real ¢ uma melhora na qualidade de de alguns setores da populagio. Nao obstante, se se produ grau de modernizacdo social antes da introdugio de outras ‘as importantes e necessérias, os prdprios melhoramentos m por operar, indiretamente, como obstéeulos para um pro- maior, Uma determinada seqtiéncia dentro dos processos nies est retardando toda a transicio, wecerla que uma andlise detalhada da configuragio estru- ‘aye surgiu durante a presente etapa de “mohilizagio social deveria ajudar a identificagéo dos obstéculos a0 iento, velhos € novos, e para esclarecer o significado tos de decisio” ¢ as alternatives possiveis defrontadas ‘agdes presentes da América Latina. le modo semelhante com o que ocorreu com os estratos mé- durante a terceira etapa. Por outro lado, muitos observado- \eidem ao sugerir outros mecanismos estabilizadores simi- , Por exemplo, vinda para a cidade geralmente implica j ra das condigdes de vida, pelo menos para as pessoas : em zonas muitos pobres do pais. E isto pode também. ado no caso do desemprego ou pobreza na cidade, Em 's, & marginalidade urbana opera como um neutraliza- izagko politica, especialmente através da transferéncia jas rurais para @ cidade, que tendem a se manter relati- passivas aos setores recém-imigrados, almente, outro poderoso mecanismo estabilizador propor- mobilidade social, Mesmo quando ainda o imigrante ur- m menos possibilidades de mobilidade que as pessoas na cidade, qualquer oportunidade a seu alcance serd erior a8 possibilidades que poderia ter no seu lugar Kvidentemente, ainda esta por se estabelecer du- nto tempo tais mecanismos continuardo a ser efetivos. que com 0 tempo desaparegam. Mas, até 0 momento, 10 © potencial revolucionsrio nos setores baixos da recentemente mobilizados, pela qual estes mecanismos estabilizadores podem @ em Obsticulos para mudaneas ulteriores reside no no nivel de modornizagio alcancado pela América » 6 provéivel que certas reformas significativas sejam los grupos hegeménicos da sociedade nacional que se exerca uma pressio poderosa e de que menos se beneficiam do status quo e que m a ganhar com tais reformas. Mas se estes gra: ETAPAS NA MODERNIZACAO ECONOMICA, SOCIAL E POLITICA DA AMERICA LATINA ECONOMIA SocrEDADE Pourrica Z Economia regional isclada Jomiss | Sociedade tra. |-Predominio da economia de icaionizasso | dictonat subsisténcia |—Setor de exporiacio: poquans, pporém importante, ao mode Jar o futuro curso do desea ‘olvimento dependonto Beirutura tradicional —zstratificasio: Sistema dual (com certadiferenciaeio. in terna: © estrato local tradicio nal. intormediério) |-Sistoma da “fozenda” (como| uunidado eoonémlca e social | ‘como centro de autoridade) |Demografia: Alta taxa do mor ‘alidade © netalidade; cresc monto natural inozistonte ou] muito balzo; concentragéo ur. ‘bana muito reduslda 1 lcoverno Cotomat Jpecctaes = Irranstedo para « expansdo eco cases © |comego da ais-|nomioa dependente ssecex: [clued da so-|-Parsistencia da economia do| fcieaade tradt| gubsisténcia e do_isolamento clonal regional, com alguns sinais Snlelantes de um mereado in terno limttado |—tivre comércio , em alguns| ‘asos, primeira onda de ores feimento da exportagio prim Ba Supsisteneia da ordem tradicto nol Cembora se verifique desen- Jeadeamento de fatores desinte loradores) |—Bsiratificapdo: auséneia ou re duzidamudanga “no sistema] “dual”, mas subststuigdo de 25 pankéis por erioulos; surg mento do wma elite urbana| muito pequena, porém dinami- ‘camente importante. Covta mo bilidade de “iatoresmbio” de vida a revolugdes, querras ci vis e de libemgeo Jrentatioas ¢ fracassos para es} lanetecer um estaclo nacional moderns ©, 8, 4) |cuerras de indepenaéncia e re otupses J—Independéncia formal e tenta, tivas para organizar um os ado macionel moderne gover ‘nado pela elite urbana, ECONOMIA SOCIEDADE POLITICA + Em espenhol, ites independentistas”. (N. do T.) —Persistencia da tazenda como] ‘uma instituigSo cconémica, so cial © politica fundamental —Sociedades locals (e regionnis ‘administeagéo colonial Para mals de 90% da popula ‘qo, persisténcia do modo de| ida, tradiefonal |—Algumas tentatives iniciais de ‘modernizacéo (em centros ur anos, pelas elites que busca 3 lancrauia e caudituiemo | Elites urbanas educadas (“ivi Uzacdo") x caudilhos, ¢ esire| tos batxos © ignorantes (“bar| ‘arle") |_Democracia “inorginica” con ‘raposta’& “aristocracia i ‘minada” | tendéncias cenirifugas. Cau ‘dihos locals “perifericos” ef regionalismo |swtocractas unificadoras | tniticagio nascente sod a é¢t ‘de do governo de um caudi| 2 es |-coractoristicas gereis das sub- etapes 3 e 4 ) Independéncia formal, mas| sem fdentificagio nacional, exceto pela elite 1) “Oligarquia” (intoresses 1 Litundiarios e setores associ fos): Mantendo ¢ aumentar-| do 0 poder econdmico © 50+ ial: 1) na maioria dos casos} or melo dos caudlthos; 2) fem alguns exsos mediante o| eoverno politico direto (ve} jase Btapa V) rarores | PRINcIPAIS . Se 3 ECONOMIA SOCIEDADE POLITICA Exreaxos |“ ETAPAs comepo da |Formacio dos partidos pol solugdo da 20 tices. "tradicionsis” (partido| ciedade trast. de “tanulias” ¢ “notévels";| tonal (cont) conservadores x Uberais, fede} lzconomia priméria de exporta| sociaade dual|pi expansdo dependente “o| 2 "expasio para fora” ites —Diterentas graus de modernize, do da produgéo priméria} (Diantagies, agricuitura, gado] sings) |—savotugio da “fozenda”” trad] Zoestriation. ional paternaliste pera for| (io sranceda mas modernas de empress, de paises aa |txtensio gradual do mercado| interno "Bfeitos modernisadores” tii tados e “expansdo econdmica” |—rrimeira onda de modernize ‘¢l0 social limitada (com al ‘cances ¢ frogiléncla que depen. dem, om cada pais, do tipo do “expansiio econdmica”) “puslidade” resultante -Cidades “primates” (tooos de| “‘modernizagio limiteda’) j—Mudancas urbanas: Apariglo de estratos médios rallstes x unilérios etc. (todos| estes partidos. “oligirquicos”| com diferenciagio restrita ou| ‘lo Sdeolégiea) |_xenhuma mobilizagio politica © participagio de masses, sal vo a patticipagio “tradicional” sob 0 sistema do caudillos populares ou de “clientela”. lorganizagais nacional ¢ orise ae. participagao das classes mé dias C4, 5, 6) lt» Caracteristieas gerais: |orgnntzaego estatal ractonal} buroerdties. Centralizagio.e| feontrole crescente do terra} Ho nacioral |Profissionalizagto do exéreito la» Carnoterssttoas varidvets: |—caracteristicas do regime po litico, nivel e cardter da part clpagio: trés possibulidades se en i J—cem alguns paises: prime onda de industrializacio, es treltamente vinewlads & produ ‘eo primdria) |eonomiss ducts: Fortes clivagens internee: 1) urbanosural; 2) centro @ pert| feria }—Capitat estrangeiro, Imigracto| estrangeirs (poucos paises) ‘Alianga, entre interessas dos latitundiérios © os inte esses estrangelros [—infiuéneia briténiea |InversGes em capital social (fervovias, comunicaptes © ser ‘urbanos das eidades “primates”; educagio @ salu bridade nos paises mais aven | s2dos) "Grande demora” na indus, ‘ialimefo “(nos palses mais avangados) SOCIEDADE Em elguns paises, onde de formagao de um pro Ietariado urbano moasrno J—tnicio da-mobitisapdo social primeira © articipagio “modema"| (grande variagio entre os pat s0s de um ritmo muito lento ara um muito répido; de} luma_proporgio populactonal ‘muito reduzida “para ual ‘muito olevada) Demogratia: J-Na storia dos passes: per sisténcia da alta fertiltdade| tradicional e infeio da queda| ds taxa de mortalidade. ‘evel aumento na taxa de oresct mento [im alguns paises: avanco mais zépiéo da. trensigio do. mogrifica; maior queda da rorlalidade seguida pele que’ a da ferltdade Em alguns paises: imigragio) estrangelra am massa J—aumento na concentracio ur PoLirrca mundo o slcance da. moder: iérias; incluido o trinsito a, eto par a subetapa Te 04 d)| Conttmuagio do patria de aut, eracia unificadora Cinterrompida| Jpela crise de sucesso, tentati| vas de democratizagto — roca asm eutooracia) J—tntervengso militar como me; enismo ‘quase-instituetoneliza | do de sucesso politi (tipo| a) JDemocracie representativa com |particinagao tiattada (poder po; fitico "monopotizado pela ol arquia): “Perticineeio “moderna” tim tada na drea “central”; pri idcdios da formagio dos par dos “de massas (popalistas,| | rarores EXTEENOS PRINCIPAIS ETAPAS SOCIEBADE POLITICA Soniedede dzcll —— rz fora” (cont) bana ¢ alia urbanizagio (em| alses do imigragio strange ray Duatiaaae: |-coexisténcia do padrées “mo- ‘deros” © “tradieionais” (mo difleados) (nos niveis. goog eo, social, cultural e° psieo- égieo) J—cooxisteneia, na esinutura so} cial, da grupos e setoree “mo demos” e “arcaieos”. Coonis léncia do caracteristicas ar caieas e modernas daniro das ‘mesmas instituig6es, grupos ou eategeriss da populagio, Soexistencin de atitades e com pportamentos aroaico e moder no mos mesmos. individues Fortes difecencas e contrastes ‘entre um “centro” © “perite-| la” deniro de cada pais. Cen tro: altamente urbanizado —| usualmente primazia da cid fe capital —, modemo, desen-| volvido; zeriferia: subdesen-| volvida’ e’arealea. Coutrastos,| em termos de aumento, entre} © campo e a cidade com fortes componentes dal classe metliay |rstabaidede ou com alguns 28805) possivel continuagso do| ‘ipo de intervencéo militr| brévio Ce"), modifieandose Interveneona crise da par tificagio da classe média (ti po de intervengéo militar *) Crises 2 participagio aa elas se média Cutendo por mal maior partielpagio) |-Democracia representative com| Jnarticinactio ampliada” (regimes Jae classes médias, mas coexs| téccia ©, treqiientemente, allan Joa smptcita com a oligarquiay J-Aumento da participagéo po. Utica “moderna” (extensio. primeira cnda do proleteriado| urbana modemo, nas ézees| “centrats"), suryimento dos) partidos dé massas modernos| | tdeclogie: préPrimaize Goer ‘ra Mundial? “velnos” partie! PRINCESS FATORES ‘ ETAPAS EXTERN! ECONOMTA SOCIEDADE POLITICA —Morginatiaede: grandes soto es da populapio na periferia © (parciaimente) em _ éreas| centrais em um estado del arginaliaade eoondmica © po- litiea. Diferentes gratss © tipos| marginalidade ‘oloniatismo interno” =. Pe et cee [EP ESP laxcninzogto 20) mento “pore dentro”: eee Geer jeled de massas)_nyesotuglio do mercado inter-| = eee See era ee = |Dissotugéo da economia pri mira |quoda das téonieas de inter ‘cambio | |industrintizagso_nioplaniticn | da (as veass mio. desojada)| . ‘transformandoe (depois da| Segunda Cuerra Mundial) em| Industriatimagio. promeditada. aumento no ritmo e aleance da movitisagéo social J-Urbanizagdo ditundindose « fem aumento J-Migragses internas de massa {pre1900, alguns pies; pée- 1990, todos os patses) |—aumento aicional dos estra ‘os médios (urbanos), impor, tincia dos empregedos © clas se média depencente. Sctor empresarial industrial da “No va Goragio” populistss com ideologias ne: cionabliberais. Pos-rimeira Guerra Mundial: formacdo del “novos” partidos politicos po- pilistas: Enfase sobre a justi (a sociat |Estabitidado, salvo nas erises de. participacio das classes| ‘méaias. CIntervencio malita| do tipo “bt em favor do am ‘bos a8 lados) |—Consciéncia nacional de “clas ss médias” Irransigaa para a participagdo| total © erise de partieipapto das| etasses baizas |—atobitizacto politica dos es} trates urbanos inferiores «rat gragio ruraburbana; surgi mento do “novo proletariado” Aisponibilidade “de setores| cemergentes) [Novos partidos _populistas:| ‘movimentos populares naci- vals” —Sindicallzagio com interven ‘gio ou lideranca do Estado FaToRES EXTEENOS Economia SOCIEDADE —rranstgdo demogrdjtea (em al sas” sobreviventes de econo} miss de subsisténcta), (Dife rentes graus de extensio, se undo os diversos paises) |_2stognagio eoonémica (éopots| do desenvolvimento da inde ‘ria do bons de consumo | avancada substituigio de im portacdes) |-inttacko. Novos problemas eco, nomicos |-Persisténcia dos tatifindios e| problemas relacionados com o| sistema de posse da terra (a}| ‘guns esforeos. Limitados em prol de ume reforma sgréria| sob regimes demoerdtico-re presentativos) guns pafses: queda persisten| te da tama de mortalidade | aumento da taxa de natalide| de; em paises mais avanga| dos: queda da tara de natal} ade). Na reaioria dos paises: ‘explosdo demogréfion |—rérmnino das imigragdes es} ‘trangetras européins J—algumas migragées internacio, ‘nals (dentro da América Lat a) |—Cotonislismo interno” (aim ‘muigéo em termos_relativos,| ‘aumento om cifras absolutes)| |—pitusto da mobitizacio social (wom graus e extensio de| “marginalidade” varidvels per sistindo ainda; coexisténcia dal “sooiedade de masses” e dol “marginalidade") POLITICA |—Bxtensio de direitos sooiats —| ‘seldrio minimo, previdéncia so- ‘lal eto, — aoe trabalhadores| ‘urbancs (apenas parcialmente efetuada) J—Predominio da_“

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