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MORALIDADE E ETICIDADE (ÉTICA DE KANT E HEGEL)

Publicado em 27 de janeiro de 2013

justica

Desde a antiguidade a Ética e moral são assuntos que estão presentes nas discussões de
grandes filósofos. Esse é um assunto bastante comentado no âmbito da filosofia e bastante
popular também entre os menos doutos, pois trata de questões que estão presentes na dia a
dia das pessoas. Todo indivíduo que vive em sociedade lida com questões referentes a Ética,
ela é algo que está intrinsecamente ligada a vida dos sujeitos conscientes. Grandes
pensadores, não só da antiguidade, mas da história da Filosofia como um todo, se tornaram
conhecidos por se debruçarem sobre a Ética nas suas obras, a exemplo de Aristóteles,
Nietzsche, Jeremy Bentham, Kant, Hegel, entre outros.

Já no período conhecido como modernidade, mais precisamente nos sécs. XVIII – XIV, Kant
(filósofo alemão, 1724 – 1804) desenvolveu várias discussões acerca da Ética, as quais
podemos ter acesso em algumas de suas obras como a Crítica da razão prática. Do mesmo
modo, Hegel (também filósofo alemão, 1770 -1831) desenvolve uma vasta reflexão acerca
deste tema. Ambos viveram praticamente no mesmo período histórico – apesar de Hegel ter
nascido posteriormente – mas a postura de cada um destes filósofos frente a este tema é bem
diversa. Mais que isso, ambas são quase que opostas, é possível perceber isso através da
crítica que Hegel faz ao tratamento que Kant dá a Ética.

Kant é responsável por formular uma Ética ou uma moral baseada no dever. Kant
historicamente é conhecido por ser um sujeito que primava sobretudo pela razão em suas
obras e acaba que o tratamento que ele dá a Ética também tendo esta característica. Kant
coloca a razão como o elemento que deve reger toda ação humana. Ele elabora um conceito
chave, o imperativo categórico, que é o reflexo desta razão absoluta, o princípio que todo
indivíduo deve seguir como base para as suas ações. Este tal imperativo categórico preconiza
que os indivíduos devem tomar suas atitudes de uma maneira que o princípio da sua ação
possa ser tomado como um princípio de ação universal, ou seja, que aquilo que o indivíduo
faça seja algo que possa necessariamente servir para todas as pessoas no mundo. E mais, que
essa atitude seja também necessariamente considerada boa em qualquer contexto histórico,
em qualquer tempo.

Hegel, por sua vez, é defensor de uma ética, também de cunho racional (o que já era de se
esperar de um filósofo), mas de princípios diferentes da Ética defendida por Kant. A Ética de
Hegel pode ser chamada de uma Ética contextualista, pois preconiza que o critério para avaliar
uma ação como eticamente correta está no contexto da situação que o individuo está agindo,
ou seja, é preciso avaliar outros elementos que estão dentro da situação e não somente a
intenção do sujeito, como defende Kant. Além disso, na Ética de Hegel é importante verificar
as consequências de tal ação para julgá-la, diferentemente da Ética de Kant que, estando
somente no âmbito da intenção já se poderia julgar a ação do indivíduo.

As críticas de Hegel a Ética kantiana são inúmeras, a exemplo de algumas que já foram
supracitadas. Enumerando estas críticas de Hegel a Ética kantiana teremos:
1 – Hegel afirma que considerar a intenção do indivíduo para um julgamento de ético não é
suficiente. Se o individuo agir sempre de acordo com uma boa intenção, ainda assim pode
haver más consequências e estas também devem ser consideradas para este julgamento ético.
Uma boa intenção e más conseqüências torna a situação de modo geral eticamente incorreta;

2 – Da mesma maneira, determinar regras universais (imperativo categórico) para reger as


ações dos indivíduos traz este mesmo problema. Imagine o caso do princípio universal de não
poder matar; se eu sigo este princípio de maneira absoluta, no caso de alguém tentar me
matar eu não vou poder revidar, meso portando uma arma e a minha vida estando em risco.
Ou seja, eu não poderia me defender diante de um perigo eminente de morte para mim. Esta
questão recai mais uma vez na problemática das consequências, estas devem ser
consideradas. Neste quesito Hegel defende que existe um direito a vida e que eu poderia sim
me defender. Deste modo, mesmo que eu mate a outra pessoa a minha atitude estaria
justificada, pois no contexto da situação eu decidi agir em prol do meu direito a vida, um
direito a defesa para garantir a minha sobrevivência.

No sentido destas primeiras considerações, Hegel defende uma Ética mais de caráter
subjetivo, mais de caráter contextual, voltada para o indivíduo dentro de uma determinada
situação e não de um indivíduo em um mundo como se fosse algo homogêneo.

3 – Hegel determina que é preciso considerar também a heterogeneidade do mundo e do


tempo. Ou seja, é preciso que se leve em consideração que há lugares e lugares no mundo,
lugares constituídos de uma determinada cultura, o que envolve hábitos e crenças. Do mesmo
modo, o tempo leva estes costumes e crenças a mudarem, então a Ética não pde ser estática
diante de um mundo que muda na medida do tempo. Há costumes atuais que são
considerados corretos e que podem ter sido considerados incorretos, então como estabelecer
o que é correto considerando toda a extensão do tempo? Hegel aponta uma solução para este
problema: As ações em sua totalidade devem ser avaliadas de um ponto de vista que
considere o local e o tempo em que elas são praticadas.

4 – Hegel também critica Kant no que di respeito a postura de Kant com a sua Ética frente ao
estado. Para Hegel, Kant não considera a existência do estado em sua Ética, e este seria o seu
maior erro. A partir desta problemática nós chegaremos ao principal ponto desta crítica.

Para Hegel a Ética envolve a relação dos indivíduos com o estado. Ela apresenta dois caráteres,
o primeiro é subjetivo e diz respeito a Ética pessoal manifestada através de cada indivíduo e a
segunda é objetiva e diz respeito a Ética do Estado, que diz respeito às normas do Estado, leis e
costumes. Pode-se comparar a primeira como algo mais voltado para o indivíduo e a segunda
mais voltada para o social, o conjunto dos indivíduos. A soma de “a+b”, ou seja, a Ética
objetiva mais a subjetiva formam a totalidade do Ética. Hegel dá uma importância muito
grande a esta parte objetiva, pois ela é responsável por moldar a natureza do homem,
proporcionando uma espécie de segunda natureza que ao homem necessária para que ele
tenha uma boa vivência em sociedade. Isto é as leis e normas da sociedade cumprem um papel
de preparar os indivíduos para a vida em sociedade. O termo “preparar” não seria exatamente
o mais adequado, mas é quase que o efeito que se tem. Este processo de preparação se dá da
seguinte maneira, as leis e normas funcionam como um meio de barrar as inclinações pessoais
provindas da natureza primeira dos indivíduos. Nesta primeira natureza os indivíduos se
comportam puramente por instintos, bem como quando nascem. Através do freio destes
instintos o indivíduo irá adquirir uma segunda natureza que é mais voltada para o social, para
o bem comum. Agindo de acordo com o que é determinado pelo estado (instituições sociais) o
indivíduo é considerado ético.

O principal ponto desta crítica a Kant é que, segundo Hegel, Kant fica somente no âmbito da
subjetividade pessoal e não considera a subjetividade social. Com isso, Kant leva a sua Ética a
inúmeros problemas, os quais já foram citados acima. Hegel pressupõe que considerando a
Ética do ponto de vista histórico e contextual estes problemas podem ser resolvidos, tornando
assim a Ética possível. Hegel usa termos específicos nesta sua crítica, diz que Kant fica somente
no âmbito da moralidade, do dever, da vontade subjetiva e que o mais viável é determinar que
os indivíduos ajam de acordo com a eticidade, ou seja, fazer realizar o bem de acordo com a
sua realidade histórica e de acordo com o que determina as instituições sociais.

Hegel rejeita o apriorismo kantiano, a idéia de que o homem nasce com a estrutura da razão, e
que é ela que fornece ao sujeito os princípios éticos que controlam sua vontade.Para Hegel, a
moralidade é a consciência individual, a reflexão sobre nossas ações- esfera moral, esfera
individual. Já a eticidade surge das relações interpessoais- esfera ética -esfera de coletividade.
A moralidade Hegeliana é uma forma de incluir a consciência –moral subjetiva, não sendo
subjetiva a ela. Uma vêz que não há lugar para a consciência moral subjetiva, não há lugar para
moralidade. É fácil notar que a teoria ética de Hegel não adere ao apriorismo de Kant como
acontece com a moralidade.

Segundo José Ferrater Mora , os termos ‘ética’ e ‘moral’ são usados, por vezes,
indistintamente. Contudo, o termo moral tem usualmente uma significação mais ampla que o
vocábulo ‘ética’. A moral é aquilo que se submete a um valor . Hegel distingue a moralidade
subjetiva (cumprimento do dever, pelo ato de vontade) da moralidade objetiva (obediência à
lei moral enquanto fixada pelas normas, leis e costumes da sociedade, a qual representa ao
mesmo tempo o espírito objetivo). Hegel considera que seja insuficiente a mera boa vontade
subjetiva. É preciso que a boa vontade subjetiva não se perca em si mesma ou se mantenha
simplesmente como aspiração ao bem, dentro de um subjetivismo meramente abstrato. Para
que se torne concreto, é preciso que se integre com o objetivo, que se manifesta moralmente
como moralidade objetiva. É a racionalidade da moral universal concreta que pode dar um
conteúdo à moralidade subjectiva da mera consciência moral.

Caracteriza-se pela efetivação da liberdade no real. É a moralidade concreta, não mais opinião
e boa vontade, fundamentando as leis e as instituições. É o conjunto da moralidade da família,
da sociedade civil e do Estado, acontecendo entre seus membros. Dessa forma fica
evidenciado no individuo a honestidade, honradez, inteireza e integridade. É adotado como
substância moral, não sou eu como pessoa, como no direito abstrato, nem muito menos o
direito da consciência, mas sim o direito enquanto Espírito real de um povo.

A eticidade, a fim de realizar a liberdade, percorre três diferentes tempos:

1 - Família – Como moralidade objetiva, imediata e natural;

2 - Sociedade Civil – Associação com o fim de atender carências, necessidades e dar fiança à
propriedade privada;

3 - Estado – consagração universal da vida pública.

Família

É a primeira unidade de união social, dá-se o reconhecimento do casamento como


uma união moral: é o reconhecimento do outro, e sua construção exterior está no sentimento.

A família tem sua realização no casamento, e seu desfecho são os filhos, a perpetuação da
família.

Podemos também dizer que a família se realiza nos seguintes momentos, casamento,
propriedade e educação dos filhos e dissolução.

Sociedade Civil

Acontece como agrupamento de seres privados, preocupados com a realização de suas


pretensões pessoais. Realizam então suas carências por meio das coisas no seu exterior, a
propriedade, riqueza, através atividade sociais e pelo trabalho. - Carências - tomamos as
carências em sentido amplo. Na proporção que o indivíduo sai do estado de solidão natural se
depara com novas necessidades inerentes ao convívio com seus semelhantes: São as
chamadas carências sociais. São parte do universal, comum a todos antes da associação.

O trabalho media a satisfação das carências no seio da sociedade. Neste momento só


acontece uma universalidade que é o Direito a todos da propriedade - reconhecido e mantido
pelo Estado. Para o cumprimento da lei, é necessário o reconhecimento coletivo. A violação de
um preceito legal não é apenas particular, mas uma transgressão pública, tornando-se perigo
para a sociedade, como um todo. Daqui em diante transcende-se a o particular, e constrói-se
uma unidade com a universalidade. O poder de policia tem por fim coibir a injustiça, proteger
os negócios coletivos e instituições voltadas para o interesse de todos.

A sociedade civil, faz surgir uma instituição de estrutura similar à família, dentro do
contexto coletivo: a corporação. Sua finalidade primordial é velar e realizar o que há de
universal no particular da sociedade civil. Quanto aos membros como partes da sociedade civil,
não têm interesses exclusivamente particulares, tem o dever de conduzir a vontade humana à
esfera do universal, ao Estado.

Estado

É no Estado que se dá a realização efetiva da eticidade. A liberdade realiza-se


plenamente, vindo tornar-se clara para si e consciente em si. Hegel afirma então afirmar ser o
Estado o fim último da razão, detentor de um direito elevado ao relacionado com o direito
individual, os componentes do Estado têm nele o mais alto dever. No momento em que as
pretensões particulares colidem com o universal temos a super posição da liberdade pessoal e
da propriedade privada como o fim último, substituindo os interesses universais. A contrario
senso a visão de Hegel é a vida coletiva e os indivíduos ali dentro passam a ter realidade,
moralidade e objetividade.
Imperativo categórico, o que é?
O imperativo categórico kantiano é o mesmo que moralidade, o age de tal
maneira que a máxima da tua vontade possa valer sempre, ao mesmo tempo,
como princípio de legislação universal.
Distingue-se da legalidade, ou do imperativo hipotético, dado que este diz
respeito a acções que são levadas a cabo por uma força de pressão exterior, de
uma pena ou de um prazer. O imperativo categórico não tem a ver com um
dever externo, mas com um dever interior.
Deste modo, a política está submetida ao imperativo categórico da moral,
através da ideia de Estado de Direito, que consiste precisamente na submissão
do poder ao direito e da submissão do direito à moral.
Para Kant, o mundo do dever-ser, da razão-prática, é o domínio da faculdade
activa, do agir, o mundo dos fins e do valioso, dado que, pela ética, é possível
ultrapassar o mundo dos fenómenos e aceder ao absoluto, à zona das ideias
inteligíveis, das leis morais, marcadas pela racionalidade e pela universalidade.
Aqui a forma, o a priori, aquele absolutamente necessário e universal, é o
imperativo categórico, o age de tal maneira que a máxima da tua vontade possa
valer sempre, ao mesmo tempo, como princípio de legislação universal. O dever
formal de realizar sempre o fim. Um imperativo categórico, também dito
moralidade, dado que a lei moral é um facto da razão-pura, um a priori, uma
regra que é preciso respeitar porque é precisa, algo que se impõe ao homem
categoricamente, uma lei que tanto vincula o Estado como os indivíduos,
consistindo na realização dos direitos naturais no direito positivo. Mais: o
imperativo categórico, a moralidade, distingue-se da legalidade
(Gesetmssigkeit) ou do imperativo hipotético, dizendo respeito à s acções que
são levadas a cabo por força de uma pressão exterior, de uma pena ou de um
prazer. Porque, os deveres que decorrem da legislação ética não podem ser
senão deveres externos, porque esta legislação não exige a Ideia deste dever, que
é interior. A legislação ética integra o móbil interno da acção (a Ideia do dever)
na lei. A política está assim submetida ao imperativo categórico da moral e toda
a ordem política legítima só pode ter como fundamento os direitos inalienáveis
dos homens, os chamados direitos naturais. Deste modo, o Estado de Direito e o
governo republicano, aqueles que são marcados pelos princípios da separação
de poderes e do sistema representativo, devem conduzir os homens para a
moralidade universal, para a constituição de uma república universal ou de uma
sociedade das nações. Nestes termos, porque os homens são sujeitos morais e a
moral é universal, eles são todos iguais em dignidade. Logo, o Estado de Direito,
que consiste na submissão do direito à moral, tem vocação para tornar-se
universal. Aliás, o direito tem a ver com o domínio da legalidade, da
concordância de um acto externo com a lei, sem se ter em conta o móbil,
enquanto uma lei ética exige moralidade, isto é, o cumprimento do acto por
dever. Pelo contrário, neste domínio da razão-prática ou do dever-ser, o a
posteriori, o elemento material, aquela percepção cuja validade se reduz ao
campo da experiência, é constituído pelos conteúdos concretos e históricos das
diversas interpretações do bem e do mal.

Para Kant, cidadania é o mesmo que autonomia, aquilo que permite conciliar a
ordem com a liberdade e que só pode efectivar-se através da subversão do
direito. É a submissão à autoridade que cada um dá a si mesmo, pelo que
importa rejeitar a liberdade sem ordem (anarquia), bem como a ordem sem
liberdade (despotismo). Porque cada homem é um fim em si mesmo e nunca
pode ser um meio que justifique qualquer fim que lhe seja alheio.
Assim, o contrato social constitui uma simples ideia da razão, um mero
princípio a priori, uma pressuposição lógica e não um facto histórico ou
empírico. Aliás, o “contractus originarius” não é o princípio que permite
conhecer a origem do Estado, mas como ele deve ser. Mais: o contrato social é a
regra e não a origem da Constituição do Estado; não é o princípio da sua
fundação, mas o da sua administração e ilumina o ideal da legislação, do
governo e da justiça pública. Nestes termos, proclama o contrato social como o
contrato originário pelo qual todos os membros do povo (omnes et singuli)
limitam a sua liberdade exterior, em ordem a recebê-la de novo como membros
da comunidade, isto é, do povo olhado como Estado (universi). Na sua base, há
um pactum unionis civilis que trata de organizar uma multidão de seres
razoáveis e de instaurar um ser comum, o qual constitui uma espécie do
imperativo categórico do político. Deste modo, o direito público é o conjunto
das leis que necessitam de ser proclamadas universalmente para se gerar um
estado jurídico. É um sistema de leis para um povo, isto é, uma multiplicidade
de homens ou uma multiplicidade de povos que, estando numa relação
recíproca de uns para com outros, têm necessidade, para poderem usar do seu
direito, de um estado jurídico dependente de uma vontade que os unifica, isto é
de uma constituição.
Logo, o Estado como república, como dizia Rousseau, é acção do todo sobre o
todo, o tal ser comum feito de uma multidão de seres razoáveis. É, nas palavras
de Raymond Aron, a colectividade considerada como um todo. Ou, para
subirmos à perspectiva de Kant, um Estado-razão, o tal contrato original pelo
qual todos os membros do povo limitam a sua liberdade exterior, em ordem a
recebê-la de novo como membros da comunidade, o povo olhado como
universalidade.
A moral objetiva seria transcendental, ou seja, eterna e vinda de um ser superior.

A moral subjetiva seria a moral pessoal, a moral de cada um.

Não há dúvidas de que a moral subjetiva existe, uma vez que todos nós temos padrões morais
estabelecidos mesmo que discordemos uns dos outros.

O que se discute é a existência ou não da Moral Objetiva, transcendental, vinda de um ser


superior.

O problema é que se a Moral é meramente subjetiva e não há uma Moral Absoluta(Objetiva,


como você diz), então na verdade não há uma moral de fato, já que é somente um processo
que nós mesmos criamos e não faz sentido obedecê-la ou não(afinal, o errado e o certo não
existiriam de fato, seriam apenas produtos de nossa cabeça).

Então o que vejo é o seguinte: Se há uma Moral Absoluta, faz todo sentido que discutamos
sobre moral. Contudo, se não houver uma Moral Absoluta, então nem mesmo existe uma
Moral a ser seguida, fazendo qualquer discussão sobre esse assunto ser uma completa perda
de tempo.

Consegui explicar direito? Qualquer dúvida basta perguntar novamente


Ética

Saiba o que é ética, definição, código de ética, conceito de ética e links relacionados

ética

Ética: valores morais e princípios sociais

Definição

O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um
conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética
serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém
saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está
relacionada com o sentimento de justiça social.

A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto
de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma
sociedade e seus grupos.

Códigos de ética

Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo,
sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode
desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de
pesquisas biológicas é denominada bioética.

A ética em ambientes específicos

Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética
de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica,
ética profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética
jornalística, ética na política, etc.

Antiética

Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético, assim
como o ato praticado.
Significado de Eticidade

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O que é Eticidade:

Eticidade é um substantivo feminino que expressa a qualidade do que é ético e moral,


caracterizando alguém que age dessa forma.

A ética pretende dar um fundamento às exigências morais (ética pura e normativa),


estabelecendo por si mesma as leis que terão de determinar a conduta moral da vida pessoal e
coletiva. Neste sentido, o seu papel é muitas vezes demonstrar de que maneira é possível
superar o relativismo ético.

Na Antiguidade, os representantes da reflexão ética foram Platão, Aristóteles e os estoicos.


Nos tempos modernos Kant e Fichte e na época contemporânea foram Nietzsche, M. Scheler,
N. Hartmann e A. Schweitzer.

Princípio da Eticidade

A eticidade consiste em um dos princípios fundamentais do Código Civil de 2002. Este princípio
tem como consequência necessária o princípio da boa-fé objetiva, e significa que os indivíduos
devem agir em boa-fé nas relações de caráter civil.

Juntamente com os princípios de operabilidade e sociabilidade, o princípio da eticidade


constitui um pilar importante do Código Civil Brasileiro, porque atribui valor à dignidade do ser
humano. De acordo com esse princípio, um indivíduo deve ser íntegro, leal, honesto e justo.
Isso significa que qualquer atitude que vá contra o princípio da eticidade deverá ser punida.

A eticidade, sendo uma das características do código civil, garante que ele tem "sustentação
ética", porque reconhece e valoriza a probidade, a solidariedade social e outras qualidades do
ser humano.

Hegel e eticidade

De acordo com Hegel, a eticidade também pode ser retratada como "moralidade objetiva" ou
"vida ética" e expressa a verdade de dois conceitos abstratos - o direito e a moralidade.
Segundo o filósofo alemão, a concretização, limitação e mediação da liberdade constituem o
âmbito da eticidade, e a fim de realizar a liberdade, está presente na família, na sociedade civil
e no Estado.

O significado de Eticidade está na categoria: Geral


Os termos 'Ética' e 'Moral'

The terms 'ethic' and 'moral'

Eduardo Dias Gontijo*

Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil

Endereço para correspondência

RESUMO

O artigo trata da questão da aplicação dos termos 'ética' e 'moral', comumente


usados para se referir a um mesmo domínio de saber e um mesmo campo de
fenômenos. Num primeiro momento, procura-se demonstrar a sinonímia original
dos termos, a partir de suas respectivas raízes etimológicas. Em seguida, são
exploradas algumas nuances de significação dos termos, a partir da crítica
hegeliana da filosofia prática de Kant. Finalmente, é discutida a prevalência atual do
termo - ética -.

Palavras-chave: Ética, Moral, Etimologia, Filosofia moral, Pós-modernidade.

ABSTRACT

The paper is concerned with the application of the terms 'ethics' and 'moral', which
are often used to refer to the same field of knowledge and phenomena. Initially, we
will try to demonstrate their original synonymy, based on their etymological roots.
Afterwards, some nuances of meaning will be explored, regarding Hegel´s critique
of Kant´s practical philosophy. Finally, the current prevalence of the term 'ethics' in
the ethos of pos-modernity will be discussed.

Keywords: Ethics, Moral, Etimologia, Moral philosophy, After-modernity.

Introdução

Dada a grande confusão semântica atual em torno dos termos 'ética' e 'moral',
minha modesta contribuição neste artigo versará sobre um problema de natureza
estritamente terminológica, a saber, a questão do uso de dois termos de grafias
distintas - 'ética' e 'moral' - para se referir a um mesmo domínio de saber e a um
mesmo campo de fenômenos.

Num primeiro momento, procurarei demonstrar a sinonímia original dos termos


'ética' e 'moral' a partir de suas respectivas raízes etimológicas. Em seguida,
explorarei algumas nuances de significação no uso desses termos que se
originaram no início do século XIX, ao fim da Era Moderna, e se revelam no
vocabulário ético atual. Concluirei meu trabalho discutindo a preferência atual do
termo 'ética' sobre a palavra 'moral'.

Ética e Moral como sinônimos

A palavra 'ética' provém do adjetivo 'ethike', termo corrente na língua grega,


empregado originariamente para qualificar um determinado tipo de saber.
Aristóteles foi o primeiro a definir com precisão conceitual esse saber, ao empregar
a expressão 'ethike pragmatéia' para designar seja o exercício das excelências
humanas ou virtudes morais, seja o exercício da reflexão crítica e metódica
(praktike philosophia) sobre os costumes (ethea)1. Com o passar do tempo, o
adjetivo gradualmente se substantiva e passa a assinalar uma das três partes da
filosofia antiga (logike, ethike, physike).

O adjetivo 'ethike', por sua vez, originara-se do substantivo 'ethos', que constitui
uma transliteração de dois vocábulos gregos: éthos (com eta inicial - hqoV)
e êthos (com epsilom inicial - eqoV). Éthos com eta (ç) inicial designa, em primeiro
lugar, a morada dos homens e dos animais. É o éthos como morada que dá origem
à significação do éthos como costume2, estilo de vida e ação. A metáfora contém a
idéia de que o espaço do mundo torna-se habitável pelo homem por meio do
seu éthos. Isto é, mais do que habitar a physis, a natureza, o homem habita o
seu éthos: pois, diferentemente da physis, o éthos, como espaço construído e
incessantemente reconstruído - e tecido pelo logos - é o seu abrigo protetor mais
próprio3.

Êthos com epsilom (å) inicial refere-se primordialmente ao processo genético do


hábito (hexis) como disposição estável para agir, que decorre do exercício dos atos.
A partir daí, passa a significar o caráter pessoal como um padrão relativamente
constante de disposições morais, afetivas, comportamentais e intelectivas de um
indivíduo4.

O termo latino mos, de onde provém o termo moral, foi usado (provavelmente por
Cícero) para traduzir o vocábulo ethos, o qual conhece, no mundo latino, quase
idêntica história semântica ao termo grego ethos. Designando originariamente a
morada dos homens e dos animais, amplia gradualmente seu significado para
denotar, do ponto de vista coletivo, os costumes, e de um ponto de vista individual,
o modo de ser - o caráter.

Com a criação da Ética como ciência do ethos no mundo grego - como aplicação
do logos demonstrativo à reflexão crítica sobre os costumes e modos de ser dos
homens - a palavra 'ética' passou a designar, na tradição filosófica, tanto o objeto
de estudo de uma disciplina quanto o estudo do objeto. 'Ética' significa, portanto,
tanto a disciplina que reflete criticamente sobre o saber ético encarnado nos
costumes e modos de ser, como esse próprio saber. O mesmo se verifica com a
palavra 'moral', que servirá para designar tanto o objeto de estudo - a mo- quanto
o estudo crítico do objeto - a Filosofia Moral.
No que respeita a tradição filosófica, os termos 'moral' e 'ética' designam, portanto,
o mesmo campo de fenômenos e o mesmo domínio de reflexão. Isto é, são
sinônimos. Posição esta que pessoalmente assumo e que, igualmente, é assumida
pela maior parte dos filósofos e está plenamente de acordo com a organizadora do
principal dicionário de ética de nossa época - Dicionário de Ética e Filosofia Moral -
Monique Canto-Sperber. Eis, com todas as letras, o que ela afirma, de forma
inequívoca, em outra obra, A inquietude moral e a vida humana, publicada
recentemente no Brasil:

Vou decepcionar o leitor dizendo que em geral me sirvo dos termos 'moral' e 'ética'
como sinônimos.[...] não há nenhuma dúvida sobre o fato de que os termos 'moral'
e 'ética' designam o mesmo domínio de reflexão. E para nos referirmos ao tipo
particular de atitude que é a reflexão sobre a ação, o bem ou o justo podemos nos
servir indiferentemente de qualquer um dos dois termos5.

Nuances de significação dos termos 'ética' e 'moral'

Apesar da sinonímia de origem, que recomenda empregar indiferentemente os


termos 'ética' e 'moral' para designar o mesmo campo de fenômenos, observamos,
atualmente, diferentes nuances de significação no uso dos termos. Nesta parte do
trabalho, explorarei alguns exemplos de usos diferenciados dos termos 'ética' e
'moral'.
a) Moralidade e eticidade em Hegel

O que denomino aqui "nuances" de significação começaram, provavelmente, a


introduzir-se no vocabulário filosófico, no início do século XIX, por meio da célebre
distinção hegeliana, na dialética do Espírito Objetivo, tanto na Enciclopédia das
Ciências Filosóficas, como na Filosofia do Direito, entre o domínio
da Moralität (moralidade) e da Sittlichkeit (eticidade). Moralität compreendia o
domínio kantiano-fichtiano da moralidade interior, e Sittlichkeitconotava o campo
da eticidade social e politica6.

Com efeito, na Enciclopédia, Hegel afirma que, na moralidade "a determinidade da


vontade está assim posta no interior [...] moral aqui tem o sentido de uma
determinação da vontade, na medida em que ela está no interior da vontade" (§
503). Enquanto que "a eticidade é a plena realização do espírito objetivo, a verdade
do espírito subjetivo e do espírito objetivo mesmos" (§ 513).

De certo modo, podemos dizer que, para a dialética de Hegel, a eticidade é a


verdade da moralidade, isto é, constitui a sua realização concreta, sem a qual a
segunda permaneceria puramente formal ou ao nível de uma particularidade
abstrata. Longe de se opor estruturalmente à Eticidade - é evidente que, enquanto
momentos da vida do Espírito, elas se opõem dialeticamente - a Moralidade
representa para Hegel um estágio elevado do pensamento da Liberdade, tal como
ele se exprimiu na Ética de Kant e de Fichte. Já a passagem da Moralidade para a
Eticidade significa o início da vida propriamente ética - o campo das virtu- e da
realização efetiva da liberdade na esfera prática7. Nas palavras de H. C. Lima Vaz,
magistral leitor de Hegel: "Existindo na substância ética, o indivíduo se submete
livremente ao sistema de seus deveres dando à sua ação, ao cumpri-los, a
qualidade de virtude e participando, assim, do universo ético dos costumes
(Sitten)"8.

b) Ética e moral em Paul Ricoeur


Alguns autores atuais, na esteira do pensamento de Paul Ricoeur, consideram que a
palavra "moral" sugeriria, fundamentalmente, a presença da obrigatoriedade das
normas, dos deveres, das obrigações; seu domínio semântico pertenceria,
primordialmente, ao registro do imperativo categórico e à filosofia kantiana. A
ética, por sua vez, estaria associada ao bem viver, às virtudes ou às práticas
efetivas concretas, e expressar-se-ia no optativo9. Torna-se, pois, relevante rever o
que nos diz o ilustre filosofo francês neste contexto:

É preciso distinguir entre moral e ética? A dizer a verdade, nada na etimologia ou


na história do uso das palavras o impõe: uma vem do grego, outra do latim, e
ambas remetem à idéia dos costumes (ethos, mores); pode-se, todavia, distinguir
uma nuance, segundo se ponha o acento sobre o que é estimado bom ou sobre o
que se impõe como obrigatório. É por convenção que reservarei o termo 'ética' para
a intenção da vida boa realizada sob o signo das ações estimadas boas, e o termo
'moral' para o lado obrigatório, marcado por normas, obrigações, interdições
caracterizadas ao mesmo tempo por uma exigência de universalidade e por um
efeito de constrição. Pode-se facilmente reconhecer na distinção entre intenção de
vida boa e obediência às normas a oposição entre duas heranças: a herança
aristotélica, na qual a ética é caracterizada por sua perspectiva teleológica (de
télos, fim); e uma herança kantiana, na qual a moral é definida pelo caráter de
obrigação da norma, portanto por um ponto de vista deontológico10.

c) Moral como objeto de estudo e ética como estudo do objeto

Para outros autores, a exemplo de Adela Cortina11, grande pensadora espanhola, a


palavra 'moral' deve ser usada preferencialmente para denotar o objeto de estudo,
enquanto a palavra 'Ética' - ou Filosofia Mo- deveria reservar-se à disciplina
filosófica que busca refletir criticamente da moral.

Esse uso encontra apoio na linguagem corrente. De fato, o termo 'moral' é muitas
vezes usado como substantivo, em suas diversas acepções, para designar âmbitos
que constituem o objeto de estudo da Ética ou da Filosofia Moral: (1) ou um modelo
de conduta socialmente estabelecido em uma sociedade concreta ("a moral
vigente"); (2) ou um conjunto de convicções morais pessoais ("fulano possui uma
moral rígida"); (3) ou tratados sistemáticos sobre as questões morais ("Moral"),
sejam doutrinas morais concretas ("Moral católica" etc.), sejam teorias éticas
("Moral aristotélica" etc., embora o mais corrente seja "ética aristotélica" etc.); (4)
ou uma disposição de espírito produzida pelo caráter e atitudes de uma pessoa ou
grupo ("estar com o moral alto" etc.); (5) ou uma dimensão da vida humana pela
qual nos vemos obrigados a tomar decisões ("a moral"). Como adjetivo, em usos
que interessam à Ética, o termo moral é preferencialmente usado em contraposição
à "imoral", ou em contraposição à "amoral".

Já o termo 'moralidade' é muitas vezes usado, seja como (a) sinônimo de "moral",
no sentido de uma concepção moral concreta (p. ex. quando dizemos "isso é uma
imoralidade" = "isso não é moralmente correto"), seja como (b) sinônimo de "a
moral", isto é, uma dimensão da vida humana identificável entre outras e não
redutível a nenhuma outra, e que se manifesta no fato de que emitimos juízos
morais; (c) ou na contraposição filosófica de cunho hegeliano entre "moralidade" e
"eticidade", já discutida antes.

Ética sem Moral?


No uso dos termos ética e moral, a sinonímia original deve prevalecer como pano
de fundo para as diversas nuances de significação. E isso, antes de mais nada,
porque a idéia de um bem desejado remete sempre a uma certa normatividade, e,
por outro lado, toda normatividade sempre faz referência a uma certa idéia de
bem. Em termos gerais, se quero algo, devo algo; se devo algo, quero algo.

O que não se pode é tratar os termos como antônimos. Tal uso é superficial e
contraditório: é contraditório defender, por exemplo, uma ética sem moral, ou uma
moral sem ética. Enquanto a sinonímia é, em geral, mais adequada: é
perfeitamente legítimo falar, por exemplo, de uma ética universal de Kant ou uma
moral das virtudes de Aristóteles.

Quando filósofos utilizam distintas nuances de significação, geralmente o fazem


para denotar diferentes aspectos da vida moral ou da reflexão moral, isto
é, diferentes dimensões de um mesmo fenômeno. É evidente que uma parte
considerável da vida em comum exprime-se mais adequadamente através das
idéias de obrigação e do dever, enquanto outra se expressa por aspirações. Devo,
por exemplo, respeitar os direitos do outro, devo honrar os contratos, devo ser
justo etc. Por outro lado, a generosidade não se pode obrigar: ela expressa um
dom gratuito.

Uma separação excessiva no uso dos termos implicaria um uso avaliativo da


distinção, subentendendo, grosso modo, que a ética vale mais que a moral, ou
seja, que a aspiração e o desejo valem mais que o dever e a obrigação. Essa
prevalência do termo 'ética' em relação ao termo 'moral' serviria, finalmente, para
expressar aquele novo ethos denunciado por Gilles Lipovetsky, num livro que se
tornou célebre - O crepúsculo do dever. A ética indolor dos novos tempos
democráticos12, que poderia ser também traduzido com outro título: O crepúsculo
da moral. A ética indolor dos novos tempos.

Para Lipovestsky - recordemos que trata-se aqui de uma análise sociológica - a era
da moral se apagou para dar lugar à era da ética, que se instalou com todo seu
brilho. Fruto do novo ethos individualista e do narcisismo dos tempos atuais, essa
nova ética é indolor, foge da dor do dever, na medida em que "não ordena nenhum
sacrifício maior, nenhuma separação de si mesmo". A pós-modernidade é, pois,
nessa perspectiva, uma era "pós-moralista", que consagra a saída da forma-dever,
de devoção a fins superiores, transcendentes. Para Lipovetsky, com efeito, apesar
da secularização em marcha na era moderna, a moral se encontraria demasiado
próxima do espírito religioso, da qual preserva "a noção de dívida infinita, de dever
absoluto [...] da imperatividade ilimitada dos deveres", como conjunto de
"obrigações supremas em relação ao que nos ultrapassa" e fundamento das
obrigações morais e coletivas.

Em relação às palavras finais de Lipovestsky, é forçoso nos interrogarmos se, de


fato, existiu, um dia, tal moral incandescente, em que tal dever infinito vibraria nos
corações.

O que parece certo, entretanto, é que não podemos abrir mão das aspirações por
uma vida melhor, dos deveres para com o outro, nem de ética e nem de moral.
Moral Objetiva e Filosofia Moral

A distinção entre o certo e o errado é objetiva ou subjetiva? A moral ou tem origem subjetiva,
na vontade humana (fruto de um acordo entre os homens, ou da imposição do mais forte) ou
é objetiva, isto é, decorre da própria natureza humana. Vou, neste texto, responder às
críticas feitas pelo Ricardo (nos comentários ao texto anterior) à idéia de que ela é objetiva.

Ele começa apontando um fato: o valor moral de uma ação não é algo diretamente
perceptível pelos cinco sentidos. Nada a discordar aqui. Contudo, os cinco sentidos são
apenas o canal pelo qual as informações externas chegam à nossa mente; todas as operações
mentais mais importantes ocorrem depois. Exemplifico: o que recebemos da visão são apenas
manchas de cor. Não é a visão em si que nos diz que essas manchas compõem uma árvore, e
aquelas uma casa; não é ela que nos informa que o carro pequeno está longe e o grande está
perto. Esse trabalho de interpretação é feito pelo intelecto, ou entendimento (num nível
ainda instintivo, é verdade, dado que nem pensamos para fazê-la, assim como todos os
animais). Se fôssemos apenas um receptáculo de informações sensoriais, nossa vida seria uma
seqüência caótica de experiências sem sentido ou coerência nenhuma.

A distinção entre o certo e errado, o julgamento moral, também é feita pelo entendimento,
que parte de uma base instintiva e vai além dela. Pela experiência, sabemos que algumas
coisas contribuem para uma boa vida e outras são nocivas. Além disso, temos consciência de
que nossas ações podem alterar a realidade: nossa vida e a vida de outras pessoas. A moral
decorre daí: sabemos que algo é bom, e que nossas escolhas nos aproximam ou afastam dele.
Deixar as obrigações sempre para a última hora resulta em muito estresse, em tarefas mal
feitas e mancadas ocasionais. Está em nosso poder cultivar ou combater esse hábito. É,
portanto, um mau hábito, e quem o cultiva age mal. Já salvar um bebê que se afoga é dar-lhe
a vida, condição necessária para os outros bens; é, portanto, uma boa ação.

A interação entre os instintos humanos (que são a base sensível dos nossos desejos:
alimentação, sexo, lazer, curiosidade intelectual, empatia, etc) e a experiência sobre como
conciliá-los costuma dar conta da maioria dos problemas e das escolhas morais. Não é preciso
ter estudado filosofia para saber que mentir, estuprar ou torturar por prazer é uma má ação.
Aqui chegamos à segunda crítica apontada pelo Ricardo: muitos filósofos dizem coisas muito
diferentes sobre a moralidade; não há um método racional universalmente aceito para se
chegar à verdade no campo da moralidade.

Ao se fazer essa crítica, perde-se de vista que o juízo moral não depende de uma fina e
precisa distinção de conceitos. Se assim fosse, apenas os filósofos seriam capazes de agir
moralmente. Na realidade, os filósofos morais não têm como objetivo, via de regra,
“descobrir” o que é certo e errado; suas conclusões já estão dadas. Se alguém afirma provar,
de forma indubitável, que estuprar é certo e beber água é errado, não é preciso estudar sua
teoria: ela é obviamente falha. Todos os grandes filósofos morais (posso incluir aqui Platão,
Aristóteles, Tomás de Aquino, Locke, Hume, Kant, Mill e muitos outros) tentavam, em seu
trabalho, chegar àquilo que o senso comum mais ou menos já mostrava. Sua finalidade é
explicitar a base racional que justifica os juízos morais. Além disso, visam apresentar-nos um
método confiável para nos guiar em situações dilemáticas, para as quais o senso comum não
basta.
Outra função da filosofia moral é corrigir o senso comum quando ele erra. Embora seja uma
importante fonte de conhecimento para o direcionamento de nossas vidas, é inegável que a
experiência partilhada de uma sociedade carrega erros ocasionais que, com o tempo, se
tornaram normas de conduta aceitáveis ou até mesmo obrigatórias. É o caso da escravidão no
Ocidente de poucos séculos atrás, do canibalismo dos povos americanos, ou do aborto no
mundo atual.

Assim, a filosofia, embora importante, não é estritamente necessária para o julgamento


moral. Podemos andar perfeitamente bem sem conhecer a mecânica por trás da nossa
locomoção. Com esse conhecimento, é possível corrigir erros de postura ou de pisada, mas
não foi com base em tratados de anatomia e física que demos nossos primeiros passos. O
mesmo vale para a outra grande faculdade própria da razão humana: o conhecer. Os maiores
filósofos discordam sobre como se dá e se embasa o conhecimento; mas nem por isso o
ceticismo radical é a posição mais razoável. Da mesma forma, apesar de todas as
discordâncias sobre como discernir o bem do mal, que tal distinção exista não só é evidente
como é aceita, na prática (embora nem sempre na teoria), por todos os seres humanos.
Definição da Moralidade
A moralidade fala de um sistema de comportamento que diz respeito aos padrões de
comportamento certo ou errado. A palavra carrega os conceitos de: (1) padrões morais, no que
diz respeito ao comportamento, (2) responsabilidade moral, no que diz respeito à nossa
consciência e (3) identidade moral, ou alguém que é capaz de agir certo ou errado. Os
sinônimos mais comuns incluem ética, princípios, virtude e bondade. A moralidade tornou-se
uma questão complicada no mundo multi-cultural em que vivemos hoje. Vamos explorar o que
a moral é, como afeta o nosso comportamento, a nossa consciência, a nossa sociedade e o
nosso destino final.

Moralidade e Nosso Comportamento


A moralidade descreve os princípios que regem o nosso comportamento. Sem esses princípios
em prática, as sociedades não podem sobreviver por muito tempo. No mundo de hoje, a
moralidade é frequentemente considerada como pertencente a um determinado ponto de vista
religioso, mas, por definição, vemos que este não é o caso. Todo mundo adere a uma doutrina
moral de algum tipo.

A moralidade que se refere ao nosso comportamento é importante em três níveis. O famoso


pensador, estudioso e autor CS Lewis os define como: (1) assegurar um relacionamento justo e
harmônico entre os indivíduos, (2) ajudar a tornar-nos pessoas boas para que possamos ter
uma boa sociedade e (3) manter um bom relacionamento com o poder que nos criou. Com
base nesta definição, é claro que nossas crenças são essenciais para o nosso comportamento
moral. Com o ponto 1, o professor Lewis diz que a maioria das pessoas sensatas concordam.
Quando chega ao ponto 2, no entanto, começamos a ver certos problemas ocorrendo.
Considere a filosofia popular "Eu não estou machucando ninguém além de mim mesmo"; esse
pensamento é frequentemente usado como desculpa pelas más escolhas pessoais. Como
podemos ser as pessoas boas que precisamos ser se persistirmos em fazer essas escolhas, e
como esse resultado não afetará o resto da nossa sociedade? Más escolhas pessoais magoam
outras pessoas. Ponto 3 é onde a maioria de desacordos surgem. Enquanto que a maioria da
população mundial acredita emDeus, ou pelo menos em um deus, a questão da Criação, como
a teoria das origens, é fortemente debatida na sociedade de hoje.

Um relatório recente em Psychology Today concluiu: "O indicador mais significativo do


comportamento moral de uma pessoa pode ser o seu compromisso religioso. As pessoas que
se consideram muito religiosas foram menos prováveis de relatarem terem enganado seus
amigos, de terem casos extraconjugais, enganarem sobre seu salário ou até mesmo de
estacionar em lugar proibido." Com base nesta constatação, o que acreditamos sobre a
Criação tem um efeito decisivo sobre o nosso pensamento moral e nosso comportamento. Sem
a crença em um Criador, a única opção que aparece restar é aderir aos padrões morais que
fazemos para nós mesmos. A menos que vivamos em uma sociedade ditatorial, somos livres
para escolher o nosso próprio código moral pessoal. Mas de onde é que essa liberdade vem?
A visão de muitos dos que não aderem à Criação é que a moralidade é uma criação da
humanidade, projetada para atender à necessidade de sociedades estáveis. Todos os tipos de
vida estão no processo de decidir entre a vida e a morte, escolhendo o que fazer com o poder
e / ou autoridade. Isto no fim das contas leva a um sistema de virtudes e valores. A pergunta é:
o que acontece quando nossas escolhas entram em conflito umas com as outras? E se eu
achar que preciso de algo para que minha vida continue mas isso resultaria em morte para
você? Se não temos um padrão absoluto de verdade, o caos e o conflito serão o resultado de
quando somos abandonados aos nossos próprios recursos e desejos.

Moralidade e a Nossa Consciência A moralidade influencia as nossas decisões diárias, e essas


escolhas são direcionadas pela nossa consciência. Novamente, devemos decidir por nós
mesmos onde a consciência se origina. Muitas pessoas sustentam a ideia de que a
consciência é uma questão de nossos corações, que os conceitos de certo, errado e justiça
estão "programados" em cada um de nós. Isto está de acordo com os escritos do Apóstolo
Paulo, o qual aponta que mesmo aqueles que não acreditam em Deus frequentemente
obedecem às leis de Deus, tal como consta nos Dez Mandamentos: "Quando, pois, os gentios,
que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem
eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração,
testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se
ou defendendo-se" (Romanos 2:14-15). Mais uma vez, aqueles que não acreditam em Deus
são deixados com apenas uma conclusão possível - que as nossas decisões são baseadas
apenas em nossa necessidade de sobreviver. O que chamamos de nossa consciência, então,
- See
seria baseado no comportamento aprendido, ao invés de parte de um design Divino
more at:
http://www.allaboutphilosophy.org/portuguese/moralidade.htm#sthash.OO
3E3Hk5.dpuf

Moral subjetiva: Ateismo

Moral Objetiva: Crença em Deus.


(Obs: o texto não discute pessoas, mas somente os fundamentos de cada posição,
cristianismo ou ateismo)

A moral subjetiva é formada de convenções humanas, e pode variar conforme a


sociedade, ela não tem um objetivo de ser Universal.

Já a moral objetiva é aquela que independe de convenções humanas, do tempo, de


emoções etc. A moral objetiva descarta sua origem humana, porque a origem dela
é atribuída a um legislador Externo, isto é, Deus. e tem o objetivo claro de ser
Universal.

Um exemplo de moral subjetiva:

Em algumas tribos não é imoral matar crianças que nasçam deficientes.

Na moral objetiva, matar essas crianças é errado universalmente.

Os efeitos de uma moral subjetiva:

Por exemplo, um império dominante, impõe a sua moral sobre os outros, e nessa
moral está a barbarização dos dominados, tivemos exemplos disso em vários
Impérios, e até mesmo um exemplo recente: o nazismo.

Numa moral subjetiva, atitudes como matar e torturar terceiros pode não ser
errado, pois a moral subjetiva está na cabeça de cada um, ou de cada sociedade no
caso.
A moral Objetiva tem o propósito de ser Universal, ela tem o papel de dar uma
direção aos humanos (hei, o caminho é esse!), mas isso obviamente dependerá da
aceitação humana, pois existe o livre arbítrio. A universalidade não é premissa para
um moral objetiva, o entendimento de uma moral objetiva vem da crença num
Criador.

Na posição ateista, a moral é subjetiva, pois ela exclui o legislador externo, porém,
o mundo atual vive sobre certa influencia da moral objetiva do Cristianismo,
principalmente oriunda dos países ocidentais:

Por

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