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justica
Desde a antiguidade a Ética e moral são assuntos que estão presentes nas discussões de
grandes filósofos. Esse é um assunto bastante comentado no âmbito da filosofia e bastante
popular também entre os menos doutos, pois trata de questões que estão presentes na dia a
dia das pessoas. Todo indivíduo que vive em sociedade lida com questões referentes a Ética,
ela é algo que está intrinsecamente ligada a vida dos sujeitos conscientes. Grandes
pensadores, não só da antiguidade, mas da história da Filosofia como um todo, se tornaram
conhecidos por se debruçarem sobre a Ética nas suas obras, a exemplo de Aristóteles,
Nietzsche, Jeremy Bentham, Kant, Hegel, entre outros.
Já no período conhecido como modernidade, mais precisamente nos sécs. XVIII – XIV, Kant
(filósofo alemão, 1724 – 1804) desenvolveu várias discussões acerca da Ética, as quais
podemos ter acesso em algumas de suas obras como a Crítica da razão prática. Do mesmo
modo, Hegel (também filósofo alemão, 1770 -1831) desenvolve uma vasta reflexão acerca
deste tema. Ambos viveram praticamente no mesmo período histórico – apesar de Hegel ter
nascido posteriormente – mas a postura de cada um destes filósofos frente a este tema é bem
diversa. Mais que isso, ambas são quase que opostas, é possível perceber isso através da
crítica que Hegel faz ao tratamento que Kant dá a Ética.
Kant é responsável por formular uma Ética ou uma moral baseada no dever. Kant
historicamente é conhecido por ser um sujeito que primava sobretudo pela razão em suas
obras e acaba que o tratamento que ele dá a Ética também tendo esta característica. Kant
coloca a razão como o elemento que deve reger toda ação humana. Ele elabora um conceito
chave, o imperativo categórico, que é o reflexo desta razão absoluta, o princípio que todo
indivíduo deve seguir como base para as suas ações. Este tal imperativo categórico preconiza
que os indivíduos devem tomar suas atitudes de uma maneira que o princípio da sua ação
possa ser tomado como um princípio de ação universal, ou seja, que aquilo que o indivíduo
faça seja algo que possa necessariamente servir para todas as pessoas no mundo. E mais, que
essa atitude seja também necessariamente considerada boa em qualquer contexto histórico,
em qualquer tempo.
Hegel, por sua vez, é defensor de uma ética, também de cunho racional (o que já era de se
esperar de um filósofo), mas de princípios diferentes da Ética defendida por Kant. A Ética de
Hegel pode ser chamada de uma Ética contextualista, pois preconiza que o critério para avaliar
uma ação como eticamente correta está no contexto da situação que o individuo está agindo,
ou seja, é preciso avaliar outros elementos que estão dentro da situação e não somente a
intenção do sujeito, como defende Kant. Além disso, na Ética de Hegel é importante verificar
as consequências de tal ação para julgá-la, diferentemente da Ética de Kant que, estando
somente no âmbito da intenção já se poderia julgar a ação do indivíduo.
As críticas de Hegel a Ética kantiana são inúmeras, a exemplo de algumas que já foram
supracitadas. Enumerando estas críticas de Hegel a Ética kantiana teremos:
1 – Hegel afirma que considerar a intenção do indivíduo para um julgamento de ético não é
suficiente. Se o individuo agir sempre de acordo com uma boa intenção, ainda assim pode
haver más consequências e estas também devem ser consideradas para este julgamento ético.
Uma boa intenção e más conseqüências torna a situação de modo geral eticamente incorreta;
No sentido destas primeiras considerações, Hegel defende uma Ética mais de caráter
subjetivo, mais de caráter contextual, voltada para o indivíduo dentro de uma determinada
situação e não de um indivíduo em um mundo como se fosse algo homogêneo.
4 – Hegel também critica Kant no que di respeito a postura de Kant com a sua Ética frente ao
estado. Para Hegel, Kant não considera a existência do estado em sua Ética, e este seria o seu
maior erro. A partir desta problemática nós chegaremos ao principal ponto desta crítica.
Para Hegel a Ética envolve a relação dos indivíduos com o estado. Ela apresenta dois caráteres,
o primeiro é subjetivo e diz respeito a Ética pessoal manifestada através de cada indivíduo e a
segunda é objetiva e diz respeito a Ética do Estado, que diz respeito às normas do Estado, leis e
costumes. Pode-se comparar a primeira como algo mais voltado para o indivíduo e a segunda
mais voltada para o social, o conjunto dos indivíduos. A soma de “a+b”, ou seja, a Ética
objetiva mais a subjetiva formam a totalidade do Ética. Hegel dá uma importância muito
grande a esta parte objetiva, pois ela é responsável por moldar a natureza do homem,
proporcionando uma espécie de segunda natureza que ao homem necessária para que ele
tenha uma boa vivência em sociedade. Isto é as leis e normas da sociedade cumprem um papel
de preparar os indivíduos para a vida em sociedade. O termo “preparar” não seria exatamente
o mais adequado, mas é quase que o efeito que se tem. Este processo de preparação se dá da
seguinte maneira, as leis e normas funcionam como um meio de barrar as inclinações pessoais
provindas da natureza primeira dos indivíduos. Nesta primeira natureza os indivíduos se
comportam puramente por instintos, bem como quando nascem. Através do freio destes
instintos o indivíduo irá adquirir uma segunda natureza que é mais voltada para o social, para
o bem comum. Agindo de acordo com o que é determinado pelo estado (instituições sociais) o
indivíduo é considerado ético.
O principal ponto desta crítica a Kant é que, segundo Hegel, Kant fica somente no âmbito da
subjetividade pessoal e não considera a subjetividade social. Com isso, Kant leva a sua Ética a
inúmeros problemas, os quais já foram citados acima. Hegel pressupõe que considerando a
Ética do ponto de vista histórico e contextual estes problemas podem ser resolvidos, tornando
assim a Ética possível. Hegel usa termos específicos nesta sua crítica, diz que Kant fica somente
no âmbito da moralidade, do dever, da vontade subjetiva e que o mais viável é determinar que
os indivíduos ajam de acordo com a eticidade, ou seja, fazer realizar o bem de acordo com a
sua realidade histórica e de acordo com o que determina as instituições sociais.
Hegel rejeita o apriorismo kantiano, a idéia de que o homem nasce com a estrutura da razão, e
que é ela que fornece ao sujeito os princípios éticos que controlam sua vontade.Para Hegel, a
moralidade é a consciência individual, a reflexão sobre nossas ações- esfera moral, esfera
individual. Já a eticidade surge das relações interpessoais- esfera ética -esfera de coletividade.
A moralidade Hegeliana é uma forma de incluir a consciência –moral subjetiva, não sendo
subjetiva a ela. Uma vêz que não há lugar para a consciência moral subjetiva, não há lugar para
moralidade. É fácil notar que a teoria ética de Hegel não adere ao apriorismo de Kant como
acontece com a moralidade.
Segundo José Ferrater Mora , os termos ‘ética’ e ‘moral’ são usados, por vezes,
indistintamente. Contudo, o termo moral tem usualmente uma significação mais ampla que o
vocábulo ‘ética’. A moral é aquilo que se submete a um valor . Hegel distingue a moralidade
subjetiva (cumprimento do dever, pelo ato de vontade) da moralidade objetiva (obediência à
lei moral enquanto fixada pelas normas, leis e costumes da sociedade, a qual representa ao
mesmo tempo o espírito objetivo). Hegel considera que seja insuficiente a mera boa vontade
subjetiva. É preciso que a boa vontade subjetiva não se perca em si mesma ou se mantenha
simplesmente como aspiração ao bem, dentro de um subjetivismo meramente abstrato. Para
que se torne concreto, é preciso que se integre com o objetivo, que se manifesta moralmente
como moralidade objetiva. É a racionalidade da moral universal concreta que pode dar um
conteúdo à moralidade subjectiva da mera consciência moral.
Caracteriza-se pela efetivação da liberdade no real. É a moralidade concreta, não mais opinião
e boa vontade, fundamentando as leis e as instituições. É o conjunto da moralidade da família,
da sociedade civil e do Estado, acontecendo entre seus membros. Dessa forma fica
evidenciado no individuo a honestidade, honradez, inteireza e integridade. É adotado como
substância moral, não sou eu como pessoa, como no direito abstrato, nem muito menos o
direito da consciência, mas sim o direito enquanto Espírito real de um povo.
2 - Sociedade Civil – Associação com o fim de atender carências, necessidades e dar fiança à
propriedade privada;
Família
A família tem sua realização no casamento, e seu desfecho são os filhos, a perpetuação da
família.
Podemos também dizer que a família se realiza nos seguintes momentos, casamento,
propriedade e educação dos filhos e dissolução.
Sociedade Civil
A sociedade civil, faz surgir uma instituição de estrutura similar à família, dentro do
contexto coletivo: a corporação. Sua finalidade primordial é velar e realizar o que há de
universal no particular da sociedade civil. Quanto aos membros como partes da sociedade civil,
não têm interesses exclusivamente particulares, tem o dever de conduzir a vontade humana à
esfera do universal, ao Estado.
Estado
Para Kant, cidadania é o mesmo que autonomia, aquilo que permite conciliar a
ordem com a liberdade e que só pode efectivar-se através da subversão do
direito. É a submissão à autoridade que cada um dá a si mesmo, pelo que
importa rejeitar a liberdade sem ordem (anarquia), bem como a ordem sem
liberdade (despotismo). Porque cada homem é um fim em si mesmo e nunca
pode ser um meio que justifique qualquer fim que lhe seja alheio.
Assim, o contrato social constitui uma simples ideia da razão, um mero
princípio a priori, uma pressuposição lógica e não um facto histórico ou
empírico. Aliás, o “contractus originarius” não é o princípio que permite
conhecer a origem do Estado, mas como ele deve ser. Mais: o contrato social é a
regra e não a origem da Constituição do Estado; não é o princípio da sua
fundação, mas o da sua administração e ilumina o ideal da legislação, do
governo e da justiça pública. Nestes termos, proclama o contrato social como o
contrato originário pelo qual todos os membros do povo (omnes et singuli)
limitam a sua liberdade exterior, em ordem a recebê-la de novo como membros
da comunidade, isto é, do povo olhado como Estado (universi). Na sua base, há
um pactum unionis civilis que trata de organizar uma multidão de seres
razoáveis e de instaurar um ser comum, o qual constitui uma espécie do
imperativo categórico do político. Deste modo, o direito público é o conjunto
das leis que necessitam de ser proclamadas universalmente para se gerar um
estado jurídico. É um sistema de leis para um povo, isto é, uma multiplicidade
de homens ou uma multiplicidade de povos que, estando numa relação
recíproca de uns para com outros, têm necessidade, para poderem usar do seu
direito, de um estado jurídico dependente de uma vontade que os unifica, isto é
de uma constituição.
Logo, o Estado como república, como dizia Rousseau, é acção do todo sobre o
todo, o tal ser comum feito de uma multidão de seres razoáveis. É, nas palavras
de Raymond Aron, a colectividade considerada como um todo. Ou, para
subirmos à perspectiva de Kant, um Estado-razão, o tal contrato original pelo
qual todos os membros do povo limitam a sua liberdade exterior, em ordem a
recebê-la de novo como membros da comunidade, o povo olhado como
universalidade.
A moral objetiva seria transcendental, ou seja, eterna e vinda de um ser superior.
Não há dúvidas de que a moral subjetiva existe, uma vez que todos nós temos padrões morais
estabelecidos mesmo que discordemos uns dos outros.
Então o que vejo é o seguinte: Se há uma Moral Absoluta, faz todo sentido que discutamos
sobre moral. Contudo, se não houver uma Moral Absoluta, então nem mesmo existe uma
Moral a ser seguida, fazendo qualquer discussão sobre esse assunto ser uma completa perda
de tempo.
Saiba o que é ética, definição, código de ética, conceito de ética e links relacionados
ética
Definição
O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um
conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética
serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém
saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está
relacionada com o sentimento de justiça social.
A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto
de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma
sociedade e seus grupos.
Códigos de ética
Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo,
sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode
desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de
pesquisas biológicas é denominada bioética.
Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética
de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica,
ética profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética
jornalística, ética na política, etc.
Antiética
Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético, assim
como o ato praticado.
Significado de Eticidade
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O que é Eticidade:
Princípio da Eticidade
A eticidade consiste em um dos princípios fundamentais do Código Civil de 2002. Este princípio
tem como consequência necessária o princípio da boa-fé objetiva, e significa que os indivíduos
devem agir em boa-fé nas relações de caráter civil.
A eticidade, sendo uma das características do código civil, garante que ele tem "sustentação
ética", porque reconhece e valoriza a probidade, a solidariedade social e outras qualidades do
ser humano.
Hegel e eticidade
De acordo com Hegel, a eticidade também pode ser retratada como "moralidade objetiva" ou
"vida ética" e expressa a verdade de dois conceitos abstratos - o direito e a moralidade.
Segundo o filósofo alemão, a concretização, limitação e mediação da liberdade constituem o
âmbito da eticidade, e a fim de realizar a liberdade, está presente na família, na sociedade civil
e no Estado.
RESUMO
ABSTRACT
The paper is concerned with the application of the terms 'ethics' and 'moral', which
are often used to refer to the same field of knowledge and phenomena. Initially, we
will try to demonstrate their original synonymy, based on their etymological roots.
Afterwards, some nuances of meaning will be explored, regarding Hegel´s critique
of Kant´s practical philosophy. Finally, the current prevalence of the term 'ethics' in
the ethos of pos-modernity will be discussed.
Introdução
Dada a grande confusão semântica atual em torno dos termos 'ética' e 'moral',
minha modesta contribuição neste artigo versará sobre um problema de natureza
estritamente terminológica, a saber, a questão do uso de dois termos de grafias
distintas - 'ética' e 'moral' - para se referir a um mesmo domínio de saber e a um
mesmo campo de fenômenos.
O adjetivo 'ethike', por sua vez, originara-se do substantivo 'ethos', que constitui
uma transliteração de dois vocábulos gregos: éthos (com eta inicial - hqoV)
e êthos (com epsilom inicial - eqoV). Éthos com eta (ç) inicial designa, em primeiro
lugar, a morada dos homens e dos animais. É o éthos como morada que dá origem
à significação do éthos como costume2, estilo de vida e ação. A metáfora contém a
idéia de que o espaço do mundo torna-se habitável pelo homem por meio do
seu éthos. Isto é, mais do que habitar a physis, a natureza, o homem habita o
seu éthos: pois, diferentemente da physis, o éthos, como espaço construído e
incessantemente reconstruído - e tecido pelo logos - é o seu abrigo protetor mais
próprio3.
O termo latino mos, de onde provém o termo moral, foi usado (provavelmente por
Cícero) para traduzir o vocábulo ethos, o qual conhece, no mundo latino, quase
idêntica história semântica ao termo grego ethos. Designando originariamente a
morada dos homens e dos animais, amplia gradualmente seu significado para
denotar, do ponto de vista coletivo, os costumes, e de um ponto de vista individual,
o modo de ser - o caráter.
Com a criação da Ética como ciência do ethos no mundo grego - como aplicação
do logos demonstrativo à reflexão crítica sobre os costumes e modos de ser dos
homens - a palavra 'ética' passou a designar, na tradição filosófica, tanto o objeto
de estudo de uma disciplina quanto o estudo do objeto. 'Ética' significa, portanto,
tanto a disciplina que reflete criticamente sobre o saber ético encarnado nos
costumes e modos de ser, como esse próprio saber. O mesmo se verifica com a
palavra 'moral', que servirá para designar tanto o objeto de estudo - a mo- quanto
o estudo crítico do objeto - a Filosofia Moral.
No que respeita a tradição filosófica, os termos 'moral' e 'ética' designam, portanto,
o mesmo campo de fenômenos e o mesmo domínio de reflexão. Isto é, são
sinônimos. Posição esta que pessoalmente assumo e que, igualmente, é assumida
pela maior parte dos filósofos e está plenamente de acordo com a organizadora do
principal dicionário de ética de nossa época - Dicionário de Ética e Filosofia Moral -
Monique Canto-Sperber. Eis, com todas as letras, o que ela afirma, de forma
inequívoca, em outra obra, A inquietude moral e a vida humana, publicada
recentemente no Brasil:
Vou decepcionar o leitor dizendo que em geral me sirvo dos termos 'moral' e 'ética'
como sinônimos.[...] não há nenhuma dúvida sobre o fato de que os termos 'moral'
e 'ética' designam o mesmo domínio de reflexão. E para nos referirmos ao tipo
particular de atitude que é a reflexão sobre a ação, o bem ou o justo podemos nos
servir indiferentemente de qualquer um dos dois termos5.
Esse uso encontra apoio na linguagem corrente. De fato, o termo 'moral' é muitas
vezes usado como substantivo, em suas diversas acepções, para designar âmbitos
que constituem o objeto de estudo da Ética ou da Filosofia Moral: (1) ou um modelo
de conduta socialmente estabelecido em uma sociedade concreta ("a moral
vigente"); (2) ou um conjunto de convicções morais pessoais ("fulano possui uma
moral rígida"); (3) ou tratados sistemáticos sobre as questões morais ("Moral"),
sejam doutrinas morais concretas ("Moral católica" etc.), sejam teorias éticas
("Moral aristotélica" etc., embora o mais corrente seja "ética aristotélica" etc.); (4)
ou uma disposição de espírito produzida pelo caráter e atitudes de uma pessoa ou
grupo ("estar com o moral alto" etc.); (5) ou uma dimensão da vida humana pela
qual nos vemos obrigados a tomar decisões ("a moral"). Como adjetivo, em usos
que interessam à Ética, o termo moral é preferencialmente usado em contraposição
à "imoral", ou em contraposição à "amoral".
Já o termo 'moralidade' é muitas vezes usado, seja como (a) sinônimo de "moral",
no sentido de uma concepção moral concreta (p. ex. quando dizemos "isso é uma
imoralidade" = "isso não é moralmente correto"), seja como (b) sinônimo de "a
moral", isto é, uma dimensão da vida humana identificável entre outras e não
redutível a nenhuma outra, e que se manifesta no fato de que emitimos juízos
morais; (c) ou na contraposição filosófica de cunho hegeliano entre "moralidade" e
"eticidade", já discutida antes.
O que não se pode é tratar os termos como antônimos. Tal uso é superficial e
contraditório: é contraditório defender, por exemplo, uma ética sem moral, ou uma
moral sem ética. Enquanto a sinonímia é, em geral, mais adequada: é
perfeitamente legítimo falar, por exemplo, de uma ética universal de Kant ou uma
moral das virtudes de Aristóteles.
Para Lipovestsky - recordemos que trata-se aqui de uma análise sociológica - a era
da moral se apagou para dar lugar à era da ética, que se instalou com todo seu
brilho. Fruto do novo ethos individualista e do narcisismo dos tempos atuais, essa
nova ética é indolor, foge da dor do dever, na medida em que "não ordena nenhum
sacrifício maior, nenhuma separação de si mesmo". A pós-modernidade é, pois,
nessa perspectiva, uma era "pós-moralista", que consagra a saída da forma-dever,
de devoção a fins superiores, transcendentes. Para Lipovetsky, com efeito, apesar
da secularização em marcha na era moderna, a moral se encontraria demasiado
próxima do espírito religioso, da qual preserva "a noção de dívida infinita, de dever
absoluto [...] da imperatividade ilimitada dos deveres", como conjunto de
"obrigações supremas em relação ao que nos ultrapassa" e fundamento das
obrigações morais e coletivas.
O que parece certo, entretanto, é que não podemos abrir mão das aspirações por
uma vida melhor, dos deveres para com o outro, nem de ética e nem de moral.
Moral Objetiva e Filosofia Moral
A distinção entre o certo e o errado é objetiva ou subjetiva? A moral ou tem origem subjetiva,
na vontade humana (fruto de um acordo entre os homens, ou da imposição do mais forte) ou
é objetiva, isto é, decorre da própria natureza humana. Vou, neste texto, responder às
críticas feitas pelo Ricardo (nos comentários ao texto anterior) à idéia de que ela é objetiva.
Ele começa apontando um fato: o valor moral de uma ação não é algo diretamente
perceptível pelos cinco sentidos. Nada a discordar aqui. Contudo, os cinco sentidos são
apenas o canal pelo qual as informações externas chegam à nossa mente; todas as operações
mentais mais importantes ocorrem depois. Exemplifico: o que recebemos da visão são apenas
manchas de cor. Não é a visão em si que nos diz que essas manchas compõem uma árvore, e
aquelas uma casa; não é ela que nos informa que o carro pequeno está longe e o grande está
perto. Esse trabalho de interpretação é feito pelo intelecto, ou entendimento (num nível
ainda instintivo, é verdade, dado que nem pensamos para fazê-la, assim como todos os
animais). Se fôssemos apenas um receptáculo de informações sensoriais, nossa vida seria uma
seqüência caótica de experiências sem sentido ou coerência nenhuma.
A distinção entre o certo e errado, o julgamento moral, também é feita pelo entendimento,
que parte de uma base instintiva e vai além dela. Pela experiência, sabemos que algumas
coisas contribuem para uma boa vida e outras são nocivas. Além disso, temos consciência de
que nossas ações podem alterar a realidade: nossa vida e a vida de outras pessoas. A moral
decorre daí: sabemos que algo é bom, e que nossas escolhas nos aproximam ou afastam dele.
Deixar as obrigações sempre para a última hora resulta em muito estresse, em tarefas mal
feitas e mancadas ocasionais. Está em nosso poder cultivar ou combater esse hábito. É,
portanto, um mau hábito, e quem o cultiva age mal. Já salvar um bebê que se afoga é dar-lhe
a vida, condição necessária para os outros bens; é, portanto, uma boa ação.
A interação entre os instintos humanos (que são a base sensível dos nossos desejos:
alimentação, sexo, lazer, curiosidade intelectual, empatia, etc) e a experiência sobre como
conciliá-los costuma dar conta da maioria dos problemas e das escolhas morais. Não é preciso
ter estudado filosofia para saber que mentir, estuprar ou torturar por prazer é uma má ação.
Aqui chegamos à segunda crítica apontada pelo Ricardo: muitos filósofos dizem coisas muito
diferentes sobre a moralidade; não há um método racional universalmente aceito para se
chegar à verdade no campo da moralidade.
Ao se fazer essa crítica, perde-se de vista que o juízo moral não depende de uma fina e
precisa distinção de conceitos. Se assim fosse, apenas os filósofos seriam capazes de agir
moralmente. Na realidade, os filósofos morais não têm como objetivo, via de regra,
“descobrir” o que é certo e errado; suas conclusões já estão dadas. Se alguém afirma provar,
de forma indubitável, que estuprar é certo e beber água é errado, não é preciso estudar sua
teoria: ela é obviamente falha. Todos os grandes filósofos morais (posso incluir aqui Platão,
Aristóteles, Tomás de Aquino, Locke, Hume, Kant, Mill e muitos outros) tentavam, em seu
trabalho, chegar àquilo que o senso comum mais ou menos já mostrava. Sua finalidade é
explicitar a base racional que justifica os juízos morais. Além disso, visam apresentar-nos um
método confiável para nos guiar em situações dilemáticas, para as quais o senso comum não
basta.
Outra função da filosofia moral é corrigir o senso comum quando ele erra. Embora seja uma
importante fonte de conhecimento para o direcionamento de nossas vidas, é inegável que a
experiência partilhada de uma sociedade carrega erros ocasionais que, com o tempo, se
tornaram normas de conduta aceitáveis ou até mesmo obrigatórias. É o caso da escravidão no
Ocidente de poucos séculos atrás, do canibalismo dos povos americanos, ou do aborto no
mundo atual.
Por exemplo, um império dominante, impõe a sua moral sobre os outros, e nessa
moral está a barbarização dos dominados, tivemos exemplos disso em vários
Impérios, e até mesmo um exemplo recente: o nazismo.
Numa moral subjetiva, atitudes como matar e torturar terceiros pode não ser
errado, pois a moral subjetiva está na cabeça de cada um, ou de cada sociedade no
caso.
A moral Objetiva tem o propósito de ser Universal, ela tem o papel de dar uma
direção aos humanos (hei, o caminho é esse!), mas isso obviamente dependerá da
aceitação humana, pois existe o livre arbítrio. A universalidade não é premissa para
um moral objetiva, o entendimento de uma moral objetiva vem da crença num
Criador.
Na posição ateista, a moral é subjetiva, pois ela exclui o legislador externo, porém,
o mundo atual vive sobre certa influencia da moral objetiva do Cristianismo,
principalmente oriunda dos países ocidentais:
Por