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PRODUÇÃO VEGETAL
O solo é composto por sais minerais dissolvidos em água, seres vivos e rochas em decomposição.
Existem muitos tipos de solo, mas todos eles têm quatro camadas principais:
A camada mais superficial (horizonte O) é chamada de camada fértilporque é rica em húmus
(matéria orgânica em decomposição). Nessacamada estão disponíveis os nutrientes de que as
plantas necessitam.
A segunda camada (horizonte A) é composta por calcário, argila e areia. É uma camada mais
permeável, na qual existem espaços que permitem a entrada de ar e de água.
A terceira camada (horizonte B) contém rochas parcialmente decompostas pela ação da erosão e
de outros agentes geológicos (intemperismo, metamorfismo etc).
A quarta camada (horizonte C) é composta pela rocha matriz, que está começando a se decompor
pela ação da erosão e de outros agentes geológicos.
A classificação dos solos permite conhecer suas características, avaliar sua adequação ao plantio
de determinadas espécies, além de compreender como um tipo de solo se transforma em outro.
Um aspecto importante na classificação dos solos é a sua textura. A textura do solo depende da
proporção de areia, do silte e da argila na sua composição. A proporção desses elementos na composição
do solo influencia vários aspectos, determinantes da
sua fertilidade.
A textura do solo vai influenciar na taxa de infiltração de água, ou seja, na quantidade de água que é
absorvida pelas diferentes camadas do solo. Influencia também na quantidade de água que será
efetivamente armazenada no solo após a infiltração. A textura determina a aeração do solo, ou seja, a
quantidade de ar que existe entre as partículas. Água e ar são recursos fundamentais para que os seres
vivos que estão no solo, especialmente as plantas cultivadas, realizem seus processos vitais. A
textura também influencia na distribuição dos nutrientes pelo solo, que é determinante para as plantas
cultivadas. Além disso, a textura determina a possibilidade de manejar o solo com instrumentos de
máquinas, chamada de mecanização do solo.
A textura do solo muda bastante ao longo da extensão de um terreno. Mas, de maneira geral, no
Brasil os solos apresentam uma camada superficial arenosa e outra, logo abaixo, argilosa. Assim sendo, a
água penetra mais facilmente na parte de cima e mais lentamente na camada inferior. Isto pode facilitar a
erosão do solo e prejudicar o
desenvolvimento das plantas. Portanto, é de fundamental importância conhecer as características do
terreno e as técnicas de manejo do solo para garantir a produtividade dos cultivos, aliada à conservação do
solo.
A classificação dos solos, diferentemente da classificação dos seres vivos, geralmente tem origens
nacionais ou regionais, ou seja, é baseada nas características do solo local. Mas de maneira geral podemos
classificar os solos nos seguintes tipos:
Arenosos - apresentam boa aeração e pouca umidade, por isso é permeável.
Argilosos - não são tão arejados, porém armazenam mais água. Por isso, são menos permeáveis.
Siltosos - São muito erosíveis, já que o silte tem partículas muito pequenas e leves que, porém, não
se agregam como a argila.
Humífero - apresenta maior quantidade de húmus, por isso é geralmente fértil. Apresenta coloração
escura e boa capacidade de reter água e sais minerais. Apresenta boa aeração e porosidade,
uma vez que os grãos são de tamanhos variados e de formas diversificadas.
Calcáreo - tipo de solo que fornece matéria-prima para fabricação de cal e cimento. Deste solo é
retirado um pó branco ou amarelado utilizado na fertilização de outros solos, destinados à
agricultura e à pecuária.
No solo existem grandes quantidades de seres vivos, especialmente na sua camada mais
superficial. Estes seres são conhecidos como microfauna ou macrofauna do solo, dependendo do seu
tamanho.
A microfauna do solo é composta por milhões de bactérias, fungos, algas e protozoários. A maioria
desses seres decompõe a matéria orgânica. A macrofauna do solo é composta por insetos, aracnídeos,
miriápodes, anelídeos, mamíferos e outros seres que, de forma indireta, também participam da
decomposição, porque facilitam a ação dos decompositores.
A ação dos micro-organismos decompositores do solo depende das condições ambientais tais como
a temperatura, a arejamento e umidade.
A ação dos decompositores do solo consiste basicamente em transformar a matéria orgânica
(restos dos seres vivos que morreram), que é complexa, em elementos simples. A microfauna,
especialmente os fungos, transforma a matéria orgânica em nutrientes para as plantas. Assim o ciclo se
fecha: as plantas produzem o alimento que mantém as cadeias alimentares; e os decompositores
transformam os seres vivos em elementos simples, que serão novamente utilizados pelas plantas. Por isso,
sem a microfauna, a fertilidade do solo pode ser reduzida drasticamente.
Nutrientes
Você já ouviu falar que as plantas produzem seu próprio alimento? Esse alimento é a glicose, que é
produzida pelos seres autotróficos no processo da fotossíntese. Nesse processo os vegetais transformam a
energia luminosa em energia química, que pode ser então utilizada pela própria planta e consumida por
outros seres vivos. A partir desses seres produtores de glicose começa a cadeia alimentar.
Então você pode pensar: Se a planta produz seu próprio alimento, o que ela retira do solo? O solo
não é apenas um substrato para a planta se apoiar? Ela não precisa apenas da água, já que ela produz seu
próprio alimento?
Você já percebeu que em alguns locais as plantas crescem saudáveis e em outros nem chegam a
germinar? Um solo é considerado fértil quando ele contém os nutrientes de que a planta precisa. Mas se a
planta produz seu próprio alimento, o que é um nutriente para as plantas?
Ocorre que a fotossíntese é um processo fundamental para a obtenção de energia pelas plantas,
mas não é um único processo que acontece na planta. A fotossíntese envolve a absorção de água (H2O)
pelas raízes e gás carbônico (CO2) do ar para produção de glicose (C6H12O6). Nesse processo a planta
libera oxigênio (O2) no ar. Perceba que os elementos envolvidos nesse processo são basicamente e
hidrogênio, o oxigênio e carbono. Mas a planta também necessita de outros elementos, que absorve do
solo, para se desenvolver. Tais elementos constituem a sua estrutura e regulam seus processos de
crescimento.
Existem elementos, tais como o azoto, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e magnésio que são
essenciais para o crescimento das plantas. A quantidade desses elementos varia de acordo com a espécie,
mas todas as plantas necessitam deles em grandes quantidades. Por isso são chamados de
macronutrientes.
Outros elementos tais como boro, manganês, zinco, cobre e cloro são necessários em pequena
quantidade, por isso são chamados micronutrientes. Uma exceção é o ferro, que pode ser para algumas
plantas um macronutriente para outras um micronutriente, dependendo da quantidade que a espécie
necessita.
A falta ou excesso de micro e macronutrientes nos solos pode levar as plantas a apresentarem
sintomas visíveis, tais como alterações no desenvolvimento saudável das raízes, dos caules e das folhas.
Estes sintomas são o crescimento menor do que o normal de algumas partes da planta e aspectos de
coloração diferente do padrão da planta saudável. Portanto, manchas negras e amarelas nas folhas, raízes
escuras e crescimento irregular são sintomas de falta ou excesso dos nutrientes disponíveis para a planta
no solo.
Os adubos químicos ou fertilizantes são substâncias aplicadas no solo para melhorar a produção
agrícola. Eles podem suprir as deficiências de nutrientes apresentadas pelo solo.
As plantas necessitam de macronutrientes (carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo,
enxofre, cálcio, magnésio e potássio). E também de micronutrientes (boro, cobalto, cobre, ferro, manganês,
molibdênio e zinco). Alguns destes elementos que existem em grande quantidade no ambiente e são
diretamente assimilados pelos vegetais, como é o caso do carbono, do hidrogênio e do oxigênio, presentes
na água e na atmosfera. Outros nutrientes, como ao caso do nitrogênio, apesar de estarem muito
disponíveis na atmosfera só são absorvidos por algumas plantas, com o auxílio de bactérias nitrificadoras.
Os adubos ou fertilizantes são aplicados no solo com intuito de tornar disponíveis os nutrientes
vegetais. Ocorre que para a aplicação desses nutrientes no solo é necessário uma análise química
cuidadosa. Não basta colocar os nutrientes no terreno por que eles podem reagir com as substâncias do
solo, ficando indisponíveis para as plantas apesar de estarem lá. Apesar do mérito dos fertilizantes para
agricultura, eles podem causar poluição dos solos e dos cursos d'água.
Os fertilizantes em excesso no solo são lavados pelas águas da chuva e levados para os rios e
lagos e contribuem para a eutrofização. O fenômeno da eutrofização é causado pelo excesso de nutrientes
nas águas, que gera a proliferação excessiva das algas microscópicas. Daí aumenta o número de outros
seres vivos microscópicos, além das algas. Quando algas e outros seres morrem, são decompostos. Tal
ação dos decompositores microscópicos diminui a quantidade de oxigênio na água. Quando o nível de
oxigênio da água cai, peixes e outros animais aquáticos morrem asfixiados. A causa do processo de
eutrofização é o despejo sem tratamento de efluentes urbanos e industriais, além dos agrícolas, nos corpos
d'água.
São muitos e variados os processos que levam a degradação dos sistemas de produção. Em geral,
ocorrem em duas fazes: a primeira, denominada degradação agrícola e a segunda, degradação biológica.
A degradação agrícola é o processo inicial no qual o sistema apresenta perda da produtividade
econômica, com desequilíbrio pela ausência de ações no sentido de mantê-lo no ponto ideal de controle de
ervas daninhas e de agentes bióticos adversos (fitopatógenos e pragas), resultando em menor produção da
cultura principal. Nessa situação, não há necessariamente uma perda da capacidade do solo em sustentar o
acúmulo de biomassa, porém, haverá perdas devido a redução do potencial de produção das plantas
cultivadas.
A degradação biológica consiste no processo final no qual há uma intensa diminuição da
capacidade de produção de biomassa vegetal e é provocada, primariamente, pela degradação dos solos,
ocasionada por diferentes processos que conduzem a perda de nutrientes e matéria orgânica e ao aumento
da acidez ou da compactação. É nessa faze que os processos erosivos tornam-se evidentes.
Erosão significa desgaste e é ela a responsável pela formação dos solos, sendo chamada de
erosão geológica ou natural. No aspecto físico, a erosão é a realização de uma quantidade de trabalho no
desprendimento do material de solo e no seu transporte. Porém, o problema ocorre quando o processo é
acelerado pela ação antrópica e atinge níveis danosos ao meio ambiente.
Com o incremento das atividades agropecuárias, houve o aumento de pressão pelo uso do solo,
que tem sido feito de forma inadequada, gerando o que se pode chamar de erosão agrícola dos solos, que
é o processo de desagregação e arrastamento das partículas de solo produzido pela ação da água das
chuvas ou do vento. Com a erosão dos solos, além do empobrecimento pela perda de nutrientes e matéria
orgânica e do próprio solo, ocorre, também, a contaminação dos recursos hídricos.
1. Hídrica
É a erosão provocada pela ação da água. Ela faz parte do ecossistema e está relacionada com o
escoamento superficial, que é uma das fases do ciclo hidrológico, correspondente ao conjunto de águas
que, sob a ação da gravidade, movimenta-se na superfície do solo no sentido da sua pendente. A forma e a
intensidade da erosão hídrica, embora estejam relacionadas com atributos intrínsecos do solo, são mais
influenciadas pelas características das chuvas, da topografia, da cobertura vegetal e do manejo da terra,
ocorrendo a interação de todos esses fatores. As características das chuvas determinam o seu potencial
erosivo, isto é, a capacidade de causar erosão. O potencial erosivo é avaliado em termos de erosividade,
que é a medida dos efeitos de impacto, salpico e turbulência provocados pela queda das gotas de chuva
sobre o solo, combinados com os da enxurrada, que transportam as partículas do solo.
As principais formas de expressão da erosão hídrica são a laminar, em sulcos e em voçorocas. Sendo a
erosão hídrica o agente mais importante em regiões tropicais, a ela será dada maior ênfase nesta
publicação.
2. Eólica
É a erosão provocada pela ação dos ventos. No Brasil, não é a forma mais grave de degradação.
Porém, em algumas regiões específicas do país, ocorre processo acelerado de desertificação,
principalmente nas regiões Nordeste e Sul.
A erosão eólica é provocada pela ação do vento e será mais intensa quanto maior a sua velocidade
e a área livre de vegetação ou obstáculos naturais. A erosão eólica está mais relacionada às grandes
planícies sem cobertura vegetal. Nessas regiões, a energia cinética do vento desloca as partículas do solo.
Dependendo da força e da velocidade do vento, são removidas as partículas mais finas (argila e silte) e,
posteriormente, as partículas mais grosseiras (areia). A distância de deposição está diretamente
relacionada à intensidade e à duração do processo.
Sistemas de cultivo
O sistema de cultivo tem grande importância nas perdas de solo, pois interfere diretamente na
cobertura vegetal e nas características físicas e biológicas do solo. O preparo do solo é uma prática agrícola
que tem como objetivo oferecer condições ideais para a semeadura, germinação, emergência das plântulas,
desenvolvimento e produtividade das culturas. De forma geral, pode ser dividido em três categorias:
Preparo primário: refere-se às operações mais profundas e grosseiras que visam, principalmente,
eliminar e enterrar as ervas daninhas estabelecidas, enterrar os restos da cultura anterior e,
também, tornar o solo mais friável. Exemplo: aração, escarificação etc.
Preparo secundário: são todas as operações subsequentes ao preparo primário, como o
nivelamento do terreno, destorroamento, incorporação de herbicidas e fertilizantes e eliminação de
ervas daninhas no início de seu desenvolvimento, produzindo ambiente favorável ao
desenvolvimento inicial da cultura implantada. Exemplo: gradagem, operação com enxada rotativa
etc.
Cultivo do solo após o plantio: utilização de práticas após a cultura ser implantada visando,
basicamente, eliminar as ervas daninhas, fazer amontoa etc. Exemplo: capina mecânica etc.
Figura 3 - Aspecto visual do perfil de solo preparado com arado de aiveca com
tração animal (Paty do Alferes-RJ, 1995).
Wünsche e Denardin (1980) compararam dois manejos da palhada com preparo convencional nas
culturas de soja e trigo em Passo Fundo-RS, observando que a perda de solo quando houve a incorporação
da palhada foi de somente 30% em relação à perda verificada quando foi feito o manejo com queima dos
restos culturais (Tabela 1).
Camada compactada
Tabela 1 - Perda média de solo por erosão em dois anos agrícolas, sob chuva natural, nas culturas de trigo
e soja em Latossolo Vermelho-Escuro.
1. Planejamento conservacionista
Os dois fatores que concorrem diretamente para a erosão do solo são a declividade do terreno e o
volume e intensidade da precipitação. Os diversos métodos de conservação do solo visam reduzir/evitar a
ação da água da chuva sobre o terreno.
O nivelamento de uma vertente é imprescindível em trabalhos de conservação do solo, pois, através
dele, podem-se determinar as diferenças de altitude entre dois ou mais pontos consecutivos, o que permitirá
As curvas de nível podem ser locadas em campo por meio de instrumental rudimentar ou com
aparelhos de precisão. Os processos mais utilizados são: locação com esquadros; locação com nível de
mangueira; locação com nível de precisão; e locação com teodolito.
Locação com esquadros: o trabalho inicia calculando-se a declividade do terreno por um dos
métodos citados anteriormente. Uma vez determinada a inclinação, calcula-se o espaçamento das
niveladas ou linhas mestras com o auxílio de tabela própria, seja para a locação de estruturas
mecânicas ou vegetativas. A demarcação deve ser iniciada a partir da parte mais elevada da
vertente, consistindo na alternância de posições do trapézio ou do triângulo, no sentido transversal
à linha de declive. Os pontos da mesma cota são obtidos pela centralização da bolha no nível de
pedreiro ou pela verticalidade dada pelo fio de prumo, verificada pela referência a um indicador no
meio exato do travessão do esquadro triangular. Nos pontos nivelados, colocam-se piquetes.
Locação com nível de mangueira: o processo consiste em se alternar as réguas graduadas, com
a mangueira esticada, procurando os pontos da mesma altitude que são dados pela coincidência
dos níveis de água em cada uma das réguas graduadas, colocando-se varas para a orientação dos
trabalhos mecanizados.
Locação com nível de precisão ou teodolito: é o processo que fornece maior precisão. Calculada
a declividade por meio de nivelamento simples ou composto, tomada das distâncias horizontais, e
obtido o espaçamento entre as niveladas, o trabalho tem início a partir da parte superior da vertente.
Instala-se o aparelho no ponto inicial da linha de nível a ser locada, podendo-se instalá-la acima ou
abaixo desse ponto, segundo a conveniência. Visando-se uma baliza, coloca-se uma referência na
altura correspondente à visada, efetuada com o fio médio da luneta. Para a marcação dos pontos
subsequentes, o balizeiro caminha de 20 a 30 metros, sempre no sentido perpendicular ao declive,
até que o fio médio da luneta do aparelho coincida com a marca feita na baliza. Dessa forma,
marcam-se com piquetes quantos pontos sejam alcançados pela luneta, sendo que no último ponto
o aparelho será transferido e reinstalado, podendo a baliza receber nova marca de referência ou
continuar com a mesma.
Terraceamento
Para se controlar o escorrimento superficial, nem sempre são suficientes as técnicas de aumento da
cobertura vegetal e da infiltração, principalmente quando ocorrem chuvas de grande intensidade, havendo
necessidade de procedimentos para reduzir a velocidade e a capacidade de transporte através de barreiras
mecâncias e, às vezes, até obras de engenharia, como terraços, canais escoadouros ou divergentes, bacias
de captação de águas pluviais, barragens etc. (BERTOLINI; LOMBARDI NETO, 1994).
Terraceamento é um dos métodos de conservação do solo mais antigos e, também, dos mais
utilizados, que visa reduzir a velocidade da água das chuvas erosivas que escorrem sobre o terreno. É um
método mecânico, que visa formar obstáculos físicos e parcelar o comprimento de rampa, possibilitando,
assim, a redução da velocidade e subdividindo o volume do deflúvio superficial, aumentando a infiltração da
água no solo. Os terraços visam, também, disciplinar o escoamento das águas até um leito estável de
drenagem natural ou artificial.
O fator isolado mais importante que influi sobre a erosão ou perdas de solo por enxurrada é a
cobertura do solo, seja ela com plantas em crescimento (cobertura viva) ou com a palhada dessas plantas.
A cobertura do solo pode ser alcançada com um rápido crescimento da cultura, que permitirá a
proteção contra as gotas da chuva. O rápido crescimento das culturas é proporcionado por adequadas
características físicas, químicas e biológicas do solo. Ao contrário, é prejudicada pela baixa fertilidade,
compactação (pé de grade), drenagem imperfeita etc.
O conhecimento do estado nutricional do solo, ou seja, do nível de macro e micronutrientes
disponíveis à cultura, através da análise química, é de grande importância, pois permitirá ao produtor
programar a calagem e as adubações minerais, verde e orgânica, que permitirão o rápido crescimento das
plantas e a cobertura de toda a área de plantio. Isso reduzirá o risco potencial de erosão e permitirá que
maior quantidade de massa vegetal seja devolvida ao solo, promovendo melhor proteção após a colheita,
mantendo e aumentando o teor de matéria orgânica.
A adição de matéria orgânica ao solo tem por objetivo melhorar suas condições físicas, químicas e
biológicas, permitindo o adequado crescimento das culturas. Esse aporte de matéria orgânica pode ser feito
de várias maneiras, através da adubação verde, adubação com esterco de animais (boi, suínos etc), restos
de culturas, composto orgânico e húmus de minhocas, entre outras. Entretanto, o agricultor nem sempre
tem a chance de encontrar com facilidade o esterco de animais (seja pela disponibilidade do produto, seja
pelo custo) ou de fazer a adubação verde. Uma forma de conseguir adubo orgânico de boa qualidade é
através do composto.
Proteção da camada superficial do solo contra as chuvas de alta intensidade, sol e vento.
Manutenção de elevadas taxas de infiltração de água pelo efeito combinado do sistema radicular e
da cobertura vegetal. As raízes, após sua decomposição, deixam canais no solo, enquanto a
cobertura evita a desagregação e o selamento superficial, reduzindo a velocidade do escoamento
superficial.
Promove grande e contínuo aporte de massa vegetal ao solo, mantendo ou até mesmo elevando,
ao longo dos anos, o teor de matéria orgânica.
Atenua a amplitude térmica e diminui a evaporação, aumentando a disponibilidade de água para as
culturas comerciais.
O sistema radicular rompe camadas adensadas e promove a aeração e a estruturação das
partículas, induzindo ao “preparo biológico do solo”.
Promove a reciclagem de nutrientes. O sistema radicular bem desenvolvido de muitos adubos
verdes tem a capacidade de translocar os nutrientes que se encontram em camadas profundas para
as camadas superficiais, tornando-os novamente disponíveis para as culturas de sucessão.
Diminui a lixiviação de nutrientes. A adubação verde, por reter os nutrientes na fitomassa e liberá-
los de forma gradual durante a decomposição do tecido vegetal, atenua esse problema.
Promove a adição de nitrogênio ao solo através da fixação biológica por parte das leguminosas,
podendo representar importante economia desse nutriente na adubação das culturas comerciais,
além de melhorar o balanço de nitrogênio no solo.
Reduz a população de ervas daninhas através do efeito supressor e/ou alelopático, devido ao rápido
crescimento inicial e exuberante desenvolvimento da massa vegetal.
O crescimento vegetal dos adubos verdes e sua decomposição ativam o ciclo de muitas espécies
de macro-organismos e, principalmente, micro-organismos do solo, cuja atividade melhora a
dinâmica física e química do solo.
Apresenta múltiplos usos na propriedade. Alguns adubos verdes possuem elevada qualidade
nutritiva, podendo ser utilizados na alimentação animal (aveia, ervilhaca, guandu e lab-lab), na
alimentação humana (tremoço e guandu) ou como fonte de madeira e lenha (leucena e sabiá).
Rotação de culturas
no fato de uma cultura extrair do solo maiores quantidades de determinados nutrientes do que
outros;
nos diferentes sistemas radiculares que exploram profundidades variáveis do solo;
nos diferentes tipos de cobertura do solo;
na adição de materiais orgânicos de qualidade diferenciada;
no controle de pragas e doenças.
Principais vantagens da rotação:
otimiza a fertilidade do solo;
diminui a incidência de pragas e doenças;
melhores resultados econômicos, através do adequado planejamento das culturas;
controla ervas daninhas com o mínimo de despesas.
Médias e grandes propriedades rurais, nas quais, pela disponibilidade de área, é possível adotar um
sistema de rotação para culturas econômicas.
Pequenas propriedades rurais, que não dispõem de área suficiente para um programa de rotação das
culturas econômicas, necessitando, muitas vezes, de toda a área disponível para determinada cultura, cuja
produção será utilizada na própria propriedade (exemplo: milho x suíno). Com vistas à pequena
propriedade, recomenda-se que o técnico oriente diretamente os agricultores para:
adotar sistemas de consórcio visando ao melhor aproveitamento das áreas e maior resultado
econômico;
utilizar culturas de inverno para adubação verde e/ou pastagem;
utilizar leguminosas de verão nas áreas de milho solteiro, como é o caso da mucuna;
intercalar culturas que permitam o máximo de rendimentos por efeitos positivos de alelopatia e/ou
incorporação de nutrientes para a cultura seguinte (leguminosa x gramínea);
procurar fazer rotação mesmo nas culturas mais sujeitas a doenças, caso do feijão, tomate e
pimentão.
ESTUDO DIRIGIDO
ESTUDO DIRIGIDO
1. Quais os fatores climáticos que interferem no desenvolvimento das plantas e quais as suas
características?
Crescimento é um fenômeno geral dos seres vivos, sendo entendido como aumento quantitativo
irreversível no volume (aumento do protoplasma vivo), seja este uma célula, um órgão, um tecido ou um
organismo como um todo. Envolve dois processos; divisão celular e alongamento (expansão).
originarão as folhas e os primórdios de gemas nas axilas das folhas; os primórdios de gemas são futuras
gemas laterais, que se desenvolverão em ramos laterais, de padrão semelhante à gema apical.
O crescimento caulinar em diâmetro se dá de forma idêntica ao das raízes, por atividade dos
meristemas laterais cambiais. Há caules que aparentemente não crescem, como é o caso de muitas
hortaliças e tais plantas são ditas acaules (Ex. Daucus carota, Plantago sp). Meristemas intercalares
permitem alongamento de internós e crescimento de bainha foliar (monocotiledôneas).
O meristema apical é dominante sobre os meristemas abaixo situados, as gemas axilares ou
laterais, as quais tem a função de formar folhas e ramos; as inflorescências podem se desenvolver
diretamente do caule (caulefloria) ou nas extremidades dos ramos. As posições do caule onde ocorrem as
folhas são denominados nós e as posições desfolhadas internos. Meristemas intercalares (na base dos
entrenós) permitem alongamento de internos e cresci mento da bainha foliar (monocotiledôneas).
As folhas originam-se de divisões periclinais de um grupo de células nas partes laterais do
meristema apical; forma-se uma protuberância chamada primórdio foliar, que já obedece à filotaxia da
espécie; em posição axilar aos primórdios foliares, formam-se os primórdios de gemas axilares. O tamanho
e a forma de uma folha serão determinados por vários fatores, tais como o tamanho do primórdio, a
velocidade de divisão e alongamento celular, a duração do período de crescimento, etc.
No entanto, em plantas, o crescimento é avaliado principalmente por aumento em tamanho ou em
massa. Aumentos em tamanho são frequentemente obtidos pela medição da expansão em uma única
direção, tais como altura e diâmetro de caules, ou área das folhas. Aumentos em massa são
frequentemente obtidos, colhendo-se as plantas e pesando-as rapidamente. Neste caso, obtém-se a
produção de matéria fresca, o qual é bastante variável por que depende do “status” hídrico da planta.
Em muitos casos, particularmente quando estamos interessados na produtividade da planta, é
preferível utilizar a matéria seca para avaliação do crescimento. A matéria seca é geralmente obtida,
pesando-se as plantas ou parte delas após secagem da matéria fresca em estufa de circulação forçada de
ar (60 a 80°C), durante um período de 24 a 48 horas.
estruturas de crescimento determinado. Por outro lado, os caules e as raízes são estruturas de crescimento
indeterminado. Estas estruturas crescem pelas atividades dos meristemas apicais, que são persistentes.
É interessante notar, que algumas espécies anuais, como o feijão-de-corda (Vigna unguiculata),
podem continuar crescendo vegetativamente, mesmo após o florescimento. Neste caso, é comum se referir
a esta espécie como de crescimento indeterminado. De modo contrário, as plantas de crescimento
determinado produzem certo número de folhas, florescem e, então, morrem. Um exemplo típico é o milho
(Zea mays L.).
ESTUDO DIRIGIDO
reúnam tais características. O desenvolvimento de sistemas de base ecológica não está necessariamente
atrelado a algum tipo de norma ou de certificação.
A agrossilvicultura como ciência desenvolveu-se a partir da década de 1970, quando as principais
hipóteses do papel das árvores sobre os solos tropicais foram desenvolvidas. Ela promove uma interface
entre a agricultura e a floresta, o que acaba por aproximar o ser humano deste ambiente que há séculos é
visto como um empecilho, hostil e perigoso. Fundamenta-se na silvicultura (estudo e exploração de
florestas), na agricultura, na zootecnia, no manejo do solo e em outras disciplinas ligadas ao uso da terra,
visando à produção de alimento, de produtos florestais madeireiros e não-madeireiros (móveis e
medicamentos), a produção de matéria orgânica, a melhoria da paisagem, o incremento da diversidade
genética, a conservação ambiental e a formação de cercas-vivas, quebra-ventos e sombra para criação
animal.
A agrossilvicultura inclui tanto o conhecimento e o uso de práticas agroflorestais, quanto o
desenvolvimento de sistemas agroflorestais - SAF, que se diferem de um sistema agropecuário por ter um
componente lenhoso e perene que ocupam papel fundamental na sua estrutura e função. Eles são usados
deliberadamente na mesma unidade de manejo da terra com cultivares agrícolas e, ou, animais, em alguma
forma de arranjo espacial e sequencia temporal.
Na corrente da agrossilvicultura podem ser classificados os sistemas agroflorestais sucessionais,
que transcendem qualquer modelo pronto e sugerido à sustentabilidade, já que partem de conceitos básicos
fundamentais, aproveitando os conhecimentos locais e desenvolvendo sistemas adaptados para o potencial
do lugar.
Os princípios do desenvolvimento dos ecossistemas interferem nas relações entre o homem e a
natureza, dado que a estratégia de máxima proteção que caracteriza o desenvolvimento ecológico entra
frequentemente em conflito com o objetivo do homem de máxima produção.
Os sistemas agroflorestais sucessionais como uma tentativa de harmonizar nossas atividades
agrícolas com os processos naturais dos seres vivos para produzir um nível ideal de diversidade e
quantidade de frutos, sementes e outros materiais orgânicos de alta qualidade sem o uso de insumos como
fertilizantes, pesticidas ou maquinários pesados, pois o objetivo é que cada planta se desenvolva para
aproximar nossos sistemas agrícolas do ecossistema natural do local, portanto trata-se do oposto da
agricultura moderna, na qual o homem tenta adaptar plantas e ecossistemas às necessidades da
tecnologia.
ESTUDO DIRIGIDO
5. PROPAGAÇÃO E PLANTIO
1. Sexuada
A propagação sexuada é baseada no processo meiótico de divisão celular, em que o número de
cromossomos das células reprodutivas é reduzido à metade para formar os gametas: oosfera e o grão de
pólen. A divisão meiótica é de fundamental importância para a geração da variabilidade por meio da divisão
reducional e independente dos cromossomos e Crossing over. Durante a divisão meiótica, os cromossomos
homólogos pareados trocam pares entre si, aumentando a variabilidade genética.
A propagação de plantas, normalmente é realizada através de sementes. No entanto, por esse
método não se tem a certeza de que os indivíduos formados, devido à recombinação gênica, mantenham as
mesmas características selecionadas das plantas parentais. Já na multiplicação de planta por propagação
vegetativa, obtêm-se indivíduos com características geneticamente iguais àquelas de seus progenitores. A
propagação através de sementes retarda a produção, devido ao longo período improdutivo ocasionado pela
juvenilidade. Além disso, muitas plantas originadas de sementes têm uma pequena produção.
Flor
Assim como o fruto, a flor é uma estrutura característica das angiospermas, embora as
gimnospermas já apresentem estruturas compostas de folhas modificadas, os estróbilos, que originam os
gametas femininos e masculinos. As flores das angiospermas apresentam ampla complexidade e
variedade. Por esse motivo, as angiospermas são denominadas, também, antófitas (do grego, anthós,
“flor”, e phytos, “planta”).
A flor é um conjunto de folhas modificadas que podem ser agrupadas em subconjuntos
denominados verticilos, que podem ser de proteção (como pétalas e sépalas), ou de reprodução (como
estames e pistilos). Nem todas as flores possuem todos os verticilos; por exemplo, existem flores sem
pistilos ou sem estames. Os verticilos partem de um local geralmente mais largo, denominado receptáculo,
localizado na base da flor.
Na ilustração abaixo, é possível ver sépalas e pétalas, que formam os verticilos de proteção. O
conjunto de sépalas de uma flor recebe o nome de cálice, ao passo que o conjunto de pétalas recebe o
nome de corola. Características específicas do cálice e da corola, como formatos e cores, são importantes
para atrair insetos polinizadores, por exemplo.
Ciclo de vida
Ao se tornarem maduras, as anteras dos estames produzem grãos de pólen. Cada grão de pólen
possui dois núcleos espermáticos haploides, que são os gametas masculinos das angiospermas. Ao chegar
ao estigma da flor, o grão de pólen desenvolve o tubo polínico, pelo qual os núcleos espermáticos migram
em direção ao óvulo. O tubo polínico cresce por dentro do estigma e atravessa o estilete até alcançar a
abertura do megagametófito, representado por uma estrutura multicelular denominada saco embrionário
e localizado no interior do ovário da flor.
No saco embrionário existem oito células, geradas por meiose da célula-mãe do megásporo:
uma oosfera, o gameta feminino das angiospermas;
dois núcleos polares (secundários);
cinco células, chamadas antípodas quando localizadas no lado oposto da oosfera e
sinérgides quando localizadas ao lado da oosfera.
Diferentemente das gimnospermas, em que um dos núcleos espermáticos degenera e morre, nas
angiospermas os dois núcleos são funcionais. Entre as angiospermas, ocorre um fenômeno biológico
exclusivo desse grupo de plantas: a dupla fecundação. Um dos núcleos espermáticos irá fecundar a
oosfera, que é o gameta feminino das angiospermas, dando origem ao embrião diploide. O outro núcleo irá
fundir-se aos dois núcleos polares, originando um tecido triploide (3n), denominado albúmen ou
endosperma, que nutre o embrião durante a germinação. As outras células do saco embrionário degeneram
e morrem.
Após a fecundação, o ovário da flor ganha volume e cresce, dando origem ao fruto das
angiospermas, dentro do qual se encontra a semente, originada do desenvolvimento do óvulo. Assim, nas
angiospermas, o fruto é originário do ovário, e a semente é originária do óvulo.
Polinização
Na polinização, os grãos de pólen são transportados dos estames até os estigmas das flores. A
polinização é fundamental para que ocorra a fecundação e a formação do zigoto.
Embora pareça ser um processo simples, a polinização das flores das angiospermas envolve
estratégias muito variadas e por vezes complexas. Estames, pétalas, sépalas e outras estruturas
adaptaram-se a mecanismos específicos de polinização, como ocorre com espécies polinizadas
exclusivamente por um tipo de polinizador.
A autopolinização ocorre quando o grão de pólen alcança o estigma da mesma flor ou de flores
situadas na mesma planta. Esse processo é pouco frequente entre as angiospermas. O mecanismo mais
comum é o da polinização cruzada, no qual o grão de pólen alcança o estigma de flores pertencentes a
outros indivíduos. Essa estratégia aumenta a variabilidade genética das populações de plantas.
Muitas plantas apresentam mecanismos que evitam a autopolinização. Um deles é o
desenvolvimento de pistilos e anteras em momentos diferentes: enquanto o pistilo está maduro, as anteras
ainda estão imaturas.
A polinização cruzada envolve diversos agentes polinizadores, como vento, aves, insetos e
mamíferos. Abelhas, beija-flores e outros seres vivos transportam grãos de pólen ao visitar diversas plantas
em busca de néctar, seu alimento. O néctar é um líquido açucarado produzido em nectários, órgãos
presentes em certas plantas.
As estratégias de polinização recebem nomes específicos, dependendo do agente polinizador
envolvido.
2. Assexuada
A propagação assexuada é uma técnica utilizada para produzir plantas geneticamente iguais à
planta mãe. Isso só é possível porque as células contêm, em seus núcleos as informações necessárias para
gerar uma nova planta, através de um princípio denominado de totipotência. Como essas células
reproduzidas são somáticas, as plantas resultantes são denominadas clones.
As vantagens das mudas obtidas por estaquia ou por outro processo assexuado consistem no fato
de serem plantas com estabilidade genética garantida, o que implicará na formação de plantas uniformes e
mais produtivas.
A planta-mãe pode originar novas plantas a partir das várias partes que a constituem como as
folhas, os caules aéreos (estolhos), ou os caules subterrâneos (rizomas, tubérculos e bolbos).
Folhas: certas plantas desenvolvem pequenas plântulas nas margens das folhas. Estas, ao cair no solo,
desenvolvem-se e dão origem a uma planta adulta.
Estolhos: certas plantas, como o morangueiro, produzem plantas novas a partir de caules prostrados
chamados estolhos. Cada estolho parte do caule principal e origina várias plantas novas, indo o caule
principal morrer assim que as novas plântulas desenvolvem as suas próprias raízes e folhas.
Rizomas: os lírios, o bambu, e os fetos, possuem caules subterrâneos alongados e com substâncias de
reserva, denominados rizomas. Estes, além de permitirem à planta sobreviver em condições desfavoráveis,
podem alongar-se, originando gemas que se vão diferenciar em novas plantas.
Tubérculos: Os tubérculos são caules subterrâneos volumosos e ricos em substâncias de reserva, sendo a
batata um dos mais conhecidos. Os tubérculos possuem gomos com capacidade germinativa e que
originam novas plantas.
Bolbos: são caules subterrâneos arredondados, com um gomo terminal rodeado por camadas de folhas
carnudas, ricas em substâncias de reserva. Quando as condições do meio são favoráveis, formam-se
gomos laterais, que se rodeiam de novas folhas carnudas e originam novas plantas. Alguns dos bolbos mais
conhecidos são a cebola e a túlipa.
Este tipo de reprodução assexuada tem sido largamente utilizado no sector agro-florestal para a
multiplicação vegetativa de plantas. Os mais comuns são a estaca, a mergulhia e a enxertia.
Estaca: este tipo de multiplicação vegetativa consiste na introdução de ramos da planta-mãe no solo indo, a
partir destes surgir raízes e gomos que vão originar uma nova planta. A videira e a roseira reproduzem-se
deste modo.
Mergulhia: este tipo de multiplicação vegetativa consiste em dobrar um ramo da planta-mãe até enterrá-lo
no solo. A parte enterrada irá ganhar raízes e quando está enraizada pode separar-se da planta-mãe,
obtendo-se, assim, uma planta independente.
Enxertia: consiste na junção das superfícies cortadas de duas partes de plantas diferentes. As plantas
utilizadas são da mesma espécie, ou de espécies muito semelhantes. A parte que recebe o enxerto chama-
se cavalo e a parte doadora chama-se garfo. Existem vários tipos de enxertia: a enxertia por garfo, a
enxertia por encosto e a enxertia por borbulha.
Na enxertia por garfo, o cavalo é cortado transversalmente. Seguidamente faz-se uma fenda
transversal nesse cavalo e introduz-se nele o garfo. A zona de união é envolvida em terra úmida para ajudar
à cicatrização da união entre as duas plantas.
Na enxertia por encosto vão juntar-se os ramos de duas plantas, que foram previamente
descascados na zona de contacto, e amarram-se para facilitar a união. Após a cicatrização, corta-se a parte
do cavalo que se encontra acima da zona de união e a parte da planta doadora que se encontra abaixo da
mesma zona. A nova planta é constituída pelo sistema radicular e tronco da planta receptora do enxerto e
pelo ramo, ou ramos, da planta doadora do enxerto.
Na enxertia por borbulha efetua-se um corte em forma de T na casca do caule da planta receptora
do enxerto. Depois levanta-se a casca e introduz-se no local da fenda o enxerto, constituído por um pedaço
de casca contendo um gomo da planta doadora. Seguidamente, a zona de união é atada, para facilitar a
cicatrização.
Métodos de propagação
As mudas para a instalação de uma lavoura podem ser obtidas através da reprodução natural da
própria planta ou através de sementes.
sombrite, entre outros. Outra forma de proteção é fincar estacas nas bordas e fazer um trançado de
barbante. Manter a sementeira em estufa também oferece proteção.
Bandeja de isopor: Composta por diversas células, ou seja, por orifícios preenchidos com o substrato (solo,
palha de arroz queimada, areia e composto orgânico ou esterco curtido, plantimax®, húmus de minhoca e
compostagem, dentre outros, todos peneirados e livres de ervas invasoras). Utilizada tanto para o semeio
quanto para o enraizamento de estacas. As bandejas podem ser parcialmente sombreadas para aumentar a
sua durabilidade.
Vantagens:
o Facilidade no manuseio.
o Possibilidade de reutilização após desinfecção e lavagem (hipoclorito de sódio diluído em
água), evitando contaminações na cultura.
o Maior número de mudas por espaço.
o Reduz a necessidade de mão de obra e materiais, pois as mudas podem ser plantadas
diretamente no local definitivo.
o Dispensa capina e retém a umidade.
o Exige pouca quantidade de substrato.
o Permite o desenvolvimento das mudas que, ao serem transplantadas, mantêm o torrão com
raízes, mantendo a planta intacta.
Transplante
Canteiro
É o local onde se plantam as mudas transplantadas das sementeiras. Os canteiros podem ser de
alvenaria, pedras ou de materiais retirados da própria região, como madeiras e varas, entre outros. O
tamanho dependerá do número de plantas a serem transplantadas e do tamanho do terreno. Geralmente,
possuem 1m de largura por 0,20m de altura e 5m de comprimento; a distância entre os canteiros deve ser
de pelo menos 1m para facilitar os tratos culturais.
Covas
Largura e profundidade devem ser de acordo com o tamanho da planta.
- Devem ser preparadas com antecedência.
- Se houver a necessidade de corrigir o pH do solo, recomenda-se aplicar calagem com aproximadamente
um mês de antecedência do plantio.
- O espaçamento linha x plantas varia de acordo com cada espécie.
- Ao cavar, separe a terra de cima da terra de baixo.
- Encha as covas misturando a terra de cima com o adubo orgânico, cuja quantidade varia de acordo com a
análise do solo, e complete com a terra de baixo.
- Aguar diariamente até o dia do plantio. Cobrir a planta com cobertura morta para manter a umidade e
evitar o crescimento de ervas invasoras e erosão. Também serve como adubo orgânico e repelente de
insetos.
Semeadura direta
É feita no local definitivo quando a planta não requer cuidados especiais. Exige bom preparo do
solo. A semeadura pode ser feita a lanço ou em linhas. O tamanho da semente é que irá determinar a
melhor forma de semeadura, manual ou com equipamentos.
Micropropagação
Estudo Dirigido
Organismos praga são organismos que competem direta ou indiretamente com o homem por
alimento, matéria prima ou prejudicam a saúde e o bem-estar do homem e animais.
Exemplos de organismos praga
Pássaros (marrecos, goderos, assanhaços, etc.).
Mamíferos (ratos, morcegos, capivaras, coelhos, etc.).
Patógenos (vírus, bactérias, fungos, etc.).
Plantas invasoras.
Nematóides (são estudados pela Nematologia).
Artrópodes (ácaros, sinfilos, diplopodas, aranhas, insetos, etc.)
Moluscos (lesmas e caracóis).
1. Conceitos de pragas
Praga agrícola ou florestal compreende uma população de organismos capazes De causar danos às
plantas, seus produtos e subprodutos. O dano pode afetar o rendimento do produto ou sua qualidade,
através do consumo direto dos tecidos ou órgãos da planta, frutos ou sementes, sucção de seiva,
transmissão de doenças, competição por espaço e por nutrientes. Além disso, deve-se considerar o custo
do controle destas pragas.
Exemplos de pragas
a) Insetos mastigadores
Consumidores de folhagem: podem comer parcial ou total.
1) Lepidoptera:
Noctuidae: Alabama argilacea – curuquerê-do-algodão que corta e ingere a folha do algodoeiro; Spodoptera
frugiperda - lagarta militar (polífaga, ataca milho e muitas gramíneas); Sphingidae: Manduca sexta paphus -
mandarová do fumo (ataca solanáceas); Erinnyis ello - mandarová da mandioca (ataca Euphorbiaceaes).
2) Coleoptera:
Chrysomelidae: família de importância econômica com pragas perfuradoras de folhas.
Orifícios mais ou menos regulares e circulares na folhagem. Atacam diversos cultivos
agrícola. Epitrix – pulga-do-fumo, batata; Diabrotica speciosa - vaquinha, desfolhadora de diversas culturas.
3) Hymenoptera:
Formicidae: Compreende as formigas cortadeiras de folhas para cultivarem fungos
que serão usados na alimentação dessas formigas. Exemplos nos gêneros Atta e Acromyrmex.
Meliponidae: esta família compreende abelhas pretas sem ferrão. Atacam (roem e
escarificam) frutas cítricas e flores e outras plantas com casca pinus. Gênero Trigona.
4) Coleoptera:
Curculionidae: Sitophilus spp. - perfuram grãos armazenados.
b) Minadores
Estes insetos em sua forma larval, atacam as folhas, até talos e frutos, entre as duas
epidermes, construindo galerias:
1) Lepidoptera:
Lyonettidae: Peryleucoptera - bicho mineiro da folhas de café; Phyllocnistis citrella
– lagarta minadora dos citros.
2) Coleoptera:
Chrysomelidae: as larvas minadoras do gênero Xenochalepus minam folhas de
feijão.
3) Diptera:
Agromyzidae: os gêneros Agromyza, Liromyza, atacam diferentes plantas, tanto cultivadas, como
ornamentais, fazendo galerias em forma de serpentina na folhagem.
c) Destruidores de raízes
São insetos subterrâneos (vivem no solo durante a fase ativa de alimentação),
danificam pelo corte ou sucção de nutrientes
1) Orthoptera: Gryllotalpidae: Neocurtilla (cortam as raízes)
2) Hemiptera: Cydnidae: Scaptocoris catanes (sugam a seiva nas raízes de diversas plantas).
e) Vetores de doenças
Transmissores principalmente de vírus fitopatogênicos. Exemplo: pulgões em feijão,
algodão.
f) Insetos raspadores-sugadores
Thysanoptera: os tripes, causam danos pelo seu aparelho bucal raspador-sugador que causam necrose nos
tecidos foliares, podendo causar desfolhamento total em ataques intensos. Podem deformar botões ou
flores, provocar cicatrizes em frutos, bulbos, etc. Os gêneros mais importantes são Thrips e Frankliniella.
g) Insetos perfuradores-sugadores
Quase a totalidade da ordem Hemiptera vive às expensas de vegetais, perfurando e sugando a seiva de
diversas partes da planta, sendo o dano, nem sempre aparente.
A sua maior importância é ser vetor de doenças, causando danos secundários e indiretos. Destacam-se
neste grupo as seguintes famílias: Hemiptera: Coreidae, Miridae, Pentatomidae, Tingitidae; Homoptera:
Aleyrodidae (mosca branca), Aphididae (afídeos), Coccidae (cochonilhas), Cicadelidae (cigarrinhas),
Delphacidae, Membracidae, Cicadidae (cigarras).
TIPOS DE PRAGAS
2. Densidade populacional
1. Injúrias
Prejuízos causados por organismos fitófagos com densidade populacional acima de nível de dano
econômico.
5.l. Redução das populações de inimigos naturais em níveis superiores ao das populações de
pragas devido:
- possuirem maior mobilidade do que as pragas, ficando assim mais expostas aos praguicidas.
- ocorrência de maior consumo de pragas contaminadas por praguicidas devido a maior facilidade de
"captura" destas;
- maior concentração de substâncias tóxicas (o praguicida) em níveis tróficos mais elevados (no caso dos
inimigos naturais).A redução nas populações dos inimigos naturais traz como consequências:
Ressurgência de pragas (a praga reaparece em safras subsequentes, oriunda de lugares de refúgio
e dos indivíduos sobreviventes na lavoura, em níveis populacionais superiores aos da sanfra
anterior).
Erupção de pragas (mudança de "status", com praga secundária tornando-se chave). Exemplo disto
pode ocorrer com o uso de inseticidas do grupo dos piretróides no controle do bicho mineiro
(Perileucoptera coffeella (Guérin - Menéville, 1842)) do cafeeiro. Esse uso pode reduzir a população
de ácaros predadores do ácaro vermelho (Oligonychus ilicis (McGregor, 1919)), que passa para o
"status" de praga chave.
5.2. Quebra da cadeia alimentar
Consiste na redução da população de espécies fitófagas, que servem como fonte inicial de
alimentação de predadores, os quais posteriormente serão essenciais no controle de pragas chaves.
Exemplo disto é o que ocorre na cultura algodoeira quando se usa semente preta (semente tratada com
inseticida sistêmico) diminuindo assim, a população de pulgões e tripes. Estes insetos são fonte inicial de
alimento dos predadores de pragas chaves que surgirão posteriormente como o curuquerê do algodoeiro (-
A. argillacea Hueb., 1818) e lagarta das maçãs (Heliothis virescens (Fabr., 1781).
5.3. Resistência das pragas aos praguicidas.
Consiste no aumento da tolerância das populações de pragas a doses de um praguicida
anteriormente considerado eficiente no seu controle. Isto ocorre devido a eliminação de indivíduos
susceptíveis, fato este que fará com que haja seleção de indivíduos que possuam carga genética para
resistência à ação do praguicida.
Os mecanismos de resistência podem ser:
alterações no alvo de ação do praguicida;
aumento da taxa de desintoxicação (por degradação ou excreção) do praguicida pela praga;
redução da taxa de penetração do praguicida no corpo da praga, e
resistência por comportamento (modificações no comportamento como repelência ao praguicida
que permitam esse tolerar o praguicida).
- Além da resistência induzida a um praguicida pode também ocorrer:
resistência cruzada (quando a resistência induzida por um praguicida se estende também a outro
produto de mesmo modo de ação);
resistência múltipla (quando a resistência se estende a praguicidas de modo de ação diferentes).
Tomada de decisão: Nesta fase, tomaremos a decisão de controlar ou não as pragas com base nos
seguintes componentes:
População de praga (Tomamos decisão de controlar a praga se a densidade populacional da praga
for igual ou maior que o nível de controle).
População dos inimigos naturais (Só tomaremos decisão de controlar as pragas se as densidades
populacionais de inimigos naturais estiverem menores que o nível de não-ação).
Estádio fenológico da cultura (Na tomada de decisão, devemos considerar o grau de
susceptibilidade da cultura em cada estádio).
Condições climáticas (Na tomadas de decisão, deve-se verificar as condições climáticas, visto que
estas têm efeito sobre as populações das pragas, inimigos naturais e eficiência dos métodos de
controle).
Escolha dos métodos de controle (Deve-se levar em consideração os fatores técnicos, econômicos,
ecológicos e sociológicos).
Para avaliação correta, das populações de pragas e inimigos naturais é necessário se realizar
amostragens. Para tanto, é necessário o desenvolvimento de pesquisas que permitam o desenvolvimento
de metodologia de avaliação populacional, plano de amostragem e tipo de caminhamento a ser adotado na
amostragem.
1. Métodos absolutos
Consistem na avaliação da população total existente em determinada área. Praticamente não usado
em Entomologia Agrícola devido ao tempo, pessoal e dinheiro gasto na sua realização.
2. Métodos relativos
Estima-se a população existente em determinada amostra. Esta contagem pode ser feita através
de:
contagem direta das pragas existentes numa amostra, como é feito na cultura de citros para o ácaro
da leprose (Brevipalpus phoenicis Geijskes, 1939), onde conta-se o número de ácaros existentes
nos frutos;
uso de armadilhas, como é feito para a cultura da soja quando conta-se o número de percevejos
(Heteroptera: Pentatomidae) presentes em pano colocado entre as fileiras das plantas.
Métodos culturais: Emprego de práticas agrícolas normalmente utilizadas no cultivo das plantas objetivando
o controle de pragas.
Controle biológico: Ação de inimigos naturais na manutenção da densidade das pragas em nível inferior
àquele que ocorreria na ausência desses inimigos naturais.
Controle químico: Aplicação de substâncias químicas no controle de pragas
Controle por comportamento: Consiste no uso de processos (hormônios, feromônios, atraentes, repelentes
e macho estéril) que modifiquem o comportamento da praga de tal forma a reduzir sua população e danos.
Resistência de plantas: Uso de plantas que devido suas características genéticas sofrem menor dano por
pragas.
Métodos legislativos: Conjunto de leis e portarias relacionados a adoção de medidas de controle de pragas.
Controle mecânico: Uso de técnicas que possibilitem a eliminação direta das pragas.
Controle físico: Consiste no uso de métodos como fogo, drenagem, inundação, temperatura e radiação
eletromagnética no controle de pragas.
Método genético: Consiste no controle de pragas através do uso de esterilização híbrida.
PLANTA DANINHA
Num conceito amplo, uma planta só deve ser considerada daninha se estiver direta ou
indiretamente prejudicando uma determinada atividade humana, como, por exemplos, plantas interferindo
no desenvolvimento de culturas comerciais, plantas tóxicas em pastagens, plantas ao lado de refinarias de
petróleo, plantas estranhas no jardim, etc. Entretanto, todos os conceitos baseiam-se na sua
indesejabilidade em relação a uma atividade humana.
As plantas daninhas podem ser agrupadas em plantas daninhas comuns e verdadeiras. As
comuns são aquelas que não possuem habilidade de sobreviver em condições adversas. Por exemplo, num
plantio rotacional trigo/soja, as plantas de trigo que surgirem das sementes remanescentes no solo passam
a ser consideradas daninhas à cultura da soja.
As consideradas verdadeiras possuem características especiais que permitem fixá-las como
infestantes ou daninhas, como:
a) Não são melhoradas geneticamente.
b) Crescem em condições adversas.
c) São rústicas quanto ao ataque de pragas e doenças. Possuem habilidade de produzir grande
número de sementes por planta, geralmente com facilidade para disseminação pelo vento, água,
pêlo de animais, etc. Exemplo: Desmodium totuosum, que produz até 42.000 sementes por
planta, as quais são facilmente dissemináveis por animais, por máquinas, por misturas de
sementes, etc.
d) Apresentam dormência e germinação desuniformes, que são atributos que facilitam a
perpetuação da espécie, pois, se todas as sementes germinassem de uma só vez, seria fácil
erradicar uma espécie daninha. Muitas espécies de plantas daninhas são, ainda, capazes de se
multiplicar por diversas maneiras (sementes, rizomas, bulbos, tubérculos, folhas, raízes, etc.)
1. Características práticas para reconhecimento das principais famí lias de plantas daninhas
Graminae - talo cilíndrico, com nós e entrenós; entrenós com talo oco; bainha normalmente aberta;
lígula normalmente presente. Exemplo: Bracharia plantaginea.
Compositae - Inflorescência em capítulo (flores muito pequenas e em do is tipos: tubulares e
ligulares); estames livres e anteras unidas; cálice transformado em papus, fruto em aquênio; etc.
Exemplo: Bidens pilosa.
Cyperaceae - talo triangular sem nós; bainha fechada sem lígula. Exemplo: Cyperus rotundus.
Polygonaceae - presença de serocina; nós dos talos inchados ou protuberantes; seiva ácida e
penetrante. Exemplo: Rumex crispus.
Amaranthaceae - flores muito pequenas e de cor verde; brácteas espinhosas; inflorescências
condensadas. Exemplo: Amaranthus hybridus.
Cruciferae - estames tetradínamos (quatro comprimidos para dentro e quatro curvados para fora); o
fruto é uma síliqua, dividido em dois lóculos. Exemplo: Raphanus raphanistrum.
Leguminosae - é subdividida em subfamílias:
Subfamília I - Mimosaceae - corola actinomorfa; estames quatro a infinito; folhas bipenadas ou
penadas. Exemplo: Mimosa e Acacia.
Subfamíla II - Cesalpinaceae - corola irregular com estandarte interno; estames 3-12 inseridos no
cálice; em geral as folhas são penadas. Exemplo: Senna obtusifolia.
Subfamília III - Papilionaceae - corola com estandarte interno; estames 10, geralmente (9) + 1,
inseridos na corola; folhas nunca bipenadas. Exemplo: Desmodium e Phaseolus.
Convolvulaceae - trepadoras com folhas alternadas e sem estípulas; corola em forma de tubo; flores
As plantas daninhas podem ser hospedeiras alternativas de pragas e doenças, como o mosaico-
dourado do feijoeiro, causado por um vírus à cultura do feijão, que é transmitido pela mosca-branca.
Algumas espécies, diminuem a eficiência das máquinas e aumentam as perdas durante a operação
da colheita até mesmo quando em infestação moderada nas lavouras. Capim-carrapicho (Cenchrus
echinatus), carrapicho-de-carneiro (Acathospermum hispidum), arranha-gato (Acassia plumosa).
As plantas daninhas, também, podem ser altamente inconvenientes em áreas não-cultivadas: áreas
industriais, vias públicas, ferrovias, refinarias de petróleo. Nestas áreas não é desejável a presença de
plantas daninhas vivas ou mortas. Causam, também, problemas sérios em ambientes aquáticos, onde
podem dificultar o manejo da água, aumentando o custo da irrigação, prejudicando a pesca, dificultando a
manutenção de represas, o funcionamento de usinas hidrelétricas, etc. Exemplos: taboa (Typha
angustifolia), aguapé (Eichornia crassipes), etc.
Outras espécies de plantas daninhas podem ainda reduzir o valor da terra, como a tiririca (Cyperus
rotundus) em áreas destinadas à produção de hortaliças e a Ciganinha (Memora peregrina) em áreas de
pastagens, uma vez que o custo de controle muito elevado, tornando-se inviável economicamente.
O controle preventivo de plantas daninhas consiste no uso de práticas que visam prevenir a
introdução, o estabelecimento e, ou, a disseminação de determinadas espécies-problema em áreas ainda
por elas não infestadas.
As medidas que podem evitar a introdução onde a espécie ainda não ocorre são: utilizar sementes
de elevada pureza; limpar cuidadosamente máquinas, grades e colheitadeiras; inspecionar cuidadosamente
mudas adquiridas com torrão e também toda a matéria orgânica (esterco e composto) proveniente de outras
áreas; limpeza de canais de irrigação; quarentena de animais introduzidos; etc.
Um bom programa de manejo de plantas daninhas pode ser resumido em três situações básicas:
máxima produção no menor espaço de tempo, máxima sustentatibilidade de produção e mínimo risco.
Dez palavras-chave descrevem os processos recomendados, e elas são um bom guia para o
programa de manejo:
1. Monitorar sementes e espécies da área de produção.
2. Identificar as espécies-problema e suas densidades.
3. Estudar os métodos usados na propriedade.
4. Conhecer as espécies dominantes e suas interações.
5. Prever populações e mudanças de populações de plantas daninhas.
6. Decidir quando o controle deve ser feito.
7. Escolher a(s) tecnologia(s) de controle compatível(is) com sistema.
8. Considerar os recursos e as necessidades do fazendeiro.
9. Integrar os processos com as medidas de proteção das culturas.
10. Avaliar os impactos ambiental, social e econômico a curto e a longo prazo.
DOENÇAS
Doença é resultante da interação entre hospedeiro, agente causal e ambiente. Diversos critérios,
baseados no hospedeiro e/ou no agente causal, têm sido usados para classificar doenças de plantas.
Grupo I - Doenças que destroem os órgãos de armazenamento
Grupo II - Doenças que causam danos em plântulas
Grupo III - Doenças que danificam as raízes
Grupo IV - Doenças que atacam o sistema vascular
Grupo V - Doenças que interferem com a fotossíntese
Grupo VI - Doenças que alteram o aproveitamento das substâncias fotossintetizadas.
· Parasitas obrigados: são aqueles que vivem as custas do tecido vivo do hospedeiro. Não são cultivados
em meio de cultura. Ex: fungos causadores de míldios, oídios, ferrugens e carvões; vírus, viróides,
nematóides e algumas bactérias.
· Saprófitas facultativos: são aqueles que vivem a maioria do tempo ou a maior parte de seu ciclo de vida
como parasitas, mas em certas circunstâncias, podem sobreviver
saprofiticamente sobre matéria orgânica morta. Podem ser cultivados em meio de cultura. Ex: fungos
causadores de manchas foliares, como Alternaria spp., Colletotrichum spp. e Cercospora spp.
· Parasitas facultativos: são aqueles que normalmente se desenvolvem como saprófitas, mas que são
capazes de passar parte, ou todo o seu ciclo de desenvolvimento como parasitas. São facilmente cultivados
em meio de cultura. Ex: fungos como Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii.
· Parasitas acidentais: são aqueles organismos saprófitas que em determinadas condições (Ex.: planta
com estresse) podem exercer o parasitismo. Ex: Pseudomonas fluorescens causando podridão em alface.
3. Sinais
Num esforço de sistematização dos métodos de controle até então conhecidos, Whetzel et al.
(1925) e Whetzel (1929) agruparam-nos em quatro princípios biológicos gerais: exclusão – prevenção da
entrada de um patógeno numa área ainda não infestada; erradicação - eliminação do patógeno de uma área
em que foi introduzido; proteção -
interposição de uma barreira protetora entre as partes suscetíveis da planta e o inóculo do patógeno, antes
de ocorrer a deposição; imunização - desenvolvimento de plantas
resistentes ou imunes ou, ainda, desenvolvimento, por meios naturais ou artificiais, de uma população de
plantas imunes ou altamente resistentes, em uma área infestada com o patógeno. Com o tempo, a esses
princípios foi acrescentado o da terapia, que visa restabelecer a sanidade de uma planta com a qual o
patógeno já estabelecera uma íntima relação parasítica.
Esses princípios podem ser enunciados como passos sequenciais lógicos no controle de doenças
de plantas, levando em consideração o ciclo das relações patógeno-hospedeiro em uma determinada área
geográfica. Assim, a exclusão interfere na fase de disseminação, a erradicação na fonte de inóculo e na
sobrevivência, a proteção na inoculação e na germinação, a imunização, na penetração e colonização e a
terapia, na colonização e na reprodução.
ESTUDO DIRIGIDO
1. O que existe em comum entre pragas, doenças e plantas daninhas?
2. Quando um inseto é considerado praga e como isso é determinado?
3. Quais os métodos de controle das pragas?
4. Em relação as plantas daninhas, cite a sua classificação e suas vantagens?
5. O que é doença, quais os agentes causadores e os principais sintomas apresentados pelas
plantas?
1. Colheita manual
2. Equipamentos de auxílio
A colheita auxiliada é aquela em que se utilizam equipamentos para fornecer melhores condições
de trabalho, maior rapidez no processo e melhor conservação do produto. Equipamentos de auxílio à
colheita podem aumentar a produtividade e/ou reduzir custos, em especial quando utilizados em conjunto
com maquinário ou operações de embalagem. O uso de equipamentos de auxílio à colheita é comum em
alguns países como Estados Unidos, Canadá, Itália, Espanha, Austrália e Israel. No Brasil, existem alguns
tipos de equipamentos disponíveis, porém o conceito não está tão bem difundido quanto nos países
mencionados acima. Esses equipamentos têm como objetivo reduzir o esforço e energia necessários para
realizar cada operação e diminuir as possíveis injúrias aos colhedores. Equipamentos de auxílio podem ser
desde simples lâminas, como as utilizadas para levantamento de tubérculos e cenouras, até complexas
plataformas móveis. Essas unidades podem ser utilizadas somente para colher, ou realizar todo o processo:
colheita, classificação e embalagem. No Brasil, a utilização de plataformas móveis é recente: no ano de
2007, foi finalizado projeto da construção da Unidade Móvel de Auxílio à Colheita para tomate de mesa
(UNIMAC), que realiza a colheita, beneficiamento, classificação e embalagem do produto em campo.
3. Colheita mecanizada
A colheita totalmente mecanizada caracteriza-se pelo baixo uso de mão de obra, situação em que a
máquina desenvolve todas as atividades relativas à colheita: corte e/ou retirada do produto da planta,
limpeza e embalagem ou ensaque do produto. A utilização de máquinas para colheita possui a limitação de
algumas culturas não se adaptarem a este tipo de colheita, devido principalmente à sensibilidade dos frutos
e à não adequação da planta a essa finalidade. Todavia a utilização de máquinas pode proporcionar
redução de custos e aumento no rendimento de colheita superior a dez vezes.
Frutas e hortaliças são em geral produtos sensíveis ao manuseio, cuja aparência externa e
ausência de defeitos são importantes atributos no momento da comercialização. Por tal razão, a colheita
mecanizada de hortifrutícolas geralmente é utilizada para produtos destinados para processamento, como
citros, tomate indústria e morango. Possui como potencialidades viabilizar colheita mais rápida,
possibilitando melhores condições de trabalho, com redução nos custos com mão-de-obra e eventuais
problemas com ela.
Como dificuldades de desenvolvimento e uso, é importante mencionar:
a possibilidade maior de causar danos físicos a frutas e hortaliças no momento da colheita;
limitação quanto à capacidade de manipulação e processamento desses equipamentos,
relacionada ao rendimento do equipamento e sensibilidade do produto;
possibilidade de que as inovações tecnológicas tornem o maquinário obsoleto antes da sua
amortização.
A colheita mecanizada tem como desafio realizar a colheita sem danificar permanentemente a
planta, sendo rápida e econômica.
PÓS-COLHEITA
Um produto que passa por uma planta de beneficiamento estacionária pode levar maior tempo no
trajeto campo-prateleira, já que se torna necessário o transporte do produto do campo até a planta de
beneficiamento. Esse transporte pode ainda gerar impactos mecânicos e expor o produto à radiação solar
elevando sua taxa de respiração devido ao aumento da temperatura, trazendo prejuízos à qualidade do
produto. Uma planta de beneficiamento móvel pode garantir maior autonomia ao produtor, já que passa a
independer de um espaço de instalação, que muitas vezes é compartilhado com outros produtores.
Uma planta de beneficiamento móvel deve possuir uma estrutura adequada agregada a um
processo compacto. Deve, ainda, possuir mobilidade adequada na forma de capacidade de tração para
superar obstáculos do terreno e uma fonte de potência própria (motor de combustão interna, por exemplo),
juntamente com mecanismos de transmissão de potência (mecânica, hidráulica ou elétrica), estabilidade ao
tombamento e direcional, assim como mecanismos de transferência de produto (esteiras, correntes,
escovas). As operações realizadas por uma planta de beneficiamento móvel ou estática devem obedecer a
princípios físicos, técnica e economicamente viáveis.
Recebimento: Esta etapa pode ser realizada a seco em esteiras ou em tanques de recebimento com água.
Em esteiras de recebimento, deve-se prestar atenção especial à incidência de danos físicos, podendo esta
operação ser manual ou mecânica. A operação mecanizada pode ser automatizada tanto para caixas
plásticas quanto para grandes caixas denominadas “beans”. No recebimento em tanques, a qualidade da
água é fator crucial. A entrada de água e patógenos no interior do produto ocorre em medida variável. São
especialmente sensíveis à infiltração de água e patógenos, produtos com lóculos (ex.: manga e tomate) e
produtos com cortes e outras aberturas causadas por danos mecânicos.
Seleção: A seleção caracteriza-se pela retirada e eliminação antes da classificação de frutos danificados,
deformados e com presença de doenças. A eliminação de frutos com doenças é importante, pois limita a
sua disseminação. Como se trata de um trabalho repetitivo e constante, é necessário o posicionamento
ergonômico do trabalhador para a operação. A seleção pode ocorrer no inicio do equipamento de
beneficiamento ou, em alguns, casos, no final.
Limpeza: A etapa da limpeza é uma das principais no sistema de beneficiamento e classificação de frutas e
hortaliças, no que tange à sua influência no aspecto do produto. Dependendo da natureza do produto, a
limpeza pode ser realizada de maneiras distintas. Algumas frutas não devem ser molhadas, como o caqui e
também, certas hortaliças, por exemplo, cebola. O uso ou não da água no processo de limpeza, também,
relaciona-se a preferências comerciais menos técnicas. Assim, por exemplo, a maior parte da batata
comercializada no Brasil é lavada, enquanto que em outros países utiliza-se para limpeza apenas
escovação a seco. O consumidor habituado ao produto lavado dificilmente comprará a batata escovada.
Classificação: A classificação pode ser por (1) Diâmetro: frutas, bulbos e tubérculos e hortaliças em geral;
(2) Peso: frutas e algumas hortaliças, por exemplo, tomate; (3) Cor: frutas e outros órgãos cuja maturação é
acompanhada de variações na cor. Atualmente já existem equipamentos que eletronicamente separam para
defeitos internos, externos
e teor de sólidos solúveis (Brix).
Os equipamentos de classificação, grosso modo, podem ser divididos em sistemas mecânicos e eletrônicos.
Os equipamentos de classificação mecânica em uso no Brasil, para frutas e hortaliças, classificam os
produtos em tamanho mediante o uso de correia de lona furada, rolete transversal e longitudinal e taças ou
bandejas. Os equipamentos com sistema eletrônico mais utilizados classificam por diâmetro, peso, cor e por
eliminação de defeitos.
Resfriamento: Frutas e hortaliças, em geral, possuem alta taxa metabólica, o que causa rápida perda na
qualidade caso o produto não seja rapidamente resfriado para temperatura adequada de armazenamento e
transporte. Infelizmente, no Brasil, a grande maioria das frutas e hortaliças não são adequadamente
refrigeradas, exceção feita aos produtos de exportação. O resfriamento pode ocorrer antes ou depois da
classificação, sendo mais utilizada a refrigeração posterior. No Brasil, os sistemas de resfriamento utilizados
têm sido por ar-forçado e por água fria.
Transporte: O transporte do produto deve buscar manter a sua qualidade após a classificação. Condições
de transporte inadequadas, sem a manutenção da cadeia do frio prejudicam a qualidade do produto final.
Consumidor: O consumidor está se tornando cada vez mais atento às condições que as frutas e hortaliças
são produzidas e manuseadas. Para tanto, certificação de origem e qualidade tem sido utilizada para
diversos sistemas de produção.
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