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Os contratos – e as obrigações em geral – devem ser cumpridos, porque são obrigatórios entre
as partes. Trata-se do princípio pacta sunt servanda, (o contrato faz lei entre as partes). Destina-se,
também, a dar segurança aos negócios em geral. A vontade uma vez manifestada obriga o
contratante.
Opõe-se a este princípio, outro princípio denominado revisão dos contratos ou da onerosidade
excessiva, baseado na cláusula rebus sic stantibus (retornar as coisas como eram antes), que
representa a teoria da imprevisão e que autoriza a parte recorrer ao Judiciário para se pleitear a
revisão dos contratos, ante a ocorrência de fatos extraordinários e imprevisíveis (CC, 478).
Assim, reitera-se que o adimplemento a obrigação é o modo regular pela qual ela se
extingue. Já o inadimplemento provoca rompimento na estrutura social, autorizando o credor a
reagir e lançar mão de certos meios para satisfazer seu crédito. Verifica-se que quando o devedor
não cumpre a obrigação devida de modo voluntário ou quando, involuntariamente, fica impedido de
fazê-lo.
Qualquer que seja a prestação prometida (dar, fazer ou não fazer), o devedor está obrigado a
cumpri-la, tendo o credor o direito de receber exatamente o bem, serviço ou valor estipulado na
convenção, não sendo obrigado a receber coisa diversa, ainda que mais valiosa (art. 313, CC),
ressalvada estipulação entre as partes (pagamento indireto ou especial). O art. 389 do CC apresenta
regra geral aplicável a todas essas modalidades.
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O inadimplemento é absoluto quando a obrigação não foi cumprida e nem poderá mais sê-lo
de forma útil e satisfatório ao credor. Mesmo que a possibilidade de cumprimento ainda exista,
haverá inadimplemento absoluto se a prestação tornou-se inútil ao credor. É o caso do bolo de
casamento que não foi entregue no prazo.
O inadimplemento absoluto poderá ser total quando concernir à totalidade do objeto (perda
total) e parcial quando a prestação compreender vários objetos e um ou mais forem entregue e
outro perecerem.
As perdas de danos (art. 402, CC), conteúdo a ser estudado a seguir, abrangem salvo
exceções previstas em lei, “além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”.
A responsabilidade civil é patrimonial (art. 391, CC): responde todos os bens do devedor
pelo inadimplemento das obrigações. Nem sempre a prestação não cumprida se converte em perdas
e danos. Tal somente ocorre quando não é possível a execução direta da obrigação (tutela
específica), ou seja, a restauração do objeto da prestação. A indenização surge como alternativa
para a impossibilidade de compelir o devedor a cumprir em espécie a obrigação contraída.
Para indenizar o credor de todos os prejuízos que o inadimplemento causou, a indenização por
perdas e danos consiste sempre em soma em dinheiro. Os bens do devedor ficam sujeitos à
preparação do dano.
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CONTRATOS BENÉFICOS
Contratos benéficos são os que geram, para uma das partes, só benefício, sem sacrifício
(bônus sem ônus). Assim, se eu prometo lhe entregar um celular de presente, apenas eu tenho ônus,
você só tem bônus – é um exemplo de contrato benéfico.
EU só estarei em inadimplemento se, por malícia, eu quebrar o celular. Se ele cair e quebrar
por acidente, eu não serei tomado por inadimplente.
Agora, se nossa tratativa foi não benéfica (ou seja, foi onerosa), do tipo: Eu lhe entrego um
celular e você me entrega um tablete (um típico contrato de permuta), neste caso, qualquer um de
nós estará em inadimplemento se, ainda que por acidente, causarmos perda do bem.
A regra é simples: Quem só recebe deve correr mais risco de perda do que quem dê corra
risco de punição. Simples assim. Veja a regra legal:
Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o
contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada
uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
Da letra desse dispositivo pode-se observar a diferenciação operada pela lei. Dolo e culpa são
elementos reconhecidos, mas a regra é que na teoria contratual, a culpa é examinada numa
perspectiva ampla, não pormenorizando-se o propósito do agente quando da prática do ato ilícito.
Para os contratos benéficos unilaterais, como a doação a lei destaca a diferenciação entre dolo
e culpa. Nesse mesmo exemplo, o doador somente pode responder por dolo, isto é, pelo consciente
atuar no sentido de prejudicar ao donatário, ao passo que esse poderá responder por culpa em
sentido amplo (dolo ou culpa). Já em relação aos contratos bilaterais, segue-se a necessidade de
examinar a culpa no seu sentido amplo.
Em geral, a expressão caso fortuito é empregada para designar fato ou ato alheio à vontade
das partes, ligado ao comportamento humano ou ao funcionamento de máquinas ou ao risco da
atividade ou da empresa, como greve, motim, guerra, queda de viaduto ou ponte, defeito oculto em
mercadoria produzida etc. E força maior para os acontecimentos externos ou fenômenos naturais,
como raio, tempestade, terremoto, etc. (CRG)
Há várias teorias que procuram distinguir as duas excludentes e realçar seus traços
peculiares. O legislador preferiu, no entanto, não fazer nenhuma distinção nas regras de
inadimplemento das obrigações (art. 393 e seu parágrafo único), mencionando as duas expressões
como sinônimas. Efetivamente, se a eficácia de ambas é a mesma no campo do não cumprimento
das obrigações, os termos precisos da distinção entre elas deixam de ter relevância. Percebe-se que
o traço característico das referidas excludentes é a inevitabilidade, isto é estar o fato acima das
forças humanas (CRG).
Assim, a doutrina tem exigido para a configuração do caso fortuito ou força maior, a
presença dos seguintes requisitos: (CRG)
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a) O fato deve ser necessário (o causador do inadimplemento), não determinado por culpa do
devedor, pois, se há culpa, não há caso fortuito e se há caso fortuito, não pode haver culpa,
na medida em que um exclui o outro;
b) O fato deve ser superveniente e inevitável. Assim, se o contrato é celebrado durante a
guerra, não pode o devedor alegar depois dificuldades decorrentes dessa mesma guerra para
furtar-se às suas obrigações;
c) O fato deve ser irresistível, fora do alcance do poder humano.
É certo que todo inadimplemento contratual se presume culposo. Mas o devedor poderá
afastar tal presunção, demonstrando que a inexecução da obrigação ocorreu por caso fortuito ou
força maior e não eventual culpa de sua parte.
DA MORA
Assim, há mora quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma
convencionados ou estabelecidos pela lei, mas ainda poderá sê-lo, com proveito para o credor.
Ainda interessa a este receber a prestação, acrescida de juros, atualização dos valores monetários,
cláusula penal etc. (Art. 394 e 395, CC). - CRG
Exemplos típicos de inadimplemento absoluto é atraso de doces e bolos para uma festa, ou
do fotógrafo que não comparece no evento. De nada adianta a promessa de entregar os alimentos no
dia seguinte ou do fotógrafo comparecer horas após o término da festa.
Espécies de MORA
MORA DO DEVEDOR
Esta é a mais frequente espécie de mora. Ocorre quando o devedor retarda culposamente o
cumprimento da obrigação. São os seguintes requisitos da mora do devedor:
Lembrando que nas obrigações negativas (obrigação de não fazer) a mora se confunde com
o próprio inadimplemento da obrigação. Com efeito, nesta modalidade não existe propriamente
mora, porque qualquer ato realizado em violação da obrigação acarreta o seu descumprimento. É o
caso de alguém que se obrigou a não revelar um segredo industrial e o revelou. (ver art. 390, CC).
Vale ressaltar também que nas obrigações originadas de prática de ato ilícito, considera-se o
devedor em mora, desde que o praticou. (art. 398, CC).
c) A culpa do devedor – Não há mora sem atuação culposa do devedor. (art. 396). Não basta,
portanto, o fato do não cumprimento ou o cumprimento imperfeito da obrigação. Essencial à
mora é que haja culpa do devedor no atraso do cumprimento.
a) Responsabilização por todos os prejuízos causados ao credor (art. 395, CC). O credor
pode exigir, além da prestação, juros moratórios, correção monetário, cláusula penal e
reparação de qualquer outro prejuízo que houver sofrido, se não optar por perdas e danos.
(parágrafo único do art. 395).
b) Perpetuação da obrigação – (art. 399, CC). Significa o risco de destruição ou perecimento
da coisa devida, durante o período de mora do devedor. A regra do artigo indica que, em
caráter excepcional, o devedor poderá ser responsabilizado pela impossibilidade da
prestação, ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior. Exemplo fornecido por
Pablo Stolze: imagine o comodatário que recebe um puro sangue, a título de empréstimo
gratuito por quinze dias, e findo o prazo, atrasa a devolução do animal. Perecendo o mesmo
em decorrência de uma enchente (caso fortuito) que inundou completamente o pasto onde
estava, o devedor poderá ser responsabilizado com fundamento na referida norma legal.
Somente se provar isenção de culpa no retardamento da prestação ou se provar que o dano
sobreviria mesmo que que a prestação fosse oportunamente desempenhada, como na
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hipótese de a enchente também ter havido invadido os pastos do credor, de maneira que
afogaria o animal ainda que já estivesse sob a guarda do seu proprietário, cessará, nestes
dois casos, a obrigação de indenizar.
MORA DO CREDOR
Embora menos comum do que a mora do devedor, é possível que o próprio sujeito ativo da
relação obrigacional, recuse a receber a prestação no tempo, lugar e forma convencionados,
incorrendo em mora. Decorre a mora do credor da sua falta de cooperação com o devedor para que
o adimplemento possa ser feito do modo como a lei ou a convenção estabeleceu (art. 394, CC).
Ressalta-se que não basta a recusa. Para que o credor incorra em mora é necessário qu ela
seja objetivamente injustificada.
a) Subtrai do devedor o ônus pela guarda da coisa, ressalvada a hipótese de ter agido com
dolo – exemplo: se o devedor apresentou-se para devolver o touro reprodutor de propriedade
do credor, e estando este em mora de receber, poderá providenciar o seu depósito judicial, à
custa do credor moroso. Caso permaneça com o animal e realize despesas, poderá cobrá-la
posteriormente. O que a lei proíbe é que o devedor atue dolosamente, abandonando o animal
na estrada ou deixando de alimentá-lo. Em tais casos sua responsabilidade persiste. (Pablo
Stolze)
b) Obriga o credor a ressarcir o devedor pelas despesas de conservação da coisa – corre
por conta do credor em mora as despesas ordinárias e extraordinárias de natureza necessária,
empreendidas pelo devedor, que fará jus ao devido ressarcimento, monetariamente
corrigido.
c) Sujeita o credor a receber a coisa pela estimação mais favorável ao devedor, se houver
oscilação entre o dia estabelecimento para o pagamento – se o devedor se obrigou a
transferir determinado bem, em dia fixado, em virtude de compra e venda e o credor retardou
injustificadamente o recebimento a coisa, somente se efetivando após alguns dias, quando a
cotação deste mesmo bem atingiu um preço superior. Neste caso, deverá o credor moroso arcar
com a diferença, pagando o valor a maior.
A purgação ou emenda da mora consiste no ato jurídico por meio do qual a parte neutraliza
os efeitos do seu retardamento, ofertando a prestação devida ou aceitando-a no tempo, lugar e forma
estabelecidos pela lei ou pelo título. (Pablo Stolze)
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Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos. Aquele que nela incidiu corrige, sana a
sua falta, cumprindo a obrigação já descumprida e ressarcindo os prejuízos causados à outra parte.
Mas a purgação só poderá ser feita se a prestação ainda for proveitosa ao credor. Se, em razão do
retardamento, tornou-se inútil ao outro contraente (caso de inadimplemento absoluto), ou a
consequência legal ou convencional for a resolução, não será possível mais pretender-se a emenda
da mora. (CRG)
O Código Civil estabelece nos dois incisos do art. 401, os modos pelos quais se dá a
purgação da mora pelo devedor e pelo credor. Por parte do devedor, a purgação da mora efetiva-se
com a sua oferta real d prestação atrasada mais a importância dos prejuízos decorrentes do atraso
(juros de mora, cláusula penal, despesas realizadas para a cobrança da dívida, etc).
Por sua vez, a purgação da cessação da mora não se confunde com purgação da mora.
Esta compreende uma atuação reparadora do sujeito moroso no contrato, neutralizando os efeitos de
seu retardamento. Já a purgação da cessação da mora não depende de um comportamento ativo do
contratante moroso, destinado a sanar a sua falta ou omissão, mas decorre da própria extinção da
obrigação. Exemplo: se o devedor em mora tem as suas dívidas fiscais anistiadas, deixa de estar em
mora, sem que isto tenha ocorrido o cumprimento da prestação e indenizado os prejuízos causados à
outra parte.
O inadimplemento do contrato causa, em regra, dano ao contraente pontual. Este pode ser
material, por atingir e diminuir o patrimônio do lesado, ou simplesmente moral, ou seja, sem
repercussão na órbita financeira deste. O Código Civil ora usa a expressão dano, ora prejuízo, e ora
perdas e danos. (CRG)
A expressão “perdas e danos” significa os prejuízos, dos danos causados por conta do
inadimplemento das obrigações, o que implica em indenizar aquele que experimentou um prejuízo,
uma lesão em seu patrimônio material ou moral, por força do descumprimento culposo da
obrigação.
Não se pode confundir a expressão “perdas e danos” com “pagamento do equivalente”, pois
a primeira se refere a todo tipo de prejuízo material ou moral decorrente do descumprimento e o
conceito da segunda diz respeito à devolução de valores pagos ou adiantados, evitando-se o
enriquecimento ilícito de um dos sujeitos da relação obrigacional. Ainda que o descumprimento da
obrigação tenha sido fortuito, impõe-se a devolução de valores pagos (pagamento do equivalente).
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O dano em toda a sua extensão, segundo o art. 402 do CC, deve abranger aquilo que
efetivamente se perdeu e aquilo que se deixou de lucrar: o dano emergente e o lucro cessante.
Assim, dano emergente é o efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima.
Exemplo: é o que o dono do veículo danificado por outrem desembolsa para consertá-lo, ou o
adquirente de mercadoria defeituosa despende para sanar o problema. Representa, pois, a diferença
entre o patrimônio que a vítima tinha antes do ato ilícito ou do inadimplemento contratual e oque
passou a ter depois.
Quem pleiteia perdas e danos pretende obter indenização completa de todos os prejuízos
sofridos e comprovados. Há casos em que o valor desta já vem estimado no contrato, como
acontece quando se pactua a cláusula penal compensatória. (tema a ser estudado adiante).
O termo “efetivamente” empregado no texto do art. 402 significa que o dano emergente não
pode ser presumido, devendo ser comprovado. O dano indenizável deve ser certo e atual. Não pode
ser hipotético ou futuro.
CLÁUSULA PENAL
Cláusula penal é obrigação acessória, pela qual se estipula pena ou multa destinada a evitar o
inadimplemento da principal, ou o retardamento de seu cumprimento. É também denominada pena
convencional ou multa contratual. Adapta-se aos contratos em geral e pode ser inserida, também,
em negócios jurídicos unilaterais, como o testamento, para compelir, por exemplo, o herdeiro a
cumprir fielmente o legado. (CRG)
A cláusula penal é um pacto acessório pelo qual as partes de determinado negócio jurídico
fixam, previamente, a indenização devida em caso de descumprimento culposo da obrigação
principal, de alguma cláusula do contrato ou em caso mora. (Pablo Stolze)
Pode ser estipulado conjuntamente com a obrigação principal, ou em ato posterior (art. 409,
CC), sob a forma de adendo.
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Assim, cláusula penal tem dupla função: a) atua como meio de coerção (intimidação), para
compelir o devedor a cumprir a obrigação e, assim, não ter de pagá-la; e ainda b) como prefixação
das perdas de danos devidos em razão do inadimplemento do contrato, o que dispensa a
comprovação dos prejuízos (art. 416, CC) e de sua liquidação.
O devedor não pode eximir-se de cumprir a cláusula penal, a pretexto de ser excessiva, pois
seu valor foi fixado de comum acordo, em quantia reputada suficiente para reparar eventual
prejuízo decorrente de inadimplemento. Da mesma forma, não pode o credor pretender aumentar o
seu valor, a pretexto de ser insuficiente.
Resta-lhe, neste caso, deixar de lado a cláusula penal e pleitear perdas e danos, que
abrangem o dano emergente e o lucro cessante. O ressarcimento do prejuízo será, então, integral. A
desvantagem é que terá de provar o prejuízo alegado. Se optar por cobrar a cláusula penal, estará
dispensado desse ônus. (CRG)
Não se pode cumular a multa (cláusula penal) com outras perdas e danos, devendo o credor
fazer opção por uma delas. O que se permite é que, se o prejuízo do credor exceder ao previsto na
cláusula penal, só poderá exigir indenização suplementar se isso houver sido convencionado. Neste
caso, cabe ao credor demonstrar o prejuízo excedente. (parágrafo único do art. 416)
A cláusula penal é a prefixação das perdas e danos resultantes de culpa contatual, apenas.
Portanto, se há outros prejuízos decorrentes de culpa extracontratual, o seu ressarcimento pode ser
pleiteado, independente daquela.
A cláusula penal não se confunde com perdas e danos, sendo ambas reduzidas a uma
determinada soma em dinheiro destinada a ressarcir os prejuízos sofridos pelo credor em virtude do
inadimplemento do devedor.
A diferença reside no fato de, na cláusula penal, o valor ser antecipadamente arbitrado pelos
próprios contratantes e, nas perdas de danos, o valor é fixado pelo juiz, com base nos prejuízos
alegados e seguramente provados. As perdas e danos, por abrangerem o dano emergente e o lucro
cessante (art. 402, CC), possibilitam o completo ressarcimento do prejuízo. O valor da cláusula
penal, por se tratar de uma estimativa antecipada feita pelos contratantes, pode ficar aquém do seu
real montante.
a) Cláusula penal moratória (estipulada para o caso de haver infringência de qualquer das
cláusulas do contrato, ou inadimplemento relativo – mora). Visa a evitar o cumprimento de
uma cláusula determinada ou a evitar o retardamento do cumprimento, a mora (art. 411,
CC).
ARRAS OU SINAL
Arras ou sinal é quantia ou coisa entregue por um dos contratantes ao outro, como
confirmação do acordo de vontades e princípio de pagamento. (Stolze)
As arras ou sinal podem ser conceituadas como sendo o sinal, o valor dado em dinheiro ou o
bem móvel entregue por uma parte à outra, quando do contrato preliminar, visando a trazer
presunção de celebração do contrato definitivo. As arras são normalmente previstas em
compromisso de compra e venda de imóvel. (Flávio Tartuce)
Sílvio Rodrigues conceitua “arras” como a importância em dinheiro ou a coisa dada por um
contratante ao outro, por ocasião da conclusão do contrato, com o escopo de firmar a presunção de
acordo final e tornar obrigatório o ajuste; ou ainda, excepcionalmente, com o propósito de
assegurar, para cada um dos contratantes, o direito de arrependimento.
Têm natureza acessória, pois supõem elas a existência de um contrato principal, do qual
dependem. Não existem por si, sendo inconcebível imaginá-los isoladamente, sem estarem atreladas
a um acordo, considerado principal.
Espécies
Arras confirmatórias:
A principal função das arras é confirmar o contrato, tornando-o obrigatório, após sua
entrega. A entrega do sinal faz prova do acordo de vontades e as partes não podem mais rescindi-lo
unilateralmente, sob pena, de responder por perdas e danos (art. 418 e 419, CC).
Se o inadimplente foi a parte que deu o arras, a outra parte pode retê-lo e desfazer o
contrato.
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Se a inexecução foi de quem recebeu as arras, a outra parte poderá considerar o contrato
desfeito, exigir a devolução dos arras, além do equivalente, com atualização monetária, juros e
honorários de advogado, se for o caso.
Arras penitenciais
Assim, se o inadimplente foi a parte que deu o sinal, perdê-las-ás em benefício da outra
parte. Se o inadimplente foi a parte que recebeu o sinal, deverá devolvê-la, mais o equivalente. Esta
duplicação é para que o inadimplente devolva o que recebeu e perca outro tanto.
A jurisprudência estabeleceu algumas hipóteses em que a devolução do sinal deve ser pura e
simples e não em dobro:
Em ambos os casos, não haverá direito à indenização suplementar. Não se exige prova de
prejuízo real.