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HISTÓRIA DE MATO GROSSO

Período Colonial (1719-1821)


Brasil Mato Grosso
1492 Chegada dos europeus a América
1494 Tratado de Tordesilhas: uma pequena parte da América pertencia
a Portugal.
1500 Chegada dos portugueses a América.
MERCANTILISMO: política do Estado Moderno que objetivava o
fortalecimento do Estado e enriquecimento da burguesia por
meio de:
 Acúmulo de metais preciosos;
 Balança favorável (exportações maiores que as
importações);
 PROTECIONISMO: valorização dos produtos nacionais;
 Estabelecimentos de colônias para exploração de
matérias-primas e exploração de minérios preciosos por
metrópoles;
 PACTO COLONIAL: as colônias deveriam comercializar
somente com as metrópoles.
1530 Início efetivo da colonização portuguesa.
1534 Criação das capitanias hereditárias com o plantio de cana-de-
açúcar em todas elas, iniciando nos planaltos de São Vicente e
tendo as principais produtoras as capitanias de Pernambuco e de
Bahia.
1. Com o fracasso da produção canavieira em São Vicente, a
economia girou em torno da agricultura de subsistência
(arroz, feijão e milho) e as bandeiras, em busca de
escravos indígenas, principalmente da vila de São Paulo.
2. As bandeiras eram expedições de financiamento
particular em busca de índios para cativeiro, negros
fugitivos e busca de metais precisos.
3. Nas viagens mais longas, os bandeirantes criavam arraiais,
plantando na ida e colhendo na volta.
1570 Lei de 20 de março, a lei da “guerra justa”: os silvícolas que
resistissem a dominação seriam reduzidos ao cativeiro ou
poderiam ser eliminados.
1674 Bandeira de Fernão Dias Falcão encontra ouro em Minas Gerais.
1694 Bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva descobre jazida na Serra
de Itaberaba. Devido a quantidade de forasteiros para a região
houve a Guerra dos Emboabas onde os portugueses venceram os
paulistas.
 Os paulistas vencidos continuaram suas incursões para o
interior.
1700 Os paulistas já se aventuravam pela região do Mato Grosso para
escravizar os negros da terra (índios) percebendo as diversas
tribos.
1707 A fim de administrar as minas descobertas em Minas Gerais, o
governo português promulgou o Regimento das Minas criando a
instituição fiscalizadora: Intendência das Minas.
 Essa instituição deveria julgar as divergências entre os
mineradores e distribuir as datas (lotes de terra para
exploração);
 Estabeleceu-se a quinta parte do ouro para a Metrópole,
no entanto outros impostos foram implantados
garantindo que grande parte do ouro acumulasse em
cofres reais.
1709 A Coroa Portuguesa, em decorrência do fim da Guerra dos
Emboabas, comprou a Capitania de São Vicente do Marquês de
Cascais, fundiu-a com a Capitania de Itanhaém criando então a
capitania de São Paulo e Minas de Ouro.
1718 Antônio Pires de Campos chega a região do Coxipó-Mirim em
busca dos coxiponés.
1719 Governador de São Paulo: Pedro Almeida de Portugual. Pascoal Moreira Cabral, em busca dos coxiponés, encontra ouro
na região do Coxipó-Mirim por acaso, lavando os pratos no rio
Coxipó.
1. A presença de Pascoal Moreira Cabral incomodou os
índios da região e atacaram a bandeira.
2. A bandeira dos irmãos Antunes chegou quando ocorria o
ataque indígena e prestou socorro.
3. Fundou-se no local o Arraial da Forquilha, onde se
encontram os rios Coxipó, Peixe e Mutuca. Sua população
era formada pela bandeira de Pascoal Moreira Cabral e os
irmãos Antunes.
4. Os irmãos Antunes levam a notícia da descoberta do ouro
à Capitania de São Paulo, ao governador PEDRO ALMEIDA DE
PORTUGAL.
1720 Inicia-se o abastecimento das minas com as Monções. As monções eram expedições que partiam da Capitania de
São Paulo trazendo as Minas de Cuiabá vários produtos como,
alimentos, remédios, produtos de luxo, ferramentas de
trabalho, escravos, dentre outros. Traziam também as
autoridades governamentais, aventureiros e elementos do
clero.
1722 Os indígenas escravos de Miguel Sutil encontram ouro nas
proximidades do córrego da Prainha, sendo denominada
Lavras do Sutil.
 A notícia de ouro encontrado fez com que pessoas se
deslocassem do Arraial da Forquilha e se mudassem para
o lugar, dando origem à atual Cuiabá.
1724 O Arraial da Forquilha havia elegido Pascoal Moreira Cabral o
Guarda-Mor Regente, porém essa decisão cabia à metrópole e
Portugal nomeia Fernão Dias Falcão como Capitão-Mor e João
Antunes Maciel como superintendente geral das minas.
1. O governador de São Paulo, Rodrigo César de
Menezes aproveitou a nomeação, quando o poder
local se encontrava fragilizado com os novos líderes, e
estabeleceu pesados impostos e fiscalização.
2. Havia os irmãos Lemes que tinham forte influência no
local. Para isso Rodrigo César de Menezes lhes
ofereceram cargos administrativo que rejeitaram.
Para resolver a situação, Rodrigo apelou para
confronto armado.
a. Os irmãos Lemes morreram em uma
emboscada do governador e ao mesmo
tempo, em Cuiabá (Lavras do Sutil ou Arraial
de Cuiabá) morria Pascoal Moreira Cabral.
1725 Bartolomeu Bueno (Anhanguera, diabo velho) descobriu ouro às
margens do Rio Vermelho em Goiás.
1726 Rodrigo César de Menezes, em monções, se muda para Cuiabá a
fim de melhor fiscalizar e tributar a exploração de minério.
1727 O Arraial de Cuiabá tem sua categoria elevada para Vila Real
do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
1730 A região recebia gado pelas monções terrestres que ligavam
Cuiabá às minas de Goiás.
 Desenvolve-se nessa região a criação de gado paralelo a
agricultura de subsistência.
o Para o abastecimento de Cuiabá, a agricultura de
subsistência desenvolveu-se em Serra Acima
(Chapada dos Guimarães) e Rio Abaixo (Santo
Antônio do Leverger).
o A produção de açúcar e a construção de engenho
foi proibida pelo governo, pois essa não era a
finalidade da região. Porém, essa determinação
não foi obedecida e houve produção de açúcar,
melado e aguardente.
1732 Os irmãos Paes de Barros trilham a região de apresamento de
índios pareci.
1734 Os irmãos Paes de Barros descobriram ouro na região do
Guaporé quando as minas de Cuiabá já se exauriam.

1071-1750
Na primeira metade do século XVIII, a exaustão das minas de Mato Grosso ocasionou intensa emigração da região. A coroa portuguesa
preocupou-se com isso por causa da demarcação de território e principalmente pela posse da região. Dessa forma, ela adotou uma política
voltada para a proteção das fronteiras. Os povos indígenas, nesse momento passa a ser dominado para que seja mão-de-obra escrava ou
barata em lavoura dos brancos bem como força militar na defesa das fronteiras. É estabelecido casamentos entre raças/etnias, estudo da
língua portuguesa e igualdade de condições tais quais os colonos. Dessa forma, os indígenas engrossavam os súditos da Coroa Portuguesa.

1748 D. João VI decide a criação da Capitania de Mato Grosso. Primeiro Capitão-General Antônio Rolim de Moura.
 O rei decidiu também medidas em relação aos índios
porque eram importantes no processo de expansão e
posse de terras.
 Foram denominados por cronistas, “muralhas do sertão”
e “guardiões da fronteira”.
1750 Tratado de Madri: Baseando-se no direito de posse (uti Após o Tratado, com base no uti possedetis, o governo
possedetis), Alexandre de Gusmão garantiu a Bacia Amazônica e a português edifica na região do Guaporé a primeira capital de
região oeste do atual Brasil. Mato Grosso: Vila Bela da Santíssima Trindade, sob o
 Por este tratado Portugal foi obrigado a ceder a Colônia comando de Antônio Rolim de Moura.
do Sacramento, no estuário da Prata, mas em  Para povoamento da região, Antônio Rolim de Moura
compensação recebeu os atuais estados de Santa Catarina estabeleceu:
e Rio Grande do Sul, o atual Mato Grosso do Sul, a o Isenção de imposto e perdão temporário de
gigantesca área que ficava no alto Paraguai e mais dívidas;
algumas extensões de terras abandonadas, também o Criação da companhia dos Dragões visando a
adquiridas através de negociações. militarização da fronteira e disciplina da
 O Tratado de Madri, além das demarcações de fronteiras, população;
garantia: o Fundou a Aldeia jesuíta de Santa Anna em
o Paz entre as colônias, não importando se 1751;
houvesse guerra entre suas capitais; o Marcou o Tratado de Tordesilhas na barra do
o Evacuação dos jesuítas e índios convertidos das Rio Jauru com um pilar, hoje o Marco do
missões uruguaias; Jauru.
o A inspeção apurada da fronteira por duas
comissões associadas.
1755 Criação da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e Levavam artigos de luxo importados das regiões nortes,
tinha monopólio de comércio da nova capital. bálticas e mediterrâneas e traziam o ouro explorado.
1772 Instruções Régias determinavam que os bororos deveriam compor Início do governo de Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e
uma terça das milícias, pois o governo metropolitano considerava- Cáceres.
os fundamentais na defesa da Capitania.
1777 Tratado de Santo Idelfonso: reafirmou soberania de Portugal Sob o governo de Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e
sobre a bacia amazônica e sobre a região de Santa Catarina e Rio Cáceres (1772 a 1789) para garantir as fronteiras portuguesas:
Grande do Sul.
 Criou povoados estratégicos como Albuquerque
(Corumbá-MS), Vila Maria de Cáceres (Cáceres-MT),
Casalvasco (dentro de Vila Bela da Santíssima
Trindade-MT), São Pedro D’El Rey (Poconé-MT) e
Cocais (Nossa Senhora do Livramento-MT).
o Esses novos povoados eram preenchidos por
indígenas (seguindo as Instruções Régias) e
criminosos indultados.
1778 Quilombo era formada, principalmente por negros, que fugidos da Com a exaustão de minas, a falência da Companhia de Comércio
escravidão, organizavam-se em comunidades com base a do Grão-Pará e Maranhão e consequentemente ausência de
agricultura de subsistência. novos escravos, uma bandeira foi organizada por Luiz de
Albuquerque de Melo Pereira para resgate dos fugitivos no
Quilombo do Quariterê ou Piolho, nos arredores da capital. O
quilombo foi destruído e seus integrantes foram aprisionados e
levados aos seus antigos donos.
 Esse quilombo era governado por Piolho, e
posteriormente por sua esposa, a rainha Teresa de
Benguela; essa, durante o ataque, suicidou-se ante
voltar ao cativeiro.
 Era formada por negros, índios cabixis e caburés
(mestiços).
 A religiosidade apresentava elementos católicos e
afro(sincretismo).
1. Outros quilombos:
a. Mutuca, Chapada dos Guimarães
b. Pindaituba, próxima a Chapada dos
Guimarães
c. Mata Cavalos, Nossa Senhora do Livramento.
1791 O Quilombo do Quariterê ou Piolho foi reorganizado.
Proprietários pediram ao novo capitão-general, João de
Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, que forças fossem
enviadas à região. Dessa feita, a comunidade foi completamente
destruída.
1. No local, o capitão-general mandou construir a Aldeia da
Carlota. Para povoamento, ele alforriou negros em troca
de proteção da fronteira. Sementes, ferramentas e
animais de criação foram dadas aos aldeões.
1801 Guerras Napoleônicas na Europa: 1803 a 1815.
Século
XIX A origem dessas guerras estava relacionada a expansão do
capitalismo francês, que em busca de mercado consumidor
entrou em confronto com a Inglaterra, que naquele período era a
grande potência econômica da Europa. Foi neste contexto que
Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental,
estabelecendo que os países europeus estavam proibidos de
comercializar com a Inglaterra. Portugal não aderiu ao Bloqueio
Continental, e por isso o seu Príncipe-REgente D. João VI,
temendo a invasão napoleônica, fugiu para a colônia.
1808 Chegada da Família Real Portuguesa. Abertura dos Portos às
Nações Amigas, quebrando o pacto colonial.
1807 Chegada de D. João VI em Rio de Janeiro e as medidas tomadas Governo de João Carlos Augusto D’Oeynhausen e Gravemberg
- em relação à saúde, valorização do saber médico científico em (Marquês de Aracati):
1819 detrimento das curas populares. Com a crise aurífera veio a crise econômica. A fim de esconder os
problemas, festas foram promovidas para haver a sensação de
democracia social. Políticas voltadas a saúde também foram
tomadas, em consonância às medidas que eram tomadas no Rio
de Janeiro.
 Criação do Hospital Militar de Cuiabá, Santa Casa de
Misericórdia e Hospital São Lourenço (abrigo de leprosos).
1819 Governo de Francisco de Paula Magessi, último capitão-general:
-
1821 1. Ao contrário do antecessor, Magessi era impopular
porque adotou uma política austera e corrupta. Festas
foram eliminadas e salários, atrasados.
2. Em uma viagem à capital, Vila Bela da Santíssima
Trindade, a elite cuiabana depôs o capitão-general e
formaram uma Junta de Governo em Cuiabá.
3. Vila Bela, ameaçada pela elite cuiabana e sentido que
poderia perder o posto de capital, também depôs Magessi
e organizou uma Junta de Governo.
4. Em 1835, anteriormente apoiada por D. Pedro I, a elite
cuiabana é declarada capital da Província de Mato Grosso.

Império (1822-1889)
1822 Proclamação da Independência do Brasil e D. Pedro I é
proclamado imperador do Brasil. Inicia-se o primeiro reinado,
marcada pela impopularidade do monarca.
1823 Dissolução da Assembleia Constituinte pelo imperador, causando
impopularidade na elite brasileira. O objetivo principal dessa
segunda era a independência de Portugal e manutenção do
latifúndio e mão-de-obra escrava.
1824 Outorga da Constituição de 1824:
1. Voto censitário onde era necessária comprovação da
renda mínima anual; dessa forma, as camadas mais
populares não votavam.
2. Monarquia hereditária;
3. Existência de quatro poderes: Legislativo, Executivo,
Judiciário e Moderador. Esse último de uso exclusivo do
monarca e com poder de interferência sobre todos os
outros. Deveria agir principalmente na divergência dos
outros poderes.
1831 Desde o início do reinado, devido à forte crise econômica
fortalecida pela dívida externa com a Inglaterra:
1. Escolta para a vinda da corte (1808);
2. O processo de independência (indenizações a Inglaterra e
Portugal);
3. Empréstimo aos bancos ingleses para melhor
aparelhamento do exército;
4. E contratação de mercenários ingleses para sufocar
revoltas; (Confederação do Equador e Guerra da
Cisplatina)
5. Devido a abertura alfandegária para os navios ingleses
em acordos de dívida, atrasou-se o processo de
industrialização do país.
Nesse clima associado à população e elite insatisfeita, o
Imperador D. Pedro I, abdica o trono.

Período Regencial e década de 30


A crise econômica não foi superada durante as regências. O latifúndio continuou a dominar a estrutura fundiária do país e a elite continuou
a defender a manutenção da escravidão. Esses fatores contribuíram para a eclosão de rebeliões, pois estas eram sintomas do desajustamento
social e político que o país passava desde o início do século XIX. Assim, o período regencial foi caracterizado pela intranquilidade política,
uma vez que as rebeliões ameaçavam os interesses da elite.
Durante a década de 30, havia uma guerra civil no país. Muitas províncias brasileiras foram palco de levantes armados, nas quais fazendeiros,
tropas, pequenos proprietários, índios, homens livres pobres e escravos lutaram contra a centralização do poder ou contra à pobreza e a
escravidão. A exemplo temos a CABANAGEM, no Pará, a BALAIADA, no Maranhão, a SABINADA, a REVOLTA DOS MALÊS e a CEMITERADA, na Bahia, a
FARROUPILHA no Rio Grande do Sul e a RUSGA, em Mato Grosso.
Assustados com as rebeliões, o governo regencial criou a Guarda Nacional. A Guarda Nacional era uma milícia composta por cidadãos em
armas, isto é, os senhores de escravos auxiliados pelos seus capangas, teriam a responsabilidade de conter as revoltas, cabia a eles a
manutenção da ordem.

1831 Inicia-se o Período Regencial com surgimento de partidos Os Conservadores eram constituídos majoritariamente por
- políticos: portugueses e defendiam a centralização. Reuniam-se na
1834  Restauradores: defendiam a volta de D. Pedro I Sociedade Filantrópica.
 Moderados: defendiam a centralização Os Liberais eram constituídos por brasileiros e subdividiam-se em
 Exaltados: defendiam a descentralização dois segmentos:
1. Moderadores: queriam afastar os portugueses dos cargos
públicos;
2. Exaltados: concordavam com os Moderadores e não
aceitavam os presidentes de Província nomeados pela
Regência e, por vezes, contestavam a monarquia.
Os liberais queriam ascender ao poder e aliou-se a população
insatisfeita culpando os Conservadores e os portugueses (e os
estrangeiros em geral), que em maioria, eram donos de
estabelecimentos comerciais e vendiam seus produtos a altos
preços.
1834 Os partidos se reorganizam em novos formatos: -Presidência de Antônio Correa da Costa (Conservador) é
-  Liberais/Progressistas: defendiam a descentralização afastado. Assume o vice José Vasconcelos.
1840  Conservadores/Regressistas: defendiam a centralização João Poupino Caldas, liderando os Liberais, insurgiram os
populares contra os portugueses chamando-os de ‘bicudos’ e
‘brasileiros adotivos’.
João Poupino Caldas é nomeado Presidente da Província de Mato
Grosso. Porém a situação não se resolveu e os Liberais se
dividiram. Os Exaltados, em 30 de maio, inflamaram a população,
e iniciaram a RUSGA.
Sob comando de Antônio Patrício da Silva, tomaram o Quartel dos
Guardas Municipais e providos de artilharia, avançaram sobre
portugueses e brasileiros ricos, matando-os. De Cuiabá seguiram
para Chapada dos Guimarães, Poconé e Santo Antônio do Rio
Baixo.
O movimento durou de maio a setembro e foi controlado com a
posse de Antônio Pedro de Alencastro.
1835 Declarada a transferência da capital da Província de Mato Grosso
de Vila Bela da Santíssima Trindade para Cuiabá.
1840 Início do Segundo Reinado pelo Imperador D. Pedro II, declarado
maior de idade.
1852 Construída a primeira linha de telégrafo que comunicava a Quinta
Imperial com o Quartel General do Exército.
1867 Contexto da Tríplice Aliança ou Guerra do Paraguai (1865-1870) Declarada a guerra ao Brasil, os paraguaios tomaram Corumbá,
Forte de Coimbra, Dourados, Miranda e Nioaque. Cuiabá então
começou a sofrer ataques do Quilombo do Rio Manso ou
Cansanção. Dado a guerra, a província deixou de ser abastecida
pela Bacia Platina inflacionando os produtos na Província. Para
piorar, uma enchente no Rio Cuiabá destruiu as roças de
subsistência. Em 1865, um acordo entre a Bolívia e o Brasil, a
Província era abastecida por esse primeiro.
 O Quilombo do Rio Manso ou Cansanção localizava-se na Chapada dos
Guimarães. Sua população era formada por negros, desertores da Guerra do
Paraguai e por criminosos que buscavam segurança e refúgio. A população
masculina era predominante, o que levava os negros a investirem em ataques a
sítios e fazendas para capturarem mulheres. A notícia deste quilombo trouxe a
população da província muita insegurança, pois apesar das reclamações,
atitudes mais efetivas não podiam ser tomadas, pois faltavam forças policiais.
Nesse período, a guerra exigia constantemente que milícias fossem conduzidas
para a guerra, portanto, não havia na Província, soldados suficientes para
destruir o quilombo do Rio do Manso. Foi somente ao término da guerra, que o
governo provincial conduziu forças policiais para aniquilar o quilombo.
1870 Ataques iniciais sob o comando do Duque de Caxias até quando a 1. Após a guerra, com a bacia Platina livre, a Província de
derrota do Paraguai era evidente, e em 1870, substituído Conde Mato Grosso é reinserida no mercado, até no
D’Eu que finalizou a guerra com a morte de Solano Lopes, ditador internacional, destacando-se no extrativismo vegetal.
paraguaio. 2. Surge uma burguesia comercial e proprietária de Casas de
Comércio.
3. Com terras paraguaias tomadas, divididas com Argentina,
a Província tem seu território aumentado e uma
exterminação da população guarani.
Dados demográficos pós-guerra:
 Predomínio da população mestiça e negra sobre a
população cabocla e branca;
 Poucos estrangeiros;
 Predomínio da população de solteiros sobre os casados;
 Equilíbrio de quantidade entre os sexos.
1871 Lei do Ventre Livre: O presidente da Província, Francisco José Cardoso Junior defendia
Desde a década de 50, discutia-se a escravatura: os a imigração argumentando a debilidade econômica da região.
emancipacionistas (extinção lenta e gradual da escravidão), os
abolicionistas (extinção imediata da escravidão) e os escravistas Produtos comercializados por Mato Grosso:
(manutenção da exploração). 1. Cana-de-açúcar: produzida desde a colonização,
Para superação da crise de mão-de-obra que se instalava, fortaleceu-se na República Velha, com usinas rentáveis.
fazendeiros sudestes começaram a importar mão de obra. Com o fim da escravidão, firmou-se a mão-de-obra
assalariada e espoliadora (sistema de caderneta).
Fortalecimento do Coronelismo.
2. Poaia: planta extraída com fins medicinais intestinais e
respiratórios (substância emetina), era retirada da floresta
densa.
3. Erva-mate: Grande produção nas terras do sul, passando
a ser monopolizada por Thomas Laranjeira, que
inicialmente associado ao seu principal acionista e depois
ao argentino Francisco Mendes, chegou a ter uma renda
seis vezes maior que o Estado de Mato Grosso.
4. Borracha: pela extração do látex em árvores de florestas
densas. Atraiu muitos trabalhadores, principalmente do
Nordeste que atravessava uma seca. Trabalhavam no
sistema de caderneta. Como trabalhavam somente no
período da seca, suas dívidas com o fazendeiro eram
grandes.
5. Pecuária: Também desde o início da colonização, a carne
muito apreciada pela população, o gado desde o início era
cuidado por assalariados. A desconfiança sobre as
condições higiênicas em que se matava esses animais,
levaram autoridades a alertarem a população sobre a
saúde. Dessa forma, consumia-se o charque.
1884 O governo imperial financia imigrantes europeus.
1888 Lei Áurea: fim da escravidão. Teve pouco impacto na economia mato-grossense, visto que as
principais economias, açúcar e poaia, já utilizavam mão-de-obra
assalariada e cada vez menos a mão-de-obra escrava. A imigração
nordestina supria a necessidade de empregados em todo o país.

1889 Proclamação da República pelos militares do Exército Brasileiro. A notícia da proclamação da República chegar tardiamente no
Fatores impulsionadores: Mato Grosso, mas é bem aceita.
 Fazendeiros descontentes com a perca dos seus escravos
(Lei Áurea); General Antonio Maria Coelho, escolhido primeiro governador
 Descontentamento dos militares com o sistema político pelo presidente da República, com boa popularidade.
governado por aristocracia tradicional. Queriam ter vida
política e sofriam forte influência de Augusto Comte;
 Conflito com a Igreja Católica por conta de uma encíclica
que condenava participação de católicos na maçonaria
que o Imperador desautorizou.
Uma vez proclamada a República, Deodoro da Fonseca foi o
primeiro presidente do Governo Provisório. Assim, estabeleceu:
 Presidencialismo;
 Federalismo;
 Sistema Representativo;
 Voto aberto (21 anos, sexo masculino e alfabetizado,
exceto padres, soldados e mendigos).

1891 Promulgada a Constituição de 1981 A Assembleia Constituinte Estadual elegeu Manuel José Murtinho
 Deodoro da Fonseca desrespeitou a Constituição em seu e vice Generoso Paes Leme de Souza Ponce. Com a renúncia de
governo desagradando a oligarquia e gerando reações Deodoro, tiveram seu poder ameaçado por oposição no sul do
rebeldes que pediam sua renúncia. Renunciou no mesmo Mato Grosso.
ano.
Por conta dessa insatisfação, os sulistas mato-grossenses,
liderados por João da Silva Barbosa, não reconhecendo o governo
de Murtinho, seguiram rumo a Cuiabá para deposição de
Murtinho e instituírem o Estado Livre de Mato Grosso ou
República Transatlântia (para tal fim, pensavam até em hipotecar
o Estado a Inglaterra). O vice então organizou uma força militar
que venceu a resistência e manteve-se no poder.
 A população de nada participava, só assistia essas lutas de
poder.
1884 Ascensão de Prudente de Morais, primeiro civil a assumir a O Coronelismo fortaleceu-se durante o período republicano,
presidência. Fazendeiro de café, marcando a ascensão da principalmente na rivalidade nortistas versus sulistas. Em
oligarquia cafeeira. repressão, o banditismo também cresceu e o Mato Grosso passou
A oligarquia cafeeira se fortaleceu no poder a partir de Campos de a ser uma região muito violenta.
Sales que garantiu através de mecanismos políticos a “política dos
Estados” ou “política dos Governadores”. Destaca-se da rivalidade coronelista os nortistas: usineiros, e os
 POLÍTICA DOS GOVERNADORES: acordo entre o Presidente da sulistas mato-grossenses: pecuaristas, comerciantes e ervateiros.
República e os governadores dos Estados onde durante as
eleições garantissem os votos de sua região a oligarquia
cafeeira em troca de favores políticos. O mesmo se
aplicava ao Senado e ao Congresso Nacional.
Fortalecimento do Coronelismo: Desde o período regencial, com a formação
da Guarda Nacional para conter as rebeliões, proprietários de grandes terras eram
chamados de “coronel”. Aqui, além de pessoas armadas a próprio serviço, detinham poder
econômico, político, judicial e policial. Gozavam de prestígio social. Durante as eleições,
eram completamente influentes na votação, sobretudo dos seus agregados e mais pobres,
surgindo a expressão “voto de cabresto”.
1900  Formada a Comissão Rondon, liderada pelo militar
Cândido Mariano Rondon, mato-grossense para viabilizar
a comunicação dos estados através de linhas telégrafas.
Até então a visão que os grandes centros urbanos tinham
do sertão brasileiro era uma região selvagem povoada de
bárbaros que precisavam ser pacificados.
o A Comissão Rondon era composta de oficiais do Exército,
engenheiros militares, funcionários civis, soldados, especialistas em
botânica, zoologia e geologia. Contou também com a participação de
presos civis e políticos (mão de obra pesada). A Comissão estava
subordinada ao Ministério da Viação e Obras Públicas e ao Ministério
da Guerra.
1901 Presidência de Campos Sales (1898-1902) O MASSACRE DA BAÍA DE GARCEZ: João Felix Peixoto de Azevedo ganhou as
eleições do governo estadual. Inconformado, Manuel José Murtinho conseguiu
junto ao governo a formação de uma força paramilitar “Legião Campos de Sales”,
então presidente, sob o comando de Antônio/Totó Paes de Barros. A eleição foi
anulada, e novas convocadas dando vitória a Antônio Pedro Alves de Barros,
acordando com Murtinho.
Antônio Pedro Alves Barros teve notícia da existência de forças opositoras. Para
isso uma nova tropa paramilitar foi formada “Divisão Patriótica”, comandada por
Totó que descobriu essa oposição escondida em Santo Antônio do Leverger, em
propriedades de seu irmão, João Paes de Barros, Usina da Conceição.
Totó cercou a propriedade, prendeu os suspeitos e os conduziu a Baía de Garcez.
Ali foram assassinados com barbárie e lançados na água. Em 1902, as chuvas não
vieram no período previsto, por conseguinte não houve cheias e a baía secou,
expondo o crime ali ocorrido. Totó não sofreu ação penal e foi eleito no mesmo
ano Governador do Estado (1902).
1902 Presidência de Rodrigo Alves Totó de Paes Barros aliou-se ao governo federal e aos seus.
Acabou por afastar-se dos Murtinho, que por sua vez, insatisfeitos
com a conduta do antigo aliado, uniram-se a Generoso Ponce,
antigo opositor do primeiro desde sua eleição, criando a
Coligação.
1906  Modernização da capital brasileira, Rio de Janeiro, A Coligação destruiu o comando da polícia e cortou a
inspirado nos padrões franceses. comunicação de Cuiabá, Cáceres e Corumbá com a capital federal
 Início da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, um ano (Rio de Janeiro). Antes desse rompimento, Totó pediu reforços ao
antes, 1905. (NOB) presidente, Rodrigo Alves, que enviou ao Mato Grosso a
“Expedição Dantas Barreto” com dois mil soldados.
Assim que a Coligação chegou a Cuiabá, Totó seguiu para lhes
fazer frente, falhando. Quando a vitória era iminente, Paes de
Barro fugiu, mas a Coligação o perseguiu e descobriu seu
esconderijo, e, em confronto acabou por morrer. Só então a
Expedição Dantas Barreto chega a Cuiabá. Sem nada a fazer,
voltam ao Rio de Janeiro com as últimas informações.
Em Cuiabá, o vice, Pedro Osório Leite, assume o posto e a
Coligação formou o Partido Republicano Conservador - PRC.
1907 1910: Criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) com objetivo Quando a riquíssima Companhia Mate Laranjeira pede
- de civilizar o índio brasileiro, em discurso, para protege-lo e arrendamentos de novas terras, Pedro Celestino, um principal do
1915 demarcar suas terras e impedir o seu extermínio. Cândido PRC, é contra. No entanto, novas terras foram arrendadas à
Mariano Rondon foi incumbido pelo presidente Nilo Peçanha de companhia. Contrariado, Celestino cria o Partido Republicano
tal tarefa, durante as atividades de sua Comissão. Daí a célebre Mato-Grossense – PRMG. Em 1915, Caetano de Faria
frase de Rondon: “morrer se preciso for, matar nunca”. Esse Albuquerque(PRC) ganha as eleições e decidiu nomear um
serviço foi extinto com a Ditadura Militar pois foi demonstrado secretário do PRMG, gerando críticas dentro próprio partido. O
que os objetivos não foram atingidos; com a construção das linhas PRMG decidiu apoiar o governador, que acabou por romper com
telegráficas, os índios foram perdendo suas terras, referências o PRC e filiar-se ao PRMG.
culturais e foram para as cidades, sendo marginalizados e
explorados.
 Em fato, desde o período imperial o governo visava a proteção
indígena, no então as questões econômicas capitalistas sempre
oprimiram os seus direitos e acabaram por lança-los para as
cidades onde ainda são marginalizados, até os dias atuais.
1913: o ex-presidente e coronel estadunidense Theodoro
Roosevelt chegou ao Mato Grosso com uma expedição com o
objetivo de atravessar o sertão até o rio Madeira. Rondon recebeu
a tarefa de conduzir essa expedição nomeada de Roosevelt-
Rondon. Saíram da capital em direção a Cáceres, passando pelos
índios Parecis e Nhambiquaras, Jurema e rio Papagaio e terminou
em Manaus.
1. A medida que a expedição avançava sobre o território mato-grossense
amostras de vegetais e minerais eram coletados, animais caçados e
empalhados. Todo este material foi enviando para os Estados Unidos
para ser estudado, pois os americanos queriam conhecer as
potencialidades de Mato Grosso, descobrir o que havia nesse imenso
território para ser explorado.
* Na segunda metade do século XIX, os conflitos bélicos entre os Inauguração da Linha ferroviária Noroeste do Brasil (NOB) iniciada
1914 países platinos mostraram as autoridades governamentais como em Bauru(SP) até o rio Paraguai(MS, antigo MT).
era vulnerável a navegação fluvial pelo Prata e não havia uma via
interna rápida que ligasse Mato Grosso ao restante do país. Foi
nesta perspectiva, que o governo republicando idealizou a
construção de uma estrada de ferro para Mato Grosso, uma vez
que através dos seus trilhos haveria uma comunicação e um
transporte de pessoas, matérias-primas, e produtos
industrializados de forma mais eficiente, e além disso a ferrovia
vinha ao encontro dos interesses do governo federal em integrar
as regiões do país, em modernizá-lo.
1916 Caetanada: Com a crise política que se seguiu, Caetano de
Albuquerque afastou-se, assumindo seu vice, Manuel Escolástico
(PRC). Dias depois, Caetano voltou do afastamento, porém o vice
não aceitou deixar o posto, formando dois governos: Cuiabá com
Caetano e Corumbá com Manuel. Essa crise política acarretou
confrontos armados entre as oligarquias e uma situação
inconstitucional.
1917 Venceslau Brás O Governo Federal intervém enviando Camilo Soares, que em três
meses nada resolveu; o governo decide nomear, com muita
insistência, o Interventor D. Aquino Correa, Bispo de Cuiabá, que
resolveu a situação.
1925 1922 a 1927: Tenentismo Morbeck e Carvalhinho: Em 1926, Pedro Celestino, então
- O tenentismo foi um movimento de rebeldia, no qual jovens oficiais se governador, via crescer no leste mato-grossense a influência de
1930 colocaram contra o governo oligárquico, portanto representou o José Morbeck e de seu homem de confiança, Manuel Balbino de
descontentamento de facções das forças armadas, que tinham como objetivo
conquistar o poder e reformar a República. Dentre as suas reivindicações, os Carvalho, o Carvalhinho. Com a intenção de minar essa aliança, o
tenentes propunham a moralização da Administração, o fim da corrupção governador planejou aliciar o subordinado. Os fatos se
eleitoral, o voto secreto, defendiam o desenvolvimento de uma economia desenrolaram favoravelmente para Pedro Celestino que de fato
pautada no nacionalismo e a reforma da educação pública defendendo o ensino ruiu a amizade entre os dois e enfraqueceu o poder político de
gratuito e obrigatório a todos os brasileiros
O movimento contou com a simpatia das camadas médias urbanas, de
ambos em violentos confrontos. A promessa do governador era
algumas indústrias e de fazendeiros que não apoiavam a oligarquia cafeeira. fazer de Carvalhinho delegado de Araguaia e Garça. O novo
Em 1922, no Rio de Janeiro, os tenentes iniciaram o movimento com a revolta do governador, Mario Correa da Costa, porém nomeou Valdomiro
Forte de Copacabana. As ofensas feitas ao Exército e a repressão contra o Clube Correa o novo governador e Carvalhinho, em retaliação, atacou o
Militar levaram os tenentes a se rebelar, com a intenção de “salvar a honra do quartel e fugiu para o Goiás. As tropas do governo descobriram o
Exército”. Entretanto o movimento fracassou.
Dois anos mais tarde, os tenentes tentaram novamente derrubar o governo paradeiro de Carvalhinho e fê-lo desfilar nas ruas de Cuiabá sob a
oligárquico, representado por Artur Bernardes; era a Revolução Paulista de 1924. propagando de que o Terror do Leste tinha sido derrotado.
O movimento que eclodiu em São Paulo deveria ter tido um caráter nacional, Carvalhinho foi solto em 1930, com o governo Vargas.
mas ficou limitado ao Rio grande do Sul, Amazonas e a cidade de São Paulo. No
comando do movimento paulista estava Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa. Os
revoltosos deixaram a capital paulista e se deslocaram pelo interior do Estado de
Coluna Prestes: A seguir retornaram ao Brasil penetrando por
São Paulo, com objetivo de atingir o Paraná, pois estavam à espera de tropas Porto Lindo, nas proximidades do rio Iguatemi em Mato Grosso.
vindas do Rio Ao ingressar no Estado, o general João Nepomuceno Costa deu
Grande do Sul. O movimento tenentista no Rio Grande do Sul estourou em início as perseguições, prendendo em Campo Grande até mesmo
outubro de 1924, estando no seu comando o tenente João Alberto e o Capitão aqueles que se mostravam simpáticos ao ideário da Coluna.
Luís Carlos Prestes. As tropas gaúchas deixaram o Sul em direção ao Paraná para
encontrar as tropas paulistas. Assim em abril de 1925, surgia a Coluna Miguel Novamente pressionados pelas tropas legalistas, os homens da
Costa-Luis Carlos Prestes, que posteriormente ficou conhecida como Coluna Coluna se retiram para Goiás, daí partiram para o nordeste e
Prestes. A Coluna Prestes percorreu todo o país propagando a ideia da ingressam mais uma vez pelo Mato Grosso. O Jornal A Razão
necessidade de uma revolução popular para derrubar as oligarquias. Em 1926, noticiou a chegada da Coluna Prestes em Cáceres. Segundo a
Miguel Costa, Siqueira Campos e Luis Carlos Prestes lançaram um manifesto
explicando os motivos da luta contra a oligarquia. Em seu manifesto, afirmaram
imprensa, as autoridades policiais de Cáceres prepararam um
que “eram contra os impostos exorbitantes, a desonestidade administrativa, a plano de ação para conter a Coluna composta naquele momento
falta de justiça, a mentira do voto, amordaçamento da imprensa, por 800 homens, que ameaçavam invadir a cidade. Para evitar a
perseguições políticas, desrespeito a autonomia dos estados, a falta de legislação invasão a Cáceres, os oficiais se reuniu imediatamente no Quartel
social e reforma da constituição. ” Percorrendo os lugares mais ermos do Brasil, General. Acreditavam que podiam conter as forças rebeldes no
a Coluna iniciou uma longa marcha e ao serem encurralados pelas tropas do
governo, o comando do movimento com a permissão das autoridades se Porto do Barranco Alto evitando que atravessassem o rio
refugiaram provisoriamente no Paraguai. Paraguai. Por outro lado, havia aqueles que duvidam que os
Em luta pelos seus objetivos, os homens da Coluna Prestes enfrentaram durante soldados seriam capazes de impedir a invasão. Apesar das
a sua marcha pelo país inúmeras dificuldades, que foram relatadas por Jorge incertezas, a oficialidade de Cáceres conseguiu reprimir o ataque
Amado, em sua obra literária O Cavaleiro da Esperança - Vida de Luís Carlos
Prestes.
da Coluna. E segundo o artigo publicado no jornal local, os
Na Bolívia, Luís Carlos Prestes deixou seus companheiros de luta e partiu para a soldados lutaram bravamente para manter “a ordem”.
Argentina, aderindo ao marxismo, voltando ao Brasil somente no Governo Perseguidos pelas tropas legalistas e jagunços dos coronéis, A
Vargas. Coluna Prestes acabou se exilando na Bolívia. Esse retorno a Mato
Grosso ocorreu durante o governo de Mario Correa da Costa, que
1929: Rompimento da Política Café com Leite, pelo presidente representava no Estado os interesses da oligarquia cafeeira.
Washington Luís, que fraquejou o poder da oligarquia cafeeira Segundo o discurso oficial, os homens da Coluna eram perigosos,
junto com o Tenentismo. sanguinários, e vieram trazer a dor, a intranquilidade e o
sofrimento a tantos lares, destruindo as nossas propriedades. ”
1930: Em meio a trama e estratégias políticas de naturezas É importante frisar que essa visão sobre a Coluna Prestes não foi
legítimas duvidosas, o sulista Getúlio Vargas sobe ao poder. compartilhada por todos. Em muitos lugares, os homens da
Coluna foram muito bem recebidos, e especialmente Luís Carlos
Prestes que ficou conhecimento como Cavaleiro da Esperança.
1930 Getúlio Vargas fecha o Congresso Nacional, as Assembleias Getúlio destitui o governador Aníbal de Toledo e indica o
Fim Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais. Nomeia para os interventor federal Antônio Mena Gonçalves.
da
República
estados no lugar dos governadores derrubados os interventores  Baseado na política Vargas, o governo de Mena afetou os
Velha federais. coronéis usineiros, apoiadores da oligarquia paulista. Foi
 Sua política primeira foi erradicar o poder das oligarquias marcado pela dureza de governo a ponto de decretar
regionais. prisão de coronéis.
1932  Rompimento das elites gaúchas e mineiras com o Getúlio nomeia o interventor federal Artur Antunes Maciel com
governo, que o acusaram de ditador. incumbência de conquistar a população mato-grossense.
 Revolução Constitucionalista em São Paulo durando três  Com a Revolução Constitucionalista em São Paulo, um
meses. Alegavam a população a necessidade de uma pequeno destacamento comandado pelo general Bertoldo
constituição brasileira, porém o verdadeiro objetivo era o Klinger, bem ao sul, seguiu para apoia-los, visando uma
retorno nas oligarquias ao poder. divisão do Mato Grosso que aconteceu criando o Estado
 Com o controle da situação paulista, Vargas convoca do Maracaju governado por Vespasiano Martins. Com o
eleições para formação de assembleia constituinte com controle do movimento paulista, Vargas combate o
finalidade de elaborar uma nova constituição brasileira. separatismo.
1933 Convocada as eleições para a formação da Assembleia Tanque Novo (mediações de Poconé): Havia em Poconé uma
Constituinte. vidente e curandeira de nome Laurinda Lacerda Cintra, dona de
casa e modesta. Popularmente conhecida como Doninha, ela
tinha visões e curava enfermidades, além de profetizar. Inúmeras
pessoas se deslocavam para ter com ela, e por vezes ali
estabeleciam morada, formando uma comunidade (Tanque Novo)
fortemente influenciada por Doninha. Devido a convocação para
Assembleia Constituinte que iria eleger o novo presidente, Getúlio
orientou que toda resistência fosse impedida. Nisso, o novo
interventor e por conseguinte o novo prefeito de Poconé,
Leônidas Antero de Matos e Antonio Correa da Costa,
respectivamente, foram indicados ao governo. O novo prefeito
passou a perseguir a comunidade e acusou-os de baderneiros (na
comunidade era proibida bebida alcoólica e jogo de azar) e
acabou por decretar a prisão de Doninha. Após a vitória de Vargas
na presidência, Doninha foi liberada e mudou-se para Cáceres,
exercendo seus dons até o fim de sua vida.
1934 Getúlio Vargas é presidente da república, eleito pela Assembleia
Constituinte
 Partido Comunista do Brasil (PCB): Luís Carlos Prestes
retorna do exílio, Moscou. Verifica-se uma esquerda
militar dentro do partido.
 Fundação da Aliança Libertadora Nacional (ALN): reuniu
operários, parcelas da classe média e setores da baixa
oficialidade do Exército. Pregava o nacionalismo, anti-
imperialismo e reforma agrária.
 Fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB) (Plínio
Salgado): reuniu parcelas da burguesia brasileira, Igreja e
Exército. Chamados de Integralistas ou Camisas verdes
combatiam a democracia, defendiam a propriedade
privada e o autoritarismo.
1935 1. Getúlio Vargas preocupado com a ascensão esquerda e
comunista, consegue a aprovação da Lei da Segurança
Nacional que visava conter o movimento operário e
comunismo e c consequentemente o fechamento da ALN
foi determinado.
2. Os comunistas represados organizaram uma tentativa
frustrada de revolução social (Intentona Comunista)
3. Após a essa derrota, Getúlio Vargas se prepara para
instalar um governo autoritário argumentando que o
comunismo ameaçava o país.
1937 1. Em 22 de setembro, a imprensa noticia a descoberta de Para Mato Grosso, o presidente nomeou como interventor
Estado um plano comunista para a tomada do poder. Era o Plano federal Júlio Müller, irmão de Filinto Müller, anteriormente
Novo
Cohen, na verdade um plano forjado pelo capitão Olímpio era o chefe da Polícia Política da ditadura getulista.
Mourão Filho, membro da AIB. a) Júlio Müller vê a necessidade de se modernizar Cuiabá,
2. O Congresso e a população brasileiros assustado com as uma vez que a infraestrutura urbana era inferior a Campo
novas, apoiam o Estado Novo ditatorial. Foi um período Grande e os sulistas buscavam a transferência da capital;
marcado pela suspensão dos direitos e das liberdades b) Para a modernização de Cuiabá, recursos foram buscados
democráticas. Os opositores ao regime eram presos pela ao governo federal e para dirigir as obras, a construtora
Polícia Secreta, que era dirigida em todo o território Coimbra Bueno (a mesma que construiu Goiânia).
nacional pelo mato-grossense Filinto Müller. Principais obras:
3. Para construir a população uma imagem positiva da a. Residência dos governadores;
b. Grande Hotel (atual Secretaria de Cultura de Mato Grosso - Avenida
ditadura, o governo criou o Departamento de Imprensa e Getúlio Vargas);
Propaganda (DIP), através do qual incentivou a música c. Ponte Júlio Müller (Rio Cuiabá);
popular brasileira, impôs a censura e estimulou o culto à d. Abertura da Avenida Getúlio Vargas;
e. Instalação da Estação de Tratamento de Água (rua Presidente
personalidade de Vargas. Marques);
4. Paralelamente interferiu na economia, com a intenção de f. Fundação do Liceu Cuiabano (Avenida Getúlio Vargas);
modernizar a economia brasileira. Vargas acreditava em g. Fundação do Cine-Teatro (Avenida Getúlio Vargas).
um desenvolvimento autônomo e independente do
capital estrangeiro. Na sua visão era preciso investir na
industrialização cabendo ao Estado garantir a
infraestrutura necessária ao desenvolvimento do país.
5. No tocante, a administração Getúlio Vargas indicou para
governar os estados brasileiros, os interventores federais
que eram oligarcas que defendiam os interesses do
presidente em sua região.
1) Vargas anuncia a Marcha para o Oeste. Defendia não
somente o povoamento das áreas como também o retorno do
homem ao campo, evitar a superpopulação urbana,
baseando-se na colonização de uma pequena propriedade. As
propostas não avançaram em consequência das dificuldades
materiais e do preparo dos colonos. Com o fim da ditadura de
Vargas (1945), as terras destinadas a colonização foram
redistribuídas ficando em posse de poucas pessoas.
1943 Criada a Expedição Roncador-Xingu: objetivo de colonizar o leste Inicialmente comandada pelo Coronel Flaviano Vanique composta
mato-grossense, região do Araguaia. por sertanejos recrutados na região Centro-Oeste. Adentraram o
território enfrentando a floresta virgem e tendo os primeiros
contatos com os indígenas. Os irmãos Orlando, Cláudio e
Leonardo Villas Boas também formaram uma expedição
extraoficial e tiveram o primeiro contato com os Xavantes que
fugiram ao primeiro contato.
1945 Getúlio Vargas, nos anos anteriores, é pressionado pela população Embora a economia de Mato Grosso continuasse a ser
para o fim da ditadura e redemocratização do país. Concedeu essencialmente agrária, a estrutura política do estado foi
anistia aos presos políticos e regulamentou a criação de partidos fortemente influenciada pela conjuntura nacional. Neste período,
políticos e convocou eleições para o fim de 1945. Cuiabá, como capital do estado, congregava todo o funcionalismo
2) O partido comunista da Rússia orientou que os comunistas público estadual e atraía migrantes das áreas rurais. Estes fatores
brasileiros apoiassem Vargas porque esse combatia o acabaram contribuindo para o crescimento urbano da capital. No
fascismo. Os militares do Exército brasileiro desconfiaram do entanto, apesar das mudanças, observava-se ainda a manutenção
apoio manifestado ser mais um golpe de Getúlio e o de formas arcaicas políticas. Logo, a estrutura política estadual era
derrubaram garantido efetivas eleições. caracterizada pela coexistência do coronelismo e clientelismo,
Entra o período republicano “Populismo” como também pela ascensão urbana na composição dos grupos
dirigentes e uma maior participação do sul no poder. Percebe-se
que mesmo com as alterações ocorridas com o fim do Estado
Novo, em Mato Grosso, as oligarquias tradicionais continuavam a
ocupar os espaços políticos e através do clientelismo, os caciques
políticos regionais continuavam a ser a base dos partidos políticos
durante a vigência da república populista.
1946 Presidente Eurico Gaspar Dutra, mato-grossense cuiabano. Os irmãos Villas Boas passam a liderar a Expedição Roncador-
Xingu e têm contatos com novas etnias. A expedição se dividiu em
duas: uma avançava pela selva e outro montava acampamentos
que, por políticas de imigração do governo federal, originaram
cidades como Barra do Garças (MT) e Aragarças (GO).
3) Os irmãos acreditavam que a criação de reservas e parques indígenas seriam uma
proteção para os índios. Defendiam que a integração do índio a sociedade brasileiro
deveria ser lenta, para a garantir a sobrevivência do índio, as identidades étnicas e
culturais desses povos. Os irmãos Villas Boas estiveram à frente na direção do Parque
e durante a sua administração organizaram programa médico de assistência aos
índios promovendo vacinações para combater as epidemias que grassavam entre os
índios, especialmente o sarampo. Entretanto, o contato com os brancos provocou
mudanças no interior das sociedades indígenas, como o decréscimo da produção
artesanal. Outra mudança significativa foi a perda da autoridade dos chefes
indígenas, pois o poder dos funcionários do Parque era bem maior. Apesar desses
pontos negativos, a política de Saúde Pública desenvolvida na administração dos
irmãos Villas Boas garantiu a vida de muitos índios.
1961 Decreto nº 50.455 – Criação do Parque Indígena do Xingu na Foi o parque idealizado pelos irmãos Villas Boas durante as
presidência de Jânio Quadros Expedições Roncador-Xingu.
1964 Golpe Militar: presidente João Goulart foi deposto do poder pelos  Inicia-se a colonização do norte do Mato Grosso.
militares que contavam com apoio de segmentos civis da  “Para atingir os seus objetivos, o governo federal através
sociedade brasileira, pois se viam ameaçados pelas propostas da dos meios de comunicação de massa, apresentaram a
Reforma da Base. Alegavam que o comunismo tomava o país Amazônia como uma nova Canaã, a terra da promessa, a
colocando em risco à propriedade privada, a religião, a liberdade terra fértil, rica, onde todos podiam ter acesso.
e a família brasileira. Os militares também contaram com apoio Entretanto, esse projeto de colonização pretendia atender
do capital estrangeiro que viam na política nacionalista de Goulart aos interesses da elite nacional e do capital estrangeiro.
um entrave aos interesses econômicos. Assim caberia a eles conduzir a colonização. ”
1) Durou 21 anos com os seguintes presidentes-militares:  “Apesar da colonização patrocinada pelo governo federal
a) Humberto Castello Branco; e pelas colonizadoras particulares terem atraídos muitas
b) Artur Costa e Silva; pessoas a Mato Grosso, e do discurso oficial apresentar a
c) Emílio Garratazu Médici; ‘ocupação’ do território como solução para o
d) Enersto Geisel; e desenvolvimento econômico do Estado, os projetos de
e) João Batista Figueiredo. colonização trouxeram sequelas, como conflitos com os
 Foi um período de intensa repressão, no qual o governo índios, a depredação da natureza e a expulsão da terra
ditatorial criou medidas para frear os opositores, como a dos seringueiros e dos pequenos agricultores. Na
censura e os Atos Institucionais. Líderes de esquerda, realidade, ocorreu a concentração da terra, o predomínio
sindicalistas, intelectuais e muitos políticos oposicionistas do latifúndio, agravando mais ainda os conflitos sociais no
foram banidos do país. Economicamente, pregavam a campo. ”
retomada do desenvolvimento, e para isso favoreceram a DIVISÃO DO MATO GROSSO
entrada do capital estrangeiro e promoveram uma Em 31 de outubro de 1977 (presidente Ernesto Geisel) foi
política salarial baseada no arrocho (reajustes salariais promulgada a Lei Complementar Nº31, que estabeleceu a divisão
não acompanham a inflação). Na década de 70, mais do Estado de Mato Grosso. Foi criado então o Estado do Mato
precisamente durante o governo de Médici, a econômica Grosso do Sul e se manteve o Estado do Mato Grosso. O
brasileira atingiu altos índices de crescimento, e por isso movimento separatista teve a frente os sulistas, que em luta pela
foi denominado de “milagre” brasileiro que se deu devido divisão do Estado argumentaram que a cisão era fundamental,
ao ingresso maciço do capital estrangeiro. O Brasil era pois:
bastante interessante aos investidores estrangeiros, pois 1. O poder político era exercido principalmente pelos
possuía um amplo mercado consumidor favorecendo a cuiabanos;
obtenção de lucros e combatia a esquerda. A estabilidade 2. A receita pública estadual era maior no sul, no entanto, os
econômica do governo de Castelo Branco contribuiu para benefícios ficavam principalmente em Cuiabá;
tornar o país atrativo ao capital estrangeiro. No entanto, a 3. Os empregos públicos eram ocupados pelos cuiabanos;
política econômica adotada pelo governo provocou a 4. Havia diferenças históricas e culturais entre o norte e o
dependência do país ao capital estrangeiro gerando um sul.
crescimento alarmante da dívida externa brasileira. Teve sua efetiva separação em 1979, com o primeiro governador
 Então, governo Médici lançou o Programa de Integração Frederico Carlos Soares Campos.
Nacional (PIN), que visava integrar a região amazônica ao
capitalismo, promovendo com isso a “ocupação” de
regiões rotuladas pelo discurso oficial como “distantes”,
“espaços vazios”. A colonização do norte de Mato Grosso
está inserida neste período histórico.

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