Você está na página 1de 9

BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO I

PROFESSOR: Lelis Maia Brito

PROJETO DE PESQUISA

POLÍTICAS PÚBLICAS MUNICIPAIS APLICÁVEIS ÀS MICRO E PEQUENAS


EMPRESAS
Regras da Lei Complementar 123/2006

ANDRÉ LUIZ JARIM DE CARVALHO,

Matrícula 16.2.6672

Salinas-MG

2019
Tema:

POLÍTICAS PÚBLICAS MUNICIPAIS APLICÁVEIS ÀS MICRO E PEQUENAS


EMPRESAS: Regras da Lei Complementar 123/2006

INTRODUÇÃO

Para que um município possa se desenvolver economicamente, gerando oportunidades de


trabalho, emprego e distribuição de renda, além de gerar tributos e movimentar
economicamente numerários é necessário que os empreendimentos sejam incentivados e
fomentados por meio de políticas públicas, especialmente as políticas públicas municipais,
tendo em vista sua abrangência local.

O Brasil possui característica econômica composta por sua grande maioria micro e pequenas
empresas, as MPEs, representando mais de noventa por cento dos negócios, e empregam mais
da metade da massa empregada. Conforme o SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas, a maioria das MPEs encerram sua atividade até o segundo ano, e quase
a totalidade delas até o quinto ano. Isso ocorre porque os pequenos negócios não possuem tutela
estatal para que possam ser orientadas, apoiadas e possam se desenvolver.

Na linha de reversão desse cenário, foi sancionada em 2006 a Lei Complementar 123, que ficou
conhecida como o Estatuto das Micro e Pequenas Empresas. Por meio desse diploma legal, não
só foi estabelecido tratamento diferenciado a ser aplicável aos negócios hipossuficientes, em
matéria fiscal, tributária e de legalização, como foram previstas normas para que elas sejam
fomentadas e consigam sobreviver ao longo do tempo no mercado econômico.

O crescimento e a sobrevivência das micro e pequenas empresas sempre foi algo desafiador
para o empreendedor. Isso porque face às nuances do Mercado dinâmico e competitive, e aos
desafios internos e externos, muitos negócios não conseguem se mater ao longo do tempo, e,
conforme as estatísticas do SEBRAE, a grande maioria destas empresas encerram suas
atividades antes do terceiro ano de exitência.. Para que as micro e pequenas empresas possam
se desenvolver, é importante que o município as fomente por meio de políticas públicas. O
Estatuto das Micro e Pequenas Empresas traz diversas ações que podem ser executadas na
esfera municipal, seja em exclusividades de licitação, como simplificação, desburocratização e
redução de tributos, de modo com que estas organizações possam avançar e gerar resultados
econômicos.
Para que as micro e pequenas empresas possam se desenvolver, é importante que o município
as fomente por meio de políticas públicas. Deseja-se verificar quais políticas o Estatuto das
Micro e Pequenas Empresas traz para que estas organizações possam avançar e gerar resultados
econômicos.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As políticas públicas municipais aplicáveis às micro e pequenas empresas estão previstas na


Lei Complementar 123/2006, e suas alterações. Esta Lei Complementar estabelece normas
gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e
empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, especialmente no que se refere:

I - à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações
acessórias;
II - ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias,
inclusive obrigações acessórias;
III - ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à
preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes
Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.
IV - ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere
o inciso IV do parágrafo único do art. 146, in fine, da
Constituição Federal.

Cabe ao Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) apreciar a necessidade de revisão, a partir
de 1o de janeiro de 2015, dos valores expressos em moeda nesta Lei Complementar.

Ressalvado o disposto no Capítulo IV, toda nova obrigação que atinja as microempresas e
empresas de pequeno porte deverá apresentar, no instrumento que a instituiu, especificação do
tratamento diferenciado, simplificado e favorecido para cumprimento. (Incluído pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)

Na especificação do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido de que trata o § 3o,


deverá constar prazo máximo, quando forem necessários procedimentos adicionais, para que os
órgãos fiscalizadores cumpram as medidas necessárias à emissão de documentos, realização de
vistorias e atendimento das demandas realizadas pelas microempresas e empresas de pequeno
porte com o objetivo de cumprir a nova obrigação.

Caso o órgão fiscalizador descumpra os prazos estabelecidos na especificação do tratamento


diferenciado e favorecido, conforme o disposto no § 4o, a nova obrigação será inexigível até
que seja realizada visita para fiscalização orientadora e seja reiniciado o prazo para
regularização. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

A ausência de especificação do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido ou da


determinação de prazos máximos, de acordo com os §§ 3o e 4o, tornará a nova obrigação
inexigível para as microempresas e empresas de pequeno porte. (Incluído pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)

Vemos também que na leitura do § 7º, a inobservância do disposto nos §§ 3o a 6o resultará em


atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional da atividade
empresarial. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

O art. 2º do Estatuto da Micro e Pequena Empresa, o tratamento diferenciado e favorecido a ser


dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art. 1o desta Lei
Complementar será gerido pelas instâncias a seguir especificadas:

I - Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, composto por 4


(quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como representantes da
União, 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios, para tratar dos
aspectos tributários; e

II - Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, com a participação


dos órgãos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor, para tratar dos demais
aspectos, ressalvado o disposto no inciso III do caput deste artigo;

III - Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização
de Empresas e Negócios, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, composto por representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal, dos
Municípios e demais órgãos de apoio e de registro empresarial, na forma definida pelo Poder
Executivo, para tratar do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas
jurídicas.

III - Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de
Empresas e Negócios - CGSIM, vinculado à Secretaria da Micro e Pequena Empresa da
Presidência da República, composto por representantes da União, dos Estados e do Distrito
Federal, dos Municípios e demais órgãos de apoio e de registro empresarial, na forma definida
pelo Poder Executivo, para tratar do processo de registro e de legalização de empresários e de
pessoas jurídicas. (Redação pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de


pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de
responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis
ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:

I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário,


receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e
sessenta mil reais); e
II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-
calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e
sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três
milhões e seiscentos mil reais).
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-
calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e
sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro
milhões e oitocentos mil reais). (Redação dada pela Lei
Complementar nº 155, de 2016)

A microempresa e a empresa de pequeno porte titular de direitos creditórios


decorrentes de empenhos liquidados por órgãos e entidades da União, Estados, Distrito Federal
e Município não pagos em até 30 (trinta) dias contados da data de liquidação poderão emitir
cédula de crédito microempresarial.
A cédula de crédito microempresarial é título de crédito regido,
subsidiariamente, pela legislação prevista para as cédulas de crédito comercial, tendo como
lastro o empenho do poder público, cabendo ao Poder Executivo sua regulamentação no prazo
de 180 (cento e oitenta) dias a contar da publicação desta Lei Complementar.
(Revogado pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Nas contratações públicas da União, dos Estados e dos Municípios, poderá
ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de
pequeno porte objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito
municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação
tecnológica, desde que previsto e regulamentado na legislação do respectivo ente.
Nas contratações públicas da administração direta e indireta, autárquica e
fundacional, federal, estadual e municipal, deverá ser concedido tratamento diferenciado e
simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoção do
desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional, a ampliação da eficiência
das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica.
A Lei Complementar 123/2006, também conhecida por Lei Geral da Micro e Pequena Empresa,
traz todos os contornos legais aplicáveis a esse perfil de empresa. Pudemos ver que esta norma
traz o tratamento diferencial que elas devem receber em detrimento aos médios e grandes
empreendimentos, em matéria trabalhista, fiscal, tributária e de acesso aos mercados
(preferência em licitações).
Conforme o SEBRAE, as micro e pequenas empresas - MPEs, representam a grande maioria
das empresas do Brasil, chegando a ser mais de 90% (noventa por cento), e são responsáveis
por mais de 50% (cinquenta por cento) da mão de obra formal.
Face a esse cenário, é indiscutível, primeiramente, que, para que haja a igualdade de tratamento
das empresas, é necessário que se trate desigualmente as desiguais, ou seja, é necessário tributar
essas empresas com alíquotas menores, simplificar processos e procedimentos, desburocratizar.
O Estatuto das MPEs sugere aos municípios que instituam a Sala do Empreendedor, que é uma
divisão de atendimento especializada em atender, orientar e colaborador com o empreendedor,
ajudando a fazer a abertura jurídica de sua empresa, dando consultoria, suporte, inclusive
incentivando a participação nas licitações.
Na Sala do Empreendedor deve ser designado o Agente de Desenvolvimento, que é um servidor
capacitado nas normas jurídicas, fiscais, tributárias, previdenciárias e contábeis das MPEs, apto
a gerir o espaço e prestar o atendimento aos empreendedores, sem custo algum.
As cidades devem aprovar a legislação, para que as normas federais da Lei Complementar
123/2006 sejam municipalizadas e disciplinadas, para atendimento ao mercado local. Nela,
devem ser previstos a Sala do Empreendedor e o Agente de Desenvolvimento, delimitando suas
atribuições. Também a Lei Municipal Geral das MPEs deve prever o tratamento diferenciado
aplicável a estes negócios e tratar da questão das licitações.
De acordo com o capítulo do Acesso aos Mercados e das Aquisições Públicas, toda aquisição
até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) poderão ser feitas de forma exclusiva com MPEs. Com
isso, é dado fomento, para que possam se desenvolver e também chegarem ao médio ou grande
porte no futuro.
Referente às licenças de funcionamento, os alvarás, a lei federal isenta as MPEs de pagamento,
e, caso seja interesse municipal, também poderá ser previsto na lei de esfera municipal a isenção
dos anos seguintes, enquanto a empresa ostentar ser de micro ou pequeno porte (o MEI -
MicroEmpreendedor Individual, faturamento anual de R$ 81.000,00; a microempresa,
faturamento anual até R$ 360.000,00, e a empresa de pequeno porte, faturamento até
R$ 4.800.000,00).
A Sala do Empreendedor poderá e deverá fazer ações de orientação constante ao empreendedor.
Dentro dessas orientações, além de fomentar a participação nas licitações, deve-se fomentar a
exportação, pois estas empresas possuem isenção de todos os tributos para exportarem. O
pequeno empresário geralmente não detém essa informação, mas, com a ação orientadora do
Agente de Desenvolvimento, conhecendo os procedimentos, poderá atuar no mercado exterior.
Percebe-se que as micro e pequenas empresas são entidades hipossuficientes, e, no mercado
global, acirrado e competitivo, é necessário que o poder público, em todas as suas esferas, mas
mormente na esfera municipal estabeleçam políticas públicas de fomento, para que estas
possam se desenvolver.

Estes fomentos são expressos em simplificação e desburocratização do processo de abertura,


legalização e concessão do alvará de funcionamento, no apoio e suporte ao desenvolvimento
por meio do Agente de Desenvolvimento e da Sala do Empreendedor, como também nos
processos licitatórios, na qual, com base nos valores, condições e limites previstos na Lei de
Licitações e no Estatuto da Micro e Pequena Empresa, poderá ser dada preferência de aquisição
para empresas com esse perfil.

Quando um município fomenta o pequeno negócio, faz aquisições preferenciais com estes, a
economia local é aquecida, pois os pequenos negócios são responsáveis por grande parte da
mão de obra contratada formalmente, e injeta dinheiro na economia, por meio dos salários
pagos, que resultarão no consumo das famílias.

Vez que o maior número de empresas de uma municipalidade é composta por sua maioria por
empresas de micro e pequeno porte, essencial é fomentá-las por meio de políticas públicas que
visam ao desenvolvimento delas. Assim, ganha o município e ganha o empreender, em
crescimento e em desenvolvimento local e regional, cumprindo assim o aspecto social e
econômico do Estatuto das Micro e Pequenas Empresas.
METODOLOGIA DA PESQUISA

Para a realização deste artigo foi utilizada como Metodologia da Pesquisa Científica a Revisão
Bibliográfica, especialmente por meio de consultas das principais leis aplicáveis à matéria,
disponíveis na Internet.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Portal. Lei Complementar 123 de 2006. Disponível em http://www.planalto.


gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm. Acessado em 10/07/2018.
BRASIL, Portal. Lei Complementar 128 de 2008. Disponível em http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm. Acessado em 10/07/2018.
BRASIL, Portal. Lei Complementar 155 de 2016. Disponível em http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm. Acessado em 10/07/2018.

Você também pode gostar