Você está na página 1de 1

RESENHA

MBEMBE, Achile. Capítulo 1 "O sujeito racial", Capítulo 2 "O poço dos fantasmas",
in: _____. Crítica da razão negra. São Paulo: n-1 edições, 2018, pp. 27-141.

Achille Mbembe nasceu em 1957, em Otété, nos Camarões. Filósofo, cientista político e
intelectual de renome mundial, Mbembe é doutorado em História pela Sorbonne e diplomado
em Ciência Política pelo Institut d’études politiques, lecionou História em diversas
universidades norte-americanas e foi diretor executivo do Conselho para o Desenvolvimento
de Pesquisa em Ciência Social em África (CODESRIA) no Senegal.
Sua obra “Crítica da Razão Negra”, foi publicado originalmente no ano de 2013 na França e
ganhou em 2018 uma edição brasileira pelas mãos da editora n-1 edições. O autor desenvolve
reflexões do que é concebido com o termo “negro” e sobre como as formas de definir esse ser
são componentes das manifestações do racismo contemporâneo.
Nos capítulos “O sujeito racial” e “O poço dos fantasmas” o autor nos convida a uma reflexão
sobre a visão do negro no mundo de hoje que foi construída pelo sistema escravista colonial,
onde os conceitos de escravos e de raça confundiam-se entre si tornando a definição de negro
uma categoria social.
Para o empreendimento colonial da época o negro seria um exemplo total do “ser-outro”, um
símbolo de Inferioridade, desprovidos de humanidade e sua existência subalterna, que devia
ser ajudado e protegido, esse discurso justificava suas ações “civilizatórias” e “humanitárias’.
A partir do século XVI, com a escravidão, construiu-se o conceito de Negro” que vigora ainda
hoje, por meio da escravização o negro deixou de existir enquanto pessoa e tornou-se
invisível. Nas palavras do autor, “Negro” é aquele que vemos quando nada se vê, quando
nada compreendemos e, sobretudo, quando nada queremos compreender. Essa invisibilidade
está na base do racismo, que, além de negar a humanidade do outro, se desenvolve como
modelo legitimador da opressão e da exploração. Mais do que isso, o racismo representa
quem deve ser eliminado, numa morte que pode ser tanto político, física ou simbólica.

Você também pode gostar