1 INTRODUÇÃO
A condutividade ou condutância específica (K) de uma solução aquosa é uma medida de sua
capacidade de conduzir corrente elétrica. Esta habilidade depende do número e espécies iônicas presentes,
mobilidade, valência e temperatura de medição. Quando em solução a maioria dos compostos inorgânicos são
relativamente bons condutores. Por outro lado, as moléculas de compostos orgânicos que não se dissociam em
solução aquosa não são bons condutores de corrente elétrica.
A condutividade de uma solução é comumente realizada através de dois eletrodos quimicamente
inerte (platina) fixados a uma distância (L).
Para evitar a polarização da superfície do eletrodo de medição, a condutância é feita com um sinal de
corrente alternada em um instrumento provido de ponte de Wheatstone.
A condutividade elétrica é
diretamente proporcional à área da
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superfície do eletrodo A (cm ) e
inversamente proporcional à distância L (cm) entre os eletrodos:
As unidades 1/ohm-cm ou
mho/centímetro são as formas de expressar
a condutividade elétrica (K), das quais a
mais usual é micromhos por centímetro (μmho/cm).
No Sistema Internacional de Unidades (SI), o inverso do ohm é o siemens (S) sendo a condutividade
apresentada como milisiemens por metro (mS/m) onde: 1 mS/m = 10 μmhos/cm e 1 mS/cm = 1 μmho/cm.
Para apresentar os resultados no SI em mS/m basta dividir μmhos/cm por 10.
Na tabela abaixo são apresentados à condutividade das soluções de cloreto de potássio comumente
usadas como padrões.
Λ = 0,001k/concentração
• Estabelecer grau de mineralização e avaliar o efeito da concentração total de íons no equilíbrio químico,
efeito fisiológico em plantas ou animais, as taxas de corrosão, etc.
• Avaliar o grau de pureza da água reagente (destilada, deionizada, etc.).
• Avaliar variações na concentração de minerais dissolvidos na água bruta ou águas residuárias. Menores
variações sazonais encontrados em águas do reservatório contrastam fortemente com as flutuações diárias em
algumas águas do rio poluído. Águas residuárias contendo quantidades significativas de resíduos comerciais
também pode mostrar uma variação diária considerável.
• Estimar o tamanho da amostra para algumas determinações químicas comuns e verificar o resultados de uma
análise química.
• Determinar a quantidade de reagente necessária em certas reações de precipitação e de neutralização, sendo
o ponto final indicado por uma mudança na inclinação da curva resultante da plotagem da condutividade
contra a leitura da bureta.
• Estimar os sólidos dissolvidos totais (mg/L) em uma amostra multiplicando a condutividade (micromhos por
centímetro) por um fator empírico. Este fator pode variar 0,55-0,9, dependendo dos componentes solúveis da
água e da temperatura de medição. Relativamente podem ser necessários fatores elevados para as águas
salinas ou caldeira, enquanto fatores mais baixos podem ser aplicados onde ocorre a presença considerável de
hidróxido ou ácido livre. Apesar da amostra de evaporação resultar na mudança de bicarbonato em carbonato,
para um fornecimento de água relativamente constante, o fator empírico derivado é determinado dividindo os
sólidos dissolvidos pela condutividade.
• Realizar um cálculo aproximado em miliequivalentes por litro de qualquer cátion ou ânion multiplicando a
condutividade em unidades de micromhos por centímetro por 0,01.
1.3 Observações
A água destilada produzida em laboratório tem geralmente uma condutividade na faixa de 0,5 a 3
μmhos/cm. A condutividade aumenta logo após a exposição do recipiente de água ao ar.
A condutividade de águas residuárias domésticas se aproxima da água de abastecimento. Alguns
resíduos industriais têm condutividade acima de 10000 μmhos/cm. Os instrumentos de condutividade são
utilizados em tubulações, canais, rios e lagos e podem ser incorporados em estações de monitoramento múlti-
parametricas com gravação de dados.
A maioria dos problemas na obtenção de bons dados com equipamentos de monitoramento de
condutividade está relacionada a incrustações no eletrodo e à circulação inadequada da amostra. A
condutividade entre 10000-50000 μmho/cm ou menor do que cerca de 10 μmho/cm pode ser de difícil
determinação com sistema eletrônico de medição habitual e capacitância celular. Consulte manuais do
fabricante do instrumento ou referências publicadas.
MÉTODO INSTRUMENTAL
1 PRINCÍPIO
a) Medições instrumentais: No laboratório a condutividade, Gs, (ou resistência) de uma solução padrão de
KCl é medido apartir da condutividade correspondente, ks, sendo a constante da célula, C, (cm-1), calculado
por:
a) Condutivímetro: Use um instrumento capaz de medir a condutividade com um erro não superior a 1 % ou 1
μmho/cm, prevalecendo o que for maior.
b) Termômetro, com precisão de leitura de 0,1 °C na faixa de 23 a 27 °C. Muitos medidores de condutividade
estão equipados para ler um sensor de temperatura automático.
c) Célula de condutividade.
3 REAGENTES
a. Água para medidas de condutividade: Qualquer um dos vários métodos podem ser usados para preparar
água de grau reagente. Os métodos discutidos no capítulo xx são recomendados.
b. Solução padrão de cloreto de potássio, KCl, 0,010M: Dissolver 745,6 mg KCl anidro, seco a 110 ºC por
duas horas e diluir a 1000 mL em um balão volumétrico classe A e armazenar em uma ambiente livre de CO 2.
Esta é a solução padrão de referência a 25 °C tem uma condutividade de 1412 μmhos/cm, sendo normalmente
apropriada para a maioria das amostras em que a célula tem uma constante entre 1 e 2 cm -1. Para células com
outras constantes, use soluções mais fortes ou mais fracas de KCl, de acordo com a Tabela 1.
Cuidados devem ser tomados ao usar soluções de KCl menores que 0,001 M, por que podem ser instáveis
devido a influência de dióxido de carbono na água pura. Quando da necessidade de padrões de baixa
condutividade, estes, podem ser obtidos como padrões de referência certificado ao NIST com uma
condutividade de 25,0 mS/cm ±0,3 uS/cm. Armazenar a solução em um frasco de vidro de borosilicato com
tampa de vidro.
4 PROCEDIMENTO
5 CÁLCULOS
K= Km
1 + 0,0191 x (t-25)
Onde:
Km = Medição da condutividade em µmhos/cm a t ºC;
t = temperatura observada, °C.
c) Quando é determinada a resistência (Rm, ohm) a uma dada temperatura t (ºC) a condutividade K,
(µmhos/cm), a 25 ºC, é determinada pelo seguinte procedimento:
Determinação da constante da célula: Enxaguar a célula de condutividade com pelo menos três porções da
solução de KCl 0,01 M e determinar a resistência (ohm) em uma quarta porção, anotando o valor da
temperatura. O cálculo da constante da célula, C, é dada por:
Onde:
RKCl = resistência medida, ohms e
t = temperatura observada, °C.
106 x C
K=
Rm [1 + 0,0191 x (t – 25)]
Onde:
k = condutividade, μmhos/cm,
C = constante de célula, cm-1,
Rm = resistência medida da amostra, ohms e
t = temperatura de medição.
Tabela 1 - Principais espécies iônicas para exemplificar o cálculo da condutividade Kcal para águas naturais.
Íons mg/L
Ca2+ 55
Mg2+ 12
Na+ 28
K+ 3,2
HCO3- 170
SO42- 77
Cl- 20
Na diluição infinita a contribuição para a condutividade por diferentes tipos de íons é aditiva. Em
geral, a contribuição relativa de todos os cátions e ânions são calculados multiplicando as condutâncias
equivalentes, λ°+ e λ°-, mho-cm2/equivalente, pela concentração em equivalentes por litros. A Tabela 2 contém
uma pequena lista da condutância equivalente para os íons comumente encontrados em maiores concentrações
em águas naturais. Íons em quantidades traços geralmente são insignificantes na contribuição da
condutividade total.
EXEMPLO
Passo 1 – Organização da tabela
- Conversão de unidades
Converter as unidades em mg/L para mM, utilizando os respectivos pesos moleculares das
substâncias.
- Determinar z2 x (mM)
k° = Σ|zi|(λ°+i)(mMi) + Σ|zi|(λ°−i)(mMi)
onde:
|zi| = valor absoluto da carga do íon considerado;
mMi = Concentração milimolar do íon, e;
λ°+i , λ°-i = Condutância equivalente dos principais íons presentes em amostras de águas naturais e águas
residuárias, podendo estes valores serem encontradas em livros de eletroquímica.
No exemplo k° = 578,2 que corresponde à somatória dos valores da 5ª coluna (Tabela 4).
Se mM é usado para expressar a concentração, o produto, (λ°+) (mMi) ou (λ°-)(mMi), corrige as unidades em
litros para cm3. Neste caso, K é 578,2 μmho/cm.
FI = Σzi2(mMi)/2000
Passo 4 - Calcular a atividade do coeficiente de íons monovalentes, y, usando a equação de Davies para
FI ≤ 0,5 M e para temperaturas de 20 a 30 ° C.
kcalc = k°y2
No exemplo a ser considerado, kcalc = 578,2 x 0,912 = 478,8 μmho/cm.