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FERNANDO J. NOGUEIRA, EDMAR S. SILVA, MARCOS F. C. CAMPOS, THIAGO R. A. CARREIRA, LUIZ H. GOUVEIA,
CRISTIANO G. CASAGRANDE E HENRIQUE A. C. BRAGA
Abstract This paper deals with the case study of the pilot project of street lighting using LED luminaires on the campus of
Federal University of Juiz de Fora. For nine months the monitoring of this system was done to evaluate the performance of this
technology that increasingly conquest space in the lighting industry. Photometric and electrical results obtained during this period
will be presented as well as a comparison with the old lighting system employing high pressure sodium lamps based on classical
photometry and mesopic photometry, which takes into account the dynamic visual response of the human eye. In addition, will be
done an simplified economic analysis aiming to show the savings generated by the new lighting system and the calculation of
payback of new luminaires
Keywords LEDs, LED Luminaires, Mesopic Vision, Pilot Project, Street Lighting.
Resumo Este trabalho trata do estudo de caso do projeto piloto de iluminação pública empregando luminárias LEDs no
campus da Universidade Federal de Juiz de Fora. Durante nove meses foi feito o acompanhamento desse sistema a fim de avaliar
o desempenho dessa tecnologia, que cada vez mais conquista espaço no setor de iluminação. Serão apresentados resultados
fotométricos e elétricos obtidos nesse período, bem como uma comparação com o antigo sistema de iluminação empregando lâm-
padas de vapor de sódio em alta pressão, tanto baseado na fotometria clássica, como na fotometria mesópica, que leva em consi-
deração a resposta dinâmica visual do olho humano. Além disso, será feita uma análise econômica simplificada buscando mostrar
a economia gerada pelo novo sistema de iluminação e o cálculo simplificado de payback das novas luminárias.
Palavras-chave Iluminação Pública, LEDs, Luminárias LED, Projeto Piloto, Visão Mesópica.
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Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014
2 Resposta Dinâmica Visual do Olho Humano Embora as grandezas físicas utilizadas na foto-
metria clássica sejam ponderadas pela resposta visual
Todo sistema de iluminação deve ser projetado humana na condição fotópica, é comum se deparar
para atender a requisitos estabelecidos em normas, com situações em que a condição mesópica é predo-
que visam adequar a iluminação artificial de forma a minante, como é o caso da iluminação pública
se obter uma iluminação satisfatória em determinado (MAGGI, 2013). Isso exige a conversão de grande-
ambiente. Portanto, a percepção do indivíduo sobre o zas fotométricas convencionais em grandezas foto-
ambiente é fundamental na concepção de um projeto métricas adaptadas, ponderadas pela resposta do olho
de iluminação. Sendo assim, é importante no estudo humano na condição mesópica.
da área de iluminação entender que o olho humano
responde de forma diferente a determinados níveis de
luminância. 3 Adaptação das Grandezas Fotométricas na
O olho possui dois tipos diferentes de células Condição de Visão Mesópica
sensíveis à luz: os cones e os bastonetes. Os cones
são menos sensíveis à luz e estão localizados em Diversos modelos buscam traduzir a resposta do
maior densidade na região central da retina e se divi- olho humano para a região mesópica. Por exemplo,
dem em cones sensíveis a faixa espectral verde, azul (REA, 2004) propõe um sistema unificado de foto-
e vermelho. Já os bastonetes têm sensibilidade muito metria, baseado na relação entre os fluxos escotópico
maior do que os cones, porém, não são sensíveis às e fotópico de cada fonte luminosa. Apesar deste sis-
cores. Essas células apresentam maior concentração tema unificado de fotometria ser um dos melhores já
na região periférica da retina e são adaptadas para apresentados, ele é pouco prático devido a sua com-
ambientes com nível de luminosidade reduzido (lu- plexidade. Outros modelos mais simples também são
minância menor que 0,003 cd/m2). Os bastonetes são propostos, como o visto em (CASAGRANDE,
responsáveis basicamente pela percepção de claro e 2013), que propõe aproximações para as grandezas
escuro (RODRIGUES, 2012). fotópicas ou escotópicas dependendo do nível de
De acordo com o nível de iluminamento do am- luminância do ambiente. Apesar da simplicidade,
biente, um dos dois tipos de célula sensitiva é pre- esse tipo de aproximação não é a ideal quando o ob-
dominantemente responsável pela dinâmica de res- jetivo é comparar o desempenho de diferentes tipos
posta do olho humano. Em um ambiente com alto de fonte luminosa.
nível de luminosidade (luminância maior que O sistema de fotometria mesópica recomendado
3cd/m2) os cones são predominantes e permitem que pela CIE (Comissão internacional de iluminação, do
as cores sejam diferenciadas com maior clareza. francês, Commision Internationale de l’Eclairage) é
Neste caso, tem-se a visão chamada de fotópica ou o documento CIE 191:2010 – Technical Report: Re-
V(). Para ambientes nos quais a luminância é infe- commended System for Mesopic Photometry Based
rior a 0,003 cd/m2, os bastonetes são maioria e tem- on Visual Performance. Este documento procura
se a visão chamada de escotópica ou V’(). Dessa fazer a correção do fluxo luminoso fotópico (lúmens)
forma, é possível determinar curvas de sensibilidade para o fluxo luminoso efetivo (lúmens efetivos), ba-
espectral relativa para os regimes de operação fotó- seando-se no nível de luminância fotópico e no cál-
pico V() e escotópico V’(), como mostrado na culo da relação S/P (Escotópico/Fotópico, do inglês
Figura 1. Scotopic/Photopic), que é a relação entre o fluxo
A faixa intermediária entre os regimes fotópico e luminoso escotópico e o fluxo luminoso fotópico da
escotópico é chamada de regime mesópico. Nessa fonte luminosa em questão. Os fatores de correção
faixa de operação considera-se que tanto os cones para os diversos níveis de luminância e taxas S/P são
como bastonetes estão em atividade. mostrados na Tabela 1.
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Como os luxímetros convencionais são calibra- Tabela 2. Requisitos mínimos de iluminância média, uniformidade
dos de acordo com a resposta fotópica do olho hu- e luminância média para a classe de iluminação V5 (ABNT, 2012).
mano, torna-se necessário efetuar uma adaptação Emed, Lmed,mín
Classe Uo = Emín/Emed
lux cd/m²
para que se obtenham os níveis de iluminância no
regime mesópico. A conversão das iluminâncias fo- V5 5 0,2 0,50
tópicas medidas por luxímetros convencionais (lux)
em iluminâncias mesópicas (lux”) é feita segundo
(1).
lux " lux FC (1)
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19/09 16,68 0,48 26,7 Figura 5. Resultados das medições periódicas de iluminância.
03/10 17,17 0,48 21,0
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5.2 Acompanhamento do Desempenho Elétrico Figura 7. Varistor danificado de uma luminária que sofreu surto de
tensão durante tempestade.
Durante o período de avaliação, foram feitas
medições elétricas para avaliar se as luminárias LED
estariam sofrendo degradação no fator de potência. 6 Comparação entre o sistema empregando
Nesse período, foi observado que as luminárias ava- Lâmpadas de Vapor de Sódio em alta pressão e o
liadas mantiveram seu fator de potência constante no empregando Luminárias LED
valor de 0,97 (maior que o 0,92 exigido pela resolu-
ção 414 da ANEEL), com o limite de emissão de 6.1 Comparação das Características Elétricas
conteúdo harmônico da corrente de entrada nos ní-
veis estabelecidos pela norma IEC 61000-2-3 Classe A Tabela 6 mostra as características elétricas das
C. Os níveis de potência de entrada também respeita- luminárias obtidas através de ensaios experimentais
ram a variação prevista na norma NBR 16026 para em laboratório. A luminária do antigo sistema de
drivers de módulos de LED. A tabela 5 mostra os iluminação é composta por uma lâmpada de vapor de
resultados obtidos. sódio em alta pressão de 250 W e um reator
No período de avaliação, quatro luminárias LED eletromagnético com consumo médio de 30 W, en-
apresentaram problemas de baixa luminosidade e quanto a luminária LED do novo sistema de ilumina-
duas deixaram de funcionar. As luminárias com bai- ção possui uma potência total de entrada de 157 W.
xa luminosidade, ou não tiveram um de seus conec- Todos os resultados de características elétricas foram
tores ligados corretamente entre o driver e os LEDs obtidos através do osciloscópio TEKTRONIX –
durante a instalação, ou os conectores não estavam DPO 3014.
suficientemente firmes para suportar o balanço das O fator de potência obtido no reator da luminária
luminárias devido às correntes de ar. Como a luminá- com lâmpada de vapor de sódio não esta de acordo
ria é construída com dois drivers que alimentam dois com o valor exigido (acima de 0,92) pela norma
módulos de LEDs distintos, a desconexão de um dos NBR 13593 – Reator e ignitor para lâmpadas de va-
drivers ocasiona o desligamento de metade dos por de sódio em alta pressão. Segundo (BRAGA,
LEDs da luminária, gerando a baixa luminosidade 2010), a degradação do fator de potência em reatores
observada. eletromagnéticos de lâmpadas de vapor de sódio
As luminárias que deixaram de funcionar foram ocorre devido à má qualidade dos capacitores utili-
devido à atuação do sistema de proteção, formado zados para a correção do fator de potência.
por um varistor em paralelo com o terminal de A Figura 8 mostra as formas de onda de tensão e
alimentação da luminária. Os varistores atuaram em corrente de entrada das luminárias analisadas. Já a
dias de tempestade, e consequentemente, de fortes Figura 9 mostra as amplitudes dos harmônicos da
descargas elétricas atmosféricas que causaram surtos corrente de entrada em comparação com os limites
de tensão na rede elétrica, fazendo com que a resis- estabelecidos pela norma IEC 61.000-3-2 (Classe C),
tência do varistor sofresse forte queda e praticamente onde é possível observar que ambas as luminárias
fechasse um curto-circuito com a rede elétrica, a atendem a norma, sendo que a luminária LED causa
ponto de romper o cabo de alimentação da luminária menor emissão de correntes harmônicas na rede elé-
e danificar o próprio varistor, como pode ser visto na trica.
Figura 7. Após a troca do dispositivo de proteção, as
luminárias voltaram a funcionar. Tabela 6. Características elétricas de funcionamento das luminárias
com lâmpadas de vapor de sódio e LED.
Luminária com Lâmpada De Luminária
Tabela 5. Resultados do acompanhamento elétrico.
Vapor de Sódio LED
FP Pin (W) THDi (%) Tensão de entrada 220 V 220 V
Luminária 1 Corrente de
0,97 158,4 9,47 entrada
1,40 A 0,714 A
Medição 1
Potência total de
Luminária 1 280 W (lâmpada + reator) 157 W
Medição 2
0,97 157,1 9,35 entrada
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(b)
obteve melhor uniformidade. Ambos os casos aten-
dem os requisitos mínimos exigidos pela norma de
iluminação pública NBR 5101. Outro dado importan-
te que consta na Tabela 7 é a razão entre a iluminân-
cia média e a potência de entrada (Emed/Pin). Apesar
de não levar em conta a questão da uniformidade da
iluminação, a razão (Emed/Pin) ajuda a se ter melhor
noção da eficiência global de cada sistema, uma vez
que engloba características como a eficiência do dri- Figura 10. Curvas de iluminância ponto a ponto obtidas para as
ver ou reator utilizado (relação entre a potência de luminárias com (a) lâmpada de vapor de sódio e (b) LED.
Unidade no plano em metros.
entrada e a potência de saída); a eficiência da fonte
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Tabela 8. Características fotométricas obtidas na esfera integradora. Tabela 9. Resultados fotométricos baseados na condição mesópica
Fluxo luminoso Eficácia IRC TCC Φ” E”med E”med/Pin Eficácia
Luminária Luminária Fc
Fotópico (lm) luminosa (lm) (%) (K) (lm”) (lux”) (lux”/W) (lm”/W)
Vapor de Vapor de
23.270 83,1 25 2.000 0,955 22.223 21,01 0,075 79,36
Sódio Sódio
LED 9.600 61,2 85 6.000 LED 1,100 10.560 19,34 0,123 67,26
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Referências Bibliográficas
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