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COMO TAMBÉM OS CAMINHOS ABERTOS PELAS NOVAS TEORIAS LINGUÍSTICAS A PARTIR DA DÉCADA
DE
1960 POR MEIO DA APREENSÃO DE UMA NOVA CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM E DA RESPECTIVA
ELABORAÇÃO DE INSTRUMENTAL DE ANÁLISE PARA EXPLICAR ESSA NOVA DIMENSÃO DA LINGUAGEM
HUMANA.
BAKHTIN
teóricas no modelo estruturalista. Essas exclusões são fundamentais não só na definição do conceito de
langue, como também já apontam para a reorientação que ocorrerá na área de estudos sobre a linguagem na
1. Uma desatenção ao caráter dinâmico da língua e das mudanças no curso
da história.
2. A desconsideração das variações locais próprias dos indivíduos e dos grupos, que compõem uma
sociedade mais pelo conflito do que pelo acordo.
3. A desconsideração de fatores de ordem externa, atuantes nas relações internas dos signos.
4. A desconsideração de uma noção de instituição social que vinculasse o funcionamento da língua à
6. A exclusão de uma disciplina científica que se definisse como uma linguística externa, em que fatores
geográficos, socioeconômicos e políticos interviessem de forma determinante no modo pelo qual o sistema
da língua é posto em prática.
Esses aspectos, que foram excluídos do objeto de investigação da Linguística Estruturalista, também são
apreendidos na seguinte passagem da obra de Gnerre (1985):
A linguagem não é usada somente para veicular informações, isto é, a função referencial denotativa da
linguagem não é senão uma entre outras; entre estas ocupa uma posição central a função de comunicar ao
ouvinte à posição que o falante ocupa de fato ou acha que ocupa na sociedade em que vive. As pessoas
falam para serem "ouvidas", às vezes para serem respeitadas e também para exercer uma influência no
ambiente em que realizam os atos linguísticos. O poder da palavra é o poder de mobilizar a autoridade
na igreja, aula etc. As produções linguísticas desse tipo, e também de outros tipos, adquirem valor se
realizadas no contexto social e cultural apropriado.
As regras que governam a produção apropriada dos atos de linguagem levam em conta as relações sociais
entre o falante e o ouvinte. Todo ser humano tem que agir verbalmente de acordo com tais regras, isto é,
tem que "saber":
5-6). Ao afirmar que "A linguagem não é usada somente para veicular informações", Gnerre está
respondendo quase sete décadas depois à asserção de que a língua é um instrumento de comunicação, cuja
principal função é transmitir informações.
Portanto, se a língua não é um mero instrumento de comunicação, como se pode conceber a linguagem?
ANIMAÇÃO (https://ead.uninove.br/ead/disciplinas/web/_g/ling68/a05vp01_ling68.htm)
A partir de agora, vamos conhecer as teorias linguísticas que se desenvolveram na segunda metade do
século XX. Nessas perspectivas teóricas, os linguistas, ao partirem das exclusões teóricas apontadas por
COMPLEMENTAR (https://ead.uninove.br/ead/disciplinas/impressos/_g/ling68/a05tc01_ling68.pdf)
Os trabalhos de Roman Jakobson, a respeito de quem falamos no tema 4, e de Émile Benveniste, cuja teoria
conheceremos no tema 7, são decisivos para a constituição dessa concepção de linguagem como forma de
interação social e de uma Teoria Linguística, que terá como objeto científico de investigação o ato de
enunciação. A contribuição de Benveniste, nesse sentido, é significativa. Em seu estudo acerca da
subjetividade na linguagem, ao criticar a noção de língua como instrumento, diz Benveniste (1991, p. 285):
Ele estabelece, dessa forma, uma relação necessária entre o enunciado e a enunciação, incorporando, ao
postular uma Linguística de Enunciação, toda uma preocupação com o sujeito e com as condições
específicas de produção dos enunciados.
Para Fávero e Koch, os estudos linguísticos voltam-se, então, para o texto, como"uma forma específica de
manifestação da linguagem" (1994, p. 11), capaz de responder às novas preocupações. É nesse período,
portanto, que começam a ser elaboradas as chamadas Teorias da Linguística Contemporânea, que se
caracterizam principalmente por uma maneira distinta de encarar o fenômeno da linguagem e o seu objeto
de estudo. Buscando, no entanto, precursores mais remotos, não nos parece desnecessário ressaltar a
concepção de língua que, ainda na década de 1920, esboçava Mikhail Bakhtin (1986):
É, portanto, essa perspectiva de análise da língua/linguagem, a partir de sua realidade concreta e em função
do que ela representa para o seu usuário, que caracteriza as diversas faces da Linguística Contemporânea,
Nos próximos temas, lidaremos com essas correntes teóricas e com o tratamento que elas dispensam ao
ANTES DE CONTINUAR...
Clique no link a seguir e veja o material complementar com as principais correntes da Linguística
Contemporânea.
De maneira geral, o que une essas correntes teóricas é a concepção de que é o texto que melhor reflete a
realidade concreta da língua. No entanto, se o texto é o ponto de contato, também essa mesma noção é
responsável por divergências, já que não existe convergência nem quanto à sua conceituação, nem quanto à
sua perspectiva de análise.
Nos temas a seguir, tentaremos caracterizar separadamente essas tendências, a partir, principalmente, de
seus dispositivos teóricos e de análise.
COMPLEMENTAR (http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno03-03.html)
REFERÊNCIA
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. LAHUD, Michel; VIEIRA, Yara
Frateschi (trad.). 3. ed. São Paulo: HUCITEC, 1986.
BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Linguísticas : O que Falar quer Dizer. Clássicos
FIORIN, José Luiz (org.) Introdução à Linguística I: Objetos Teóricos. São Paulo: Contexto,
2003.
GNERRE, Maurizzio. Linguagem, Escrita e Poder. São Paulo: Martins Fontes, 1985.