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Aula 01

Conforme Novo CPC - Atos de Ofício p/ TJ-MG - Com videoaulas

Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges


Direito Processual Civil
Teoria e Exercícios comentados
Prof. Gabriel Borges Aula 01

DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TJMG

AULA 01: COMPETÊNCIA: CONCEITO, FORMAS, LIMITES E MODIFICAÇÕES DA


COMPETÊNCIA. Sobre a AÇÃO

SUMÁRIO PÁGINA
1. Capítulo II: Competência: em razão do valor e da matéria; competência
funcional e territorial; modificações de competência e declaração de
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incompetência.
Sobre a Ação
3. Resumo 73
4. Lista das questões apresentadas 75
5. Questões comentadas 82
6. Gabarito 111

CAPÍTULO II: DA COMPETÊNCIA

As regras da competência estão presentes na Constituição Federal (arts. 92 e


seguintes), no CPC (arts. 86 e seguintes), em legislação esparsa, no regimento interno
dos tribunais e nos códigos de organização judiciária. Essas normas dizem qual o órgão
competente para receber cada ação, de acordo com a natureza jurídica, a matéria e as
pessoas que participam da demanda.

Competência é a fração delegada de jurisdição a um órgão ou conjunto de


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órgãos. A despeito de esse conceito dividir a jurisdição, no plano real, ela é una e
indivisível. Ela também é entendida de outra forma, quando integra o Poder Judiciário: o
juiz é investido da função jurisdicional; desse modo, onde houver órgão jurisdicional
haverá jurisdição. Mas, há limitações a essa amplitude de atuação, e essa limitação é a
competência. Se um órgão é incompetente, não quer dizer que ele perdeu a jurisdição,
mas sim que teve a sua atuação limitada.

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FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA

Uma vez determinada a competência, em regra, não há possibilidade de alteração


do juízo. Haveria enorme dificuldade, por exemplo, em ter uma ação proposta na
Comarca de Belo Horizonte, que fosse encaminhada a Goiânia e depois a São Paulo. Se
não houvesse a regra de fixação, os indivíduos estariam sujeitos a tal instabilidade.

Dúvida: Quando ocorre a fixação? Determina-se a competência no momento do


registro ou da distribuição da petição inicial (art. 43 do CPC/2015). Uma vez determinada
a competência, em regra, não há possibilidade de alteração do juízo, sendo irrelevantes
as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo
quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
(continuação do art. 43). O artigo 43 define o momento da perpetuatio jurisdictionis, ou
seja, o instante em que ocorre a fixação da competência e a impossibilidade de sua
alteração posterior, ressalvado a supressão do órgão jurisdicional ou alteração de
competência absoluta. Observem que o referido artigo determinou para a fixação da
perpetuatio jurisdictionis o registro ou a distribuição da petição inicial.

Neste ponto, o CPC/2015 inovou em relação ao código de 1973.

No CPC/1973 (art. 87), considerava-se o momento da propositura da ação como


o de fixação da competência. Agora, no CPC/2015, o momento do registro ou da
distribuição da petição inicial. Será considerado o momento da distribuição para a fixação
da competência nas comarcas onde houver mais de uma vara especializada na mesma
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matéria.

Inova, também, o código de 2015 ao definir o momento de prevenção do juízo.


Vale relembrar que a prevenção é aquele instituto que torna o juízo competente para
julgar determinada causa e as que sejam conexas a ela, de tal modo que se houver
desistência da ação num momento e sua re-proposição no futuro, o juízo prevento deverá
continuar a apreciá-la. Percebam, pois, que esse instituto se conecta ao princípio do juiz
natural, uma vez que impede a modificação de órgãos judiciários por uma manobra da

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parte – nesse caso, desistir da ação, para propô-la em momento diferente, perante novo
juízo.

No código de 1973 os momentos de fixação da competência e de prevenção do


juízo eram distintos – considerava-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar
(art. 106/CPC-1973) –, enquanto no código de 2015, tanto a fixação quanto a
prevenção ocorrem no mesmo momento: no registro ou na distribuição.

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

Assim o registro ou a distribuição fixam a competência e tornam prevento o juízo.


Um mesmo fato que gera a fixação e a prevenção.

Outro ponto que devemos reforçar é de que são irrelevantes as modificações do


estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão
judiciário ou alterarem a competência absoluta.

Exemplo: Contra Alice, residente em São Paulo, foi proposta ação de cobrança. A
ação de cobrança deve ser proposta no domicílio do réu.

Alice, cansada da intensa movimentação de São Paulo, resolve mudar-se para


Feira de Santana (BA) e leva consigo toda a atividade de seu escritório. Mas, ainda que a
residência da ré tenha sido alterada, a lide já estava estabilizada e a mudança não leva
nenhum efeito ao processo. Somente em situações excepcionais poderá ser alterada a
competência: são os casos de modificação de competência.

MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 08952182677

Quando ocorre a modificação de competência, o julgamento do processo é


realizado por juízo diverso do que previu, a princípio, a lei. A modificação ocorre nos
casos de competência relativa. Também é admitida em razão da continência ou da
conexão.

A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é


inderrogável por convenção das partes.

As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território,


elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.

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A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir


expressamente a determinado negócio jurídico. Além disso, o CPC/2015 expressamente
prevê que o foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. Contudo, antes
da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício
pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. O
legislador quis com essa previsão de restrição à eleição abusiva de foro que fossem
preservados os princípios da dignidade da justiça e da isonomia, uma vez que impede o
peso excessivo de um foro eleito a alguma das partes. Depois de citado, incumbe ao réu
alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de
preclusão.

CONEXÃO E CONTINÊNCIA

Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade


quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange
o das demais. (Art. 56, CPC/2015). Ou seja, uma está contida na outra. É importante
mencionar que diferente da conexão, na continência deduz não só a identidade da causa
de pedir, mas também das partes.

Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente,


no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito,
caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas. (Art. 57, CPC2015).

O artigo 57 determina que não ocorrerá de forma invariável, a junção dos


processos para o julgamento. Caso o processo ao qual se vincula a ação continente (a
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que possui o objeto mais amplo) tiver sido anteriormente ajuizada, no processo no qual
está sendo processada a ação contida (aquela que contém o objeto mais curto) deverá
ser proferida a sentença sem resolução de mérito. Contudo, se o processo que contém a
ação contida for anterior ao que contém a ação continente, ambas serão,
necessariamente, reunidas para julgamento conjunto. No caso de reunião dos processos
tem-se competência relativa.

Continente Contida

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Na continência, portanto, são comuns as partes e a causa de pedir e


distinguem-se os objetos. Mas, um dos pedidos, por ser menor, acaba inserido no
outro. Uma situação hipotética de continência seria: Marcos, dirigindo sua Ferrari em
Mônaco, atropelou Bráulio. Bráulio ficou impossibilitado de trabalhar na escuderia de
Fórmula 1, em que é mecânico, por um ano. Apesar da amizade, Bráulio requereu
indenização por lucros cessantes em uma ação e reparação por perdas e danos (que
inclui lucros cessantes) em outra. Reparem que o pedido da primeira ação foi englobado
pelo da segunda.

Na conexão, é diferente, há identidade da causa de pedir ou do objeto, mas


não têm que ser idênticas as partes. Um exemplo de conexão: Marcos atropelou com
sua Ferrari não apenas o Bráulio, mas, também, o Fitzgerald. Os dois ficaram bem, não
foi nada grave, mas cada um deles propôs ação de perdas e danos contra o motorista
(mesmo réu). Duas ações com idênticos pedidos e causa de pedir, mas com autores
diferentes.

Anote-se que, a despeito da estrita imposição legal, o STJ firmou orientação no


sentido de que não se exige perfeita identidade entre os requisitos fixados (continência e
conexão), para que ocorra a conexão das ações, sendo essencial que o julgador, em seu
prudente arbítrio, reconheça a pertinência da medida. O legislador, ao determinar a
reunião dessas ações, quis evitar a contradição nos julgados.

Não haverá reunião dos processos, se um deles já foi julgado (Súmula 235
do STJ).

Este enunciado foi consagrado no Novo Código e agora está


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expressamente na lei. Vejam o que dispõe a segunda parte do § 1º do artigo 55:

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for
comum o pedido [objeto] ou a causa de pedir.

§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão


conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.

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Dúvida: Quando se dá a conexão dos processos? Reputam-se conexas


2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. Os
processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um
deles já houver sido sentenciado.

Aplicam-se as regras de conexão aos seguintes casos:

I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao


mesmo ato jurídico;

II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.

Além de que, serão reunidos para julgamento conjunto os processos que


possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso
decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

Percebam esta situação expressa no § 3º do artigo 55, trata-se de um caso


novo de conexão, por prejudicialidade. Se houver o risco de uma causa prejudicar
(ou seja, tornar a discussão da outra ineficaz), haverá reunião dos processos.

PELA INÉRCIA DO RÉU

Se o autor ajuíza ação em foro diferente do que a lei prevê e o réu se silencia,
não suscitando a incompetência, o juízo indicado de modo equivocado pelo autor
torna-se o competente. Nesse caso, há o fenômeno da prorrogação. A modificação de
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competência não ocorrerá se os dois juízos são absolutamente competentes. Assim, não
haverá possibilidade de reunião dos processos para julgamento conjunto, nem será
admitido o critério da prevenção.

CLASSIFICAÇÃO

Quando o ordenamento jurídico pátrio divide as atividades jurisdicionais em vários


órgãos e juízes, ele pretende suprir impossibilidades práticas e físicas. Não se poderia

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delegar a um juiz o papel de solucionar sozinho todos os litígios que reivindicam


prestação jurisdicional. Desse modo, inúmeros critérios de competência são adotados.

DISTINÇÃO ENTRE COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA

RELATIVA

Competência Relativa Competência Absoluta

Privilegia a vontade das partes Razões de Ordem Pública

Em regra, não pode ser declarada de Pode ser declarada de ofício


ofício, salvo se for considerada abusiva (art. 63,
§ 3º, CPC).

Há preclusão processual; não se Não há preclusão; permite-se alegação a


admite arguição posterior (Súmula 33 do STJ) qualquer tempo e grau de jurisdição.

Origem: descumprimento das normas Origem: Material, natureza da lide; funcional,


de competência em razão do valor e do considera a função do órgão; pessoas (art. 109 da CF).
território.

Incompetência relativa: vício de Incompetência absoluta: gera uma nulidade


nulidade relativa absoluta

Normas de caráter dispositivo podem Normas de caráter cogente, não podem ser
ser flexibilizadas. flexibilizadas.

Argui-se, por preliminar de contestação, tanto a incompetência absoluta quanto a


relativa. A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de
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jurisdição e deve ser declarada de ofício. Reparem que a exceção de incompetência,


como uma peça autônoma, foi abolida pelo CPC/2015, que preserva, contudo, as
diferenças e os principais efeitos entre a incompetência relativa e absoluta, como se vê
nos artigos 64 e 65.

Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão


preliminar de contestação.

§ 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de


jurisdição e deve ser declarada de ofício.

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§ 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação


de incompetência.

§ 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao


juízo competente.

§ 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de


decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo
juízo competente.

Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a


incompetência em preliminar de contestação.

Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público
nas causas em que atuar.

Dúvida: Pode explicar melhor, professor? Vejam só... Cabe ao réu arguir a
incompetência absoluta desde logo, em preliminar de contestação, contudo, caso
não o faça, poderá alegá-la ao longo do processo. Isso porque não há preclusão da
incompetência absoluta. Tanto é assim, que cabe ao magistrado, de ofício e após
atendimento ao princípio do contraditório, pronunciar a incompetência absoluta a qualquer
tempo e grau de jurisdição.

Após a realização do contraditório, ou seja, da manifestação da parte contrária, o


juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência e caso a alegação de
incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente.

Importante ressaltar que os efeitos das decisões proferidas pelo juízo


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incompetente são conservados até que outra decisão em sentido contrário seja proferida,
se for o caso, pelo juízo competente.

A competência relativa será prorrogada caso o réu não alegue a


incompetência em preliminar de contestação. A incompetência relativa pode ser
alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. O CPC/2015 expressamente
reconhece a legitimidade do MP para arguir a incompetência relativa. Restringe, no
entanto, aos casos em que este órgão atue como fiscal da ordem jurídica ou parte.

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No Brasil, adota-se o sistema jurídico que integra dispositivos legais das duas
competências, relativa e absoluta. Assim, estabelece-se equilíbrio entre vontade das
partes e interesse público, sem excessiva liberdade ao juízo ou às partes, o que poderia
gerar desordem, nem com muita rigidez, o que poderia gerar excessivo custo às partes
envolvidas.

(TRT 4ª Região RS/Adaptada) Declarada a incompetência absoluta, o processo


a) será extinto com resolução de mérito.
b) deverá ser remetido ao juiz competente e somente os atos probatórios serão declarados nulos.
c) deverá ser remetido ao juiz competente.
d) deverá ser remetido ao juiz competente e todos os atos processuais serão declarados nulos.
e) será sempre extinto sem resolução de mérito.
Gabarito: C

(TRT 6ª Região PE/Adaptada) No processo civil, a incompetência absoluta e a relativa


a) não podem ser conhecidas de ofício pelo Juiz.
b) devem ser alegadas mediante exceção.
c) só podem ser reconhecidas pelo Juiz, não cabendo à parte deduzi-la.
d) devem ser arguidas em preliminar de contestação pelo réu.
e) se não forem alegadas no prazo da contestação, fica preclusa sua arguição no processo.
Gabarito: D
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(TJ RJ/Adaptada) A incompetência absoluta


a) uma vez declarada, remetem-se os autos ao juiz competente.
b) uma vez declarada, sempre leva à extinção do processo, sem resolução do mérito.
c) deve ser levantada por meio de exceção, a ser apensada aos autos principais.
d) deve ser declarada após arguição preliminar, levando à nulidade de todo o processo.
e) pode ser prorrogada, se o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais.
Gabarito: A

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EM RAZÃO DA MATÉRIA

A competência em razão da matéria (ratio materiae) é definida pela natureza


da causa e utiliza regras de competência absoluta. Além de estarem nas leis de
organização judiciária, essas normas também estão presentes na Constituição
Federal, nas Constituições Estaduais, nas leis federais.

Na CF/88, são definidas as competências das justiças – Justiças especializadas:


do Trabalho, Eleitoral, Militar. À Justiça Comum cabe competência residual: excluídas as
definições para justiças especializadas e federal, há a comum. A competência da Justiça
Federal está prevista nos arts. 108 e 109 da CF.

1 – Compete ao Tribunal Regional Federal (art. 108)

1 – Processar e julgar, originariamente:

a) Os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e


da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do
Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

b) As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes


federais da região;

c) Os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio


Tribunal ou de juiz federal;

d) Os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal.


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e) Os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;

2 – Julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos


juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.

2 – Compete aos juízes federais (art. 109)

a) As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal


forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de

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falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do


Trabalho;

b) As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município


ou pessoa domiciliada ou residente no País;

c) As causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado


estrangeiro ou organismo internacional;

d) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,


serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça
Eleitoral;

e) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada


a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

f) As causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5o deste artigo;

g) Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por


lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

h) Os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o


constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
outra jurisdição;

i) Os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade


federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
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j) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a


competência da Justiça Militar;

k) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução


de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação,
as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

l) A disputa sobre direitos indígenas.

Observando-se que:

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– Nas causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde
tiver domicílio a outra parte.

– Nas causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária
em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu
origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

– Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos


segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se
verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também
processadas e julgadas pela justiça estadual.

– Na hipótese do tópico anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal


Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

– Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da


República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

A Corte Especial do STJ editou súmula que desloca para os


tribunais regionais federais (TRFs) a competência para decidir os conflitos
entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária. A
nova orientação está presente na Súmula 428. Enunciado: “Compete ao
Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre
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juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária”.


Com o novo entendimento, o STJ reconheceu a interpretação
dada pelo STF no Recurso Extraordinário no 5 90.409-RS e revogou a
Súmula 348⁄ STJ, que firmava a competência do STJ para essas hipóteses.

EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA

Outro critério de definição da competência leva em conta o valor da causa.


Trata-se de modalidade de competência relativa. É utilizada para determinar as

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causas que caberão aos Juizados Especiais. O Juizado Especial Estadual é regido
pela Lei no 9.099/1995, o Juizado Especial Federal pela Lei n o 10.259/2001 e o Juizado
Especial da Fazenda Pública Estadual pela Lei no 12.153/2009.

Os Juizados Especiais Estaduais têm competência para julgar as causas que não
ultrapassem o valor de 40 salários-mínimos, nem que tenham sido previstas no art. 3 o,
incisos II a IV (Lei 9.099/1995).

Art. 3o: O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e
julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:

I – as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;

II – as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil [previsão


expressamente mantida pelo Novo CPC: Art. 1.063. Até a edição de lei específica, os
juizados especiais cíveis previstos na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
continuam competentes para o processamento e julgamento das causas previstas no art.
275, inciso II, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973];

Do código de 1973: (mantém-se em vigor)


Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário:
I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário
mínimo;
II - nas causas, qualquer que seja o valor;
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via
terrestre;
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de
veículo, ressalvados os casos de processo de execução;
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto
em legislação especial; 08952182677

g) que versem sobre revogação de doação;


h) nos demais casos previstos em lei.
Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas
ao estado e à capacidade das pessoas.

III – a ação de despejo para uso próprio;

IV – as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado


no inciso I deste artigo.

Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza


alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a

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acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de


cunho patrimonial.

Característica fundamental do Juizado Especial Cível consiste em que o autor


pode escolher a Justiça Comum, mesmo que a sua causa se enquadre ao que é
estipulado para o Juizado Especial. Fala-se, assim, do fenômeno da facultatividade.

Os Juizados Especiais Federais, por sua vez, apresentam diferenças; têm


competência para julgar causas de até 60 salários-mínimos – somente as causas da
Justiça Federal até esse valor. Ou seja, além de observar o valor, deverá ser observado
se a causa cumpre o definido no art. 109 da CF (citado), que determina o que é causa da
justiça federal. Dois requisitos, portanto: 1) valor máximo de 60 salários mínimos; 2)
enquadrar-se entre as causas da justiça federal (art. 109, CF/88).

Art. 3° da Lei no 10.259/2001: Compete ao Juizado Especial Federal Cível


processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de
sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.

§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:

I – referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de
mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares,
execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou
interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos;

II – sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;

III – para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de


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natureza previdenciária e o de lançamento fiscal;

IV – que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a


servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.

§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de


competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor
referido no art. 3o, caput.

§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência


é absoluta.

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O parágrafo 3o desse artigo traz aquela que é uma das principais características
do Juizado Especial Federal: o caráter de obrigatoriedade. Não há opção de recorrer a
outro juízo, como ocorre no Especial Estadual.

LEI 12.153/2009

Enquanto a Lei no 9.099/95 (dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) exclui


de sua competência as causas de interesse da Fazenda Pública Estadual, a Lei no
12.153/2009 vem tratar delas.

Obviamente, mantendo a característica dos Juizados Especiais de atuar em


causas de baixo valor. Mas, nesse ponto, também há diferença entre os dois juizados, já
que os cíveis são competentes para causas até 40 salários mínimos, enquanto os
Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual para causas até 60 salários mínimos
(assim como os Especiais Federais).

Enquanto prevalece no Juizado Especial Cível o caráter de facultatividade,


prevalece no Juizado Especial da Fazenda Pública Estadual, como no federal, o de
obrigatoriedade.

Não é de competência do juizado especial em estudo: 1) as ações de mandado


de segurança, de desapropriação e demarcação, populares, por improbidade
administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos ou
coletivos; 2) as causas sobre bens imóveis dos Estados, DF, territórios e municípios, bem
como das autarquias e fundações públicas a eles vinculadas; 3) as causas que tenham
como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou
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sanções disciplinares aplicadas a militares.

Sobre a esta Lei é igualmente importante memorizar que ela define, como partes
possíveis nos Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual, autores: as pessoas
físicas, as micro e pequenas empresas; réus: os estados, DF, territórios e municípios,
bem como as autarquias, fundações públicas e empresas públicas a eles vinculadas.

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COMPETÊNCIA TERRITORIAL

É modalidade relativa, que define a circunscrição territorial judiciária: na


Justiça Estadual, comarca e, na Justiça Federal, seção judiciária. Foro comum é o
do domicílio do réu, previsto no art. 46 do CPC/2015.

A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens
móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu; sendo que tendo mais de
um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.

Se incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde


for encontrado ou no foro do domicílio do autor. Na hipótese de o réu não ter
domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do
autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.

Se na causa houver dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão


demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. Desse modo, se o
enunciado da questão dispuser que o réu será demandado no foro mais próximo ao
domicílio do autor, se tiver dois ou mais domicílios, incorrerá em erro. Como vimos,
tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles (art.
46), a critério do autor.

Por seu turno, as pessoas jurídicas serão demandadas no local de sua sede;
dessa forma, a União – no Distrito Federal, e os estados – nas respectivas capitais.
As autarquias, fundações e empresas públicas têm sede definida na lei que as institui.
Figurando-se no polo passivo mais de um réu, o autor poderá demandar em qualquer
uma das sedes deles. 08952182677

Façamos leitura de artigos do CPC/2015 em que são previstos critérios de


definição da competência territorial e, em seguida, passemos a exemplos de cobrança em
prova:

Fiquem atentos às partes destacadas!!!

Leitura de dispositivos do CPC/2015

Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação

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da coisa.

§ 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não
recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de
nunciação de obra nova.

§ 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem
competência absoluta.

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a
partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação
de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha
ocorrido no estrangeiro.

Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:

I - o foro de situação dos bens imóveis;

II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;

III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também
competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições
testamentárias.

Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu
representante ou assistente.

Comentário:
Não se pode, desse modo, processar a ação em que incapaz seja parte no foro que seja de exclusivo
domicílio do autor. Esse tipo de ação será processada no domicílio do representante ou do assistente
do incapaz.
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Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.

Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio
do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no
Distrito Federal.

Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o
Distrito Federal.

Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta
no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação
da coisa ou na capital do respectivo ente federado.

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Art. 53. É competente o foro:

I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução


de união estável:

a) de domicílio do guardião de filho incapaz;

b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;

c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;

II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;

III - do lugar:

a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica;

b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu;

c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem
personalidade jurídica;

d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;

e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto;

f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato
praticado em razão do ofício;

IV - do lugar do ato ou fato para a ação:

a) de reparação de dano;

b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;


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V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão
de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.

(TRT 20ª Região SE) Em relação à competência é correto afirmar:


a) A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio do autor.

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b) As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o
competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições
testamentárias.
c) Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, é competente o foro do domicílio do réu,
como regra.
d) Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro mais próximo ao domicílio do
autor.
e) Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação deve ser proposta
necessariamente no foro da Capital do Estado em que reside o autor.
Gabarito: B

(TJ RJ) Em relação à competência, é correto afirmar que


a) a ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante.
b) a ação em que se pedem alimentos deve ser proposta no foro do alimentante.
c) se houver dois ou mais réus, com domicílios diferentes, a demanda será proposta no foro do
réu de maior idade.
d) nas ações de reparação de dano sofrido por acidente de veículos, será competente o foro do
domicílio do réu, com exclusão de qualquer outro.
e) em qualquer processo, se o juiz considerar-se absolutamente incompetente, deverá extingui-
lo, de ofício ou após provocação da parte.
Gabarito: A

COMPETÊNCIA FUNCIONAL

Ela prescreve a função de cada órgão jurisdicional diante de uma relação


processual já iniciada. Modalidade de competência absoluta.
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Classifica-se: pelo grau de jurisdição – recursal ou originária; pelo objeto do juízo;


pelas fases do procedimento. O juízo que tenha sido acionado por registro ou
distribuição da petição inicial será competente para exercer o poder de jurisdição
no processo, ele se torna prevento (prevenção proporciona a fixação da competência
no juízo). “O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo” – art. 59
do CPC/2015. Desse modo, o juiz da ação principal será competente para as acessórias.

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A Lei da Ação Civil Pública (no 7.347/1985) traz, em seu art. 2o, a competência
funcional do local do dano. Determina-se a competência do local do dano pela natureza
do direito controvertido: direitos coletivos, difusos, individuais homogêneos.

Art. 2o: As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.

Parágrafo único: A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas


as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
objeto.

Competência Jurisdicional

Nacional Internacional

Competência Relativa Competência Absoluta

• Em razão do valor da causa • Em razão da Matéria

• Territorial • Funcional

CONFLITO DE COMPETÊNCIAS

É um incidente processual que está previsto no art. 66 do CPC/2015. Há conflito


de competência quando: conflito positivo – quando 2 (dois) ou mais juízes se
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declaram competentes; conflito negativo – quando 2 (dois) ou mais juízes se


consideram incompetentes.

Há, ainda, os casos do inciso III do art. 66, CPC, quando entre 2 (dois) ou mais
juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Não se trata,
porém de nova espécie de conflito, já que uma análise mais apurada demonstrará que
tais casos são derivações das espécies anteriores.

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O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou
pelo juiz. O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de competência; mas terá
qualidade de parte naqueles que suscitar.

DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL

"Um sistema jurisdicional de um país pode pretender julgar causas que sejam
propostas perante os seus juízes. No entanto, o poder de tornar efetivo aquilo que
foi decidido sofre limitações, porque existem outros Estados, também organizados,
e que não reconheceriam a validade da sentença em seu território, não permitindo,
pois, a sua execução". (Didier Jr., 2011a)

Nessa interessante exposição de Didier Jr., vê-se que o sistema jurisdicional


depara-se com um limitador externo, que é o sistema jurisdicional dos outros países.
Diante da possibilidade de estabelecer decisões sobre as quais o País não poderia
controlar o cumprimento, o legislador brasileiro buscou estabelecer regras de
competência internacional que se adequassem ao princípio da efetividade.

Por esse princípio, o estado-juiz não deve julgar se sua decisão não irá ser
reconhecida onde deveria produzir efeitos. Sem contar o alto dispêndio em ocupar os
órgãos jurisdicionais do País com causas que não se liguem a seu ordenamento.

Diante dessa dificuldade, estipulou-se uma limitação espacial da jurisdição, que


comporta exceções. No CPC/2015, o antigo capítulo “Da Competência Internacional”
ganhou nova roupagem, passando o conteúdo daquele capítulo a ser detalhado no Título
II (Dos Limites da Jurisdição Nacional e da Cooperação Internacional) do Livro II (Da
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Função Jurisdicional).

O CPC/2015 trata “Dos Limites da Jurisdição Nacional” em 5 artigos: do 21 ao


25, neles são definidas as competências concorrentes e as que devem ser analisadas por
autoridade judiciária nacional.

Previsão importante é a do parágrafo único do artigo 24 do CPC/2015, de que a


pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de
sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Essa

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hipótese restringe-se aos casos da competência internacional concorrente (artigos 21 e


22), pois em caso de competência exclusiva, em regra, não se admitiria a homologação
de sentença estrangeira (vide tópicos seguintes).

Por fim, o artigo 25 elenca a hipótese de cláusula de eleição de foro exclusivo


estrangeiro em contrato internacional, situação em que não competirá à autoridade
judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação, devendo esta cláusula
ser arguida pelo réu na contestação.

Obs1. Não se observará essa limitação diante das hipóteses de competência


internacional exclusiva previstas no capítulo em estudo (“Dos Limites da Jurisdição”).

Obs2. Aplicam-se à hipótese do artigo 25 (eleição de foro exclusivo estrangeiro)


as disposições dos parágrafos 1º a 4º do artigo 63, a saber:

Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão


do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação
oriunda de direitos e obrigações.
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de
instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio
jurídico.
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das
partes.
§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se
abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do
réu.
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula
de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.
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COMPETÊNCIA CONCORRENTE (PREVISTAS NOS ARTS. 21 e 22)

Causas que tribunais estrangeiros também podem julgar.

De acordo com o art. 21, é competente a autoridade judiciária brasileira quando:


1) o réu estiver domiciliado no Brasil, independentemente de sua nacionalidade; 2) a
obrigação tiver de ser cumprida no Brasil (é tida como domiciliada no Brasil, a pessoa
jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal); 3) a ação tiver origem de fato
ocorrido ou de ato praticado no Brasil.

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Conforme artigo 22, também competem à autoridade brasileira o processamento


e julgamento das ações:

1 - de alimentos, quando:

a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;


b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou
propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de
benefícios econômicos;
2 - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou
residência no Brasil;

3 - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição


nacional.

Dúvida: Se a competência é concorrente, quer dizer que o Brasil determina o


que outros Estados irão julgar? Não. Nos casos previstos nos artigos 21 e 22, o Brasil
reconhece a sentença estrangeira, desde que homologada no Brasil; portanto, esse é o
motivo por que se menciona competência concorrente no dispositivo.

Os artigos 21 e 22 indicam situações em que a autoridade judiciária brasileira


pode exercer sua jurisdição. Expressamente:

Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as


ações em que:

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no


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Brasil;

II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;

III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.

Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada


no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.

Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar


as ações:

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I - de alimentos, quando:

a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;

b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de


bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;

II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver


domicílio ou residência no Brasil;

III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição


nacional.

Esta previsão do inciso III merece destaque, uma vez que confere às partes o
poder de decidir pela jurisdição brasileira, em real cláusula de eleição de foro. Está em
consonância com as previsões do que se tem chamado de negócio processual (art. 190
do CPC/2015), que permite convenção das partes sobre procedimentos a serem
utilizados no processamento da ação.

(Inédita) Julgue certo ou errado o item abaixo:


Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que o réu, unicamente
brasileiro ou português, que estiver domiciliado no Brasil.

COMENTÁRIOS:

Compete à autoridade brasileira o processamento e julgamento de ações de réu,


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qualquer que seja sua nacionalidade (inciso I, art. 21 do CPC/2015), que estiver
domiciliado no Brasil.

Gabarito: Errado

COMPETÊNCIA EXCLUSIVA (PREVISTA NO ART. 23)

Nas causas especificadas nesse artigo, listadas abaixo, a sentença estrangeira


não produzirá efeito, nem sequer poderá ser homologada.

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Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 1)


conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 2) proceder à confirmação de
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o
autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional; 3) em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira
ou tenha domicílio fora do território nacional.

Por fim, destaque-se que compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão
de qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de


testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda
que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional;

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder


à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.

Ainda que ação seja proposta perante tribunal estrangeiro discutindo a mesma
causa, não serão configurados os efeitos comuns da litispendência, nem se obstará
a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são
conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos
bilaterais em vigor no Brasil. 08952182677

DA ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA

A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de


contestação. A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau
de jurisdição e deve ser declarada de ofício.

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Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação


de incompetência. Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão
remetidos ao juízo competente.

Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de


decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo
juízo competente. Houve uma substancial mudança aqui, pois no código anterior a
previsão era de que os atos decisórios não provocariam efeitos, se fosse declarada a
incompetência absoluta. Agora, são considerados eficazes, a menos que haja decisão em
sentido contrário.

08952182677

O juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar o conflito,


salvo se a atribuir a outro juízo.

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DEVER DE DECLARAÇÃO

O § 1º do artigo 64 do CPC/2015 dispõe que a incompetência absoluta deve ser


declarada de ofício pelo juiz, de modo que é dever do juiz reconhecer a incompetência
absoluta do juízo, mesmo quando não solicitado pelas partes. O juiz não poderá deixar de
reconhecê-la sempre que se convencer da sua incompetência. O próprio juiz há de ser o
juiz da sua competência e proclamar a sua incompetência, de ofício.

O ato por meio do qual o juiz reconhece e declara a incompetência e determina a


remessa dos autos ao foro ou ao juízo competente é, em regra, de decisão. Nas
excepcionalidades em que não seja possível a remessa dos autos é que então o juiz
poderá reconhecer a incompetência e extinguir o processo.

PERPETUATIO JURISDICTIONIS (PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO)

A perpetuatio jurisdictionis consiste em regra de estabilização da competência,


pela qual se considera fixado o juízo depois de registrada (nos juízos em que há apenas
uma vara) ou distribuída a petição inicial.

Conforme art. 43 do CPC: "Determina-se a competência no momento do registro


ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato
ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou
alterarem a competência absoluta."

Fixada a competência são irrelevantes as modificações do estado de fato ou de


direito ocorridas posteriormente, salvo se alterarem regra de competência absoluta ou
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suprimirem o órgão jurisdicional. Assim, se após a propositura da ação o autor alterar seu
domicílio para outra comarca não haverá repercussão para a competência fixada. De
outro modo, ocorrerá a modificação se a alteração for de competência absoluta (tratar de
critérios de competência em razão da matéria ou da hierarquia) ou se houver suprimento
do órgão judiciário.

Exceção à regra da Perpetuação de jurisdição:

 Caso ilustrativo

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Em um caso de conflito negativo de competência suscitado pelo Juízo Federal da


Subseção Judiciária de Formosa/GO em face de decisão proferida pelo Juízo de Direito
da Comarca de Flores de Goiás/GO, o TRF 1ª Região proferiu acórdão em que
reconheceu exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis:

Decorreu o episódio de uma ação previdenciária ajuizada contra o INSS, proposta


inicialmente perante o Juízo de Direito da Comarca de Formosa/GO, que tinha jurisdição
sobre o Município de Flores de Goiás/GO, local de domicílio da autora da demanda.

Depois de processado e julgado o feito, com trânsito em julgado da sentença nele


proferida, o Juízo de Direito da Comarca de Formosa/GO determinou a remessa dos
autos ao juízo de Flores de Goiás, em razão de sua criação e instalação naquele
município. Recebendo os autos, o juízo de Flores de Goiás entendeu por bem declinar da
competência para a Subseção Judiciária da Justiça Federal em Formosa/GO, em razão
de sua instalação e jurisdição naquele município.

O Juízo Federal, por sua vez, suscitou conflito negativo de competência, por
entender que, tratando-se de típico caso de competência relativa, não poderia o Juízo
Estadual, contrariando a escolha do autor, declinar da competência de ofício, conforme
enunciado da Súmula 33/STJ [A incompetência relativa não pode ser declarada de
ofício]. No mesmo sentido do § 5º do art. 337, com o seguinte teor: “Excetuadas a
convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das
matérias enumeradas neste artigo.”

Assim, o TRF da 1ª Região firmou entendimento de que a superveniente criação


de vara federal no município onde havia sido ajuizada e julgada a ação, à época da
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execução do julgado, levou a nova fixação de competência, tratando-se a hipótese de


exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis.

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Ementa do julgado:

1. A jurisprudência deste Tribunal, na linha da jurisprudência do colendo Superior Tribunal de


Justiça, firmou entendimento de que a superveniente criação de vara federal no município onde havia sido
ajuizada e julgada a ação, à época da execução do julgado, levou a nova fixação de competência, tratando-
se a hipótese de exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis.
2. Tratando-se de competência federal delegada, esta cessa quando, na sede do município, se dá
a instalação de vara federal, ainda que para a execução de título executivo judicial prolatado pelo juízo de
direito.
3. Conflito de competência que se conhece, para declarar a competência do Juízo Federal da
Subseção Judiciária de Formosa/GO, o suscitante.
Decisão
A Seção, por unanimidade, conheceu do conflito, para declarar a competência do Juízo Federal da
Subseção Judiciária de Formosa/GO, o suscitante. (Processo CC 0062928-02.2012.4.01.0000/GO;
CONFLITO DE COMPETENCIA. Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL NÉVITON GUEDES. Órgão:
PRIMEIRA SEÇÃO. Publicação: 14/05/2013 e-DJF1 P. 6. Data Decisão: 11/12/2012

TEMAS DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

CARACTERÍSTICAS

A Constituição Federal listou, como já vimos, taxativamente as competências da


Justiça Federal. Assim, a competência atribuída à Justiça Federal não pode ser ampliada
por norma infraconstitucional. Alteração, acréscimo ou subtração de regras de
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competência são consideradas inócuas ou inconstitucionais se forem determinadas por


normas de hierarquia inferior.

A competência cível da Justiça Federal é determinada em razão da pessoa, da


matéria e da função, sendo, portanto, absoluta, inderrogável pela vontade das partes,
salvo as normas de competência territorial.

Assim podemos dizer que existem três critérios para fixar a competência da
Justiça Federal, quanto à:

1) Pessoa;

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2) Matéria;
3) Função.

Vamos analisar cada um deles.

EM RAZÃO DA PESSOA

a) Art. 109, I, CF/88

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal


forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto
as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho.

Para que se reconheça a competência por este critério, exige-se que um dos
entes listados atue no processo como parte (na situação de assistentes ou oponentes
também são tidos como partes). Cuida esse dispositivo das causas cíveis, até mesmo de
mandado de segurança impetrado por um dos entes mencionados contra ato de
autoridade estadual ou municipal, salvo os casos em que a autoridade tenha foro
estabelecido como prerrogativa de sua função.

Vejamos alguns enunciados da súmula do STJ:


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STJ Súmula nº 32 - 24/10/1991 - DJ 29.10.1991


Competência - Justificações Judiciais - Exclusividade de Foro
Compete à Justiça Federal processar justificações judiciais destinadas a instruir pedidos
perante entidades que nela têm exclusividade de foro, ressalvada a aplicação do Art. 15, II da Lei
5.010-66.
Obs. Justificação judicial, com base no §5º do art. 381 do NCPC, consiste no meio
processual pelo qual se prova a existência de fato, ato ou relação jurídica, de que não se possui
prova escrita (em regra, meio de prova testemunhal), a fim de que com ela venha a ser instruído
pedido formulado em processo regular.

STJ Súmula nº 82 - 18/06/1993 - DJ 02.07.1993

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Direito Processual Civil
Teoria e Exercícios comentados
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Competência - Feitos Relativos a Movimentação do FGTS - Processo e Julgamento


Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e julgar os
feitos relativos a movimentação do FGTS.

STJ Súmula nº 150 - 07/02/1996 - DJ 13.02.1996


Competência - Interesse Jurídico - União, Autarquias ou Empresas Públicas.
Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a
presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.

STJ Súmula nº 161 - 12/06/1996 - DJ 19.06.1996


Competência - Autorização - Levantamento - PIS-PASEP e FGTS - Falecimento do Titular
É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao
PIS-PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta.

STJ Súmula nº 224 - 02/08/1999 - DJ 25.08.1999


Excluído do Feito o Ente Federal - Conflito de Competência
Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da
competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.
Importantíssima para nosso estudo este enunciado, porque foi consagrado no CPC/2015,
mais especificamente no § 3º do artigo 45, a saber:

Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal
competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações,
ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro
interveniente, exceto as ações: [...]

§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal
cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
STJ Súmula nº 254 - 01/08/2001 - DJ 22.08.2001
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Exclusão de Ente Federal da Relação Processual - Reexame da Decisão


A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser
reexaminada no Juízo Estadual.

b) Pessoas (entes)

1) União:

“Uma observação do juiz Novély Vilanova, corroborada por Aluisio Mendes é


pertinente: a grafia “União Federal” não tem amparo constitucional. União é o nome

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Direito Processual Civil
Teoria e Exercícios comentados
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correto. Outro equívoco manifesto é o de colocar-se em processos os nomes dos


órgãos (ministérios, departamentos etc), ao invés do nome da pessoa jurídica –
União – a quem estão vinculados.” (Curso de Direito Processual Civil, vol. I. Didier Jr.,
Fredie, pág. 172)

2) Entidade Autárquica Federal:

As entidades autárquicas federais são criadas por Lei para desempenhar serviço
público descentralizado. São pessoas jurídicas de direito público. Para que a competência
seja deslocada para a Justiça Federal é necessário ser entidade autárquica federal –
termo genérico que abarca as agências reguladoras e as fundações autárquicas.

3) Empresas Públicas Federais:

Criadas por decreto, com capital exclusivamente público e com natureza de


pessoa jurídica de direito privado, as empresas públicas federais devem realizar
atividades de interesse da Administração que a instituiu nos parâmetros da iniciativa
privada. Exemplo: Caixa Econômica Federal.

4) Conselho de Fiscalização Profissional:

Equiparam-se à entidade autárquica federal, mesmo que sob regime sui generis.
Exemplo: OAB.

STJ Súmula nº 66 - 15/12/1992 - DJ 04.02.1993


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Competência - Execução Fiscal - Conselho de Fiscalização Profissional

Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por


Conselho de fiscalização profissional.

5) Sociedade de Economia Mista:

STF Súmula nº 556 - 15/12/1976 - DJ de 3/1/1977, p. 1; DJ de 4/1/1977, p. 33; DJ de


5/1/1977, p. 57.

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Competência - Julgamento - Sociedade de Economia Mista

É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade


de economia mista.

STJ Súmula nº 42 - 14/05/1992 - DJ 20.05.1992

Competência - Cíveis e Criminais - Sociedade de Economia Mista

Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é


parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.

Dos enunciados do STF e do STJ, conclui-se que a Justiça Federal é


incompetente para julgar as ações em que as sociedades de economia mista atuem, seja
como parte seja como terceiro interveniente.

Atenção! Ministério Público Federal:


Perante qual Justiça poderá o MP demandar, uma vez que nem a Constituição Federal nem nenhuma
Lei disciplinaram a temática.
“Surgem, basicamente, duas correntes doutrinárias. Pela primeira delas, vinculam-se os ramos do
Ministério Público às respectivas justiças, partindo-se da competência federal para a identificação da
atribuição do órgão parquet. Se se tratar de competência da Justiça Federal, será proposta pelo MPF;
se da Justiça Estadual, pelo MPE; se da Justiça do Trabalho, pelo Ministério Público do Trabalho etc.
A segunda corrente segue sentido totalmente diverso. O Ministério Público, qualquer que seja ele,
poderá exercer as suas funções em qualquer Justiça. O que importa, realmente, é saber se é da sua
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atribuição a causa que venha a patrocinar. Se for, poderá fazê-lo perante qualquer órgão do Poder
Judiciário.” (Curso de Direito Processual Civil, vol. I. Didier Jr., Fredie, pág. 173)
Entendemos, assim como Didier, que a segunda corrente é a que mais bem resolve os
problemas que surgem da existência de vários MPs. Este raciocínio se aplica igualmente à Defensoria
Pública da União.

Exceções quanto à pessoa

Ainda que órgão ligado à União seja parte, excepcionam-se da regra do


artigo 109, I, as seguintes causas:

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1) Falência:

Caracterizada pela universalidade, a falência é um processo de execução


coletiva, em que os credores concorrem em igualdade, respeitada a natureza do seu
crédito. Entende-se que a falência abrange a insolvência comercial, civil e a recuperação
judicial.

2) Acidentes de trabalho:

Uma vez ocorrido o acidente de trabalho duas serão as pretensões: a primeira


decorrente da seguridade social (típica) contra a entidade gestora (INSS), de competência
da justiça estadual, e a segunda de natureza reparatória, contra o empregador. Esta, por
não ter natureza acidentária, seguirá as regras gerais de fixação de competência. A EC
45 alterou a competência da Justiça do Trabalho. Essa emenda estabeleceu a
competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar as ações de indenização por
dano moral ou patrimonial que surjam da relação de trabalho.

Art. 114, CF/88: Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...]

VI: as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da


relação de trabalho.

Portanto, após a emenda, as causas envolvendo pretensões indenizatórias em


face do empregador, mesmo sendo este empresa pública federal, deverão tramitar na
Justiça do Trabalho.

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Processo: AI 24059005082 ES 24059005082


Ementa: PROCESSUAL CIVIL AGRAVO DE INSTRUMENTO - "AÇAO DE
INDENIZAÇAO POR ACIDENTE DE TRABALHO" - INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
COMUM PARA AS AÇÕES INDENIZATÓRIAS DECORRENTES DE ACIDENTE DE
TRABALHO - INTELIGÊNCIA DA NOVA REDAÇAO DO ART. 114, DA CF, DADA PELA
E.C. Nº 45/2004 - JURISPRUDÊNCIA DO STF (CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 7204)
- RECURSO CONHECIDO, MAS IMPROVIDO.
1. A causa de pedir remota veiculada pelo demandante/agravado consiste em acidente de
trabalho, que lhe causou sérios danos à saúde, face aos traumatismos sofridos. Em

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sendo assim, diante do que preceitua o art. 114, da CF, com a nova redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45/2004, a Justiça Trabalhista é a competente para julgar a
demanda originária;

2. Recurso conhecido e improvido, mantendo a competência da Justiça Trabalhista para a


ação originária.

Ações Acidentárias

Previdenciárias: contra o INSS Indenizatórias: contra o causador do


acidente

Trabalhistas: Justiça estadual Trabalhistas: contra o empregador, na Justiça do


Trabalho.

Não-Trabalhistas: Justiça Federal Não-Trabalhistas: contra o causador do acidente, na


Justiça Comum.

3) Justiça Eleitoral:

Mesmo que envolva entes federais, a competência para causas eleitorais será da
Justiça Eleitoral.

4) Justiça do Trabalho: 08952182677

Cabe à Justiça do Trabalho solucionar as causas relacionadas às relações de


emprego envolvendo servidores públicos.

d) Inciso II do art. 109 da CF

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

[...]

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II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou


pessoa domiciliada ou residente no País.

Salvo a competência da Justiça do Trabalho, cabe à Justiça Federal julgar as


causas que envolvam pessoa residente no Brasil ou Município brasileiro contra Estado
estrangeiro ou organismo internacional.

É importante destacar que:

A Embaixada e o consulado são considerados prolongamentos de país


estrangeiro, razão por que suas causas são de competência da Justiça Federal,
ressalvada a competência da Justiça do Trabalho.

Além disso, ao STF compete julgar, originariamente, o conflito entre Estado


estrangeiro ou organismo internacional e a União, os Estados e o Distrito Federal
ou o Território (art. 102, I, “e”, CF/88).

e) Inciso VIII do art. 109 da CF/88

Os juízes federais são competentes para processar e julgar os Mandados de


Segurança e habeas data contra ato de autoridade federal, ressalvados aqueles que
sejam de competência dos Tribunais Federais:

Pelo STF (CF/88, art. 102, I, d):

a) o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da


República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal
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Federal;

Pelo STJ (CF/88, art. 105, I, b):

b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de


Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio
Tribunal.

O sentido de autoridade é amplo. Veja o que diz o art. 1°, §1°, da


Lei 12.016/2009:

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Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito


líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre
que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.
§ 1° Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os
representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de
entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou
as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público,
somente no que disser respeito a essas atribuições.
Compreende, portanto, autoridade pública stricto sensu, o agente
da pessoa jurídica de direito privado ou até pessoa natural no exercício de
atribuições públicas. Existem autoridades federais que não pertencem aos
quadros federais, mas que exercem a função delegada, dessa forma, se a
autoridade exerce função federal, o mandado de segurança deverá ser
impetrado perante o juiz federal.
Ressalte-se que só cabe mandado de segurança contra ato de autoridade de
pessoa jurídica de direito privado referente a ato praticado no exercício da função federal
delegada.

Lei 12.016/2009, art.1°, § 2°: Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão
comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de
economia mista e de concessionárias de serviço público.

A delegação poderá ser feita tanto para a pessoa jurídica estadual quanto para
pessoa jurídica municipal, ou até mesmo, para pessoa jurídica privada.

Vejamos o enunciado n°. 60 da súmula do TFR:

Vejam súmula do antigo Tribunal Federal de Recursos (Súmula nº 60, de 15 de


08952182677

outubro de 1980 / DJ 03-11-1980)

Competência - Admissibilidade de Mandado de Segurança - Atos de Dirigentes de


Pessoas Jurídicas Privadas - Delegação do Poder Público Federal

Compete à Justiça Federal decidir da admissibilidade de mandado de segurança


impetrado contra atos de dirigentes de pessoas jurídicas privadas, ao argumento de
estarem agindo por delegação do Poder Público Federal.

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STF:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o
mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral
da República e do próprio Supremo Tribunal Federal.

STJ:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal.

f) Art. 109, X - Competência funcional

Ao juiz federal compete executar sentença estrangeira, após a homologação do


STJ e cumprir carta rogatória, após o exequatur do STJ.

Trata-se de competência funcional e não material: o juiz federal irá exercer a


jurisdição para cumprir as funções mencionadas acima, ele não analisará a matéria de
que cuida a carta rogatória ou a sentença, ou seja, terá o juiz de cumprir e executar sem
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fazer reanálise de mérito.

EM RAZÃO DA MATÉRIA

a) Art. 109, III, CF/88

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

[...]

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III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro


ou organismo internacional.

Essa é uma competência fixada em razão da causa de pedir, ou seja, da matéria


discutida no processo. Percebam que é irrelevante indagar quais os sujeitos litigantes, já
que se admitem nesses casos entes não-federais.

b) Art. 109, V-A, CF/88 – grave violação aos direitos humanos

Apesar de o inciso V tratar de competência criminal, não houve distinção


constitucional se o inciso V-A versa sobre causa cível ou criminal.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

[...]

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;

[...]

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da


República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

Observações relevantes sobre o § 5° do art. 109


1) A regra de competência foi criada com base num conceito jurídico indeterminado: grave violação de
direitos humanos
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2) Por se tratar de regra geral de competência, não viola a garantia do juiz natural.
3) Caberá, contra a decisão, recurso extraordinário para o STF: a) a matéria é constitucional; b) não há
vedação constitucional nesse sentido.
4) Essa regra somente diz respeito às causas que podem tramitar perante os juízes federais, juízos
monocráticos de primeira instância. Não houve alteração na regra que determina foro privilegiado a
certas autoridades, que continuam a ser processadas perante tribunais.
5) São válidos os atos praticados até o acolhimento do pedido de deslocamento da competência, pois a
autoridade era competente.

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c) Art. 109, XI da CF/88

Compete à Justiça Federal processar e julgar as ações que versem sobre direitos
indígenas. Há controvérsia em relação à extensão dessa competência, enquanto o STJ
considera ser competência da Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o
indígena figure como autor ou vítima, o STF tem se pronunciado no sentido de ser da
Justiça Federal. Foge à nossa matéria essa última questão, relaciona-se ao Direito
Processual Penal.

Prevalece, todavia, o entendimento de que em âmbito cível ou penal, as causas


que versem sobre os direitos dos indígenas (aqueles considerados coletivamente) serão
de competência da Justiça Federal, no que tange às relações individuais, a incumbência
recai sobre a Justiça Estadual.

d) Art. 109, X da CF/88

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

[...]

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de


carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as
causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização.

“as causas referentes à nacionalidade”: esse termo deve ser entendido de


forma ampla, já que o dispositivo tem o intuito de trazer à competência da Justiça Federal
tudo o que envolva o tema. Na hipótese de naturalização, a competência da Justiça
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Federal finda com a entrega do título, ou, igualmente, exaure-se a competência da Justiça
Federal depois de deferido pedido em ação de cancelamento de título de naturalização,
bem como aquele referente à perda ou aquisição de nacionalidade.

Contudo, estão excluídas da competência da Justiça Federal, por exemplo, as


causas de adição de patronímico por brasileira naturalizada. Vejam:

Súmula nº 51 (de 08/10/1980) do antigo Tribunal Federal de Recursos - TFR.

Competência - Pedido de Brasileira Naturalizada para Adicionar Patronímico de


Companheiro Brasileiro Nato

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Compete à Justiça Estadual decidir pedido de brasileira naturalizada para


adicionar patronímico de companheiro brasileiro nato.

Por fim, também estão afastadas causas de modificação de registro de brasileiro


naturalizado.

COMPETÊNCIA TERRITORIAL DA JUSTIÇA FEDERAL

Vejamos a distinção entre competência territorial e competência funcional. Toda


vez que houver um elemento geográfico delimitando a área de competência do órgão
judicial, será ela territorial.

“As regras previstas nos parágrafos do art. 109 são apenas formalmente
constitucionais, pois a competência territorial não é matéria atinente à estrutura do
Estado, organização de seus órgãos ou direitos fundamentais. A competência não
deixará de ser territorial porque prevista na Constituição Federal. A utilidade da
previsão é exatamente retirar da ordem jurídica disposições em contrário,
impedindo que o legislador ordinário discipline diversamente a questão.” (Curso de
Direito Processual Civil, vol. I. Didier Jr., Fredie, pág. 185).

A Justiça Federal organiza-se em seções judiciárias (pelo menos uma por


Estado). Tem sede na Capital, mas pode haver varas federais localizadas em cidades
interioranas.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

[...] 08952182677

§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária


onde tiver domicílio a outra parte.

§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção


judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que
deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

a) Art. 109, §§ 3° e 4°, CF/88

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Os parágrafos 3° e 4° do art. 109 permitem, uma vez preenchidos certos


requisitos e não havendo sede da Justiça Federal no local, que lei infraconstitucional
atribua competência da Justiça Federal para a Justiça estadual. Eles também determinam
que caberá recurso contra essas decisões ao Tribunal Regional Federal e não ao Tribunal
de Justiça.

Vejamos:

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos


segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se
verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também
processadas e julgadas pela justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o


Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

Vejamos as hipóteses em que ocorre a distribuição de competência.

A primeira autorização constitucionalmente prevista é especifica: o constituinte


atribuiu competência da Justiça Federal à Justiça Estadual nas causas previdenciárias.
Permitiu serem processadas no foro dos segurados ou beneficiários, se na localidade não
houver sede da Justiça Federal; nessa situação, não é relevante saber se o segurado é
autor ou réu, pois em ambos os casos delega-se a jurisdição federal ao juízo estadual.

A regra de delegação foi criada para facilitar o acesso à justiça; dessa


maneira pode o segurado demandar perante um juízo federal da capital, mesmo sendo
domiciliado no interior, porém não pode ele demandar em outra cidade perante o juízo
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estadual, se naquela que reside há vara federal. Também é proibido ao INSS propor
demanda em face do segurado na capital, perante o juízo federal, se o segurado for
domiciliado em cidade do interior que não tenha vara federal, nesse caso, poderá o
segurado oferecer exceção de incompetência relativa – havendo prorrogação da
competência se não for oferecida.

A regra do artigo 43 do novo CPC (perpetuação de competência) pode ser


quebrada pela criação ulterior de vara federal na localidade do segurado, o que implicará

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o deslocamento da causa para o juízo federal. Trata-se de fato superveniente que


altera a competência absoluta.

COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL

Competência cível do TRF é sempre funcional. Assim, nem os sujeitos


processuais nem a matéria são relevantes para determinar a competência. Ela pode ser
dividida em originária e derivada.

São originárias:

a) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados ou daqueles de


juízes federais da região;

b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou


de juiz federal;

c) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal.

- Nesse caso, o STJ ampliou a interpretação dessa competência originária.


Entendendo como de competência do TRF o julgamento de conflito de competência que
envolva o juiz federal e o juiz estadual investido de jurisdição federal da mesma região.

A competência recursal derivada do TRF encontra-se regulada no inciso II do art.


108 da CF/88. [...]

II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos


juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
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Apesar da omissão constitucional, também terá competência para julgar


embargos de declaração e embargos infringentes interpostos contra seus próprios
julgados. É uma competência implícita admitida pelo Supremo Tribunal Federal.

Tribunal Regional Federal não é competente para julgar recurso de decisão proferida por
juiz estadual não investido de jurisdição federal. [STJ Súmula nº 55 - 24/09/1992 - DJ
01.10.1992].

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Sobre a AÇÃO

A definição da ação pode ser analisada constitucional, processual e


materialmente. 1) Em sua definição constitucional, é direito fundamental, abstrato e
autônomo. 2) Na concepção processual, é o direito de ir a juízo. 3) Na material,
consiste no poder de pleitear um direito perante alguém.

Para nosso estudo consideraremos, sobretudo, a ótica processual (2), que


dissemos a princípio ser “o direito de ir a juízo”, mas aprofundaremos sua análise. Não é
tão fácil obter um conceito, na acepção processual de ação. É, na verdade, uma definição
polêmica de ser trabalhada na ciência processual, já que não há consenso doutrinário. Há
várias teorias sobre o tema e apesar das divergências, não podemos negar que os
estudos feitos e o progresso alcançado foram fundamentais para o Direito Processual.

Frisamos que qualquer que seja a concepção adotada, a ação é um dos institutos
mais relevantes do Direito Processual, já que, devido ao princípio da inércia de jurisdição,
o Estado somente se manifestará depois de ser provocado pela parte interessada. A
provocação se dá pelo exercício da ação.

Pessoal, vamos trabalhar um assunto espinhoso, não vou mentir. Fiquem atentos
e tentem compreender ao final a resolução de uma questão aplicada ao concurso de
Procurador da Fazenda Nacional, carreira da PGFN.

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TEORIAS DA AÇÃO

1 – Teoria imanentista (ou civilista): (Imanente é um adjetivo que descreve o


que existe sempre num objeto e é inseparável dele). Essa teoria, atualmente superada,
exerceu grande influência no século XIX. O direito de ação é o direito material em
movimento. Não existe um direito de ação autônomo, ele é o próprio direito material. A
ação, assim era entendida, como “elemento constitutivo do direito subjetivo”, ou seja,
mera manifestação do direito material; era a maneira como o direito material se
manifestava após a incidência de uma lesão.

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Direito Processual Civil
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Esclarecendo: o direito material refere-se ao conteúdo, descreve aquilo a que se


tem direito; ao passo que o direito formal refere-se à possibilidade de perseguição deste
direito.

2 – Teoria concreta da ação (ou teoria do direito concreto de agir): primeira


a distinguir os direitos material e de ação (formal).

O direito de ação pertence ao indivíduo contra o Estado, para que ele obtenha
uma sentença favorável e ao mesmo tempo contra a outra parte, que se submeterá à
decisão do Estado. Por essa corrente, há autonomia do direito de ação em relação ao
direito material, mas não independência; de modo que para que haja o primeiro, o
segundo deve existir. Afirma, assim, essa teoria que para a existência do direito de agir há
de existir o direito material.

Em outras palavras, a ação é um direito autônomo do material, mas que só existe


nos casos em que a decisão judicial é favorável ao autor. De modo que o direito de ação,
posteriormente, torna-se dependente da existência real do direito material – por isso se
diz “concreto”: dependência posterior da real efetivação do direito material, da concretude
desse direito.

3 – Teoria Abstrata (Teoria do direito abstrato de agir): considera autônomos e


independentes direito de ação e direito material. O direito de ação é o direito abstrato de
obter prestação jurisdicional do Estado, ou seja, o direito de provocar a atuação do
Estado-Juiz. Nas palavras de Alexandre Freitas Câmara “para essa concepção da ação,
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este seria um direito inerente à personalidade, sendo certo que todos seriam titulares do
mesmo, o que significa dizer que todos teriam o direito de provocar a atuação do Estado-
Juiz, a fim de que se exerça a função jurisdicional.” Dessa forma, mesmo que o
magistrado negue a pretensão ajuizada pelo autor, ou seja, negue o direito material
levado a juízo, este tem o direito de ação – o direito de levar à juízo a sua pretensão.

Reparem que nessa teoria há duas relações jurídicas diferentes: uma é a relação
processual entre o demandante (autor) e o Estado-Juiz, chamada de Direito de ação; a
outra é a relação processual material formada entre as partes (autor e réu) na lide, de

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Direito Material.

4 – Teoria da Asserção: (Asserção significa afirmação, proposição tida como


verdadeira). Essa teoria está entre a abstrata e a eclética. Se o juiz perceber por uma
análise sumária, com base nos elementos oferecidos pelo próprio autor, a ausência de
alguma condição da ação, deve extinguir o processo sem julgamento de mérito. Mas, se o
julgamento é posterior, não se baseando no que foi alegado pelo autor, a situação é de
improcedência do pedido e não de carência de ação.

Exemplo: ação de alimentos. Se em momento posterior ao pedido, verifica-se


a ausência de vínculo de filiação, será o pedido considerado improcedente.

Dúvida: As teorias da asserção e da prospectação se tocam de alguma forma?


Na verdade elas são tidas como sinônimas, mas a Teoria da Prospectação tem no direito
italiano variações que não se comunicam com a Asserção. Para nosso concurso podemos
considerar como idênticas: Asserção ou Prospettazione.

Depois de vermos a teoria eclética (abaixo) faremos breve confrontação entre


essas duas últimas correntes, o que nos ajudará a entender melhor uma e outra.

5 – Teoria Eclética ou Mista: elaborada por Liebman, consiste em uma espécie


de teoria abstrata com certos elementos adicionais. O direito de ação não depende do
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direito material, mas do preenchimento de requisitos formais: condições da ação. O


direito de ação existe quando o autor tem direito a um julgamento de mérito.

“A teoria eclética da ação tem, também, natureza abstrata, visto que não condiciona
a existência do processo à do direito material afirmado pelo autor. Em outras
palavras, para a teoria eclética, assim como para a teoria abstrata, ação existe
ainda que o demandante não seja titular do direito material que afirma existir.
Difere, porém, a teoria eclética da abstrata por considerar a existência de uma
categoria estranha ao mérito da causa, denominada condições da ação, as quais
seriam requisitos de existência do direito de agir. Para a teoria que ora examina, o

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direito de ação só existe se o autor preencher tais “condições”, devendo o processo


ser extinto, sem julgamento do mérito, se alguma delas estiver ausente (hipótese
em que se tem o fenômeno que se costuma designar por carência de ação).”
(Câmara, Alexandre Freitas, Lições de Direito Processual Civil, p. 119)

A teoria eclética sofre críticas da doutrina moderna exatamente pelo entendimento


de que não se julga o mérito quando ausente alguma das condições da ação. O legislador
do NCPC passou, na opinião de muitos doutrinadores, a considerar o interesse de agir e a
legitimidade como pressupostos processuais, a serem analisados para admissibilidade da
pretensão jurídica.

Quis, assim, dar cabo à infindável discussão quanto à distinção entre mérito e
condições da ação, feita pela teoria eclética, que só se justifica porque o ordenamento
pátrio focava-se nos efeitos jurídicos da sentença de carência e de improcedência.
Quando há julgamento de mérito, considera-se prestada a tutela jurisdicional; enquanto
ao ser considerada carente a ação, o julgamento prestado é somente de forma. Ou seja,
nos casos de improcedência, julgado estaria o mérito; mas, ao se considerar carente a
ação, o julgamento seria, unicamente, formal.

No NCPC, ao se deslocar a discussão das condições da ação para os


pressupostos processuais, o legislador atentou-se a mais uma crítica dos teóricos, ao
deixar de apontar a possibilidade jurídica do pedido como mais uma das condições da
ação (ou pressuposto processual). Entende-se que analisada a possibilidade jurídica do
pedido, analisado estaria o mérito – pedido reconhecido como impossível é pedido
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considerado julgado.

Nesse sentido, percebam que ao tratar da legitimidade e do interesse processual,


o legislador não menciona a possibilidade jurídica do pedido.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] VI - verificar ausência de
legitimidade ou de interesse processual.

TEORIA DA ASSERÇÃO X ECLÉTICA

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A crítica que fazem os teóricos da asserção em relação à eclética decorre de


que esta [eclética] somente reconhece a atividade jurisdicional quando há apreciação do
mérito. A teoria da asserção entende, ao contrário, que mesmo não tendo sido
observadas as condições da ação, terá havido sim atividade jurisdicional.

A Teoria da Asserção tem sido cada vez mais adotada pelos tribunais. Veja
ementa de julgado recente do STJ:

PROCESSUAL CIVIL - ADMINISTRATIVO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


- AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL NA NARRAÇÃO CONTIDA NA PETIÇÃO
VESTIBULAR - CONDIÇÕES DA AÇÃO - LIMITES RAZOÁVEIS E PROPORCIONAIS
PARA A APLICAÇÃO DA TEORIA DA ASSERÇÃO -ILEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM DO ENTE ESTATAL.

1. A teoria da asserção estabelece direito potestativo [aquele direito que não se


pode contestar/ incontroverso] para o autor do recurso de que sejam consideradas as
suas alegações em abstrato para a verificação das condições da ação, entretanto essa
potestade deve ser limitada pela proporcionalidade e pela razoabilidade, a fim de que
seja evitado abuso do direito.

2. O momento de verificação das condições da ação, nos termos daquela teoria,


dar-se-á no primeiro contato que o julgador tem com a petição inicial, ou seja, no
instante da prolação do juízo de admissibilidade inicial do procedimento. Logo, a
verificação da legitimidade passiva ad causam independe de dilação probatória na
instância de origem e de reexame fático-probatório na esfera extraordinária.

3. Não se há falar em legitimidade passiva ad causam quando as alegações da


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peça vestibular ilustrarem de maneira cristalina que o réu não figura na relação jurídica
de direito material nem em qualquer relação de causalidade. Agravo regimental provido.
(Processo: AgRg no REsp 1095276 MG 2008/0225287-8. Relator(a): Ministro
HUMBERTO MARTINS. Julgamento: 25/05/2010. Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA
TURMA. Publicação: DJe 11/06/2010)

 Vamos analisar item por item de uma questão de bom nível de dificuldade, para
Procurador da PGFN, que nos ajudará na abordagem do assunto:

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(PGFN) O direito de ação sempre foi um dos mais polêmicos temas da ciência
processual, proliferando-se, ao longo da história, inúmeras teorias para explicá- lo. Sua
importância se destaca, em especial, pois corresponde a um iniludível ponto de contato
entre a relação jurídica material e a relação jurídica processual, sobretudo quando
analisado sob a ótica do ato que dá início ao processo e delimita seu objeto litigioso. No
Brasil, o direito positivo sofreu nítida influência da doutrina de Enrico Tullio Liebman,
que, com sua teoria eclética da ação, propôs a categoria das condições da ação,
alocadas entre os pressupostos processuais e o mérito da demanda.

Sobre o tema, identifique a opção correta.

a) O direito de ação pode ser atualmente identificado como um direito público subjetivo,
abstrato, autônomo da relação jurídica material, cuja existência dependerá da
procedência da demanda proposta em juízo.

Item errado. Este é o argumento é da Teoria Concreta, que liga a procedência do


pedido ao direito de ir à juízo. Ela está superada, não vinculamos mais o direito de
pedir ao direito material.

b) Friedrich Carl Von Savigny, notável jurista alemão que se dedicou ao estudo
profundo do direito romano, é citado pela doutrina como um adepto da teoria
abstrativista, em decorrência da concepção de que se opera uma metamorfose no
direito material quando lesado, transformando-se, assim, na actio.

Item errado. O Savigny é um grande nome da Teoria Imanentista, que como


vimos é aquela que prega não haver ação sem direito; e não haver direito sem ação; de
maneira que a ação segue a natureza do direito.
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c) É da famosa polêmica entre Windscheid e Muther que percebemos significativo avanço


na ciência processual. Associou-se a ideia da actio romana com a da pretensão de direito
material, o que definiu a autonomia entre o direito material e o direito de ação,
consubstanciando, assim, definitiva passagem da teoria concreta para a teoria abstrata da
ação.

Item errado. Bom falarem deste caso! Muther se levantou contra o pensamento de
Windscheid. Para ele, ação consistiria no direito à tutela do Estado, cabendo a quem
fosse ofendido em seu direito. Desse modo, ação seria um direito contra o Estado para

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invocar a tutela jurisdicional, distinto do direito material, o qual se quer resgatar. Ainda que
discordasse de algumas questões postas pelo adversário, Windscheid admitiu a
existência de um direito de agir face ao Estado e outro contra o devedor, mas entendia
que um fosse pressuposto do outro. A discussão entre os dois juristas mostrou-se mais do
que discordante, na verdade, complementares. A banca considerou errado este item por
seu final, quando se falou em passagem da Teoria Concreta para a Abstrata, como se
tivesse havido superação da primeira. Isso não ocorreu, os concretistas continuaram
influenciando o debate sobre das teorias da ação e contribuindo para a criação de novas
correntes com elementos que empregavam.

d) Enrico Tullio Liebman propôs a categoria das condições da ação, afirmando que, se
não fossem preenchidas as três condições inicialmente formuladas, o autor seria
carecedor do direito de ação. Para Liebman, essa ideia deveria ser interpretada à luz da
teoria da asserção, segundo a qual as condições da ação são examinadas a partir das
alegações do autor (in status assertionem). Caso fosse necessária a dilação probatória
para aferir a presença das condições da ação, estaríamos diante de um julgamento de
mérito e não mais de pura carência de ação.

Item errado. O maior erro da questão está em atribuir a Liebman a análise segundo
a Teoria da Asserção, sendo que suas ideias remetiam à Teoria Eclética; mas mesmo
este erro pode ser contestado já que Liebman revisou sua teoria e aproximou-a dos
pensadores da asserção. Depois há uma fundamentação que se liga à Teoria da
Asserção e não à Eclética, nesta parte: Caso fosse necessária a dilação probatória para
aferir a presença das condições da ação, estaríamos diante de um julgamento de mérito e
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não mais de pura carência de ação.

e) Um dos maiores expoentes da teoria do direito concreto de agir foi Adolf Wach,
desenvolvendo suas ideias a partir da teorização da ação declaratória. Para nosso autor,
o direito de ação efetivamente é autônomo em relação ao direito material, porém só
existirá se a sentença ao final for de procedência.

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Item correto. Wach foi quem desenvolveu a Teoria do Direito Concreto de Agir,
segundo a qual somente a decisão que reconhece caber ao autor o direito material
alegado legitimaria o exercício do direito de ação.

Bela questão, não é mesmo?! Vamos continuar a trabalhar o instituto da ação nas
próximas páginas. As condições da ação, que falaremos mais à frente, constituem a figura
sobre a qual discorremos nas linhas anteriores, tão importantes para trabalhar as teorias
da ação.

Ainda que o legislador tenha perseguido o fim do tratamento das condições da


ação, já há forte embasamento doutrinário para dizer que a exclusão de sua menção
literal não afastará a análise prática das condições.

1) Ainda restou dúvida em relação à Teoria Eclética e à Teoria da Asserção?! Vamos


ver um conceito mais objetivo acerca das Teorias.

A Teoria Eclética, que se adotava no CPC/1973, prevê o preenchimento de condições


da ação para que ela seja levada adiante. As condições da ação são abstração jurídica, mas
sem elas não se admite levar adiante a ação. Seria como se, a partir de uma análise prévia,
o autor tivesse que demonstrar estarem presentes os elementos condicionantes da
procedência de seu pedido, um pré-julgamento com análise das alegações do autor, com o
problema de que esse julgamento é formal, somente, não gera análise de mérito.

Na Teoria da Asserção esse julgamento será a princípio formal se houver


indeferimento com base nas alegações do autor; mas se tomando como certas as alegações,
vem-se verificar posteriormente que eram imprecisas as alegações do autor relativamente às
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condições da ação, ter-se-á decisão de mérito. Distinção que aí se faz entre a Teoria Eclética
e a da Asserção. A Teoria Eclética faculta a dilação probatória das condições da ação, mas
recusa o entendimento de que isso dê mediante exame de mérito.

ELEMENTOS DA AÇÃO
São três os elementos da ação: as partes, o pedido e a causa de pedir. Eles fixam
limites à relação processual, verificando quem será atingido e quem será beneficiado

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pelos efeitos do processo. Além disso, os elementos impedem a propositura de ações


repetidas, o que caracterizaria litispendência, e servem igualmente para indicar ações
marcadas pela conexão [que estão ligadas, conexas].

PARTES
Seu conceito distingue-se em duas linhas: uma aberta, que considera parte todo
sujeito que atua na relação processual, defendendo seu direito ou de terceiro; outra
estrita, que considera parte somente o demandante da tutela jurisdicional ou contra quem
se demanda.

A parte classifica-se em processual ou material. A parte processual se inclui na


relação jurídica processual; integra o contraditório; assume qualquer das situações
processuais; atua com parcialidade e pode sofrer consequências da sentença. Ela pode
ser tanto da demanda (autor ou réu) como parte auxiliar, que, embora não formule ou não
tenha contra si pedido formulado, é sujeito do contraditório. (Ex: o assistente simples).
Dessarte, existem as partes principais, demandante e demandado, e as partes de
demandas incidentais, que podem ou não ser as mesmas da demanda principal.

A parte material ou do litígio é a parte da relação jurídica discutida em juízo; pode


ou não ser parte da ação. Há casos de legitimação, para defesa em nome próprio, de
interesses de outrem. É o que acontece com o Ministério Público na defesa de
hipossuficientes: defende interesses de um terceiro, mas atua em nome próprio. A parte
será considerada legítima quando tiver a devida autorização para estar em juízo; ou
ilegítima quando, apesar de estar em juízo, não tiver a autorização necessária para estar
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presente.

Há também a parte complexa, que é o conjunto formado pelo incapaz e seu


representante ou pessoa jurídica e o seu órgão presente. Em suma, constitui-se pela
comunhão entre parte ilegítima e seu representante.

PEDIDO

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O pedido é aquilo que se pretende com a ação, a providência jurisdicional.


Costuma-se classificar o pedido em imediato (processual) e mediato (material). Ele deve
ser certo e determinado, diferente do que diz o art. 286 do CPC, que utiliza a conjunção
alternativa [ou] em lugar da aditiva [e].

CAUSA DE PEDIR

O Brasil adota para a causa de pedir a teoria da substanciação, criada pelo Direito
alemão, no qual a causa de pedir independe da natureza da ação, sendo criada somente
pelos fatos jurídicos descritos pela autoria.

Dúvida: A teoria da substanciação da causa de pedir independe da natureza da


ação? A causa de pedir não se define pelo que alega o autor, mas pelos fatos por ele
alegados e resistidos pela outra parte. Não importa, assim, os dispositivos legais
mencionados pelo autor, o juiz poderá decidir a causa com base em outros dispositivos,
levando em conta os fatos narrados na demanda.

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.


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Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo
quando autorizado pelo ordenamento jurídico.

Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá


intervir como assistente litisconsorcial.

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação


jurídica;

II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

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Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha


ocorrido a violação do direito.

CONDIÇÕES DA AÇÃO

Tanto o CPC/1973 como o Novo CPC consagram a teoria eclética, distinguindo as


condições da ação do mérito. O criador da teoria eclética foi Liebman, que em seus
primeiros estudos sobre o tema entendia existirem três espécies de condições da
ação: possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade tendo sido
essa construção consagrada pelo nosso ordenamento processual (...) ocorre,
porém, que o próprio Liebman reformulou seu entendimento original, passando a
defender que a possibilidade jurídica estaria contida no interesse de agir, de forma,
que ao final de sues estudos restaram somente duas condições da ação: interesse
de agir e legitimidade. (Neves, Daniel Amorim Assumpção, Manual de Direito
Processual Civil, 7° ed., p. 121)

No espírito dessa reforma do pensamento de Liebman, o art. 17 do NCPC dispõe


que para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. Suprimiu-se a
menção à possibilidade jurídica do pedido. Ao que parece, o fato de não mencionar a
possibilidade jurídica, por tê-la incluído no interesse de agir, não implica a
desnecessidade de sua análise. A supressão de redação não causaria, na prática, algum
efeito ao momento de admissão do instrumento mobilizador da demanda (ação).
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O artigo 17 não faz uso da palavra ação, mas do termo postular, de maior
abrangência; pois postulam em juízo, não só o autor, como também o réu ou o terceiro
interveniente. Confere-se, por meio dessa adequação, uma previsão que alberga todos
aqueles autorizados a atuar em juízo. Trata-se de uma correção ao dispositivo anterior, do
CPC/1973 (art.3º), que dava a entender ser o interesse e a legitimidade requisitos a
serem observados somente ao início da relação entre autor e réu.

Pretende-se, igualmente, no novo diploma legal, evitar o uso da expressão


“condições da ação”, posicionando-se “o interesse de agir e a legitimidade” ao lado dos

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pressupostos processuais, como pressupostos de validade da demanda.

Há de se considerar, que o modelo de verificação das condições da ação, que


tanta relevância atribui a este instituto (ação), tem respaldo, inclusive, na Constituição da
República, no inciso XXXV, art 5º: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito.

Para a visão eclética, o direito da ação é a garantia do julgamento do mérito da


causa. Para que ocorra o julgamento, é necessário preencher certas condições que serão
aferidas sob o guarda-chuva da relação jurídica material deduzida em juízo. São
condições para o julgamento: a legitimidade ad causam e o interesse de agir. Para o
NCPC não mais se considera parte deste conjunto a possibilidade jurídica do pedido.

Atenção!

Se o enunciado de sua prova fizer menção expressa ao fim das condições da


ação no Novo CPC, entenda que o item está correto, pois para boa parte da doutrina o
interesse de agir e a legitimidade são classificados como pressupostos e não mais como
condições da ação. As duas análises – 1) seja a que considera serem pressupostos
processuais, 2) seja a que considera serem condições – conduzem aos mesmos efeitos:
diante da inobservância de um desses institutos (legitimidade ou interesse de agir), há
extinção do processo sem resolução de mérito (art. 485, V).

“A legitimidade e o interesse de agir passarão a ser explicados com suporte


no repertório teórico dos pressupostos processuais. A legitimidade e o
interesse passarão, então, a constar da exposição sistemática dos pressupostos
processuais de validade: o interesse, como pressuposto de validade objetivo
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extrínseco; a legitimidade, como pressuposto de validade subjetivo relativo às


partes.
A mudança não é insignificante. Sepulta-se um conceito que, embora prenhe de
defeitos, estava amplamente disseminado no pensamento jurídico brasileiro.
Inaugura-se, no particular, um novo paradigma teórico, mais adequado que o
anterior, e que, por isso mesmo, é digno de registro e aplausos.
É certo que o CPC atual poderia avançar ainda mais, para reconhecer que a falta
de legitimação ordinária gera, em verdade, improcedência do pedido, e não juízo de

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inadmissibilidade do procedimento. [...] Enfim: a) o assunto “condição da ação”


desaparece, tendo em vista a inexistência da única razão que o justificava: a
consagração em texto legislativo dessa controvertida categoria; b) a ausência de
“possibilidade jurídica do pedido” passa a ser examinada como hipótese de
improcedência liminar do pedido, no capítulo respectivo; c) legitimidade ad causam
e interesse de agir passam a ser estudados no capítulo sobre pressupostos
processuais.” (Didier, Fredie Jr., Curso de Direito Processual Civil, 17ª ed., p. 306)

Julgue certo ou errado os itens abaixo:

(inédita) A legitimidade e o interesse constam da exposição sistemática dos pressupostos


processuais de validade: o interesse, como pressuposto de validade objetivo extrínseco; a
legitimidade, como pressuposto de validade subjetivo relativo às partes.

Gabarito: Certo.

(Inédita) o assunto “condição da ação” desaparece, tendo em vista a inexistência da única razão que o
justificava: a consagração em texto legislativo dessa controvertida categoria.

Gabarito: Certo
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Julgue os itens abaixo em certo ou errado:

(Inédita) Tanto o CPC/1973 como o Novo CPC consagram a teoria eclética, distinguindo as condições
da ação do mérito. O criador da teoria eclética foi Liebman, que em seus primeiros estudos sobre o
tema entendia existirem três espécies de condições da ação: possibilidade jurídica do pedido,
interesse de agir e legitimidade tendo sido essa construção consagrada pelo nosso ordenamento
processual (...) ocorre, porém, que o próprio Liebman reformulou seu entendimento original, passando
a defender que a possibilidade jurídica estaria contida no interesse de agir, de forma, que ao final de

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sues estudos restaram somente duas condições da ação: interesse de agir e legitimidade. (NEVES,
Daniel Assumpção)

Gabarito: Certo

(TRE PR /Adaptada) São condições da ação:


a) capacidade postulatória, legitimidade das partes e interesse processual.
b) competência do juiz, inocorrência da prescrição e não terem as partes celebrado convenção de
arbitragem.
c) interesse de agir, inocorrência da prescrição ou de decadência e capacidade de ser parte.
d) Legitimidade das partes e interesse processual.
e) possibilidade jurídica do pedido, não se achar perempta a ação e citação válida do réu.
COMENTÁRIOS:

A opção que traz a resposta correta é a de letra “d”. São condições da ação:
interesse de agir (ou interesse processual) e legitimidade das partes.

Gabarito: D

A POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO (Não incluída no NCPC)

O pedido deve ser resguardado por tutela jurídica possível; de modo que, ele
esteja apto a receber a proteção jurisdicional. Não será possível a tutela quando houver
expressa vedação na lei ao pedido formulado. Contudo, a hipótese de ausência de
dispositivo legal para o que foi pedido não o torna impossível.
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No Novo CPC, a possibilidade jurídica do pedido é tratada como se julgamento de


mérito fosse, atendendo-se a um pleito frequente da doutrina. Ora, se o pedido é
entendido como impossível de ser atendido, por sua natureza intangível, julgado está o
mérito.

Não se confunde com a previsão, in abstracto, na lei. Pelo contrário, a


possibilidade jurídica do pedido pode ser analisada pela falta de previsão que a torne
inviável.

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Em outras palavras, há impossibilidade do pedido quando a lei assim determinar.


Exemplo: Pedir a separação do Estado de São Paulo da federação.

A LEGITIMIDADE PARA AGIR EM JUÍZO

Parte legítima é a que está em posição processual equivalente com a situação


legitimadora, derivada de previsão legal. Exemplo fictício: se Alfeu pretende obter uma
indenização de Beto, é necessário que Alfeu seja quem está na posição jurídica de
vantagem e Beto seja o potencial responsável pelo dever de indenizar.

LEGITIMIDADE ORDINÁRIA VERSUS EXTRAORDINÁRIA

A legitimação ad causam pode ser dividida em ordinária e extraordinária. Na


legitimidade ordinária, há identidade entre a situação legitimante e as situações jurídicas
sob a apreciação do magistrado. Desse modo, as figuras das partes são correspondentes
com os polos da relação jurídica. O legitimado ordinário defende em juízo interesse
próprio.

Na legitimidade extraordinária (substituição processual), não há conexão total


entre a situação legitimante e as situações jurídicas sob apreciação do magistrado. O
legitimado extraordinário é o sujeito que defende em nome próprio interesse alheio.

(TJCOMENTÁRIOS:
ES) Os sujeitos da relação processual são, em regra, as partes e o juiz. O autor deve ser o titular do direito
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por ele reclamado em juízo, sob pena de não ter o seu pedido examinado; entretanto, de acordo com a
sistemática processual, o autor pode postular em nome próprio direito de terceiro, sempre que isso
representar um benefício para o terceiro em defesa de quem postule.
COMENTÁRIOS:
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando
autorizado pelo ordenamento jurídico.

Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como


assistente litisconsorcial.

Gabarito: Errado

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A legitimidade extraordinária divide-se em autônoma ou subordinada. Na


autônoma, de modo independente da atuação do titular do direito em litígio, o legitimado
extraordinário pode conduzir o processo. Na subordinada, o legitimado assume posição
acessória no processo, de modo que o titular da relação jurídica em questão deve estar
presente. Geralmente, atribui-se a legitimação subordinada ao titular de outra relação
jurídica, mas que tenha nexo com a principal.

Dúvida: Professor, não entendi, o que vem a ser legitimidade extraordinária


autônoma? A legitimidade extraordinária autônoma nomeia a participação de um
legitimado a atuar no processo, diferente do titular do direito material – ele passa a ter o
condão de movimentar o processo de forma autônoma, diminuindo a importância da
participação do titular do direito material. Diz-se extraordinária porque é uma legitimidade
conferida a outrem, não titular do direito pleiteado. Ocorre mediante previsão legal. Caso
da atuação do Ministério Público em defesa dos direitos dos hipossuficientes.

INTERESSE DE AGIR

O interesse de agir constitui-se no binômio: adequação, necessidade. Fala-se em


adequação relativamente à opção pelo meio processual que possa vir a produzir resultado
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útil. De modo que, se alguém tem consigo título executivo, não terá interesse em
processo de conhecimento, porque não há pendenga a ser resolvida. Nesse caso, deve o
interessado perseguir a imediata execução do título.

Fala-se em necessidade do provimento judicial quando, somente por meio dele, o


sujeito poderá obter o bem almejado. Uma vez que possa ser alcançado o resultado sem
a prestação judicial, não existirá interesse de agir (exemplo: a cobrança de dívida que
sequer tenha vencido).

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Condições da Ação/ Legitimidade das partes e


Pressupostos interesse de agir (Art.485, NCPC)
processuais

CARÊNCIA DE AÇÃO

Reconhecida de ofício, a carência de ação é matéria de ordem pública. As


condições da ação devem estar presentes no processo tanto no momento da propositura
como ao longo do julgamento. Na ausência de uma das condições de modo
superveniente, o juiz conhecerá o autor como carecedor da ação.

Alguns doutrinadores entendem que a análise das condições da ação deve ser
feita no início do processo, para evitar seu prosseguimento desnecessário. Contudo, há
duas teorias que versam sobre a ausência das condições da ação quando aferida
somente depois da produção de prova: a teoria da apresentação, defendida
majoritariamente pelos doutrinadores, na qual a decisão da sentença será de carência da
ação; e a teoria da prospectação, em que a sentença será de mérito diante do
aprofundamento da cognição.

DIFERENÇA ENTRE CARÊNCIA DE AÇÃO E IMPROCEDÊNCIA DE AÇÃO

Na carência da ação, o magistrado declara que há falta de condição da ação, sem


apreciar o mérito. Posteriormente, poderá ser repetida ou renovada a demanda (o autor
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deverá pagar as custas e despesas processuais, bem como os honorários advocatícios a


que foi condenado).

Por sua vez, na improcedência da ação, o magistrado decidirá acerca do mérito


da demanda e declarará que o autor, segundo o direito material aplicável, não faz jus à
providência pleiteada. Nesse caso, pelo fenômeno da coisa julgada, a sentença torna-se
imutável, não havendo possibilidade de posterior renovação ou repetição.

CLASSIFICAÇÃO (AÇÃO)

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QUANTO À NATUREZA DA RELAÇÃO JURÍDICA

Classificam-se de acordo com a relação jurídica estabelecida em juízo:

a) Relação jurídica real: ação real;

b) Relação jurídica pessoal: ação pessoal.

A ação real visa a tutelar direito real, aquele que recai sobre a coisa. É o direito
sobre a coisa. Ex: a propalada ação de usucapião.

O Código Civil elenca no art. 1.225 modalidades de direitos reais:

Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões;


IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do
imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese; XI - a concessão de uso especial
para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso.

As ações possessórias, a despeito de terem regramento jurídico muito próximo ao


das ações reais, com elas não se confundem. As ações possessórias seguem uma
estrutura própria, em que não se questiona a propriedade da coisa (característica da real).

Quanto ao direito pessoal, sua natureza envolve os negócios jurídicos, as


obrigações, os contratos, pressupõe relação jurídica entre sujeitos.

Real Pessoal

Relação jurídica real Demanda Pessoal

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QUANTO AO OBJETO DO PEDIDO MEDIATO

As demandas classificam-se em mobiliárias (bem móvel) e imobiliárias (bem


imóvel) quanto ao objeto do pedido mediato. Deve-se atentar para não classificar toda
ação imobiliária como real nem toda ação mobiliária em pessoal.

Exemplos:

1) A ação de despejo é classificada como pessoal e imobiliária, já que tem como


fundamento o direito pessoal.

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2) Poder-se-á propor uma reivindicatória de um carro, nesse caso a ação


mobiliária não terá natureza de pessoal, mas de real.

Mobiliária Imobiliária

Relativa a bem móvel Relativa a bem imóvel

QUANTO À TUTELA JURISDICIONAL

De acordo com a função jurisdicional que se visa, podemos classificar as


demandas em: conhecimento e execução.

Conhecimento Execução

Relativa ao processo de Relativa ao processo de


conhecimento. execução.

Esse critério tem perdido importância, por conta do caráter sincrético (pela mistura
das características de vários tipos dessas ações), cada vez mais comum, que reveste as
ações.

De outro modo:

Classificação das ações


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Leva em consideração o direito.


Real/ Pessoal

Leva em consideração o objeto.


Mobiliária/ Imobiliária

Conhecimento/ Execução – ações Leva em consideração a tutela que se


Sincréticas. busca.

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE CONHECIMENTO (CERTIFICAÇÃO)

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AÇÕES DE PRESTAÇÃO

Tradicionalmente, os doutrinadores fazem distinção dos direitos entre: os direitos


a uma prestação, ou seja, os que se relacionam com as ações de prestação – como
mandamentais; e direitos potestativos, que se relacionam com as ações constitutivas.

O direito a uma prestação é o poder jurídico conferido a um sujeito de exigir de


outro o cumprimento de uma prestação de fazer ou não fazer algo e de dar a coisa, em
dinheiro ou não. A concretização do direito a uma prestação efetiva-se com a realização
da prestação devida. Quando não ocorre essa prestação, ocorre inadimplemento ou
lesão. Exemplo de direitos a uma prestação: direitos absolutos e obrigações.

AÇÕES CONSTITUTIVAS

A ação constitutiva relaciona-se aos direitos potestativos. O direito potestativo, por


seu turno, é o poder jurídico dado a um determinado indivíduo para submeter outro direito
à alteração, criação ou extinção de situações jurídicas. Ao contrário do direito a uma
prestação, que ocorre no campo dos fatos, o direito potestativo efetiva-se no campo
jurídico, das normas.

Exemplo: anular um negócio jurídico é um direito potestativo; essa anulação se dá


com a simples decisão judicial transitada em julgado, não é necessária nenhuma outra
providência material, como destruir o contrato.

Quando houver uma situação jurídica nova, modificativa ou de extinção gerada do


resultado do processo, há uma demanda constitutiva. São exemplos de demanda
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constitutiva: ação de revisão ou resolução de contrato, separação judicial, ação de


falência, exclusão de herdeiro.

Os efeitos da decisão constitutiva são ex nunc. Porém, em certos casos, haverá o


reconhecimento das decisões constitutivas-negativas com efeitos retroativos – ex tunc.
(art. 182 do CC-2002)

AÇÕES DECLARATÓRIAS

A ação declaratória versa sobre a existência ou não de um direito. Seria incidental

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quando proposta no curso do processo, devendo relacionar-se com ele. A ação


declaratória tinha no CPC/1973 caráter principal ou incidental.

Tem como objetivo verificar a existência ou não de uma situação jurídica. A


situação jurídica é o gênero do qual a relação jurídica é a espécie.

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;

II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a
violação do direito.

As ações declaratórias são demandas meramente certificativas, ou seja, de


certificação. Por não ser uma demanda que tem como objetivo a efetivação de um direito,
as ações declaratórias são imprescritíveis.

Assim, diz-se que a ação declaratória pura é imprescritível porque tem somente
este objetivo: declarar a existência de uma relação jurídica, ou, se relativa a fatos,
eventos, a autenticidade ou falsidade de documento. Somente em relação à autenticidade
de um documento a ação declaratória poderá ser usada para certificar um fato.

Não é possível, por essa modalidade de ação, a efetivação de um direito,


demonstrar a ocorrência de outros fatos, que não seja o mencionado da autenticidade. O
Poder Judiciário não é órgão consultivo ou opinativo, daí a restrição.

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Dúvida: Professor, na ação declaratória não há contagem de prazo


prescricional? Exemplo: numa ação declaratória de inexistência de vínculo com a
união federal para pagamento de tributos não haveria contagem de prazo?

Boa questão. Mas perceba, no seu exemplo, que a declaração de inexistência de


vínculo com a União é meramente declaratória, e não prescreve. Mas deixa de ser
meramente declaratória se presente o pedido de restituição de tributos pagos quando,
erroneamente, se entendia existir o vínculo.

Vale mencionar a interpretação do STJ sobre o assunto, que sumulou o

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entendimento de que é possível ação declaratória em dois outros casos não prescritos no
CPC: visando a obter certeza quanto a exata interpretação de cláusula contratual
(Enunciado n° 181 da Súmula STJ); e para reconhecimento de tempo de serviço para fins
previdenciários (Enunciado n° 242 da Súmula STJ).

a) (TCE RO) Em matéria de ação declaratória, considere:


COMENTÁRIOS:
b) I. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.
II. Os únicos fatos que podem ser objeto da ação declaratória são a autenticidade e a falsidade
documental.
c) III. A ação declaratória está sujeita a prazos prescricionais.
d) IV. É inadmissível ação declaratória visando a obter certeza quanto à exata interpretação de
cláusula contratual.
e) Está correto o que se afirma APENAS em
f) a) I e II.
g) b) I e III.
h) c) II e III.
i) d) II e IV.
j) e) III e IV.
Gabarito: A
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Reparem que o item I repete o conteúdo do art. 20 do NCPC, segundo o qual é


possível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. Assim, não
visará a restituir o direito violado, mas apenas declarar sua existência. Ex.: imaginem que
um herdeiro de pessoa que teve direito lesado há 50 anos vá a juízo pedir o
reconhecimento de que seu ancestral foi injustiçado, poderá fazê-lo, ainda que esteja
prescrito o direito de indenização.

Voltando a nossa questão: o item II da questão traz o exato conteúdo do inciso II

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do art. 19 do NCPC, em que a ação declaratória de fato somente será admitida em


relação à autenticidade documental. É possível que se requeira pela via judicial a
declaração de existência de relação jurídica que emergiu de um fato, mas jamais para
pedir a simples certidão de que ocorreu ou não um evento. O Poder Judiciário (exceção
da Justiça Eleitoral) não é órgão consultivo.

Sobre o item IV, ele está errado porque O STJ tem sumulado o entendimento de
que é possível, sendo admissível, portanto, ação declaratória em dois outros casos:
visando a obter certeza quanto a exata interpretação de cláusula contratual (Enunciado n°
181 da Súmula STJ); e para reconhecimento de tempo de serviço para fins
previdenciários (Enunciado n° 242 da Súmula STJ).

Desse modo, a letra “a” é a correta.

Dúvida: É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata


interpretação de cláusula contratual? Sim é admissível. Vejamos a Súmula do STJ.

STJ Súmula nº 181 - 05/02/1997 - DJ 17.02.1997 Ação Declaratória -


Interpretação de Cláusula Contratual

É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata


interpretação de cláusula contratual.

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(TJDFT) Assinale a alternativa correta, considerando as disposições legais, bem como a doutrina e a
jurisprudência prevalentes, nas questões a seguir:
Visando a obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual:
a) não é admissível ação declaratória;
b) é admissível ação declaratória
c) deve ser ajuizado mandado de injunção;
d) nenhuma das alternativas anteriores (a, b, c) é correta.
Gabarito: B

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Parte da doutrina considera que o CPC/2015 extinguiu-se a previsão da ação


declaratória incidental – aquela proposta no curso do processo principal, para resolver
questão nele pendente, e que pode prejudicar a demanda principal. No NCPC, mesmo
que o réu e/ou o autor não solicitem pela via de ação incidental o transito material da
questão prejudicial (aquela que pode prejudicar a principal), esta será uma consequência
legalmente prevista no artigo 503. Se o uso da declaração incidental visava à garantia da
formação de coisa julgada quanto à questão incidente (no curso) do processo, quando
solicitada para a resolução da questão principal, agora não é mais necessária a iniciativa
das partes para que esse efeito seja alcançado.

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos
limites da questão principal expressamente decidida.
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida
expressa e incidentemente no processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no
caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como
questão principal.
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias
ou limitações à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão
prejudicial.

AÇÕES DÚPLICES

Essas ações podem ser compreendidas sob o aspecto material ou processual. As


ações dúplices, sob o aspecto processual, podem ser entendidas como sinônimo de
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pedido contraposto. Exemplo: a demanda feita pelo réu contra o autor na contestação.
Essa interpretação, porém, não é a mais correta, mas é muito utilizada na prática.

As ações dúplices (sob o aspecto material) são ações em que as partes da lide
possuem as mesmas condições no processo. Assim, não se pode falar de demandante e
demandado, pois os dois assumem as duas posições. Isso ocorre pelo simples fato de
essa situação decorrer da pretensão deduzida em juízo. Ou seja, no processo, o bem
atribuído a uma das partes independe da posição processual das partes. Um exemplo de
ações dúplices são as ações de divisórias, as ações de acertamento.

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Exemplo de ação dúplice

Citemos um exemplo de ação dúplice: a divisória de terra particular. Perceba que autor e réu estão em
situação de virtual paridade, em que o indeferimento do alegado pelo autor, independentemente de
reivindicação de tutela pelo réu, irá beneficiar o réu. Os dois duelam por um bem único, em que o réu
está em relação simétrica com o autor. As duas partes podem distinguir-se formalmente pelo fato de que
um é demandado e o outro demandante, mas o julgamento beneficiará um ou outro invariavelmente.

CONCURSO DAS AÇÕES

O concurso de ações (rectius: direitos) ocorre em seu aspecto objetivo de duas


maneiras: no concurso impróprio, em que existe mais de uma prestação
concorrente, que se origina de um mesmo fato gerador; e no concurso próprio, em
que uma pluralidade de causas de pedir autoriza a formulação de um mesmo
pedido.

Quando os direitos são concorrentes o juiz só poderá atender a um deles, assim é


possível o concurso objetivo de pedidos que sejam incompatíveis, mas o atendimento
simultâneo a todos eles é que não será possível.

Inclusive a situação de pretensões subsidiárias é bastante útil ao direito. Seria na


Justiça Trabalhista, o caso de pedido de readmissão de quem foi demitido, ou
subsidiariamente a indenização, mas o segundo somente seria atendido se o primeiro não
pudesse ser contemplado. Mas percebam que o atendimento às duas pretensões seria
inaceitável, pois não seria possível conceder indenização pela demissão de alguém que
tenha sido readmitido. Há entre as pretensões concorrentes uma relação de
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prejudicialidade, em que o atendimento a uma delas prejudica o atendimento à outra.

Quando ocorrer concurso de ações, somente será possível a satisfação de um


dos direitos concorrentes, de maneira que o juiz não poderá proferir decisão que acolha
direitos simultaneamente concorrentes.

Um exemplo de concurso impróprio - mesmo fato gerador para dois pedidos - é o


de contrato que se torna demasiadamente oneroso, por motivo imprevisível, e o autor
pede invalidação do contrato ou redução do valor das prestações.

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Exemplo de concurso próprio - pluralidade de causas de pedir para um mesmo


pedido - temos o consagrado exemplo de Candido Dinamarco, em que um passageiro
sofre lesão no transporte ferroviário, passando a ter o direito de indenização por culpa do
funcionário da empresa de transporte, ou, de modo objetivo, da empresa que deveria ter
lhe garantido uma condução segura.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

Pressupostos processuais são elementos, requisitos necessários para a


existência e desenvolvimento do processo. “Pressupostos processuais são todos os
elementos de existência, os requisitos de validade e as condições de eficácia do
procedimento, aspecto formal do processo, que é ato-complexo de formação sucessiva.”
(Didier Jr., 2010, pág. 230)

PRESSUPOSTOS DA EXISTÊNCIA
Pressupostos é tudo que precede a formação do ato e que é essencial para a sua
existência no mundo jurídico. Didier menciona que o processo pode ser analisado sob o
aspecto interno e externo. Do ponto de vista interno, o processo é uma relação jurídica;
do externo, é considerado um procedimento.

Pressupostos da existência subjetivos e objetivos: são essenciais à formação


da relação jurídica processual; a ausência dos pressupostos importa na inexistência da
relação processual. Para que ocorra a relação jurídica deve existir a coexistência dos
elementos subjetivos (sujeitos) e objetivos (fato jurídico e objeto) do processo.

a) Subjetivos: as partes e o Estado-juiz são os sujeitos processuais principais


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da relação jurídica.

Obs.: Capacidade processual: é a aptidão, daqueles que têm capacidade civil, de assumir
uma situação jurídica processual como demandante ou como demandado numa relação
processual. As pessoas naturais, jurídicas e os entes despersonalizados são dotados de
capacidade processual.

Obs.: Para a existência do ato é necessário que o órgão esteja investido de jurisdição.

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b) Objetivos: são dois: o fato jurídico e o objeto. O fato jurídico é responsável


por instalar a relação jurídica – ato postulatório –, enquanto o objeto é a prestação
jurisdicional solicitada pelo ato inaugural, ou seja, pelo fato jurídico. O objeto é sinônimo
de demanda.

REQUISITOS DE VALIDADE

Uma vez preenchidos os pressupostos processuais, a relação jurídica processual


passa a existir e torna-se possível analisar a validade da relação jurídica processual. Os
requisitos de validade também são classificados em subjetivos e objetivos. Eles são os
elementos relacionados ao desenvolvimento regular do processo, como os sujeitos e as
formalidades.

a) Subjetivos: em relação às partes, o que é analisado é à capacidade de agir


em juízo (autor ou réu), realizando atos processuais de forma autônoma, sem o apoio de
assistente ou representante legal (capacidade processual), ou, por pessoas indicadas
pela lei, como no caso do administrador de condomínio.

As pessoas jurídicas também têm capacidade de agir, a qual é atribuída a um


órgão que a representará em juízo. Outros requisitos subjetivos são a competência e a
imparcialidade, ambos ligados à figura do juiz.

b) Objetivos: dividem-se em requisitos intrínsecos e requisitos extrínsecos


(negativos). Os intrínsecos relacionam-se ao próprio processo, ao formalismo processual,
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aos vários atos a serem praticados no desenvolver da relação jurídica, aos deveres e
faculdades das partes, à coordenação de suas atividades, como a comunicação dos atos
processuais.

Os extrínsecos são condições que estão fora do processo, mas que têm o poder
de impedir o seu normal prosseguimento, subordinando sua validade e a eficácia da sua
constituição, bem como sua extinção. Assim, em principio são vícios insanáveis, que
extinguem o processo. Podem ser citados como exemplos: a litispendência, a coisa
julgada, a perempção e a convenção de arbitragem.

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Quando um dos requisitos não é preenchido na sua integralidade, a


princípio, não será invalidado, pois é permitido que se anule somente o ato
processual defeituoso. Como o processo é composto por uma sucessão de atos é
possível que o ato inicial esteja válido e que não seja admitido o procedimento. Isso
porque só comprometerão o procedimento os fatos relacionados à demanda
originária, como os relacionados às partes. Além disso, é necessário que o defeito
não permita que o objeto da lide seja apreciado, o que só ocorre dentro da cadeia de
atos do procedimento processual.

Quando o ato processual defeituoso não impede a apreciação do mérito


poderá ocorrer uma das três consequências: não será considerado um requisito de
validade do processo; será um requisito de validade do ato, considerado de modo
isolado ou poderá ser requisito de validade de um procedimento incidental ou
recursal.

Dúvida: Professor, pode mencionar qual é a diferença entre ausência de


pressupostos processuais e ausência de condições da ação?

Ótima pergunta, porque a despeito de serem coisas distintas, conceitualmente há


similaridade entre os institutos.

Didaticamente, entenda-os de forma distinta. As condições da ação são


verificadas pelo órgão judicial ao analisar se deve ou não as admitir no processo. Sem as
condições da ação, o autor será carecedor. As condições são requisitos necessários
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para o direito de ação. Se presentes, o autor terá seu direito de ação assegurado.

Os pressupostos processuais englobam elementos indispensáveis à


existência do processo e requisitos de validade do processo. O vício do primeiro
(existência) leva a que o processo seja considerado inexistente e o vício do segundo
(validade), a que o processo seja considerado nulo.

Somente se preenchidos, nessa ordem, os pressupostos processuais e as


condições da ação é que o órgão deverá julgar o mérito. Os pressupostos processuais

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permeiam todo o CPC. Ex.: julgamento por indivíduo que não esteja investido de
jurisdição - nessa situação, não há julgamento de mérito e o ato praticado é inexistente.

Conceito de Competência: é a fração delegada de jurisdição a um órgão ou conjunto de


órgãos.

- A competência pode ser:

1) Relativa: Em regra: critérios em razão do valor da causa ou territorial.

2) Absoluta: Em regra: critérios em razão da matéria ou funcional.

- Para que seja fixada a competência far-se-á necessária a verificação a quem incumbe
julgar o processo: a autoridade nacional ou internacional.

- As disposições dos arts. 21 e 22 do CPC/2015 referem-se a competência concorrente,


pois a ação poderá ser ajuizada tanto no Brasil como no exterior. Já o art. 23 traz a
competência exclusiva, casos em que a ação somente poderá ser ajuizada no Brasil.

- Em matéria civil, a Justiça Comum é caracterizada pela bipartição: Justiça Comum


Federal e Justiça Comum Estadual.

- A Justiça Comum Federal compete: julgar as causas relativas à União, empresa pública
federal, autarquia federal e, de modo extensivo, fundações públicas federais.
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- Lembrem-se: a Justiça Federal não poderá julgar nem processar as causas que
envolvam sociedade de economia mista, salvo se a União intervier na causa. (Súmula 42
do STJ e 517 do STF)

- A competência da Justiça Comum Estadual é residual.

Critérios para a fixação da competência:

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- Incompetência relativa: preliminar de contestação. Não se admite o reconhecimento de


ofício.

- Incompetência absoluta: preliminar da contestação. Apresenta caráter dilatório. No


reconhecimento os autos são remetidos ao Juízo competente, com a invalidação dos atos
decisórios.

- A ação é o ato jurídico que se chama demanda.

- A demanda é o nome processual dado à relação jurídica substancial quando posta à


apreciação do poder judiciário.

- Elementos da ação 08952182677

- São condições para o julgamento: a legitimidade ad causam, o interesse de agir


(implicitamente a possibilidade jurídica do pedido).

- O processo civil brasileiro adotou uma visão eclética sobre o direito da ação: é a
garantia do julgamento do mérito da causa.

Teoria imanentista: a ação é imanente ao direito, ou seja, a todo direito


corresponde uma ação, que o assegura.

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Teoria Concreta da Ação: a ação só existe quando existir o direito material;


direito potestativo: a ação é direito autônomo e concreto, porém se dirige contra
o adversário, não contra o Estado.

Teoria Abstrata: a ação não tem relação alguma de dependência com o


direito material controvertido.

Teoria Eclética: a ação é o direito público subjetivo a um pronunciamento


sobre a situação jurídica controvertida deduzida no processo; para surgir tal
direito, devem estar presentes as denominadas condições da ação.

QUESTÕES DA AULA

01. (TRT 8ª Região/Adaptada) A respeito das modificações de competência, considere:


I. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.
II. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade entre as partes e a causa
de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
III. A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.
IV. A competência, relativa ou absoluta, poderá modificar-se pela conexão ou continência.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) II e IV.
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d) III e IV.
e) I e II.

02. (TCE RO/Adaptada) Em matéria de competência, considere:


I. A ação fundada em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, na situação da coisa.
II. Se autor e réu residirem fora do Brasil, a ação fundada em direito pessoal deverá ser proposta
necessariamente no foro do Distrito Federal.
III. Ação fundada em direito pessoal será proposta, em regra, no foro do domicílio do réu.
IV. A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem
competência absoluta.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e II.

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b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

03. (BACEN/Adaptada) Julgue certo ou errado: argui-se em preliminar de contestação a incompetência


relativa ou absoluta.

04. (BACEN/Adaptada) Ocorrendo conflito negativo de competência, para as medidas urgentes


a) será competente o Juiz que houver sido designado na distribuição.
b) será competente apenas o relator, que as decidirá monocraticamente.
c) será competente o Juiz suscitante.
d) poderá o relator designar um dos Juízes para decidi-las.
e) será competente, alternadamente, o Juiz suscitante e o suscitado.

05. (PGE SE/Adaptada) A competência determinada pela localização do imóvel, nas ações fundadas
em direito real, será
a) O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre
direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra
nova.
b) relativa, sempre concorrente entre o foro do local do imóvel e o do domicílio do réu.
c) absoluta, porém sempre poderão ser ajuizadas no foro de eleição contratado.
d) sempre relativa, mas não admite eleição de foro no contrato.
e) concorrente entre o foro do local do imóvel e o do domicílio do autor.

06. (TRE SP/Adaptada) Com relação à modificação da competência, é certo que


a) dá-se a continência entre duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.
b) a competência relativa não poderá modificar-se pela conexão ou continência.
c) a competência em razão da matéria e da hierarquia é derrogável por convenção das partes.
d) a competência em razão do valor e do território é sempre inderrogável por convenção das partes.
e) A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por
convenção das partes.

07. (Metrô SP/Adaptada) De acordo com o Código de Processo Civil brasileiro, é competente o foro do
lugar do ato ou fato para ação em que for 08952182677

a) réu o ausente.
b) ré a pessoa jurídica.
c) ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica.
d) objeto o reconhecimento ou a dissolução da união estável
e) réu o administrador ou gestor de negócios alheios.

08. (DPU/Adaptada) Julgue o item a seguir, acerca do direito processual civil internacional.
A competência jurisdicional brasileira somente incide sobre indivíduo estrangeiro se este residir no
Brasil durante mais de quinze anos ininterruptos.

09. (STJ Analista Judiciário/Adaptada) No que concerne às regras de fixação da competência, julgue o
item subsequente.

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A competência é fixada no instante em que a petição inicial é registrada ou distribuída, não


importando as alterações de fato ou de direito supervenientes, salvo supressão do órgão judiciário ou
alteração da competência absoluta.

10. (AGU/Adaptada) Rodolfo, maior de idade, casado, comerciante, ajuizou pelo rito ordinário, em uma
das varas federais de Brasília, ação de indenização por ato ilícito em face da União, que foi citada
pessoalmente. Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir:
Ainda que Rodolfo passe a residir em outra localidade, por motivo de trabalho, a competência do juízo
não será alterada.

11. (DPF/Adaptada) Considere que A proponha contra B ação para reparação de dano causado em
acidente de veículo ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Em face dessa consideração, julgue o item a
seguir, relativo à competência.
As partes podem, desde que estejam de comum acordo, estabelecer o foro competente para a causa,
elegendo, por exemplo, o juízo da 1.ª Vara Cível para processar o feito, sendo previsto no Código de
Processo Civil o foro de eleição quando se tratar de competência territorial.

Enunciado das questões 12 a 15:


Competência é o poder que tem um órgão jurisdicional de fazer atuar a jurisdição diante de um caso
concreto. Decorre esse poder de uma delimitação prévia, constitucional e legal, estabelecida segundo
critérios de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão de serviço. A exigência dessa
distribuição decorre da evidente impossibilidade de um juiz único decidir toda a massa de lides
existentes no Universo e, também, da necessidade de que as lides sejam decididas pelo órgão
jurisdicional adequado, mas apto a melhor resolvê-Ias (Vicente Greco Filho). Julgue os itens abaixo:

12. (Inédita) É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. Se a
União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do
ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.

13. (Inédita) A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis
serão propostas, em regra, no foro do domicílio do autor.

14. (Inédita) Compete ao STJ dirimir conflito de competência verificado, em determinada região, entre
juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal.
08952182677

15. (Inédita) O Tribunal Regional Federal julgará as causas em que sociedade economia mista for
parte.

16. (DPU/Adaptada) É absoluta a competência de órgãos judiciários brasileiros em ação relativa a


imóvel situado no Brasil.

17. (TRE AM/Adaptada) Considere as seguintes assertivas a respeito das modificações da


competência:
I. A competência em razão da matéria poderá modificar-se pela conexão.
II. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto as partes e à causa
de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
III. A competência em razão da hierarquia é inderrogável por convenção das partes.
De acordo com o Código de Processo Civil, está correto o que se afirma APENAS em

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a) II.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) I.

18. (TRT 3ª Região/Adaptada) A respeito das modificações da competência, considere:


I. As partes podem modificar a competência em razão da matéria, elegendo o foro onde serão
propostas as ações oriundas de direitos e obrigações contratuais
II. O foro contratual não obriga os herdeiros e sucessores das partes.
III. Havendo conexão ou continência, o juiz pode ordenar a reunião de ações propostas em separado,
a fim de que sejam decididas simultaneamente.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e II.
b) I e III.
c) II.
d) II e III.
e) III.

19. (TRT 3ª Região/Adaptada) A respeito das modificações da competência, é correto afirmar:


a) O juiz da ação principal não é competente para a ação declaratória incidente.
b) Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, será
competente para ambas o juízo em que tramitar a ação de maior valor.
c) A competência em razão do valor poderá modificar-se pela conexão ou continência.
d) A competência em razão da matéria pode ser modificada por convenção das partes, devendo
constar de contrato escrito.
e) O foro contratual tem validade exclusivamente entre as partes, não obrigando seus herdeiros ou
sucessores.

20. (TRE BA/Adaptada) Acerca da competência jurisdicional, julgue os próximos itens.


O Supremo Tribunal Federal como representante máximo do Poder Judiciário nacional é o tribunal
competente para a concessão de exequatur às cartas rogatórias oriundas de países com os quais o
Brasil possua relações diplomáticas.

21. (TJ MS/Adptada) Em relação à competência, é correto afirmar:


08952182677

a) achando-se o imóvel situado em mais de um Estado ou Comarca, o foro será determinado pela
prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel.
b) em regra, não se dever arguir a incompetência relativa como preliminar em contestação.
c) o juiz da causa principal é o competente para a ação declaratória incidente, mas não o é para a ação
de garantia e outras que digam respeito ao terceiro interveniente.

22. (TRT PR/Adaptada) A respeito da competência, é INCORRETO afirmar:


a) Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, pode o autor optar pelo foro de eleição quando o
litígio versar sobre posse.
b) Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação fundada em direito pessoal será
proposta no domicílio do autor.
c) Para a ação em que se pedem alimentos, é competente o foro do domicílio ou residência do
alimentando.

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d) Para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos, é competente o foro do domicílio do


devedor.
e) Para a ação em que for ré a sociedade que carece de personalidade jurídica, é competente o foro do
lugar onde exerce a sua atividade principal.

23. (TRE PB 2007) Sobre competência, considere:


I. Dá-se continência quando o objeto ou a causa de pedir de duas ou mais ações lhes for comum.
II. Em regra, o foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para as ações em que
o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
III. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial,
considera-se prevento aquele onde houve a primeira citação válida.
IV. A competência em razão da matéria é inderrogável por convenção das partes.
De acordo com o Código de Processo Civil é correto o que consta APENAS em:
a) II e III.
b) II e IV.
c) I, II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

24. (TRT 3ª Região/Adaptada) A respeito das modificações da competência, é correto afirmar:


a) Reputam-se conexas duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de
pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
b) Dar-se-á a continência entre duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de
pedir.
c) O foro contratual ou de eleição é restrito às partes contratantes, não obrigando os herdeiros ou
sucessores destas.
d) A competência em razão do valor e do território pode ser modificada pelas partes, elegendo foro
onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações.
e) A competência em razão da matéria e da hierarquia poderá modificar-se pela conexão e pela
continência.

25. (TJ SE/Adaptada) As partes podem modificar a competência em razão


a) da hierarquia e do território.
b) do valor e do território.
c) do valor e da hierarquia. 08952182677

d) da hierarquia, apenas.
e) do território, apenas.

No que concerne à competência no processo civil, julgue os itens que se seguem.


26. (CNJ/Adaptada) Julgue certo ou errado: As partes poderão eleger, em contrato escrito, o foro em
que serão dirimidas controvérsias a respeito de negócio jurídico que celebrarem, derrogando
competência fixada pela lei em razão do território.

27. (MPU/Adaptada) A continência é uma das causas para a modificação de competência.

28. (MPU/Adaptada) A competência territorial aproxima o Estado-juiz dos fatos relacionados à


pretensão manifestada pelo autor, devendo-se, contudo, observar os foros especiais.

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29. (TRT Campinas/Adpatada) Jair, domiciliado em Campinas, ajuizou ação divisória contra Sebastião,
domiciliado em Jundiaí, postulando a partilha de bem imóvel situado em Itapira, que foi alienado, em
parte, de Sebastião para Jair, os quais passaram a ser condôminos. Na petição inicial, anexou
matrícula atualizada e o contrato celebrado entre as partes, no qual se pactuou cláusula de eleição do
foro de Vinhedo. A ação foi proposta em Vinhedo e Sebastião apresentou exceção de incompetência
postulando a remessa dos autos a Jundiaí. Está com a razão
a) nenhum dos dois, pois, nas ações fundadas em direito real sobre imóvel, em regra é competente o
foro da situação do bem, podendo o autor, como exceção, optar pelo foro eleito, mas não na situação
descrita.
b) nenhum dos dois, pois, nas ações fundadas em direito real sobre imóvel, é competente o foro do
domicílio do autor.
c) Sebastião, tendo em vista a regra geral de que as ações devem ser propostas no foro do domicílio
do réu.
d) Jair, pois, embora as ações fundadas em direito real sobre imóvel devam ser propostas no foro da
situação do bem, como regra, pode o autor, como exceção, optar pelo foro eleito, o que se dá na
situação descrita.
e) nenhum dos dois, pois, nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, é sempre competente o
foro da situação do bem, sendo nula, nesta hipótese, a cláusula de eleição de foro.

30. (TJRJ/Adaptada) Sobre a incompetência absoluta, é correto afirmar que:


a) se trata de vício passível de conhecimento ex officio pelo próprio órgão jurisdicional, conservando-
se os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso,
pelo juízo competente, salvo decisão judicial em sentido contrário;
b) se trata de vício cujo reconhecimento depende exclusivamente da arguição pela parte ré, sob a
forma de exceção de incompetência;
c) se trata de vício cujo reconhecimento depende exclusivamente da arguição pela parte ré, sob a
forma de preliminar em contestação;
d) se trata de vício passível de conhecimento ex officio pelo próprio órgão jurisdicional, não podendo
ser validados os atos decisórios praticados;
e) se trata de vício que decorre, em regra, da violação ao critério territorial de fixação da competência.

31. (AL PB) Em relação à ação, é correto afirmar que


a) se considera ter sido ela proposta a partir do momento em que o réu é citado.
b) o juiz deve extinguir o processo, com resolução do mérito, quando não concorrer qualquer de suas
condições. 08952182677

c) há litispendência, quando se repete a ação que está em curso, com mesmas partes, pedido e causa
de pedir.
d) se a inicial contiver irregularidades formais, deve o processo ser imediatamente extinto, sem
resolução do mérito.
e) a legitimidade para agir diz respeito à utilidade e necessidade da ação a ser proposta.

32. (TRT PE /Adaptada) São condições da ação:


a) citação do réu, possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir.
b) competência do juiz, interesse de agir e legitimidade das partes.
c) interesse de agir e legitimidade das partes.
d) pagamento das custas iniciais do processo, achar-se a parte representada por advogado e
competência do juiz.
e) não achar-se prescrita a pretensão, existência do direito pleiteado e legitimidade das partes.

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33. (TRE PR /Adaptada) São condições da ação:


a) capacidade postulatória, legitimidade das partes e interesse processual.
b) competência do juiz, inocorrência da prescrição e não terem as partes celebrado convenção de
arbitragem.
c) interesse de agir, inocorrência da prescrição ou de decadência e capacidade de ser parte.
d) Legitimidade das partes e interesse processual.
e) possibilidade jurídica do pedido, não se achar perempta a ação e citação válida do réu.

34. (TJ RJ) Se alguma das condições da ação não for atendida, o processo
a) é nulo, não havendo formação de coisa julgada de nenhuma espécie.
b) será julgado com resolução do mérito, formando coisa julgada material.
c) será julgado com resolução do mérito, acarretando coisa julgada formal.
d) será julgado extinto sem resolução do mérito, formando coisa julgada material.
e) será julgado extinto sem resolução do mérito, acarretando coisa julgada formal.

35. (TRT 1ª Região) O réu de ação de cobrança alegou que não era devedor, pois não tinha com o
autor relação de cunho negocial capaz de justificar a demanda. Ao analisar a defesa, o juiz afastou a
preliminar sob o argumento de que, conforme narrativa do autor, era possível entender que o réu
fosse, em tese, devedor. Além disso, o juiz considerou que o exame detido do tema demandava
dilação probatória e que, portanto, seria atinente ao mérito.
Com base na situação descrita, é correto afirmar que o juiz aplicou a teoria
a) abstrata da ação.
b) do direito potestativo de agir.
c) concreta da ação.
d) imanentista.
e) da asserção.

36. (TRT 3ª Região) Considera-se proposta a ação quando


a) o réu for validamente citado.
b) o juiz ordenar, por despacho, a citação do réu.
c) ocorrer a citação do réu, ainda que inválida.
d) a petição inicial for despachada pelo juiz ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma
vara.
e) o réu contestar a ação ou deixar de fazê-lo no prazo legal.
08952182677

37. (TRT 5ª Região) Acerca da jurisdição, da ação, das partes e procuradores, do litisconsórcio e da
assistência, julgue o item seguinte.
Segundo os postulados da teoria eclética (Liebmam), adotada pelo CPC brasileiro, o direito de ação
não está vinculado a uma sentença favorável, mas também não está completamente independente do
direito material.

38. (TRT 23ª Região) É totalmente correto afirmar que o direito de ação é um direito
a) subjetivo, privado, autônomo e concreto.
b) subjetivo, público, autônomo e abstrato.
c) objetivo, público e vinculado ao resultado do processo.
d) objetivo, privado e vinculado ao resultado do processo.

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39. (TRT 7ª Região/Adaptada) No que concerne à jurisdição e à ação, é INCORRETO afirmar:


a) ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.
b) o interesse do autor pode limitar-se à declaração da existência ou da inexistência de relação
jurídica.
c) ocorrendo violação do direito não é admissível a ação declaratória.
d) para propor ou contestar a ação é necessário ter legitimidade e interesse.
e) nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos
casos e forma legais.

40. (TRT 5ª Região) Acerca da jurisdição, da ação, das partes e procuradores, julgue o item seguinte.
Para propor determinada ação judicial, é necessário que a parte autora detenha legitimidade e
interesse de agir e que o pedido deduzido seja juridicamente possível.

41. (TRE ES) No que concerne a competência e condições da ação, julgue os itens que se subseguem.
Se, no curso do processo, o juiz verificar a ausência de uma das condições da ação, o processo
deverá ser suspenso.

QUESTÕES COMENTADAS

01. (TRT 8ª Região/Adaptada) A respeito das modificações de competência, considere:

I. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.

II. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade entre as partes e a causa
de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

III. A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.

IV. A competência, relativa ou absoluta, poderá modificar-se pela conexão ou continência.

Está correto o que se afirma APENAS em 08952182677

a) I, II e III.

b) I, III e IV.

c) II e IV.

d) III e IV.

e) I e II.

COMENTÁRIOS:

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Os itens I a III estão corretos. O item IV está incorreto, pois de acordo com o art.
54 do CPC/2015 a competência relativa é que pode modificar-se pela conexão ou
continência.

Gabarito: A

02. (TCE RO/Adaptada) Em matéria de competência, considere:

I. A ação fundada em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, na situação da coisa.

II. Se autor e réu residirem fora do Brasil, a ação fundada em direito pessoal deverá ser proposta
necessariamente no foro do Distrito Federal.

III. Ação fundada em direito pessoal será proposta, em regra, no foro do domicílio do réu.

IV. A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem
competência absoluta.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I e II.

b) I e III.

c) II e III.

d) II e IV.

e) III e IV.

COMENTÁRIOS: 08952182677

Item I. Contém erro. CPC/2015: Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou
em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do
réu.

Item II. Contém erro. Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil,
a ação fundada em direito pessoal será proposta no foro de domicílio do autor, e, se
este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro (§ 3º, art.
46).

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O item III está correto: Regra geral a ação fundada em direito pessoal e a ação
fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas no foro do domicílio do réu.

O item IV também está correto. Previsão do §2º do art.47:

Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o
foro de situação da coisa. [...]

§ 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da


coisa, cujo juízo tem competência absoluta.

Gabarito: E

03. (BACEN/Adaptada) Julgue certo ou errado: argui-se em preliminar de contestação a incompetência


relativa ou absoluta.

COMENTÁRIOS:

Conforme CPC/2015: Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada


como questão preliminar de contestação.

Gabarito: Certo

04. (BACEN/Adaptada) Ocorrendo conflito negativo de competência, para as medidas urgentes


08952182677

a) será competente o Juiz que houver sido designado na distribuição.

b) será competente apenas o relator, que as decidirá monocraticamente.

c) será competente o Juiz suscitante.

d) poderá o relator designar um dos Juízes para decidi-las.

e) será competente, alternadamente, o Juiz suscitante e o suscitado.

COMENTÁRIOS:

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O relator, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, poderá


determinar, quando o conflito for positivo, seja sobrestado o processo, mas, neste caso,
bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em
caráter provisório, as medidas urgentes.

Gabarito: D

05. (PGE SE/Adaptada) A competência determinada pela localização do imóvel, nas ações fundadas
em direito real, será

a) O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre
direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra
nova.

b) relativa, sempre concorrente entre o foro do local do imóvel e o do domicílio do réu.

c) absoluta, porém sempre poderão ser ajuizadas no foro de eleição contratado.

d) sempre relativa, mas não admite eleição de foro no contrato.

e) concorrente entre o foro do local do imóvel e o do domicílio do autor.

COMENTÁRIOS:

Essa questão cobra o conhecimento do artigo 47 do CPC/2015:

Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o
foro de situação da coisa.

§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição
08952182677

se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e


demarcação de terras e de nunciação de obra nova. (Exato texto da letra “a”. Resposta
à questão)

Percebam que o erro da letra “b” está em considerar que sempre será
concorrente, sendo que o parágrafo primeiro aponta os casos em que não haverá opção
do autor pelo foro do domicílio do réu nem pelo foro de eleição. Este mês mesmo
dispositivo invalida as letras “c”, “d”, “e”.

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§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da


coisa, cujo juízo tem competência absoluta.

Gabarito: A

06. (TRE SP/Adaptada) Com relação à modificação da competência, é certo que

a) dá-se a continência entre duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.

b) a competência relativa não poderá modificar-se pela conexão ou continência.

c) a competência em razão da matéria e da hierarquia é derrogável por convenção das partes.

d) a competência em razão do valor e do território é sempre inderrogável por convenção das partes.

e) A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por


convenção das partes.

COMENTÁRIOS:

Letra “a”. Errada. Este é o conceito de conexão (art. 55 do CPC/2015).

Letra “b”. Errada. É justamente a competência relativa que pode ser modificada
pelo critério da conexão.

Letra “c”. Errada. Em razão da matéria e funcional a competência é, em regra,


absoluta, não sendo sujeita a convenção.

Letra “d”. Errada. Em razão do território e do valor da causa, em regra, são


critérios de competência relativa, sujeitas à convenção das partes.
08952182677

O item “e” está correto. Literalidade do art. 62, CPC/2015: A competência


determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção
das partes.

Gabarito: E

07. (Metrô SP/Adaptada) De acordo com o Código de Processo Civil brasileiro, é competente o foro do
lugar do ato ou fato para ação em que for

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a) réu o ausente.

b) ré a pessoa jurídica.

c) ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica.

d) objeto o reconhecimento ou a dissolução da união estável

e) réu o administrador ou gestor de negócios alheios.

COMENTÁRIOS:

O art. 49 do CPC/2015 invalida a letra “a” ao dispor que ação em que o ausente
for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a
arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
Agora, vamos aproveitar essa questão e fazer uma leitura completa do art. 53:

É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e
reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do
casal; [Invalida a letra “d”]
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem
alimentos;
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; [Invalida letra
“b”]
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica
contraiu; 08952182677

c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou


associação sem personalidade jurídica; [Invalida letra “c”]
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o
cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no
respectivo estatuto;
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano
por ato praticado em razão do ofício;
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;

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b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; [Valida a letra


“e”. Resposta à questão]
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano
sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.
Gabarito: E

08. (DPU/Adaptada) Julgue o item a seguir, acerca do direito processual civil internacional.

A competência jurisdicional brasileira somente incide sobre indivíduo estrangeiro se este residir no
Brasil durante mais de quinze anos ininterruptos.

COMENTÁRIOS:

O CPC/2015 não exige que o estrangeiro esteja residindo há mais de quinze anos
ininterruptos no país para que a competência brasileira incida sobre ele. A banca misturou
as normas de Competência com um dos requisitos de aquisição de nacionalidade
brasileira (Pegadinha...)

Vejamos o art. 21: compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as


ações que:

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;

II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;

III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.

Parágrafo único: Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no


Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
08952182677

Gabarito: Errado

09. (STJ Analista Judiciário/Adaptada) No que concerne às regras de fixação da competência, julgue o
item subsequente.

A competência é fixada no instante em que a petição inicial é registrada ou distribuída, não


importando as alterações de fato ou de direito supervenientes, salvo supressão do órgão judiciário ou
alteração da competência absoluta.

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COMENTÁRIOS:

Observem que a assertiva é idêntica ao texto do art. 43 do CPC/2015.

Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da


petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a
competência absoluta.

Gabarito: Certo

10. (AGU/Adaptada) Rodolfo, maior de idade, casado, comerciante, ajuizou pelo rito ordinário, em uma
das varas federais de Brasília, ação de indenização por ato ilícito em face da União, que foi citada
pessoalmente. Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir:

Ainda que Rodolfo passe a residir em outra localidade, por motivo de trabalho, a competência do juízo
não será alterada.

COMENTÁRIOS:

Para responder essa questão, façamos a leitura do artigo 43 do CPC/2015:

Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição


da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a
competência absoluta.

Na hipótese da questão, a ação já foi proposta, inclusive o réu já fora citado,


08952182677

desse modo, já houve fixação da competência e o juízo já se tornou prevento. A mudança


de residência de Rodolfo não poderá ser invocada para alteração de competência.

Gabarito: Certo

11. (DPF/Adaptada) Considere que A proponha contra B ação para reparação de dano causado em
acidente de veículo ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Em face dessa consideração, julgue o item a
seguir, relativo à competência.

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As partes podem, desde que estejam de comum acordo, estabelecer o foro competente para a causa,
elegendo, por exemplo, o juízo da 1.ª Vara Cível para processar o feito, sendo previsto no Código de
Processo Civil o foro de eleição quando se tratar de competência territorial.

COMENTÁRIOS:

Essa questão é excelente para entender o princípio do Juiz Natural, que é um


dos princípios garantidores da imparcialidade judiciária, por meio dele se invoca o total
respeito às regras de competência.

Está previsto no inciso LIII do art. 5º da CF:

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade


competente

Pelas regras gerais de competência, a escolha do juiz deve ser aleatória. A


proibição de escolha do juízo refere-se a todos, incluindo partes e juízes. Portanto, não
seria possível eleger, como menciona a questão, a 1ª Vara Cível, mas somente eleger o
local, a comarca.

Gabarito: Errado

Enunciado das questões 12 a 15:

Competência é o poder que tem um órgão jurisdicional de fazer atuar a jurisdição diante de um caso
concreto. Decorre esse poder de uma delimitação prévia, constitucional e legal, estabelecida segundo
critérios de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão de serviço. A exigência dessa
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distribuição decorre da evidente impossibilidade de um juiz único decidir toda a massa de lides
existentes no Universo e, também, da necessidade de que as lides sejam decididas pelo órgão
jurisdicional adequado, mas apto a melhor resolvê-Ias (Vicente Greco Filho). Julgue os itens abaixo:

12. (Inédita) É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. Se a
União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do
ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal.

COMENTÁRIOS:

Exato teor do art. 51 do CPC/2015:

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Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja
autora a União.

Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no


foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de
situação da coisa ou no Distrito Federal.

Gabarito: Certo

13. (Inédita) A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis
serão propostas, em regra, no foro do domicílio do autor.

COMENTÁRIOS:

Art. 46 (caput) do CPC/2015. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada


em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do
réu.

Gabarito: Errado

14. (Inédita) Compete ao STJ dirimir conflito de competência verificado, em


determinada região, entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal.

COMENTÁRIOS:

Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado,


08952182677

na respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal
(Súmula 3 ⁄ STJ).

Trata-se de exceção, já que a regra é que o STJ venha a dirimir conflito de


competência entre juiz federal e juiz estadual, conforme alínea “d” do art. 105 da
Constituição:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente: [...]

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d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no


art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes
vinculados a tribunais diversos.

Todavia, é comum que o juiz estadual seja investido de jurisdição federal


(competência federal delegada), já que os juízes federais não se encontram instalados no
mesmo número de comarcas que os estaduais, cuja capilaridade é bem mais extensa.

Nesses casos, em que haja conflito entre juiz federal e estadual investido de
jurisdição federal aplica-se o enunciado nº 3 da Súmula do STJ.

Gabarito: Errado

15. (Inédita) O Tribunal Regional Federal julgará as causas em que sociedade economia mista for
parte.

COMENTÁRIOS:

É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade


de economia mista (Súmula 556, STF).

Gabarito: Errado

16. (DPU/Adaptada) É absoluta a competência de órgãos judiciários brasileiros em ação relativa a


imóvel situado no Brasil.
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COMENTÁRIOS:

A Lei brasileira é protetiva aos bens imóveis situados no País. Percebam que o
art. 23 do CPC/2015 relaciona os casos de competência brasileira exclusiva, em que o
poder jurisdicional estrangeiro não pode ser reconhecido. Entre eles o anunciado na
questão:

Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;

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II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento


particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à


partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira
ou tenha domicílio fora do território nacional.

Gabarito: Certo

17. (TRE AM/Adaptada) Considere as seguintes assertivas a respeito das modificações da


competência:

I. A competência em razão da matéria poderá modificar-se pela conexão.

II. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto as partes e à causa
de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

III. A competência em razão da hierarquia é inderrogável por convenção das partes.

De acordo com o Código de Processo Civil, está correto o que se afirma APENAS em

a) II.

b) I e II.

c) I e III.

d) II e III.
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e) I.

COMENTÁRIOS:

O item I é o único incorreto. A competência, em razão do valor e do território,


poderá modificar-se pela conexão ou continência, e não a competência em razão a
matéria como dispõe o item.

Gabarito: D

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18. (TRT 3ª Região/Adaptada) A respeito das modificações da competência, considere:

I. As partes podem modificar a competência em razão da matéria, elegendo o foro onde serão
propostas as ações oriundas de direitos e obrigações contratuais

II. O foro contratual não obriga os herdeiros e sucessores das partes.

III. Havendo conexão ou continência, o juiz pode ordenar a reunião de ações propostas em separado,
a fim de que sejam decididas simultaneamente.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I e II.

b) I e III.

c) II.

d) II e III.

e) III.

COMENTÁRIOS:

Os itens I e II estão incorretos. Primeiro, a competência em razão da matéria e da


hierarquia é inderrogável por convenção das partes; mas estas (as partes) podem
modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão
propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. Segundo, o foro contratual obriga,
sim, os herdeiros e sucessores das partes, isso é o que diz o §2° do art. 63 do CPC/2015.

Gabarito: E
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19. (TRT 3ª Região/Adaptada) A respeito das modificações da competência, é correto afirmar:

a) O juiz da ação principal não é competente para a ação declaratória incidente.

b) Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, será
competente para ambas o juízo em que tramitar a ação de maior valor.

c) A competência em razão do valor poderá modificar-se pela conexão ou continência.

d) A competência em razão da matéria pode ser modificada por convenção das partes, devendo
constar de contrato escrito.

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e) O foro contratual tem validade exclusivamente entre as partes, não obrigando seus herdeiros ou
sucessores.

COMENTÁRIOS:

Letra “a”. Errada. O juiz da ação principal é competente para a ação declaratória
incidente.

Letra “b”. Errada. Será competente aquele que se tornar prevento, ou seja, o juízo
em que primeiro for registrada ou distribuída a petição inicial.

A letra “c” é a resposta à questão. Está em concordância com o art. 102, CPC: A
competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pela conexão ou
continência.

Letra “d”. Errada. A competência em razão da matéria não se modifica por


convenção das partes.

Letra “e”. Errada. O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores.

Gabarito: C

20. (TRE BA/Adaptada) Acerca da competência jurisdicional, julgue os próximos itens.

O Supremo Tribunal Federal como representante máximo do Poder Judiciário nacional é o tribunal
competente para a concessão de exequatur às cartas rogatórias oriundas de países com os quais o
Brasil possua relações diplomáticas.

COMENTÁRIOS: 08952182677

A competência para conceder o exaquatur é do STJ e não mais da Corte


Suprema.

Art. 105 da CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às


cartas rogatórias; (Incluída pela EC/45, de 2004)

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Gabarito: Errado

21. (TJ MS/Adaptada) Em relação à competência, é correto afirmar:

a) achando-se o imóvel situado em mais de um Estado ou Comarca, o foro será determinado pela
prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel.

b) em regra, não se dever arguir a incompetência relativa como preliminar em contestação.

c) o juiz da causa principal é o competente para a ação declaratória incidente, mas não o é para a ação
de garantia e outras que digam respeito ao terceiro interveniente.

COMENTÁRIOS:

Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou


subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a
totalidade do imóvel.

Gabarito: A

22. (TRT PR/Adaptada) A respeito da competência, é INCORRETO afirmar:

a) Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, pode o autor optar pelo foro de eleição quando o
litígio versar sobre posse.

b) Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação fundada em direito pessoal será
proposta no domicílio do autor.
08952182677

c) Para a ação em que se pedem alimentos, é competente o foro do domicílio ou residência do


alimentando.

d) Para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos, é competente o foro do domicílio do


devedor.

e) Para a ação em que for ré a sociedade que carece de personalidade jurídica, é competente o foro do
lugar onde exerce a sua atividade principal.

COMENTÁRIOS:

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O art. 47 do CPC/2015 dispõe que nas ações fundadas em direito real sobre
imóveis é competente o foro da situação da coisa. No entanto, pode o autor optar pelo
foro do domicílio do réu ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade,
vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova. Além
disso, o parágrafo 2º deste artigo dispõe que a ação possessória imobiliária será
proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.

A letra “a” é a única que contém erro. Opção a ser marcada.

Gabarito: A

23. (TRE PB) Sobre competência, considere:

I. Dá-se continência quando o objeto ou a causa de pedir de duas ou mais ações lhes for comum.

II. Em regra, o foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para as ações em que
o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
III. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial,
considera-se prevento aquele onde houve a primeira citação válida.

IV. A competência em razão da matéria é inderrogável por convenção das partes.


De acordo com o Código de Processo Civil é correto o que consta APENAS em:

a) II e III.

b) II e IV.

c) I, II e IV.
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d) I, III e IV.

e) II, III e IV.

COMENTÁRIOS:

Observem que o examinador misturou o conteúdo dos arts. 55 e 56 do CPC/2015


no item número I, deixando-o incorreto. O conceito ali expresso é o de conexão, não o de
continência.

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Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações, quando lhes for comum o
pedido ou a causa de pedir.

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais
amplo, abrange o das demais.

O item III também está incorreto, pois o art. 59 do CPC/2015 deixa claro que a
prevenção ocorre no registro ou distribuição da inicial.

Vale mencionar que o art. 48 do CPC/2015 valida o item II:

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente


para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de
última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as
ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é
competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
Gabarito: B

24. (TRT 3ª Região/Adaptada) A respeito das modificações da competência, é correto afirmar:

a) Reputam-se conexas duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de
pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

b) Dar-se-á a continência entre duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de
pedir. 08952182677

c) O foro contratual ou de eleição é restrito às partes contratantes, não obrigando os herdeiros ou


sucessores destas.

d) A competência em razão do valor e do território pode ser modificada pelas partes, elegendo foro
onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações.

e) A competência em razão da matéria e da hierarquia poderá modificar-se pela conexão e pela


continência.

COMENTÁRIOS:

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As letras “a” e “b” trocaram os conceitos legis de conexão e continência. Errados.

Façamos a leitura dos arts. 62 e 63 do CPC/2015:

Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da


função é inderrogável por convenção das partes.

Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do


território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.

§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento


escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.

§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.

§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser


reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do
foro de domicílio do réu.

§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro


na contestação, sob pena de preclusão.

Da leitura desses dispositivos, vimos que a letra “d” é a única correta.

Gabarito: D

25. (TJ SE/Adaptada) As partes podem modificar a competência em razão

a) da hierarquia e do território.
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b) do valor e do território.

c) do valor e da hierarquia.

d) da hierarquia, apenas.

e) do território, apenas.

COMENTÁRIOS:

A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou continência,


observadas as regras próprias (art. 54 do CPC/2015).

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Ademais, art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da


pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes.

É relativa a competência em razão do território, bem como a competência em


razão do valor.

Gabarito: B

No que concerne à competência no processo civil, julgue os itens que se seguem.

26. (CNJ/Adaptada) Julgue certo ou errado: As partes poderão eleger, em contrato escrito, o foro em
que serão dirimidas controvérsias a respeito de negócio jurídico que celebrarem, derrogando
competência fixada pela lei em razão do território.

COMENTÁRIOS:

Quando não arguida a incompetência relativa, há possibilidade de prorrogação


dessa competência, ou seja, fixação no juízo que a princípio seria incompetente. A eleição
de foro é caso de prorrogação voluntária da competência, já que é realizada por acordo
entre as partes.

Em regra, a competência territorial é relativa, sendo derrogável por vontade das


partes; mas há excepcionalmente situações de competência territorial absoluta, pelo
critério territorial-funcional, em que se escolhe o juiz do território mais próximo ou que
possa ter maior efetividade para julgamento da causa.

O enunciado não cobrou a exceção, e sim a regra do art. 63:


08952182677

Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do


território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.

Gabarito: Certo

27. (MPU/Adaptada) A continência é uma das causas para a modificação de competência.

COMENTÁRIOS:

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A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência (art.


54 do CPC/2015)

Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade


quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange
o das demais (art. 56).

Gabarito: Certo

28. (MPU/Adaptada) A competência territorial aproxima o Estado-juiz dos fatos relacionados à


pretensão manifestada pelo autor, devendo-se, contudo, observar os foros especiais.

COMENTÁRIOS:

O legislador e doutrina adotam a concepção de que é possível visualizar-se a


competência funcional quando uma causa é confiada ao juiz de determinado território,
pelo fato de ser a ele mais fácil ou mais eficaz exercer a sua função.

Cria-se, então, uma competência territorial-funcional. Os foros especiais


observam esse critério misto e impõem regras especiais a serem observadas em
prevalência às regras gerais de competência territorial.

Gabarito: Certo

29. (TRT Campinas/Adaptada) Jair, domiciliado em Campinas, ajuizou ação divisória contra Sebastião,
domiciliado em Jundiaí, postulando a partilha de bem imóvel situado em Itapira, que foi alienado, em
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parte, de Sebastião para Jair, os quais passaram a ser condôminos. Na petição inicial, anexou
matrícula atualizada e o contrato celebrado entre as partes, no qual se pactuou cláusula de eleição do
foro de Vinhedo. A ação foi proposta em Vinhedo e Sebastião apresentou exceção de incompetência
postulando a remessa dos autos a Jundiaí. Está com a razão

a) nenhum dos dois, pois, nas ações fundadas em direito real sobre imóvel, em regra é competente o
foro da situação do bem, podendo o autor, como exceção, optar pelo foro eleito, mas não na situação
descrita.

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b) nenhum dos dois, pois, nas ações fundadas em direito real sobre imóvel, é competente o foro do
domicílio do autor.

c) Sebastião, tendo em vista a regra geral de que as ações devem ser propostas no foro do domicílio
do réu.

d) Jair, pois, embora as ações fundadas em direito real sobre imóvel devam ser propostas no foro da
situação do bem, como regra, pode o autor, como exceção, optar pelo foro eleito, o que se dá na
situação descrita.

e) nenhum dos dois, pois, nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, é sempre competente o
foro da situação do bem, sendo nula, nesta hipótese, a cláusula de eleição de foro.

COMENTÁRIOS:

Por versar sobre ação de divisão de terras, o foro deve ser o da situação da coisa,
não podendo o autor optar pelo de domicílio ou eleição.

Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente
o foro da situação da coisa.

§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição, se o
litígio não recair o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e nunciação de obra nova.

§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa,


cujo juízo tem competência absoluta.

Gabarito: A
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30. (TJRJ/Adaptada) Sobre a incompetência absoluta, é correto afirmar que:


a) se trata de vício passível de conhecimento ex officio pelo próprio órgão jurisdicional, conservando-
se os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso,
pelo juízo competente, salvo decisão judicial em sentido contrário;

b) se trata de vício cujo reconhecimento depende exclusivamente da arguição pela parte ré, sob a
forma de exceção de incompetência;

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c) se trata de vício cujo reconhecimento depende exclusivamente da arguição pela parte ré, sob a
forma de preliminar em contestação;

d) se trata de vício passível de conhecimento ex officio pelo próprio órgão jurisdicional, não podendo
ser validados os atos decisórios praticados;

e) se trata de vício que decorre, em regra, da violação ao critério territorial de fixação da competência.

COMENTÁRIOS:

Conforme CPC/2015:

Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão


preliminar de contestação.

§ 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau


de jurisdição e deve ser declarada de ofício.

§ 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a


alegação de incompetência.

§ 3o Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos


ao juízo competente.

§ 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos


de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o
caso, pelo juízo competente.

Em regra, a incompetência absoluta decorre de vício em razão da matéria ou


funcional. Os critérios territorial e do valor da causa definem a competência relativa.
08952182677

Ante o exposto, a letra “a” é a única correta, portanto, a resposta à questão.


Gabarito: A

31. (AL PB) Em relação à ação, é correto afirmar que

a) se considera ter sido ela proposta a partir do momento em que o réu é citado.

b) o juiz deve extinguir o processo, com resolução do mérito, quando não concorrer qualquer de suas
condições.

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c) há litispendência, quando se repete a ação que está em curso, com mesmas partes, pedido e causa
de pedir.

d) se a inicial contiver irregularidades formais, deve o processo ser imediatamente extinto, sem
resolução do mérito.

e) a legitimidade para agir diz respeito à utilidade e necessidade da ação a ser proposta.

COMENTÁRIOS:

Letra “a”: errada. Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial
for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos
mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.

Letra “b”: errada. Trata-se de uma hipótese de extinção do processo sem


resolução de mérito. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] VI - verificar
ausência de legitimidade ou de interesse processual.

Letra “c”: correta. Art. 337. [...] § 3° Há litispendência, quando se repete ação, que
está em curso; §4º Há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por
decisão transitada em julgado.

Letra “d”: errada. Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche
os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a
emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.

Letra “e”: errada. O interesse de agir constitui-se no binômio: adequação,


necessidade. Fala-se em adequação relativamente à opção pelo meio processual que
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possa vir a produzir resultado útil. De modo que, se alguém tem consigo título executivo,
não terá interesse em processo de conhecimento, porque não há pendenga a ser
resolvida. Nesse caso, deve o interessado perseguir a imediata execução do título.

Fala-se em necessidade do provimento judicial quando, somente por meio dele, o


sujeito poderá obter o bem almejado. Uma vez que possa ser alcançado o resultado sem
a prestação judicial, não existirá interesse de agir (exemplo: a cobrança de dívida que
sequer tenha vencido). Não se trata, portanto, de legitimidade, mas de interesse para agir.

Gabarito: C

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32. (TRT PE /Adaptada) São condições da ação:

a) citação do réu, possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir.

b) competência do juiz, interesse de agir e legitimidade das partes.

c) interesse de agir e legitimidade das partes.

d) pagamento das custas iniciais do processo, achar-se a parte representada por advogado e
competência do juiz.

e) não achar-se prescrita a pretensão, existência do direito pleiteado e legitimidade das partes.

COMENTÁRIOS:

A opção que traz a resposta correta é a de letra “c”. São condições da ação:
interesse de agir (ou interesse processual) e legitimidade das partes.

Gabarito: C

33. (TRE PR /Adaptada) São condições da ação:

a) capacidade postulatória, legitimidade das partes e interesse processual.

b) competência do juiz, inocorrência da prescrição e não terem as partes celebrado convenção de


arbitragem.

c) interesse de agir, inocorrência da prescrição ou de decadência e capacidade de ser parte.

d) Legitimidade das partes e interesse processual.


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e) possibilidade jurídica do pedido, não se achar perempta a ação e citação válida do réu.

COMENTÁRIOS:

A opção que traz a resposta correta é a de letra “d”. São condições da ação:
interesse de agir (ou interesse processual) e legitimidade das partes.

Gabarito: D

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34. (TJ RJ) Se alguma das condições da ação não for atendida, o processo

a) é nulo, não havendo formação de coisa julgada de nenhuma espécie.

b) será julgado com resolução do mérito, formando coisa julgada material.

c) será julgado com resolução do mérito, acarretando coisa julgada formal.

d) será julgado extinto sem resolução do mérito, formando coisa julgada material.

e) será julgado extinto sem resolução do mérito, acarretando coisa julgada formal.

COMENTÁRIOS:

Vejam o que dispõe o artigo 485 do CPC:

“Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] VI - verificar ausência de
legitimidade ou de interesse processual”

Portanto, letra "e" tem a resposta à questão.

Gabarito: E

35. (TRT 1ª Região) O réu de ação de cobrança alegou que não era devedor, pois não tinha com o
autor relação de cunho negocial capaz de justificar a demanda. Ao analisar a defesa, o juiz afastou a
preliminar sob o argumento de que, conforme narrativa do autor, era possível entender que o réu
fosse, em tese, devedor. Além disso, o juiz considerou que o exame detido do tema demandava
dilação probatória e que, portanto, seria atinente ao mérito.

Com base na situação descrita, é correto afirmar que o juiz aplicou a teoria
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a) abstrata da ação.

b) do direito potestativo de agir.

c) concreta da ação.

d) imanentista.

e) da asserção.

COMENTÁRIOS:

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Ótima oportunidade de revisão dos conceitos de teorias da ação.

Teoria Abstrata: considera autônomos e independentes direito de ação e direito


material. O direito de ação é aquele abstrato de obter prestação jurisdicional do Estado.

Teoria do direito potestativo de agir (Chiovenda): o sujeito se investe no poder de


adquirir, exercer ou alienar direitos como lhe assegura a lei. Exaure-se a ação por seu
próprio exercício e, como potestativa, a ação pertence sempre ao autor, sendo um direito
seu a ser alienado e usado.

Teoria concreta da ação: o direito de ação pertence ao indivíduo contra o estado


para que obtenha uma sentença favorável e ao mesmo tempo contra a outra parte, que se
submeterá à decisão do Estado.

Teoria imamentista: o direito de ação é o direito material em movimento. Não


existe um direito de ação autônomo, ele é o próprio direito material.

Teoria da Asserção: por essa teoria, se o juiz perceber por uma análise sumária,
com base nos elementos oferecidos pelo próprio autor, a ausência de alguma condição da
ação, deve extinguir o processo sem julgamento de mérito.

O juiz utilizou essa última teoria, uma vez que analisou as condições da ação.

Gabarito: E

36. (TRT 3ª Região) Considera-se proposta a ação quando

a) o réu for validamente citado.


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b) o juiz ordenar, por despacho, a citação do réu.

c) ocorrer a citação do réu, ainda que inválida.

d) a petição inicial for despachada pelo juiz ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma
vara.

e) o réu contestar a ação ou deixar de fazê-lo no prazo legal.

COMENTÁRIOS:

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Para responder a questão vejamos o art. 312, com a seguinte redação:


Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da
ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente
citado.

Gabarito: D

37. (TRT 5ª Região) Acerca da jurisdição, da ação, das partes e procuradores, do litisconsórcio e da
assistência, julgue o item seguinte.

Segundo os postulados da teoria eclética (Liebmam), adotada pelo CPC brasileiro, o direito de ação
não está vinculado a uma sentença favorável, mas também não está completamente independente do
direito material.

COMENTÁRIOS:

Perfeito. A Teoria Eclética, elaborada por Liebman, consiste em uma espécie de


teoria abstrata com elementos adicionais. O direito de ação não depende do direito
material, mas do preenchimento de requisitos formais: condições da ação. O direito de
ação existe quando o autor tem direito a um julgamento de mérito.

Gabarito: Certo

38. (TRT 23ª Região) É totalmente correto afirmar que o direito de ação é um direito

a) subjetivo, privado, autônomo e concreto. 08952182677

b) subjetivo, público, autônomo e abstrato.

c) objetivo, público e vinculado ao resultado do processo.

d) objetivo, privado e vinculado ao resultado do processo.

COMENTÁRIOS:

O direito de ação é subjetivo porque depende de provocação para concretizar-se.


Está relacionado com o princípio da inércia de jurisdição, ou seja, o indivíduo deve
provocar o judiciário para que seu direito torne-se efetivado; 2) É público porque o direito

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de ação é exigido contra o Estado para que a justiça seja prestada; 3) Abstrato porque
independe da razão das partes e do resultado final; 4) O direito de ação é autônomo
porque difere do direito material.

Gabarito: B

39. (TRT 7ª Região/Adaptada) No que concerne à jurisdição e à ação, é INCORRETO afirmar:

a) ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.

b) o interesse do autor pode limitar-se à declaração da existência ou da inexistência de relação


jurídica.

c) ocorrendo violação do direito não é admissível a ação declaratória.

d) para propor ou contestar a ação é necessário ter legitimidade e interesse.

e) nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos
casos e forma legais.

COMENTÁRIOS:

Percebam que o examinador recorreu novamente à redação de artigos do CPC


para elaborar a questão.

O item c está errado porque é admissível a ação declaratória, ainda que tenha
ocorrido a violação do direito (art. 20).

Gabarito: C
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40. (TRT 5ª Região) Acerca da jurisdição, da ação, das partes e procuradores, julgue o item seguinte.

Para propor determinada ação judicial, é necessário que a parte autora detenha legitimidade e
interesse de agir e que o pedido deduzido seja juridicamente possível.

COMENTÁRIOS:

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A possibilidade jurídica do pedido não é condição da ação pela nova sistemática


do CPC, de maneira que, sendo o pedido juridicamente impossível, a ação poderá ser
considerada proposta e, depois, ser julgada improcedente.

Gabarito: Errado

41. (TRE ES) No que concerne a competência e condições da ação, julgue os itens que se subseguem.

Se, no curso do processo, o juiz verificar a ausência de uma das condições da ação, o processo
deverá ser suspenso.

COMENTÁRIOS:

Quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a legitimidade das
partes e o interesse processual, o processo será tido por extinto. Questão, portanto,
errada.

Gabarito: Errado

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01 A 11 Errado 21 A 31 C

02 E 12 Certo 22 A 32 C

03 Certo 13 Errado 23 B 33 D

04 D 14 Errado 24 D 34 E

05 A 15 Errado 25 B 35 E

06 E 16 Certo 26 Certo 36 D

07 E 17 D 27 Certo 37 C

08 Errado 18 E 28 Certo 38 B

09 Certo 19 C 29 A 39 C

10 Certo 20 Errado 30 A 40 Errado

41 Errado

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