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PROCESSO Nº TST-RR-948-65.2012.5.04.

0007

A C Ó R D Ã O
(1ª Turma)
GMWOC/gm/  

RECURSO   DE   REVISTA   INTERPOSTO


ANTERIORMENTE   À   VIGÊNCIA   DA   LEI   Nº
13.015/2014. ADICIONAL   DE
PERICULOSIDADE.   MÉDICO   SOCORRISTA.
EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE. RAIO­
X MÓVEL. TEMA REPETITIVO Nº 10.
O Tribunal Pleno do Tribunal Superior
do Trabalho, nos autos do Proc. IRR-
1325-18.2012.5.04.0013, julgado na
sessão de 1º/08/2019 (Redator:
Ministra Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi), por maioria, firmou as
seguintes teses jurídicas: I - a
Portaria MTE nº 595/2015 e sua nota
explicativa não padecem de
inconstitucionalidade ou ilegalidade;
II - não é devido o adicional de
periculosidade a trabalhador que, sem
operar o equipamento móvel de Raios
X, permaneça, habitual, intermitente
ou eventualmente, nas áreas de seu
uso; III - os efeitos da Portaria nº
595/2015 do Ministério do Trabalho
alcançam as situações anteriores à
data de sua publicação. Desse
entendimento divergiu o Tribunal
Regional.
Recurso   de   revista   parcialmente
conhecido e provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­948­65.2012.5.04.0007,   em   que   é
Recorrente  HOSPITAL CRISTO REDENTOR S.A.  e Recorrido  ANDRÉ RICARDO
D'AVILA.

O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região,


mediante o acórdão às fls. 622-640 negou provimento ao recurso
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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ordinário interposto pelo reclamado e deu provimento parcial ao


recurso ordinário do reclamante para condenar o reclamado ao
pagamento de honorários assistenciais fixados em 15% sobre o valor
bruto da condenação.
Inconformado, o reclamado interpõe recurso de
revista, às fls. 644-678, com amparo no art. 896, a, da CLT.
Admitido o recurso de revista às fls. 682-683, o
reclamante apresentou contrarrazões às fls. 692-700.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, em conformidade com o art. 95, II, do Regimento
Interno do TST.
É o relatório.

V O T O

Satisfeitos os requisitos extrínsecos de


admissibilidade recursal, alusivos à tempestividade (fls. 642 e
644), à representação processual (fl. 150) e ao preparo (fls. 514,
516 e 648), cumpre examinar os pressupostos intrínsecos de cabimento
do recurso de revista.

1.1. AFRONTA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL. UTILIZAÇÃO


DE LAUDO PERICIAL PRODUZIDO EM OUTRO PROCESSO

Eis o teor do acórdão regional, na fração de


interesse:

1.1 NULIDADE DO PROCESSO. AFRONTA AO DEVIDO


PROCESSO LEGAL. UTILIZAÇÃO DE LAUDO PERICIAL
PRODUZIDO EM OUTRO PROCESSO
O reclamado sustenta que é equivocada a decisão que utilizou laudo
pericial produzido em outro processo (nº 01348-2007-003-04-00-6) para
afastar a conclusão daquele elaborado nos presentes autos, merecendo
reforma. Assevera haver violação ao art. 5º, LIV, da Constituição Federal
que prevê a observância do devido processo legal. Sustenta ser nulo o
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processo caso não observadas as garantias constitucionais e regras básicas.


Argumenta que, se é certo que o Juiz não está adstrito ao laudo pericial,
também é certo que, para fazê-lo, deve buscar elementos nos próprios
autos, reportando-se ao art. 436 do CPC.
Analiso.
No presente feito foi realizada perícia por perita Engenheira de
Segurança do Trabalho nomeada neste feito para a avaliação da presença
das condições periculosas nas atividades do autor, resultando na
apresentação do laudo pericial das fls. 209-213.
Como se observa da sentença, a Julgadora de origem, considerando os
fatos indicados no referido laudo pericial, observou que "a situação de fato
vivenciada pelo reclamante permanece a mesma" do laudo juntado às fls.
15-22 produzido no processo nº 01348-2007-003-04-00-6, travado também
entre o reclamante e o Hospital reclamado, tendo constatado que a
divergência nas conclusões dos dois laudos periciais "decorre de
entendimento diverso, pelos peritos, quanto ao enquadramento das
atividades do obreiro" (sublinhei).
Assim, e tendo considerado, ainda, que "é de fácil percepção" a
necessidade de acompanhamento para a realização de exames radiológicos
de pacientes em estado grave pelos médicos socorristas (caso do autor), que
laboram junto à emergência do reclamado, afastou a conclusão do laudo
pericial produzido neste feito (fls. 209-213) quanto à inexistência de
periculosidade. A Magistrada a quo observou que é "desnecessário, para a
caracterização da periculosidade, que o reclamante opere a máquina de
raio-x móvel, bastando que esteja próximo na momento do disparo, fato
este constatado em ambas as perícias", entendendo que, em razão desta
circunstância, "a conclusão inarredável" é o reclamante estava exposto "a
radiações ionizantes provenientes dos disparos de raio-x no seu ambiente
de trabalho", fazendo jus ao pagamento de adicional de periculosidade por
esta condição, com fulcro na Orientação Jurisprudencial nº 345 da SDI-I do
TST.
Nos termos do art. 436 do CPC, o juiz não está adstrito ao laudo
pericial, "podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos
provados nos autos".

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Dessa sorte, não prospera a alegação do Hospital reclamado quanto à


violação do disposto no art. 436 do CPC, porquanto é inequívoco que a
Magistrada a quo atentou para os "fatos provados nos autos" na sua
conclusão. Como visto, no presente caso, a Julgadora de origem apenas
utilizou o laudo pericial produzido em feito anteriormente ajuizado pelo
autor contra o reclamado, no qual analisada situação fática idêntica à ora
examinada, como subsídio técnico para decidir sobre o enquadramento
legal das atividades do autor, sem deixar de atentar para a realidade fática
evidenciada nos presentes autos.
Também não verifico a alegada afronta ao princípio do devido
processo legal (art. 5º, LIV, da Constituição Federal), tendo em vista que
não houve desrespeito às garantias constitucionais quanto ao regular
desenvolvimento do processo, sendo assegurada, em todas as fases do
processo, a ampla defesa, bem como propiciado o contraditório.
Nesses termos, nego provimento ao recurso.

Nas razões do recurso de revista, o reclamado


sustenta a nulidade do acórdão regional decorrente da inobservância
do devido processo legal, ao argumento de que não há como utilizar-
se de laudo pericial produzido em feito diverso, para afastar a
conclusão daquele elaborado nos presentes autos. Afirma que "se é
certo que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, também é certo
que para fazê-lo deve buscar elementos nos próprios autos". Indica
violação dos arts. 5º, LIV, da Constituição Federal, 249, § 2º, e
436 do CPC/1973.
O recurso não alcança conhecimento.
Sinale-se, inicialmente, não há como conhecer do
recurso de revista por violação do art. 249, § 2º, do CPC/1973, à
míngua de pertinência temática do referido dispositivo, uma vez que
não trata sobre cerceamento do direito de defesa.
Na espécie, a Corte Regional afastou a alegação de
cerceamento do direito de defesa, pois concluiu que o laudo
produzido em outra ação, que teve sua cópia acostada aos presentes
autos, retrata melhor as condições de trabalho a que estava

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submetido o reclamante, "sem deixar de atentar para a realidade


fática evidenciada nos presentes autos".
Considerando-se a fundamentação referida, não há
como se concluir pela violação do art. 5º, LIV, da Constituição
Federal, pois a decisão está embasada em laudo pericial produzido em
outro processo, o qual, na avaliação dos julgadores, nos moldes do
art. 436 do CPC, retrata melhor as condições de trabalho do
reclamante, mormente ante o quadro fático delineado pela Corte
Regional de que "a situação de fato vivenciada pelo reclamante
permanece a mesma do laudo juntado às fls. 15-22 produzido no
processo n° OÍ348-2007-003-04-00-6".
Outrossim, o documento que amparou a condenação
foi o laudo pericial produzido em outro processo, no qual o
reclamante e o reclamado figuraram como parte, exercendo as
garantias positivadas no art. 5º, LV, da CF, não havendo nenhum
óbice na sua utilização para fundamentar a condenação.
NÃO CONHEÇO.

1.2. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AJUIZAMENTO DE AÇÃO


ANTERIOR

A Corte Regional, quanto à prescrição, manifestou


o seguinte entendimento, verbis:

1.3 INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO


O reclamado postula que, caso mantida a sentença quanto à
condenação ao pagamento de adicional de periculosidade, seja alterada a
decisão quanto à interrupção da prescrição.
Sem razão.
É assente na jurisprudência pátria que o ajuizamento de reclamatória
trabalhista induz litispendência e interrompe a prescrição.
A este respeito, a Súmula 268 do TST assim preconiza:
"PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA
ARQUIVADA. A ação trabalhista, ainda que arquivada,
interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos
idênticos".
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Assim, não há dúvidas que o ajuizamento da ação nº 01348-2007-


003-04- 00-6, interrompeu o prazo prescricional com relação à pretensão de
pagamento de adicional de periculosidade, sendo que naquela ação, o feito
foi extinto sem julgamento do mérito com relação ao referido pedido (fls.
24- 38 e fls. 40-46v.).
Neste sentido os seguintes precedentes deste Tribunal:
(...)
Quanto ao momento em que ocorre a interrupção da prescrição, é
necessário recorrer ao direito comum, como faculta o art. 8º da CLT, tendo
em vista que a legislação trabalhista é silente a respeito da prescrição.
O Código Civil de 2002, acerca das causas interruptivas da
prescrição, estatui que:
(...)
Na mesma linha, o art. 219 do CPC, in verbis:
(...)
Considerando a sistemática adotada no processo trabalhista, e
presente o disposto nos artigos supra transcritos, o prazo prescricional foi
interrompido com o ajuizamento da reclamatória nº 01348-2007-003-04-
00-6, que ocorreu em 30.11.2007 (fls. 08-53).
Assim, confirmo a sentença que pronunciou a prescrição apenas com
relação às parcelas vencidas e exigíveis anteriores a 30.11.2002, nos termos
do artigo 7º, XXIX, da Constituição Federal.
Nego provimento.

Nas razões do recurso de revista, o reclamado


sustenta a incidência da prescrição à pretensão do reclamante.
Afirma que a ação anteriormente ajuizada foi protocolizada em
30/11/2007 e que a sentença que extinguiu aquela demanda sem
resolução de mérito em relação ao pedido de periculosidade, já que
houve a desistência com relação a este pedido, foi proferida em
05.09.2008 e, relativamente aos pedidos ora renovados, não foi
interposto recurso ordinário, transitando assim em julgado o
processo em relação aos mesmos em setembro de 2008. Assim, aduz que
a presente ação, distribuída em 26/07/2012, encontra-se fulminada
pela prescrição, pois o prazo somente recomeça a fluir a partir do
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último ato processual praticado. Aponta violação dos arts. 7º, XXIX,
da Constituição Federal, 202 do Código Civil e 8º da CLT. Colaciona
aresto.
O recurso não alcança conhecimento.
Na espécie, a Corte Regional afastou a alegação de
prescrição, asseverando que o prazo prescricional foi interrompido
com o ajuizamento da reclamatória nº 01348-2007-003-04-00-6, que
ocorreu em 30.11.2007.
O entendimento da Corte Regional traduz
consonância com a Súmula nº 268 do TST, assim redigida, verbis:

PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA


ARQUIVADA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição
somente em relação aos pedidos idênticos.

Com efeito, a jurisprudência iterativa, notória e


atual desta Corte Superior é firme no sentido de que a propositura
da ação anterior, com identidade de pedidos, interrompe os prazos da
prescrição bienal e quinquenal. Assim, respeitado o biênio
prescricional para o ajuizamento da nova ação, o marco da prescrição
quinquenal será a data de ajuizamento da ação anterior.
Nesse sentido, destacam-se os seguintes
precedentes da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais e
desta 1ª Turma:

[...] PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. MARCO INICIAL.


RECLAMAÇÃO AJUIZADA ANTERIORMENTE E QUE
INTERROMPEU A PRESCRIÇÃO BIENAL. Considerando as
determinações contidas nos arts. 219 do CPC e 202 do Código Civil, é
imperioso concluir que o ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo
que arquivada, interrompe a prescrição bienal e a quinquenal. Aliás, outro
não é o entendimento contido na Súmula 268 desta Corte, mesmo não se
referindo expressamente a ambos os prazos prescricionais. Assim, a
prescrição quinquenal interrompida recomeça a correr da data do ato que a
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interrompeu, razão por que o prazo de que trata o art. 7º, inc. XXIX, da
Constituição da República deve ser reiniciado na data do ajuizamento da
primeira reclamação. Precedentes. Recurso de Embargos de que não se
conhece. (TST-E-RR-64500-03.2005.5.17.0002, Relator Ministro João
Batista Brito Pereira, SBDI-1, DEJT 25/05/2012).
[...] PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. INTERRUPÇÃO DO
PRAZO PRESCRICIONAL PELO AJUIZAMENTO DE DEMANDAS
ANTERIORES COM IDÊNTICO PEDIDO. 1. "A demanda trabalhista,
ainda que arquivada, interrompe a prescrição" (Súmula n.º 268 desta Corte
superior). 2. O ajuizamento de reclamação trabalhista interrompe a
contagem do prazo prescricional no tocante aos pedidos nela formulados,
tanto em relação à prescrição total quanto à parcial. Tal regra também se
aplica, por óbvio, à reclamação ajuizada sucessivamente a outra extinta,
desde que idênticos os pedidos formulados em ambas as ações. 3. Afigura-
se incompatível com a lógica jurídica admitir a interrupção da contagem do
lapso prescricional apenas em relação à prescrição nuclear e,
simultaneamente, o seu prosseguimento quanto à prescrição parcial. Tal
situação renderia ensejo ao paradoxo de admitir que o empregado, mesmo
tendo deduzido sua pretensão no prazo prescricional (considerando a
interrupção ocasionada pela ação anterior), vê-la totalmente fulminada pela
ocorrência da prescrição parcial. 4. Recurso de embargos conhecido e não
provido. (TST-E-RR-642748-46.2000.5.09.5555, Relator Ministro Lelio
Bentes Corrêa, SBDI-1, DEJT 26/02/2010).
EMBARGOS. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.
ARQUIVAMENTO DA PRIMEIRA AÇÃO. PROPOSITURA DE
NOVA AÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL.
MARCO INICIAL. A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a
prescrição, nos termos da Súmula nº 268 do TST. Ou seja, reinicia-se o
cômputo do prazo prescricional. Nota-se que, ali, não se faz nenhuma
distinção entre a prescrição bienal e a quinquenal. Assim, reiniciando o
prazo prescricional bienal a partir do trânsito em julgado da decisão
proferida na primeira ação, a prescrição quinquenal deve ser contada do
primeiro ato de interrupção, isto é, da propositura da primeira reclamação
trabalhista, na forma dos artigos 219, inciso I, do CPC e 202, parágrafo
único, do Código Civil de 2002. Embargos não conhecidos. (TST-E-RR-
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625457-28.2000.5.02.5555, Relator Ministro Vantuil Abdala, SBDI-1,


DEJT 29/10/2009).
RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO.
AJUIZAMENTO DE AÇÃO ANTERIOR. CONTAGEM DO BIÊNIO
E DO QUINQUÊNIO PRESCRICIONAL. Este Tribunal Superior tem
firme entendimento no sentido de que a propositura da ação anterior, com
identidade de pedidos, interrompe os prazos da prescrição bienal e
quinquenal. Assim, respeitado o biênio prescricional para o ajuizamento de
nova ação, o marco da prescrição quinquenal será a data de ajuizamento da
primeira ação. Incidência da Súmula nº 268 deste Tribunal, da qual não
dissentiu o acórdão recorrido. Recurso de revista de que não se conhece.
(TST-RR-1293300-50.2008.5.09.0651, Relator Ministro Walmir Oliveira da
Costa, 1ª Turma, DEJT 23/06/2017).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. AÇÃO AJUIZADA
ANTERIORMENTE. INTERRUPÇÃO. A diretriz cristalizada na
Súmula 268/TST, no sentido de que, -a ação trabalhista, ainda que
arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos
idênticos-, não distingue entre a prescrição bienal e a prescrição
quinquenal. Assim, o ajuizamento anterior de reclamação trabalhista com
identidade de pedidos provoca a interrupção dos prazos prescricionais
bienal e quinquenal, e marca o início da contagem do quinquênio
prescricional. Precedentes. Incidência do art. 896, § 4º, da CLT e aplicação
da Súmula 333/TST. Agravo de instrumento conhecido e não provido.
(TST-AIRR-47800-53.2000.5.05.0133, Relator Ministro Hugo Carlos
Scheuermann, 1ª Turma, DEJT 01/03/2013).
RECURSO DE REVISTA - PRESCRIÇÃO- ARQUIVAMENTO
DE AÇÃO ANTERIOR - PRAZO. A atual jurisprudência desta Corte
consagrou a tese de que o arquivamento de ação anterior com identidade de
pedidos interrompe o prazo da prescrição bienal e da quinquenal. Assim,
uma vez interrompido o lapso prescricional com o ajuizamento da ação
anterior, a contagem do prazo bienal tem início a partir do último ato do
processo primitivo e a prescrição quinquenal atinge as parcelas vencidas há
mais de cinco anos do ajuizamento do processo anterior, e não da
propositura da nova ação trabalhista. Aplicação dos arts. 219, § 1º, do CPC
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e 202, parágrafo único, do Código Civil de 2002. Incide a Súmula nº 268do


TST. Precedentes da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do
Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de revista conhecido e desprovido.
(TST-RR-92200-16.2005.5.09.0021, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira
de Mello Filho, 1ª Turma, DEJT 10/12/2010).

Desse modo, a controvérsia relativa à contagem do


quinquênio prescricional encontra-se superada pela iterativa,
notória e atual jurisprudência desta Corte. Hipótese de incidência
do art. 896, § 7º, da CLT, em ordem a afastar eventual divergência
de teses.
Anote-se, ainda, que os julgamentos desta Corte
Superior pressupõem rigoroso exame da legalidade e
constitucionalidade das normas que regem o sistema justrabalhista,
razão pela qual inviável divisar violação dos arts. 202 do Código
Civil e 8º da CLT.
NÃO CONHEÇO.

1.3. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. MÉDICO


SOCORRISTA. EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE. RAIO-X MÓVEL. TEMA
REPETITIVO Nº 10

Estes são os termos do acórdão recorrido em


relação ao tópico em destaque, verbis:

1.2 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. HONORÁRIOS


PERICIAIS
O reclamado investe contra a sentença que o condenou ao pagamento
de adicional de periculosidade com reflexos. Sustenta que o direito ao
pagamento da parcela só pode ser determinado por lei, e que a Portaria nº
518/2003 do Ministério do Trabalho extrapolou os limites de sua atuação.
Invoca o disposto no art. 193 da CLT e no art. 5º, II, da Constituição
Federal e afirma que o art. 200, VI, da CLT não estabelece o direito ao
pagamento da verba para as atividades com radiações ionizantes. Reporta-
se aos termos da Portaria 3.393/87 e aduz que as radiações ionizantes não
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são fonte causadora de catástrofe quando utilizados dentro dos


procedimentos técnicos preconizados. Alega que, no desempenho das suas
atividades profissionais, o reclamante não opera aparelhos de Raio-X, nem
labora em área de risco (salas de irradiação e de aparelhos de raios-X e de
irradiadores gama, beta ou nêutrons), conforme determina o item 4 do
Quadro Anexo da NR-16 da Portaria 3.214/78 e que o aparelho de Raio-X
móvel, utilizado para a realização de exames, não se refere a operação de
aparelhos de Raios-X e de irradiadores gama, beta ou nêutrons, invocando
os termos da OJ nº 345 da SDI-1 do TST. Argumenta que nos termos do
Anexo 5 da NR 15 da Portaria 3.214/78, o trabalhador exposto a Radiações
Ionizantes enseja o direito ao adicional de Insalubridade em grau máximo
se forem maiores que as permitidas nas normas do CNEN 3.01 (Conselho
Nacional de Energia Nuclear). Aduz que, embora os aparelhos móveis de
Raio-X sejam utilizados eventualmente em algumas das salas do Setor de
Emergência, no momento do disparo do raio, o técnico de radiologia ordena
que os demais profissionais se retirem do local, não sendo atingidos por
nenhuma irradiação. Alega que o autor, como médico, não acompanha a
realização do exame de Raio-X. Refere que o Hospital realiza
monitoramento de todos os técnicos em radiologia, os quais utilizam
dosímetro individual e tais profissionais não laboram em situação de
exposição à radiação ionizante acima dos limites de tolerância
estabelecidos. Invoca a aplicação da Súmula 364 do TST. Busca, ainda, a
reforma da sentença quanto à condenação ao pagamento de honorários
periciais, com a reversão da condenação nos termos do art. 790-B da CLT.
Analiso.
Quanto à sua previsão normativa, observe-se, a guisa de
fundamentação, o quanto disposto no artigo 200, inciso VI, da CLT:
Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições
complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo
em vista as peculiaridades de cada atividade ou setor de
trabalho, especialmente sobre":
(...) VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias
químicas nocivas, radiações ionizantes e não ionizantes (...)
Essas disposições resultaram estabelecidas pela Portaria nº 3.393/87
do MTE, que assegura o pagamento do adicional de periculosidade de que
trata o artigo 193, § 1º, da CLT, para aqueles que, como o demandante,
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trabalhem em contato com radiações ionizantes ou substâncias radioativas.


A supracitada Portaria apenas cumpriu a delegação legislativa outorgada ao
Ministério do Trabalho e contida no art. 200, inciso VI, da CLT, ajustando-
se plenamente ao disposto pelo artigo 193 da CLT, que prevê a aplicação de
regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho no que concerne à
configuração e caracterização da periculosidade.
Desse modo, não se pode alegar ausência de previsão legal para o
deferimento do adicional de periculosidade postulado, cumprindo analisar
os aspectos fáticos delineados no presente feito a fim de verificar o
enquadramento na hipótese legal.
No caso, a perita Engenheira de Segurança do Trabalho realizou
levantamento pericial nas dependências do Hospital reclamado, com a
presença das partes, sendo o reclamado representado por engenheiro de
segurança do trabalho (laudo pericial das fls. 209-213).
A perita registra que o reclamante foi admitido em 17.11.99, na
função de Médico Socorrista (na qual permanecia por ocasião da inspeção)
realizando jornada normal de trabalho de 12 horas de plantão, em até 4
vezes na semana. Refere que a prestação de serviços do autor durante o
contrato laboral foi nas instalações do reclamado, desenvolvendo suas
atividades no setor de emergência de atendimento de politraumatizados.
Relata que, dentre as atividades do reclamante no referido setor, está
o acompanhamento de pacientes em estado grave quando da realização de
exames radiológicos com utilização de Raio-X móvel trazido até a sala
onde estava sendo tratado, ou levando pacientes entubados com
necessidade de ventilação mecânica até a sala para realização de exame de
Raio-X, permanecendo no local.
A expert aponta que, segundo a reclamada, existe um livro para
registro de situações onde é necessário o médico ficar junto do paciente
durante o exame de Raio-X, esclarecendo que o livro de registro foi
adotado a partir de setembro de 2012. A perita refere que o autor, no
entanto, informou não ter conhecimento desse livro, não o tendo utilizado.
Analisando as condições do trabalho prestado pelo autor, a expert
conclui que o reclamante não trabalhou em condições caracterizadas como
periculosas, tendo destacado o seguinte: "O Reclamante, embora em
pequena parcela de sua jornada de trabalho acompanha paciente durante
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o exame radiológico, não operava aparelhos de emissão de raios X, logo


suas atividades não se enquadram no texto legal como periculosas".
A perita observa que "os aparelhos de Raio X utilizados são do tipo
portátil, que não tem fonte radioativa, sendo que a radiação só é gerada,
por diferença de potencial elétrico, no acionamento do aparelho, sendo que
os raios emitidos são de pequena potência e emitidos em feixes colimados,
que não se espalham pelo ambiente, nem refletem nos obstáculos e muito
menos perpassam paredes ou lajes de concreto de pisos", concluindo que
"não havia a possibilidade de risco de ter havido exposição do Autor a
acidentes com radiações ionizantes, nem exposição a doses acima do limite
de tolerância".
O reclamante impugna o laudo pericial (fls. 222v.-224) salientando
que é solitário o entendimento da perita quanto à inexistência de exposição
a radiação ionizante pela utilização de aparelho de Raio-X, reportando-se às
conclusões de laudos oficiais de outros processos, onde são partes colegas
seus que laboram no mesmo setor, onde os peritos verificam condição
periculosa exatamente pela exposição a aparelho de Raio-X móvel.
O reclamado apresenta manifestação sobre o laudo às fls. 253-254,
concordando com a conclusão do laudo, embora sustente que o autor, na
função de médico, não tinha necessidade de acompanhar os pacientes
durante o exame de Raio-X, e que mesmo que admitida tal atividade,
ressalta a eventualidade com que acontecia, nos termos das informações
constantes do laudo.
Não foi produzida prova testemunhal, mas apenas foi tomado o
depoimento pessoal do reclamante (fl. 247), o qual está em consonância
com quanto descrito no laudo acerca das atividades desenvolvidas no
Hospital reclamado.
A teor do que dispõe o art. 436 do CPC, o juiz não está adstrito ao
laudo, sendo que a situação fática delineada sugere que houve equívoco no
enquadramento realizado.
Em que pese a conclusão da perita engenheira quanto à inexistência
de periculosidade, entendo que a descrição das atividades do autor
evidencia que estava exposto habitualmente à radiação ionizante, durante a
sua rotina de trabalho no Hospital reclamado. No caso, ao relatar as
atividades do autor no atendimento de pacientes politraumatizados, a perita
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refere que o procedimento de realização de exames de Raio-X com


aparelhos móveis nos pacientes em estado grave poderia ocorrer "até 2
vezes por plantão", e que o autor poderia ficar na sala no momento do
acionamento. Além disso, a perita identifica que, "até uma vez por
semana", ocorria de o reclamante acompanhar até o sala de Raio-X no
respectivo setor o paciente entubado para realizar ventilação mecânica ,
"ficando no local para continuar a ventilação mecânica, por ambú".
Friso que no laudo há registro de que havia um livro para registrar o
acompanhamento do paciente pelo médico para o exame de Raio-X, e que
foi adotado em 2012, o qual afasta a alegação da reclamada de que o
médico não acompanhava o paciente no momento do procedimento.
No caso, a perita confirma que o autor acompanha o paciente durante
o exame radiológico, ainda que considere que isto ocorre "em pequena
parcela de sua jornada de trabalho". Todavia, entendo que a frequência da
exposição mencionada no laudo (até duas vezes por plantão e uma vez por
semana em relação a pacientes entubados) é suficiente para ensejar o risco à
saúde e o consequente pagamento do adicional de periculosidade.
Deve ser esclarecido que, mesmo na hipótese de prestação
intermitente de labor em área considerada de risco, o empregado faz jus ao
adicional de periculosidade, na medida em que o fato relevante a ser
considerado é a inserção da atividade em exposição à situação de risco na
rotina de trabalho do empregado. Neste sentido é o entendimento constante
na Súmula nº 364 do TST, que reconhece o direito ao adicional de salário
na hipótese de exposição permanente ou intermitente às condições de
periculosidade.
Com efeito, a Portaria nº 3.214/78 estabelece que a exposição a
radiações ionizantes gera periculosidade, definindo as atividades e áreas de
risco, a partir do princípio de que qualquer exposição do trabalhador a
radiações é potencialmente prejudicial à saúde, haja vista o atual estágio de
evolução da tecnologia nuclear não permitir se evite o risco potencial
oriundo dessas atividades. Compara ainda, as radiações ionizantes, no que
tange ao risco de exposição acidental, aos inflamáveis e explosivos
arrolados pelo art. 193 da CLT.
Nos termos do item 4 do Anexo acrescentado pela Portaria nº
3.393/87 à NR-16 da Portaria nº 3.214/78, nas atividades de operação com
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aparelhos de Raios-X, é considerada área de risco a sala de " irradiação e


de operação de aparelhos de Raios-X e de irradiadores gama, beta ou
neutrons". Desse modo, diferentemente do que concluiu a perita, não é
necessário que o empregado opere o aparelho de Raio-X para estar exposto
às radiações ionizantes, mas o fato de permanecer na respectiva sala,
considerada área de risco, implica no reconhecimento do trabalho em
condições periculosas. No caso, como visto, o autor permanecia em área de
risco.
Assinalo que, conforme entendimento cristalizado pela Súmula nº 42
deste Tribunal, o contato com radiações ionizantes gera o direito ao
adicional de periculosidade.
Por fim ressalto que no laudo cuja cópia juntada às fls. 15-22,
produzido no processo nº 01348-2007-003-04-00-6, travado entre as
mesmas partes, onde apontada a mesma situação fática identificada no
presente feito, a conclusão do perito foi no sentido de que as atividades
desempenhadas pelo reclamante são consideradas periculosas nos termos da
Portaria nº 3.393/87 do MTE, tendo sido ressaltado que a avaliação de
exposição às radiações ionizantes é de avaliação qualitativa e não
quantitativa em termos de quantidade ou intensidade de exposição. Assim, é
irretocável a decisão que condenou o reclamado ao pagamento do adicional
de periculosidade.
Mantida a condenação, são devidos os reflexos deferidos na origem,
sendo remuneratória a natureza do adicional de periculosidade.
Ainda, sucumbente o réu no objeto da perícia, deve arcar com os
honorários periciais respectivos, ex vi do art. 790-B da CLT. O valor fixado
na origem (R$ 1.100,00) encontra-se adequado ao trabalho realizado e é
compatível com o habitualmente fixado em demandas análogas por este
Tribunal.
Assim, nego provimento ao recurso do reclamado.

Nas razões do recurso de revista, o hospital


reclamado sustenta que o exercício do trabalho com exposição a
radiações ionizantes juridicamente não caracteriza periculosidade,
nem gera para o trabalhador o direito ao respectivo adicional.
Afirma que o reclamante não executada nenhuma das atividades
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previstas como de risco pela Portaria nº 518/2003 e que não há


previsão legal para o referido enquadramento. Aduz que a exposição
aos raios ionizantes ocorreu "de forma eventual ou habitual por
tempo extremamente reduzido". Indica violação dos arts. 5º, II, e
7º, XXIII, da Constituição Federal; 193, 200, IV, e 818 da CLT; 333,
I, do CPC/1973, além de contrariedade à Súmula nº 364 do TST.
Colaciona arestos.
À análise.
Na espécie, a Corte Regional manteve a condenação
do reclamado ao pagamento do adicional de periculosidade por
entender que o reclamante, na função de médico socorrista, estava
exposto habitualmente à radiação ionizante. Registrou que, dentre as
atividades desempenhadas pelo autor, estava o "acompanhamento de
pacientes em estado grave quando da realização de exames
radiológicos com utilização de Raio-X móvel trazido até a sala onde
estava sendo tratado, ou levando pacientes entubados com necessidade
de ventilação mecânica até a sala para realização de exame de Raio-
X, permanecendo no local".
A Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais do TST, na sessão do dia 1º/8/2019, ao julgar o IRR-
1325-18.2012.5.04.0013, ainda pendente de publicação, fixou as
seguintes teses jurídicas para o Tema Repetitivo nº 10:

I - a Portaria MTE nº 595/2015 e sua nota explicativa não padecem de


inconstitucionalidade ou ilegalidade.
II - não é devido o adicional de periculosidade a trabalhador que, sem
operar o equipamento móvel de Raios X, permaneça, habitual, intermitente
ou eventualmente, nas áreas de seu uso.
III - os efeitos da Portaria nº 595/2015 do Ministério do Trabalho
alcançam as situações anteriores à data de sua publicação;

Diante do quadro fático delineado pela Corte


Regional, no sentido de que o reclamante apenas acompanhava
pacientes quando da realização de exames radiológicos, sem, contudo,
operar o equipamento móvel de Raios X, forçoso reconhecer que a
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Corte Regional findou por contrariar precedente de observância


obrigatória firmado na sistemática de julgamento de recursos de
revista e embargos repetitivos.
Com efeito, os fatos revelados no acórdão regional
autorizam novo enquadramento jurídico – nova subsunção -, que não
encontra óbice na Súmula nº 126 do TST, por prescindível, na
espécie, o revolvimento fático-probatório.
Ante o exposto, CONHEÇO do recurso de revista por
violação do art. 193 da Constituição Federal.

2. MÉRITO

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. MÉDICO SOCORRISTA.


EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE. RAIO-X MÓVEL. TEMA REPETITIVO Nº 10

Conhecido o recurso de revista por violação do


art. 193 da CLT, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para julgar
improcedentes os pedidos formulados na reclamação trabalhista.
Destaque-se que as alterações trazidas pela Lei nº
13.467/17 não estavam vigentes à época da prestação de serviços.
Invertido o ônus da sucumbência na pretensão
objeto da perícia, reverte-se à União o encargo pelos honorários
periciais, por ser o reclamante beneficiário de justiça gratuita,
nos termos da Súmula nº 457 do TST.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal
Superior   do   Trabalho,   por   unanimidade,   conhecer   do   recurso   de
revista   quanto   ao   tema   "Adicional   de   periculosidade.   Exposição   à
radiação   ionizante.   Raio­x   móvel.   Tema   repetitivo   nº   10",   por
violação do art. 193 da CLT, e, no mérito, dar­lhe provimento para
julgar   improcedentes   os   pedidos   formulados   na   reclamação
trabalhista. Invertido o ônus da sucumbência na pretensão objeto da
perícia, reverte-se à União o encargo pelos honorários periciais,
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por ser o reclamante beneficiário de justiça gratuita, nos termos da


Súmula nº 457 do TST. Custas pelo reclamante, isento na forma da
lei. Prejudicada a análise do tema recursal remanescente.
Brasília, 04 de setembro de 2019.

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WALMIR OLIVEIRA DA COSTA
Ministro Relator

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