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Gabriel Galdino – enviar correções ou dicas para gabrielgaldinodm@gmail.com
A Petrologia Ígnea
A petrologia ígnea tem por intuito complementar os conhecimentos adquiridos nas disciplinas
de Geologia Geral e Petrografia, nas quais foram adquiridas técnicas de reconhecimento e
classificação das rochas ígneas, além da compreensão de alguns processos. Nesse sentindo a
petrologia busca dar condições de se aprender mais sobre processos que podem ter levado à
formação dessas rochas, buscando se compreender mais sobre processos tectônicos que
influenciam na formação do magma.
A figura acima apresenta os principais contextos de formação e extrusão de magma, entre eles
podem ser citados:
6 e 7. Hotspots
Cada um desses ambientes possui uma gama de processos que tornam a formação do magma e
extrusão algo muito mais específico. Para isso, primeiramente é necessário conhecer um pouco
da estrutura reológica da Terra, ou seja, da estrutura interna e de seu comportamento material.
Primeiramente é necessário questionar qual o estado físico das camadas da Terra: sabe-se que
o planeta possui diversos níveis de divisão, e apesar das descontinuidades, núcleos interno e
externo, bem como manto, é possível salientar três divisões principais, a Crosta, que
evidentemente encontra-se no estado sólido, o manto e o núcleo.
O manto por sua vez encontra-se também no estado sólido. Uma primeira evidencia de tal fato
é resultante da análise de rochas nas quais pode se encontrar xenólitos, que por sua vez
consistem em “corpos estranhos”, que vêm em estado sólido em meio ao magma e dão indícios
da composição mantélica.
Outro tipo de corpo que ajuda na observação da estrutura do manto são os xenólitos
kimberlíticos, que são formados a partir de magmas alcalinos. Os magmas alcalinos por sua vez
apresentam quantidades muito elevadas de voláteis, o que aumenta a pressão desses magmas
e faz com que esses subam para a superfície em velocidades muito altas e por esse motivo essas
rochas trazem grande quantidade de xenólitos e servem como evidência indireta.
Outro processo consiste na observação das ondas “S”, ou também conhecidas como ondas de
cisalhamento: essas ondas são uma das resultantes do choque de placas que culminam em
sismos, porém, as ondas “S” possuem como característica a propagação de forma cisalhante, e
uma vez que líquidos não oferece resistência a tal comportamento essas ondas não se propagam
no meio. Seguindo o silogismo, se é possível captar a propagação dessas ondas em duas estações
de forma que as ondas passem pelo manto, então ele é sólido.
Um terceiro processo de observação do manto é feito pelo estudo dos Ofiolitos, que por sua vez
consistem em “lascas” do manto superior. Essas lascas podem ser elevadas durante processos
de obducção – processo que ocorre nos limites convergentes concomitante à subducção – e em
alguns casos é preservada toda a estratigrafia da crosta oceânica e de parte do manto.
O núcleo externo por sua vez encontra-se no estado líquido e o núcleo interno no estado sólido.
Vale ressaltar, que apesar do manto estar no estado sólido este é reologicamente de
deformação plástica, e por tal razão não tem exatamente o comportamento de um sólido, como
é o caso da existência das correntes de convecção.
O primeiro passo para se discutir a formação dos magmas já foi introduzido, o qual consiste no
conhecimento do estado físico das camadas da Terra. Agora, é necessário definir o que é o
magma: o magma consiste em rocha fundida, mais especificamente uma semi-fusão silicatada.
O termo semi-fusão refere-se ao fato de existirem partículas sólidas em meio ao melt, como é o
caso dos xenocristais e dos fenocristais, além de outros como os voláteis.
BASÁLTICOS
ANDESÍTICOS
RIOLÍTICOS
No sentido indicado pela seta os magmas tendem a se mostrar mais silicosos – mais ácidos - e
nesse sentido também se mostram mais polimerizados, sendo que a partir dessa característica
outras serão derivadas.
Outro tipo de magma que também poderia constar no esquema são os magmas Komatiíticos,
porém, esses não são formados mais na Terra, isso por razão do processo de diferenciação
magmática. Os magmas komatiíticos são caracterizados como magmas ultrabásicos e com alta
concentração de magnésio; uma vez que as rochas que remontam as características desse
magma são datadas do Arqueano, acredita-se que o planeta já não possua tanta concentração
dos elementos que o compõe para produzir esse magma.
Agora, conhecidos os principais tipos de magma, é necessário pensar em alguns fatores que
podem alterar as condições desses, e além disso, fatores que diferenciem os magmas além da
composição. Entre tais fatores é possível apresentar:
Temperatura
A temperatura de um magma será definida por vários fatores pontuais, mas de forma geral os
magmas básicos serão de temperaturas maiores que os ácidos, isso em função da mineralogia e
de outros fatores como a presença de voláteis. Uma análise geral, considerando-se o magma
como aproximadamente um líquido, percebe-se que a adição de voláteis à mistura diminui
drasticamente a temperatura do mesmo.
Densidade
Viscosidade
Esta variável está relacionada com o grau de polimerização, quanto maior a força das ligações,
mais difícil que essas se desloquem umas sobre as outras, logo em magmas mais polimerizados
– magmas ácidos – a viscosidade também será maior. Vale ressaltar que alguns fatores como a
diminuição de temperatura – que aumenta a quantidade de cristalizado – e a adição de água ao
sistema podem influenciar na viscosidade, respectivamente aumentando e diminuindo.
Condutividade termal
À medida que a temperatura cai, a condutividade diminui. “Pensar em uma rocha encaixada por
uma intrusão ígnea: à medida que a intrusão resfria, o fluxo de calor também diminui”.
A partir do que já foi enunciado até aqui, é fácil perceber que contextos diferentes geram
magmas diferentes, sendo assim, os diversos tipos de magma serão formados em a partir de
processos diferentes.
Porém, a partir do mesmo é possível propor situações que levem à formação dos magmas
basáltico. Essas situações seriam aquelas que “aumentam” a linha do coeficiente geotérmico,
e/ou “diminuem” a linha sólidos da rocha. Nesse sentido, três condições podem ser enunciadas:
adição de voláteis, diminuição de pressão e aumento de temperatura.
Nesse sentido, essa variável se fará mais representável em ambientes como zonas de subducção,
onde a água será proveniente dos minerais hidratados da crosta oceânica – ao ser extrudido em
meio ao oceano, os minerais são rapidamente hidratados – também virão da própria água dos
oceanos que percola durante a subducção. A desidratação dos minerais da crosta resultará
principalmente do processo de metassomatismo, resultante do aumento de temperatura e
pressão, mas com presença da água e fragmentos de basalto no sistema – vale ressaltar que na
primeira fase do metamorfismo é característico a desidratação da rocha.
Para os demais tipos de magma o processo é bem mais simples: os magmas intermediários são
formados essencialmente por processos de fusão parcial da crosta oceânica ou demais porções
basálticas, enquanto que os magmas riolíticos, ou ácidos, são essencialmente formados por
fusão da crosta continental, podendo em alguns casos ser resultado da fusão parcial de rochas
intermediárias e básicas.
Supondo que esse processo formasse minerais ricos em Ti e Al, o sistema seria gradualmente
empobrecido nesses componentes, tendendo de um lherzolito para um harzburgito e
sucessivamente para um dunito. Observa-se assim que o manto passa por um processo
constante de diferenciação, alterando sua composição de forma dinâmica e irreversível.
Nesse sentindo, mas a rocha extrusiva mais comumente tratada, os basaltos, apresentam entre
si variáveis: um basalto formado a partir de um manto de composição Arqueana terá
necessariamente composição diferente de um basalto atual, isso pois o manto de hoje já não é
mais o mesmo do Arqueano; da mesma forma um basalto formado a partir do manto superior
(peridotítico) será diferente de um basalto formado a partir do manto mais profundo (eclogito).
Mesmo havendo diferenças visíveis entre os basaltos, eles são classificados em dois grandes
grupos:
- Alcalinos: ricos em álcalis (K, Ca, Na), característicos das ilhas oceânicas;
Sucessivas intrusões de magmas: para que esse processo seja possível é necessário
ocorrer primeiro a fusão do manto, porém, como esse magma básico tem temperaturas
bem mais elevadas que a fusão das rochas ácidas, uma série de intrusões basálticas meio
a um conjunto de rochas félsicas é capaz de fundi-las.
Espessamento crustal: processo mais específico, que ocorre durante processos de
colisão entre placas; nesse contexto há o “enrugamento” crustal, aumentando o pacote
de rocha sobre aquelas que constituem a base desse sistema, e assim, pode ocorrer o
metamorfismo, desidratação, percolação de fluidos (metassomatismo) e também a
fusão das rochas.
A ascensão do magma é um processo bem mais complexo que uma simples subida de material
em estado de fusão parcial, uma vez que existem limitantes físicos para esse desenvolvimento.
O fator primordial a atuar será a diferença de densidade, em que um material menos denso
tende a deslocar-se para a superfície, em um processo conhecido como Buoyancy, e além disso,
vale salientar que ao sofrer fusão, o material se expande, adquirindo assim menor densidade,
dessa forma a área fonte é sempre mais densa que o fundido produzido a partir dessa.
MAGMAS MANTÉLICOS
Primeiramente, tem-se em “I” um bolsão de magma, onde pelos processos supracitados foi
possível fundir o manto formando o magma basáltico; esse bolsão por ser menos denso que sua
fonte, ascende naturalmente por “II”. Ao chegar em “III”, depara-se com a transição
manto/crosta (descontinuidade de Mohorovicic), e a partir daí o magma basáltico já é mais
denso que o entorno, e sendo assim explicar sua ascensão não é mais tão intuitivo. Entre o
indicado por “IV” e “V” tem-se um novo estacionamento, resultante da mudança do
comportamento reológico, na transição crosta dúctil, onde o meio é mais maleável para a crosta
rúptil, em que para ser atravessada as rochas são literalmente fraturadas.
MAGMAS CRUSTAIS
Para essa segunda situação o início do processo se dá de forma semelhante, uma vez que o
magma basáltico deve ser formado primeiro (“I”), subindo até a crosta e a partir daí esse magma
que tem temperaturas bem mais elevadas será capaz de fundir a crosta no indicado por “II”.
Formado na crosta rúptil, esse magma ascende até “III”, onde a mudança reológica induz um
novo estacionamento.
Sendo assim, qual seria esse processo alternativo à diferença de densidade a atuar em ambos
casos?
O fator atuante consiste na ação da diferença de pressão. Para uma melhor compreensão do
processo, consideraremos a mudança para a parte fluida do sistema terrestre. Observe o
esquema:
P1 = ρ*g*h1 e P2 = ρ*g*h2
Observa-se que quanto maior a profundidade naturalmente maiores as pressões exercidas pelo
magma, e assim, a pressão litológica é suprimida pela pressão do magma:
Vale lembrar que a pressão de voláteis também é um fator que pode ser considerado no
processo, aumentando ainda mais a diferença de pressão citada, porém, esta não é capaz de
atuar como fator único e determinante para o afloramento superficial do magma.
Se por um lado a ascensão do magma se dá pelo processo conhecido como buoyancy, por outro,
esse processo se manifesta por meio de dois mecanismos principais, o primeiro pelo diápiros,
no qual o magma é mais viscoso e em função disso, o mesmo adquire formato de “gota
invertida”, que após sua cristalização formará os chamados plutons; o segundo mecanismo é
por meio de diques, caracterizado por um magma menos viscoso que se eleva por meio de
fraturas.
É interessante pensar nos processos magmáticos sempre associados aos contextos tectônicos,
um exemplo quanto a facilitar ou dificultar a subida do magma está nos limites tectônicos
divergentes e convergentes: nos limites convergentes há o espessamento crustal e por
consequência o magma encontra mais obstáculos ao seu caminho, enquanto em zonas
divergentes a própria despressurização auxilia no processo.
2. O ESTACIONAMENTO:
A partir de agora serão tratados os processos de intrusão, ou seja, processos nos quais o magma
fica estacionado. A priori, existem dois locais citados onde o magma tem maior tendência a ficar
estacionado, sendo eles a intersecção crosta manto, e em torno de 10 km, onde há a mudança
da estrutura reológica. Apesar desses locais terem condições que induzam o magma a
estacionar, a intrusão pode ocorrer a qualquer profundidade.
Vale ressaltar que os processos de intrusão em geral serão bem mais complexos do que se
aparenta. Muitas vezes ao deparar-se com um batólito do tipo "pão-de-açúcar", o mesmo é
tratado como um granitóide, porém, várias alterações são passíveis de ocorrer em função de
sucessivas injeções de magma que podem alterar texturalmente e composicionalmente o
granito original. Além de deformações como dobramentos sobre o mesmo.
Um bom exemplo de pluton zonado por intrusões múltiplas é o do Peru, onde o perfil do mesmo
indica muitas variações da rocha original no que se direciona ao seu interior:
Atualmente o corpo ígneo intrusivo mais estudado é o de Sierra Nevada, nele é observado que
quanto mais ao centro, mais diferenciado é o material. Esse processo é esperado em teoria, isso
pois a cristalização tem início a partir das bordas do corpo, onde ficarão os minerais de
estabilidade em maior temperatura.
Observando o esquema a seguir, percebe-se
que o material que aparece na parte mais
externa, é um quartzo diorito, enquanto que
o material mais central consiste em um
granito, esse comportamento concorda com
o mencionado acima, uma vez que o centro
consiste em uma rocha de características
mais silicosas e diferenciadas.
O processo de assimilação (2) é caracterizado pela fusão de parte da rocha encaixante pelo calor
latente do magma em ascensão. Esse processo é muito limitado, uma vez que os magmas
intrusivos têm uma limitação de temperatura. Em alguns casos o faturamento do teto da câmara
pode deslocar alguns fragmentos da rocha encaixante para dentro do pluton, num processo
chamado de stoping (3) – esse processo requer que a rocha encaixante seja mais densa que o
magma.
Vale ressaltar que quanto mais pronunciável é o processo de assimilação, mais difícil é o estudo
da petrogênese, uma vez que as características originais do magma terão sido alteradas. Esse
processo de busca por espaços para alojar o pluton é chamado de Emplacement, e ele será
responsável por mudanças na densidade da crosta e bem como por processos de deformação.
Página 91 do livro
OS TIPOS DE INTRUSÃO
Pipe, plug: são intrusões semelhantes aos necks vulcânicos, porém, esses não atingem
a superfície. Mais comuns na Crosta rúptil e caracterizados por uma ascensão muito
rápida. Os kimberlitos são encontrados nesse tipo e intrusão, e por tal razão são
comumente procurados em prospecção de diamantes.
Diatremas: chegam a atingir o nível do lençol freático, com propagação de diversas
fraturas. A pressão de voláteis acarretada pela chegada ao lençol tem como resultado a
formação de uma espécie de funil, no qual é encontrada uma grande quantidade de
xenólitos.
É importante salientar que o termo mais adequado para se referir a um fragmento de rocha que
destoa de seu entorno é “enclave”, e a partir desse podem existir diversos tipos, como os
xenólitos quando os enclaves são resultantes da rocha encaixante. Outros enclaves podem ser
resultantes do cristalizado e afins.
Nesse sentido, os enclaves podem dar muitas informações sobre processos como a mistura de
magmas e por isso é importante realizar o estudo desses.
3. A EXTRUSÃO:
O ápice da ascensão magmática consiste na extrusão do mesmo que virá a formar as rochas
extrusivas, ou vulcânicas, nas quais estarão também inclusas as rochas fragmentárias,
representadas por sua vez pelas piroclásticas e vulcanoclásticas. Essas rochas são muitas vezes
controversas por apresentarem comportamento muito semelhante ao das partículas e das
rochas sedimentares, além da ausência de cristalinidade da mesma.
‘A’a’: do havaiano significa “pedregosa”, são lavas mais viscosas que apresentam grande
quantidade de sólidos e gases. Por serem mais viscosas não se espalham por grandes
espaços. Versão mais comum de ocorrência das lavas riolíticas.
Pahoehoe: traduzidas como lavas encordadas, são menos viscosas e se espalham mais
facilmente.
Pillow lavas: ou lavas almofadadas. São lavas ultramáficas, e geradas principalmente em
fundo oceânico, onde a água envolve a lava fazendo com que essa sofra mudança brusca
de temperatura gradualmente de sua parte mais externa para a interna. Apesar de ser
mais comum em fundo oceânico, podem ser formadas em qualquer ambiente que haja
encontro de magmas com diferenças pronunciáveis de densidade e temperatura (como
o encontro de um magma basáltico e riolítico).
DIFERENCIAÇÃO MAGMÁTICA
Nesse sentido um magma classificado como parental pode ser também, por exemplo, primário,
uma vez que enquanto o primeiro conceito consiste em uma observação de ordenação ou até
mesmo local, o segundo conceito compreende a um fator dependente da fonte do mesmo.
Outros gráficos também podem ser construídos no intuito de se observar aspectos como as fases
em que cada elemento é cristalizado e assim diferenciar as suítes magmáticas, e nesse processo,
alguns minerais serão fundamentais, como allanita, zircão, apatita e titanita, por tais minerais
conterem elementos bem específicos, como metais de terras raras.
Coeficiente de partição:
É uma razão que possibilita informar matematicamente se o elemento é compatível ou não. Ela
é dada por:
[𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑚𝑖𝑛𝑒𝑟𝑎𝑙]
𝐷=
[𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑜]
A partir da definição é possível estabelecer a análise: se D > 1, o elemento é compatível – existe
mais na estrutura do mineral que no fundido – e se D < 1, o elemento é incompatível – existe
mais no fundido que no mineral.
Alguns exemplos:
Os elementos Sr, Ba, e Eu possuem D >> 1 para o plagioclásio e D << 1 para olivina e piroxênio;
por outro lado Cr, Ni e Co possuem D >> 1 para olivina e piroxênio.
A partir de informações como essas também é possível fazer inferências sobre o processo
inverso, no caso, a fusão: os elementos compatíveis demoram mais (precisam de mais energia)
para saírem do mineral e migrarem para o fundido, e assim, desde a gênese esses elementos
podem se fazer mais raros em um magma por serem compatíveis com as rochas da fonte – como
ocorre no manto.
Além disso, percebe-se no diagrama um desvio negativo para o európio, ou seja, esse elemento
para as análises feitas estava abaixo da concentração esperada.
Essa condição pode indicar que a rocha analisada não foi formada a partir do primeiro evento
de cristalização, havendo cristalização de uma rocha rica em plagioclásio anteriormente, ou uma
segunda hipótese seria que na fonte desse magma a rocha se encontrasse já rica em plagioclásio,
e por isso, ao se formar o magma o elemento não demonstrou tendência a ser fundido.
Fatores que alteram o coeficiente de partição
De acordo com as mudanças nos fatores mencionados, um elemento que outrora era compatível
pode se tornar incompatível, ou o inverso. A mudança de composição pode se referir a, por
exemplo, a mudança de um magma básico para um mais ácido, e nesse sentindo um elemento
alterar sua compatibilidade. Vale ressaltar que essa condição será realmente pronunciável para
elementos cujo coeficiente é próximo do limite (~1), se um elemento tem um valor de
coeficiente muito alto, exemplo 20 e cai para 15, ele ainda continua sendo extremamente
compatível.
Sabe-se que o coeficiente informa o dado de compatibilidade, porém, pode-se ir mais além e
fundamentar o que faz com que um elemento seja ou não compatível, e a resposta é: Potencial
Iônico, conceito que por sua vez trata de uma razão carga/raio iônico e que indicará se a entrada
de um íon é termodinamicamente (segundo a Cristiane eletronicamente) estável e apropriado
em termos de tamanho para ocupar um determinado sítio eletrônico.
LFS (ou LILE): elementos que possuem CP < 2, ou seja, de carga pequena frente ao raio.
São exemplos o K, Rb e Cs.
HFSE: representado por elementos como Th, U, Hf e Ta, além dos elementos de terras
raras (Lantanídeos e Actinídeos). Esses possuem CP > 2.
Uma observação é que em termos de estudos petrológicos, é muito bom quando se tem uma
ocorrência de elementos de terras raras, primeiramente por esses serem elementos de baixa
abundância nos sistemas terrestres, logo refletem condições específicas de formação. Além
disso, são elementos não móveis, ou seja, não são facilmente carreados por eventos de
alteração química, logo suas concentrações são relativamente constantes nas rochas. Um
terceiro motivo para a boa utilidade dos mesmos é a grande variação dos coeficientes de
partição para os diversos elementos componentes do grupo.
Um exemplo de aplicação: elementos de terras raras leves (mais leves que o Európio) possuem
coeficiente menor que 1 para magmas ácidos, logo são incompatíveis para esses. Sendo assim,
uma rocha mais diferenciada terá menos ETR leves, já que esses elementos não vão para seu
magma gerador. Se a análise feita para uma fonte basáltica, o raciocínio é o oposto: uma fonte
mais diferenciada (nesse caso mais ferromagnesiana), ao ser fundida, os elementos
incompatíveis serão os primeiros a saírem da estrutura e migrarem para o melt e dessa forma,
a fonte apresenta maior concentração nos elementos de terras raras, enquanto o magma
formado apresentará um desvio negativo desses.
PARES DE ISÓTOPOS
Estáveis: elementos que não sofrem decaimento radioativo, logo sua concentração não
varia ao longo do tempo, ou seja, qualquer mudança de concentração desses reflete o
processo de fracionamento do magma.
Instáveis ou radioativos: são os elementos que sofrem decaimento e são importantes
para datação.
Os isótopos podem ser importantes para identificar processos de interação entre um pluton e a
crosta, isso pois existem isótopos característicos de crosta e outros característicos de manto.
Nesse mesmo sentido é possível saber até quanto tempo o magma ficou estacionado em um
dado ponto. Como exatamente é feita tal determinação temporal?
Posso dizer que a diferenciação ocorre tanto durante a cristalização como durante a fusão?
Até aqui foi definido o que é a diferenciação magmática e vários fatores que podem ajudar na
identificação da ocorrência de tal processo, além de alguns fatores que justificam a vertente
físico-química do processo. Agora, tais conhecimentos serão associados aos processos que
possibilitam a diferenciação; de forma geral, esses processos são divididos em processos de
sistemas fechados, no qual não se tem interferência de fatores externos, e de sistemas abertos:
I – SISTEMAS FECHADOS
Cristalização fracionada: consiste no processo mais pronunciável de todos, e progride por meio
da separação da fase sólida – cristais - da parte líquida – melt. Esse processo de separação é
marcado por três etapas bem definidas:
Separação de líquidos imiscíveis: é conhecido a partir da físico-química que alguns líquidos são
imiscíveis, isso em função da natureza de suas ligações e além disso, que líquidos imiscíveis em
um mesmo sistema tendem a se homogeneizar sob altas temperaturas. Dessa forma, quando o
sistema ainda se encontra aquecido os líquidos estão misturados no fundido, porém, à medida
que a energia decai, a entropia do sistema diminui, esses se separam e o mais denso se desloca
para o fundo – essa separação se dará entre o mais rico em sílica e o mais pobre, evidentemente
em função do grau de polimerização. Vale ressaltar que apesar do processo ser aceito, como um
elemento de diferenciação, ainda é questionável se esse é pronunciável para grandes corpos
ígneos, uma vez que em muitos casos as temperaturas que possibilitam a miscibilidade original
ultrapassam as temperaturas usuais dos magmas.
Algumas misturas como água e óleo, que são imiscíveis, possuem o ponto de miscibilidade bem
alto, como no exemplo esse ultrapassa a temperatura de ebulição da água. Porém, isso ocorre
para pressões de 1 atm – a pressão também exerce papel em tal variação.
II – SISTEMAS ABERTOS
Mistura de magmas: ocorre quando um magma “A” entra em contato com um magma “B”,
havendo assim a formação de um novo magma. Esse processo pode ocorrer em uma câmara
que sofre sucessivas injeções de um mesmo tipo de magma, ou até por encontro de magmas
diferentes, criando um novo de composição intermediária. De acordo com o nível de mistura
entre os magmas é possível destacar duas situações:
Magma mixing: quando eles se unem de forma a gerar um híbrido, e nesse caso é muito
difícil determinar a composição das fases – mistura homogênea.
Magma milling: nesse caso o magma para em uma fase da mistura e é possível
reconhece-los individualizados.
Assimilação: processo já tratado entre as estruturas formadas pela intrusão; consiste na fusão
da rocha encaixante incorporando parte desta à composição do magma.
DIAGRAMAS DE FASE
Sistema: consistem no material de estudo que se considera, para fins laboratoriais, como isolado
do universo exterior.
Fase: substância fisicamente separada, para os fins geológicos os minerais (nos diagramas, cada
uma das regiões consiste em uma fase).
Componente: fator que define o tipo de diagrama a ser construído, sendo que cada componente
pode apresentar uma ou mais fases.
F=C+2–P
1. Sistema Binário com Solução Sólida Completa
EXERCÍCIOS
O segundo gráfico apresentado corresponde à condição para que os magmas ascendam quando
a diferença de densidade já não é mais eficiente, ou seja, se refere à diferença entre a pressão
litostática e a pressão de magma. Nele a pressão do magma é representada pela curva em
vermelho, enquanto a pressão litostática é descrita pela curva roxa. Percebe-se que quanto
maior a diferença entre ambas, mais facilmente o magma irá ascender, sendo que próximo à
transição dúctil/rúptil há a bifurcação da curva, isso por razão dos diferentes tipos de ambientes
que podem atuar facilitando os processos, como é o caso dos ambientes extensionais ou
dificultando, no caso dos compressionais. A transição dúctil/rúptil influencia de forma que ao se
alterar a composição reológica da crosta de uma condição de deformação plástica para uma
bem mais rígida a resistência ao fluxo do magma aumenta, e nesse casos é fundamental a
diferença de pressão para que o magma ascenda.
Se o agregado está representado no diagrama 4 ele consiste em um dos membros da série dos
plagioclásios, e por se tratar de um agregado já no estado sólido será considerado o processo
de cristalização. Pela tabela acima, percebe-se o Sr como um elemento compatível, logo, esse
se encontrará com um desvio positivo para o agregado em questão (desconsiderando-se
condições da fonte para o caso).
MATÉRIA DA 2ª PROVA
São diagramas caracterizados por um número de componentes igual a 3 (C = 3), os quais podem
ser entendidos como a junção de três diagramas binários, um em cada aresta do triângulo, e por
se tratar da união desses, os diagramas ternários irão apresentar as mesmas características dos
binários que o compõe, como pontos eutéticos, peritéticos e afins.
A construção dos diagramas ternários é feita inicialmente de forma tridimensional e depois ela
é rebatida para o plano. Nesse sentido, as linhas solidus e liquidus, inicialmente não são curvas,
e sim superfícies
Nas imagens acima observa-se à esquerda do leitor o diagrama tridimensional, enquanto que o
diagrama à direita consiste no mesmo já rebatido. Observa-se no diagrama já planar alguns
elementos a serem apresentados: primeiramente as três fases minerais, no caso a Anortita,
Forsterita e no terceiro vértice o Diopsídio; em segundo lugar estão apresentadas em vermelho
as curvas cotéticas, sobre as quais irão coexistir duas fases minerais; além disso, destaca-se as
isotermas, curvas presentes em cada uma das áreas delimitadas pelas cotéticas.
CAMINHOS DE CRISTALIZAÇÃO
Um terceiro fator a ser salientado é que para rochas com certa homogeneidade é difícil que a
curva de cristalização tenha início sobre um dos vértices ou arestas, isso pois, ao começar desses
locais, é interpretado que inicialmente a concentração de um ou mais elementos era nula, e
sendo assim, para que os mesmos se apresentem na rocha, seria necessário a adição de material
– injeção de magma na câmara, por exemplo.
Além disso, é importante ressaltar que no intuito de seguir um caminho que obedeça à redução
de temperatura é fundamental que após atingir as curvas cotéticas o caminho de cristalização
siga para o ponto eutético, que é o de menor temperatura onde existe fundido.
O diagrama piroxênio-plagioclásio
indicado ao lado apresenta uma terceira
possibilidade, a qual trata de minerais que
possuem solução sólida. Nesses digramas,
uma cristalização que parte dos plagioclásios
para o diopsído altera gradualmente sua
composição – observa-se no caminho
destacado na imagem ao lado que
gradualmente é cristalizado maior
quantidade de albita que no momento
anterior.
Até aqui foram apresentados vários caminhos de cristalização, porém vale ressaltar que
a fusão se dá de forma semelhante, sendo que na fusão é mais provável que o caminho atinja
os vértices, uma vez que uma das fases minerais tende a fundir por último a temperaturas
maiores. Uma vez atingido uma das arestas migra-se o processo para o diagrama binário a fim
de que mais detalhes possam ser representados.
A partir de agora serão estudas as suítes magmáticas e sua classificação. Vale ressaltar que o
termo suíte pode se referir a um conjunto de rochas ígneas que são cogenéticas e podem ser
petrograficamente relacionadas, ou o mesmo termo pode ter uma aplicação estratigráfica
quando existem uma série de rochas ígneas em um determinado local, mas a delimitação
temporal e de ordem dessas não é bem definida. Para o presente caso a primeira definição será
adotada.
Textura/Estrutura;
Composição mineralógica;
Composição química – normalmente utilizada para rochas vulcânicas/afanítica.
Q – Quartzo
Ol – Olivina
Ne – Feldspatóide (nefelina)
Ainda que lógica, a normalização depende de um certo conhecimento sobre a rocha, uma vez
que desconsidera, por exemplo, a quantidade de água no sistema, assim, não trabalha com
minerais hidratados. Geralmente, os minerais interpretados por meio desse procedimento são
escritos em itálico e chamados minerais normativos.
Outro recurso normativo para classificação de uma rocha é quanto à saturação em sílica: ao se
dizer que uma rocha é insaturada em sílica, na verdade o que se informa é que a quantidade de
sílica disponível no sistema não foi suficiente para formar quartzo.
INTRUSÕES ACAMADADAS
As intrusões acamadadas são caracterizadas por uma certa estratificação das rochas mesmo que
essas sejam ígneas, isso como um resultado direto do processo de diferenciação. A imagem
acima descreve a forma clássica de ocorrência desses corpos – forma afunilada com um dique
“alimentador”. Essa distinção textural e mineralógica à primeira vista pode até mesmo fazer com
que elas sejam descritas como rochas sedimentares, mas claramente se percebe a mineralogia
ígnea.
Essas camadas podem se apresentar de forma homogênea ou até mesmo com certas repetições
rítmicas, isso a depender da ação dos pulsos magmáticos sobre a câmara e os materiais que
trazem consigo. É bom lembrar que essa composição pode ser textural, assim, não é necessária
uma mudança composicional para definir um complexo acamadado, apenas a alteração das
proporções de cada mineral já se faz suficiente.
Os complexos acamadados são fonte de grande quantidade de estudo e isso pela presença de
materiais economicamente importantes de origem mantélica. Esses corpos tem a textura
cúmulos como a mais clássica: os minerais são cristalizados de forma aleatória e margeados pelo
material intercúmulus.
Internamente e com um maior grau de detalhes, essa é a disposição esperada de uma câmara
na qual se desenvolve um complexo acamadado. É perceptível que os estratos tendem a se
repetir tanto na base quanto no topo do espaço, inicialmente isso seria explicado pela Lei de
Stoke, a qual poderia justificar a presença de minerais mais densos no topo – demanda um certo
tempo para decantação, e enquanto isso ocorre, uma certa separação pode ocorrer. Porém,
isoladamente a lei baseada no contraste de densidade não explica todo esse conjunto de feições,
sendo necessário pensar na ação das correntes de convecção. Nesse contexto de tentativas de
ordenação pelas correntes de convecção, pode ocorrer ainda a entrada de um magma primitivo,
o qual novamente altera o equilíbrio dentro da câmara.
SUÍTES: BASALTO
As rochas dessa suíte são encontradas em todos os tipos de ambientes tectônicos, sendo o único
requisito a ocorrência de fusão do manto. Apesar de ocorrerem em diversos contextos, esses
diferentes locais formarão diferentes tipos de basaltos, quimicamente diferentes. Dois tipos
formam a primeira divisão do grupo – já mencionados aqui:
Basaltos em geral são classificados a partir do diagrama “TAS” – Total Álcalis x Sílica – que como
sugerido são construídos de forma a avaliar as quantidades de sílica e álcalis, variando de rochas
máficas a félsicas:
Dentro da série subalcalina, ainda é possível definir duas subséries, sendo elas a subsérie
toleítica, caracteristicamente apresentando maior teor de Ferro, e a subsérie Ca-alcalina. Essas
subséries e suas respectivas características são apresentadas pelo diagrama “AFM” (Álcalis,
Ferro e Magnésio):
Primeiramente, percebe-se que os magmas toleíticos são favorecidos por fusões mais rasas que
os alcalinos; além disso, sabe-se que o manto superior está bem mais diferenciado que o interno
e por extensão eles são quimicamente diferentes. Essa química diferente é capaz de explicar a
baixa concentração de sódio e potássio nos basaltos toleíticos: como resultado da diferenciação
o manto superior encontra-se muito empobrecido nesses elementos, e em função dessa baixa
concentração na fonte, o magma toleítico já é gerado com defasagem do material. Por outro
lado, os magmas basálticos provenientes dos hot spots, os quais são gerados a profundidades
muito maiores, são resultado da fusão de uma fonte com maior concentração de álcalis,
formando os magmas alcalinos.
De forma geral as características que irão influenciar nas características de um basalto são:
profundidade, porcentagem de fusão parcial e tipo de voláteis presentes no magma. Sendo o
manto muito homogêneo é fácil perceber que variações das condicionantes supracitadas
ocorrem e assim geram basaltos diferentes, porém, vale ressaltar que mesmo em uma condição
de manto homogêneo diferentes pressões (variação de profundidade) resultam em minerais
diferentes, uma vez que a variável favorece ou não a estabilidade termodinâmica dos minerais,
além disso, afeta diretamente nas variáveis porcentagem de fusão parcial e tipo de voláteis.
Usualmente ambientes de pressões mais altas geram minerais como a granada e o px. sódico.
Ambientes de pressões intermediárias favorecem a olivina, px. e o espinélio. Por fim, ambientes
de pressões baixas também são formados piroxênios, olivina e espinélio:
Uma vez que os magmas basálticos são formados nos mais variados ambientes, eventualmente
podem aflorar em região de crosta continental, e nesse contexto podem ser facilmente
contaminados por crosta continental. Para se identificar essa contaminação é comum a
utilização da análise de isótopos Sr86/Sr87.
À título de curiosidade, o
Estrôncio é o isótopo resultante do
decaimento radioativo do Rubídio,
enquanto que o Neodímio é produto
do Samário.
As zonas de formação dos
basaltos MORB são divididas em
zonas de alta taxa de espalhamento
e baixa taxa de espalhamento.
Na imagem a zona de
espalhamento está indicada por
mush, e o alto espalhamento será
caracterizado por serem mais
quentes, maior quantidade de fusão
e consequente vulcanismo, além de
formarem crosta mais espessa.
1
O termo fértil em petrografia magmática pode se referir a uma condição de produção de muito magma
ou de uma fonte pouco diferenciada, com alta concentração de elementos.
ALTA TAXA BAIXA TAXA
+ quente + fria
Crosta mais espessa Crosta mais fina
> quantidade de fusão < quantidade de fusão
> mush < mush
SUÍTES: ANORTOSITOS
Os anortositos não possuem correspondente vulcânico, e além disso, são caracterizados por
mais de 90% de plagioclásio anortítico (Ca). A grande quantidade de plagioclásio, mineral
comumente associado a fases minerais ferromagnesianas e também as anomalias positivas em
Európio são evidências de um distanciamento da composição que define o “riolito”.
A evolução dos magmas que geram anortositos pode ser definida de forma simplificada pela
seguinte sequência:
As rochas alcalinas são formadas em um manto mais profundo, isso é indicado pelas altas
concentrações de sódio e potássio, além de elementos incompatíveis, o que é esperado de uma
fonte menos diferenciada. As rochas alcalinas podem ocorrer como extrusões sobre a crosta
continental ou oceânica, porém, como a crosta oceânica é assim como a fonte das rochas
alcalinas, máfica, a variedade de rochas nesse contexto é menor, assim, serão tratadas aqui
principalmente as continentais.
Generalidades:
OBS.: 1 - Nesses diagramas muitas vezes o nome apresentado é o “Ijolito”, porém, salienta-se
que o termo é exclusivo de rochas em que há a predominância do feldspatóides nefelina, do
contrário o termo genérico é “Foidolito”.
2 – Uma variação comum do diagrama TAS é a que separa os teores de sódio e potássio,
possibilitando assim, uma classificação mais específica do material.
Ainda existem rochas alcalinas que são exceções ao diagrama, como os Shoshonitos, os quais
são basaltos cuja fase feldspato é formada por k-feldspatos. Tal ocorrência não é a mais
esperada, uma vez que os minerais rotineiros dos basaltos são de temperaturas bem mais altas.
Outro exemplo de exceção são os Lamproítos, rochas peralcalinas, muito ricas em potássio,
marcada pela presença de fenocristais de olivina. E também os Lamprófitos, rochas ultramáficas
com fenocristais de biotita (flogopita) e hornblenda.
Uma exceção próxima às rochas alcalinas são as rochas peralcalinas, citadas acima, são resultado
da substituição do alumínio pela sílica: são rochas ácidas alcalinas;
Assim, as rochas peralcalinas serão caracterizadas por maior quantidade de álcalis que alumínio.
Um exemplo dessas rochas são os Comenditos, assemelham-se a granitos, porém de
características peralcalinas, e formados sobre condições extremas de diferenciação.
As rochas alcalinas podem ser observadas ainda quanto a serem saturadas ou insaturadas em
sílica.
Kimberlitos: são famosos por serem os principais hospedeiros dos diamantes; corpos
de rápida ascensão, porfiríticos e com grande pressão de voláteis. Devido a esse
comportamento de rápida ascensão acabam carregando muitos xenólitos. São rochas
super potássicas.
Carbonatitos: não são rochas alcalinas! Porém, por ocorrerem sempre associados aos
magmas alcalinos, muitas vezes são tratados em conjunto.
Uma outra característica das rochas alcalinas é o enriquecimento em ETR’s leves e em elementos
incompatíveis, o que é esperado, pois esses também são magmas de origem mantélica mais
profunda.
Observe o gráfico abaixo, nele as áreas delimitadas por linhas pontilhadas consistem em
xenólitos:
Observa-se que de forma geral os xenólitos acompanham a composição das rochas, indicando
que esses são de fontes semelhantes. Quanto às características isotópicas, percebe-se uma
diminuição na razão Nd/Nd e aumento na Sr/Sr.
Outro exemplo de zona de subducção muito estudada é a Cordilheira dos Andes, a qual é
dividida em 3 zonas e é marcada pela grande concentração de Andesitos – daí a nomenclatura
do magma.
1 2 3
5 4
O processo de subducção é caracterizado por uma crosta, mais densa que mergulha em direção
ao manto. Esse processo origina os arcos de ilhas que podem ser continentais ou oceânicas a
depender dos tipos de placas envolvidas. Na imagem acima está representado um contexto
continental, o qual tende a ser mais complexo por razão da contaminação do magma. As
características da subducção tendem a variar de acordo com a velocidade de afundamento,
inclinação do mergulho, dentre outros.
1. Prisma acreacionário – quando a placa ocânica subducta ela traz consigo, água e uma
série de sedimentos. Parte desses sedimentos são deixados no limite formando a
estrutura apresentada.
2. Bacia de Antearco – à frente do arco de ilhas será formada uma região de deposição, a
qual receberá sedimentos da erosão das ilhas.
3. Cunha do manto – região do manto compreendida a até cerca de 100 km, profundidade
a partir da qual é aceito que o manto funde. Essa região será fundida para formação do
magma e por consequência das ilhas vulcânicas.
4. Bacia de Retroarco – essas bacias são caracterizadas por um adelgaçamento da crosta
em um processo de faturamento característico de rift, o que forma as bacias.
5. Zona de Benioff – delimita o limite da zona de formação do magma.
Nos arcos de ilhas oceânicas, o processo é bem semelhante, e de certa forma mais simples, isso
pois evita-se a contaminação, uma vez que ambas crostas são de composição semelhante e
basáltica. Nessas ilhas é comum a atividade explosiva e a presença de estrato-vulcões como
principal forma de relevo.
Uma indagação interessante é o porquê da fusão do manto e a não fusão da crosta, uma vez
que as temperaturas indicadas acima são suficientes para fundi-la; na subducção, como dito, a
crosta traz grande quantidade de material consigo, e se por um lado água e voláteis adicionados
ao sistema diminuem o ponto de fusão da cunha, eles por outro lado impedem a fusão da crosta
– a crosta é desidratada, perdendo tanto a água que traz da subducção quanto a presente nos
minerais hidratados, atingindo fácies eclogito e se igualando ao manto inferior, sendo assim, ela
não é facilmente consumida, apenas em casos extremamente favoráveis em termos de
velocidade e ângulo de inclinação.
“Os toleítos tendem a ser mais jovens que os cálcio-alcalinos, isso pela diferenciação
magmática.” É possível diferenciar um toleíto e ele chegar a um cálcio alcalino?
Elementos traço
Um mineral fundamental para esses estudos é a granada, a qual é altamente compatível para os
ETR’s pesados e assim sendo, se existe granada na fonte ou se ela foi fracionada anteriormente,
o produto de cristalização final irá apresentar anomalias negativas quanto a esses elementos.
Petrogênese
Tal fato é justificado pelo processo de desidratação, que ao retirar a água retira calor da crosta,
e mais do que isso, o processo de desidratação metamorfiza a mesma, fazendo com que ela
atinja fácies Eclogito, igualando-se ao manto inferior, e por consequência se tornando muito
resistente à temperatura. Porém, mesmo com esse aumento de resistência é possível a fusão
da crosta mediante uma conjunção de fatores ideais, como velocidade e ângulo de subducção.
SUÍTES: GRANITÓIDES
No perfil destacado sob o nome de figura 1, percebe-se a “zona de MASH”, também chamada
de underplate, a qual passa por uma série de processos, como o metassomatismo e hidratação.
Nesse ponto tem início a mudança reológica e são formados uma série de plútons gabróicos que
podem vir a serem refundidos, formando assim materiais mais félsicos.
Apesar disso, não se pode justificar a formação de magmas graníticos a partir de diferenciações
magmáticas completas, uma vez que para isso seria necessária quantidade muito grande de
cumulado máfico na base da crosta, e não é isso que os dados geofísicos por exemplo mostram.
Além disso, também seria gravitacionalmente inviável a existência de uma quantidade tão
grande de material muito denso em uma profundidade tão superficial.
A grande maior parte dos granitoides caem na região “Alcalina” do diagrama TAS, e por essa
característica acabam ocorrendo conjuntamente aos contextos de rochas alcalinas, ou seja,
serão comuns de ambientes convergentes. Isso tanto para o período de colisão como para o de
subducção e no estágio pós colisão – o estágio pós colisão é caracterizado quando o orógeno
atinge uma espessura crustal muito grande e passa a não ficar estável sobre o manto, e assim,
começa a ter sua base fundida.
Assim, a opinião predominante é de que os granitóides são gerados a partir de fusão da crosta.
Como citado anteriormente a diferenciação de material máfico é muito complexa e apresenta
várias dificuldades, um exemplo clássico é pensar que na faixa que se desenvolve do leste de
Minas Gerais ao Espirito Santo é marcada pela presença de extensas faixas de granitóides, e não
se vê praticamente nenhuma rocha máfica ou mesmo alterações dessas para justificar uma
possível diferenciação.
Um exemplo clássico das rochas graníticas e suas diversas fases é a Cordilheira do Himalaia,
onde a colisão continente-continente formou granitóides que se desenvolveram em diversos
momentos e diversos contextos colisionais, atualmente encontrando-se na fase de colapso
gravitacional - uma outra curiosidade é que durante a formação da cordilheira houve
primeiramente o consumo de material oceânico, assim, sendo possível encontrar vestígios
oceânicos no topo da maior montanha atual.
Diagrama de fases simplificado:
De forma geral, o que é apresentado em ambos os gráficos são reações com peritético, ou seja,
reações em que um membro intermediário é formado: “na cristalização os minerais são
formados, porém um deles reage com o fundido, formando uma nova fase que também é
cristalizada ao fim”.
A tabela acima faz um resumo das condições de formação dos granitóides, observa-se três
contextos bem definidos, o primeiro consiste no estado Orogênico, o qual forma granitóides
ligados a contextos orogenéticos, convergentes. Um segundo estágio é apresentado como o de
transição, estágio no qual há o colapso gravitacional do orógeno e a fusão se dá pela
descompressão resultante. Por fim, o último contexto tectônico de formação dos granitóides é
o Anorogênico, no qual não existem limites convergentes associados.
ROCHAS E CONTEXTOS MAGMÁTICOS
Rocha Característica Contexto
Granitóide tipo S Duas micas ou minerais Fusão de Crosta continental
aluminosos. com contaminação
sedimentar.
Granitóide tipo A Feldspato alcalino
Granitóide tipo I Minerais mais usuais de
origem ígnea sem
contaminação.
Basalto toleítico Minerais silicosos como o Dorsal Mesoceânica
feldspato
Basalto alcalino Minerais como feldspatóides Hot spots
Rochas alcalinas Piroxênios sódicos (egirina- Hot spot intraplaca
augita), feldspatóides. Início de rifteamento
Andesito Rocha extrusiva com o Subducção (Andes)
plagioclásio correspondendo
a > 90% dos félsicos e
intermediária.
Carbonatito > 90% de carbonatos Associado aos alcalinos