Você está na página 1de 41

REVISÃO PETROLOGIA ÍGNEA - 16.

2
Gabriel Galdino – enviar correções ou dicas para gabrielgaldinodm@gmail.com

A Petrologia Ígnea
A petrologia ígnea tem por intuito complementar os conhecimentos adquiridos nas disciplinas
de Geologia Geral e Petrografia, nas quais foram adquiridas técnicas de reconhecimento e
classificação das rochas ígneas, além da compreensão de alguns processos. Nesse sentindo a
petrologia busca dar condições de se aprender mais sobre processos que podem ter levado à
formação dessas rochas, buscando se compreender mais sobre processos tectônicos que
influenciam na formação do magma.

A GERAÇÃO DE MAGMA NA TERRA

A figura acima apresenta os principais contextos de formação e extrusão de magma, entre eles
podem ser citados:

1. Zonas de dorsais – limite divergente em placa oceânica;


2. Formação de riftes – divergência em placa continental;
3. Arcos de ilhas vulcânicas – subducção placa oceânica-oceânica;
4. Zonas de subducção;
5. Bacias de retroarco;

6 e 7. Hotspots

Cada um desses ambientes possui uma gama de processos que tornam a formação do magma e
extrusão algo muito mais específico. Para isso, primeiramente é necessário conhecer um pouco
da estrutura reológica da Terra, ou seja, da estrutura interna e de seu comportamento material.

Primeiramente é necessário questionar qual o estado físico das camadas da Terra: sabe-se que
o planeta possui diversos níveis de divisão, e apesar das descontinuidades, núcleos interno e
externo, bem como manto, é possível salientar três divisões principais, a Crosta, que
evidentemente encontra-se no estado sólido, o manto e o núcleo.

O manto por sua vez encontra-se também no estado sólido. Uma primeira evidencia de tal fato
é resultante da análise de rochas nas quais pode se encontrar xenólitos, que por sua vez
consistem em “corpos estranhos”, que vêm em estado sólido em meio ao magma e dão indícios
da composição mantélica.

Outro tipo de corpo que ajuda na observação da estrutura do manto são os xenólitos
kimberlíticos, que são formados a partir de magmas alcalinos. Os magmas alcalinos por sua vez
apresentam quantidades muito elevadas de voláteis, o que aumenta a pressão desses magmas
e faz com que esses subam para a superfície em velocidades muito altas e por esse motivo essas
rochas trazem grande quantidade de xenólitos e servem como evidência indireta.

Outro processo consiste na observação das ondas “S”, ou também conhecidas como ondas de
cisalhamento: essas ondas são uma das resultantes do choque de placas que culminam em
sismos, porém, as ondas “S” possuem como característica a propagação de forma cisalhante, e
uma vez que líquidos não oferece resistência a tal comportamento essas ondas não se propagam
no meio. Seguindo o silogismo, se é possível captar a propagação dessas ondas em duas estações
de forma que as ondas passem pelo manto, então ele é sólido.

Um terceiro processo de observação do manto é feito pelo estudo dos Ofiolitos, que por sua vez
consistem em “lascas” do manto superior. Essas lascas podem ser elevadas durante processos
de obducção – processo que ocorre nos limites convergentes concomitante à subducção – e em
alguns casos é preservada toda a estratigrafia da crosta oceânica e de parte do manto.

O núcleo externo por sua vez encontra-se no estado líquido e o núcleo interno no estado sólido.
Vale ressaltar, que apesar do manto estar no estado sólido este é reologicamente de
deformação plástica, e por tal razão não tem exatamente o comportamento de um sólido, como
é o caso da existência das correntes de convecção.

O primeiro passo para se discutir a formação dos magmas já foi introduzido, o qual consiste no
conhecimento do estado físico das camadas da Terra. Agora, é necessário definir o que é o
magma: o magma consiste em rocha fundida, mais especificamente uma semi-fusão silicatada.
O termo semi-fusão refere-se ao fato de existirem partículas sólidas em meio ao melt, como é o
caso dos xenocristais e dos fenocristais, além de outros como os voláteis.

Uma forma inicial de classificação dos magmas será quanto à composição:

BASÁLTICOS
ANDESÍTICOS
RIOLÍTICOS

No sentido indicado pela seta os magmas tendem a se mostrar mais silicosos – mais ácidos - e
nesse sentido também se mostram mais polimerizados, sendo que a partir dessa característica
outras serão derivadas.

Outro tipo de magma que também poderia constar no esquema são os magmas Komatiíticos,
porém, esses não são formados mais na Terra, isso por razão do processo de diferenciação
magmática. Os magmas komatiíticos são caracterizados como magmas ultrabásicos e com alta
concentração de magnésio; uma vez que as rochas que remontam as características desse
magma são datadas do Arqueano, acredita-se que o planeta já não possua tanta concentração
dos elementos que o compõe para produzir esse magma.
Agora, conhecidos os principais tipos de magma, é necessário pensar em alguns fatores que
podem alterar as condições desses, e além disso, fatores que diferenciem os magmas além da
composição. Entre tais fatores é possível apresentar:

Temperatura

A temperatura de um magma será definida por vários fatores pontuais, mas de forma geral os
magmas básicos serão de temperaturas maiores que os ácidos, isso em função da mineralogia e
de outros fatores como a presença de voláteis. Uma análise geral, considerando-se o magma
como aproximadamente um líquido, percebe-se que a adição de voláteis à mistura diminui
drasticamente a temperatura do mesmo.

Densidade

O fator densidade está relacionado diretamente às condições de pressão do local de formação,


sendo que quanto maior a profundidade – leia-se pressão – maior será a densidade.

Viscosidade

Esta variável está relacionada com o grau de polimerização, quanto maior a força das ligações,
mais difícil que essas se desloquem umas sobre as outras, logo em magmas mais polimerizados
– magmas ácidos – a viscosidade também será maior. Vale ressaltar que alguns fatores como a
diminuição de temperatura – que aumenta a quantidade de cristalizado – e a adição de água ao
sistema podem influenciar na viscosidade, respectivamente aumentando e diminuindo.

Condutividade termal

À medida que a temperatura cai, a condutividade diminui. “Pensar em uma rocha encaixada por
uma intrusão ígnea: à medida que a intrusão resfria, o fluxo de calor também diminui”.

A partir do que já foi enunciado até aqui, é fácil perceber que contextos diferentes geram
magmas diferentes, sendo assim, os diversos tipos de magma serão formados em a partir de
processos diferentes.

A GERAÇÃO DOS MAGMAS BASÁLTICOS

À primeira vista, pode parecer uma boa proposição designar


o coeficiente geotérmico terrestre como responsável pela
fusão das rochas, assim, inevitavelmente, ao se atingir uma
determinada profundidade o magma seria formado.

Uma outra possibilidade, igualmente facilitadora, seria


propor que o magma presente no núcleo externo – já
fundido – ascendesse até a superfície. E além dessas, ainda
se pode considerar a hipótese do consumo de crosta
oceânica para formação de magma basáltico.

Porém, nenhuma das hipóteses se encontra correta;


primeiramente, a fusão de qualquer rocha, inclusive as
compõe a crosta oceânica se dá por um processo gradativo,
no qual os minerais de menor temperatura são consumidos
primeiro, sendo assim, o consumo de crosta basáltica gera
no máximo um magma de características intermediárias; Pensar em um magma proveniente do
núcleo também é inconveniente, uma vez que esse é composto por elementos metálicos que o
conferem uma grande densidade, logo é muito difícil que este ascenda. A proposta do
coeficiente geotérmico, também não é efetiva, percebe-se pelo diagrama de fases do Lherzolito,
rocha máfica, que o coeficiente não é capaz de fundi-la.

Porém, a partir do mesmo é possível propor situações que levem à formação dos magmas
basáltico. Essas situações seriam aquelas que “aumentam” a linha do coeficiente geotérmico,
e/ou “diminuem” a linha sólidos da rocha. Nesse sentido, três condições podem ser enunciadas:
adição de voláteis, diminuição de pressão e aumento de temperatura.

Adição de voláteis: em análises laboratoriais, foi comprovado que a adição de voláteis ao


sistema faz com que esse facilmente venha a fundir por meio da diminuição da temperatura
sólidos, porém vale ressaltar que no manto não existem grandes quantidades de voláteis
disponíveis.

Nesse sentido, essa variável se fará mais representável em ambientes como zonas de subducção,
onde a água será proveniente dos minerais hidratados da crosta oceânica – ao ser extrudido em
meio ao oceano, os minerais são rapidamente hidratados – também virão da própria água dos
oceanos que percola durante a subducção. A desidratação dos minerais da crosta resultará
principalmente do processo de metassomatismo, resultante do aumento de temperatura e
pressão, mas com presença da água e fragmentos de basalto no sistema – vale ressaltar que na
primeira fase do metamorfismo é característico a desidratação da rocha.

Descompressão: na maioria dos sistemas terrestres, a pressão varia de forma proporcional à


temperatura, o que permite pensar mais especificamente no processo como uma
descompressão adiabática. Muitas vezes esse processo será condicionado pela abertura de
espaço, como no caso das dorsais, onde a tendência da matéria em escoar para a zona de menor
pressão facilitará a ascensão do magma. Ao se diminuir a pressão confinante há a o
favorecimento da temperatura de solidificação.

Aumento de temperatura: as situações mais comuns de ocorrência do aumento de temperatura


são em casos de decaimento radioativo e por razão do calor de fricção. Porém em função da
condutividade térmica das rochas, esse calor é facilmente dissipado, sendo assim nenhum
desses dois consegue isoladamente fundir o manto. Outro fator que pode acarretar no aumento
de temperatura é a presença dos hot spots.

Para os demais tipos de magma o processo é bem mais simples: os magmas intermediários são
formados essencialmente por processos de fusão parcial da crosta oceânica ou demais porções
basálticas, enquanto que os magmas riolíticos, ou ácidos, são essencialmente formados por
fusão da crosta continental, podendo em alguns casos ser resultado da fusão parcial de rochas
intermediárias e básicas.

A COMPOSIÇÃO BASÁLTICA DO MANTO


Uma vez compreendidos os processos que possibilitam a fusão do manto, e conhecendo-se de
forma geral o funcionamento da fusão parcial e da diferenciação magmática, é possível discutir
qual a composição do manto e se esta é estável ao longo do tempo. De forma geral, as respostas
para tais questões já foram dadas, uma vez que já se falou que o manto tem uma composição
basáltica e que já se comentou sobre o fim da produção dos magmas komatiíticos, porém, é
possível aprofundar mais um pouco.
Analisando o esquema, percebe-se que o tipo de rocha máfica a ser formado varia com as
concentrações dos diversos tipos de minerais, que no caso estão representados pelas
concentrações de titânio e alumínio.

Pensando em um magma inicial, composto essencialmente pela fase “lherzolito”, é possível


fundamentar que o processo de fusão parcial fundiria inicialmente os minerais de menor ponto
de fusão e gradualmente os eliminaria do sistema. Esse processo gera gradualmente um magma
mais pobre nesses elementos, criando assim um sistema mais diferenciados, ou seja, de
composição diferente.

Supondo que esse processo formasse minerais ricos em Ti e Al, o sistema seria gradualmente
empobrecido nesses componentes, tendendo de um lherzolito para um harzburgito e
sucessivamente para um dunito. Observa-se assim que o manto passa por um processo
constante de diferenciação, alterando sua composição de forma dinâmica e irreversível.

Nesse sentindo, mas a rocha extrusiva mais comumente tratada, os basaltos, apresentam entre
si variáveis: um basalto formado a partir de um manto de composição Arqueana terá
necessariamente composição diferente de um basalto atual, isso pois o manto de hoje já não é
mais o mesmo do Arqueano; da mesma forma um basalto formado a partir do manto superior
(peridotítico) será diferente de um basalto formado a partir do manto mais profundo (eclogito).
Mesmo havendo diferenças visíveis entre os basaltos, eles são classificados em dois grandes
grupos:

- Tholeíticos: de grande concentração em ferro, característicos das zonas de dorsais;

- Alcalinos: ricos em álcalis (K, Ca, Na), característicos das ilhas oceânicas;

A FORMAÇÃO DO MAGMA RIOLÍTICO POR FUSÃO DA CROSTA


A fusão da crosta continental se dá pelo processo conhecido como “Anatexia”, o qual
corresponde ao termo geral para um dado contexto no qual rochas pré-existentes são fundidas.
Ele poderá ocorrer por dois casos:

 Sucessivas intrusões de magmas: para que esse processo seja possível é necessário
ocorrer primeiro a fusão do manto, porém, como esse magma básico tem temperaturas
bem mais elevadas que a fusão das rochas ácidas, uma série de intrusões basálticas meio
a um conjunto de rochas félsicas é capaz de fundi-las.
 Espessamento crustal: processo mais específico, que ocorre durante processos de
colisão entre placas; nesse contexto há o “enrugamento” crustal, aumentando o pacote
de rocha sobre aquelas que constituem a base desse sistema, e assim, pode ocorrer o
metamorfismo, desidratação, percolação de fluidos (metassomatismo) e também a
fusão das rochas.

CRISTALIZAÇÃO E ASCENSÃO DOS MAGMAS


1. A ASCENSÃO:

A ascensão do magma é um processo bem mais complexo que uma simples subida de material
em estado de fusão parcial, uma vez que existem limitantes físicos para esse desenvolvimento.
O fator primordial a atuar será a diferença de densidade, em que um material menos denso
tende a deslocar-se para a superfície, em um processo conhecido como Buoyancy, e além disso,
vale salientar que ao sofrer fusão, o material se expande, adquirindo assim menor densidade,
dessa forma a área fonte é sempre mais densa que o fundido produzido a partir dessa.

Depreende-se do enunciado que por terem densidades diferentes os magmas mantélicos e


crustais terão processos de ascensão diferentes, apesar de existirem semelhanças:

MAGMAS MANTÉLICOS

Primeiramente, tem-se em “I” um bolsão de magma, onde pelos processos supracitados foi
possível fundir o manto formando o magma basáltico; esse bolsão por ser menos denso que sua
fonte, ascende naturalmente por “II”. Ao chegar em “III”, depara-se com a transição
manto/crosta (descontinuidade de Mohorovicic), e a partir daí o magma basáltico já é mais
denso que o entorno, e sendo assim explicar sua ascensão não é mais tão intuitivo. Entre o
indicado por “IV” e “V” tem-se um novo estacionamento, resultante da mudança do
comportamento reológico, na transição crosta dúctil, onde o meio é mais maleável para a crosta
rúptil, em que para ser atravessada as rochas são literalmente fraturadas.
MAGMAS CRUSTAIS

Para essa segunda situação o início do processo se dá de forma semelhante, uma vez que o
magma basáltico deve ser formado primeiro (“I”), subindo até a crosta e a partir daí esse magma
que tem temperaturas bem mais elevadas será capaz de fundir a crosta no indicado por “II”.
Formado na crosta rúptil, esse magma ascende até “III”, onde a mudança reológica induz um
novo estacionamento.

Sendo assim, qual seria esse processo alternativo à diferença de densidade a atuar em ambos
casos?

O fator atuante consiste na ação da diferença de pressão. Para uma melhor compreensão do
processo, consideraremos a mudança para a parte fluida do sistema terrestre. Observe o
esquema:

Na representação acima são selecionados dois pontos aleatoriamente no interior terrestre,


utilizando do pré-requisito selecionado, ambos se encontram sobre a parte fluida do sistema, e
sendo assim, é possível relacionar as condições de pressão em ambos casos com as
profundidades “h1” e “h2”:

P1 = ρ*g*h1 e P2 = ρ*g*h2
Observa-se que quanto maior a profundidade naturalmente maiores as pressões exercidas pelo
magma, e assim, a pressão litológica é suprimida pela pressão do magma:

Pcrosta << Pmagma


Tal situação gera condições de sobrepressão que fratura as rochas próximas, dando condições
ao magma de passar por meio dessas fraturas. No caso do magma basáltico esse processo é
ainda mais fácil, uma vez que a viscosidade menor auxilia na subida, o que justifica o fato do
basalto ser a rocha extrusiva mais comumente encontrada, mesmo mediante maiores
empecilhos ao buoyancy.

Vale lembrar que a pressão de voláteis também é um fator que pode ser considerado no
processo, aumentando ainda mais a diferença de pressão citada, porém, esta não é capaz de
atuar como fator único e determinante para o afloramento superficial do magma.

Se por um lado a ascensão do magma se dá pelo processo conhecido como buoyancy, por outro,
esse processo se manifesta por meio de dois mecanismos principais, o primeiro pelo diápiros,
no qual o magma é mais viscoso e em função disso, o mesmo adquire formato de “gota
invertida”, que após sua cristalização formará os chamados plutons; o segundo mecanismo é
por meio de diques, caracterizado por um magma menos viscoso que se eleva por meio de
fraturas.

É interessante pensar nos processos magmáticos sempre associados aos contextos tectônicos,
um exemplo quanto a facilitar ou dificultar a subida do magma está nos limites tectônicos
divergentes e convergentes: nos limites convergentes há o espessamento crustal e por
consequência o magma encontra mais obstáculos ao seu caminho, enquanto em zonas
divergentes a própria despressurização auxilia no processo.

-Dúvida: foi visto que o espessamento crustal aumenta a


quantidade de rocha sobre um dado ponto, e assim pode
gerar a anatexia, ou seja, favorece a formação de magma
riolítico. Porém, esse mesmo processo dificulta a extrusão.
Sendo assim, em limites convergentes é comum a
formação de magma mas sua expulsão é algo mais
complicado?

O esquema ao lado descreve bem a relação de pressões no


interior terrestre: a curva roxa corresponde ao
comportamento da pressão litostática, enquanto a curva
vermelha a pressão do magma. Observa-se primeiramente
que quanto mais acima se encontra a linha vermelha, mas
pronunciável será a ascensão, além disso, percebe-se que
na transição rúptil/dúctil, a curva da pressão litostática bifurca de forma a descrever os possíveis
regimes tectônicos – em limites de compressão a pressão da coluna de rocha será maior que a
pressão de magma, impossibilitando que esse aflore, enquanto que em zonas de ação extensiva,
a diferença será a maior possível. Outro fator a ser analisado é que a curva do magma ultrapassa
a delimitação de superfície proposta pelo gráfico, o que corresponde aos regimes de extrusão
efusiva.

2. O ESTACIONAMENTO:

A partir de agora serão tratados os processos de intrusão, ou seja, processos nos quais o magma
fica estacionado. A priori, existem dois locais citados onde o magma tem maior tendência a ficar
estacionado, sendo eles a intersecção crosta manto, e em torno de 10 km, onde há a mudança
da estrutura reológica. Apesar desses locais terem condições que induzam o magma a
estacionar, a intrusão pode ocorrer a qualquer profundidade.

Vale ressaltar que os processos de intrusão em geral serão bem mais complexos do que se
aparenta. Muitas vezes ao deparar-se com um batólito do tipo "pão-de-açúcar", o mesmo é
tratado como um granitóide, porém, várias alterações são passíveis de ocorrer em função de
sucessivas injeções de magma que podem alterar texturalmente e composicionalmente o
granito original. Além de deformações como dobramentos sobre o mesmo.

Um bom exemplo de pluton zonado por intrusões múltiplas é o do Peru, onde o perfil do mesmo
indica muitas variações da rocha original no que se direciona ao seu interior:

No perfil apresentado é possível percebes a gama de variações litológicas internas do batólito,


evidenciando o zoneamento e os diversos eventos que culminaram na formação do corpo.

Os plutons por sua vez são divididos em Compostos ou Zonados:

 Os compostos são formados por diferentes eventos de intrusão, podendo haver um


grande lapso de tempo entre eles.
 Os Zonados são formados exclusivamente por um processo de diferenciação
magmática.

Atualmente o corpo ígneo intrusivo mais estudado é o de Sierra Nevada, nele é observado que
quanto mais ao centro, mais diferenciado é o material. Esse processo é esperado em teoria, isso
pois a cristalização tem início a partir das bordas do corpo, onde ficarão os minerais de
estabilidade em maior temperatura.
Observando o esquema a seguir, percebe-se
que o material que aparece na parte mais
externa, é um quartzo diorito, enquanto que
o material mais central consiste em um
granito, esse comportamento concorda com
o mencionado acima, uma vez que o centro
consiste em uma rocha de características
mais silicosas e diferenciadas.

Outra situação a ser considerada quando se


trata da intrusão de corpos ígneos, é pelo
fato de que quando esses corpos chegam a
algum local da crosta, o espaço não se
encontra aberto, à espera do corpo ígneo.
Logo, cabe a esse atuar, por meio de forças,
abrindo espaço entre a rocha.

Esse processo de pressão sobre a crosta


gera feições características de deformação,
que serão observadas tanto sobre a intrusão
– que terá suas feições definidas pela
resistência da rocha – bem como a rocha hospedeira que será deformada.

O esquema a seguir ilustra as principais estruturas observadas, as quais serão enumeradas


posteriormente:

1. Domming – processo de abaulamento do teto da câmara, a resistência da rocha


hospedeira que irá gerar o caráter esférico da parte superior do pluton.
2. Assimilação – a depender da temperatura do corpo ígneo, funde a encaixante,
assimilando essa.
3. Stoping
4. Foliação de borda – o atrito gerado pela intrusão pode ordenar os minerais da parte
mais externa do corpo, criando uma espécie de foliação.
5. Estruturas de deformação – ao intrudir há a ocorrência do metamorfismo de contato, o
qual não gera feições de foliação por ser dominado pela variação de temperatura,
porém, pequenas feições de ordenamento mineral podem ser observadas pela pressão
da intrusão.
6. Balooning – o pluton empurra a rocha encaixante, é a continuidade desse processo que
acarreta na assimilação.

O processo de assimilação (2) é caracterizado pela fusão de parte da rocha encaixante pelo calor
latente do magma em ascensão. Esse processo é muito limitado, uma vez que os magmas
intrusivos têm uma limitação de temperatura. Em alguns casos o faturamento do teto da câmara
pode deslocar alguns fragmentos da rocha encaixante para dentro do pluton, num processo
chamado de stoping (3) – esse processo requer que a rocha encaixante seja mais densa que o
magma.

Vale ressaltar que quanto mais pronunciável é o processo de assimilação, mais difícil é o estudo
da petrogênese, uma vez que as características originais do magma terão sido alteradas. Esse
processo de busca por espaços para alojar o pluton é chamado de Emplacement, e ele será
responsável por mudanças na densidade da crosta e bem como por processos de deformação.

Durante o emplacement, se há adição de material mantélico, alterando a composição original


da crosta, é possível dizer que houve formação de crosta. Do contrário, se o que ocorreu foi
apenas fusão ou cristalização da própria crosta, ela foi apenas retrabalhada.

RELAÇÃO DOS CORPOS ÍGNEOS COM A ROCHA ENCAIXANTE

Página 91 do livro

OS TIPOS DE INTRUSÃO

 Pipe, plug: são intrusões semelhantes aos necks vulcânicos, porém, esses não atingem
a superfície. Mais comuns na Crosta rúptil e caracterizados por uma ascensão muito
rápida. Os kimberlitos são encontrados nesse tipo e intrusão, e por tal razão são
comumente procurados em prospecção de diamantes.
 Diatremas: chegam a atingir o nível do lençol freático, com propagação de diversas
fraturas. A pressão de voláteis acarretada pela chegada ao lençol tem como resultado a
formação de uma espécie de funil, no qual é encontrada uma grande quantidade de
xenólitos.

É importante salientar que o termo mais adequado para se referir a um fragmento de rocha que
destoa de seu entorno é “enclave”, e a partir desse podem existir diversos tipos, como os
xenólitos quando os enclaves são resultantes da rocha encaixante. Outros enclaves podem ser
resultantes do cristalizado e afins.

Nesse sentido, os enclaves podem dar muitas informações sobre processos como a mistura de
magmas e por isso é importante realizar o estudo desses.

3. A EXTRUSÃO:

O ápice da ascensão magmática consiste na extrusão do mesmo que virá a formar as rochas
extrusivas, ou vulcânicas, nas quais estarão também inclusas as rochas fragmentárias,
representadas por sua vez pelas piroclásticas e vulcanoclásticas. Essas rochas são muitas vezes
controversas por apresentarem comportamento muito semelhante ao das partículas e das
rochas sedimentares, além da ausência de cristalinidade da mesma.

As rochas piroclásticas são o conjunto de todos os fragmentos ejetados do cone vulcânico,


representadas principalmente pelos ignibritos. Já rochas vulcanoclásticas é um termo genérico
que compreende todos os fragmentos provenientes do cone, podendo ser inclusive
provenientes da erosão do mesmo.
As erupções fissurais podem se manifestar de diferentes formas de lavas, de acordo com as
características dessas, padrões diferentes são formados:

 ‘A’a’: do havaiano significa “pedregosa”, são lavas mais viscosas que apresentam grande
quantidade de sólidos e gases. Por serem mais viscosas não se espalham por grandes
espaços. Versão mais comum de ocorrência das lavas riolíticas.
 Pahoehoe: traduzidas como lavas encordadas, são menos viscosas e se espalham mais
facilmente.
 Pillow lavas: ou lavas almofadadas. São lavas ultramáficas, e geradas principalmente em
fundo oceânico, onde a água envolve a lava fazendo com que essa sofra mudança brusca
de temperatura gradualmente de sua parte mais externa para a interna. Apesar de ser
mais comum em fundo oceânico, podem ser formadas em qualquer ambiente que haja
encontro de magmas com diferenças pronunciáveis de densidade e temperatura (como
o encontro de um magma basáltico e riolítico).

DIFERENCIAÇÃO MAGMÁTICA

A diferenciação consiste em um conjunto de processos de modificação do magma após esse ter


saído de sua área fonte. Por fim, a diferenciação resultará em rochas diferentes, de diferentes
estágios de cristalização – a esse grupo de rochas geneticamente modificadas dá-se o nome de
suíte magmática. As rochas formadas por um processo de diferenciação apesar de possuírem
características diferentes, são rochas cogenéticas, ou seja, foram formadas a partir de um
mesmo magma fonte em um mesmo tempo geológico – muitas vezes as rochas de uma região,
mesmo que todas ígneas, estão associadas a eventos diferentes de formação.

Os magmas serão distintos de acordo com o grau de diferenciação em:

 Parental: consistem em um primeiro estágio da diferenciação, sendo assim os menos


diferenciados, a partir do qual os demais estágios serão formados. Um exemplo de
magma parental foi o que deu origem aos Qz. Diorito de Sierra Nevada.
 Primário: são formados diretamente pela cristalização fracionada de um outro magma,
remetendo diretamente às condições da área fonte. Um exemplo seria um basalto
formado a partir de um peridotito.
 Primitivo: bem semelhantes aos primários, porém, nesse caso apresentam uma leve
variação com relação à área fonte, como exemplo por elementos traço e minerais
acessórios.

Nesse sentido um magma classificado como parental pode ser também, por exemplo, primário,
uma vez que enquanto o primeiro conceito consiste em uma observação de ordenação ou até
mesmo local, o segundo conceito compreende a um fator dependente da fonte do mesmo.

A classificação do grau de diferenciação é fundamental para definir se um grupo de rochas é


cogenética. Definir o evento de formação de um conjunto de rochas será muito mais aplicável
que apenas o âmbito petrológico e científico: se em um dado grupo de rochas tem-se algum
bem mineral associado, ele provavelmente estará relacionado a um evento de formação, logo
definindo quais foram as rochas geradas por tal evento, é possível economizar recursos e tempo
de exploração.

Em termos de composição química, os magmas serão constituídos por três agrupamentos de


elementos, sendo eles:

 Elementos maiores: são os constituintes fundamentais da rocha, encontrados em > 1%


do total. São os elementos que compõe os minerais que “dão nome” à rocha, e apesar
de ocorrerem em maior quantidade, os elementos maiores das rochas serão apenas em
torno de oito a dez entre todos os da tabela periódica.
 Elementos menores: correspondem entre 0,1% e 1,0%.
 Elementos traço: aparecem na
quantidade de p.p.m.

Muitas vezes os elementos maiores


serão importantes para definição do tipo
de rocha, porém, no geral isso é o
máximo que irão retornar de informação
– todo granito tem quartzo e feldspato, e
por consequência seus elementos
maiores; por outro lado, os elementos
menores e elementos traço darão
informações de que anomalias
ocorreram durante o processo, e, por
conseguinte a quais ambientes e eventos
uma determinada rocha está associada.

GRÁFICOS DE CONCENTRAÇÃO DOS


ELEMENTOS MAIORES

Ao lado é possível observar a


amostragem de várias rochas – pontos
pretos – e suas concentrações em cada
um dos elementos maiores. Se o trend de variação dos elementos é relativamente linear, a
diferença geralmente se dá por diferenciação magmática – diferentes estágios de cristalização
– logo, com rochas cogenéticas. As retas representadas em rosa nesses gráficos consistem em
uma regressão baseada nos pontos plotados.

Outros gráficos também podem ser construídos no intuito de se observar aspectos como as fases
em que cada elemento é cristalizado e assim diferenciar as suítes magmáticas, e nesse processo,
alguns minerais serão fundamentais, como allanita, zircão, apatita e titanita, por tais minerais
conterem elementos bem específicos, como metais de terras raras.

Compatibilidade dos elementos traço:

O conceito de compatibilidade remete à tendência de um elemento em entrar na estrutura de


um mineral, quando esse é compatível, ou de permanecer na fase líquida (fundido), quando esse
é incompatível com a fase mineral.

Coeficiente de partição:

É uma razão que possibilita informar matematicamente se o elemento é compatível ou não. Ela
é dada por:
[𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑚𝑖𝑛𝑒𝑟𝑎𝑙]
𝐷=
[𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑜]
A partir da definição é possível estabelecer a análise: se D > 1, o elemento é compatível – existe
mais na estrutura do mineral que no fundido – e se D < 1, o elemento é incompatível – existe
mais no fundido que no mineral.

Alguns elementos se mostrarão extremamente incompatíveis, só cristalizando quando a


temperatura está tão baixa que não possibilita a existência da fase líquida. Isso justifica a grande
quantidade de minerais exóticos em pegmatitos, uma vez que os pegmatitos são resultantes da
cristalização de fluidos finais, onde sobram também os voláteis, sendo assim os minerais
crescem em meio a gases e cristalizam minerais com uma série de elementos incompatíveis.

Alguns exemplos:

Os elementos Sr, Ba, e Eu possuem D >> 1 para o plagioclásio e D << 1 para olivina e piroxênio;
por outro lado Cr, Ni e Co possuem D >> 1 para olivina e piroxênio.

A partir de informações como essas também é possível fazer inferências sobre o processo
inverso, no caso, a fusão: os elementos compatíveis demoram mais (precisam de mais energia)
para saírem do mineral e migrarem para o fundido, e assim, desde a gênese esses elementos
podem se fazer mais raros em um magma por serem compatíveis com as rochas da fonte – como
ocorre no manto.

O gráfico ao lado consiste em um Diagrama


multielementar, nesse modelo genérico,
observa-se uma linha vermelha e demais
azuis. A vermelha corresponde à linha de
background, ou seja, a que define algo
próximo do comportamento esperado,
enquanto as azuis foram os resultados do
experimento para uma série de elementos
apresentados no eixo das abcissas.

A linha de background, corresponde ao


resultado da normalização, que por sua vez
consiste na comparação dos dados obtidos
com a composição da fonte esperada. Esse
processo pode ser feito de duas formas por
MORB ou Condritos; o conceito de MORB será apresentado mais à frente, e condrito refere à
composição de meteoritos que são interpretados como a composição de um magma original.
Fazendo a comparação de normalização é possível dizer o quão diferenciado a rocha se
encontra.

Além disso, percebe-se no diagrama um desvio negativo para o európio, ou seja, esse elemento
para as análises feitas estava abaixo da concentração esperada.

Essa condição pode indicar que a rocha analisada não foi formada a partir do primeiro evento
de cristalização, havendo cristalização de uma rocha rica em plagioclásio anteriormente, ou uma
segunda hipótese seria que na fonte desse magma a rocha se encontrasse já rica em plagioclásio,
e por isso, ao se formar o magma o elemento não demonstrou tendência a ser fundido.
Fatores que alteram o coeficiente de partição

Relembrando, o coeficiente de partição é uma razão que informa se um elemento é ou não


compatível. Porém, o resultado desse valor pode variar de acordo com certas condições, sendo
elas a composição global do magma, e a composição dos minerais.

De acordo com as mudanças nos fatores mencionados, um elemento que outrora era compatível
pode se tornar incompatível, ou o inverso. A mudança de composição pode se referir a, por
exemplo, a mudança de um magma básico para um mais ácido, e nesse sentindo um elemento
alterar sua compatibilidade. Vale ressaltar que essa condição será realmente pronunciável para
elementos cujo coeficiente é próximo do limite (~1), se um elemento tem um valor de
coeficiente muito alto, exemplo 20 e cai para 15, ele ainda continua sendo extremamente
compatível.

A partir do conhecimento do conceito de coeficiente de partição é possível aprofundar na


compreensão da fusão parcial e cristalização fracionada, uma vez que se entende melhor o
porquê de alguns minerais terem sua estrutura desfeita mais facilmente – seus elementos
componentes são incompatíveis.

Sabe-se que o coeficiente informa o dado de compatibilidade, porém, pode-se ir mais além e
fundamentar o que faz com que um elemento seja ou não compatível, e a resposta é: Potencial
Iônico, conceito que por sua vez trata de uma razão carga/raio iônico e que indicará se a entrada
de um íon é termodinamicamente (segundo a Cristiane eletronicamente) estável e apropriado
em termos de tamanho para ocupar um determinado sítio eletrônico.

Os elementos serão classificados em:

 LFS (ou LILE): elementos que possuem CP < 2, ou seja, de carga pequena frente ao raio.
São exemplos o K, Rb e Cs.
 HFSE: representado por elementos como Th, U, Hf e Ta, além dos elementos de terras
raras (Lantanídeos e Actinídeos). Esses possuem CP > 2.

Uma observação é que em termos de estudos petrológicos, é muito bom quando se tem uma
ocorrência de elementos de terras raras, primeiramente por esses serem elementos de baixa
abundância nos sistemas terrestres, logo refletem condições específicas de formação. Além
disso, são elementos não móveis, ou seja, não são facilmente carreados por eventos de
alteração química, logo suas concentrações são relativamente constantes nas rochas. Um
terceiro motivo para a boa utilidade dos mesmos é a grande variação dos coeficientes de
partição para os diversos elementos componentes do grupo.

Um exemplo de aplicação: elementos de terras raras leves (mais leves que o Európio) possuem
coeficiente menor que 1 para magmas ácidos, logo são incompatíveis para esses. Sendo assim,
uma rocha mais diferenciada terá menos ETR leves, já que esses elementos não vão para seu
magma gerador. Se a análise feita para uma fonte basáltica, o raciocínio é o oposto: uma fonte
mais diferenciada (nesse caso mais ferromagnesiana), ao ser fundida, os elementos
incompatíveis serão os primeiros a saírem da estrutura e migrarem para o melt e dessa forma,
a fonte apresenta maior concentração nos elementos de terras raras, enquanto o magma
formado apresentará um desvio negativo desses.
PARES DE ISÓTOPOS

 Estáveis: elementos que não sofrem decaimento radioativo, logo sua concentração não
varia ao longo do tempo, ou seja, qualquer mudança de concentração desses reflete o
processo de fracionamento do magma.
 Instáveis ou radioativos: são os elementos que sofrem decaimento e são importantes
para datação.

Os isótopos podem ser importantes para identificar processos de interação entre um pluton e a
crosta, isso pois existem isótopos característicos de crosta e outros característicos de manto.
Nesse mesmo sentido é possível saber até quanto tempo o magma ficou estacionado em um
dado ponto. Como exatamente é feita tal determinação temporal?

PRINCIPAIS PROCESSOS DE DIFERENCIAÇÃO MAGMÁTICA

Posso dizer que a diferenciação ocorre tanto durante a cristalização como durante a fusão?

Até aqui foi definido o que é a diferenciação magmática e vários fatores que podem ajudar na
identificação da ocorrência de tal processo, além de alguns fatores que justificam a vertente
físico-química do processo. Agora, tais conhecimentos serão associados aos processos que
possibilitam a diferenciação; de forma geral, esses processos são divididos em processos de
sistemas fechados, no qual não se tem interferência de fatores externos, e de sistemas abertos:

I – SISTEMAS FECHADOS

Cristalização fracionada: consiste no processo mais pronunciável de todos, e progride por meio
da separação da fase sólida – cristais - da parte líquida – melt. Esse processo de separação é
marcado por três etapas bem definidas:

 Deposição gravitacional: consiste na união entre a cristalização da série de Bowen e a


ação gravitacional. Dentro de uma câmara magmática os elementos de estabilidade
maior a mais altas temperaturas tendem a se cristalizarem antes, e por estarem no
estado sólido acabam se depositando ao fundo da câmara. Uma vez que esse material
foi cristalizado, o sistema é empobrecido nesses elementos e assim os próximos a
cristalizarem serão de composição mais félsica, aos poucos também se depositando ao
fundo da câmara.
A deposição gradual pela cristalização e deposição gravitacional gera espécies de bandas
dentro da câmara, a cada uma dessas bandas se dá o nome de cumulado –
essencialmente refere-se àquilo que é acumulado e que forma as bandas. Nesses casos
em que a rocha apresenta a textura acumulada, as análises petrológicas não devem
ficar limitadas à uma determinada banda, pois essa não representará a composição
geral da rocha.
Se a deposição gravitacional está dependente da cristalização fracionada, e essas são
resultantes de uma variação de cristalização: primeiro os minerais ferromagnesianos e
depois os félsicos, então o processo só pode ocorrer se o magma é básico? Acho que
essa dúvida nem tem fundamento.
 Filtragem por pressão: à medida que a deposição gravitacional se desenvolve, cristais
são acumulados no fundo da câmara, havendo entre eles um espaço intersticial no qual
será acumulado fundido. Quando a pressão do sistema aumenta, esse líquido é expulso,
porém, uma vez que não estava em contato direto com o resto da câmara, teve sua
composição original preservada e assim, quando cristaliza apresenta-se como uma parte
muito menos diferenciada.
 Segregação por fluxo: devido às diferentes composições da câmara e à variação de
profundidade, haverá também uma variação térmica entre as partes da câmara, e sendo
assim, correntes convectivas podem surgir no interior da mesma. Nesse processo,
alguns minerais da parede da encaixante podem ser retirados e entrarem no magma;
esse processo será bem visível em zonas de diques.

Separação de líquidos imiscíveis: é conhecido a partir da físico-química que alguns líquidos são
imiscíveis, isso em função da natureza de suas ligações e além disso, que líquidos imiscíveis em
um mesmo sistema tendem a se homogeneizar sob altas temperaturas. Dessa forma, quando o
sistema ainda se encontra aquecido os líquidos estão misturados no fundido, porém, à medida
que a energia decai, a entropia do sistema diminui, esses se separam e o mais denso se desloca
para o fundo – essa separação se dará entre o mais rico em sílica e o mais pobre, evidentemente
em função do grau de polimerização. Vale ressaltar que apesar do processo ser aceito, como um
elemento de diferenciação, ainda é questionável se esse é pronunciável para grandes corpos
ígneos, uma vez que em muitos casos as temperaturas que possibilitam a miscibilidade original
ultrapassam as temperaturas usuais dos magmas.

Algumas misturas como água e óleo, que são imiscíveis, possuem o ponto de miscibilidade bem
alto, como no exemplo esse ultrapassa a temperatura de ebulição da água. Porém, isso ocorre
para pressões de 1 atm – a pressão também exerce papel em tal variação.

Separação de fases fluidas: posteriormente aos demais processos há o acumulo de um resto de


fundido, esse contendo elementos incompatíveis, voláteis e demais substâncias que não foram
capazes de entrar na composição do que já foi cristalizado; porém, chega um momento em que
a temperatura já não é capaz de sustentar na fase líquida, então há a cristalização,
principalmente na forma dos pegmatitos.

II – SISTEMAS ABERTOS

Mistura de magmas: ocorre quando um magma “A” entra em contato com um magma “B”,
havendo assim a formação de um novo magma. Esse processo pode ocorrer em uma câmara
que sofre sucessivas injeções de um mesmo tipo de magma, ou até por encontro de magmas
diferentes, criando um novo de composição intermediária. De acordo com o nível de mistura
entre os magmas é possível destacar duas situações:

 Magma mixing: quando eles se unem de forma a gerar um híbrido, e nesse caso é muito
difícil determinar a composição das fases – mistura homogênea.
 Magma milling: nesse caso o magma para em uma fase da mistura e é possível
reconhece-los individualizados.

Assimilação: processo já tratado entre as estruturas formadas pela intrusão; consiste na fusão
da rocha encaixante incorporando parte desta à composição do magma.

DIAGRAMAS DE FASE

Os diagramas de fase são utilizados para descrever o comportamento de cristalização e fusão


dos minerais, bem como as relações de temperatura, pressão e composição às quais esses
processos ocorrem.

Antes de se tratar dos tipos de diagramas é importante definir alguns conceitos:

Sistema: consistem no material de estudo que se considera, para fins laboratoriais, como isolado
do universo exterior.

Fase: substância fisicamente separada, para os fins geológicos os minerais (nos diagramas, cada
uma das regiões consiste em uma fase).
Componente: fator que define o tipo de diagrama a ser construído, sendo que cada componente
pode apresentar uma ou mais fases.

Algebricamente a relação entre tais conceitos é dada pela regra de Gibbs:

F=C+2–P
1. Sistema Binário com Solução Sólida Completa

São diagramas construídos sob pressão constante e variando


temperatura e concentração. São utilizados para minerais que
formam solução sólida, onde o principal fator a possibilitar isso
será o potencial iônico, ou seja, os íons que se substituem
mutuamente nas estruturas devem ser de tamanhos
aproximados.

2. Sistema Binário com Solução Sólida Incompleta

Os diagramas desse bloco são utilizados quando a


substituição já não é mais completa, ou seja, a solução se
desenvolve bem para o estado líquido, porém, a partir do
momento em que solidificam os fatores energéticos
impedem a formação de uma solução sólida.

Nesses gráficos existe a fase determinada pela


Temperatura Solvus (Ts), abaixo da qual os minerais se
cristalizam completamente separados; no caso dos
feldspatos essa fase será responsável pelas condições de
formação das pertitas e aanti-pertitas – feições
resultantes do processo de “desmistura” ou exolução.

Uma condição possível dentro desse mesmo tipo de diagrama


são aqueles que se encontram sobre altas pressões de voláteis,
condição essa que propicia a diminuição da temperatura de
fusão fazendo com que a curva sólidos intercepte a curva de Ts.

Nesses diagramas observa-se também o ponto eutético, que é


definido como o ponto de “decomposição isotérmica de uma
fase líquida em duas sólidas durante a solidificação e reação
inversa na fusão”.
3. Sistema Binário com fusão congruente:

Uma fusão é dita congruente quando uma fase sólida se


transforma diretamente em um líquido; isso é visível
observando um processo de fusão iniciado a partir de
qualquer ponto no diagrama ao lado, tomando G por
exemplo, tem-se no ponto diopsídio e anortita, ambos no
estado sólido, ao se aumentar a temperatura o diopsídio
passa diretamente ao estado líquido, se a temperatura
continua a subir, o mesmo acontece com a anortita.

4. Sistema Binário com composto intermediário

Podem ser compreendidos como a união de dois


diagramas do anterior, nesse caso observa-se a
chamada fusão incongruente, nos quais dois dos
compostos apresentados não formam solução sólida, e
para compensar tal disparidade, é formado um
composto intermediário capaz de coexistir com ambos.

No caso do diagrama ao lado observa-se que a


Forsterita é incapaz de ser formada conjuntamente ao
quartzo, e para tal é formado o composto intermediário
Enstatita, capaz de coexistir tanto com a Forsterita
quanto com a sílica. Nessas reações observa-se o ponto
Peritético, representado aqui por B, ponto onde ocorre
reação entre o cristalizado e o fundido.

EXERCÍCIOS

Os magmas basálticos são caracteristicamente formados por fusão do manto, aflorando


principalmente em zonas de dorsais, quanto às suas propriedades físico-químicas essas possuem
menores taxas de sílica e por consequência grau de polimerização do que os magmas ácidos. Os
magmas riolíticos também serão caracterizados por maior taxa de água e menores temperaturas
que os magmas basálticos. Quanto à extrusão, os magmas riolíticos essencialmente tendem a
formar derrames de lavas Aa, comuns de magmas de maior viscosidade (maior viscosidade
resultante das ligações de polimerização que são mais fortes). Os magmas basálticos terão
derrames formados por lavas tipo Pahoehoe, que se desenvolvem por maiores extensões,
podendo em casos mais específicos e raros formarem pillow lavas.
O diagrama 1 indica o processo de fusão do manto, enfatizando o fato da geoterma ser incapaz
de fundi-lo isoladamente, ou seja, sem a ocorrência de fatores auxiliares, isso pois tal curva não
intercepta a curva sólidos da rocha apresentada (Lherzolito). Nesse sentido é necessário que
ocorram processos concomitantes que possibilitem “dirimir a linha sólidos” ou “subir a
geoterma”, e entre tais processos salienta-se a despressurização, a adição de voláteis e o
aumento de temperatura por ação de hot spots ou por calor friccional.

O segundo gráfico apresentado corresponde à condição para que os magmas ascendam quando
a diferença de densidade já não é mais eficiente, ou seja, se refere à diferença entre a pressão
litostática e a pressão de magma. Nele a pressão do magma é representada pela curva em
vermelho, enquanto a pressão litostática é descrita pela curva roxa. Percebe-se que quanto
maior a diferença entre ambas, mais facilmente o magma irá ascender, sendo que próximo à
transição dúctil/rúptil há a bifurcação da curva, isso por razão dos diferentes tipos de ambientes
que podem atuar facilitando os processos, como é o caso dos ambientes extensionais ou
dificultando, no caso dos compressionais. A transição dúctil/rúptil influencia de forma que ao se
alterar a composição reológica da crosta de uma condição de deformação plástica para uma
bem mais rígida a resistência ao fluxo do magma aumenta, e nesse casos é fundamental a
diferença de pressão para que o magma ascenda.

O diagrama 3 consiste em um processo resultante do representado no diagrama 2: uma vez que


o magma alcança a zona rúptil, ele sobe por meio de fraturas, “quebrando” as rochas (nessa
situação os magmas basálticos são favorecidos por sua menor viscosidade). Dessa forma, essas
fraturas tendem a fragmentar a rocha abrindo espaços lateralmente, uma vez que o sigma 1
(vetor de maior força considerando a rocha como um meio contínuo) encontra-se verticalizado,
porém, a resistência lateral dos demais corpos rochosos induz a alteração da direção desse vetor
acarretando em um faturamento perpendicular. Em termos mais geológicos, essa resultante
vetorial corresponde à coexistência de diques (estruturas discordantes) e soleiras (estruturas
concordantes).
A – Primeiramente, pela definição de coeficiente de partição sabe-se que caso esse seja maior
que 1, o elemento é dito compatível com o mineral, do contrário incompatível. Sendo assim, se
tratando dos últimos litotipos a se cristalizarem dois caminhos são possíveis, no primeiro os
elementos compatíveis com a fonte irão se apresentar muito escassos, uma vez que os poucos
que foram para o fundido provavelmente já se cristalizaram nos primeiros litotipos, nesse caso,
considerando uma fonte ultrabásica, pode-se dizer que o basalto terá um desvio negativo de Cr
e Ni. A segunda possibilidade é pensar que os elementos compatíveis serão cristalizados nos
primeiros litotipos, fazendo com que os últimos estejam pobres nesses, o que leva à mesma
resposta anterior.

B – Para a formação de um magma o processo é o inverso: os elementos de maior


compatibilidade tendem a permanecer na fonte e não se deslocarem para o magma, sendo
assim, um magma gerado a partir de um peridotito (rocha constituída principalmente por olivina
e piroxênio), espera-se que esse também seja anomalamente pobre em Cr e Ni.

Se o agregado está representado no diagrama 4 ele consiste em um dos membros da série dos
plagioclásios, e por se tratar de um agregado já no estado sólido será considerado o processo
de cristalização. Pela tabela acima, percebe-se o Sr como um elemento compatível, logo, esse
se encontrará com um desvio positivo para o agregado em questão (desconsiderando-se
condições da fonte para o caso).
MATÉRIA DA 2ª PROVA

CONTINUAÇÃO DIAGRAMAS DE FASE – DIAGRAMAS TERNÁRIOS

São diagramas caracterizados por um número de componentes igual a 3 (C = 3), os quais podem
ser entendidos como a junção de três diagramas binários, um em cada aresta do triângulo, e por
se tratar da união desses, os diagramas ternários irão apresentar as mesmas características dos
binários que o compõe, como pontos eutéticos, peritéticos e afins.

A construção dos diagramas ternários é feita inicialmente de forma tridimensional e depois ela
é rebatida para o plano. Nesse sentido, as linhas solidus e liquidus, inicialmente não são curvas,
e sim superfícies

Nas imagens acima observa-se à esquerda do leitor o diagrama tridimensional, enquanto que o
diagrama à direita consiste no mesmo já rebatido. Observa-se no diagrama já planar alguns
elementos a serem apresentados: primeiramente as três fases minerais, no caso a Anortita,
Forsterita e no terceiro vértice o Diopsídio; em segundo lugar estão apresentadas em vermelho
as curvas cotéticas, sobre as quais irão coexistir duas fases minerais; além disso, destaca-se as
isotermas, curvas presentes em cada uma das áreas delimitadas pelas cotéticas.

CAMINHOS DE CRISTALIZAÇÃO

Um caminho de cristalização encontra-se


apresentado na imagem ao lado; nele
percebe-se primeiramente que por se
tratar de uma cristalização, a curva deve
caminhar em direção à diminuição de
temperatura, o que pode ocorrer em
direção a uma das duas fases minerais,
atingindo suas respectivas curvas
cotéticas, ou caminhar em direção ao
ponto eutético, apresentado pela letra
M.

No caminho traçado, uma vez que a


composição do eutético é relativamente
difícil de se observar, e pelo fato do
plagioclásio ser de maior temperatura
que o diopsídio, deu-se preferência para que a curva caminhasse em direção a anortita. Por
outro lado, vale salientar que o ato de traçar um caminha de cristalização será muito
dependente das texturas existentes, um exemplo seria a textura de corona quelifítica, que
induziria a um traçado caminhando da olivina para o diopsídio.

Um terceiro fator a ser salientado é que para rochas com certa homogeneidade é difícil que a
curva de cristalização tenha início sobre um dos vértices ou arestas, isso pois, ao começar desses
locais, é interpretado que inicialmente a concentração de um ou mais elementos era nula, e
sendo assim, para que os mesmos se apresentem na rocha, seria necessário a adição de material
– injeção de magma na câmara, por exemplo.

Além disso, é importante ressaltar que no intuito de seguir um caminho que obedeça à redução
de temperatura é fundamental que após atingir as curvas cotéticas o caminho de cristalização
siga para o ponto eutético, que é o de menor temperatura onde existe fundido.

Uma outra possibilidade,


advinda das condições já
apresentadas para os diagramas
binários, é a existência do
peritético, representado aqui pela
zona de estabilidade do espinélio,
que na verdade consiste em um
intermediário.

O diagrama piroxênio-plagioclásio
indicado ao lado apresenta uma terceira
possibilidade, a qual trata de minerais que
possuem solução sólida. Nesses digramas,
uma cristalização que parte dos plagioclásios
para o diopsído altera gradualmente sua
composição – observa-se no caminho
destacado na imagem ao lado que
gradualmente é cristalizado maior
quantidade de albita que no momento
anterior.
Até aqui foram apresentados vários caminhos de cristalização, porém vale ressaltar que
a fusão se dá de forma semelhante, sendo que na fusão é mais provável que o caminho atinja
os vértices, uma vez que uma das fases minerais tende a fundir por último a temperaturas
maiores. Uma vez atingido uma das arestas migra-se o processo para o diagrama binário a fim
de que mais detalhes possam ser representados.

Também é preciso levar em


consideração a presença de
voláteis nesses sistemas; a
presença desses gera, da mesma
forma que já apresentado, a
diminuição das temperaturas de
fusão. Observa-se indicado pela
seta essa variação nos pontos de
fusão em função do tipo de
volátil.

CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS

A partir de agora serão estudas as suítes magmáticas e sua classificação. Vale ressaltar que o
termo suíte pode se referir a um conjunto de rochas ígneas que são cogenéticas e podem ser
petrograficamente relacionadas, ou o mesmo termo pode ter uma aplicação estratigráfica
quando existem uma série de rochas ígneas em um determinado local, mas a delimitação
temporal e de ordem dessas não é bem definida. Para o presente caso a primeira definição será
adotada.

As suítes serão classificadas a partir de:

 Textura/Estrutura;
 Composição mineralógica;
 Composição química – normalmente utilizada para rochas vulcânicas/afanítica.

Para se caracterizar uma suíte segue-se os seguintes passos:

1. Definir a quantidade de minerais máficos, não confundido a classificação em máfico


(alto índice de minerais ferromagnesianos) com melanocrático (índice de cores).
2. Definir se a rocha é vulcânica ou plutônica.
3. Definir se a rocha é um tipo usual, que se encontra definida nos diagramas usuais, como
o TAS e QAPF ou se é necessário algum tipo de glossário para classifica-la de forma mais
específica.

São exemplos de rochas não-usuais:

 Carbonatito – ígnea com mais de 50% de carbonatos.


 Lamprófiro – rocha máfica ou ultramáfica com textura porfirítica.
 Komatiítos – presença de textura spinifex e olinas alongadas.
 Kimberlito – ultrmáficas comumente associadas aos lamprófiros.
 Lamproíto.
Um caminho indireto para se classificar as rochas ígneas é a normalização, indireto pois não se
baseia diretamente na descrição mineral e textural da rocha. A normalização consiste na análise
química da amostra e a partir dela é definida a concentração dos elementos. Uma vez conhecida
a proporção dos elementos, eles são agrupados de forma lógica a se pensar na possível
organização desses, definindo assim as fases minerais que possivelmente encontram-se
presentes. A classificação normativa usualmente observa as quantidades dos seguintes
minerais:

Q – Quartzo

Ol – Olivina

Ne – Feldspatóide (nefelina)

Ainda que lógica, a normalização depende de um certo conhecimento sobre a rocha, uma vez
que desconsidera, por exemplo, a quantidade de água no sistema, assim, não trabalha com
minerais hidratados. Geralmente, os minerais interpretados por meio desse procedimento são
escritos em itálico e chamados minerais normativos.

Outro recurso normativo para classificação de uma rocha é quanto à saturação em sílica: ao se
dizer que uma rocha é insaturada em sílica, na verdade o que se informa é que a quantidade de
sílica disponível no sistema não foi suficiente para formar quartzo.

INTRUSÕES ACAMADADAS

As intrusões acamadadas são caracterizadas por uma certa estratificação das rochas mesmo que
essas sejam ígneas, isso como um resultado direto do processo de diferenciação. A imagem
acima descreve a forma clássica de ocorrência desses corpos – forma afunilada com um dique
“alimentador”. Essa distinção textural e mineralógica à primeira vista pode até mesmo fazer com
que elas sejam descritas como rochas sedimentares, mas claramente se percebe a mineralogia
ígnea.

Essas camadas podem se apresentar de forma homogênea ou até mesmo com certas repetições
rítmicas, isso a depender da ação dos pulsos magmáticos sobre a câmara e os materiais que
trazem consigo. É bom lembrar que essa composição pode ser textural, assim, não é necessária
uma mudança composicional para definir um complexo acamadado, apenas a alteração das
proporções de cada mineral já se faz suficiente.

Os complexos acamadados são fonte de grande quantidade de estudo e isso pela presença de
materiais economicamente importantes de origem mantélica. Esses corpos tem a textura
cúmulos como a mais clássica: os minerais são cristalizados de forma aleatória e margeados pelo
material intercúmulus.

Internamente e com um maior grau de detalhes, essa é a disposição esperada de uma câmara
na qual se desenvolve um complexo acamadado. É perceptível que os estratos tendem a se
repetir tanto na base quanto no topo do espaço, inicialmente isso seria explicado pela Lei de
Stoke, a qual poderia justificar a presença de minerais mais densos no topo – demanda um certo
tempo para decantação, e enquanto isso ocorre, uma certa separação pode ocorrer. Porém,
isoladamente a lei baseada no contraste de densidade não explica todo esse conjunto de feições,
sendo necessário pensar na ação das correntes de convecção. Nesse contexto de tentativas de
ordenação pelas correntes de convecção, pode ocorrer ainda a entrada de um magma primitivo,
o qual novamente altera o equilíbrio dentro da câmara.

Os complexos acamadados podem ser:

 MODAL: caracterizada por mudança na moda dos minerais.


 FASE: caracterizada por mudança mineral.
 CRÍPTICO: caracterizada por mudança química.

SUÍTES: BASALTO

Os basaltos são suítes caracterizadas pela presença de piroxênio e plagioclásio, podendo


aparecer em alguns casos a olivina (forsterita) como um acessório e a existência de vidro não é
determinante – pode ou não aparecer.

As rochas dessa suíte são encontradas em todos os tipos de ambientes tectônicos, sendo o único
requisito a ocorrência de fusão do manto. Apesar de ocorrerem em diversos contextos, esses
diferentes locais formarão diferentes tipos de basaltos, quimicamente diferentes. Dois tipos
formam a primeira divisão do grupo – já mencionados aqui:

 Toleíticos: são característicos de dorsais;


 Alcalinos: característicos de ilhas oceânicas – hot spots;

Basaltos em geral são classificados a partir do diagrama “TAS” – Total Álcalis x Sílica – que como
sugerido são construídos de forma a avaliar as quantidades de sílica e álcalis, variando de rochas
máficas a félsicas:

No diagrama apresentado acima – em italiano – observa-se bem definida a série subalcalina, na


qual tem-se muito pouco álcalis, a série alcalina, que pode ser entendida como uma transição e
a fortemente alcalina, a partir de onde caracteristicamente começam a se formar os
feldspatóides.

Outra forma característica de se classificar os basaltos é pela saturação em sílica, porém, ao


contrário da classificação por uso do diagrama TAS que usualmente é feita por meio da descrição
da amostra, a saturação em sílica é feita por normalização.

Dentro da série subalcalina, ainda é possível definir duas subséries, sendo elas a subsérie
toleítica, caracteristicamente apresentando maior teor de Ferro, e a subsérie Ca-alcalina. Essas
subséries e suas respectivas características são apresentadas pelo diagrama “AFM” (Álcalis,
Ferro e Magnésio):

Curva dos basaltos


Curva dos toleíticos; observa-se
basaltos enriquecimento em
alcalinos, maior ferro, que apresenta
quantidade de na forma de minerais
álcalis como a magnetita.
Assim, algumas conclusões iniciais já podem ser tiradas:

Primeiramente, percebe-se que os magmas toleíticos são favorecidos por fusões mais rasas que
os alcalinos; além disso, sabe-se que o manto superior está bem mais diferenciado que o interno
e por extensão eles são quimicamente diferentes. Essa química diferente é capaz de explicar a
baixa concentração de sódio e potássio nos basaltos toleíticos: como resultado da diferenciação
o manto superior encontra-se muito empobrecido nesses elementos, e em função dessa baixa
concentração na fonte, o magma toleítico já é gerado com defasagem do material. Por outro
lado, os magmas basálticos provenientes dos hot spots, os quais são gerados a profundidades
muito maiores, são resultado da fusão de uma fonte com maior concentração de álcalis,
formando os magmas alcalinos.

De forma geral as características que irão influenciar nas características de um basalto são:
profundidade, porcentagem de fusão parcial e tipo de voláteis presentes no magma. Sendo o
manto muito homogêneo é fácil perceber que variações das condicionantes supracitadas
ocorrem e assim geram basaltos diferentes, porém, vale ressaltar que mesmo em uma condição
de manto homogêneo diferentes pressões (variação de profundidade) resultam em minerais
diferentes, uma vez que a variável favorece ou não a estabilidade termodinâmica dos minerais,
além disso, afeta diretamente nas variáveis porcentagem de fusão parcial e tipo de voláteis.

Usualmente ambientes de pressões mais altas geram minerais como a granada e o px. sódico.
Ambientes de pressões intermediárias favorecem a olivina, px. e o espinélio. Por fim, ambientes
de pressões baixas também são formados piroxênios, olivina e espinélio:

Alta pressão Granada + px. sódico Líquido máfico/ultramáfico


potássico
Média pressão Olivina + px + espinélio
Baixa pressão Olivina + px + espinélio Álcali-ol-basalto / quartzo
toleíto

Uma vez que os magmas basálticos são formados nos mais variados ambientes, eventualmente
podem aflorar em região de crosta continental, e nesse contexto podem ser facilmente
contaminados por crosta continental. Para se identificar essa contaminação é comum a
utilização da análise de isótopos Sr86/Sr87.

1. Basaltos de Dorsal – MORB


São os basaltos característicos de zonas mais rasas, que afloram caracteristicamente nas
zonas de dorsal. Provenientes do manto superior são magmas mais diferenciados e por
razão desse contexto de formação terão menor quantidade de elementos incompatíveis
(os elementos incompatíveis já foram retirados da fonte). É importante referenciar tais
conceitos pois assim é possível observar que o nome MORB – Mid-Ocean Ridge Basalts
– remete na verdade a uma série de informações sobre a gênese do processo.
Os basaltos MORB por aflorarem em crosta oceânica terão menor taxa de
contaminação, uma vez que essa crosta também é basáltica. Por outro lado, o estudo
desses basaltos se dá de forma direta, porém, não in situ, sendo feita principalmente a
partir dos ofiolitos.
Outro fator que pode gerar variações desses basaltos é que por serem formados em
zonas de rifteamento, estão à mercê das condições desse processo, ou seja, zonas de
baixo espalhamento (abertura menor que 3 cm por ano) expelem quantidade de magma
consideravelmente menor que zonas de alto espalhamento. Procurar por diferenças
entre esses tipos de MORB.
O gráfico representado ao lado descreve
bem a evolução de cristalização dos magmas
MORB, observa-se que à medida que as amostras
apresentam aumento de magnésio, elementos
como o fósforo e o ferro aumentam sua
concentração. É característico dos magmas de
dorsais, mesmo sendo os basaltos de forma geral
ricos em minerais máficos, uma alta concentração
em ferro.
Se aparentemente os MORB se mostram
como um grupo homogêneo, a análise dos ETR
subdivide o grupo: existe um grupo de MORB’s que
são empobrecidos em ETR leves, sendo esses os
MORB’s provenientes de regiões mais próximas ao
manto superior, isso é depreendido pois os ETR
leves são incompatíveis para os minerais dos
basaltos de forma geral, e essa região do manto
encontra-se diferenciada. Esses basaltos serão chamados N-MORB (“normal”, uma vez
que apresentam comportamento dentro do esperado).
Por outro lado, os E-MORB, são aqueles “enriquecidos” em ETR leves e a
principal justificativa para essa diferença é que na verdade esses fossem provenientes
de uma região mais diferenciada do manto – esses basaltos possuem características
mais semelhantes às plumas, provenientes de uma fonte mais fértil1 e mais profundas.
Quimicamente os conjuntos de MORB podem ser diferenciados por meio dos seguintes
isótopos:
N-MORB: Pobre em Sr e ricos em Nd
E-MORB: Ricos em Sr e pobres em Nd

À título de curiosidade, o
Estrôncio é o isótopo resultante do
decaimento radioativo do Rubídio,
enquanto que o Neodímio é produto
do Samário.
As zonas de formação dos
basaltos MORB são divididas em
zonas de alta taxa de espalhamento
e baixa taxa de espalhamento.
Na imagem a zona de
espalhamento está indicada por
mush, e o alto espalhamento será
caracterizado por serem mais
quentes, maior quantidade de fusão
e consequente vulcanismo, além de
formarem crosta mais espessa.

1
O termo fértil em petrografia magmática pode se referir a uma condição de produção de muito magma
ou de uma fonte pouco diferenciada, com alta concentração de elementos.
ALTA TAXA BAIXA TAXA
+ quente + fria
Crosta mais espessa Crosta mais fina
> quantidade de fusão < quantidade de fusão
> mush < mush

2. Basaltos Intraplaca Oceânica – OIB


Como sugerido são basaltos formados no interior das placas oceânicas, nas ilhas geradas
por hot spots – não confundir ilhas vulcânicas com arcos de ilhas vulcânicas. De forma
geral esses basaltos se aproximam mais dos E-MORB’s, o que evidencia para esses
também uma fonte mais profunda.

3. Basaltos de Platô – CFB


São característicos das Large Igneous Province (LIP), e exemplificadas pelos grandes
derrames basálticos, como a planície do Deccan e da Sibéria. No Brasil são
exemplificadas pelos derrames da Bacia do Paraná.

SUÍTES: ANORTOSITOS

A sequência de diferenciação magmática de um magma basáltico resulta na formação da rocha


chamada Anortosito, porém, é muito raro que um magma se diferencie até essa fase. O granito
formado por diferenciação de um basalto é chamado plagiogranito, e por ser diferenciado de
um material mantélico, é uma evidência de crosta oceânica “dentro do continente”.

Peridotito --> Piroxênio --> Gabro --> Anortosito

Os anortositos não possuem correspondente vulcânico, e além disso, são caracterizados por
mais de 90% de plagioclásio anortítico (Ca). A grande quantidade de plagioclásio, mineral
comumente associado a fases minerais ferromagnesianas e também as anomalias positivas em
Európio são evidências de um distanciamento da composição que define o “riolito”.

A evolução dos magmas que geram anortositos pode ser definida de forma simplificada pela
seguinte sequência:

a – É formada a estrutura concordante na interface


manto crosta, e essa encontra-se inicialmente em
equilíbrio.

b – Os minerais ferromagnesianos são


cristalizados primeiro, e o calor do corpo
intrusivo começa a fundir a crosta.

e – A crosta já fundida (em amarelo) tende a ascender


pelo buoyance, bem como o magma concentrado em
plagioclásio, o qual por ser menos ferromagnesiano
cristaliza por último e é menos denso. O material
ferromagnesiano (em azul), pela densidade tende a
ser puxado de volta ao manto. Por essas características dos batólitos anortosíticos, que
muitas vezes essas rochas ocorrem junto de granitos crustais, porém, a origem dessas
rochas é completamente diferente.

SUÍTES: ROCHAS ALCALINAS

As rochas alcalinas são formadas em um manto mais profundo, isso é indicado pelas altas
concentrações de sódio e potássio, além de elementos incompatíveis, o que é esperado de uma
fonte menos diferenciada. As rochas alcalinas podem ocorrer como extrusões sobre a crosta
continental ou oceânica, porém, como a crosta oceânica é assim como a fonte das rochas
alcalinas, máfica, a variedade de rochas nesse contexto é menor, assim, serão tratadas aqui
principalmente as continentais.

Localizados em zonas continentais, o contexto de formação dessas rochas será essencialmente


um início de rifteamento, o qual é desencadeado justamente por esse magma em ascensão, que
por sua vez formará uma “junção tríplice”, com propagação de falhas a aproximadamente 120°,
direções das quais geralmente uma se desenvolve mais rapidamente e as demais formam
aulacógenos.

Generalidades:

Essas rochas tendem a se localizar na


região inferior do diagrama QAPF, isso
se dá em função da grande quantidade
de álcalis no sistema que tende a formar
feldspatos e feldspatóides, não
sobrando assim a sílica. Vale ressaltar
que nem sempre as rochas alcalinas
serão classificadas pelo QAPF, isso pois
compreendem uma distribuição de
rochas muito amplas, variando desde as
ultramáficas às felsicas. No caso de
rochas ultramáficas utiliza-se a
classificação característica.

OBS.: 1 - Nesses diagramas muitas vezes o nome apresentado é o “Ijolito”, porém, salienta-se
que o termo é exclusivo de rochas em que há a predominância do feldspatóides nefelina, do
contrário o termo genérico é “Foidolito”.

2 – Uma variação comum do diagrama TAS é a que separa os teores de sódio e potássio,
possibilitando assim, uma classificação mais específica do material.

Ainda existem rochas alcalinas que são exceções ao diagrama, como os Shoshonitos, os quais
são basaltos cuja fase feldspato é formada por k-feldspatos. Tal ocorrência não é a mais
esperada, uma vez que os minerais rotineiros dos basaltos são de temperaturas bem mais altas.
Outro exemplo de exceção são os Lamproítos, rochas peralcalinas, muito ricas em potássio,
marcada pela presença de fenocristais de olivina. E também os Lamprófitos, rochas ultramáficas
com fenocristais de biotita (flogopita) e hornblenda.

Uma exceção próxima às rochas alcalinas são as rochas peralcalinas, citadas acima, são resultado
da substituição do alumínio pela sílica: são rochas ácidas alcalinas;

Assim, as rochas peralcalinas serão caracterizadas por maior quantidade de álcalis que alumínio.
Um exemplo dessas rochas são os Comenditos, assemelham-se a granitos, porém de
características peralcalinas, e formados sobre condições extremas de diferenciação.

As rochas alcalinas podem ser observadas ainda quanto a serem saturadas ou insaturadas em
sílica.

Outras exceções do grupo serão:

 Kimberlitos: são famosos por serem os principais hospedeiros dos diamantes; corpos
de rápida ascensão, porfiríticos e com grande pressão de voláteis. Devido a esse
comportamento de rápida ascensão acabam carregando muitos xenólitos. São rochas
super potássicas.
 Carbonatitos: não são rochas alcalinas! Porém, por ocorrerem sempre associados aos
magmas alcalinos, muitas vezes são tratados em conjunto.

Os diagramas de fases dessas rochas apresentam grandes variações de assembleias minerais


que não são comuns, mas dentro desse contexto podem apresentar grande variação. Essa
variedade é resultado de uma conjunção de fatores, como a adição de voláteis, pressão de
formação e temperatura (de forma geral as variáveis resultantes do caminho do magma).

Uma outra característica das rochas alcalinas é o enriquecimento em ETR’s leves e em elementos
incompatíveis, o que é esperado, pois esses também são magmas de origem mantélica mais
profunda.

Observe o gráfico abaixo, nele as áreas delimitadas por linhas pontilhadas consistem em
xenólitos:
Observa-se que de forma geral os xenólitos acompanham a composição das rochas, indicando
que esses são de fontes semelhantes. Quanto às características isotópicas, percebe-se uma
diminuição na razão Nd/Nd e aumento na Sr/Sr.

Os magmas alcalinos continentais estão diretamente ligados ao processo de rifteamento:

Os esquemas ao lado é uma


descrição hipotética da evolução do rift do
chifre da África. Em um primeiro momento,
no estágio pré-rift, há a formação de uma
série de diápiro, os quais sobem para a
crosta. Nesse ponto observa-se a formação
de magmas alcalinos. Num segundo
momento, estágio rift, grandes quantidades
de fraturas são propagadas e o magma
alcalino aflora. Por fim ocorre a fusão do
manto superior e há o início da formação de
crosta oceânica. A partir desse momento
são formados os N-MORB e E-MORB,
ressaltando que enquanto os magmas
alcalinos são resultantes do contexto
tectônico de formação inicial do rift, os
magmas basálticos citados são presentes
em contextos de rift já desenvolvido.
Como mencionado, os magmas
carbonatitos são descritos em ocorrências nas
quais intrudem rochas alcalinas como os ijolitos.

Observa-se a marcação lateral de


ondulações na secção ao lado, elas
correspondem à auréola formada pelo
metamorfismo e metassomatismo gerados pela
intrusão do carbonatito.

No Brasil os carbonatitos são descritos


na Bacia do Paraná, o que se pode dizer que era
esperado, uma vez que a bacia em questão
passou por um processo de formação de rift, e
por consequência teve a formação de rochas
alcalinas.

SUÍTES: ROCHAS ANDESÍTICAS E SUBDUCÇÃO

As rochas andesíticas ocorrem caracteristicamente em ambientes de subducção, e essas são


presentes em vários locais. Muitos dos estudos serão relacionados ao Japão, uma vez que essa
corresponde a uma zona de subducção habitada.

Outro exemplo de zona de subducção muito estudada é a Cordilheira dos Andes, a qual é
dividida em 3 zonas e é marcada pela grande concentração de Andesitos – daí a nomenclatura
do magma.

1 2 3
5 4

O processo de subducção é caracterizado por uma crosta, mais densa que mergulha em direção
ao manto. Esse processo origina os arcos de ilhas que podem ser continentais ou oceânicas a
depender dos tipos de placas envolvidas. Na imagem acima está representado um contexto
continental, o qual tende a ser mais complexo por razão da contaminação do magma. As
características da subducção tendem a variar de acordo com a velocidade de afundamento,
inclinação do mergulho, dentre outros.

O esquema indicado traz alguns resultados característicos dessa condição de subducção:

1. Prisma acreacionário – quando a placa ocânica subducta ela traz consigo, água e uma
série de sedimentos. Parte desses sedimentos são deixados no limite formando a
estrutura apresentada.
2. Bacia de Antearco – à frente do arco de ilhas será formada uma região de deposição, a
qual receberá sedimentos da erosão das ilhas.
3. Cunha do manto – região do manto compreendida a até cerca de 100 km, profundidade
a partir da qual é aceito que o manto funde. Essa região será fundida para formação do
magma e por consequência das ilhas vulcânicas.
4. Bacia de Retroarco – essas bacias são caracterizadas por um adelgaçamento da crosta
em um processo de faturamento característico de rift, o que forma as bacias.
5. Zona de Benioff – delimita o limite da zona de formação do magma.

No perfil, FIGURA 1, ao lado


estão destacadas as isotermas
das crostas durante a
subducção, onde é possível
perceber uma grande
diminuição de temperatura
na zona de contado dessas.

Os magmas formados nesse


processo de subducção são
caracteristicamente magmas
cálcio-alcalinos, os quais são
plotados na região
“subalcalina” do diagrama
TAS.

Na cunha do manto haverá


fusão parcial do manto e por
conta da mistura com o material proveniente da crosta, além da água e voláteis em conjunto
com as correntes de convecção irão promover o processo de metassomatismo. Esse conjunto
de fatores culmina em zonas petrologicamente muito complexas e de interesse econômico, isso
pois existem minerais associados ao contexto.

Nos arcos de ilhas oceânicas, o processo é bem semelhante, e de certa forma mais simples, isso
pois evita-se a contaminação, uma vez que ambas crostas são de composição semelhante e
basáltica. Nessas ilhas é comum a atividade explosiva e a presença de estrato-vulcões como
principal forma de relevo.

Uma indagação interessante é o porquê da fusão do manto e a não fusão da crosta, uma vez
que as temperaturas indicadas acima são suficientes para fundi-la; na subducção, como dito, a
crosta traz grande quantidade de material consigo, e se por um lado água e voláteis adicionados
ao sistema diminuem o ponto de fusão da cunha, eles por outro lado impedem a fusão da crosta
– a crosta é desidratada, perdendo tanto a água que traz da subducção quanto a presente nos
minerais hidratados, atingindo fácies eclogito e se igualando ao manto inferior, sendo assim, ela
não é facilmente consumida, apenas em casos extremamente favoráveis em termos de
velocidade e ângulo de inclinação.

Esse contexto gera principalmente rochas intermediárias – olhar tabela do Winter

Os diagramas triangulares descrevem


bem a condição essencialmente cálcio
alcalina desses magmas, e em geral não
há um enriquecimento em álcalis
também (letra A). Eventualmente esses
gráficos podem apresentar trends em
direção ao toleítico, mas isso muitas
vezes é resultado de se plotar o contexto
continental junto ao oceânico, e nos
casos oceânicos alguns toleítos podem
ser descritos associados. Nos contextos
continentais essa diferença é muito
visível.

Nos gráficos da direita também é


perceptível outra característica marcante
dos magmas cálcio-alcalinos que é o
“médio potássio”, bem como o “baixo
potássio” é uma característica dos
magmas toleíticos. Vale ressaltar que
essa análise é de caráter estatístico, não
sendo uma lei para se definir uma amostragem como toleítica ou cálcio-alcalina.

“Os toleítos tendem a ser mais jovens que os cálcio-alcalinos, isso pela diferenciação
magmática.” É possível diferenciar um toleíto e ele chegar a um cálcio alcalino?

Elementos traço

Analisando-se as concentrações de ETR’s em diferentes zonas de subducção, e comparando-as,


é possível perceber diferenças mesmo se tratando de contextos muito semelhantes, por
exemplo: ao se analisar as rochas de Tonga-Kermadec e comparando-as com as rochas de Java,
outra zona de subducção, percebemos que naquela a concentração de potássio é menor e não
são observadas anomalias de ETR’s; por outro lado, em Java, a concentração em K é muito
elevada e os ETR’s leves apresentam anomalias positivas. A partir dessas condições é possível
perceber diferentes características de contextos semelhantes e mais que isso concluir que as
zonas de cunha do manto não são homogêneas.

Um mineral fundamental para esses estudos é a granada, a qual é altamente compatível para os
ETR’s pesados e assim sendo, se existe granada na fonte ou se ela foi fracionada anteriormente,
o produto de cristalização final irá apresentar anomalias negativas quanto a esses elementos.

Petrogênese

A fusão durante o processo de subducção se dará inicialmente pela quebra da hornblenda –


mineral hidratado, logo esperado – e de acordo com o ângulo de inclinação da subducção, será
observada também a quebra da flogopita. Já foi aqui a apresentado, mas vale ressaltar mais uma
vez que o que funde é o manto e não a crosta subductante, porém, já foi apresentado
graficamente também, que as temperaturas atingidas no sistema são suficientes para fundir a
crosta, sendo característico se questionar o porquê de não ocorrer a fusão dela.

Tal fato é justificado pelo processo de desidratação, que ao retirar a água retira calor da crosta,
e mais do que isso, o processo de desidratação metamorfiza a mesma, fazendo com que ela
atinja fácies Eclogito, igualando-se ao manto inferior, e por consequência se tornando muito
resistente à temperatura. Porém, mesmo com esse aumento de resistência é possível a fusão
da crosta mediante uma conjunção de fatores ideais, como velocidade e ângulo de subducção.

SUÍTES: GRANITÓIDES

No perfil destacado sob o nome de figura 1, percebe-se a “zona de MASH”, também chamada
de underplate, a qual passa por uma série de processos, como o metassomatismo e hidratação.
Nesse ponto tem início a mudança reológica e são formados uma série de plútons gabróicos que
podem vir a serem refundidos, formando assim materiais mais félsicos.

Apesar disso, não se pode justificar a formação de magmas graníticos a partir de diferenciações
magmáticas completas, uma vez que para isso seria necessária quantidade muito grande de
cumulado máfico na base da crosta, e não é isso que os dados geofísicos por exemplo mostram.
Além disso, também seria gravitacionalmente inviável a existência de uma quantidade tão
grande de material muito denso em uma profundidade tão superficial.

Os granitoides são o principal tipo de rocha plutônica de contexto continental; os plútons


gabróicos, como dito anteriormente também são comuns, porém, muito menos que os
graníticos e além disso, tendem a sofrer re- fusões produzindo magmas mais félsicos.

Os granitoides de mais altas temperaturas tendem a ter maior concentração de plagioclásio,


enquanto os de temperaturas maiores tendem a formar mais quartzo e K-feldspato. Da mesma
forma é favorecida a formação de quartzo quando há aumento da pressão de voláteis.

Os granitoides, ao contrário das rochas


alcalinas se concentram na parte
superior do QAPF, isso pois são rochas
com maiores concentrações de quartzo,
e por consequência não apresentam
feldspatóides.

A grande maior parte dos granitoides caem na região “Alcalina” do diagrama TAS, e por essa
característica acabam ocorrendo conjuntamente aos contextos de rochas alcalinas, ou seja,
serão comuns de ambientes convergentes. Isso tanto para o período de colisão como para o de
subducção e no estágio pós colisão – o estágio pós colisão é caracterizado quando o orógeno
atinge uma espessura crustal muito grande e passa a não ficar estável sobre o manto, e assim,
começa a ter sua base fundida.

Esses ambientes diferentes caracterizam diferentes químicas e interpretações:


1. Granitóides tipo I: são granitóides metaluminosos e característicos do estágio pré-
colisional, o nome “I” é advindo de ígneo, uma vez que que nesse estágio são fundidas
rochas principalmente da base da crosta as quais são essencialmente ígneas;
2. Granitóides tipo S: são granitóides peraluminosos (muito alumínio), e característicos
da fase sin-colisional, isso pois nesse contexto a crosta se encontra muito espessa e
por tal motivo a fusão ocorre sobre uma região mais superficial, fundindo rochas
sedimentares, as quais dispõe de maior quantidade de alumínio.
3. Granitóides tipo A: alcalinos, gerados após o espessamento crustal, quando há a
inversão do tectonismo citado acima. São magmas peralcalinos e podem ocorrer junto
de tipos I e S.
4. Granitóides tipo M: são granitóides metalumisos também, e representados
principalmente pelos plagiogranitos de contextos de dorsais.

TIPO CONCENTRAÇÃO EM FASE


ALUMÍNIO
I Metaluminoso Pré–colisional
S Peraluminoso Sin-colisional
A Peralcalino Pós-colisional
M Metaluminoso Anorogênico

Assim, a opinião predominante é de que os granitóides são gerados a partir de fusão da crosta.
Como citado anteriormente a diferenciação de material máfico é muito complexa e apresenta
várias dificuldades, um exemplo clássico é pensar que na faixa que se desenvolve do leste de
Minas Gerais ao Espirito Santo é marcada pela presença de extensas faixas de granitóides, e não
se vê praticamente nenhuma rocha máfica ou mesmo alterações dessas para justificar uma
possível diferenciação.

“O processo de formação dos magmas graníticos é a fusão da Crosta. ”

Um exemplo clássico das rochas graníticas e suas diversas fases é a Cordilheira do Himalaia,
onde a colisão continente-continente formou granitóides que se desenvolveram em diversos
momentos e diversos contextos colisionais, atualmente encontrando-se na fase de colapso
gravitacional - uma outra curiosidade é que durante a formação da cordilheira houve
primeiramente o consumo de material oceânico, assim, sendo possível encontrar vestígios
oceânicos no topo da maior montanha atual.
 Diagrama de fases simplificado:

O diagrama ao lado representa


o conjunto de reações de
petrogênese na formação dos
granitóides: percebe-se um
conjunto de linhas pontilhadas,
as quais correspondem às
temperaturas demarcadas –
essas temperaturas indicam
diferentes contextos, se no
primeiro tem-se um baixo
aumento de temperatura,
possivelmente devido à
geoterma, na última reta, com
cerca de 40°C/Km, as condições
são mais anômalas.

As regiões destacadas em azul correspondem às zonas de reações essencialmente metamórficas


por ocorrerem no estado sólido, a exemplo, a reação destacada pelo número “1”, onde a reação
da muscovita (Mu) com plagiclásio (Pl) e quartzo (Qtz) formou o Kafeldspato (Kfs),
aluminossilicatos (Als) e também fundido. Será dito que houve magmatismo a depender da
quantidade de fundido formado, e assim, será possível classificar melhor a situação como uma
condição ígnea ou metamórfica.

A condição apresentada acima está


explicada de outra forma pelo diagrama
ao lado. Observa-se a região destacada
como “Critical melt fractionation range”:
quando essa região é atingida considera-
se que está ocorrendo o magmatismo.

Em “1” está destacado a primeira fase a


ser decomposta, a muscovita, o que
ocorre por se tratar da fase hidratada.
Nessa fase a produção do melt ainda é
lenta, porém, a partir do momento “2”,
onde ocorre a fusão da biotita, o
processo se desencadeia como uma “bola
de neve”, sendo muito mais rápido e culminando em uma situação de magmatismo. Em
condições de reações que atingem apenas a zona “1”, por exemplo, forma-se uma quantidade
muito reduzida de fundido, gerando os migmatitos, rochas que ficam no limite entre o
metamorfismo e o magmatismo.

De forma geral, o que é apresentado em ambos os gráficos são reações com peritético, ou seja,
reações em que um membro intermediário é formado: “na cristalização os minerais são
formados, porém um deles reage com o fundido, formando uma nova fase que também é
cristalizada ao fim”.
A tabela acima faz um resumo das condições de formação dos granitóides, observa-se três
contextos bem definidos, o primeiro consiste no estado Orogênico, o qual forma granitóides
ligados a contextos orogenéticos, convergentes. Um segundo estágio é apresentado como o de
transição, estágio no qual há o colapso gravitacional do orógeno e a fusão se dá pela
descompressão resultante. Por fim, o último contexto tectônico de formação dos granitóides é
o Anorogênico, no qual não existem limites convergentes associados.
ROCHAS E CONTEXTOS MAGMÁTICOS
Rocha Característica Contexto
Granitóide tipo S Duas micas ou minerais Fusão de Crosta continental
aluminosos. com contaminação
sedimentar.
Granitóide tipo A Feldspato alcalino
Granitóide tipo I Minerais mais usuais de
origem ígnea sem
contaminação.
Basalto toleítico Minerais silicosos como o Dorsal Mesoceânica
feldspato
Basalto alcalino Minerais como feldspatóides Hot spots
Rochas alcalinas Piroxênios sódicos (egirina- Hot spot intraplaca
augita), feldspatóides. Início de rifteamento
Andesito Rocha extrusiva com o Subducção (Andes)
plagioclásio correspondendo
a > 90% dos félsicos e
intermediária.
Carbonatito > 90% de carbonatos Associado aos alcalinos

Você também pode gostar