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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

PROPOSTA DE MELHORIA DO SISTEMA DE


MONITORIZAÇÃO DE DESCARGAS PARCIAIS NOS
ALTERNADORES PRINCIPAIS DA HCB

AUTOR: SUPERVISOR:

Daniel Rafael Dzucule Eng.º Emílio João Chico Marra

Songo, Dezembro 2018


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

PROPOSTA DE MELHORIA DO SISTEMA DE


MONITORIZAÇÃO DE DESCARGAS PARCIAIS NOS
ALTERNADORES PRINCIPAIS DA HCB

AUTOR: SUPERVISOR:

Daniel Rafael Dzucule Eng.º Emílio João Chico Marra

Songo, Dezembro de 2018


DANIEL RAFAEL DZUCULE

PROPOSTA DE MELHORIA DO SISTEMA DE


MONITORIZAÇÃO DE DESCARGAS PARCIAIS NOS
ALTERNADORES PRINCIPAIS DA HCB

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado para aprovação pelos
membros de júri como requisito parcial
à obtenção do grau de Licenciado em
Engenharia Eléctrica, pelo Instituto
Superior Politécnico de Songo

O SUPERVISOR:

______________________________________________
Eng.º Emílio João Chico Marra

O EXAMINADOR:

______________________________________________
Eng.º Luís Simone

O PRESIDENTE DA MESA DE JÚRI:

_______________________________________________
Prof. Doutor Francisco Vieira

Songo, Dezembro de 2018


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

TERMO DE ENTREGA DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

Declaro que, o estudante Daniel Rafael Dzucule, entregou no dia ___/___/2018, as


cópias do seu Relatório de Estágio Profissional com a referência __________________,
intitulado: Proposta de melhoria do sistema de monitorização de descargas parciais
nos alternadores principais da HCB.

Songo, ____ de ________________________ de 2018

A chefe da secretaria

_____________________________________
ÍNDICE
Conteúdo Página
DEDICATÓRIA .............................................................................................................................. I

AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. II

EPÍGRAFE ................................................................................................................................... III

RESUMO ..................................................................................................................................... IV

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................. V

LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................................. VII

LISTA DE FIGURAS................................................................................................................ VIII

LISTA DE TABELAS................................................................................................................. IX

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1

1.1. Problemática e Justificativa.......................................................................................... 2

1.2. Objectivo geral ............................................................................................................... 3

1.3. Objectivos específicos .................................................................................................. 3

1.4. Metodologia .................................................................................................................... 3

1.5. Estrutura do trabalho ..................................................................................................... 4

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................... 5

2.1. Manutenção .................................................................................................................... 5

2.1.1. Tipos de manutenção ............................................................................................ 5

2.1.2. Manutenção Preditiva ............................................................................................ 7

2.2. Gerador Síncrono ........................................................................................................12

CAPÍTULO 3 – CENTRAL ELÉCTRICA DA HCB...............................................................13

3.1. Características dos alternadores principais ............................................................13

3.1.1. Características do rotor .......................................................................................14

3.1.2. Características do estator ...................................................................................15

CAPÍTULO 4 – DESCARGAS PARCIAIS .............................................................................16

4.1. Tipos de descargas parciais ......................................................................................16

4.2. Causas das falhas nos enrolamentos estatóricos ..................................................18


4.3. Características das descargas parciais ...................................................................22

4.4. Detenção de Descargas Parciais ..............................................................................25

4.4.1. Detenção no ponto neutro...................................................................................26

4.4.2. Detenção nos terminais de alta tensão .............................................................27

4.4.3. Detenção através de acopladores de ranhura .................................................31

4.5. Normas usadas na medição de descargas parciais ..............................................32

4.6. Tipos de medição de DP ............................................................................................34

CAPÍTULO 5 – O SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO DE DESCARGAS PARCIAIS NA


HCB ..............................................................................................................................................36

5.1. Descrição do funcionamento do Sistema PAMOS .................................................41

5.2. O sistema instalado na HCB ......................................................................................42

6. CAPÍTULO 6 – O SISTEMA PROPOSTO .....................................................................44

6.1. Escolha do fabricante..................................................................................................48

6.2. O sistema de monitorização da Iris Power ..............................................................50

6.2.1. O sistema de medição proposto ........................................................................53

6.3. Orçamento ....................................................................................................................55

CAPÍTULO 7 – ANÁLISE COMPARATIVA, ECONÓMICO-FINANCEIRA E


RESULTADOS ...........................................................................................................................56

7.1. Análise comparativa ....................................................................................................56

7.2. Análise económico-financeira ....................................................................................57

7.3. Resultados esperados ................................................................................................58

CAPÍTULO 8 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................59

8.1. Conclusões ...................................................................................................................59

8.2. Recomendações ..........................................................................................................60

CAPÍTULO 9 – BIBLIOGRAFIA..............................................................................................61

9.1. Referências bibliográficas ..........................................................................................61

9.2. Outra Bibliografia Consultada ....................................................................................63

ANEXOS ......................................................................................................................................65
DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho aos meus pais e


irmãos que sempre acreditaram no meu
potencial e que sirva como fonte de inspiração
para os meus irmãos mais novos ao longo da
complexa e magnífica jornada estudantil.

I
AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, à Deus todo-poderoso pelo dom da vida e saúde, por me
permitir chegar a este patamar, muitos foram os obstáculos enfrentados, mas Ele sempre
me manteve firme e determinante. Agradeço também por pôr e manter na minha vida
pessoas especiais que sem elas dificilmente chegaria a este ponto.

Aos meus pais Rafael Dzucule e Carla Dzucule por sempre acreditarem no meu potencial
e pelo apoio e carinho incondicional.

Aos meus tios pelo apoio e confiança, em especial ao tio Pedro Dzucule.

À minha namorada Miralva Muchina pelo suporte e companhia nos momentos bons e
maus da minha caminhada, por estar sempre disposta a apoiar-me e transmitir-me
confiança nos momentos de angústia.

Agradeço, igualmente, aos trabalhadores da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, em


especial aos da Direcção de Geração Eléctrica, sector de Manutenção, Controlo e
Protecções, nomeadamente, Eng.º António Carlos, Eng.º Emílio Marra, Eng.º Chico João,
Gilberto Gouveia, Jeremias Manhique, Milton Savanguane e Hélder Vilanculos pelo
caloroso acolhimento e pelos conhecimentos e profissionalismo transmitidos, ao Eng.º
Luís Simone pela preciosa informação disponibilizada e pelas críticas construtivas que
contribuíram para o desenvolvimento do trabalho.

Aos docentes no Instituto Superior Politécnico de Songo pelos vastos conhecimentos


transmitidos.

Os meus sinceros agradecimentos abrangem também a todos amigos e familiares que


sempre me apoiaram e acreditaram no meu potencial contribuindo directa ou
indirectamente para o sucesso do meu percurso.

Daniel Rafael Dzucule

II
EPÍGRAFE

“Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e


não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade
poderá enfim evoluir a um novo nível”. (Thomas Jefferson)

III
RESUMO

Dzucule, D. R., Proposta de melhoria do sistema de monitorização de descargas


parciais nos alternadores principais da HCB. Relatório de Estágio Profissional
apresentado ao Instituto Superior Politécnico de Songo para a obtenção do grau de
licenciado em Engenharia Eléctrica. Songo, Dezembro 2018.

A prática da manutenção preditiva, tem tomado lugar nas grandes indústrias devido aos
seus numerosos benefícios. Uma das técnicas preditivas bastante aplicada na avaliação
do estado do isolamento dos enrolamentos do estator de máquinas rotativas é a análise
das descargas parciais. A ocorrência de descargas parciais no enrolamento estatórico
de máquinas rotativas é o principal sintoma de deterioração do seu isolamento e, à
medida que elas evoluem, podem causar grandes danos na máquina, por isso, a sua
monitorização é de extrema importância.

Na Hidroeléctrica de Cahora Bassa, tem-se instalado um sistema de monitorização de


descargas parciais, contudo actualmente não se encontra operacional deixando os
enrolamentos do estator dos seus alternadores principais vulneráveis à ocorrência de
descargas parciais não monitorizadas. Como solução, propõe-se no presente trabalho
um sistema melhorado de monitorização de descargas parciais nos enrolamentos do
estator dos alternadores principais da Hidroeléctrica de Cahora Bassa. Para tal, fez-se
um levantamento de 6 fabricantes de sistemas de monitorização de descargas parciais
modernos e eficazes e definiram-se 5 critérios e, na base dos quais definiram-se os
melhores fabricantes.

Escolhido o fabricante, traçou-se um novo sistema de medição aproveitando-se de


alguns recursos materiais do sistema anterior.

Com base na análise comparativa, nota-se que o sistema proposto é muito mais eficiente
e fiável em relação ao antigo, pela análise económico-financeira são notórios os grandes
prejuízos materiais e financeiros causados por falhas catastróficas que, com um sistema
de monitorização de descargas parciais funcional, poderiam ser evitadas. São
apresentados também os benefícios da aplicação do sistema proposto para a empresa.

Palavras-chave: manutenção preditiva, hidrogeradores, enrolamentos estatóricos,


descargas parciais, monitorização on-line.

IV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACTS Assessed condition trending system

ADAM Advantech data acquisition module;

ADP Analisador de descargas parciais;

AF Alta frequência;

AMODIS Sistema de monitorização e diagnóstico da Alstom (do inglês Alstom


monitoring and diagnostics system).

BF Baixa frequência;

BNC Bayonet neill concelman;

DCS Sistema de controle da planta (do inglês distributed control system);

DP Descargas parciais;

HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa

HFCT Transformador de corrente de alta frequência (do inglês high frequency


current transformer);

HVCC Acoplamento capacitivo nos terminais de alta tensão (do inglês high
voltage terminal capacitor coupling);

HVCT Acoplamento de transformador de corrente de rádio frequência nos


terminais de alta tensão (do inglês high voltage terminal radio frequency
current transformer coupling);

IEC Comissão Electrotécnica Internacional (do inglês International


Electrotechnical Commission);

IEEE Instituto dos Engenheiros Eléctricos e Electrónicos;

IP Protocolo de internet (do inglês Internet Protocol);

LAN Rede de área local (do inglês Local Area Network);

MAF Muito alta frequência;

V
NCC Condensador de acoplamento no neutro (do inglês Neutral Capacitor
Coupling);

NCT Transformador de corrente de rádio frequência no neutro (do inglês


Neutral radio frequency current transformer);

p. Página;

PAMOS Sistema de monitorização de descargas parciais (do inglês partial


discharge monitoring system);

PD Descargas parciais (do ingles Partial Discharges);

PDA Analisador de descargas parciais (do inglês partial discharge analyzer);

PODS PAMOS operational data satellite;

PRPD Descargas parciais de fase resolvida (do inglês phase resolved parcial
discharge);

RFCT Transformador de corrente de rádio frequência (do inglês radio


frequency current transformer);

SD Sem data;

SNR Relação sinal-ruído (do inglês signal to noise ratio);

SSC Acoplador de ranhura (do inglês stator slot coupler);

TCP/IP Protocolo de controlo de transmissão/protocolo de internet (do inglês


Transmission control protocol/internet protocol)

TEAM Térmico, eléctrico, ambiental e mecânico;

TNC Threaded neill concelman

UAF Ultra alta frequência;

USB Universal serial bus

VS Centelhamento por vibrações (do inglês Vibration Sparking);

VI
LISTA DE SÍMBOLOS

Grandeza Unidade Símbolo


Pico Farad pF
Capacitância
Nano Farad nF
Carga eléctrica Pico Coulomb pC
Metros m
Comprimento
Quilómetros km
Corrente Ampere A
Energia Megawatt-hora MWh
Hertz Hz
Quilohertz kHz
Frequência
Megahertz MHz
Gigahertz GHz
Massa Quilogramas kg
Dólar Americano USD
Moeda
Metical Moçambicano MZN
Potência aparente Megavolt-Ampere MVA
Ohm Ω
Resistência
Megaohm MΩ
Temperatura Graus centígrados ºC
Tempo Nano-segundos ns
Volts V
Tensão Milivolts mV
Quilovolts kV
Velocidade de rotação Rotações por minuto rpm

VII
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Estatísticas de falhas em hidrogerdores ............................................................. 1


Figura 1.2 - Falha no enrolamento do estator de 16/05/2018 ............................................... 2
Figura 2.1 - Curva P-F ................................................................................................................. 8
Figura 2.2 - Esquema típico de um sistema de monitorização ............................................. 9
Figura 2.3 - Constituição do alternador...................................................................................12
Figura 3.1 - Barra Roebel ondulada ........................................................................................15
Figura 4.1 - Tipos de DP ...........................................................................................................17
Figura 4.2 - Ilustração do centelhamento por vibrações ......................................................18
Figura 4.3 - Impregnação inadequada ....................................................................................19
Figura 4.4 - Deterioração térmica ............................................................................................20
Figura 4.5 - Espaçamento inadequado ...................................................................................21
Figura 4.6 - Descarga superficial devido à contaminação dos enrolamentos ..................21
Figura 4.7 - Desgaste devido aos ciclos de carga ................................................................22
Figura 4.8 - Pulso típico de DP ................................................................................................23
Figura 4.9 - (a) Gráfico PRPD (b) Gráfico de análise de altura de pulso ..........................24
Figura 4.10 - Padrões de DP ....................................................................................................24
Figura 4.11 - Detenção no neutro ............................................................................................26
Figura 4.12 - Instalação típica com três condensadores nos terminais de alta tensão ..28
Figura 4.13 - HVCC com separação de ruídos .....................................................................29
Figura 4.14 - HVCT ....................................................................................................................31
Figura 4.15 - Localização dos SSC .........................................................................................32
Figura 5.1 - Sensor PAMOS: ....................................................................................................37
Figura 5.2 - Caixa de Conexão PAMOS .................................................................................38
Figura 5.3 - PAMOS 4 Satellite ................................................................................................39
Figura 5.4 - Imagem ilustrativa do ADAM-6017 da HCB. ....................................................40
Figura 5.5 - Sistema de medição de DP da Alstom ..............................................................42
Figura 6.1 - Diagrama esquemático do sistema de monitorização da Iris Power............50
Figura 6.2 - Condensadores da Iris Power.............................................................................51
Figura 6.3 - Montagem real do GuardII e da caixa de terminais ........................................52
Figura 6.4 - Sistema de medição de DP proposto ................................................................54

VIII
LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 - Qualificação de leituras feitas pelo ADP ..........................................................30


Tabela 6.1 - Levantamento de fabricantes de sistemas de medição de DP ....................48
Tabela 6.2 - Síntese da análise dos critérios para cada fabricante ..................................49
Tabela 6.3 - Orçamento do sistema proposto .......................................................................55
Tabela 7.1 - Comparação dos sistemas da Alstom e da Iris Power ..................................56
Tabela 7.2 - Algumas avarias no estator dos alternadores principais e seus custos de
reparação .....................................................................................................................................57

IX
LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 – Evolução da manutenção.................................................................................A1.66


Anexo 2 – Grupos geradores da HCB ..............................................................................A2.67
Anexo 3 – Sensores de DP para hidrogeradores ...........................................................A3.69
Anexo 4 – Arquitectura do sistema instalado na HCB ...................................................A4.70
Anexo 5 – Analisadores de descargas parciais...............................................................A5.77
Anexo 6 – Cuidados a observar durante a montagem dos sensores ..........................A6.79
Anexo 7 – Ligação do sistema proposto na rede ............................................................A7.80
Anexo 8 – Actividades realizadas durante o estágio .....................................................A8.81
Anexo 9 – Glossário .............................................................................................................A9.83

X
1. Introdução

1. CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) é a maior fonte nacional de produção de energia


eléctrica e fornece energia à maior parte do sistema energético nacional e parte de
consumidores de outros países como, por exemplo, África de Sul e Zimbabwe. Portanto,
a fiabilidade, disponibilidade e eficiência dos principais equipamentos que a compõem é
crucial. Um dos equipamentos mais importantes e custosos da HCB são os seus
alternadores e, a fiabilidade e disponibilidade desses equipamentos depende muito do
estado do isolamento dos enrolamentos do seu estator que, durante o seu tempo de vida,
estão sujeitos a um conjunto de esforços que podem ser térmicos, eléctricos, ambientais
e mecânicos que contribuem grandemente na sua deterioração. A figura 1.1 apresenta
as principais causas de falhas de grupos geradores hídricos.

3%

17%
Falhas de Isolamento

Falhas Mecânicas
56%
24%
Falhas Térmicas

Falhas na Chumanceira

Figura 1.1 - Estatísticas de falhas em hidrogerdores

Fonte: Vilhena (2015)

Como resultados das falhas ou deterioração do isolamento devido aos esforços térmicos,
eléctricos, ambientais e mecânicos, surgem as descargas parciais, que são pequenas
descargas eléctricas que ligam parcialmente dois meios condutores. O desenvolvimento
progressivo de descargas parciais é o maior sintoma da deterioração do isolamento. As
descargas parciais também contribuem para o envelhecimento e o aparecimento de
danos no isolamento. Assim, a sua monitorização permite avaliar o estado do isolamento
dos enrolamentos estatóricos, bem como acompanhar a sua degradação no tempo,
dando subsídios para uma melhor tomada de decisão.

As descargas parciais ocorrem antes que a falha funcional se verifique e, a sua


monitorização em máquinas de alta tensão, é a essência da Manutenção Preditiva
aplicada aos enrolamentos estatóricos.

Daniel Rafael Dzucule 1


1. Introdução

1.1. Problemática e Justificativa

A continuidade de serviço, é uma das maiores premissas levadas em consideração na


execução das actividades dos trabalhadores e colaboradores da HCB. Tal premissa está
directamente ligada à disponibilidade dos grupos geradores da central, portanto, é
importante monitorizar e avaliar o estado desses preciosos equipamentos.

A prática da manutenção preditiva nos grupos geradores da HCB é preocupação da


empresa de forma a garantir a excelência nos seus serviços, uma vez que permite
monitorizar o estado real do alternador e, deste modo, os parâmetros monitorizados são
mostrados como tendência no tempo para predizer quando parar a máquina, permitindo
tempo para planear os procedimentos de manutenção e efectuar a manutenção somente
quando e onde for necessário.

A monitorização de descargas parciais é a ferramenta essencial de avaliação do estado


do estator dos alternadores e a HCB dispõe de um sistema de monitorização de
descargas parciais, mas actualmente não se encontra operacional. No dia 16/05/2018
ocorreu uma falha no isolamento do enrolamento estatórico do alternador do principal
Grupo Gerador 1 o que provocou paragem por avaria desse grupo por mais de 5 meses
e meio acarretando grandes prejuízos para a empresa. Tal avaria, provavelmente
poderia ser evitada com um sistema de monitorização de descargas parciais operacional.

Figura 1.2 - Falha no enrolamento do estator de 16/05/2018

Fonte: Autor

Como solução, apresenta-se neste trabalho, uma proposta de melhoria do sistema de


monitorização de descargas parciais, de modo a monitorizar o estado do isolamento dos
enrolamentos do estator dos alternadores principais para evitar a ocorrência de falhas

Daniel Rafael Dzucule 2


1. Introdução

catastróficas e facilitar a planificação das paragens dos grupos para intervenções


correctivas nesses componentes.

1.2. Objectivo geral

Em geral, o objectivo do presente trabalho é de apresentar uma proposta de melhoria do


sistema de monitorização de descargas parciais nos enrolamentos do estator dos
alternadores principais dos grupos geradores na HCB como ferramenta auxiliar para a
prática da manutenção baseada na condição.

1.3. Objectivos específicos

De modo a alcançar o objectivo geral, o presente trabalho apresenta os seguintes


objectivos específicos:

 Abordar, de forma geral, sobre a manutenção e geradores síncronos para fazer a


contextualização;
 Descrever a central eléctrica de HCB: os enrolamentos estatóricos dos
alternadores da HCB são o objecto do presente trabalho, assim, julga-se
importante fazer uma descrição superficial da central eléctrica de HCB de modo a
apresentar as especificações, principalmente eléctricas, da central e
especificamente dos alternadores;
 Apresentar teorias sobre descargas parciais: de modo a sustentar o objectivo
central, apresentar-se-ão conceitos essenciais para a compreensão das
descargas parciais enfatizando-se as descargas parciais em alternadores;
 Descrever o sistema actual de monitorização de descargas parciais;
 Traçar um novo sistema de monitorização de descargas parciais;
 Analisar a viabilidade económica do sistema traçado.

1.4. Metodologia

O presente trabalho foi elaborado na base de: pesquisas bibliográficas em livros e em


arquivos técnicos da HCB; pesquisas on-line em ficheiros digitais e em páginas de
internet cujos links são apresentados na bibliografia; conversas com trabalhadores da
HCB e conversas com especialistas da Iris Power com mais de 17 anos de experiencia
na área de descargas parciais e práticas preditivas.

Daniel Rafael Dzucule 3


1. Introdução

1.5. Estrutura do trabalho

O trabalho compreende, de forma geral, três partes: uma parte pré-textual, uma parte
textual ou corpo e uma parte pós-textual.

A parte pré-textual compreende o resumo, as listas das abreviaturas, símbolos e


acrónimos usados ao longo do trabalho, a lista das figuras, tabelas e anexos bem como
os agradecimentos e dedicatórias.

A parte textual representa o corpo do trabalho, nela estão os capítulos 1 a 8. No actual


capítulo 1 são apresentados os motivos que levam a produção do trabalho, os objectivos
e a metodologia usada para a realização do mesmo. No capítulo 2 são apresentados
conceitos julgados importantes, sobre manutenção e geradores síncronos. No capítulo 3
caracteriza-se, de forma geral, a Central Eléctrica da HCB com ênfase nos enrolamentos
estatóricos dos seus alternadores principais. No capítulo 4 são apresentados conceitos
sobre descargas parciais, incluindo os seus tipos, causas, características, formas de
detenção e medição, bem como as normas internacionais que padronizam as técnicas
de medição das descargas parciais. No capítulo 5 é apresentado o sistema de
monitorização de descargas parciais instalado na HCB e o sistema proposto é
apresentado no capítulo 6. No capitulo 7 faz-se uma análise comparativa entre os dois
sistemas e análise económico-financeira do sistema proposto, além de se apresentarem
os resultados esperados com a aplicação do sistema. Para encerar a parte textual, no
capítulo 8 são apresentadas as conclusões alcançadas com a realização do trabalho e
as recomendações e sugestões deixadas pelo autor.

No capítulo 9, contido na parte pós-textual, estão apresentadas as obras usadas para o


desenvolvimento do tema e esta parte inclui também os anexos.

Daniel Rafael Dzucule 4


2. Revisão Bibliográfica

2. CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De modo a correlacionar o trabalho específico com o universo teórico, neste capítulo


serão apresentados os conceitos fundamentais para a contextualização do trabalho.

2.1. Manutenção

Conforme Monchy (1989, p. 3) o termo manutenção tem origens do vocabulário militar,


que significava “manter as unidades de combate, o efectivo e o material num nível
constante”. Por volta dos anos 50, nos Estados Unidos, o termo manutenção difundiu-se
para a área industrial e para Kardec & Nascif (2009, p. 23) o papel da manutenção sobre
o ponto de vista actual é de “garantir a confiabilidade [grifo nosso] e a disponibilidade da
função dos equipamentos e instalações de modo a atender a um processo de produção
ou serviço, com segurança, preservação do meio ambiente e custo adequados”.

Sobre o ponto de vista industrial, pode-se definir a manutenção como sendo o conjunto
de acções técnicas e administrativas que visam manter ou reestabelecer um
determinado equipamento ou instalação em um estado que permite efectuar as suas
funções a um custo optimizado e de forma ambientalmente sustentável.

Ao longo do tempo, o processo de gestão e prática de manutenção sofreu muitas


transformações tanto pelo crescimento das expectativas de manutenção, quanto pela
mudança de visão sobre o modo de ocorrência das falhas e a necessidade de evita-las.
Tais transformações podem ser caracterizadas em quatro gerações distintas
apresentadas na tabela A1.1 do anexo 1, mas sempre com o intuito de conservar o
equipamento ou instalação.

2.1.1. Tipos de manutenção

Várias são as formas de classificar a manutenção, mas no presente trabalho serão


apresentadas duas formas de classificar os tipos de manutenção: quanto à programação
e quanto ao objecto.

I. Quanto à programação

Quanto à programação encontramos 2 tipos de manutenção: programada e não


programada.

Daniel Rafael Dzucule 5


2. Revisão Bibliográfica

 Manutenção programada – quando é realizada obedecendo critérios de tempo


e condições predefinidos.
Esta por sua vez subdivide-se em:
o Periódica: quando é realizada em intervalos de tempo fixos; e
o Não periódica ou aperiódica: quando é realizada em intervalos de tempo
variáveis.
 Manutenção não programada – a manutenção não programada é aquela que
é feita em caso de necessidade, não obedecendo critérios de tempo
predefinidos.
II. Quanto ao objecto

Quanto ao objecto, existem 4 tipos de manutenção abaixo descritos:

 Manutenção correctiva ou reactiva – é todo trabalho de manutenção realizado


após a paragem por avaria do equipamento, visando restabelecê-lo à sua função
requerida, eliminando a falha.
 Manutenção preventiva – tem a função de prevenir as falhas, avarias e as suas
consequências. A Associação Brasileira de Normas Técnicas define a
manutenção preventiva como sendo a “manutenção efectuada em intervalos
predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a
probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item”.
 Manutenção preditiva – consiste na prevenção antecipada de uma falha
através de estudo de parâmetros que indicam a sua evolução. Para a
Associação Brasileira de Normas Técnicas, a manutenção preditiva é “a
manutenção que permite garantir uma qualidade de serviço desejada, com base
na aplicação sistemática de técnicas de análise, utilizando-se de meios de
supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo a
manutenção preventiva e diminuir a manutenção correctiva”.
 Manutenção detectiva – consiste em identificar falhas ocultas, aquelas que não
sejam percebidas pelo pessoal de operação e manutenção em situação normal.
As falhas ocultas ocorrem, comumente, em sistemas de protecção da produção,
transmissão e distribuição de energia eléctrica, nos dispositivos de segurança
de processos e nos sistemas de desligamento de emergência.

Daniel Rafael Dzucule 6


2. Revisão Bibliográfica

Em qualquer planta ou instalação, há lugar para todos os tipos de manutenção


anteriormente descritos. Mas para cada equipamento, o tipo de manutenção a ser
adoptado é uma decisão administrativa e para Kardec & Nascif (2009, p. 59) a tomada
dessa decisão está baseada nos seguintes factores:
a) Na importância do equipamento do ponto de vista:
 operacional;
 segurança pessoal;
 segurança da instalação;
 meio ambiente.
b) Nos custos envolvidos:
 no processo;
 no reparo/substituição;
 nas consequências da falha.
c) Na oportunidade.
d) Na capacidade de adequação do equipamento/instalação favorecer a aplicação
deste ou daquele tipo de manutenção (adequabilidade do equipamento).

2.1.2. Manutenção Preditiva

A manutenção preditiva – também conhecida como manutenção sob condição ou


manutenção com base no estado – é a primeira grande quebra de paradigma nos tipos
de manutenção, e é estratégico a implantação ou incremento desta prática uma vez que
previne falhas nos equipamentos ou sistemas através de acompanhamento de
parâmetros diversos, permitindo a operação contínua do equipamento pelo maior tempo
possível.

A manutenção preditiva dá preferência à disponibilidade à medida que não promove a


intervenção nos equipamentos ou sistemas, pois as medições e verificações são
efectuadas com o equipamento produzindo.

Outra razão que levou ao crescimento das práticas preditivas é a introdução de defeitos
não existentes durante a manutenção preventiva devido à:

 Falha humana.
 Falha de sobressalentes.
 Contaminações introduzidas no sistema de óleo.
 Danos durante partidas e paradas.
 Falhas dos Procedimentos de Manutenção.

Daniel Rafael Dzucule 7


2. Revisão Bibliográfica

Muitas falhas dão uma espécie de “aviso”, de que se encontram em processo de


ocorrência (figura 2.1), e existir alguma evidência de que uma falha está prestes a
acontecer, pode ser possível tomar medidas para evitar que a falha ocorra
completamente ou minimizar as suas consequências.

Figura 2.1 - Curva P-F

Fonte: Adaptado de Kardec & Nascif (2009)

A curva P-F representa a forma de desenvolvimento de uma falha. No início a falha não
pode ser detectada, mas com o tempo, ela progride até atingir o ponto P da curva (ponto
da falha potencial), ponto onde ela pode ser detectada. Se não forem tomadas medidas
correctivas, a falha continuará a evoluir até o ponto F (ponto da falha funcional).

Kardec & Nascif (2009, p. 148) definem:

Falha potencial como uma condição identificável e mensurável de uma falha funcional
pendente ou em processo de ocorrência.

Falha funcional como a incapacidade de um item desempenhar uma função especific a


dentro de limites desejados de performance.

A manutenção preditiva, indica a necessidade de intervenção na base do estado do


equipamento. A avaliação do estado do equipamento, é possível mediante a medição e
acompanhamento ou monitorização de alguns parâmetros. Esse acompanhamento é
feito de três formas:

 Acompanhamento ou monitorização subjectiva – quando parâmetros como


temperatura, vibração, folgas e ruídos são monitorizados sem o uso de
instrumentos.

Daniel Rafael Dzucule 8


2. Revisão Bibliográfica

 Acompanhamento ou monitorização objectiva – quando os parâmetros são


monitorizados por medições através de equipamentos ou instrumentos. O valor
medido deve ser independente do operador do instrumento desde que seja usado
o mesmo procedimento.
 Acompanhamento ou monitorização contínua: é um acompanhamento objectivo
que inicialmente era adoptado em situações onde o tempo de desenvolvimento
da falha era muito curto e em equipamentos de alta responsabilidade. A prática
do acompanhamento contínuo constitui uma excelente protecção desde que
venha associada a dispositivos que em primeiro lugar criem um sinal de alarme e
seguida a paragem ou desligamento do equipamento quando o valor limite é
atingido.

O esquema básico de um sistema de monitorização é apresentado na figura abaixo:

Local da variável a
ser monitorizada Indicador
Transdutor
Sensor

Figura 2.2 - Esquema típico de um sistema de monitorização

Fonte: Adaptado de Kardec & Nascif (2009)

“No local mais apropriado para medição é instalado um sensor ou captor que pode ser
de contacto ou não, dependendo do tipo de medição. Esse sensor está ligado a um
transdutor que faz a decodificação do sinal para que ele possa ser traduzido em valores
no indicador instalado no painel” KARDEC & NASCIF (2009, p. 242). Os valores
mostrados no indicador, podem ser monitorizados local ou remotamente.

Para a Polux (2012), no seu manual do curso de monitorização de descargas parciais, a


principal ferramenta da manutenção preditiva é a adopção da monitorização on-line
através de instrumentação digital, que efectua leituras dinâmicas do comportamento e
desempenho, permitindo análise das condições reais da máquina. Nessa condição, os
parâmetros monitorizados são mostrados como tendência no tempo para predizer
quando parar a máquina, permitindo tempo para planejar os procedimentos de
manutenção e efectuar a manutenção somente quando e onde for necessário.

Daniel Rafael Dzucule 9


2. Revisão Bibliográfica

Assim, dependendo das condições fornecidas pelos dados obtidos, as acções de


manutenção podem ser de vários tipos, como por exemplo: parar para executar outros
testes (teste off-line), priorizar a parada, subutilizar a máquina, definir uma máquina
reserva, contratar mão-de-obra especializada, adquirir materiais necessários para
reparo, ou mesmo, não parar a máquina (continuar monitorizando).

A Polux (2012) cita os resultados de uma pesquisa feita em várias indústrias que
apresenta os benefícios obtidos pelo uso de sistemas de monitorização on-line como
ferramenta da manutenção preditiva:

 Redução de 50 a 80% nos custos de manutenção;


 Redução de 50 a 60% nos danos nos equipamentos;
 Redução de 20 a 30% em sobressalentes em stock;
 Redução de 50 a 80% no tempo de retirada de operação;
 Redução de 20 a 50% nas despesas de horas-extras;
 Aumento de 20 a 40% na vida útil da máquina;
 Aumento de 20 a 30% na produtividade total; e
 Aumento de 25 a 60 % no lucro da empresa.

2.1.2.1. Técnicas de Manutenção Preditiva

Uma vasta gama de tecnologias é usada para a elaboração de um programa de


manutenção preditiva. A seguir são apresentadas as principais técnicas preditivas.

1. Análise de vibrações

Durante o funcionamento das máquinas rotativas são produzidas vibrações e, com a


monitorização de parâmetros de vibrações como deslocamento, velocidade, aceleração
e frequência, pode ser analisada a condição mecânica de uma máquina rotativa.

A análise de vibrações é uma das principais técnicas de predição de falhas, pois a maior
parte de plantas industriais consiste em sistemas electromecânicos.

Com base a essa técnica, é possível definir a origem e a criticidade das vibrações
causadas pelo desalinhamento, folgas, falha de rolamentos, baixa rigidez mecânica,
engrenagens defeituosas, entre outros. A análise de vibrações apresenta uma grande
aceitação nas grandes indústrias uma vez que a identificação de falhas nas máquinas é

Daniel Rafael Dzucule 10


2. Revisão Bibliográfica

feita por medições de vibrações usando sensores especiais altamente sensíveis,


evitando deste modo a subjectividade na manutenção.

2. Análise de descargas parciais

A análise de descargas parciais consiste na medição e análise de pulsos eléctricos em


isolamentos de alta tensão devido à ocorrência de descargas parciais. Durante o
processo de descargas parciais são geradas centelhas que criam pulsos eléctricos que
se propagam através do condutor. Se não controladas, a magnitude das descargas
parciais pode aumentar, deteriorando o material isolante até que a descarga completa
se verifique provocando um curto-circuito entre duas fases ou entre uma fase e a terra.

A medição de pulsos é feita por sensores que detectam a existência das descargas e a
sua magnitude, e o sinal medido é analisado, com auxílio de um software, por um técnico
capacitado pela comparação dos dados lidos com leituras anteriores fornecendo uma
alta exactidão no diagnóstico.

3. Análise termográfica ou Termografia

Para Mobley (2002), a termografia é uma técnica de manutenção preditiva usada para
monitorizar o estado de maquinaria, estruturas e sistemas de uma planta. Este sistema
usa instrumentos que monitorizam a emissão da energia infravermelha para determinar
o estado de operação. A detenção das anomalias térmicas (áreas que são mais quentes
ou mais frias do que deveriam ser) são feitas por uma camara termográfica que fazem
interface com computadores, permitindo, através de softwares específicos, o
armazenamento de dados, imagens térmicas (termogramas), emissão de relatórios e
acompanhamento de tendências.

Esta técnica é muito usada na electricidade para a verificação de componentes


defeituosos ou problemas de mau contacto em redes de transmissão e distribuição,
barramentos, painéis, dispositivos e acessórios.

4. Ultra-som

A análise ultra-sónica é usada para a detecção de defeitos como trincas, porosidade,


dupla laminação e outras descontinuidades em materiais metálicos. Essa técnica,
consiste na emissão de um feixe ultra-sónico que faz uma varredura sobre a superfície

Daniel Rafael Dzucule 11


2. Revisão Bibliográfica

em análise, de modo a detectar a existência ou não existência de descontinuidade nessa


superfície e, se existir, a magnitude dessa descontinuidade.

5. Inspecções visuais

A inspecção visual foi a primeira ferramenta de prática da manutenção preditiva. Para


Kardec & Nascif (2009) constitui uma ferramenta fundamental para a definição da
condição de equipamentos e Mobley (2002) acrescenta que a inspecção visual, embora
seja uma técnica subjectiva, ainda é uma prática viável e deve ser incluída no programa
de manutenção de todas a plantas.

2.2. Gerador Síncrono

Geradores síncronos ou alternadores são máquinas síncronas utilizadas para converter


potência mecânica em potência eléctrica em corrente alternada (CHAPMAN, 2013).

Um gerador é composto por dois componentes principais: o estator e o rotor. O rotor tem
a função de desenvolver um campo magnético girante por acção de uma corrente
contínua e o estator “é um conjunto de condutores (bobinas) fixados por um núcleo
aterrado denominado núcleo do estator” (BRASIL, 2013, p. 6). Esses componentes são
ilustrados na figura 2.3.

(a) (b) (c)


Figura 2.3 - Constituição do alternador: (a) estator; (b) rotor; (c) corte da máquina completa

Fonte: Brasil (2013)

Os enrolamentos estatóricos proporcionam um caminho condutor para a electricidade,


enquanto que o núcleo concentra o campo magnético, fixa os enrolamentos e dissipa o
calor.

Daniel Rafael Dzucule 12


3. Central Eléctrica da HCB

3. CAPÍTULO 3 – CENTRAL ELÉCTRICA DA HCB

Conforme Munisse (SD), o empreendimento da Hidroeléctrica de Cahora Bassa está


situado a 120 km da cidade de Tete, na província com o mesmo nome. O
empreendimento consiste essencialmente em:

 Barragem sobre o rio Zambeze;


 Central Sul - 2075 MW, 5 grupos geradores de 415 MW;
 Subestação do Songo;
 Duas Linhas de Transmissão em corrente contínua para a África do Sul;
 Uma Linha de Transmissão em corrente alternada para o Zimbabwe;
 Duas Linhas de Transmissão em corrente alternada para as regiões centro e norte
de Moçambique.

A central eléctrica da HCB dista a cerca de 7 km da vila de Songo e compreende os


seguintes equipamentos e instalações eléctricos:

 Grupos Geradores (turbinas-alternadores) de 415 MW;


 Transformadores Principais de 160 MVA, 16/220 kV;
 Cabos de 220 kV;
 Plataforma de Transição;
 Serviços Auxiliares Gerais.

3.1. Características dos alternadores principais

“Cada um dos alternadores da central Hidroeléctrica de Cahora Bassa é um alternador


de eixo vertical, acoplado rigidamente, através do veio principal, à turbina, tipo Francis,
do tipo fechado, auto ventilado em circuito fechado, com o ar refrigerado em
permutadores de circulação de água” MUNISSE (SD, p. 32). As características gerais de
cada um dos 5 alternadores principais são:

 Potência aparente nominal 480 MVA


 Factor de potência (cos 𝜑) 0,85 indutivo
 Tensão nominal 16 000 V
 Frequência 50 Hz
 Intensidade de corrente nominal 17 321 A

Daniel Rafael Dzucule 13


3. Central Eléctrica da HCB

 Velocidade nominal 107,1 rpm


 Velocidade de embalamento 215 rpm
 Sentido de rotação. o dos ponteiros dum
relógio para um observador colocado por cima do grupo (indirecto)
 Tensão de excitação 417 V
 Corrente de excitação 2 600 A

A chapa característica de uma das turbinas e de um dos alternadores principais pode ser
encontrada na figura A2.1 e figura A2.2, respectivamente, do anexo 2.

Como mencionado anteriormente, os alternadores são compostos principalmente por


uma parte móvel – o rotor – e por uma parte fixa – o estator – e as suas características
são descritas a seguir.

3.1.1. Características do rotor

O rotor é a parte móvel da máquina, responsável pela produção do campo magnético


indutor por alimentação de uma corrente contínua. O rotor dos alternadores da HCB são
de pólos salientes e possuem 56 pólos pesando cada um deles cerca de 2 950 kg. “Os
enrolamentos dos pólos são alimentados a corrente contínua através de um conjunto
rectificador montado separadamente e que produz nos pólos o fluxo magnético
necessário para a criação da tensão no estator” (MUNISSE p. 33). A ligação eléctrica
entre o conjunto exterior de rectificadores, fixo, e os enrolamentos do rotor, girantes, é
feita por meio de anéis colectores e escovas.

Os anéis colectores (ou deslizantes) são anéis de metal que envolvem completamente o
eixo de uma máquina, mas estão isolados deste. Segundo Chapman (2013), cada
extremidade do enrolamento do rotor é conectada a um dos dois anéis colectores no eixo
da máquina síncrona e um conjunto de escovas estacionárias está em contacto com
cada anel colector. As escovas são constituídas por corpo de carvão, um cordão e um
terminal para cabo. são montadas nos porta-escovas, concêntricos aos anéis colectores.
O porta escovas tem como função manter a escova em frente do anel colector numa
certa posição e produzir a necessária pressão de contacto.

O rotor do alternador principal da HCB é apresentado na figura A2.3 do anexo 2.

Daniel Rafael Dzucule 14


3. Central Eléctrica da HCB

3.1.2. Características do estator

O estator é a parte fixa da máquina, onde são encontrados os enrolamentos induzidos,


em geral de cobre, isolados e colocados em cavas (ranhuras).

O estator do alternador principal da HCB possui uma massa de 500 toneladas, o seu
enrolamento é do tipo ondulado com duas barras por ranhura e o possui um isolamento
de classe B (130º C). As barras do enrolamento do estator não são maciças, isto é, são
“constituídas por pequenas outras barras entrelaçadas para lhe dar maior consistência”
(MUNISSE p. 34). A figura abaixo apresenta uma barra ou semi-bobina típica a da HCB.

(a)

(b)

Figura 3.1 - Barra Roebel ondulada: (a) representação (b) imagem real de barra da HCB

Fonte: (a) Brasil (2013) (b) autor

As três fases do enrolamento induzido são ligadas em estrela e esse enrolamento “sai
da carcaça através de 3 bornes fásicos e 3 bornes que estão ligados entre si, constituindo
o neutro da estrela. Este ponto neutro encontra-se ligado à terra através de uma
resistência” (MUNISSE, p. 34).

Uma parte dos enrolamentos do estator do alternador principal pode ser vista na figura
A2.4 do anexo 2.

Daniel Rafael Dzucule 15


4. Descargas Parciais

4. CAPÍTULO 4 – DESCARGAS PARCIAIS

Ultimamente tem-se dado muita atenção à análise de descargas parciais (DP)


principalmente na avaliação da qualidade e do desempenho do isolamento de um
equipamento de alta tensão. Assim, durante as actividades de avaliação e investigação
do estado físico e químico de isolantes, a ocorrência das descargas parciais é um
elemento de extrema relevância.

Conforme Azevedo (2009) o termo descarga parcial é definido pela norma IEC 60270
como sendo uma descarga eléctrica localizada que atravessa parcialmente um meio
isolante entre dois meios condutores, podendo ou não ocorrer próximo a esse meio
condutor. As descargas parciais são, em geral, uma consequência do desgaste dentro
ou na superfície do material isolante, e elas acontecem porque a rigidez dieléctrica do ar
(3 kV/mm) é muito menor do que a do isolamento (~300 kV/mm). Enquanto que para
Kreuger (1989) apud Silva (2005) descarga parcial é uma descarga eléctrica que ocorre
numa região do espaço sujeita a um campo eléctrico, cujo caminho condutor formado
pela descarga não une os dois eléctrodos de forma completa. As descargas parciais
ocorrem em todo sistema de isolamento submetido a uma tensão acima de 300 V, mas
no caso específico de máquinas rotativas, a análise de descargas parciais é feita em
sistemas de isolamento submetidos à uma tensão igual ou superior a 3.3 kV.

Em condições reais de operação, o isolamento pode estar sujeito à diversos tipos de


esforços: Térmicos (temperatura e gradiente de operação); Eléctricos (tensão e
frequência de operação); Ambiental (humidade e contaminação); e Mecânicos (vibrações
e torções). Estas condições, agindo de forma isolada ou combinada, levam à degradação
e, em última instância, à ruptura do isolamento, e para a Polux (2012) o desenvolvimento
progressivo das actividades de DP é o maior sintoma da deterioração do isolamento, e
também contribuem para o envelhecimento e o aparecimento de danos no isolamento .
A Polux alerta que é importante ter em mente que a falha no isolamento não é previsível,
pois diversos factores estão em jogo. Assim, a monitorização de DP permite acompanhar
o estado do isolamento no tempo, dando subsídios para melhor tomada de decisão.

4.1. Tipos de descargas parciais

Em função da sua localização, Silva (2005) apresenta três tipos de descargas parciais:
descargas internas, descargas superficiais e descargas externas (efeito de coroa).

Daniel Rafael Dzucule 16


4. Descargas Parciais

As descargas internas ocorrem em inclusões de baixa rigidez dieléctrica, geralmente


vazios preenchidos com gás, presentes em materiais dieléctricos sólidos ou líquidos
utilizados em sistemas de isolamento de alta tensão (KREUGER,1989 apud SILVA,
2005). A formação de vazios na estrutura dos materiais isolantes é devido a diversas
causas: tipo de material, processo de fabrico, bem como os diversos esforços a que o
material é submetido durante a sua vida útil. Um tipo particular de descargas internas
são as descargas que ocorrem em arborescências eléctricas. A arborescência eléctrica
é um fenómeno de pré-ruptura que ocorre no interior do isolamento de equipamentos
eléctricos, tais como cabos de potência isolados, tendo sua origem devido à ocorrência
contínua de descargas parciais internas em vazios ou a partir de uma falha no eléctrodo.

As descargas superficiais ocorrem em gases ou líquidos na superfície de um material


dieléctrico, normalmente partindo do eléctrodo para a superfície. Quando a componente
de campo eléctrico que tangencia a superfície excede um certo valor crítico o processo
de descarga superficial é iniciado (GULSKI, 1995a, apud SILVA, 2005). Descargas
superficiais provocam alterações na superfície do dieléctrico, iniciando caminhos
condutores que se propagam ao longo da direcção do campo eléctrico. Este fenómeno,
conhecido como trilhamento, pode levar à ruptura completa do isolamento (MASON,
1995 apud SILVA, 2005).

As DP que ocorrem no ar atmosférico são, em geral classificadas como descargas


externas, muitas vezes referidas como descargas coroa. Descargas coroa ocorrem em
gases a partir de pontas agudas em eléctrodos metálicos, estas descargas, são
consideradas um processo reversível, assim sendo, criam um efeito químico pouco
destrutivo. Mas a propagação das descargas externas ao logo da superfície de um
dieléctrico sólido provocam nesse dieléctrico um processo de degradação irreversível
muito nocivo. A figura 4.1 faz uma ilustração dos 3 tipos de descargas parciais.

(a) (b) (c) (d)


Figura 4.1 - Tipos de DP: (a) interna (b) arborescência eléctrica (c) superficial (d) externa
Fonte: Kreuger (1989) apud Silva (2005)

Daniel Rafael Dzucule 17


4. Descargas Parciais

A partir deste parágrafo, a abordagem sobre as DP é específica para alternadores de


alta potência, excepto quando enunciado o contrário.

Segundo Luo, Li, & Wang (2017, p. 3, tradução nossa) as descargas parciais que
ocorrem em grandes geradores1 (acima de 200 MW)

(…) incluem a descarga interna, a descarga na ranhura (slot PD) e a descarga na


cabeça da barra ou bobina (end-winding PD). Todavia, estudos recentes indicam que
o centelhamento por vibrações (VS – vibration spark ing) é mais destrutivo para o
isolamento dos enrolamentos do estator, embora seja pouco conhecido.
Diferentemente da DP tradicional, o VS resulta da combinação de uma resistência
muito baixa no revestimento da cava e a vibração da barra do estator, em que primeiro
amplia a corrente circulante que flui no revestimento condutor e depois interrompe-a
periodicamente e causa faíscas. Assim, (..) redefine-se a DP como qualquer descarga
eléctrica que põe em perigo o isolamento de geradores dos enrolamentos do estator,
que resulta da sinergia dos esforços TEAM, incluindo DP tradicional, VS e o arc o
eléctrico. O arco é uma descarga eléctrica perfurando o dieléctrico entre os condutores ,
que é causada por conexões eléctricas deficientes, incluindo solda rachada e
condutores partidos.

Figura 4.2 - Ilustração do centelhamento por vibrações

Fonte: Polux (SD)

4.2. Causas das falhas nos enrolamentos estatóricos

À medida que a vida útil prossegue, os geradores são expostos a uma combinação de
esforços TEAM que reduzem gradualmente a resistência do isolamento do enrolamento
do estator ao ponto em que a falha eventualmente ocorrerá. Existem vários factores que
levam a falha do isolamento dos enrolamentos do estator das máquinas causando

1Em geral, o termo gerador é aplicado como designação de qualquer máquina eléctrica que transforma a
energia mecânica em eléctrica, mas, no presente trabalho, usar-se-á o termo gerador para designar
especificamente o gerador síncrono ou alternador.

Daniel Rafael Dzucule 18


4. Descargas Parciais

descargas parciais. A seguir são descritos alguns desses factores, apresentados por
Pierini, et al. (2008) e pela Polux (2012):

1. Má impregnação do isolamento

Descargas parciais podem ocorrer dentro do isolamento do enrolamento como resultado


de vazios causados por falhas no processo produtivo, como cura incompleta ou alta
viscosidade das resinas, temperatura imprópria, ou mesmo a presença de objectos
estranhos. Outos problemas podem ser verificados quando os devidos cuidados não são
tomados, como por exemplo, durante a embalagem na fábrica, içamento e transporte,
desembalagem e até mesmo durante a montagem no campo. As falhas precoces do
isolamento do enrolamento do estator podem, muitas vezes, ser atribuídas a um projecto
e fabrico deficientes.

Figura 4.3 - impregnação inadequada

Fonte: Polux (SD)

2. Sobreaquecimento das bobinas

Quando o sistema de isolamento é exposto continuamente a sobreaquecimento, as


resinas orgânicas tendem a perder sua rigidez mecânica, acarretando um fenómeno
conhecido como delaminação, ou desfolhamento das camadas. Quando as camadas do
isolamento “desfolham”, criam-se vazios internos e consequentemente as descargas
parciais internas aparecem. Os danos ao isolamento são cumulativos e não-reversíveis.

A deterioração térmica pode ocorrer devido a diversos motivos, como operação contínua
em regime de sobrecarga, erro no projecto das barras fazendo com que as mesmas
trabalhem sempre em sobrecarga térmica mesmo com a máquina em operação nominal,
refrigeração deficiente e desequilíbrio das fases.

Daniel Rafael Dzucule 19


4. Descargas Parciais

Figura 4.4 - Deterioração térmica

Fonte: Polux (SD)

3. Má fixação dos enrolamentos

DP também podem ocorrer como resultado da vibração das barras, tanto em decorrência
de falhas no sistema de cunhagem na porção do núcleo ou de fixação no sistema de
bloqueio das cabeças das bobinas. Também algumas resinas utilizadas actualmente
encolhem após o processo de cura, fazendo com que a barra fique solta dentro da
ranhura. Com a vibração, ocorre o roçamento da isolação na ranhura e outros elementos
de fixação, e consequentemente abrasão.

4. Deterioração das tintas semicondutoras

Dentro da ranhura, a superfície da bobina é aterrada ao núcleo estatórico com uma


cobertura de pintura ou fita condutiva de baixa resistência. Devido aos esforços eléctricos
e térmicos, essa interface pode deteriorar fazendo com que o contacto entre a superfície
condutiva na bobina e o núcleo seja perdido, propiciando o surgimento de descargas de
alta tensão entre a barra em alto potencial e a ranhura aterrada. O fenómeno é conhecido
como descarga na ranhura, e pode queimar seriamente a superfície da bobina. Em
máquinas refrigeradas a ar, essa ocorrência produz ozónio, que acelera a decomposição
do isolamento, e um pequeno anel de pó branco surge no ponto de saída das barras das
ranhuras, facilmente identificável.

5. Espaço inadequado em barras ou bobinas

Geralmente devido a erros de projecto, algumas máquinas são construídas com um


espaçamento inadequado entre barras de fases diferentes, principalmente nas cabeças
das bobinas. Esse pequeno espaçamento pode ser suficiente para iniciar actividades de

Daniel Rafael Dzucule 20


4. Descargas Parciais

descargas parciais, com consequente erosão do isolamento e eventual ruptura. Em


máquinas refrigeradas a ar, a ionização do espaço entre barras de diferentes potenciais
causará o aparecimento de coroa e ozónio, com formação de um pó branco sobre as
superfícies.

Figura 4.5 - Espaçamento inadequado

Fonte: Polux (SD)

6. Contaminação do enrolamento

A contaminação em uma máquina pode ser causada por uma mistura de vapor de óleo,
poeira, resíduos do desgaste de peças da própria máquina ou deixados em
procedimentos de manutenção. Essa contaminação pode propiciar o aparecimento de
pequenas “pontes” entre barras de fases diferentes, causando o surgimento de
descargas parciais que atacam o isolamento. Pierini et al. (2008) apresentaram um caso
clássico ocorrido no Brasil, que mostrou que uma limpeza eficiente em uma máquina foi
suficiente para diminuir a tendência de aumento nas medições de DP.

Figura 4.6 - Descarga superficial devido à contaminação dos enrolamentos

Fonte: Polux (SD)

Daniel Rafael Dzucule 21


4. Descargas Parciais

7. Ciclos de carga

Os materiais que compõem as barras estatóricas possuem diferentes coeficientes de


expansão térmica, ou seja, o cobre se expande mais que o isolamento a ele fixado. Em
uma máquina sujeita a frequentes ciclos de partida e parada, a expansão térmica pode
ser a causa de sérios danos ao isolamento. Esse esforço causa enfraquecimento do
isolamento, levando a pequenos danos no interior da mesma.

Figura 4.7 - Desgaste devido aos ciclos de carga

Fonte: Polux (SD)

8. Presença de corpos estranhos

Outro factor pode ser presença de corpos estranhos levando ao rompimento progressivo
do isolamento e eventual curto-circuito. Como exemplo, um parafuso preso entre bobinas
adjacentes de diferentes fases, por procedimento inadequado de montagem e
manutenção, pode causar inicialmente a erosão do isolamento das bobinas levando-as
a um curto-circuito entre fases.

4.3. Características das descargas parciais

De acordo com o IEEE citado por Brasil (2013, p. 19), “o pulso de uma descarga parcial
tem um tempo de subida extremamente rápido e uma largura curta. O período de
oscilação, o tempo de subida e a magnitude dos picos subsequentes variam para cada
pulso. Essas características normalmente dependem da geometria da máquina, da
localização do pulso e do material isolante”. Normalmente, os equipamentos de detenção
de DP apenas detectam o início do pulso que tem um tempo de subida de 1 a 5 ns.

Brasil (2013) apresenta uma fórmula aproximada da frequência de um pulso de DP,


considerando o tempo de subida, expressa por:

Daniel Rafael Dzucule 22


4. Descargas Parciais

1 1
𝑓= = (4.1)
𝑇 4 × 𝑡subida
Assim, a faixa de frequência para pulsos de 1 a 5 ns (cujos períodos são de 4 a 20 ns
respectivamente) é de 50-250 MHz. A figura 4.8 apresenta um pulso típico de DP.

Figura 4.8 - Pulso típico de DP

Fonte: Brasil (2013)

Segundo Pierini et al. (2008), as descargas parciais são dependentes da tensão, e


ocorrem em ambos os ciclos positivo e negativo da forma de onda da tensão em 50/60
Hz. As descargas parciais aparecendo no semiciclo positivo (0-90°) da forma de onda
senoidal são conhecidas como pulsos de DP negativos (-DP), enquanto que descargas
parciais aparecendo no semiciclo negativo (180-270°) são conhecidas como pulsos DP
positivos (+DP). Para a Polux (2012) apenas o pulso inicial de ruptura dieléctrica é
detectado pela maioria dos instrumentos como um pulso DP. Outros pulsos DP somente
serão detectados quando a tensão dentro do vazio mudar de polaridade, e outra
condição de sobretensão for estabelecida. Assim, aparecerão dois pulsos DP
detectáveis em cada ciclo de tensão.

Alves (2015) diz que uma medição de DP contém uma quantidade muito grande de
informação a ser processada e armazenada. O método utilizado para condensar e
armazenar esses dados consiste em registar o número de pulsos de DP com suas
amplitudes e fases, e é conhecido como mapas estatísticos de DP ou mapas PRPD
(Phase Resolved Parcial Discharge).

A análise de padrão de DP é o método de interpretação de DP mais utilizado na


identificação da causa raiz das DP no isolamento do enrolamento do estator, e inclui a
análise de altura de pulso e gráficos PRPD, mostrados na figura 4.9.

Daniel Rafael Dzucule 23


4. Descargas Parciais

(a) (b)
Figura 4.9 - (a) Gráfico PRPD (b) Gráfico de análise de altura de pulso

Fonte: Pierini, et al. (2008)

O gráfico anterior (figura 4.9a) é uma representação tridimensional de PRPD, mas


segundo Alves (2015, p. 22), “o modo de visualização é comumente bidimensional, onde
os valores de amplitude estão representados no eixo das ordenadas, os ângulos de fase
estão representados no eixo das abcissas e o número de pulsos de DP para cada
combinação de amplitude e fase é representado por variação de cores”. Na figura 4.10
estão apresentados alguns padrões de DP.

(a) (b) (c) (d)

(e) (f) (g)

Figura 4.10 - Padrões de DP: (a) descarga interna; (b) delaminação interna; (c) delaminação entre
condutor e isolador; (d) descarga na ranhura; (e) corna na cabeça da bobina; (f) descarga superficial; (g)
descarga fase-fase.

Fonte: Luo, Li, & Wang (2017)

Daniel Rafael Dzucule 24


4. Descargas Parciais

Infelizmente, no que diz respeito ao arco eléctrico e VS não há referência de PRPD, mas
segundo Luo, Li, & Wang (2017, p. 4) “seu PRPD se concentrará nos cruzamentos de
corrente zero de 0º e 180º (que devem estar próximos dos cruzamentos de tensão zero)
e sem predominância de polaridade”.

4.4. Detenção de Descargas Parciais

As DP podem produzir pulsos de correntes, luminescência, ondas electromagnéticas,


ondas acústicas, variações térmicas, variações químicas, vibrações mecânicas, etc. Em
sentido amplo, as técnicas de detecção e medição podem ser divididas em dois grupos:
eléctricos e não eléctricos.

O método eléctrico insere o circuito de medição e detecção nos enrolamentos


estatóricos. Já os métodos não eléctricos, geralmente, servem apenas de suporte aos
métodos eléctricos. Existem diversos métodos de detecção e medição não eléctricos,
dos quais Vilhena (2015) destaca:

a) Método acústico: capta ondas ultra-sónicas, não audíveis, através de sensores


apropriados. Esta técnica tem merecido uma grande atenção no auxilio da
localização de DP no equipamento;
b) Método óptico: detecta a ocorrência de descargas através das emissões de luz
provocadas no momento de ocorrência;
c) Método químico: detecta a presença de produtos dissolvidos no dieléctrico. Por
exemplo, uma análise do óleo isolante é capaz de determinar se houve ocorrência
de descargas parciais no transformador;
d) Método de rádio frequência: um receptor capta interferências provocadas pelas
ondas electromagnéticas. Assim é possível identificar o lugar de ocorrência de DP;
e) Medidas em UAF (ultra alta frequência): uma antena capta sinais de UAF
correspondentes a pulsos de DP.

De modo a melhorar a sensibilidade e a precisão das medições de DP, vários estudos


foram feitos e diversas técnicas de detenção de sinal de DP estão sendo usadas.

Conforme descrito na recém-introduzida IEC/TS 60034-27-2, bem como na


recentemente revista IEEE 1434, todas essas técnicas podem ser geralmente divididas
em métodos de detecção no terminal neutro e no terminal alta tensão, em conjunto com
sensores propostos por IEC, dando origem a quatro configurações diferentes que são

Daniel Rafael Dzucule 25


4. Descargas Parciais

comumente usadas para fazer medições de DP, (LUO, LI, & WANG, 2017). Essas
configurações constituem os métodos eléctricos de detenção e medição de DP e são
apresentadas a seguir em 4.4.1 e 4.4.2.

4.4.1. Detenção no ponto neutro

Conforme Luo, Li, & Wang (2017), o ponto neutro de um gerador é um bom local de
detecção de DP, não apenas porque tem um baixo potencial de aterramento, mas
também devido ao fato de que pulsos causados por descargas em qualquer local fluem
para o neutro. O trabalho pioneiro na detecção de DP no ponto neutro consistia na
detenção dos pulsos de descarga de ranhura através da resistência de aterramento do
neutro, que actualmente não é usual em situações práticas. Actualmente, em lugar de
uma resistência de detecção, usa-se como sensor de DP o transformador de corrente de
rádio frequência (RFCT), também chamado por transformador de corrente de alta
frequência (HFCT), e o condensador de acoplamento, como mostrado nas figuras 4.11.

Figura 4.11 - Detenção no neutro: (a) acoplamento por RFCT; (b) acoplamento por condensador

Fonte: Luo, Li, & Wang (2017)

A técnica de detenção de DP pelo acoplamento do RFCT em um local conveniente no


neutro, figura 4.11(a), deu origem ao método de acoplamento NCT (Neutral RFCT). O
RFCT apresenta uma baixa sensibilidade e por isso o método de acoplamento NCT é
sensível apenas à DP graves, o que faz com que esse método de detenção seja pouco
usado em situações práticas. Pesquisas foram feitas para aumentar a sensibilidade do
RFCT para DP de todas as partes prováveis do enrolamento do estator, mas ainda é
aplicado para experiencias laboratoriais.

Para aumentar a sensibilidade de detecção, conforme Luo, Li, & Wang (2017) substitui -
se o RFCT por um condensador de acoplamento, que está em paralelo com o
transformador ou resistência de aterramento, para detectar os pulsos de DP, originando
o método de detenção por acoplamento capacitivo no neutro (NCC – Neutral Capacitor

Daniel Rafael Dzucule 26


4. Descargas Parciais

Coupling). Beneficiando-se do desenvolvimento da técnica de fabricação, o condensador


isolado de epóxi-mica é amplamente utilizado actualmente. A configuração desse
método de detenção é apresentada na figura 4.11(b).

Este método ganhou muita atenção de institutos de pesquisa, universidades e empresas


de serviços públicos e um sucesso considerável foi alcançado. A faixa de frequência de
detecção do NCC é semelhante à do NCT, e este pode detectar as DP em todo o
enrolamento do estator. Inevitavelmente, a baixa relação sinal-ruído (SNR) representa
um desafio crítico para a interpretação do sinal DP e subsequente avaliação da condição
de isolamento.

4.4.2. Detenção nos terminais de alta tensão

Devido a baixa relação sinal-ruído apresentado pelos métodos de detenção no neutro,


estudos foram desenvolvidos de modo a melhorar as técnicas de detenção e medição
de descargas parciais e verificou-se que, sob o ponto de vista da SNR, os terminais de
alta tensão são os melhores pontos de detenção de descargas parciais uma vez que as
descargas parciais ocorrem nos enrolamentos de alta tensão. Entretanto, verificou-se
igualmente que estes terminais são mais expostos do que o neutro ao ruído oriundo do
sistema de potência e, uma supressão extra de ruído pode ser necessária para os
métodos de detecção nos terminais de alta tensão.

A detenção de DP nos terminais de alta tensão consiste em dois métodos: acoplamento


capacitivo (HVCC – High Voltage Terminal Capacitor Coupling) e acoplamento de RFCT
(HVCT – High Voltage Terminal RFCT Coupling).

O método HVCC usa condensadores de acoplamento que funcionam como filtros passa-
faixa, isto é, bloqueiam o sinal de frequência da rede (50 ou 60 Hz) e deixam passar o
sinal de DP. Um condensador típico usado para a análise de DP é um condensador
epóxi-mica de 80 pF, com uma faixa de frequência de detecção de 40 MHz - 350 MHz e
um SNR alto para uma pequena quantidade de enrolamento. Por exemplo, um
condensador de acoplamento de 80 nF apresenta uma reactância de 39,8 MΩ para a
frequência de rede de 50 Hz e uma reactância na ordem de 24 Ω para um pulso de DP
de 83 Mz.

Segundo Luo, Li, & Wang (2017), actualmente, capacitâncias típicas para
condensadores de acoplamento usados em HVCC são 80 pF a 10 nF, e ao contrário do

Daniel Rafael Dzucule 27


4. Descargas Parciais

NCC, os condensadores de acoplamento do HVCC são conectados directamente aos


terminais de alta tensão, o que pode causar uma falta à terra se esse falhar. Assim, a
fiabilidade dos condensadores é crucial, e é por isso que as especificações da IEC e os
padrões do IEEE se destacam como requisitos dos condensadores.

Figura 4.12 - Instalação típica com três condensadores nos terminais de alta tensão

Fonte: Sparks Instruments (2015)

Como forma de aumentar a SNR, desenvolveram-se dois métodos de supressão de ruído


no método de detenção HVCC, o no modo diferencial e direccional, mostrados nas
figuras 4.13.

(a)

Daniel Rafael Dzucule 28


4. Descargas Parciais

(b)
Figura 4.13 - HVCC com separação de ruídos: (a) modo diferencial (b) modo direccional

Fonte: (a) Iris Power (b) Polux (2012)

O modo diferencial é normalmente usado em hidrogeradores com potência superior à 30


MVA, com enrolamentos com dois circuitos paralelos por fase e pelo menos 1 acoplador
é instalado em cada ramo permitido detectar em qual dos ramos é originada a DP, figura
4.13 (a).

Para a Polux (2012), apesar de ser o meio de eliminação de ruídos que requer mais
esforço para instalar, HVCC diferencial é o que apresenta melhor resultado na
separação, pois garante que todos os pulsos externos são ruídos. Os cabos coaxiais de
sinal devem ter comprimento de tal modo que todos os pulsos vindos do sistema (ruídos)
e detectados pelos acopladores cheguem ao analisador de DP (ADP) simultaneamente.
O equipamento faz então uma comparação diferencial dos tempos de chegada bem
como da forma, amplitude e polaridade, ou seja, o ruído externo é cancelado no ADP.
Uma apurada calibração é necessária para que os pulsos cheguem simultaneamente.

Para um pulso DP vindo do circuito paralelo 2 da máquina, com os cabos coaxiais


correctamente ajustados, o pulso chega mais rapidamente no terminal C2 do que no
terminal C1. Desse modo, só o pulso no terminal C2 será contado como um pulso DP.

“A óptima localização dos acopladores depende do projecto da máquina. Às vezes, pode


não ser possível instalar os acopladores nos circuitos, e então o método direccional deve
ser aplicado” (POLUX, 2012, p. 38).

Daniel Rafael Dzucule 29


4. Descargas Parciais

No método direccional, de acordo com Luo, Li, & Wang (2017, p. 10, tradução nossa),
“dois condensadores de acoplamento são instalados no barramento de saída de cada
fase, um o mais próximo possível do terminal e o outro a pelo menos 2 m de distância
em direcção ao sistema de potência”.

Do mesmo modo que no método diferencial, os cabos coaxiais de sinal podem ter
comprimento de tal forma que os pulsos vindos do sistema (ruídos), e detectados pelos
acopladores, cheguem ao equipamento simultaneamente. E o ADP faz então uma
comparação diferencial dos tempos de chegada, tamanho e polaridade, definindo o que
é DP e o que é ruído. Mas outra configuração é a apresentada na figura 4.13 (b) onde
os cabos coaxiais de ambos acopladores possuem o mesmo comprimento.

O tempo L1 representa o tempo em nano-segundos que um pulso leva para viajar pelo
cabo coaxial. Como os cabos são do mesmo comprimento, o tempo L1 é igual para
ambos os acopladores. O tempo de atraso (delay) é o tempo em nano-segundos que
um pulso toma para atravessar o barramento entre os dois acopladores.

Assim, o equipamento efectuará a leitura dos sinais de DP vindos da máquina, ruídos


externos vindos do sistema de potência e ruídos internos vindos do barramento (BUS )
entre os dois acopladores (como transformadores, conexões, etc.) (…) (POLUX, 2012 ,
p. 39)

O analisador de DP qualificará os sinais das leituras conforme a tabela a seguir.

Tabela 4.1 - Qualificação de leituras feitas pelo ADP

Classe Sensor M (Machine) Sensor S (System)


DP L1 L1 + tD
Ruído L1 + tD L1
Ruído Bus L1 + < tD L1 + < tD

Fonte: Polux (2012)

Quando a ligação entre a máquina e o sistema de potência é feita com cabo blindado
com comprimento superior a 30 m, os pulsos de ruídos do sistema chegam atenuados
aos terminais da máquina, e assim, pode-se descartar o uso do condensador C2.

O acoplamento de RFCT nos terminais de alta tensão (HVCT) é segundo a Polux (2012)
utilizado em aplicações especiais, principalmente em pequenos motores, conectados à
terra através de condensadores de surto monofásicos. Nessas aplicações, o
condensador de surto bloqueia o sinal de frequência nominal, porém deixa passar os

Daniel Rafael Dzucule 30


4. Descargas Parciais

sinais de alta frequência dos pulsos DP, que são então detectados pelo RFCT, conforme
a figura 4.14.

Figura 4.14 - HVCT

Fonte: Luo, Li, & Wang (2017)

Como os condensadores de surto são ligados de forma adjacente às barras de alta


tensão, sinais DP muito maiores são esperados neste local em comparação com o RFCT
localizado no neutro.

Em muitos casos práticos, os métodos HVCC e NCC são combinados de modo a


melhorar a sensibilidade do sistema de medição à DP que ocorrem em barras distantes
dos terminais de alta tensão (mais próximas do neutro).

4.4.3. Detenção através de acopladores de ranhura

Os métodos de detenção diferencial e direccional foram desenvolvidos para permitir a


distinção entre sinais de DP e de ruído. Embora sejam os métodos de detenção mais
usados actualmente, para Stone & Sedding (2015) estes métodos às vezes produzem
falsas indicações de altas actividades de DP. Pesquisas mostraram que isso é causado
por centelhas que ocorreram entre o enrolamento do estator e o sensor DP nos terminais
da máquina (sensores 1 e 2 na figura 4.13a e sensor 1 na figura 4.13b). A causa mais
comum deste tipo de distúrbio é o desencadeamento de contactos eléctricos defeituosos
nos elos flexíveis que conectam os terminais do gerador ao barramento de saída .
Embora as centelhas dessas duas fontes não danificam o enrolamento, apresentam um
PRPD que é bastante diferente do da DP e, um técnico de manutenção sem muita
experiência pode diagnosticar erroneamente como deteriorado um bom sistema de
isolamento do estator, conforme essas perturbações ocorrem. Segundo Stone & Sedding
(2015, p. 3071, tradução nossa), “para evitar esse problema, o acoplador

Daniel Rafael Dzucule 31


4. Descargas Parciais

electromagnético de ultra alta frequência direccional, denominado acoplador de ranhura


(SSC), foi desenvolvido”.

Neste método, a detenção de DP é feita por antenas que detectam as ondas


electromagnéticas causados por pulsos de DP. Conforme Stone et al. (2014), estas
antenas, normalmente são instaladas na ranhura do estator contendo as bobinas ou
entre barras em alta tensão, conforme a figura abaixo.

Figura 4.15 - Localização dos SSC

Fonte: Stone et al. (2014)

O SSC detecta directamente as ondas electromagnéticas dos pulsos das DP que


percorrem a ranhura, possuindo duas saídas de modo a distinguir DP no fim das barras
e DP na ranhura com base na direcção em que os pulsos estão se propagando. Este
tipo de sensor é usado principalmente em grandes turbogeradores refrigerados por
hidrogénio (Stone et al., 2014).

Imagens ilustrativas dos sensores de DP são apresentadas nas imagens do anexo 3.

4.5. Normas usadas na medição de descargas parciais

Os testes de descargas parciais são usados a mais de 60 anos como forma de avaliar a
performance do isolamento dos enrolamentos do estator de máquinas rotativas com
tensão nominal igual ou superior a 3.3 kV. Conforme Stone, Stranges, & Dunn (2014), o
Instituto dos Engenheiros Eléctricos e Electrónicos (IEEE) e a Comissão Electrotécnica
Internacional (IEC) criaram padrões das práticas recomendadas ou especificações

Daniel Rafael Dzucule 32


4. Descargas Parciais

técnicas que orientam as medições off-line e on-line de DP usando equipamentos de


diagnóstico eléctrico e medições ópticas. Eles explicam os objectivos e princípios de
testes, discutindo os métodos comumente usados na medição de DP e providenciar a
interpretação de dados.

As principais normas que regem a análise de DP são:

 IEC 60270 3a edição (2012) High-voltage test techniques – partial discharge


measurements;
 IEC/TS 60034-27 1a edição (2006) Rotating electrical machines – Part 27: Off-line
partial discharge measurements on the stator winding insulation of rotating
electrical machines;
 IEC/TS 60034-27-2 1a edição (2012), Rotating electrical machines – Part 27-2:
On-line partial discharge measurements on the stator winding insulation of rotating
electrical machines;
 IEC 62478, (2016) High Voltage Test Techniques – Measurement of Partial
Discharges by Electromagnetic and acoustic Methods;
 IEEE Std 1434 (2014), IEEE Guide to the Measurement of Partial Discharge in in
AC Electric Machinery.

Conforme Warren, Stone, & Sedding (2017), referente às medições de DP, a norma mais
comum é a IEC 60270. Este documento descreve os circuitos de teste para a medição
de DP, e descreve o processo de calibração da magnitude dos pulsos DP em mV para a
carga aparente em pico Coulombs (pC). A IEC 60270 normalmente assume que o
objecto de teste é puramente capacitivo, o que não é verdade para enrolamentos de
estator. Esta norma também sugere que a frequência de medição esteja na faixa de 50
kHz a 1 MHz e detenção acima de 1 MHz não é incluída nesta norma.

Segundo Warren, Stone, & Sedding (2017), em 2016 foi publicada a norma IEC 62478.
Este documento complementa a IEC 60270 e inclui faixas de frequência acima da
prevista pela 60270. Esta norma define as seguintes faixas de frequência:

 Baixa frequência (BF) – abaixo de 3 MHz;


 Alta frequência (AF) – 3 a 30 MHz;
 Muito alta frequência (MAF) – 30 a 300 MHz;
 Ultra alta frequência (UAF) – 300 a 3000 MHz.

Daniel Rafael Dzucule 33


4. Descargas Parciais

Stone, Stranges, & Dunn (2014) dizem que a aquisição de DP em altas frequências é
apropriada para testes on-line, proporcionando uma alta relação sinal-ruído o que
culmina com a redução de riscos de falsas indicações de DP e a característica do sinal
de saída pode ser correlacionada a uma localização típica no equipamento onde a DP
aparece.

A IEEE 1434 foi a primeira norma para a medição on-line e off-line de DP


especificamente para enrolamentos estatóricos de máquinas rotativas. Esta norma,
descreve detalhadamente teorias sobre DP incluindo tanto a aquisição em altas e baixas
frequências. Esta norma apresenta métodos off-line de testes de DP usando
condensadores de acoplamento e as medições são apresentadas tanto em pC quanto
mV. A IEEE 1434 apresenta também métodos on-line de testes de DP usando
condensadores de acoplamento nos terminais de alta tensão, RFCT no neutro com ou
sem condensador de surto e uma variedade de antenas de DP.

A IEC 60270 actualmente não é muito usada na medição de DP nos enrolamentos


estatóricos. Essa norma é valida para objectos de teste puramente capacitivos. Assim, a
IEC publicou duas normas que servem como guia para a medição de DP nos
enrolamentos estatóricos de geradores e motores: a IEC 60034-27 e IEC 60034-27-2. A
norma IEC 60034-27 é documento guia para medições off-line de DP e esta norma
recomenda que as medições off-line de DP devem ser feitas na faixa de BF. A IEC 60034-
27-2 preocupa-se apenas com medições on-line de DP, recomendando que as medições
de DP sejam feitas em altas frequências, e deixa claro que se as medições on-line forem
feitas na faixa de BF as interferências eléctricas serão severas e apresentando alto risco
de falsas indicações.

4.6. Tipos de medição de DP

A medição de DP pode ser feita de duas maneiras: através de testes off-line e pela
monitorização on-line.

“Todos os testes off-line [grifo nosso] requerem, por definição, pelo menos uma
paragem (…), em contrapartida, a monitorização on-line [grifo nosso] refere-se ao
‘teste’ feito durante a operação normal do motor ou gerador. Por tanto, não é necessária
nenhuma interrupção, contudo, as condições de operação da máquina podem ser
alteradas para se extrair maior quantidade de informação para o diagnóstico” (STONE
et al., 2014, p. 313, tradução nossa).

Daniel Rafael Dzucule 34


4. Descargas Parciais

Para a Polux (2012), para a execução dos testes off-line é necessária uma fonte externa
com tensão igual a tensão nominal fase-terra da máquina para alimentar cada fase. Essa
fonte geralmente é de alto custo e o teste torna-se caro, demorado e perigoso. Portanto,
Stone et al. (2014) dizem que a monitorização on-line é preferida pois:

 Não é necessária a paragem da máquina para a determinação das condições do


enrolamento;
 Normalmente, o custo de aquisição de dados é mais baixo em relação ao teste
off-line e, geralmente, uma pessoa pode colectar os dados em apenas alguns
minutos e em sistemas de monitorização modernos a aquisição de dados pode
ser automatizada. Ao passo que, testes off-line exigem algumas pessoas para
isolar a máquina, ligar o equipamento de teste, e executar o teste;
 Constitui uma ferramenta da manutenção preditiva, permitindo determinar qual
máquina necessita de testes off-line2 ou reparação, sem tirar a máquina de
serviço.
 Os esforços (TEAM) que ocorrem durante o funcionamento da máquina estão
presentes;

De igual modo, Stone et al. (2014) apresentam algumas desvantagens da monitorização


on-line, que são:

 Alto custo de aquisição dos equipamentos, uma vez que os sensores e por vezes
os instrumentos de medição devem ser montados em cada máquina, enquanto
que para testes off-line um instrumento pode ser usado para fazer medições em
várias máquinas;
 Nem todas as falhas podem ser detectadas apenas com a monitorização on-line.
Deste modo, falhas inesperadas podem passar desapercebidas se apenas for
usada a informação da monitorização on-line para o diagnostico.

2 Testes off-line de DP, testes da resistência do isolamento e de suportabilidade, entre outros.

Daniel Rafael Dzucule 35


5. O Sistema de Monitorização de Descargas Parciais na HCB

5. CAPÍTULO 5 – O SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO DE DESCARGAS


PARCIAIS NA HCB

A HCB dispõe de um sistema de monitorização de DP instalado em 2006 pela Alstom e


não opera devidamente desde o ano de 2014 deixando os enrolamentos do estator
vulnerável às actividades de DP não monitorizadas.

O sistema de monitorização de DP instalado consiste na detecção de pulsos de DP nos


terminais de alta tensão e no neutro, desenvolvido pela Alstom, denominado por Partial
Discharge Monitoring System (Sistema de Monitorização de DP) - PAMOS 4 e é
constituído principalmente por:

 Sensores de DP – denominado PAMOS PD Sensor;


 Caixa de conexão – denominada PAMOS Connection Box;
 Analisador de DP – denominado PAMOS 4 Satellite;
 Módulo de aquisição de dados – denominado PAMOS Operational data Satellite.

1. PAMOS PD Sensor

De acordo com Waters & Stephan (2007), o sensor PAMOS usado para a detenção de
pulso de DP na HCB, consiste essencialmente em:

 Um condensador de acoplamento de 9 nF / 30 kV;


 Um transformador de corrente de alta frequência de banda larga;
 Protecção contra sobretensão;
 Um conector de ligação com a barra de alta tensão;
 Um conector de sinal do tipo TNC;
 Um conector de terra do tipo M8; e
 Uma base de montagem.

Os dados técnicos desse sensor são:

 Capacitância 9 nF ± 10%
 Tensão de operação máximo 30 kV
 Frequência de operação 50/60 Hz
 Tensão de teste 70 kV, 72 s
 Sensibilidade < 5 pC a 30 kV

Daniel Rafael Dzucule 36


5. O Sistema de Monitorização de Descargas Parciais na HCB

 Temperatura de operação 0 a 80°C


 Peso 4.6 kg
 Posição de montagem qualquer

O diagrama eléctrico e a imagem real desse sensor são apresentados nas figuras a
seguir.

(a) (b)
Figura 5.1 – Sensor PAMOS: (a) esquema eléctrico (b) imagem real da montagem no campo (HCB)

Fonte: (a) Waters & Stephan (2007) (b) Autor

2. Caixa de conexão PAMOS

Para Waters & Stephan (2007, tradução nossa, p. 1) “a caixa de conexão PAMOS é
usada para proporcionar uma conexão entre o sensor PAMOS e o dispositivo de medição
PAMOS, contendo uma protecção contra sobretensões e fusíveis para protecção do
equipamento e do pessoal”.

A caixa de conexão possui 4 entradas de sinal de DP vindos dos sensores de DP e 4


saídas para o ADP, todas via conector TNC. Possui igualmente uma entrada e saída de
sinal sincronização, e as suas características são:

 Protecção contra sobretensões: 90 V para cada uma das 4 entradas;


 Dois fusíveis no canal de sincronização de 100 mA;
 Dimensões 177 x 79 x 58 mm;
 Protecção IP 65

A ilustração do PAMOS Connection Box é apresentada na figura 5.2


Daniel Rafael Dzucule 37
5. O Sistema de Monitorização de Descargas Parciais na HCB

Figura 5.2 – Caixa de Conexão PAMOS

Fonte: Waters & Stephan (2007)

3. PAMOS 4 Satellite

Waters & Stephan (2007, tradução nossa, p. 2) afirmam que:

O PAMOS 4 Satellite é desenhado para medir pulsos de descarga parcial em 4 canais


diferentes. Em cada canal, um sensor de DP pode ser conectado e a partir do qual o
Satellite pode medir as DP de uma máquina trifásica de alta tensão.

O Satellite provê uma interface TCP/IP para permitir a transferência de dados ao


PAMOS Server via Ethernet. No servidor do PAMOS é instalado o software de controlo
do Satellite, que controla a operação do Satellite (medições por trigger, ajustes nos
canais de DP, amplificação do sinal, filtragem,…), proporciona o armazenamento e
visualização das medições de DP.

Os dados técnicos desse dispositivo são:

 Entrada de canais de DP 4, conector TNC, 50 Ω


 Faixa de frequência de DP 10 kHz a 2000 kHz
 Interface TCP/IP – 10/100 Mbit/s
 Entrada de sincronização 110-240 V, 10 MΩ
 Alimentação 90-240 V, 50/60 Hz
 Faixa de temperatura 0 a 50 °C
 Protecção IP65
 Peso 5.4 kg

Daniel Rafael Dzucule 38


5. O Sistema de Monitorização de Descargas Parciais na HCB

A ilustração das conexões do ADP da Alstom é apresentada na figura 5.3 (a) e a sua
imagem real é apresentada na figura 5.3 (b).

(a)

(b)
Figura 5.3 - PAMOS 4 Satellite: (a) Conectores (b) Imagem de montagem em campo na HCB

Fonte: (a) Waters & Stephan (2007) (b) Autor.

Daniel Rafael Dzucule 39


5. O Sistema de Monitorização de Descargas Parciais na HCB

4. PAMOS Operational Data (OP-Data) Satellite (PODS)

A magnitude das descargas parciais depende das condições de funcionamento da


máquina, como a carga (potência), a temperatura e a humidade. Assim, é importante que
a análise das DP seja feita levando em consideração essas variáveis.

O PODS consiste em dois elementos distintos: o hardware, o dispositivo de aquisição de


dados, cuja referencia é Advantech Data Acquisition Module 6017 (ADAM-6017), e o
software de comunicação que comunica com o dispositivo ADAM e processa os dados
em função das instruções recebidas pelo analisador de DP.

Os dados técnicos do ADAM-6017 são:

 Tensão de alimentação 10-30 V Corrente contínua


 Entradas: 8 entradas analógicas (±10 V; ±5 V; ±1 V; ±500 mA; ±100 mA; ±20
mA ou 4-20 mA)
 Saídas Ethernet RJ-45

A imagem ilustrativa do dispositivo de aquisição de dados é apresentada na figura 5.4.

Figura 5.4 - Imagem ilustrativa do ADAM-6017 da HCB.

Fonte: Autor

A arquitectura geral do PAMOS é apresentada na figura A4.1 do anexo 4.

Daniel Rafael Dzucule 40


5. O Sistema de Monitorização de Descargas Parciais na HCB

5.1. Descrição do funcionamento do Sistema PAMOS

É de recordar que a monitorização de DP em máquinas eléctricas rotativas tem por


objectivo detectar DP que colocam em risco o funcionamento das máquinas. Para tal,
para detectar os pulsos DP o sistema PAMOS usa quatro sensores capacitivos idênticos
(os PAMOS PD sensor), sendo três deles instalados nos terminais de alta tensão e um
no ponto neutro do alternador. O sinal detectado é enviado para o sistema de medição,
o PAMOS 4 Satellite, através da caixa de conexão.

“No lado de alta tensão, sinais das diferentes fases são registados, enquanto no ponto
neutro, as descargas que ocorrem em qualquer das três fases são medidas. Esse arranjo
e combinação dos sensores, permite não só a detenção de descargas parciais, mas
também a sua localização”. WATERS & STEPHAN (2007, tradução nossa, p. 1).

O PAMOS 4 Satellite é conectado via Ethernet ao servidor de dados local, onde o


software de controle e processamento PAMOS está instalado. Este software, controla a
operação do Satellite e faz a gestão de dados das medições, oferecendo ferramentas
necessárias para a visualização, análise e acompanhamento de tendências das
actividades de DP.

O PAMOS Satellite necessita de um sinal de sincronização obtido em uma das fases da


máquina por meio de um transformador abaixador monofásico. Sincronizar todas as
fases em relação à uma fase permite a determinação da relação fasorial entre eventos
de DP.

A arquitectura do sistema de medição é apresentada na próxima figura (figura 5.5). Note


que cada fase é representada como sendo um circuito, mas na prática, cada fase dos
alternadores da HCB é constituída por duas semifases em paralelo.

O módulo de aquisição de dados, o PODS, é responsável por colectar as condições de


operação do gerador a partir do sistema de controlo da planta (DCS – Distributed Control
System). Para Waters & Stephan com o OP-Data Satellite, os dados são colectados sob
forma de sinais analógicos (4-20 mA) e através de um software de interface, os dados
são enviados para o sistema de monitorização de DP. Estes dados permitem,
essencialmente, um diagnóstico confiável das actividades de DP. Os dados colectados
pelo PODS são combinados e armazenados com os correspondentes dados de DP para
a identificação dos efeitos das descargas relacionados à operação.

Daniel Rafael Dzucule 41


5. O Sistema de Monitorização de Descargas Parciais na HCB

A Alstom dispõe de um algoritmo que permite uma redução automática e


armazenamento a longo prazo de dados de DP necessários para o diagnostico do estado
do enrolamento, o Assessed Condition Trending System (denominado ACTS I). Esse
algoritmo determina o desvio do valor da leitura de DP em relação a uma referência
produzindo sinal de alerta correspondente a um dos três níveis – não-crítico, crítico-
médio e crítico. O nível não-crítico significa que o nível de DP é normal e não é motivo
de preocupação, enquanto que o crítico implica que uma análise dos dados de DP deve
ser feita o mais rápido possível.

Figura 5.5 - Sistema de medição de DP da Alstom

Fonte: adaptado de Waters & Stephan (2007)

5.2. O sistema instalado na HCB

A HCB possui um sistema de monitorização de DP instalado nos cinco alternadores


principais. O sistema de medição é idêntico em cada um dos cinco alternadores e a sua
arquitectura é apresentada nas figuras do anexo 4 (figura A4.2 à A4.6).

Daniel Rafael Dzucule 42


5. O Sistema de Monitorização de Descargas Parciais na HCB

O PAMOS 4 Satellite, o módulo de aquisição de dados e o computador local são ligados


à rede LAN (Local Area Network) através de um switch LAN e os endereços IP (Internet
Protocol) de cada um desses dispositivos são apresentados nas figuras do anexo 4.

O PAMOS 4 Satellite, a caixa de conexão PAMOS, o módulo de aquisição de dados e o


computador local, estão todos instalados no mesmo cubículo, com nome 0nGAL100AR
– PDA Painel, onde n = 1;2;3;4 ou 5 representa o número do alternador. Nesse cubículo
também está instalada a fonte de tensão interrupta (não apresentado nas figuras) que
fornece a alimentação eléctrica estabilizada desses dispositivos (excepto a caixa de
conexão por não precisar de alimentação eléctrica) e fornecesse ao sistema uma
autonomia em caso de interrupção no fornecimento de energia eléctrica. As entradas
analógicas são encontradas no cubículo 0nGTA001AR como se pode observar nas
figuras da arquitectura do sistema em anexo.

Como se pode observar na figura A4.7 do anexo 4, os sistemas instalados nos grupos,
são interligados através do protocolo TCP/IP e comunicam com um computador servidor
instalado na sala de comando da central da HCB e este é interligado também via TCP/IP
com a sala de comando da subestação de Songo, onde encontra-se outro computador
servidor redundante. Na mesma figura, pode-se observar os endereços IP desses
computadores.

Daniel Rafael Dzucule 43


6. O Sistema Proposto

6. CAPÍTULO 6 – O SISTEMA PROPOSTO

Como foi supramencionado, o objectivo principal do presente trabalho é de propor um


sistema melhorado de monitorização de DP nos alternadores da HCB. Para tal, são
analisados os seguintes critérios:

1. Tipo de monitorização (contínua/ periódica);


2. Tipo de sensor (RFCT, condensadores de acoplamento, antenas de UAF);
3. Local de detenção: no neutro e/ou nos terminais de alta tensão ou na ranhura;
4. Faixa de frequência;
5. Separação de ruído (pelos modos diferencial e direccional).

Critério 1 – Tipo de Monitorização

Como vimos em 4.6, a medição de DP pode ser on-line ou off-line, sendo notórias as
numerosas vantagens que a monitorização on-line apresenta relativamente aos testes
off-line. Assim, o sistema proposto é de monitorização on-line de DP.

A monitorização on-line pode ser contínua ou periódica. Na monitorização contínua, a


medição de DP é feita continuamente e os dados são guardados automaticamente ,
enquanto que, na monitorização periódica, as medições são feitas em intervalos de
tempo definidos, e muitas vezes usa-se único instrumento de medição em todas as
máquinas.

As máquinas da HCB estão na fase de envelhecimento, em funcionamento desde 1977


(cerca de 41 anos), e por isso merecem especial atenção. Assim, recomenda-se uma
monitorização contínua de DP. Nessa vertente, o sistema a se propor deve ser de
monitorização contínua.

Critério 2 – Tipo de sensor

Um sistema de medição é tão bom quanto mais bom for o sensor usado. A captação de
pulsos de DP que ocorrem nos enrolamentos do estator é feita mediante sensores de
DP. Existem três tipos de sensores de DP:

 O RFCT;
 O condensador de acoplamento; e
 O acoplador de ranhura.

Daniel Rafael Dzucule 44


6. O Sistema Proposto

O RFCT actualmente não é muito aplicado para a medição de DP nos enrolamentos do


estator de alternadores, sendo a sua actual aplicação mais reservada para fins
laboratoriais e, como foi abordado em 4.4.2, para pequenos motores conectados à terra
através de condensadores de surto monofásicos. Assim, no sistema proposto não se
usará este tipo de sensor.

O acoplador de ranhura é o sensor mais sensível usado actualmente, contudo ele foi
desenhado principalmente para aplicação em turbogeradores e normalmente é instalado
durante a montagem de um novo alternador, assim não se aplicará este sensor no
sistema proposto.

O condensador de acoplamento é o sensor de DP mais usado na monitorização on-line


de DP em máquinas rotativas e Stone et al. (2014) afirmam que talvez 90% delas usam
este tipo de sensor. A análise dos resultados das medições é feita pela análise de
tendências ou comparativa com resultados de máquinas semelhantes. Assim, existe uma
vasta gama de base de dados de medições feitas por estes sensores. E nesse aspecto,
este sensor leva muita vantagem em relação aos anteriores.

Desta forma, usar-se-á no sistema a se propor o condensador de acoplamento como


sensor de DP.

Critério 3 – Local de detenção

Conforme abordado em 4.2, a detenção de DP que ocorrem nos enrolamentos


estatóricos de alternadores pode ser feita no ponto neutro ou nos terminais de alta
tensão, através de condensadores de acoplamento ou RFCT, ou na ranhura através de
antenas (SSC).

Como o sistema usará condensadores de acoplamento como sensores DP


(seleccionado no critério anterior), a detenção dos pulsos de DP pode ser feita na
terminação do neutro (NCC) ou nos terminais de alta tensão (HVCC).

Em 4.4.2 viu-se que o método de detenção HVCC foi desenvolvido como forma de
melhorar a fraca SNR apresentada pelo NCC sendo o segundo reservado a estudos
laboratoriais. Assim, por apresentar maior sensibilidade em relação ao NCC escolhe-se
a detenção nos terminais de alta tensão.

Daniel Rafael Dzucule 45


6. O Sistema Proposto

Critério 4 – Faixa de frequência

A faixa da frequência de detenção é um critério importante na escolha de um sistema de


monitorização de DP. Dependendo do sistema, a monitorização de DP pode ser feita na
faixa da BF ou MAF.

As normas IEEE 1434 e IEC 60034-27 sugerem a faixa de frequência de detenção para
testes off-line, mas, infelizmente, para a monitorização on-line ainda não há norma que
define ou recomenda a faixa de frequência a usar nem critérios para a escolha de uma
ou outra faixa. Contudo, far-se-á uma análise das vantagens e desvantagens de cada
uma das faixas de frequência (baixas e altas) de modo a se seleccionar a faixa de
frequência conveniente para o sistema a se propor.

As principais vantagens das medições em BF são:

 Boa sensibilidade a DP que ocorrem nos enrolamentos distantes do sensor.


Contudo, para Stone et al. (2018, p. 352, tradução nossa) “a tensão da
bobina/barra diminui linearmente através do circuito do terminal de fase para a
extremidade do neutro do enrolamento. Como a tensão decai, o mesmo acontece
com a magnitude DP e o número de defeitos que produzem DP”. Para um caso
prático, no teste de DP on-line, os autores afirmam: “nunca vimos um teste de BF
detectar um problema de isolamento do enrolamento do estator verificado (por
inspecção visual) que um teste de MAF não detectou”.
 Os mesmos equipamentos de medição usados na monitorização on-line podem
ser usados para medições off-line.
 Usualmente requerem poucos sensores, apenas 3 sensores por fase e/ou 1 no
neutro.

Em contrapartida, as medições em altas frequências (AF, MAF e UAF) apresentam


diferentes vantagens apresentadas por Stone et al. (2018):

 Alta imunidade a ruídos e distúrbios provenientes do sistema de potência, isto é,


alto SNR, culminando na redução de indicações falsas de problemas nos
enrolamentos estatóricos. Esta vantagem, verifica-se pela facilidade de
implementação de métodos de supressão de ruído baseados nos tempos de
chegada dos pulsos DP nos sensores: medição diferencial e direccional (vistos
em 4.4.2). Stone et al. (2018, p. 350, tradução nossa) afirmam que “se a aquisição

Daniel Rafael Dzucule 46


6. O Sistema Proposto

de dados fosse em BF, os tempos de chegada dos pulsos dos dois sensores não
podem ser distinguidos”.
 Com os métodos de medição em MAF e UAF, é possível localizar com mais
certeza onde as DP estão ocorrendo.
 Bancos de dados minuciosamente revistos contendo centenas de milhares de
resultados de testes em MAF foram resumidos em tabelas de “altos” e “baixos”
níveis de DP.

Como pode-se ver anteriormente, a principal vantagem da medição de DP em BF em


relação à MAF é a de detectar pulsos de DP com maior sensibilidade e a custos
relativamente mais baixos, porém, apresentando altos riscos de falsas indicações como
principal desvantagem. É possível fazer um arranjo dos sensores de MAF de modo a
melhorar a sua sensibilidade, porém a custos relativamente altos.

Por apresentar maiores benefícios técnicos, a aquisição de dados para o sistema


proposto será na faixa das altas frequências.

Critério 5 – Separação de ruído

A escolha de aquisição de dados na faixa das altas frequências (pelo critério anterior),
remete-nos à necessidade de escolha de um método de supressão de ruídos e/ou
distúrbios externos. A separação de ruídos é feita pela configuração dos condensadores
de acoplamento e, como foi visto em 4.4.2, actualmente existem dois métodos de
separação de ruídos: o método diferencial e o método direccional.

O método diferencial é o que apresenta melhor resultados na supressão de ruídos. Mas,


para a selecção de um ou doutro métodos deve-se observar: o tipo da máquina e a
possibilidade de instalação dos sensores no interior da máquina.

Conforme recomendam as normas, normalmente o método diferencial é usado em


geradores hídricos com potência maior que 30 MVA, e nesse aspecto, o método é
aplicável nos alternadores principais da HCB. Um estudo minucioso no campo fez-se
para se apurar a possibilidade de se instalar os sensores no interior do alternador, onde
se concluiu que é possível instalar os sensores no interior da máquina. Sendo possível
a instalação dos sensores no interior do circuito do alternador, as normas recomendam
a aplicação do método diferencial, ou seja, o método direccional é aplicado quando não
há espaço suficiente para a instalação dos acopladores no circuito do alternador.

Daniel Rafael Dzucule 47


6. O Sistema Proposto

Deste modo, escolhe a supressão de ruído pelo método diferencial.

6.1. Escolha do fabricante

No mercado existe uma variedade de fabricantes e diversos tipos de sistemas de


monitorização de DP. Abaixo apresentam-se, sob forma de tabela, os resultados do
levantamento de principais fabricantes actuais de sistemas de monitorização de DP para
hidrogeradores. Os critérios anteriormente descritos serão analisados para cada
fabricante de modo a se apurar os melhores fornecedores sob ponto de vista técnico-
económico.

Tabela 6.1 - Levantamento de fabricantes de sistemas de medição de DP

Referência Método de Tipo de Faixa de


Fabricante
do ADP detenção Sensor frequência
HVCC + NCC /
Iris Power HydroGuard Acoplamento de 80 pF/ SSC 40 MHz - 350 MHz
ranhura
HVCC+NCC / 40 kHz - 5 MHz /
Sparks HVCT / 80 pF - 10 nF 800 KHz - 300
TMS - 5441
Instruments Acoplador de RFCT MHz
ranhura (Seleccionável)
1 MHz - 50 MHz
80 pF / 500
Kronos (HVCC)
HVPD HVCC/HVCT pF-2 nF
Permanent 100 kHz - 25 MHz
RFCT
(HVCT)
80 pF
Eaton Insulgard HVCC/HVCT 1 MHz - 20 MHz
RFCT
Doble PDGuard HVCC 1 nF / 2 nF 50 kHz - 50 MHz
OMICRON MONGEMO HVCC+NCC 80 pF - 2.2 nF 16 kHz - 30 MHz

Fonte: Autor

As imagens ilustrativas dos ADPs de cada fabricante são apresentadas no anexo 5.

Quanto ao tipo de monitorização, todos os produtos acima apresentados possibilitam a


monitorização contínua, permitem também o uso de condensador de acoplamento como
sensor, satisfazendo os critérios 1 e 2. O terceiro critério também é satisfeito em todos
os fabricantes conforme a tabela acima. O critério 4, satisfaz-se nos produtos da Iris
Power, Sparks Instruments, HVPD e Eaton. Embora os sistemas da Doble e OMICRON
apresentem uma faixa de frequência que parte da faixa das baixas até às altas
frequências, estes produtos consistem, essencialmente, na aquisição de dados em
baixas frequências, não apresentando as características e vantagens da aquisição de
dados em altas frequências.

Daniel Rafael Dzucule 48


6. O Sistema Proposto

Concernente ao quinto critério, os produtos da Iris Power, Sparks Instruments e HVPD é


que possibilitam a supressão de ruídos pelo método diferencial. Embora os outros
sistemas apresentem métodos eficazes e bastantes evoluídos de supressão de ruídos
baseados na análise da característica do pulso de DP, os sistemas da Iris Power, da
Sparks Instruments e da HVPD são mais eficientes por permitem tanto as técnicas de
extinção de ruídos por arranjo dos condensadores quando às baseadas na análise da
forma do pulso.

Tabela 6.2 - Síntese da análise dos critérios para cada fabricante 3

Fabricante Critério 1 Critério 2 Critério 3 Critério 4 Critério 5


Iris Power ● ● ● ● ●
Sparks Instruments ● ● ● ● ●
HVPD ● ● ● ● ●
Eaton ● ● ● ● x
Doble ● ● ● x x
OMICRON ● ● ● x x

Fonte: Autor

Assim, segundo os critérios inicialmente definidos, podem ser usados tanto o sistema da
Iris Power quanto os da Sparks Instruments e HVPD, mas no presente trabalho propõe-
se a instalação do sistema da Iris Power, pois:

 É a empesa mais antiga na monitorização de descargas parciais em grandes


hidrogeradores e altamente firmada no mercado;
 Possui um vasto banco de dados;
 É o sistema usado e recomendado pelo principal parceiro da HCB, a Manitoba
Hydro International;
 Além da monitorização do estado do estator pela análise das DP, o HydroGuard
II permite, igualmente, a monitorização do estado do rotor de geradores de pólos
salientes. Com a instalação desse sistema, pode-se instalar um sistema de
monitorização do estado do rotor a custos muito mais baixos pois não é
necessária a compra de dispositivos como os analisadores, os computadores
servidores, os elementos de rede (switches e cabos LAN), entre outros.

3 ● Critério verificado e x critério não verificado

Daniel Rafael Dzucule 49


6. O Sistema Proposto

6.2. O sistema de monitorização da Iris Power

A figura 6.1 representa a tipologia de um sistema de monitorização da Iris Power usando


o HydroGuard II.

Figura 6.1 - Diagrama esquemático do sistema de monitorização da Iris Power

Fonte: adaptado de Iris Power (2014)

Referente à monitorização de DP, o sistema da Iris Power é constituído


fundamentalmente por:

 Sensores de DP;
 Caixa de conexão;
 Analisador de DP – o HydroGuard II
 Módulo de aquisição de dados.

1. Sensor de DP

Nos hidrogeradores, o sistema da Iris Power normalmente utiliza condensadores


acoplamento como sensores de DP. Construídos na base de epóxi-mica com tensões
nominais de 6.9, 16, 25 e 28 kV, os condensadores de 16 kV apresentam os seguintes
dados técnicos:

 Capacitância 80 pF ± 4 pF
 Faixa de frequência de detenção 40 a 350 MHz
 Tensão de teste 33 kV
 Sensibilidade 1 pC
 Temperatura de operação -40 a 130°C

Daniel Rafael Dzucule 50


6. O Sistema Proposto

 Peso 1.6 kg
 Altura x Diâmetro 127 x 86 mm
 Tempo de vida útil 60 000 anos

Figura 6.2 - Condensadores da Iris Power

Fonte: irispower.com

Nas figuras do anexo 6 são apresentadas imagens reais de montagens de sensores e


cuidados a observar durante a montagem destes.

2. Caixa de conexão

Muitas vezes chamada de caixa terminal, tal como a caixa de conexão PAMOS, a caixa
terminal da Iris Power estabelece a ligação entre os sensores de DP e o ADP, provendo:

 Um conector BNC para cada acoplador;


 Circuito de protecção contra surtos de tensão;
 Protecção contra poeiras e água (IP65).

3. O Hydroguard II

Conforme a Iris Power (2014), o HydroGuard II é um monitor on-line contínuo que tem a
capacidade de monitorizar tanto o estado do isolamento dos enrolamentos estatóricos
pela monitorização de DP, quanto o estado do rotor de geradores hídricos de pólos
salientes pela monitorização do fluxo.

O HydroGuard II apresenta as seguintes características:

 Entrada de canais de DP 12, conector BNC, 50 Ω


 Faixa de frequência de DP 40 kHz a 350 MHz

Daniel Rafael Dzucule 51


6. O Sistema Proposto

 Interface Modbus via TCP/IP e USB


 Entrada de sincronização 110-240 V, AC
 Alimentação 110-240 V, AC 50/60 Hz
 Protecção IP65, certificação NEMA 4X
 1 entrada de sensor de temperatura e humidade interno (0-1 V);
 1 saída para alarme.

Na figura abaixo é apresentada uma imagem real de montagem do Hydroguard II e da


caixa de terminais.

Hydroguard II

Caixa de terminais

Terra de protecção

Figura 6.3 - Montagem real do GuardII e da caixa de terminais

Fonte: Iris Power

De modo a não exceder o comprimento máximo obrigatório dos cabos coaxiais (30 m
por sensor), recomenda-se a instalação do Hydroguard II e da caixa terminal no piso 5
da central.

4. O módulo de aquisição de dados

Para a aquisição de dados das condições de funcionamento da máquina – tensão,


potência activa, potência reactiva e temperatura no poço do alternador – será usado o

Daniel Rafael Dzucule 52


6. O Sistema Proposto

mesmo módulo de aquisição de dados usado pelo PAMOS, o ADAM 6017, uma vez que
todos os módulos estão em bom estado de operação e de conservação e são
compatíveis com o sistema da Iris Power. As suas características foram apresentadas
no capítulo 5.

5. Computador de servidor

Para fazer o controlo e configuração do sistema, armazenamento de dados e converter


as leituras em uma linguagem perceptível pelo Homem, usa-se um software chamado
Iris application manager, propõe-se a instalação deste software num computador
servidor dedicado a ser montado na sala de comando da central, e em um computador
portátil, para configuração e controlo local, permitindo ainda interpretar os dados lidos
em qualquer local.

Recomendamos que as especificações mínimas destes computadores sejam:

 Processador core i5, 2 GHz


 Memória de acesso aleatório 8 GB
 Armazenamento 500 GB

O sistema PAMOS previa um computador servidor instalado tanto na sala de comando


da central, quanto na sala de comando da subestação de Songo. No presente trabalho,
a instalação do computador servidor na sala de comando da subestação fica ao critério
da empresa.

6. Componentes da rede

A maior parte dos cabos e os switches de rede a usar no sistema proposto serão os
mesmos usados pelo sistema da Alstom, contudo, é importante verificar o estado de
todos os cabos de rede usando um testador de cabo.

6.2.1. O sistema de medição proposto

Viu-se anteriormente que a aquisição de dados em altas frequências apresenta uma alta
atenuação no sinal. Como forma de compensar essa desvantagem, as normas IEEE
1434 e IEC 60034-27-2 recomendam a instalação dos sensores o mais próximo possível
dos enrolamentos do estator. Em grandes alternadores, especialistas recomendam o uso
de no mínimo 1 sensor por semifase. Devido à extensão do circuito estatórico (224 barras
por semifase) directamente relacionada à potência dos grupos, propõe-se a instalação

Daniel Rafael Dzucule 53


6. O Sistema Proposto

de dois sensores por semifase de modo a melhorar o alcance das medições. Assim,
propõe-se a instalação de 12 sensores de 80 pF em cada gerador e o sistema de
medição proposto é apresentado na figura 6.4.

Figura 6.4 - Sistema de medição de DP proposto

Fonte: Autor

O Hydroguard faz a distinção entre os pulsos de ruídos e de DP através dos seus tempos
de chegada. Por exemplo, se um pulso chegar nos sensores C1 e C2 ou C3 e C4 ao
mesmo tempo, é considerado com pulso de ruído e esse pulso é desprezado, caso
contrário, é considerado como sendo um pulso de DP. Por isso, normalmente os cabos
coaxiais não têm o mesmo comprimento e uma calibração é feita durante a montagem
(através do ajuste do comprimento dos cabos coaxiais) de modo a garantir a distinção
entre os pulsos de ruídos e de DP.

No anexo 7 é apresentada a forma de interligação dos elementos do sistema proposto


na rede LAN.

Daniel Rafael Dzucule 54


6. O Sistema Proposto

6.3. Orçamento

A tabela a seguir, apresenta os resultados do estudo orçamental do sistema proposto.

Tabela 6.3 - Orçamento do sistema proposto

Quanti Preço unitário


Produtos/Serviços Preço total [USD]
dade [USD]

Pacote de: 12 sensores de


DP 80 pF, 16 kV; caixa de 5 16.705,00 83.525,00
terminais e kit de montagem
Caixa de montagem do
Hydroguard que inclui os
sensores de temperatura e 5 6.530,00 32.650,00
Material humidade, porta USB e 254.975;00
Ethernet e sinal de alarme.
Hydroguard II, incluindo o kit
de cabeamento de 30 m e o
5 27.060,00 135.300,00
software para configuração
e análise
Documentação ---- ---- 3.500,00
Supervisão e Instalação 5 15.000,00 75.000,00
Serviços Comissionamento 5 13.000,00 65.000,00 144.220,00
Formação4 4 1.055,00 4.220,00
Custos adicionais ---- ---- 20.000,00
Total [USD] 419.195,00

Fonte: Autor

Os preços anteriormente apresentados são aplicáveis até 31 de Dezembro de 2018.

Aplicando a taxa de câmbio do dia 11 de Outubro de 2018 (1 USD = 61.06 MZN)5, o


custo total em meticais de 25.596.046,70 MZN.

4 4 módulos para mais de 15 participantes.


5 Fonte: http://www.bancomoc.mz/fm_mercadosmmi.aspx?id=10

Daniel Rafael Dzucule 55


7. Análise Comparativa, Económico-financeira e Resultados

7. CAPÍTULO 7 – ANÁLISE COMPARATIVA, ECONÓMICO-FINANCEIRA


E RESULTADOS

7.1. Análise comparativa

Pretende-se, neste ponto, discutir os aspectos que distinguem o sistema de


monitorização de descargas parciais da Alstom do sistema da Iris Power na base das
normas da IEC e do IEEE.

A principal diferença entre o sistema da Alstom e o proposto no presente trabalho está


na faixa da frequência de detenção. Enquanto o sistema da Alstom detecta os pulsos
das DP entre 10 kHz – 2 MHz, o sistema proposto detecta os pulsos na faixa entre 40 –
350 MHz. As principais vantagens e desvantagens de um sistema em relação ao outro
são apresentadas na tabela abaixo.

Tabela 7.1 - Comparação dos sistemas da Alstom e da Iris Power

Sistema Vantagens Desvantagens

 Muito alta SNR;


 Muito alta sensibilidade;
 Facilidade em identificar o
 Baixo alcance das medições;
tipo de DP e o local de
Iris Power  Usa muitos sensores aumentando
ocorrência;
o custo total.
 Baixos riscos de falsas
indicações;
 Vigor no mercado.
 Alta cobertura;
 Possibilidade de identificar  Baixa SNR;
o tipo de DP;  Não é fácil identificar o local de
Alstom  Usa poucos sensores; ocorrência das DP;
 Os mesmos sensores  Altos riscos de falsas indicações;
podem ser usados em  Sistema descontinuado.
testes off-line.

Fonte: Autor

Além das vantagens e desvantagens apresentadas na comparação anterior, o sistema


da Alstom instalado na HCB apresenta os seguintes problemas:

 Computadores lentos e velhos;


 Dificuldade de assistência técnica com o fabricante;

Daniel Rafael Dzucule 56


7. Análise Comparativa, Económico-financeira e Resultados

 Nenhuma capacitação dos operadores e tem apenas um especialista em análise


de DP em toda a HCB;

Outro ponto interessante a se destacar é que o PAMOS foi lançado no mercado por volta
de 2002, naquela altura muitas normas que regem a monitorização de DP em máquinas
rotativas não existiam e, destaca-se igualmente que até a actualidade, verificaram-se
avanços nas tecnologias de eliminação de ruídos na base da análise da forma de pulso
tornando os sistemas modernos muito mais eficientes. Por outro lado, melhorias nas
tecnologias de concepção de sensores aliadas ao uso de mica e resinas epóxi tornam
os sensores na base de resina epóxi e mica mais fiáveis e eficientes.

7.2. Análise económico-financeira

Na tabela abaixo, são apresentados os resultados do levantamento de algumas avarias


que ocorreram no estator dos grupos geradores incluindo os seus custos de reparação
e produção perdida, tendo em conta que, segundo e Relatório Anual de 2015, a produção
diária de cada unidade é de aproximadamente 7.044.600,00 MZN.

Tabela 7.2 - Algumas avarias no estator dos alternadores principais e seus custos de reparação

Tempo de Custos de
Barras Produção perdida
Ano Unidade paragem reparação
removidas [MZN]
[dias] [MZN]
2016 4 26 * 21.010.000,00 ----
2016 3 25 54 27.544.155,00 380.408.400,00
2006 4 1 28 1.319.815,00 197.248.800,00
1979 3 106 350 22.000.000,00 2.465.610.000,00 6

Fonte: Autor

* Dado não obtido

Pela tabela anterior, são evidentes os altos custos de reparação em caso de ocorrência
de uma falha catastrófica. É de salientar que, em condições normais, a HCB opera com
nenhuma reserva estática, então, além dos custos de reparação, a empresa tem grandes
prejuízos de produção em cada dia de indisponibilidade da máquina.

Conforme apresentado anteriormente (em 6.3), o custo total do sistema é de


aproximadamente 25.600.000,00 MZN. Os custos de reparação da avaria ocorrida no

6É importante salientar que a tarifa de 2015 é diferente da tarifa que foi usada em 1979, mas, o important e
é ter-se uma ideia numérica.

Daniel Rafael Dzucule 57


7. Análise Comparativa, Económico-financeira e Resultados

alternador do grupo gerador 3 em 2016 (sem contar com os prejuízos de produção)


seriam suficientes para orçar o sistema de monitorização de DP proposto em todos os
grupos e ficando com um saldo de cerca de 1.944.155,00 MZN. Os prejuízos de
produção correspondem a 14,86 vezes o custo do sistema de monitorização de DP.

No caso da avaria actual ocorrida no dia 16 de Maio de 2018 no grupo gerador 1, foram
substituídas cerca de 84 barras. As empresas contratadas para a reparação (execução
e consultoria) estimam que o grupo estará disponível até cerca de 30 de Novembro de
2018, assim, o tempo de indisponibilidade por essa falha é de cerca de 205 dias e, neste
período, perdeu-se uma produção de cerca 1.968.000 MWh correspondente a cerca de
1.444.143.000,00 MZN. Esses custos (material, mão-de-obra e de produção perdida)
seriam muito reduzidos com uma monitorização contínua de DP.

7.3. Resultados esperados

Com a aplicação do sistema, a HCB terá os seguintes benefícios:

 Possibilidade de evitar falhas catastróficas nos enrolamentos do estator;


 Operação das máquinas críticas com mais segurança e confiança;
 Aumento da capacidade de produção através da monitorização da condição da
máquina;
 Determinação das prioridades na manutenção e limpeza;
 Detecção dos indícios de problemas para correcção a tempo com custo mínimo;
 Diagnósticos rápidos da máquina;
 Dados técnicos que permitem negociar menores prémios de seguro;
 Intervalos entre paragens para manutenção de rotina podem ser estendidos;
 Medição segura, não submete o operador a riscos de alta tensão nem danifica o
isolamento;
 Redução e/ou eliminação de terciarização.

Daniel Rafael Dzucule 58


8. Conclusões e Recomendações

8. CAPÍTULO 8 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

8.1. Conclusões

A realização do estágio na Hidroeléctrica de Cahora Bassa que culminou com a


realização do presente trabalho, deu ao autor uma grande oportunidade de se familiarizar
com o ambiente industrial e permitiu o desenvolvimento de competências técnico-
profissionais e pessoais como: tecnológicas, capacidade de trabalho em equipe e com
pessoas de diversas etnias, pensamento analítico e gosto pela aprendizagem contínua.

Com o desenvolvimento do trabalho, chegou-se às conclusões abaixo apresentadas.

A aplicação de práticas preditivas permite maximizar o tempo de disponibilidade dos


equipamentos monitorizados pois, antes de acontecerem, muitas falhas dão uma
espécie de aviso e se for notado pode-se tomar medidas para evitar que as falhas
catastróficas ocorram e também permite intervir na máquina somente quando for
necessário além de evitar possíveis falhas que podem ocorrer durante a manutenção
preventiva.

O sistema de monitorização de descargas parciais da Alstom está inoperacional


deixando os enrolamentos do estator vulneráveis a actividades de descargas parciais
não monitorizadas e a reparação desse sistema pode ser muito difícil, no que tange à
aquisição de material e mão-de-obra qualificada, e inviável pois não é mais fabricado
nem vendido, além de usar normas desactualizadas e métodos de supressão de ruídos
pouco eficientes.

Pela idade dos grupos e por nunca se ter feito uma rebobinagem completa no seu
estator, é urgente fazer-se a monitorização contínua da condição dos enrolamentos do
estator, pois evitam a ocorrência de falhas catastróficas nos enrolamentos do estator
(que constituem 56% das principais falhas que ocorrem em alternadores) reduzindo
grandemente os custos de reparação e o tempo de indisponibilidade dos grupos,
consequentemente reduzindo-se também as perdas de facturação.

Pela análise comparativa, o sistema proposto fará a monitorização de descargas parciais


de forma mais eficiente em relação à monitorização que era feita pelo PAMOS e, os seus
métodos avançados de supressão de ruídos na base do arranjo dos condensadores e

Daniel Rafael Dzucule 59


8. Conclusões e Recomendações

baseados na análise da forma de pulso, tornam a interpretação de dados mais fácil e


reduzem as possibilidades de falsas indicações.

8.2. Recomendações

Recomenda-se que os sensores PAMOS não sejam desinstalados e descartados, pois


podem ser usados para a medição off-line de DP, dado que, por recomendações das
normas, as medições off-line devem ser feitas na faixa das baixas frequências e os
sensores PAMOS operam nessa gama, diferentemente dos sensores da Iris Power que
operam na faixa das altas frequências.

A fiabilidade e disponibilidade dos alternadores principais está directamente ligada à


fiabilidade e disponibilidade dos seus alternadores auxiliares, pois são os alternadores
auxiliares que fornecem a tensão de excitação ao rotor dos alternadores principais e
garantem a alimentação de todos serviços auxiliares do grupo gerador. Assim, a
paragem de serviço do alternador auxiliar, implica a paragem do alternador principal.
Nessa vertente, recomenda-se a instalação de um sistema de monitorização de DP nos
enrolamentos do estator dos alternadores auxiliares da HCB, observado que a tensão
nominal desses é de 6.6 kV.

Tangente à falta de formação dos operados, destacado em 7.1, recomenda-se o


treinamento dos operadores da central sobre conceitos básicos sobre DP e interpretação
de dados, bem como formação de mais especialistas.

Daniel Rafael Dzucule 60


9. Bibliografia

9. CAPÍTULO 9 – BIBLIOGRAFIA

9.1. Referências bibliográficas

1. Alves, M. P. (2015). CARACTERIZAÇÃO DE PADRÕES DE DESCARGAS PARCIAIS


EM HIDROGERADORES UTILIZANDO TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA
COMPUTACIONAL. Belém, Brasil. Acessado em 27 de Junho de 2018, de
http://www.ppgee.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/Medillin%20Alves%2032%20
2015.pdf

2. Azevedo, C. (2009). Metodologia para a eficácia da detenção de discargas parciais


por emissão acústica como técnica preditiva de manutenção. Goiânia. Acessado
em 27 de Junho de 2018, de http://www.emc.ufg.br/~cacilda/site_CELG-
D_030/artigos_pdf/Dissertacao_CHBA_Agosto_2009.pdf

3. Brasil, F. d. (2013). Estudo Experimental de Técnicas de Medição de Descargas


Parciais nos Enrolamentos Estatóricos de Hidrogeradores. Belém, Porto Algre.
Acessado em 08 de Julho de 2018, de
http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/4612

4. Chapman, J. S. (2013). Fundamentos de Máquinas Eléctricas (5a ed.). Porto Alegre:


AMGH.

5. Iris Power. E. (S.D.). Periodic on-line partial discharge monitoring of hidrogenerators.


Toronto, Ontario, Canada. Acessado em 5 de Junho 2018, de www.irispower.com

6. Iris Power (2014). Iris Power GuardII for Hydrogenerators. Mississauga, Canadá: Iris
Power. Acessado em 19 de Setembro de 2018, de http://www.tectra.hu/pdf -
docs/IrisPower-HydroTracII_v3.pdf

7. Kardec, A., & Nascif, J. (2009). MANUTENÇÃO: Função estratégica (3ª ed.). Rio de
Janeiro: Qualitymark.

8. Luo, Y., Li, Z., & Wang, H. (2017). A Review of Online Partial Discharge Measurement
of Large Generators. Acessado em 5 de Junho de 2018, de
https://res.mdpi.com/energies/energies-10-01694/article_deploy/energies-10-
01694.pdf?filename=&attachment=1

Daniel Rafael Dzucule 61


9. Bibliografia

9. Mobley, R. K. (2002). An introduction to predictive maintenance (2ª ed.). Nova York:


Butterworth-Heinemann.

10. Monchy, F. (1989). A Função Manutenção. São Paulo: EBRAS.

11.Munisse, J. (S.D). MANUAL DE RECICLAGEM PROFISSIONAL PARA


TURBINEIROS: Operação da Central da HCB. HCB.

12. Nogueira S. L. (2017). AVALIAÇÃO DO ESTADO OPERACIONAL DOS


ESTATORES DOS GRUPOS GERADORES. Songo: ISPS.

13. Pierini, E., Oliveira, R., Dalmolin, R., Ronsoni, S., & Torlay, S. (2008). Manutenção e
Gestão utilizando descargas parciais. Curitiba: Petrobras. Acessado em 5 de
Junho de 2018, de http://www.abraman.org.br/arquivos/161/161.pdf

14. Polux. (2012, Junho). Monitoramento de descargas parciais: Apostila do curso. São
Paulo. Acessado em 27 de Junho de 2018, de
https://www.scribd.com/document_downloads/direct/228553859?extension=pdf&
ft=1530128741&lt=1530132351&user_id=224924767&uahk=3xz4Wrt0Hbr_PTxq
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15. Polux. (S.D). Monitoramento de descargas parciais. Acessado em 27 Junho de 2018,


de https://www.scribd.com/document_downloads/direct/341079010?extension=p
df&ft=1530127883&lt=1530131493&user_id=224924767&uahk=_e1joVlLUdu8jN
6EAT7di_yX60o.

16.Silva, G. C. (2005). DESCARGAS PARCIAIS ESTIMULADAS POR RAIOS-X


CONTÍNUO E PULSADO EM MATERIAIS DIELÉTRICOS: Similaridades e
diferenças. Curitiba. Acessado em 21 de Junho de 2018 de
http://www.pipe.ufpr.br/portal/defesas/tese/009.pdf

17. Sparks Instruments. (2015). Partial Discharge Monitoring and Diagnosic Solutions for
Rotating Machines. Acessado em 13 de Setembro de 2018, de
https://termogram.com/boletin/docs/ProductBrochure_RotatingMachines_151020
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18. Stone, G. C., & Sedding, H. G. (2015). Relative Ability of UHF Antenna and VHF
Capacitor Methods to Detect Partial Discharge in Turbine Generator Stator
Windings (Vol. 22). Mississauga, Canadá: IEEE. Acessado em 13 de Agosto de

Daniel Rafael Dzucule 62


9. Bibliografia

2018, de https://irispower.com/wp-content/uploads/2018/06/Relative-Ability-o f-
UHF-Antenna-and-VHF-Capacitor-Method-to-PD.pdf

19. Stone, G. C., Culbert, I., Boulter, E. A., & Dhirani, H. (2014). ELECTRICAL
INSULATION FOR ROTATING MACHINES: Design, Evaluation, Aging, Testing
and Repair. Nova Jersey: John Wiley & Sons.

20. Stone, G. C., Sedding, H., Chan, C., & Wendel, C. (2018). Comparison of Low
Frequency and High Frequency PD Measurements on Rotating Machine Stator
Windings. São António: IEEE. Acessado em 13 de Agosto de 2018, de
https://irispower.com/wp-content/uploads/2018/06/Comparison-of-Low-
Frequency-and-High-Frequency-PD-Measurements.pdf

21. Stone, G. C., Stranges, M. K., & Dunn, D. G. (2014). Recent Developments in IEEE
and IEC Standards for Off-line and On-line Partial Discharge Testing of Motor and
Generator Stator Windings. IEEE. Acessado em 19 de Junho de 2018, de
https://irispower.com/wp-content/uploads/2018/06/Recent-Developments-in-
IEEE-and-IEC-Standards-for-Off-Line-and-On-Line-Partial-Discharge-Testing-of-
Motor-and-Generator-Stator-Windings.pdf

22. Vilhena, P. R. (2015). Sistema de Detenção, Localização e Monitoramento de


Descargas Parciais em Estatores de Hidrogeradores. Belem, Brasil. Acessado em
12 de Julho de 2018 de
http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/7745/1/Tese_SistemaDeteccaoLoc
alizacao.pdf

23. Warren, V., Stone, G., & Sedding, H. (2017). Partial Discharge Testing: A Progress
Report. Qualitrol-Ires Power. Acessado em 13 de Agosto de 2018, from
https://irispower.com/wp-content/uploads/2017/06/14-Sedding-Comparison-Test-
IRMC-2017.pdf

24. Waters, C., & Stephan, C. E. (2007). Partial Discharge Analyzer Equipment. ALSTOM
POWER.

9.2. Outra Bibliografia Consultada

25. Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994). NBR 5462: Confiabilidade e


Mantenabilidade. Rio de Janeiro.

Daniel Rafael Dzucule 63


9. Bibliografia

26. Barbosa, A. D. (2009). Aplicacao da Manutenção Centrada em Confiabilidade na


função de transmissão a fim de reduzir o tempo de indisponibilidade. Rio de
Janeiro. Acessado em 27 de Junho de 2018, de
http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10000970.pdf

27. Doble Engineering (2018). www.doble.com

28. Eaton (2018). www.eaton.com/pd

29. HVPD lda (2018). www.hvpd.co.uk.

30. Iris Power (2017). www.irispower.com.

31. Omicron (2018). www.omicronenergy.com

32. HCB (2015). Relatório e Contas.

Daniel Rafael Dzucule 64


Anexos

ANEXOS

Daniel Rafael Dzucule 65


Anexos

ANEXO 1 – EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

Tabela A1. 1 - Evolução da manutenção

Evolução da Manutenção
Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração Quarta Geração
Década de 30 à Início da década Início da década Meados da Década de
Épocas Início Década de de 50 à Início de 70 à meados 90 até à actualidade
50 Década de 70 da Década de 90
• Conserto após • Disponibilidade • Maior fiabilidade • Maior fiabilidade
equipamento relação à manutenção

falha crescente • Maior • Maior disponibilidade


expectativas em

• Maior vida útil do • Preservação do


Aumento das

disponibilidade
equipamento • Melhor relação meio-ambiente
custo-benefício • Segurança
• Preservação do • Influir nos resultados
meio-ambiente da empresa
• Gerir os activos

• Todos os • Todos os • Existência de • Reduzir


Visão quanto
à falha do

equipamentos se equipamentos se três padrões de drasticamente falhas


desgastam com a comportam de falhas prematuras dos
idade e, por isso, acordo com a padrões A e F.
falham. curva da banheira
• Habilidades • Planeamento • Monitorização • Aumento da
voltadas para o manual da da condição manutenção preditiva
• Manutenção
Mudança nas técnicas de manutenção

reparo manutenção e monitorização da


• Computadores preditiva condição
grandes e lentos • Análise de risco • Minimização das
• Manutenção • Computadores manutenções
preventiva (por pequenos e preventiva e correctiva
tempo) rápidos não planejada
• Softwares • Análise de falhas
potentes • Técnicas de
• Grupos de fiabilidade
trabalho • Manutenibilidade
multidisciplinares • Engenharia de
• Projectos manutenção
voltados para a • Projectos voltados à
fiabilidade fiabilidade,
• Contratação de manutenibilidade e
mão-de-obra e custo do ciclo de vida
serviços • Contratação por
resultado

Fonte: Adaptado de Kardec & Nascif (2009)

Daniel Rafael Dzucule A1.66


Anexos

ANEXO 2 – GRUPO GERADOR DA HCB

Figura A2. 1 – Chapa característica da turbina da HCB

Fonte: Autor

Figura A2. 2 - Chapa característica do alternador principal da HCB

Fonte: Autor

Daniel Rafael Dzucule A2.67


Anexos

Figura A2. 3 - Rotor do alternador principal da HCB

Fonte: Nogueira (2017)

Figura A2. 4 - Poço da alternador principal

Fonte: Autor

Daniel Rafael Dzucule A2.68


Anexos

ANEXO 3 – SENSORES DE DP PARA HIDROGERADORES

Figura A3. 1 - Condensador de acoplamento de baixa frequência

Fonte: irispower.com

Figura A3. 2 - RFCT da HVPD

Fonte: www.hvpd.co.uk

Figura A3. 3 - SSC da Iris Power

Fonte: irispower.com

Daniel Rafael Dzucule A3.69


Anexos

ANEXO 4 – ARQUITECTURA DO SISTEMA INSTALADO NA HCB

Figura A4. 1 - Diagrama esquemático genérico do PAMOS

Fonte: Waters & Stephan (2007)

Daniel Rafael Dzucule A4.70


Anexos

Figura A4. 2 - Arquitectura do sistema do grupo 1

Fonte: Waters & Stephan (2007)

Daniel Rafael Dzucule A4.71


Anexos

Figura A4. 3 - Arquitectura do sistema do grupo 2

Fonte: Waters & Stephan (2007)

Daniel Rafael Dzucule A4.72


Anexos

Figura A4.4 - Arquitectura do sistema do grupo 3

Fonte: Waters & Stephan (2007)

Daniel Rafael Dzucule A4.73


Anexos

Figura A4.5 - Arquitectura do sistema do grupo 4

Fonte: Waters & Stephan (2007)

Daniel Rafael Dzucule A4.74


Anexos

Figura A4.6 - Arquitectura do sistema do grupo 5

Fonte: Waters & Stephan (2007)

Daniel Rafael Dzucule A4.75


Anexos

Figura A4.7 - Ligação do sistema na rede

Fonte: Waters & Stephan (2007)

Daniel Rafael Dzucule A4.76


Anexos

ANEXO 5 – ANALISADORES DE DESCARGAS PARCIAIS

Figura A5. 1 - Hydroguard II

Fonte: irispower.com

Figura A5. 2 - TMS-5441

Fonte: Sparks Instruments

Figura A5. 3 – HVPD Kronos

Fonte: hvpd.com

Daniel Rafael Dzucule A5.77


Anexos

Figura A5. 4 - MONGEMO

Fonte: www.omicronenergy.com

Figura A5. 5 - PD Guard

Fonte: www.doble.com

Figura A5. 6 - Insulgard

Fonte: www.eaton.com/pd

Daniel Rafael Dzucule A5.78


Anexos

ANEXO 6 – CUIDADOS A OBSERVAR DURANTE A MONTAGEM DOS SENSORES

Este anexo é baseado em imagens reais de montagem em campo. Com sensores


montados conforme mostrado na segura abaixo, verificam elevadas actividades de DP
devido ao espaço reduzido entre os cabos dos sensores e porções das barras.

Figura 6. 1 - Montagem com espaçamento inadequado

Fonte: Iris Power

Como solução, fez-se o arranjo mostrado na figura abaixo.

Figura 6. 2 - O arranjo feito

Fonte: Iris Power

Daniel Rafael Dzucule A6.79


Anexos

ANEXO 7 – LIGAÇÃO DO SISTEMA PROPOSTO NA REDE

Daniel Rafael Dzucule A7.80


Anexos

ANEXO 8 – ACTIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO

Período Actividades realizadas


 Apresentação estagiários-colaboradores da Direcção de Geração
Eléctrica – Manutenção Controle e Protecções e vice-versa;
 Breve visita à central e à barragem;
 Apresentação dos estagiários-colaboradores da oficina eléctrica, oficina
mecânica, operação e vice-versa;
 Apresentação de alguns aparelhos usados durantes as actividades
(osciloscópio, mega, injectores de sinal, mala de teste);
 Leitura do "Manual de Reciclagem para Turbineiros";
 Estudo do sistema dos auxiliares gerais da central;
 Troca de um conversor RS 232 - RS 485 no armário do Autómato Asa;
 Limpeza dos quadros de controlo da sala de comando;
Primeiro  Intervenção correctiva no Grupo Gerador de Emergência da Central;
mês (23 de  Verificação do estado dos analisadores de rede PECA e levantamento
Maio - 20 de dos analisadores avariados ou em defeito;
Junho)  Ensaio do Grupo Gerador de emergência;
 Treinamento sobre o sistema de detenção de incêndio e exaustão de
fumos;
 Substituição de detectores de incêndio na galeria dos cabos na
plataforma de transição;
 Visita ao poço do Grupo Gerador 1 que se encontra avariado;
 Definição do tema do Trabalho de Fim de Curso;
 Manutenções semanais (inspecções visuais nas escovas dos
alteradores e nos ventiladores extractores nos quadros dos auxiliares
dos grupos, verificação do estado dos detectores de incêndio,
verificação de alarmes nos mímicos dos grupos geradores entre outras
actividades);
 Desenvolvimento do trabalho de fim de curso;
 Teste e análise dos analisadores de rede com a mala de teste no
laboratório;
 Programação e substituição dos analisadores de rede defeituosos;
 Aprendizagem sobre uso do osciloscópio e leitura de corrente na base
de uma pinça corrente-tensão e o osciloscópio;
 Limpeza nos quadros de controlo no posto de tratamento de água (cota
Segundo 600);
mês (21 de  Substituição de detectores de incêndio defeituosos na galeria das
Junho - 20 barras blindadas e dos cabos 220 kV da central;
de Julho)  Visita ao arquivo técnico da HCB;
 Ligação eléctrica dos caudalímetros e transmissor de temperatura nos
transformadores do grupo gerador 1;
 Substituição das baterias nos centros de controlo de sistema de
detenção de incêndio (ID 3000);
 Substituição do vacuómetro nos filtros de óleo da comporta de tomada
de água 2;
 Manutenções semanais;

Daniel Rafael Dzucule A8.81


Anexos

 Desenvolvimento do trabalho de fim de curso;


 Estudo e programação do visualizador Poycomp;
 Estudo laboratorial do TRP com o objectivo de analisar a possibilidade
de programar as suas saídas analógicas da potência produzida nos
grupos para usa-las como entradas analógicas no Polycomp;
Terceiro  Estudo laboratorial e programação do relé de protecção diferencial
mês (21 de (50T) do alternador da Siemens;
Julho - 20  Reparação do loop interrompido no sistema de detenção de incêndio
Agosto) nas compostas de tomada de água, na barragem e na sala de
transformadores auxiliares da barragem;
 Estudo do local de passagem e do local ideal para a instalação de
quadros do projecto de medição de nível à jusante da barragem e
medição do cumprimento do cabo a ser usado;
 Manutenções semanais;
 Desenvolvimento do trabalho de fim de curso;
 Estudo e substituição da carta de controlo do disjuntor do Chiller 3;
 Reparação da fonte de alimentação do autómato do sistema de
excitação e ensaio laboratorial de modo a apurar a carta defeituosa.
Quarto mês  Ensaio dos descarregadores de cheias da barragem;
(21 de  Paragem da estacão-conversora na subestação de Songo que
Agosto - 20 culminou com a paragem de alguns Grupos Geradores tendo se feito:
de limpeza nos anéis colectores e escovas e substituição de escovas
Setembro) gastas dos grupos 2 e 4; substituição dos filtros nos quadros dos Grupos
Geradores, do sistema de excitação e dos transformadores;
substituição de detectores de incêndio; substituição do ADT 1000 do
sistema de controle de velocidade do rotor no grupo 5;
 Testes laboratoriais de um ADT 1000 no laboratório;
 Manutenções semanais.
 Desenvolvimento do trabalho de fim de curso;
 Diagnostico do microondas avariado da oficina de mecânica e
Quinto mês requisição dos componentes avariados;
(21 de  Substituição do detector de fluxo de ar do sistema de ventilação no ar
Setembro - condicionado 1;
21 de  Montagem do TRP do grupo 1;
Outubro)  Substituição do detector de sobrepressão na tubagem da bomba 5 do
poço de drenagem;
 Manutenções semanais;

Daniel Rafael Dzucule A8.82


Anexos

ANEXO 9 – GLOSSÁRIO

Termo Definição
Atenuação Redução da amplitude
Estado de um item caracterizado pela incapacidade de desempenhar
Avaria uma função requerida, excluindo a incapacidade durante a manutenção
preventiva ou outras acções planejadas, ou pela falta de recursos
externos.
Cabeça da barra
Porcão da barra ou bobina que se encontra for a do núcleo estatórico
ou bobina
Camada ou tinta Fita ou pintura de carbono aplicada na superfície da porção da barra ou
semicondutora bobina que estará em contacto com o núcleo do estator.
Contaminação Presença de material condutor ou parcialmente condutor na área
cabeça da bobina.
Defeito Qualquer desvio de uma característica de um item em relação aos seus
requisitos
Capacidade de um item estar em condições de executar uma certa
Disponibilidade função em um dado instante ou durante um intervalo de tempo
determinado,
Epóxi Resina orgânica altamente aderente usada para unir camadas.
Falha Término da capacidade de um item desempenhar a função requerida
Falha que provavelmente resultará em condições perigosas e inseguras
Falha catastrófica para pessoas, danos materiais significativos ou outras consequências
inaceitáveis.
Capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob
Fiabilidade
condições especificadas, durante um dado intervalo de tempo.
Grupo gerador Conjunto alternador, turbina, chumaceiras e seus auxiliares.
É uma máquina que transforma a energia cinética e gravitacional da
Hidrogerador
água em energia eléctrica.
Mica Mineral com alta rigidez dieléctrica usada na concepção de
condensadores e sistemas de isolamento de alta tensão.
Actividade executada, objectiva ou subjectivamente, para observar o
Monitorização
estado de um item.
Conjunto de hardware e software que permite a dispositivos da rede
Rede LAN estabelecerem comunicação entre si, trocando e compartilhando
informações e recursos.
Parte da manutenção correctiva na qual são efectuadas as acções
Reparação de manutenção efectiva sobre o item, excluindo-se os atrasos
técnicos.
Pulsos que não provêem do sistema de isolamento das máquinas ou
Ruído
pulsos que não apresentam as características das descargas parciais
Switch de rede É um equipamento para extensão física dos pontos de rede.
Tempo de Intervalo de tempo durante o qual um item está em estado de
disponibilidade disponibilidade.
Sob dadas condições, é o intervalo de tempo desde o instante
em que um item é colocado pela primeira vez em estado de
Vida útil disponibilidade, até o instante em que a intensidade de falha
torna-se inaceitável ou até que o item seja considerado irrecuperável
depois de uma avaria.

Daniel Rafael Dzucule A9.83

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