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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 6

30/08/2019 SEGUNDA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.202.198


DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


AGTE.(S) : EMPLAVI INVESTIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA
ADV.(A/S) : PATRICIA JUNQUEIRA SANTIAGO
ADV.(A/S) : AFONSO HENRIQUE ARANTES DE PAULA
AGDO.(A/S) : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL

Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Direito


tributário. 3. Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
(IPTU). Incidência sobre imóveis novos. Previsão constante do Decreto-
Lei 82/1966 e da Lei distrital 4.721/2011. 4. Matéria Infraconstitucional.
Ofensa reflexa à Constituição Federal. Necessidade de reexame do acervo
probatório. Súmulas 279 e 280 do STF. Precedentes. 5. Ausência de
argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 6. Negativa de
provimento ao agravo regimental. Verba honorária majorada em 10 %.
AC ÓRDÃ O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do
Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, sob a presidência do
Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata de
julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, negar
provimento ao agravo regimental, majorar os honorários advocatícios,
nos termos do voto do Relator.
Brasília, Sessão Virtual de 23 a 29 de agosto de 2019.
Ministro GILMAR MENDES
Relator
Documento assinado digitalmente

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AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.202.198


DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


AGTE.(S) : EMPLAVI INVESTIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA
ADV.(A/S) : PATRICIA JUNQUEIRA SANTIAGO
ADV.(A/S) : AFONSO HENRIQUE ARANTES DE PAULA
AGDO.(A/S) : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES (RELATOR): Trata-se de


agravo regimental interposto contra decisão que negou seguimento ao
recurso extraordinário com agravo, com fundamento na jurisprudência
desta Corte.
Eis um trecho desse julgado:

“O Tribunal de origem, ao examinar a legislação local


aplicável à espécie (Código Tributário Nacional, Leis Distritais
4.721/2011 e 4.985/2012 e Decreto-Lei 82/1966) e o conjunto
probatório constante dos autos, consignou que haveria base de
cálculo fixada em lei para a cobrança de IPTU, pois a região do
imóvel estaria prevista na pauta de valores imobiliários.
Consignou, ainda, que o arbitramento da base de cálculo do
IPTU pela autoridade fiscal teria seguido o procedimento
adequado.
[...]
Assim, verifica-se que a matéria debatida no acórdão
recorrido restringe-se ao âmbito da legislação local, de modo
que a ofensa à Constituição, se existente, seria reflexa ou
indireta, o que inviabiliza o processamento do presente recurso.
Além disso, divergir do entendimento firmado pelo
tribunal de origem demandaria o revolvimento do acervo

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ARE 1202198 AGR / DF

fático-probatório. Nesses termos, incidem no caso as Súmulas


280 e 279 do STF. Confiram-se, a propósito, os seguintes
precedentes:
[...]
Ante o exposto, nego seguimento ao recurso (art. 932, VIII,
do CPC, c/c art. 21, §1º, do RISTF) e, tendo em vista o disposto
no art. 85, § 11, do CPC, majoro, em 10%, o valor da verba
honorária fixada anteriormente (eDOC 3, p. 194), observados os
limites previstos nos §§ 2º e 3º do referido dispositivo,
ressalvada a eventual concessão do benefício da justiça
gratuita.” (eDOC 6, p. 1-5)

No agravo regimental, sustenta, em síntese, a não incidência das


súmulas 279 e 280 do Supremo Tribunal Federal, ao argumento de que a
questão jurídica suscitada nas razões do recurso extraordinário versa
exclusivamente sobre violação à Constituição.
Aduz que o acórdão recorrido está em dissonância com o
entendimento consolidado por esta Corte por ocasião do julgamento do
RE 648.245, tema 211 da sistemática da repercussão geral.
Afirma, nesse sentido, “a impossibilidade de lançamento do IPTU contra
imóveis não incluídos na pauta de valores genéricos”. (eDOC 8, p. 18)
Intimada, a parte agravada apresentou contrarrazões, manifestando-
se pelo desprovimento do agravo, sob o argumento de que a controvérsia
dos autos é distinta da matéria do aludido paradigma da repercussão
geral (eDOC 23, p. 1-4).
É o relatório.

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Voto - MIN. GILMAR MENDES

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AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.202.198


DISTRITO FEDERAL

VOTO
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES (RELATOR): No agravo
regimental, não ficou demonstrado o desacerto da decisão agravada.
Verifico que as alegações da parte decorrem de mero inconformismo
com a decisão adotada por este Tribunal, uma vez que o agravante não
trouxe argumentos suficientes a infirmá-la, visando apenas à rediscussão
da matéria já decidida de acordo com a jurisprudência desta Corte.
Como já demonstrado na decisão ora agravada, O Tribunal de
origem, ao examinar a legislação local aplicável à espécie (Código
Tributário Nacional, Leis Distritais 4.721/2011 e 4.985/2012 e Decreto-Lei
82/1966) e o conjunto probatório constante dos autos, consignou que nas
aludidas legislações havia previsão expressa que autorizava a incidência
do IPTU sobre o imóvel da parte agravante. Existe, portanto, lei formal
local tratando do tema.
Assim, verifica-se que a matéria debatida no acórdão recorrido
restringe-se ao âmbito da legislação local, de modo que a ofensa à
Constituição, se existente, seria reflexa ou indireta, o que inviabiliza o
processamento do presente recurso.
Além disso, divergir do entendimento firmado pelo tribunal de
origem demandaria o revolvimento do acervo fático-probatório. Nesses
termos, incidem no caso as Súmulas 280 e 279 do STF.
Nesse sentido, além dos precedentes citados na decisão impugnada,
confiram-se os seguintes:

“DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. IPTU.
APURAÇÃO DO VALOR VENAL DE IMÓVEL NÃO
PREVISTO ORIGINALMENTE NA PLANTA GENÉRICA DE
VALORES. OFENSA REFLEXA AO TEXTO DA CARTA.
NECESSIDADE DE REEXAME DO ACERVO PROBATÓRIO E
DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL LOCAL.

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Voto - MIN. GILMAR MENDES

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ARE 1202198 AGR / DF

SÚMULAS 279 E 280/STF. PROVIDÊNCIA VEDADA.


PRECEDENTES. 1. O Tribunal de origem solucionou a
controvérsia com fundamento na legislação infraconstitucional
aplicável (Decreto-Lei 82/1966, Lei distrital 4.721/2011, Lei
distrital 4.985/2012, Lei distrital 5.164/2013, Lei distrital
5.389/2014 e Lei distrital 5.514/2015), bem como no acervo
probatório dos autos. 2. Para dissentir das conclusões do
acórdão recorrido, seria imprescindível o reexame da legislação
infraconstitucional local e do acervo fático-probatório. A
hipótese atrai a incidência das Súmulas 279 e 280/STF. 3. Nos
termos do art. 85, § 11, do CPC/2015, fica majorado em 25% o
valor da verba honorária fixada anteriormente, observados os
limites legais do art. 85, §§ 2º e 3º, do CPC/2015. 4. Agravo
interno a que se nega provimento, com aplicação da multa
prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, em caso de
unanimidade da decisão.” (ARE 1.181.843 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 5.6.2019)

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRIBUTÁRIO. IPTU.
BASE DE CÁLCULO. IMÓVEL NOVO NÃO INSERIDO NA
PAUTA DE VALORES VENAIS. LEI DISTRITAL 4.721/2011.
ACÓRDÃO RECORRIDO QUE ENTENDEU PELA
EXISTÊNCIA DE LEI FORMAL DEFINIDORA DOS
CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DO VALOR VENAL. REEXAME DE
FATOS E PROVAS. SÚMULA 279 DO STF. NECESSIDADE DE
ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL
LOCAL. SÚMULA 280 DO STF. PRECEDENTES. AGRAVO
INTERNO DESPROVIDO.” (ARE 1.100.726 AgR, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Turma, DJe 20.5.2019)

Ante o exposto, nego provimento ao recurso e, tendo em vista o


disposto e, tendo em vista o disposto no art. 85, § 11, do CPC, majoro, em
10%, o valor da verba honorária fixada anteriormente (eDOC 3, p. 194),
observados os limites previstos nos §§ 2º e 3º do referido dispositivo,
ressalvada a eventual concessão do benefício da justiça gratuita.

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Extrato de Ata - 30/08/2019

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EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.202.198


PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. GILMAR MENDES
AGTE.(S) : EMPLAVI INVESTIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA
ADV.(A/S) : PATRICIA JUNQUEIRA SANTIAGO (23592/DF)
ADV.(A/S) : AFONSO HENRIQUE ARANTES DE PAULA (22868/DF)
AGDO.(A/S) : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental e majorou em 10% (dez por cento) o valor da verba
honorária fixada anteriormente, nos termos do voto do Relator. Não
participou, deste julgamento, por motivo de licença médica, o
Ministro Celso de Mello. Segunda Turma, Sessão Virtual de
23.8.2019 a 29.8.2019.

Composição: Ministros Cármen Lúcia (Presidente), Celso de


Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin.

Ravena Siqueira
Secretária

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