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Hoje dá-se o Equinócio da Primavera, e é aqui que tudo começa, com Carneiro!
Começar é precisamente a tarefa deste signo. E para começar algo é necessário ousadia, coragem,
determinação. Carneiro simboliza o impulso primordial da manifestação, a vontade de existir, o desejo
irresistível que leva a semente a brotar do seu estado de plenitude e união e a lançar-se na aventura da
vida.
A agressividade é um elemento essencial à vida. Não poderá existir evolução nem individuação sem
luta, sem conflito. O corpo que habitamos é fruto de incontáveis ciclos de aperfeiçoamento, de tentativa
e erro. Existir é uma dádiva conquistada. E a nossa vida neste mundo começa desde logo com uma
corrida, onde apenas o primeiro tem a oportunidade de Ser.
Vivemos numa sociedade bipolarizada no que respeita à agressividade. De um lado vemos a
competição levada ao limite, numa cultura de supremacia dos mais fortes, em que assistimos
diariamente ao espectáculo da violência, nas suas mais requintadas formas; e de outro lado surge uma
condenação moral e ética que parece idealizar a erradicação de tudo o que possa significar conflito,
como se Civilização implicasse a castração de todo o impulso de
afirmação do Ego. É o eterno tema da integração dos opostos…
O Ego, que desponta em Carneiro, atinge a sua maturação
em Leão e se transmuta em Sagitário, é necessariamente o
centro agregador que permite a manifestação de uma
personalidade funcional e sã, que possa ser um adequado
veículo para o Espírito.
Este início de Primavera promete ser intenso e desafiante, já que a entrada do Sol em Carneiro irá
activar Úrano, presente nos primeiros graus deste signo. Úrano em Carneiro traz-nos uma inquietação
individual crescente face a uma sociedade despersonalizada e estandardizada.
Necessitamos urgentemente de encontrar formas criativas de afirmar a nossa individualidade, pois é
o impulso particular de cada um de nós, na sua especificidade única, que constitui o agente fecundador
do colectivo.
No início de mais um ciclo astrológico anual, celebremos o despontar da vida, a força, a coragem e a
luz pura de Carneiro.
Para Touro é extremamente importante a concretização material, seja pela construção ou pela
aquisição. Rodear-se daquilo que valoriza é para este signo um meio de consolidar a sua identidade. As
coisas que possuímos, as roupas que usamos, os Cd’s e os livros que coleccionamos nas prateleiras,
falam de nós. O que gostamos e valorizamos está directamente ligado ao que somos. E Touro gosta de
manter próximo de si tudo o que a si está ligado.
Muitas vezes tido como “materialista”, o papel deste signo prende-se de facto com a necessidade de
concretizar, em forma palpável, os desígnios do espírito. Assim, a visão espiritual de Touro não está
focada num ideal projectado numa realidade subtil e incorpórea. Mais do que sonhar com o Paraíso,
Touro está investido em materializa-lo, aqui, agora.
Estamos no terceiro mês de Primavera e o Sol entra no terceiro signo do Zodíaco: Gémeos. E
tratando-se de Gémeos, era imperativo nomear este artigo com um trocadilho. O jogo das palavras é o
deleite deste signo…
Como o nome indica, Gémeos são dois. Na mitologia
clássica, são dois irmãos, Castor e Pólux, seres idênticos,
espelho um do outro. Um é filho de Tíndaro, rei de Esparta, e
outro de Zeus, soberano dos deuses. Um é mortal, filho do
Homem, e o outro imortal de divina paternidade.
Esta dualidade simbólica é presente em todos nós: somos
Um, mas divididos entre o Céu e a Terra. Somos filhos da
matéria enquanto corpo mas a nossa essência é espiritual.
Mas, tal como no mito dos dois irmãos, é a ascendência divina
que prevalece, resgatando da morte a sua contraparte terrena
(perante a morte de Castor, Pólux partilha com este a sua
imortalidade).
O estágio de Gémeos concede ao Homem esta extraordinária ferramenta que é a mente. E o desafio,
mais uma vez, é a integração: desenvolver o intelecto sem nos perdermos na sua engenhosa teia de
simulacros.
A Verdade não é do domínio da mente mercuriana. Chegar à verdade requer silêncio… para ouvir. E
o silêncio é a maior conquista de Gémeos. Nas palavras de Pessoa, Gémeos ele próprio: “Há tanta
suavidade em nada se dizer e tudo se entender…”
A água e o Caranguejo
Como anteriormente falei, esta etapa de Caranguejo representa um ponto de extrema delicadeza no
percurso da existência. A aprendizagem dos processos do sentir e o estabelecimento da ligação
emocional umbilical, leva-nos necessariamente a experienciar a dependência e a frágil vulnerabilidade
que a condição de separatividade implica, necessitando de constante alimento para sustentarmos a
nossa existência.
É aqui que podem surgir feridas bem profundas, que talvez só poderemos libertar no fim da nossa
história pessoal, pois são elas que nos fazem entender o valor e a necessidade de cuidar e proteger.
A água de Caranguejo obriga-nos a abrir e a fluir, a carecer e a alimentar, a receber e a dar…
Entramos no auge do Verão e é chegada a hora do Leão! É a altura do ano em que o Sol brilha com
mais intensidade e irradia o seu máximo calor (no hemisfério norte).
Leão é o segundo signo de Fogo, e representa
simbolicamente a consolidação da personalidade
individual e a manifestação do poder divino
através do Eu.
Os signos do zodíaco são na sua maioria
representados por animais e verifica-se uma clara
correspondência entre a natureza do animal e o
respectivo arquétipo que representam. O caso
mais evidente é talvez o do Leão. Este
extraordinário animal encerra em si a pura
essência do signo que designa: magnânimo,
nobre, ele é o rei da selva, o superpredador no
topo da cadeia, o macho alfa em pleno domínio
do seu território. O seu poder é aterradoramente
feroz e simultaneamente pacificante na hipnótica
serenidade interior que emana da sua
indisputável primazia. Mesmo face à derrota
nunca perde a sua nobreza, e como vencedor sempre respeita a dignidade do vencido. O Leão não
abriga insegurança, não conhece hesitação, é puro brilho, e a única sombra que reconhece é a que se
projecta dos outros face à sua imponência.
Partindo deste retrato do grande felino de juba, remetemo-nos então para o que o arquétipo
leonino representa ao nível da personalidade humana e do seu desenvolvimento. No estágio anterior,
de Caranguejo, o espírito liga-se intimamente à matéria através do vínculo emocional, possibilitando o
nascimento, em Leão, de uma experiência existencial plenamente individual. É aqui que se consolida a
agregação do Eu. Se Caranguejo é o cordão umbilical que nos liga às nossas origens, Leão é o umbigo - a
marca do corte que nos inicia neste mundo como seres individuais. E é centrando-nos no nosso
“umbigo”, que é como quem diz, na nossa própria vontade, que vamos desenvolvendo um campo
gravitacional em torno do qual a personalidade se vai formando, amadurecendo e a partir do qual
poderá funcionar como veiculo do Espírito e agente da Alma. Este centro é o que reconhecemos como o
Eu, ou Ego.
Quando penso no signo de Virgem as imagens que se formam no meu pensamento transportam-me para o
ambiente bucólico das pinturas de Millet: os pastores e os respigadores, humildemente laborando em paisagens de
pós colheita.
Finda a ceifa é necessário separar o trigo do joio, moer os grãos para produzir a farinha, amassar e depois cozer,
para finalmente obter o pão. Estes processos alquímicos, que permitem transformar a abundância natural num
produto que podemos consumir e armazenar, são dádiva de Virgem.
Este é o terceiro signo de Terra na sequência de modos (cardinal, fixo, mutável), e a sua função está associada à
capacidade de análise, selecção e refinamento da matéria. Com Capricórnio planeamos, lançamos as fundações e
construímos macro-estruturas de sustentação, que depois em Touro procuramos consolidar e fazer perdurar,
focando-nos na produtividade e na abundância, para então, com Virgem, trabalharmos no sentido da eficiência e da
utilidade. Assim, é na atenção ao pequeno detalhe, na criteriosa inventariação da realidade concreta que vamos
encontrar a Virgem. A técnica e o método são o produto do esforço virginiano em dominar a manifestação material,
rumo à perfeição.
Em Leão descobrimos o esplendoroso fulgor do Eu, em Virgem aprendemos a humildade do serviço,
preenchendo o nosso apelo de individualidade na medida em que nos sentimos úteis e capazes.
Após a inspiração que infunde em nós a vontade de nos
exprimirmos livremente, espontaneamente, dramaticamente,
apaixonadamente - características do signo anterior de Leão - eis que
surge o momento do confronto com a necessidade de apurar, refinar,
aperfeiçoar. Em Virgem trata-se de medir e avaliar resultados e
sintetizar respostas com vista à sustentabilidade e eficácia da nossa
acção.
Neste signo a mente casa-se com o corpo: a racionalidade e a
materialidade entram em íntima relação. A preocupação com a
saúde, a higiene e a alimentação assume bastante relevo, podendo
inclusive originar somatizações, derivadas do stress em procurar
manter o máximo controlo sobre o fluxo dos acontecimentos.
Lembrando a canção de António Variações: “Quando a cabeça não
tem juízo… o corpo é que paga!”
A regência de Virgem pertence a Mercúrio, criador da escrita e
da numeração e pai do pensamento científico, que incide no
conhecimento objectivo da realidade e na criação de tecnologias e
métodos numa perspectiva de utilidade prática e de resolução de
problemas. As qualidades inventivas e o engenho de Hermes /
Mercúrio encontram a sua manifestação no signo de Virgem, que
Jean-François Millet - Pastora, 1860
procura entender o funcionamento mecânico das coisas e encontrar
um sentido lógico para os fenómenos.
Para evitar cair no cepticismo de uma existência meramente factual e materialista, será necessário integrar o
arquétipo oposto de Peixes, aprendendo a fluir, a render a mente perante o que não se pode compreender
racionalmente e a reconhecer a evidência e o valor da subjectividade, da realização poética, do carácter simbólico
da existência, ligando-se à sua essência espiritual.
O signo de Virgem encerra em si um profundo significado esotérico: sendo o polo oposto ao último signo do
zodíaco, é nele que reside a chave última da transcendência. Virgem é o símbolo da perfeição na forma humana.
O Fiel da Balança
Apesar do tamanho foco na questão da harmonia e equilíbrio, não é de todo estranho encontrar, na
vibração de Balança, um carácter determinado, assertivo e até militante, principalmente quando esta se
depara com situações que considera injustas ou abusivas.
O Poder do Escorpião!
Assim como o Escorpião, o mal atrai, seduz, fascina… pois, como referimos, o mal surge daquilo que
negamos e reprimimos em nós próprios e que secretamente perverte os nossos pensamentos e acções.
E somos atraídos por ele para que o enfrentemos, para que iluminemos estes recantos sombrios da
nossa psíque e nos libertemos dos monstros que se alimentam dos nossos medos e inseguranças e que
são tão mais poderosos quanto a nossa resistência em olhá-los nos olhos…
É o poder de Escorpião que nos permite empreender este
desafio, de destapar o que está infamemente enterrado, de
abrir os baús escondidos e os armários assombrados e trazer
os fantasmas para a luz do dia. Este é o processo de
transformação que Escorpião nos propõe: uma libertação
através da morte - a morte daquilo que nos prende ao
passado e nos impede de progredir e fluir com a vida. E
através desta prova iniciática, renasceremos das cinzas, tal
como a fénix.
O escorpião transforma-se em águia, trocando as
profundezas do submundo, onde vivia prisioneiro no lodo do
inconsciente, pela altitude dos céus de onde pode observar,
com precisão cirúrgica, o desenrolar dos seus processos
internos. E assim, cooperando sabiamente com as dinâmicas de transformação, a personalidade
entrega-se ao desígnio da alma e ao seu percurso de evolução.
É interessante notar que, no zodíaco, o signo que sucede a Escorpião é Sagitário, um signo de fogo
associado à sabedoria e à lei cósmica.
Todos temos acesso a esta vibração de Escorpião. Independentemente de termos, ou não, planetas
colocados neste signo, algures no nosso mapa natal Escorpião ocupa uma casa, manifestando-se nas
áreas de vida representadas por essa zona do mapa. A colocação de Plutão, co-regente de Escorpião
conjuntamente com Marte, indica também onde teremos que lidar com esta proposta de transformação,
aceitando alterar formas de pensar e agir, eliminando padrões obsoletos, abrindo caminho a novas
vivências.
Se Plutão estiver ligado por aspecto a planetas natais, este processo alquímico de transformação
torna-se imperioso e vital para a evolução do individuo naquilo que respeita às funções psicológicas
simbolizadas por esses planetas. Para dar alguns exemplos, se Plutão estiver associado à Lua a proposta
de transformação é ao nível emocional, se em aspecto a Mercúrio é ao nível do pensamento e da
comunicação, se ligado a Marte, ao nível da acção e da afirmação do ego, ou, tratando-se de Vénus, ao
nível das relações e dos valores pessoais.
Nesta altura, em que o Sol entra no signo de Escorpião, a meio do Outono, é sempre uma boa altura
para libertarmos bagagens que já não nos servem e que só nos atrasam no caminho com o seu peso. É
um bom momento para deitar fora velharias e arejar os armários, à medida que trocamos as roupas de
verão pelas de inverno…
A Seta do Sagitário
O signo de Sagitário tem como símbolo a figura mítica do centauro, armado de arco e flecha. Esta
figura, com o seu carácter híbrido – meio homem, meio animal – simboliza a transcendência dos
instintos e o nascimento da consciência espiritual.
Sagitário representa o entendimento de que a vida tem um significado e um propósito que vai muito
além dos limites da esfera pessoal. Aqui a consciência expande-se, descobrindo um universo de infinitas
possibilidades criativas. Esta visão espiritual de uma ordem maior infunde no individuo uma profunda e
urgente necessidade de alinhamento com a lei intuída.
É de notar que o Centro Galáctico situa-se no signo de Sagitário (actualmente a 26º do zodíaco
tropical). É portanto em Sagitário que encontramos a direcção deste alinhamento com a lei cósmica,
simbolizado pelo eixo do movimento espiral da galáxia. O CG é o ponto de referência maior: se os
planetas orbitam em torno do Sol, este progride em torno do CG, conjuntamente com todos os outros
sistemas solares. Ele representa o coração da Via Láctea; o centro da mandala galáctica de que fazemos
parte. E é nessa direcção que a seta de Sagitário aponta, firmando a atenção no plano maior, na
perspectiva abrangente, na visão global.
Júpiter é o planeta regente de Sagitário,
nada menos que o deus supremo do
Olimpo, que governa deuses e homens. A
grande revolução mitológica liderada por
Jupiter/Zeus, contra a tirania cega do seu
pai Saturno/Cronos, instituiu um universo
regido pela lei e pela justiça. Senhor dos
céus, Júpiter/Zeus apresenta-se como uma
força benéfica, benevolente e generosa,
mas absolutamente implacável quando
contrariado nos seus propósitos. E esta
duplicidade arquetípica manifesta-se
também na personalidade daqueles que nasceram sob forte influência de Sagitário (Sol, Lua ou
Ascendente em Sagitário, ou com aspectos a Júpiter; Casa 9 forte no mapa). Há uma tendência para
encarar a vida com extremo optimismo e fé, promovendo a ordem e a justiça, cultivando o saber e o
ensino, mas a intolerância aos obstáculos que se entrepõem à consecução da suas visões e ideais,
podem degenerar em prepotência e fanatismo ou desânimo e depressão.
E no momento actual em que vivemos, sob o rotulo da “crise”, será importante entender a lição de
Sagitário, que nos propõe estabelecer o foco das nossas prioridades, distinguir o supérfluo do essencial,
desmascarar a mentira e a propaganda investigando conscientemente e reflectindo autonomamente,
mantendo-nos fiéis aos valores de igualdade e justiça, sem cair no fanatismo, na cegueira, e na
intolerância.
A Montanha de Capricórnio
Seguindo o trajeto do Sol em torno do zodíaco, eis que chegámos ao signo de Capricórnio. Este é um
momento muito especial nesta viagem: a entrada do Sol em Capricórnio assinala o Solstício de Inverno
(no hemisfério Norte). Precisamente às 5:30 do dia 22 de Dezembro teve início a estação do Inverno.
Até aqui os dias tinham vindo a diminuir em relação às noites, e o dia 22 foi o dia do ano em que o Sol
reinou durante menos tempo no céu. É como se as trevas dominassem o poder criativo da luz e o Sol
experimentasse uma morte simbólica. A partir do Solstício os dias começarão a crescer, e o Sol renasce
como força vivificante, ganhando terreno às trevas. Este evento cósmico é celebrado desde tempos
imemoriais, personificado em divindades, ilustrado em mitos e rituais e representado em
surpreendentes construções megalíticas como Stonehenge.
Celebra-se o momento em que o Sol
inicia a sua reconquista celeste, como
quem sobe a encosta de uma montanha,
aparecendo a cada dia mais alto no céu. E
por aqui poderemos começar a desvendar
o simbolismo associado ao signo de
Capricórnio, que é representado pela
figura de um animal híbrido, um caprino
com cauda de peixe.
A personalidade daqueles que têm forte influência capricorniana no seu mapa natal (Sol, Lua ou
Ascendente em Capricórnio, planetas na casa 10 ou grande domínio de Saturno) terá tendência para
colocar bem alta a sua fasquia de realização pessoal, o que habitualmente se traduz por um grande
investimento na carreira profissional. E Capricórnio ambiciona de facto realizar todo o seu potencial e
alcançar o cume da montanha; traduza-se isto em reconhecimento por parte do colectivo, status social,
poder económico, autoridade intelectual ou espiritual. Aliás, o ponto mais elevado do mapa natal, o
Meio-do-Céu, assinala precisamente o início da casa 10, que é atribuída a Capricórnio, e representa a
máxima visibilidade do Eu face ao colectivo.
Mas para que se possa crescer em altura é necessário dispor de raízes sólidas que estruturem e
suportem esse desenvolvimento, caso contrário não existe sustentação que permita a mínima solidez e
estabilidade. É por isso que a personalidade capricorniana, apesar de bastante focada nos objectivos de
realização profissional e externa, valoriza muito a família, o lar, ou outras manifestações de solidez
emocional. Habitualmente as relações íntimas são abordadas com bastante seriedade e sentido de
compromisso; a estabilidade e a durabilidade são adjetivos importantes para Capricórnio no que toca a
relacionamentos (uma das manifestações mais evidentes será, por exemplo, o caso de alguém com
Vénus em Capricórnio).
A regência tradicional de Aquário pertence ao planeta Saturno, mas a astrologia moderna atribui a
Úrano uma co-regência. Úrano foi oficialmente identificado como planeta em 1783, precisamente no
ano em que os Estados Unidos vêm reconhecida a sua independência pelo tratado de Paris. O seu
simbolismo ficou assim associado ao autodeterminismo, à revolução, à liberdade. Assim como as
colónias americanas se rebelaram contra os grilhões do império, conquistando a sua independência,
também no universo psicológico individual, somos impelidos pelo arquétipo uraniano a destruir as
amarras que obstruem o caminho da livre realização do nosso potencial criativo. Úrano representa este
impulso para a individuação, e é extraordinário constatar que o movimento de rotação deste planeta
apresenta uma inclinação de 98º face ao plano da eclíptica, tornando-o radicalmente diferente de todos
os outros no sistema solar - é realmente uma excentricidade, adjetivo bem ao jeito de Aquário.
Na mitologia grega encontramos mais matéria
simbólica que nos ilumina acerca do planeta Úrano e do
porquê da sua associação moderna com o signo de Aquário:
Úrano é a força criativa original, que insemina
incessantemente Gaia, não permitindo sequer intervalo
para que as suas criações brotem do útero materno, até ao
momento em que é castrado pelo seu filho, Saturno
precisamente. Poderemos então afirmar que em Aquário
se encena este conflito primordial entre a criatividade sem
limites (Úrano) e a necessidade de estruturação e norma
(Saturno). Criar sem finalidade, sem regra,
inconsequentemente, é um processo caótico. É necessário
estabelecer um propósito para a criação, que
forçosamente irá definir limites, mas que proporcionará
um sentido, uma estrutura organizada e coerente - um cosmos.
Portanto, trazendo esta simbologia para o campo do desenvolvimento social e psicológico, em
Aquário assistimos ao progresso da liberdade criativa individual dentro dos limites estruturantes do
coletivo, sempre num jogo de forças dinâmico, muitas vezes imprevisível, e com episódios destrutivos,
no sentido em que por vezes é necessário quebrar os obstáculos que barram o caminho. No entanto, ao
mesmo tempo que rompemos radicalmente com modelos obsoletos e retrógrados, devemos estar
conscientes da necessidade de reconstruir novas estruturas que assimilem as lições do passado. Caso
contrário assistiremos ao reverso da história: o rebelde vira ditador, o novo mundo da liberdade torna-
se opressivamente autoritário…
Nos tempos de hoje, é muito importante compreender que a inovação e o progresso tecnológico não
implicam necessariamente evolução humana, se destes fizermos apenas instrumentos de controlo e
manipulação. O desenvolvimento do conhecimento científico não é sinónimo de maior inteligência se
dele nos servirmos apenas para viabilizar a exploração económica da massa humana e habilmente
perpetuar a depredação viral dos recursos naturais.
Isto porque falar de Aquário, é refletir acerca do conceito de civilização humana que pretendemos
edificar através do nosso contributo individual. Aquário é o arquétipo que anima o mito da nova era, e o
mito é desde sempre o motor da realidade.
A Poesia de Peixes
Por onde começar com Peixes? Que dizer do vasto oceano onde acaba de mergulhar o Sol na sua
viagem celeste?
Mais do que uma dissertação erudita, ou um receituário prático, talvez se ajuste mais o devaneio
poético… Ou uma carta de amor, especialmente se dirigida a uma sereia, fada ou outra encantadora
figura do fantástico mundo da imaginação, a verdadeira realidade dos Peixes.
A água é o elemento de Peixes que, neste signo, se
manifesta como um oceano de emoções. Mergulhados nesta
vastidão de diluídas fronteiras, sem referências de escala ou
posição, tudo se funde connosco.
Alheados da realidade exterior, por vezes passam acidentalmente por distantes e antipáticos a
algumas mentes mais racionais, mas do coração são instrutores bem entendidos. Mais que ouvir os
outros sentem-nos por dentro, dentro de si.
A sua imensa vulnerabilidade pode ser a sua maior força. Com ela também seduzem, tão
subtilmente quanto perdidamente. E curam… fundo, a quem lhes abre o coração.
A Entrega não receiam, mas sim a separação. Esta é uma ferida que demoram longo tempo a
processar. E fecundados pela dor, à luz dão pérolas.
Poetas, músicos, místicos, terapeutas... o amor e a criatividade ao serviço da Vida são a sua vocação.
Guerreiros sim, mas ao serviço da Paz. Outrora cruzados, agora enfermeiros.
Em todos nós Peixes está presente, e neste momento, em que Neptuno acaba de ingressar neste
signo, o colectivo da humanidade é desafiado a mergulhar neste oceano, nesta vastidão energética e a
aprender a fluir na sua corrente: a juntar-se à poesia dançada dos Peixes.