Você está na página 1de 38
TEORIA FEMINISTA, ‘rend oe pte ws AGENCIA E SUJEITO | “ete: Pear an fornca dene LIBERATORIO: | mer aenctrcirurs ccna ALGUMAS REFLEXOES | pincscusnmon atta lie dr SOBRE O REVIVALISMO | ism recency RE igo sugere ue a aginla melhor ena ISLAMICO NO EGIPTO thet 9 parndoxo de ebjectvegh um ato que No 0 aasogurs a eabordnagto do ‘Suet tela de pode stkncos nro dos quis tev tarafonhe na ‘nfdade autoconcinteo mum agent: Nests Pelopctiva a agtncla nto simplest oy ‘pGnimo de renistincia «relates de darn, ‘me tame aia cpt pra aace ends Du rele de subordinacdo cxpctions Pabavnascuavr: agen, ebodient fesinmo, Saba Mahmood | ise tesserae om rer deete tina andise como apaltc de qualer proto tenis oe qustiesdanceamento te brigade aithportantestoatvas delegate robendtes jean Saal racial de cass raconalidade ne teri ering dat se desenvolverarn, Se os apoiantes do movimento isldmico j4 no eram muito ect Bab ss coneervaovo scl eo de valor then ee clemento chave € “liberdade das mulheres” a sun ‘ssociagao com o terroris- Broo, VoL). 26 gp. 1t338 | 12 | sis stal sno — hoje em dia quase sempre tomada coma serviu para reafirmar © re to como agentes de wma iracionalidad® ‘perigosa? Neate ensaio,refletirel acerca de alguns dos desafios conceptuais que a participagio de mulheres io movisento islamista coloca aos teorizadores femi- Pistas e analistas do genero, através de wma tnografia do movimento feminino nists pitas, que faz parse do revialismois47W00 ‘Cairo, Egipto.' “Revi- das mes gnica” 6 um terme que se efere no #6 actividades de grupos Politicos instizucionalizados ras ambi, 200108 forma mais abrangente, tum Police gensiblidate religisa que se desenwolveu 96.0650 das sociedades mu etmanas em geal, © em particular No EBD, ‘partir dos anos 70 do século $orT pesenvolv dois anos de trabalho de campo con Cr ‘movimento pietista soe vpn de ve, levadoacabo ras meaguitas do Cote ate movimento €com- posto por mulheres de estatato socoes nner diversificado, que se reanem posto Perit para se ensinazem muruamente Sore eserituras islamicas, a5 priticas sociais e sobre formas de Momportamento corporal consideradas 3P*0" Priadas para a cultivagio doer ideal Met mioso Apesar de as mulheres eBfpcias Pragulmanas terem tido sempre uma cena prendizagem informal sobre 0 Iso, muculfynento das mesquitas representa tm Coniae ‘nédito com materials anceps eraciociniosteoldgicos que, até entlo, SPE estavam ao alcance aeaerymens doutos. Movimentos como este, Po Sprovocando uma indiferenca dos Nom nteleetuais seculares,certamente INCOPPOFS série de associagbes ca codes com ofundamentalsmo, subjugacse 2s mulheres, conservadorismo incomodm amo reaccioaio, pobreza cleural ete. me bjectivo reste en- Be ema precept plano de» Fac ovine ili en » sae Dip lio, 0Epe.eindonteac Malt) pobre reat vii pte (erence cnseradan ono ten me pao ma +a nants lamin (co re Seca ends rate rgaizacesrocloeiiots = a oe ges decade 008 pobre: « bes proses, © movies eepowtats dete ranges cosoeigioas © (nse ‘chara "4a Pash ree fas lagoes stra nates res tacsasvos eo ovine fin an mcaguitan,ver Mahmood (25) oss meg ee vg pip Eg cme prllerago de se hare uses naa oe seng eunent arama 38 ee dar meu tt P= NOM eS nes en wantetagoes pias sei Sade religion. Exes Po opi J nu (8) un encom sane mn ates conan mre Seo sor eee qur enteve corer OF 507 ee ppt ina lamico™ A sea ara a ee Cg (5 sian atidades pias i nn ¢renado de dls nce de weal 5 "QOH 197 conduit em eo es, a i rgen VES ca ava Egpt. Teme deseneolst gas te oe ere memes 00 MOE da Covent das is Seen a a en I donne temas dsp “ia cn, renaden por wn eh ec Ur? Gea-Atha. ww "eon feiniagénca enytoibeatii salonio sero de analisaroreduccionismo de uth fenémeno tfo complexe comoo ue € provocado por estas associactes; no serd também o de recuperas umn ele, Teneo do seio do movimento islamiste através do resgate do se potercial Uberat6rio, Pelo ontario, retendo centraraminhaandlise coneretamentonescn cepstes de self agtncia moral e embodiment que instituem as praticas deste raort ‘mento néo liberal ¢, assim, tentar compreender ds project éticos que o metivem, Quero comecar por mostrar como um entbndimento particular da nay de ‘agencia humana na teoriafeminista — enten {que procura situar a autono- mia moral politica do sujeto em relaglo 20 “pofier” ~ fot invocado no estudo de ‘ruheresenvolvidas em tradigoesreligiosas patarcas como o Iso, Argumerta, rel que, apesar das importantes contribuigdes {(mecidas por essa propeste, cane Traatle de agenca limita a rosa capacidade para compreender ¢interopar oa Nidas das mulheres cujo sentido de sef aspracds eprojctos foram configheados Teskio de tradigdes ndo liberas. De forma a poder analisar a participagio fas mn, ‘heres em movimentos religiosos como 0 movirhento das mesquita egfpcie que estou a descrever, sugiro que pensemos na agéhcia no como um sitsrome de Buradas, Este entendimentorelativamenteabranginte deagénciainepinacerateora ‘és-estruturalista da formacao do sueito, mas tdmbém se afasta dela, no sents em que exploro modalidades de agénciacujo sigailicado e efito nao scencontratn Mrensbits de subversdo e ressignificacto de normas hegemenicas, Como alge Trentarei, apenas quando o conceito de agtncia sb desigar do tropo da restdresa que se poderio desenvolver questées analiticad que sfo crucais para o entendi ‘menos proetosroliberassutosevortadescalgenentedeasetolenns Sas Poltias Uberatras, Na segunda parte dest enaio, defender! este porto auavés da andlise de um exemplo etogréfico retrado domeu trabalho decompo, ue ustapoe duas modalidades diferentes de agéncia e explicaas diferertcssoe buisdes de cada modalidade para a forma como ds estruturas de desigualdade de ‘g6nero slo habitadas e perpetuadas, ‘Topografia do movimento das mesquitas © movimento feminine das mesquitas ocupa uln lugar de certa forma parado- xal no contexto das politcas feministas. Representa a primeira ver, na hing do Fgipto, que um nimero alargade de Imulerts se mebiliza para receber en pamentos de doutrina islamica nas mesquitas,alterando assim occas Kan rcamente masculinocentrado das mesquitaseja propria pedagogie linia? 7 AS mesquite eeunido un papel cena no evivalmgsiimico do Fgipto: desde on anos 70 do le 2 eeu sum cement indo de mesqulasen omnes eee oe [remanent dt an olen ura vated de re caasen ones ee ‘Saha Malinoodt Esta tendéncia foi obviamente facilitada pela mobilidade e sentido de poder acultados pelo maior acesso da mulher & educacao e emprego fora da esfera doméstica no Egipto pos-colonial. Nos tltimos quarenta anos, as mulheres en- traram em novos dominios sociais e adquiriram novos estatutos pablicas em espagos de que eram anteriormente exclufdas. Um efeito paradoxal destes de- Senvolvimentos éa proliferagdo de formas de pietismo que parecem incongruen- tee com a trajectoria das transformagbes ocorridas em primeiro lugar. Concre- tamente, apesar de este movimento ter permitide que as mulheres entrassem fem Areas da pedagogia isldmica no contexto institucional das mesquitas, a sua participagao & crticamente suportada por — e procura por sua vez apoiar — os Timites de uma tradigdo discursiva que olha para a subordinagdo a uma vontade transcendente (¢ em consequencia, em muitas instancias, a autoridade masculi- za) como 0 seu grande objectivo.® ‘De acordo com as suas organizadoras, o movimento feminino das mes- quitas emergiu em resposta a percepedo de que 0 conhecimento religioso, en- {Quanto meio para a organizaco da vida quotidiana, se encontrava progressiva- trente marginalizado no contexto das estruturas de governo secular. As particl- antes neste movimento frequentemente crticam aquilo que consideram ser ‘fma forma progressivamente prevalecente de religiosidade no Egiptoe que tri- pul ao Isldo'o estatuto de sistema abstracto de crengas que no tem relacio di- recta com a forma como cada individuo estrutura a sua vida quotidiana. Esta tendéncia, frequentemente apelidada de “secularizacio” (‘mana) ou “ocidenta- Tizaao" (laghr®) da sociedade egipcia, ¢ percepcionada como tendo reduzido 0 conhecimento islimico (tanto como forma de conduta quanto como conjunto de princlpios) 20 estatuto de “costume e folclore”(‘a_at faklorit). O movimen- Pe feminino das mesquitas, portanto, procura educar mugulmanas leigas nas Virtudes, apacidades éticas e formas de raciocinio que as participantes conside- Jam como tendo-se tornado indispontveis ou irrelevantes nas vidas do mugul- mano comum. Fassel ce pb) a come ergs madi spun saci escort or ee cna prcnnn pl ede dre mesos =o oneonaedcn Pte pets an von orinas Pfcrcinen praticaunente riloexistesn bares na cidade do Cairo — de onae eilhées de habitantes — oe cn nina. A eats etre vari ere 10D ca a and a peenne © wovnertocorian ar erbaiesle ga aan a cium ena egeancaal pan superior aun onde Freee ream um ovine deel cnverde na Rep nice ee ceo ee yn mage defn conta modes Gerda ere BPE is uate Nar (98 «Nata (95 Sa mee ey dio nko et npr de tae peo nee et be os en deter pins os ot Pro Machado in Se as ibundos gh pra. As opislongs meee da func mance BS 124 ‘Teoria feminista, agénciaesueit liberatorio No Egipto de hoje, o Isto fot incorporado numa variedade de préticas, ‘movimentos ¢ ideias." Neste contexto, muitos egipcios encaram o Isléo como sendo constitutivo do terreno cultural sobre o qual a sua nagao adquiriu o seu cardcter historico tinico; alguns entendem o Islao como um sistema doutrinal com fortes implicagOes politicas e juridicas na organizagéo do estado e da socie~ dade; e outros ainda ~ tais como as mulheres com quem trabalhel — véem 0 Isléo essencialmente como praticas individuais e colectivas de vida devocional. Isto nao significa, no entanto, que o movimento feminino das mesquitas seja em termos gerais, apolitico, ou que represente uma rejeico das questées politi. co-sociais, Pelo contrério, o tipo de pietismo que procura incide em (etransfor- ‘ma) muitos aspectos da vida social.” O movimento feminino das mesquitas pro- uziu alteracies em varios aspectos do comportamento social dos egipcios de hoje, incluindo a forma como se veste e se fala, o tipo de entretenimento consi. derado apropriado para adultos ecriancas, onde investir dinheiro, como tomar conta dos pobres e, ainda, quals os termas em que se conduz o debate piblico, Apesar de, frequentemente, o movimento das mesquitas ser visto como uuma alterativa quietista a formas mais militantes de activismo islamico, tam. ’bem é, em varios sentidos, encarado como sendo incémodo para determinados aspectos do projecto secular liberal promovido pelo estado.” Estas tenses de ‘verse, em parte, as formas espectficas de vontade, desejo, paixio e prética que este movimento procura cultivar, e as formas como ele reorganiza a vida e 0 debate pablico de acordo com a ortodoxia do pietismo islAmico. Néo ¢ surpre endente, portanto, que 0 governo egipcio tena recentemente procurado reggu- lar e sancionar 0 movimento, reconhecendo que a proliferacao deste tipo de sociabilidade islamica dificulta ~ quando néo impossibilita ~ a manutengio de uma sociedade liberal e secular." ® Para coudosreertes sabe movimenolsldmic no Exit, ver Hischkind (2001 206) Salvatore (997) Stare (198). 2 © plea, aou referee mais &conduto pric potato “scar” do que ae exados eps ‘emo tconotado na tradi puritan ingen. Pra a ani dau potions promovide pele vines lett (pelo movimento dar meegita) ver Mahmood), 2 Osecularieme ¢fequentamente entendid como o dominin de vida eal emancipade das ete ideor logics da religit, No entano, como argument Talal Arn 0 pecismens conlguraeto de on, se ene dro secular 0 reign onde ete € vito como campos part do qual squela eee) ‘ull que forneceu a bse para una cncepsto narmativa madera, nfo pera pass stigue mes oe bm para potica ~ ver As (208), Esa istposeo dos dors ligase vu fat ocblada ae ‘nconporsto da autoridae rligiosa no estado esas inoue logan Distr que uma soudade sre nto signa que lig banka ds sons pla formas ie snecache Pela cotrne s ipiee ‘imitida nests donss 0 a condigae de que ssid uma orn perc, Guano esac dency {formas ser conftonlada com um crjunto de burrs rguladoras A pealiia doves coo inlonscrina ‘proproda para oahereserapaigasa rang + Turquaé dao om ocempio uot "Em 1996 o parlamentoeppciosprovou uma Iei decriando » naconalie;e0 da prende maleie das ‘esas de tro €o Mtro de Asvonos Religions orgs tou ox homens ernres ac pce em eruinar naa enequtas a Lrequentnr um programa etal te dls arom independesonse ae oe formuctoentrior em assuntes eligiogos. Vers Miya. “Wiig sams lM mun aie (ws til Hata fini, de 25 « 27 de Jano de YF. Mots nde, ts aloe on j 25 sate Mat | Agencia, re fencia, liberdade Os suetos devotes do movimento feminio das mesquitas ocapam sm MBS" Os suleliOs gteora feminist: eles promovem praticaseideaisimplantados nama acrngo que hstricemente atibuiu urn estatutosubordinado & ules € tragic yar virtues associadas & passividede e subalterizagio feminine {por exemplo, a vergonh, modésie, peseveranc ehuruldade mwas das (Perici mals alae). Por our palavas 08 prépios idiomas ome gues pelas mulheres para afirmar a sua presensa em esferas anteriormente deti- ues ism eB0 os menmos que aseguram «sua subordinagto Se, Pos Gas Pea seelo XX no seria invalgar encontrar explicages sobre a parti ae cite mulheres nestes movimentos como “alsa conscitniay 98 Wve Pact i szo das normas patrazcas através da socializacto, hoje observarnos tum progressivo desconforto com este tipo de argumentacéo. Inspiradas em pro- sr reeds das cidncassociaise humanidades que, desde os anos 7 ema termine ore one uid mas banger 1907 se er ack (35) «NacKnron (98) Par um argued eons es ° sad Pela roa eigealoe e gener, vr Yeragsbo «Coie (158. Sather 098) Tene ene ag cena uta Shr ent eranenin, pox NET 7 Joe SM dn daguie u et cora edae u tnpor ara Wat he oeta Aauneio apron ea evs Gn kerdede.” (Ml 1D. et Oo en burl vata (entficada com o pesto de Hen © Hote) 2 No se as oes on des sobre qul pepe ego ieee 40 ones aaa. vada donnie etn camp nde feiss rg prope purer er, pon Bc (knee ISSO, Rubin (156) e Samos Callective (987. 128 | | “Teoria feminista, agéncia esujeit iberatorio da tradicéo. Apesar de se manter ainda um debate it \portante acerca da for- mulacio e coeréncia destas nogbes interligadas, ® pretend aqui definr o con. ceito de liberdade individual, que ¢ central para ambas, eos elementos con. comitantes de coersio e consentimento, que sao fulcrais para esta topografia da berdade ‘ s conceitos de liberdade positivae hegativa,juntamente com o requisi- to obrigatério da autonomia processual, consttuem a base sobre a qual se de. senvolve grande parte do debate feminista* Pr exemplo, a concepgzo positive de liberdade parece predominar nos projectos de hstoriografia feminista (por vezes denominada herstory que procuram éaptar a instaneas historia e cult. ralmente espectfces das acg6es autodefinidas das mulheres libertas das novmas Patriareais ou da vontade dos outros” Por seu tno, a concepgo negativa pa, rece prevalecer nos estudos de género que exploramn esses espacos da vida Las ‘matheres que so aut6nomas da inluéncia(eeventualmente presengacoetciva) dos homens, tratando esses espacos como plenos de possibilidades para e sate, facdo ou realizagio da mulher, Nesta linha, muitas historiadoras eantropblogas feministas do mundo arabe procuraram delimitar essas condigdes e stuagoes, "nas quais as mulheres parecem articular o eu proprio discureo (poesia, tecela: 'gem, possessdo cultural, et.) de forma auténomna, por vezes conferindo signifi. cados potencialmente liberatorios a pritcas de segregagio sexual tradicional. ‘mente vistas como marginalizadoras da mulher da arena da politica convenio. ae Varias teorizadoras feministas construtram, ao longo dos anos, criticas {incisivas da nogio liberal de autonomia apartir de vérias perspectivas.” Por exemplo, enquanto que as primeiras critics chamavam a atencdo para os racio ctnios masculinizantes por tris do ideal de autonomia, reflexes posteriores ata ‘caram esse ideal pela sua énfase nas caracteristicas atomizadas, individualiza. Bet 196), Green (1986) Simhony (183) eTeyloe (188. 2 Yer Hunt (1993), MacCalhim 1967), Stony (10) ¢ Wer (1959) ® Eastance claro que tanto as nodes negativas como potas de Uberdade foram ublieadas de forma ‘rodutia na expanao do barionte do domi as pitcase dees emia gin Por ecin ‘2 dtcada de 70 do stculo 10% eon repoia a apeo di emis anon de cine ne pee denen lar neticdo de fama nuclear, que eas actediavam og a fone landamentl de options tetas 2 femstas natives smericanas¢nroamericarasargumentaram que liber dade, do tes ponte de ca, eit preiamenteem sete capase de formar fai, fo que Wangs ola de nerchne pecan ‘icine oper pecamente na det ds suas comunidades © reaee macnn Ver po eet Brant (0584), Calis (91), Davis, A. (1589) « Lace (1989 Igualmente, 0 mantese “A Bock Roney Sintered Combshee River Celective,reeitoao pel par o separatism lbice propor por ne frau daca eclareedor soe 0 projet hsterigrio dhs, ver Sx 58: 1527, 2 Abend (1998) © Wika (159), 2 Para ua daunso interne ante as contig gerdss pela posit peegada ett a0 orci de stenomia mateo omnia, er Adams © Mon (979) 129 | ‘Saba Mahmood | dase deimitadas do self custa das suas qualidades relaionais formas 2%, ae eragbes sociais no sei deciferentes modelos de comunidade NW" eee ronseuéneia, produziram-se varias tenativas para redefinis OTE aaa tonomia”, de forma a poder incorporar o carécter ernocion@) embodied tae ete ners dao pessoas e, em particular, das mulheres!) Ura Une eae i tori pos estruturalista situou a sua critica da “autonona" 0 a aaige um desafio mais abrangente colocado pelo cadcte ilusri9 00 sujel- conten ifista, aut6nomo e transcendental pressuposto pelo pensarero 1. eet", con gerale ela tradicho liberal em particular. pensannerio ssNenes do fensamento ferinista pos-etruturalista em conceptialisa’ 4 agéncia em ter- Pensa pverato e restgnificagdo denormas soca, em Jocaliar = 96°90 mos oe sas operacées que reistem aos modos dominantes ¢ subjects, de foder Por otras palvras suit politico normative deere feminista pOs- Pod rasta aparece frequentemente como um sujeto liberatoro, le agen ran Vonceptuazada sobre o modelo bindrio de subordinasio ¢ suber Este Sa camento, portato, elude as dimenstes da aecdo humans 0 estatuto etico Peco se enqundra na lbgica da represssoc resistencia. De 1° poder ear estes modos de acgdo devidos a outras racionalidad © hnistérias, propo- te que é fundamental descolar a nosso de agencia dos objestvos da politica progressista. Tee eito da Iiberdade e independéncia como “os” ideais pollens © relativamente recente na histOria moderna, Em muitas sociedad ineluindo as atta, floresceram aspiracoes conréris a estes, Neste senitoy ® PETE cosa lvigual eeolectva também nfo se imps de modo absolutonas = ria gm roo ‘cm «ign (982 no segunda, ver enh (952) « Yous $725 a, eedran (0), Neda (185) 3 Bee (999), Gater (196), Grose (9) 2 Baer 09 et to profits cal, ver Cenk (977, 120 | Teoria feminista agéncia esueitolberatério ambicdes das pessoas nas sociedades liberais. Se reconhecermos que o desejo de independéncia (ou subversio) das normas nao um desejo inato que motiva todos os individuos em todas as alturas, mas que ¢ profundamente mediado Por condigdes historicas e culturais, levanta-se uma pergunta: como podemos analisar operacdes de poder que constroem corpos, conhecimentos e subjec- fividades diferentes, cujas traject6rias nao seguem necessariamente a enteléquia das politcas liberatérias? Se a capacidade de provocar a mudanca no mundo e em si proprio é historica e culturalmente definida (tanto em termos do que constitu’ a “mudane sa” como em termos de como ela ¢ provocada), entSo 0 significado e sentido de agéncia ndo podem ser fixados de antemdo, mas antes devem emergir através ‘de uma anilise dos conceitos especificos que propiciam modos de ser concretos, responsabilidades e efectividades. Deste ponto de vista, o que aparece, de um Ponto de vista progressista, como um caso de passividade insultante e docllidade, Pode ser efectivamente uma forma de agéncia — forma que apenas pode ser {entendida a partir dos discursos e estruturas de subordinacdo que criam as con- disdes para o seu desenvolvimento. Neste sentido, acapacidade de agencia pode ser encontrada nao s6 em actos de resistencia as normas como também nas -miltiplas formas em que essas normas sdo incorporadas. Poder-se-ia argumentar, em resposta, que este tipo de desafio ao status natural atribuido ao desejo de liberdade nas andlises sobre 0 género corre 0 Hisco de orientalizar, uma vez mais, as mulheres érabes e muculinanas — repe- tindo os erros da intelectualidade oientalista pré-1970, que definia as mulheres do Médio Oriente como “outras”, passivas e submissas, despojadas da conscién. cia iluminada das suas “irmas ocidentais” e, portanto, condenadas a vidas de submissao servil ao homem. Contraporei, no entanto, que o exame das condi oes discursivas e praticas através das quais as mulheres cultivar varias formas de desejo e capacidades de acca ética é um projecto sensivelmente diferente do orientalista, que localiza o desejo de submissao numa esséncia cultural a-hist6. rica. De facto, se aceitarmos a ideia de que todas as formas de desejo sto discursivamente organizadas (como tém defendido as teorias feministas mais recentes), serd entdo inevitavel interrogar as condigies préticas econceptuais a partir das quais emergem diferentes formas de desejo, inclindo o desejo de submisséo a uma autoridade reconhecida. Nao podemos tratar como naturais e imitaveis apenas aqueles desejos que se enquadram na emergencia das teorias feministas, Consideremos, par exemplo, 0 caso das mulheres do movimento das ‘mesquitas com quem trabalhei. A tarefa de embarcar no pietismo colocava estas ‘mulheres numa situagao de condlito com varias estruturas de autoridade, Algu- ‘mas destas estruturas assentavam em ctnones instituidos da ortodoxia islamicay outras em normas do discurso liberal, na autoridade de pais e irmaos masculi. ‘nos ou, finalmente, em instituigdes estatais, No entanto, o rationale por trés des | BI | | Saba Malin! | tes conflitos no era objeto de discurso, e portanto néo podia Set entendido Spenas por referencia a argomentos favor da igualdave Ge género ov resisten- arenes foridade masculina. THo-pouco as praticas destas mulheres poderto ser ian ee pce A ree de re Le an pea ee need don eco el at rr non cere nunca aro Ta re ed duo vlunara despa me 9, ee permite ear erate Pe ore pics, dece oct de nsumenia TTA teslhedors, Bey Outs etados Heaticam ove recs hcemosiicagao dos corps dat 26), Oar os jena gece fama na gra es cen id Ga) iar 05) Na oo aa ‘07. eo spare eer po sn cme autores oe ads Ns ode tendo em stam resins eure au epee Ps 2 a "Pao cern gv a crt xaos mone Mus 4 ST re de coi a snd ol ue oe © PO ee ue ree reseaegin vite), erquant que 708 nc on ue gases larnsmaginos dag: ev 0 NeBMNON Cnn oe dno Keane (197) Rosado 0982), Feet Maryn stther ds conceproee dena de eo xe OT ee ete namics pis aborages fens decreas MSS ae (ince em sosedaes nto oxdetns 0992) Ba ee nde curv” € de Tala Ad (198) 132) ‘Teoria feminista,agtncia esujetolberatério tum argumentos favor de essencialismo irredutivel ou relativismo cultural. Pelo ‘contrério, é um passo necessério para explicar a forca que o discurso despoleta, Docilidade e agéncia ara poder elaborar a minha abordagem teorica, permitam-me comesar por exa- ‘minar 0s argumentos de Judith Butler, que continua, para muitos, a ser a tebrica predominante do pensamento feminista pos-estruturalista, ecujos argumentos tém sido fundamentais para o meu proprio trabalho, Para a sua andlise, sf0 centrais dois raciocinios inspirados ern Michel Foucault, ambos bastante reco- nhecidas hoje em dia. O poder, de acordo com Foucault, nao pode ser entendi- do apenas a partir do modelo de dominagdo, como algo que ¢atribuido ou reti- rado pelos individuos ou agentes de soberania a outros a partir de uma intencionalidade, estrutura cu localidade singular que preside sobrea sua racio- nalizagio e execucdo, Pelo contrério, o poder deve ser entendido como uma relacdo de forcas estratégica que permela a vida e produz novas formas de dese- jo, objectas, relagbes e discursos.” Em segundo lugar, o sujeito, tal como argumenta Foucault, ndo precede as relagdes de poder, como uma consciéncia individualiza- da, mas ¢ produzido atraves desta relacdes que conformam as condigBes necessé- rias para a possibilidade da sua existéncia. Central para esta formulacéo 6 aquilo gue Foucault chama de paradoxo da subjectioagio: os mestnos processos e condi. ‘es que garantem a subordinacao de um sujeto s4o também os meios através dos uais cle se transforma numa identidade e agéncia autoconsciente. Por outras palavras, poderiamos argumentar que o conjunto de capacidades inerentes a0 su jeito ~ ou seja, as capacidades que definem os modos da sua agéncia — no sf0 0 res{duo de um selfndo domesticado, existente antes das operacées de poder, mas ‘io, em si mesmas produto dessas operacbes™ Este entendimento do poder e for ‘magi do sujeito permite-nos conceptualizar a agéncia ndo s6 como um sinénimo de resistencia a relacBes de dominacio, mas também como uma capacidade para 2 acgio criada e propiciada por relagbes de subordinngio especticas Inspirada nos raciocinios de Foucault, Butler coloca uma questo chave: “se 0 poder funciona apenas para dominar ou oprimir sujitos existentes, mas também forma sujeitos, que formacao ¢ essa?” * Questionando o estatuto pré- Pouca 197 1980 109.219. % Bue (1957 Mishel Foul, “rath and Powe” “The Subject and Power", em Dre e Rabinew ie S082) SU spec impart da adie do poder de Fou unset ul que ce denomin de sooner Bair datecode onal suse prin wo sedccernn ner ecb sur explora da ees de oder mans dar unis da represenatnn cage mete ‘scligieas do poder. Com o ep, Bue fo arclando mr tans dicrenges coo Posto ue ans Ponts Ver, pr sept, Boer (1s 24.19 197 Ae, OR AISA} eDorc Corey Ban {133 Saba Maliood _discursvo do conceto de sujeto, ¢atentendo as relacdes de poder que FE iscars eer lstanca-se das anaistasfeministas que formularam a aves ‘fa “pessoa” em termos da relativa autonomia do individuo em relago ao soci- ot peetanto, para a autora, ndo se trata de como o social represonta individual {talcomo foi defendido por geragées de feministas), mas rh ‘de quais as condi- (bes diseusivas que sustentam 0 edifcio metaisico da individvatidade con- femporinea. aes eoria do sujeito de Butler, nfo € surpreendente que asua andlse da performatividade também influencie a sua conceptual2ast® da agéncia; de G2 Pertomo cla afirma: "a iteragbo da performatividade é um est ide agen- rac Na mnedida em que a estabilidade das normas socais 6 resultado da sua sepresentagto continuada, a agéncia, para Butler, assenta na spores essencial srr yagto ¢ aa possibilidade de esta falhar ou ser reapropriag® ‘eosignificada para outros propésitos que nao a consolidagio das normas. Dado ju todas as formaches socials so reproduridas através 26 02 representa¢so aque todos 25 mneamos normas tomart-se vulneréveis, ja que cada represen, one pode fata. Assim, a condicdo de possibiidade de cada formasio social € $e been “a possiblidade do seu desmoronamento."® oaeeejontos onde Butler se distancia das nogbes de agincio€ res” ttncia que ertiquei mais acima. Por exemplo, Butler questions aqulo 2 qo cha- xed modelo emancipatério de agen” umn modelo que presuine a todos rane anos, qua Rumanos,s80“possuidores de uma vontade, ma HOAs oe ere ra intencionalidade”, cuja acco € “frustrada pelas relages o& poder cassideradas externas a0 sujeito." No seu lugar, Butler localiza a possibilidade Gragencia no sio de (¢ no fora de) estrutras de pode ©) 79 importante, Sagere que a esrutuca reiterativa das normas nso serve penes Pat consolidar sre egiine particular de discurso/ poder, mas tamibém forest ‘meios para a Ae angio. Por outraspalavras,naocsiste wn possibilidade de “des: aaa pas socais que sejaindependente do “fazer” das rnesmas normas: 2 Taner (1997: 18 Sader (99-08) 5 Bas 00a eae tn pont de od act em lc 0 3 Bae 977 ean oan «#0 SUE 2 scimend m tcaaogqu io tos na em teen ori ds jg nner.” Ht aba Tout So ler cons ct quent oon nw org ‘estaba Fa nant as en oven aa cst Pesan eS ‘Ver er (1953: 1) Sterna, Butler, Corelle Fraser (0993126. “Beta Foun, Baer agueni "6 peadone ds aectate Ones preceamente © sr segind Foun Pa jo emmrnornstt acdc i tact gunn cresvo ocr oon da et geno A ey erin manent pote una raed pas fo poder (988: 15). 134 ‘Teoria feminista, agencia esujeit liber} agencia reside, portanto, no seio desta reiterabilidade produtiva, Butler bem resiste @ tendéncia de colar o significado da agéncia a uma teleologia -definida de discursos emancipatérios, Como resultado, no enquadramento’ Posto por Butler, a logica de subversio e ressignificacio nao pode ser pré-déter- minada, porque os actos de ressignificaco/subversio sao, do seu ponto d {, contingentes e frégeis, revelando-se em lugares inesperados e comportando- -se de maneira imprevisivel.® Considero a critica de Butler as concepcées humanistas de agencia jeito particularmente relevante e, de facto, os meus argumtentos neste e esto manifestamente influenciados por ela. No entanto, pareceu-me rele su ante debater algumas tensdes que caracterizam 0 seu trabalho, de forma a expanilir a sua andlise para outras e distintas problematicas. Uma dessas tenses tem. com o facto de ela, por um lado, enfatizar a iniludivel relacdo entre a consol focando aquelas operagdes de poder que ressignificam e subvertem as no Neste sentido, apesar de a propria insistir, uma e outra vez, que todos os de subversao so produto dos termos da violéncia aos quais se procuram sua anslise da agéncia privilegia frequentemente aqueles momentos que “ak ossibilidades para a ressignificacdo dos termos da violacdo contra os seus of fo € desestabilizagdo das normas e, por outro, debater a questio da te ver ida as, ictos jpor, jec- tivos violadores”, ow que “propiciam uma ocasio para uma rearticulagto fad. cal” dohorizontesimbolico dominante.“ Por outras palavres, oconceito de cia no pensamento de Butler desenvolve-se principalmente em contextos as normas sio postas em questio ou so sujeitas a ressignificagio,” Obviamente, a elaboracao de Butler da nocdo de agéncia deve ser pPreendidano cantexto espectico das intervengBes politicas pretendidas nos trabalhos. A pratica teérica desenvolvida por Butler nos dltimos quinze mia verbo ath obese oman dander deepen na nce li |" i | soviet a qu eventatnnte oe interior tm aprende a eee Maa que rao pare im eexplicou osgrficadoda palais’ 1 aoe nia, meno que isso sigfque cia timid (i "80% 2 aa ct lu sna.” En prossegoi com ose Bone Fr ey que, oma vex conseguido, 0 sentido de engonha "fname Boner pate de (aor ATE ajuk) Outta a “Hat ac oer sltia na cara dos trnta que apenas escuarn acon Nama uma mur“ como como ve (ja). No nici quando comers senda, crs aragda (ala) eno queres uso porgue Pont uso rene Cemaisvelhae menos erative, que 8 COneHuris e227, dizem av Pare Mas ens ust ove, Pmt porque €4m det fear un ma Gn eh) depois porque, com o empo, teu interior PAN no de Deus a gontado sea VEU, sorties, tod o teu sere senis incomodo (mix D2." ‘Para muitos leitors, esta conversa representard uta deferéncia grotto Teaue as normas socials, que refete esimultanearente reProo 5 subordina- ee Snalner,Hrectivamente, ate interior de Aral na tetas 9 So de oa tide poderé parecer mals wma instincia da intenioneto deno- dows de comporarerto ferinino, uma instancia que Povo contribui para 0 Goes ce corfnanto da nogio de agenla. Noentanf, Se pensarmon 20/98 ote apenas como sinonimo de resistencia as rormas Socal, as ST Cia’ bo aetrgade de acgdo, ata conversa aca reprodvzida colocs
  • a rap iendose te a ae LE ee dare qlee cepa Re ae de sa a ponte, tu cao berv compre i en Peusclada Ten ra eda de autora 40 | reorient pbc sujoHberprio. zando 0 seu comportamento externo com as suas motivagdes internas at Ponto em que a discrepancia entre ambos se dissolve. Este ¢ um exempll ‘uma relagao mutuamente constitutiva entre a aprendizagem corporal e 0 do corporal ~ como refere Nama, o corpo comeca a sentir-se incémodo se coberto com o véu, Em segundo lugar, outro elemento relevante deste programa de cultivagao ¢ que 0s actos corporais ~ tais como o uso do véu ou 0 comp| ‘mento humilde em interaccdes sociais (em especial com os homens) — nai vem como méscaras manipuldveis, destacéveis de um selfessencial no jogo da apresentagdo publica. Pelo contrério, sio 08 marcadores eri pietismo e também os meios iniludiveis através dos quais uma pessoa treina| setornar devota. O.uso do véu, servindo inicialmente como um método de a0 de bnti- fot futo- ita interiorizado do ara juto- controlo em relacio ao atributo da timidea,ésimaltanearente integral a priica da timidez: uma muther nao pode simplesmente descartar 0 véu uma vel senvolvida uma postura de modéstis, porque o véu é em si mesmo defini pelas participantes do movimento das mesquitas e cujo significado é a quando entendido apenas em termos do seu valor simblico, enquanto da subordinagao da mulher e da identidade islamica. A complexa relacéo entre aprendizagem, meméria, experiencia e que suporta a pedagogia adoptada pelas frequentadoras das mesquitas fo vezes abordada pela academia através do termo latino habitus, como um a dessa postura.* Este ¢ um aspecto crucial do programa disciplinar reals de fério ido dor b self por Hbu- to adquirido, onde o corpo, a mente e as emogdes sdo simultaneamente treina- dos para adquirir competéncia num determinado aspecto (por exemplo, ditagdo, a danca ou o tocar um instrumento musical). Apesar de o termo hl tus tet ficado mais conhecido nas ciéncias sociais através da obra de Pierre Bourfliew, ‘meu trabalho invoca uma histéria mais antiga e complexa do termo, um: toria que se ocupa da centralidade das capacidades corporais em cerlas es de cultivacao moral. De origem aristotélica, e adoptado por trés trad) monoteistas, 0 significado mais antigo de habitus remete para um process his radi- des pe- % Eat const pode ser eslarecid pela anaogl com doe dfeentes mores de dit: um ede ais stig, onde a pica da dicts ¢ entendde como zendo na elugtotemporrin¢ lnscurontal pans ‘problema da scumulgto de pes; eum modele mais contemporane nde sd enteric vida udavel eutelve.Orogundo madla presnupte urna age ence, pean pessoa eo resto do mundo, sendo neste semidesemeihants Sula que Foucrult cham eSpace de Euidado do As ferengas ene amon of molar sponta pare facto de ue nao acne "econhecer que esses ssteras de poder mara a sa vrdade os orpos nan stove de a como acontece com Iman ~ toda agente tun vitae pt como ge tvesses um defeito (al-aq). Toda a gente sabe que nso te podes qfere- como count com um homem, que tens de esperar que um homem s8 apres ce seen todn a gente age como sea deciso estivessenastuas mAs Ser por explo, hasbary (2000) «Hollywood 00) | 2 ASE ce iui perme eorhewens ral ant mater | Ma | | tern oss agtnineseho beri que é pior é que mesmo a tua familia mais préxima comeca a pensar desta ma- reir” Nadia reconheceu que os homens solteiros eram tratados de forma dife- rente porque, como disse, “o que se assume é que o homem, se quisesse, pode- ria ter-se proposto a qualquer mulher: se elé nfo € casado ¢ porque ele noo quis ou que no encontrou uma mulher suficientemente boa para ele. No entanto, para a mulher assume-se que ninguém a quis @ la, porque néo estd nas suas ‘maos tomar a iniciativa.” ‘Quando perguntei a Nadia o que é que uma mulher deveria fazer numa situaglo destas, ela tespondeu: "Tens de ser forte, deves ser paciente (¢abira) face as dificuldades (lazim tiktni cabira),confiar em Deus (Iaduakali ‘ala Allah) @ aceitar 0 facto de que é isso 0 que Ele dispds como teu destino (qaDa’); se te estiveres sempre a queixar da tua situacdo, entao estisa negar que apenas Deus, endo os humanos, tema sabedoria para saber porque é que vivernos nas condi. ‘des em que vivemos.” Perguntei a Nadia se ela tinha sido capaz de adquiriresse estado de espt- Fito, tendo em conta que ela casara bastante tarde. Nadia respondeu de uma forma inesperada, Disse: “Saba, néo se aprende a ser paciente (edbiva) ou a con fiar em Deus (mutaaukkila) apenas quando se éconfrontado com dificuldades. Ha -uitas pessoas que experienciam dificuldades e que néo se queixam, mas que ‘bo sio ¢abirh (pacientes, sofredoras). Cultivamos a virtade da paciéncia (eaby) porque é uma boa acco, independentemente de a nossa vida ser complicada ou alegre. E mais, praticar a paciéncia perante a felicidade é ainda mais dificil.” Perguntei a Nadia: “Mas eu pensei que tinhas dito que uma pessoa precisa de ter paciéncia para poder lidar com as dificuldades.” Nadia respondeu, dizendo: “eabr (paciencia) € uma condigo do ser: praticamo-lo independentemente de ros sentirmos felizes ou triste. Se ele te traz conforto depois da dificuldade, isso € uma consequéncia secundaria (al-natjaal-thanauim) da prética da virtude de enbr. Deus € misericordioso e Ele recompensa dando-te a capacidade de ser corajosa em momentos de dificuldade, Mas deves praticar ¢abr porque é a acco correcta no caminho de Deus (faba lll)” Regressei da minha conversa com Nadia bastante espantada pela clareza com que ela ilustrou a condicio das mulheres na sociedade egipcia — uma situa. gio ctiada e regulada por normas sociaise pela qual as mulheres eram culpa- bilizadas. Enquanto que a resposta de Nadia acerca das opcGes que tinham de tomar era relacionavel com as das egipcias geculares, a sua defesa da cultivacio da virtude da gnbr (enquanto perseveranca sem queixume face as dficuldades) parecia-Ihes mais problemstica. Tendo em conta que gabr* implica uma perse- veranca face as dificuldades, ela invoca, para muitos, a passividade que muitas * Opti aqui pel uo de abrem vex dase tad comm ingles de pecs”, porque eb comunica sem que nto cata pl i adc o de peeetang elute leon pete 45 Saba Malunoodt mulheres sio encorojadas a cultivar face injustice Sana, uma muti trabalha- ere en dos tinta, orunda de uma fama de classe média a) © 90° dere ja mmugulimana seclas”, concordava com a descicio de Nadia 260108 » Pasa ete peo, ve Hiehkind © Mahood (202). Saba Matin | dda Feminist Majority contra o regime Taliban (e posteriormente a guerra da ‘administragdo Bush), Apesar dea proibicao da educagao para asmulheres afegas as restrigdes impostas aos seus movimentos terem sido frequentemente invocadas, foi essencialmente a imagem da burka o que condensow e organizou o conhecimento sobre o Afeganist20 e as suas mulheres, como se apenas ela pudesse fornecer um entendimento adequado do seu sofrimento, A dess- Hequagio deste entendimento € hoje por demais evidente, quando os relatorios ddo Afeganistao notam progressivamente como a vida das mulheres afegls n&o methorou desde o derrube dos Taliban e como a vida nas ruas se tornou pro- gressivamente mais segura que nos tempos do anterior regime, devide as con- Gigoes de crescente instabilidade sociopoltica.” Talvez.tenhamos que lidar com 4 possibilidade de que, caso tivesse sido acrescentada alguma complexidade ‘nalitica a0 quadro apresentado por organizagdes como a Feminist Majority cerca da situacdo das mulheres afegas no regime Taliban, caso a necessidade Gerellexao historica no tivesse sido hipotecada pela necessidade de uma acco politica imediata, talvez aio feminismo néo tivesse sido tao recrutével para 0 projecto imperial “As questoes éticas que projectos imperiais desta magnitude levantam para.osinteloctuais e activistasfeministas também so relevantes para o contex- qo mais pacifico do movimento feminino das mesquitas que ocupou este ensaio. Tendo em conta que o feminismo € um projecto politicamente prescritivo, ele requer a recomposicdo das sersibilidades e compromissos das mulheres cujas vidas contrastam com as vis6es emancipatérias feministas. Muitas das feminis- tas que decerto se oporiam a0 uso de forga militar ndo teriam dificuldade em polar projecos de reforma social destinados a transformar 0s lagos, compro~ Trissos e sensibilidades que orientam as préticas de mulheres como aquelas com {uem trabalhei,e assim facultar-lhes uma vida mais luminada. De facto, a mi- ha prépria historia de envolvimento na politica feminista€ prova de uma cren- a inqucbrantavel em projectos de reforma destinados a descrever determina- fas formas de vida como provis6rias, se nao mesmo extintas. No entanto, aca- bei por me questionar ~ e desafio letor com a mesma pesgunt as minhas visdes politics concorrem alguma vez contra a responsabilidade que eu assu- tno pele destruigao de formas de vida deforma aque mulheres “no exclarecidas” poseam ser ensinadas a viver mais livremente? Sers que um conlhecimentoin- Emo de estilos de vida distintos do meu questiona a minha propria certeza So bre aquilo que prescrevo para os outros como sendo um modo de vida supe- Foi no dlecurso do encontro entre as minhas proprias objeccbes ao modo de vida incorporado pelo movimento pietista eas texturas das vidas das mulhe- tes com quem trabalhei que 0 étic eo politico convergiram em mim rum sent 5 pannesty Irtrraional O09 Badkhen (22; Human Rights Watch (2002). 152 Teoria Feminista,agéncia esujitoliberatério do pessoal. Quarido conduza o trabalho de campo com este movimento, acabei Por reconhecer que uma iwvestigaco politcamenteresponsdvel nla isola a ser fel aos deseo e aspirates das"minhasinformantes" e pedica mista ie. cia “compreensao e respéito” pela diversidade de vontarles que caracteriza 0 mundo de hoje, Nem t30-pouco € suficienteevelar as minhas concepter oa (a)tolerancias ou parcialidades dos meus colegas. Como alguém que acabou Por acreditar, tal fomo varias feministas, que 0 projectopoliteo do teraaen, ‘io € prédeterminado mas precisa de ser continuamente negociadoen eae {os espectios fu confrontada com uma serie de questen gus ¢ sue Os ng feministas, queremos dizer quando dizemos que a desigualdade de pone Ca Principio central a nossa andlise e politica? Como ¢ que-o meu envelomente om a densa texthra das Vidas das ninhasinformantesafeca eta reoblone (aca em 23 de Novembre de 701) ‘anisvOrilis, tn, The Buse Were Arte (eR. Meo). Nova forgue Random House Ae so ronment Cray, in, Matra Sanfort C, Sefer Urey rs. FAO pe is fen hate of lm, Weshingtn, DC, Cert or Contemporary Arb Sti ‘Georgtoen University (Octsinal Paper Sere). “ASHMAN SE banned, 1SEa, “Fa job Ghar Shays" Re Yun des de Be 28.de ‘Agere de 1984, OBIS AL Ea ain Fri” Ru osu edges de 13 «2d Junho de 19H SROITION tree bh Alghan Women Sl Shrouded in Oppesion: Widespread Abe, Restrictions AN a ae aloe Year Ale Fall Taliban, Sen Frencico Cran edie de 1 de Ours de 2002. BARTKY Saat 1990, Fnininn and Dmintin Stic in th Panomncesy of Oppression. Nove loraue, Rovtedge eENHARTe Sy, 199, Stating the Sl Gender, Cem. nd Panes in Cnteparry Ei Nova lrg, Rowedg eNHatie Sys felt Batis Dacia Corel «Nancy Fraser 195, eins Contentions A Phx Evchnge Nove largo, Routledge. ‘BERLIN Cac toea, pur Bens iby, Londzes e Nova Ixque, Oxford Uriverty Press, BERL sym Spe: Moen Mi od Zr Cl Neth Sed Maison, ‘Grversiy of Wacorsin Pres. BOURDINE S997 Ouline of Ter of Prat (rd. R, Nice. Cambridge, Cambridge University BRANT, Seis, A atherng of Spit: Wn ond Ant by North Aeris non Women, Roca Sites 154) ‘Teoria feminista,agenciaesujeitoiberatdrio RROUN, Wendy, 2001, Pi Out of Har. Prncon Ni, Penton University Prem DRUSCO, lsat 195, Te Romain of Min: oneal Coen and Gee i Calon. Au, ‘University of Fens Pree [UTLER Judi Willan Coney, 20, "Fos, Power and hic A Disnasion Between jedih Baler sebtiae Convlly, Thay end Ee 22) Dapoivlem: chip] mare Racoon ag ‘heory_andevent/ 04/4 dover ems, UTE, 0, Dein hte Someones Resend Apres Tenet’ 0 A hour of ein al Gay Sen (8 52.90 TF er: ena te Seer of ety Nova ou, Rode: 1 ae et Mad Ect Seck 4 Pate he Pose Nov Rouedge TI Re Paice of Paver Teresi Sarton Sater Che Salons Ue eae ——~ 107s Further Retecions on Conversation of Gur Time’, Dace 20) soe Sao, 2 heb tt Mater On the Dice Lint of Ser" Nov lege, Ronde CATON Se 17, eof Yer Sanaa Caltrain ee Tr Brey Los Angeies, University of California Peay CHARRAGARTY, Dies 200, Pring Erp: Posaba hag nd itr Pncton, NJ. Princeton University Pre {CHODOROW, Nancy 1978, Pe Rpratuction of Mothering Paychnlyis onde Sac Los Angeles, University of Clara Press COLERROOK 1957, "emia an Autonomy The Css a he Sal Authoring Sutjec Baly and Sig 3 (3: 21-81 COLLINS Tacs Hl 1951 Bac Foi Th, Kaede, Contes nd Pte Epowerment "Nova Torque, Route AVIS Angel 1965, nn Rand Ch Nova ogee, Vintage Bock, Dare Seer 198, Pats nt For me's ir a Merona Vlg Corbridge, Shenkman DOREY HS RABINOW eh) 83, Mil Fn: qed Seton erm Clg, University of Chicago Pens DREYER ei 178 agra Ings: on Folin Mor, No lr, Calabi Ulvnity FeeUINerty, 1955 Bld ues of Cis: laying win pte Soe, Bode, CO, Lynn Rem, FLGUINDL due 191, “Velinglafta with Miskin Ets Egypt's Conemprsy Meno Mee, Sci robons, 28 (4: 46-85, FARGERY, Mali 1983 Loy of an ably Nove lagu, Calbia Universy Presa ARID, Ahmed, 199, Al-Bar aig. Alcona Ber ab ioe FOUCAUET, Michel 1997, Ecru ol Tah Va de Een sof oul, 154196 fe P.Rabioow, ted: R Huey ea] Nova lrgue, New Pens YR Ths Us of Pens, em Te Hoy of Sly, vl 2 ad. R Hey) Now ome Vinge Books. Fi ft a Power “The Subject ad Power en DREYFUS, H, Pu Rainow (ee) ate Foul Bon Suction Hemera. Cheng, Unive of Cra Pe ny of Cone Brice «rad. C. Gordon) Nov langue, Panton beck 1978 Te History o Seuss An nro (aR, Huey. Nova lrg, Pantheon Book. FREEDMAN, May 209, “Autonomy and Socal Relaorsip Rathintang te Feria Slogan MEVERS, DT. (ed) Feminists Rink the Sf Bolder CO, Weare tee GATENS Mor 196, mapary Bb: Eli, Power on Cray. andes Reade. GUIGAN Cal 1982 be Difet Ve: Poel Teay el Himes Deep Canbrdge MA, Harvard Univeiy Press, GREEN Thomas Hil, 1986 Lcure ote Ponsa at Obligation and Or Wings (el. Hane }. Morrow), Cambridge, Cambilge Unveony reas Son nats 9%, Vl Bic: Twrd Capo Fem. Dominga, dan Unive Pre GUHA. Ret, 1996, “The Small Vole of History”sem AMIN S,eD. ChaLeabany feley aoe ny, 78: tunings on Sut Asin Histon Scety Deh, Oxtord Union Pens GUNA Rana Gayat Spivak (es) 190 Sec Sablon Shes Del Ovo University Pra 155 Salt Matsa | HARSTOCK Nancy, 198, Money Sx, Paver Tol Feminist Historic Matern, Novalorue, Longe Pres AWWA, Sud, 195, ALM Tei Alef, Clr, Dara sae. HESLAND, Mary, 198,"Pogellaton and Fundameaalisn: (Tans)formng Meaning, deny, Tres akatané Nemes Rite of Mourn’, Aner Etat, 252406, IRSCHRIND Chore, 206 Eis of Listing Nove Toque, Camb University Pres Repent and elon Rensom An amc Counterrepabic’, Cilla! Autroplps, 16 (0): 334 IRSCHIIND, Chores © Sba Mahmood 202, “Feminism, the Taliban, and Consequences of Counter “thaurgencyAutpoagn! Quarey. 75) S054. HOPMAN EDD. Walesa 17, “Polemics on the Modesty and Segregation of Women in Contemporary Tayo, Itertna el of Mie Est Sus, 1+ 250 HOLLYWOLD, Anny 200N, “Gender, Agency snd the Divi in Religious Historiography, Te ua of Religion, 84): S428. mar hfoemanty, Citation, Rivatzton, Hitay of Reigns, 42 905 HUT Guano, Putten Beet « Barbara Sut (ds) 1982 AI the Women Are Whe, Ate Bes Are ret Bat one of Us Are Bre Black Moe's Stade. Nova forge, Feminist Press non Rigs Wat 0," We Want Live as Haar’ Repression of Women and Gis in Agha Bo tune Rin Was Repert 1 (11), spotvel es

    HUNT, unea901 Freedom and is Cention", Asal Piso 69 268-9 een itt 1997 "From Feishism to Sinceny: On Agency, the Speaking Subject and Tel itrcty rae Cert of Religious Conversion” Comprtive Stalsn Sect and History, 39 (8): 7858 KHIALDUN isc 1958 The dma dn trauconistry (vad F- Rosenthal) Nov ore, Pasteon Book LanID US en iopt “Knowledge, Vatu, and Action: The Classiat Mustim Conception of Ab and the eins Paillmentin an’, em METCALE, B.D. (oh), Mora! Coc aml Autry Nerv of sb Sah Avo ar eveleye Los Angeles, University of Clio Press LEAMAN,O.N, 199, entrada em The Encyclo of Ha CD-ROM, versio 1.0. Leiden rl TORE. Adee 199, Snter Out: Este aul Spechs. Tumandbury, NY, Crosing Pres Hee LUN, Gold, 167. "Negative and Postve Freedom, Phisopal Reviews LXXVE (9 312.3, eS NNON, Catering 1593 Only Hora Combe, MA, Harvard Univesity Pres MN rated a Penns Try of Be St Cambridge, MA, Harvard University Pree. FERC ee ose 199, Accmmening Pret kng Wm, he New Ving, ant Cane in ‘ae: Nove forque, Columbia Unversity Pes LMANIMOGD, Sou, 200 Tie Pais of Ply. Te aie Reval ol se Feminist Subj. rieston, NI, ‘Princeton Univers res. MILL fomstcun 1991, On erty and Ot sug (ed JGray). Nowe forgue, Oxford Univesity Pres een ae adc, 199, Fen a lami Puen The Lins of osu Avni Londres © Nova longue, Zed Books. NAIMABSOL Atcoe,198,"Feminismin an lm Repub: "Yar of Hardship, Yeas of Growl” em Morey a Eaponta (eda), sim, Gene, nd Sac Cng. Nova org, Oxford Uriveaky Pree NEDELSIC user, 1989, "ReconevingAutonesy: Sours Thosghs and Posies, Yale oul of and Fri, 1 (0) 7236. [NEDERMANL Cay 565, "Natue iis, andthe Decne of Habits: Artotlan Moral Pychcogy in he Tele Conny”, Tali XLY: 87-10. RADWANT Zot nde 1082, Zl Hie Bonn aol Cir, ab Maas s-Qnom Bua ‘lim igys ws a-Snyye ROGALDG, Machen, 198 “The Things We Do with Words Tengot Speck Atsand Speech Act Theory in ‘PMalosophy Langunge in Sxl. 11) 20837. RUBIN, Cole 080 “Tnkng ee Notes fora Rial TAeory ofthe Foie of Sexlty"em VANCE, C sa tue ond Doge Esplrng Fete Sevity Boston, Routledge and Kegan Past SALVATORE, Aron 1997 ln on he Plt! Discure f Merit, UK bce Pres ot Gender 156 | Teoria feminista, agenciae sueitoliberatério STACEY ad 121, Br Nw Fic Ste of mee Up ale Te Cevury Aven Nova lore, Sale Boks, STARRETT Clee, 198 Polini lr Edin, Pi, ond Rls Taso n Ey Berkeley, University of California Pres. STRATHERN, Marin 192 Rerotcing th Buin: Eston Antopliy, isi dt New Repradute Tecnaeges Nova longue, Reto ge a Genero Gift Pbons ih We and Pb th Sci Mens, ee, Universy of California Penn SUAD, Js 299, tte Singin Arb Fates Gener, Sel ad en. Secs, Syacune University Pree TANTAWL Muhammed Said 194, “Bl ab jah Farida elamiyya, Raza. Yusy, eto de 7 de no de 1994 TAYLOR, Charles, 195, "What's Wrong with Negative Liberty em Pilsply ond the Hue Science ‘Milsphin Papers 2. Cambridge, Camridge Univers Prov, TORAB, Azam, 1996 “Pity as Gendered Agency: A Study of each Ritual Discourse in an ban Dubie. WEST, Dovid, 198, “Spineza ‘On Poive Freedom, Pala Suey XLI (2) 20456, : Tansy, Uo 181 Bind he Ye ie Ai: Miter n Ona, Cap, Univer of Cheap Pan WINTER T1195 “oman em AL-GHAZALL, Abu Has Os Opin tel Ping fi Tv Dente Te Rel fhe Rls Seances hy" Uam een Live We toa J. Wine) Cambridge, UK, lem Foundation : YANAGEEAKO, Sylvia «Je Colles (eda). 987, Gra an Kei: Easy Tor Unf Anlin Stanford, Stanford University Pees OUNG te, 1950, ute and he Pas 9 irene. Prnstn NJ, Prineton Univers Pree 2OMUR She 192 Rewig Rei: MG ayn Carry Fp Rbny, Se ‘University of New York Press. 197 Saba Mohinood Saba Mahinood FEMINIST THEORY, AGENCY, [AND THE LIBERATORY SUBJECE: SOME REFLECTIONS ON THE ISLAMIC REVIVALIN EGYPT “Tic antl ge for waco the won of ge Frito ex esr ep ing Fre fones of tcse end pols tin! fe 0 rd ‘pr of eb! ein. Teg ‘alan of he practi afore ‘Sern pot oft ange sie Rein Egy ‘trae Saget tht gry x beer erst ‘ough he oes of eetotion 9 yrs that ically sce ths eso "Sos er bt se he enn by cs Fecomcr lense ett og Vow i ty, ges i mo spy sony J esse cof dnt, bat prey OF ont speciation of saloon abc tnd eee erty usa | Kenwossageney, embadiment fri, lan, smuhmoodbertsey to 158 resiunce, autonony.

  • Você também pode gostar