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Ñanduty
PPGAnt- Programa de Pós-Graduação em Antropologia
UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados
ISSN: 2317-8590
Dourados - MS - Brasil
www.ufgd.edu.br/nanduty
PPGAnt - UFGD
* Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco; Mestre em Ciências da Religião com concentração em
Ciências Sociais e Religião pela Universidade Metodista de São Paulo;Graduado em Ciências Sociais pela Universidade
Federal Rural de Pernambuco e graduado em Teologia também pela UMESP.
Para Hall, o sincretismo não é sinônimo de Néstor García Canclini nos traz uma
igualdade nem de tolerância. Para ele, os elementos sugestão metodológica que pode ajudar-nos na
que se impõem aos demais ocorrem numa apreensão da versatilidade das identidades em
inscrição de poder sobre. O exemplo maior disso refazer-se. Para ele, “milhões de pessoas não mais
é o colonialismo e a lógica criada de dependência/ são sujeitos em tempo integral de uma só cultura”
subordinação. Então, os momentos pós-coloniais, (2007, p. 189). Em sua perspectiva, os sujeitos
ou seja, de pretensões independentes são marcados carregam uma versatilidade de identificação com
por lutas de autonomia cultural. Bem como novos signos e isso perfaz a abertura constante,
afirma Hall: “Os momentos de independência e ontológica, de busca de sentido. Por isso, conclui
pós-colonial, nos quais essas histórias imperiais Canclini, com a sugestão de metodologias híbridas
continuam a ser vivamente retrabalhadas, são para apreender o fenômeno atual de migração em
necessariamente, portanto, momentos de luta massa. Especificamente ele se refere ao processo
cultural, de revisão e de reapropriação”. (Id. Ibid pós-colonial e construção da subjetividade. O
p. 34). fenômeno de reinvenção do religioso nas demandas
de reivindicação de terras, de relacionamento
Os pentecostais que se engajaram no MST com outras identidades, aponta a construção de
e participaram da ocupação do Assentamento “sentidos híbridos” que atravessam esses sujeitos.
Herbert de Souza, interpretaram essa inserção como Por isso, um aspecto cultural, ou de sua vivência,
uma prática aprovada por Deus, mesmo lidando saltará em determinado momento, hegemonizado
com a reprovação de sua comunidade religiosa. sobre os demais e posteriormente, haverá um
Machado também constatou que a justificativa retorno ao anterior, ou um deslocamento em outra
dos pentecostais em Sumaré I e II, a de que Deus direção para outro aspecto identitário. Ainda que
autorizava-lhes a ocupação, servia como elemento não haja deslocamentos geográficos, os meios
amenizador pelo fato de sentirem-se excluídos de comunicação, as facilidades de acesso às
por “contaminarem-se ou envolverem-se com informações de outras culturas e a intervenção
lideranças humanas, mas sim que cumpriam sua de determinados estados-nações por meio de um
obediência ao que Deus estava ordenando que sistema universal de capital, tornam os sujeitos
fizessem” (MACHADO, Op. Cit p. 83). Por fim, a geograficamente fixos em cosmopolitas, que
forma pela qual compreendemos esse fenômeno, fincam-se no ciberespaço real. Os novos sujeitos
que emerge com foco em vários lugares do Brasil, pentecostais são portadores de identidades
é de uma luta contra hegemônica. Uma luta híbridas e isso fomenta esse, pouco perceptível,
cultural, não estrategicamente pensada, porém, fenômeno descolonizador entre eles.
estruturalmente corrente e descolonizadora.
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