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BLOCO 2 A NARRATIVA

EXERCÍCIOS
1. Assinala com V (verdadeiro) ou F (falso) cada uma das seguintes afirmações:

a. Sabe-se que Camões nasceu por volta de 1524.


b. Os Cantos de Os Lusíadas possuem um número fixo de estâncias.
c. O poeta, Luís de Camões, é o único narrador d’ Os Lusíadas.
d. Os versos d’ Os Lusíadas são decassílabos.
e. Para além d’ Os Lusíadas, Camões escreveu poemas líricos e peças de
teatro.

f. O escritor grego Homero é o autor de duas epopeias: Ilíada e Odisseia.


g. No Renascimento, Deus era o centro do Universo.
h. A narração d’ Os Lusíadas inicia-se in media res.
i. A Proposição, Invocação e Dedicatória ocupam as 16 estâncias iniciais
d’ Os Lusíadas.

j. Os Portugueses são ajudados apenas pela deusa Vénus.


k. A Armada de Vasco da Gama é bem recebida em Mombaça.
l. Vasco da Gama conta ao rei a História de Portugal e a viagem até Me-
linde.

m. Durante a viagem, os Portugueses depararam-se apenas com um obs-


táculo – o Adamastor.

n. A Ilha dos Amores é uma recompensa dada por Vénus aos marinheiros
portugueses.

Canto I, est. 1-3


1. Lê estas três estâncias, que constituem a Proposição d’ Os Lusíadas:

1
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
51
2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandroe de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

2. Na Proposição estão presentes os quatro planos narrativos d’ Os Lusíadas.


Transcreve do texto expressões exemplificativas e regista-as no quadro:

Planos Expressões do texto

Viagem

Deuses

História de Portugal

Intervenções do poeta

3. Indica qual é a função destas três estâncias.

52
4. «Cantando espalharei por toda a parte»: explicita qual o destino que o poeta
deseja para o seu poema.

5. Na estância 3, o herói d’ Os Lusíadas é comparado com nomes da Antiguidade.


Indica o objetivo desta comparação.

6. Identifica e transcreve do texto exemplos dos seguintes recursos expressivos:


hipérbole, sinédoque e hipérbato.

Canto I, est. 4-5


1. Lê, agora, estas duas estâncias que correspondem à Invocação:

4
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre, em verso humilde, celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham enveja às de Hipocrene.

5
Dai-me ua~ fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda.
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no Universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.

2. Identifica o destinatário da Invocação.

53
3. Identifica o modo em que se encontra a forma verbal «Dai-me» e justifica o seu
uso, repetido ao longo das duas estâncias.

4. Refere os efeitos que a poesia épica provoca naqueles que a ouvem.

5. Explicita a intenção do poeta ao comparar o som da poesia lírica a uma flauta e o


da poesia épica a uma tuba.

Canto I, est. 19-41


1. Completa o texto sobre o Consílio dos Deuses com as palavras apresentadas.

Canto I Júpiter Luís de Camões Baco Cetro

Vinho Portugueses Olimpo Mensageiro Estrelas

Horrendo Oriente Marte Amor Marítima

O Consílio dos Deuses é um episódio da obra Os Lusíadas, de _________


_________, que pertence ao __________________. Nas 22 estâncias que com-
põem o episódio, o narrador – o próprio poeta - dá conta do que aconteceu
na reunião convocada por __________________, o pai dos deuses, por inter-
médio de Mercúrio, o __________________ dos deuses.
No monte __________________, Júpiter, sublime e dino, está sentado num
assento de __________________ e tem uma coroa e um __________________.
Dirige-se aos deuses com um tom de voz grave e __________________ e elogia
os __________________, afirmando que estes devem ser ajudados durante a
viagem __________________.
Baco, o deus do __________________ e da vinha, não concorda com Júpi-
ter, pois tem medo de perder privilégios no __________________, depois da
chegada dos Portugueses. Vénus, a deusa do __________________, toma o par-
tido dos Lusitanos e é apoiada por __________________, o deus da guerra.
Marte pede a Júpiter que não oiça as razões de __________________, nem
volte atrás na decisão que já tomara.

54
2. Lê com atenção o seguinte excerto do Consílio dos Deuses:

36
Mas Marte, que da Deusa sustentava
Entre todos as partes em porfia,
Ou porque o amor antigo o obrigava,
Ou porque a gente forte o merecia,
De entre os Deuses em pé se levantava
(Merencório10 no gesto parecia),
O forte escudo, ao colo pendurado,
Deitando para trás, medonho e irado;

37
A viseira do elmo de diamante
Alevantando um pouco, mui seguro,
Por dar seu parecer se pôs diante
De Júpiter, armado, forte e duro;
E, dando uma pancada penetrante,
C’o conto11 do bastão, no sólio puro,
O Céu tremeu, e Apolo, de torvado,
Um pouco a luz perdeu, como enfiado;

3. «Entre todas as partes em porfia» – a que «as partes em porfia» se refere este
excerto?

4. Explica, por palavras tuas, as duas razões que, segundo o narrador, podem levar
Marte a apoiar Vénus e os Portugueses.

5. Procede ao levantamento dos adjetivos que melhor caracterizam Marte.

6. Transcreve os versos que mostram o poder que este deus exerce sobre forças
da natureza.
6.1 Identifica a figura de estilo utilizada.

10
Merencório: aborrecido.
11
Conto: extremidade. 55
Canto III, est. 118-137
1. Lê atentamente as seguintes estâncias, retiradas do episódio de Inês de Castro:

125
Para o Céu cristalino alevantando
Com lágrimas os olhos piedosos,
(Os olhos, porque as mãos lhe estava atando
Um dos duros ministros rigorosos),
E despois nos meninos atentando,
Que tão queridos tinha e tão mimosos,
Cuja orfandade como mãe temia,
Para o avô cruel assi dizia:

126
– Se já nas brutas feras, cuja mente
Natura fez cruel de nascimento,
E nas aves agrestes, que somente
Nas rapinas aéreas tem o intento,
Com pequenas crianças viu a gente
Terem tão piedoso sentimento,
Como co’ a mãe de Nino já mostraram,
E co’ os irmãos que Roma edificaram,

127
– Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito
(Se de humano é matar ua~ donzela
Fraca e sem força, só por ter sujeito
O coração a quem soube vencê-la),
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.

56
128
– E se, vencendo a maura resistência,
A morte sabes dar com fogo e ferro,
Sabe também dar vida com clemência
A quem para perdê-la não fez erro.
Mas, se to assi merece esta inocência,
Põe-me em perpétuo e mísero desterro,
Na Cítia fria ou lá na Líbia ardente,
Onde em lágrimas viva eternamente.

129
Põe-me onde se use toda a feridade,
Entre leões e tigres, e verei
Se neles achar posso a piedade
Que entre peitos humanos não achei.
Ali, co’ o Amor intrínseco e vontade
Naquele por quem morro, criarei
Estas relíquias suas, que aqui viste,
Que refrigério sejam da mãe triste.

2. Retira do texto exemplos que comprovem as afirmações que se seguem.

Afirmações Passagens do texto

a. Antes de iniciar o seu discurso, D. Inês de Castro


está visivelmente emocionada.

b. D. Inês temia pelo destino dos filhos.


c. As palavras de D. Inês são dirigidas a Afonso IV, pai
de D. Pedro.

d. A bondade de Afonso IV é posta em causa.


e. Inês de Castro põe a hipótese de os animais serem
mais piedosos do que os homens.

3. Indica a intenção com que D. Inês se dirige a Afonso IV.

3.1 Faz o levantamento dos argumentos utilizados por D. Inês para demover o rei.

3.2 Caracteriza D. Inês, com base nas palavras que ela dirige ao rei. 57
4. Identifica, nos excertos retirados do episódio de Inês de Castro, os recursos
expressivos e os respetivos valores expressivos e completa o quadro.

Recursos Valor
expressivos expressivo

Tu, só tu, puro Amor, com força crua, / Que os cora-


ções humanos tanto obriga, / Deste causa à molesta
morte sua, C. III, 119, vv. 1-4

Que do sepulcro os homens desenterra, C. III, 118, v. 6

De teus anos colhendo doce fruto, C. III, 120, v. 2

(Bem como paciente e mansa ovelha), C. III, 131, v. 6

Secas do rosto as rosas, C. III, 134, v. 7

De latrocínios, mortes e adultérios, C. III, 137, v. 2

Naquele por quem morro, criarei, C. III, 129, v. 7

Canto IV, est. 83-93


1. Relê o episódio das Despedidas em Belém e assinala as afirmações verdadeiras
(V) e as falsas (F).

Estâncias 84-86

a. A expressão «onde o licor mistura a branca areia / Co’ o salgado Neptuno


o doce Tejo» (est. 84) situa o porto de Lisboa no estuário do Tejo.
b. Na expressão «as naus prestes estão», existe um hipérbato.
c. Vasco da Gama teme que o medo impeça os seus marinheiros de embarcar.
d. O tempo não está de feição para a partida das naus.
e. As naus têm as bandeiras hasteadas.
f. Os marinheiros nunca pensaram na morte.

Estâncias 87-93

g. Vasco da Gama dirige-se ao rei D. Manuel I.


h. O capitão, Vasco da Gama, nunca sentiu medo ou emoção.
i. Apenas os familiares dos marinheiros se encontravam no porto.
j. As mães e as esposas dirigem-se aos filhos e maridos que partem.
k. Os marinheiros evitam olhar para os familiares, pois a emoção pode-
ria fazê-los mudar de ideias.
l. Vasco da Gama determina o embarque, evitando que as despedidas
se prolongassem.
58
2. Lê atentamente as seguintes estâncias:

88
A gente da cidade, aquele dia
(Uns por amigos, outros por parentes,
Outros por ver somente), concorria,
Saudosos na vista e descontentes.
E nós, co’a virtuosa companhia
De mil religiosos diligentes,
Em procissão solene, a Deus orando,
Para os batéis viemos caminhando.

89
Em tão longo caminho e duvidoso
Por perdidos as gentes nos julgavam,
As mulheres c’um choro piedoso,
Os homens com suspiros que arrancavam.
Mães, esposas, irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrescentavam
A desesperação e frio medo
De já não nos tornar a ver tão cedo.

2.1 Como sabes, as despedidas em Belém iniciam a narração da viagem da arma-


da de Vasco da Gama para a Índia. Retira do texto todas as marcas de um dis-
curso de 1.ª pessoa e justifica o seu uso.

2.2 A quem se dirige o narrador?

3. Qual a razão de apenas agora, no final do Canto IV, ser contado o início da viagem?

4. Interpreta o valor expressivo da anáfora «outros por» / «outros por» (88, vv. 2-3).

5. Refere as razões que levaram «a gente da cidade» a dirigir-se ao cais da partida


das naus.
6. Indica os sentimentos partilhados por aqueles que ficam.

59
Canto V, est. 37-60
1. Lê as seguintes estâncias do episódio do gigante Adamastor:

37
Porém já cinco sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca de outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
~ noute, estando descuidados,
Quando ua
Na cortadora proa vigiando,
~ nuvem que os ares escurece,
ua
Sobre nossas cabeças aparece.

38
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo.
- «Ó Potestade (disse) sublimada:
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?»

39
Não acabava, quando ua~ figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.

60
40
Tão grande era de membros que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

2. Transcreve da estância 37:

a. Duas referências temporais: _________________________________________________________________________________

b. Duas referências espaciais: ___________________________________________________________________________________

3. Aponta as alterações meteorológicas que antecedem o aparecimento do gigante


Adamastor e o seu efeito junto dos marinheiros.

4. Quem se dirige à «Potestade sublimada» (est. 38)? Com que intenção?

5. Completa o quadro com as características físicas do gigante Adamastor referi-


das na estância 39:

Elementos Características

Figura Robusta e válida

61
6. Refere os aspetos caracterizados na estância 40.

6.1 Identifica os recursos expressivos utilizados nessa caracterização e explica o


seu valor expressivo.

7. Indica de que forma este episódio é importante para valorizar as ações do herói
d’ Os Lusíadas – o povo português.

Canto VI, est. 70-93


1. Lê atentamente o seguinte excerto, retirado do episódio d’ A Tempestade.

70
Mas, neste passo, assim prontos estando
Eis o mestre, que olhando os ares anda,
O apito toca: acordam despertando
Os marinheiros dua ~ e doutra banda;
E, porque o vento vinha refrescando,
Os traquetes das gáveas tomar manda:
– «Alerta – disse, estai, que o vento crece
Daquela nuvem negra que aparece!»

71
Não eram os traquetes bem tomados,
Quando dá a grande e súbita procela
– «Amaina, disse o mestre a grandes brados -,
Amaina – disse - amaina a grande vela!»
Não esperam os ventos indignados
Que amainassem, mas juntos dando nela,
Em pedaços a fazem, c’ um ruído
Que o Mundo pareceu ser destruído.

62
72
O céu fere com gritos nisto a gente,
C’ um súbito temor e desacordo,
Que, no romper da vela, a nau pendente
Toma grão soma de água pelo bordo.
– «Alija - disse o mestre rijamente -,
Alija tudo ao mar! Não falte acordo!
Vão outros dar à bomba, não cessando!
À bomba, que nos imos alagando!»

73
Correm logo os soldados animosos
A dar à bomba, e, tanto que chegaram,
Os balanços, que os mares temerosos
Deram à nau, num bordo os derribaram.
Três marinheiros, duros e forçosos,
A menear o leme não bastaram;
Talhas lhe punham dua~ e doutra parte,
Sem aproveitar dos homens força e arte.

74
Os ventos eram tais que não puderam
Mostrar mais força de ímpeto cruel,
Se para derribar então vieram
A fortíssima torre de Babel.
Nos altíssimos mares, que creceram,
A pequena grandura dum batel
Mostra a possante nau, que move espanto,
Vendo que se sustém nas ondas tanto.

75
A nau grande, em que vai Paulo da Gama,
Quebrado leva o mastro pelo meio,
Quase toda alagada; a gente chama
Aquele que a salvar o mundo veio.
Não menos gritos vãos ao ar derrama
Toda a nau de Coelho, com receio,
Conquanto teve o mestre tanto tento,
Que primeiro amainou que desse o vento.
63
2. No momento em que os homens estavam prontos para ouvir a história de Veloso,
«o apito toca» (est. 70).

2.1 Indica a razão desse alarme.


2.2 Refere as medidas imediatamente tomadas.

3. De repente, a tempestade cai sobre os homens e as naus.


Ordena cronologicamente as ações que se seguiram:

a. O vento destrói o mastro da nau de Paulo da Gama.


b. As velas grandes são recolhidas.
c. Os marinheiros tentam, em vão, segurar o leme com cordas.
d. As ondas aumentam de tamanho e ninguém entende como uma nau tão peque-
na se aguenta.

e. Os terríveis ventos desfazem a vela grande e a nau enche-se de água.


f. Ouvem-se os gritos dos marinheiros da nau de Nicolau Coelho.
g. Os homens recebem ordens para atirarem a carga ao mar e retirarem a água
com bombas.

h. Os homens são atirados para um dos lados da nau.

4. Faz o levantamento de todas as palavras e expressões que destaquem a violên-


cia da tempestade.

5. Retira do texto um exemplo para cada um dos seguintes recursos expressivos:

Hipérbato

Personificação

Hipérbole

Perífrase

64
6. Preenche o seguinte crucigrama:
1

2 Verticais: 1. nome da Ninfa que se dirige


ao Vento Sul; 3. recurso expressivo que
3 4 traduz a intensidade do amor de Noto
por Galateia (est. 90, v. 6); 4. a quem se
6
refere a expressão «Outros amores»
5
(est. 91); vertical; 6. recurso expressivo
presente no verso 8 da estância 89.

7 8

9 Horizontais: 2. vento norte; 5. advérbio de


modo que indica a rapidez com que as Ninfas
acalmavam os ventos; 7. tema a que se referem
as estâncias 89 a 91; 8. Vénus e os ventos esta-
beleceram um; 9. Primeiro adjetivo que Oritia
utiliza para caracterizar Bóreas.

Canto IX, est. 19-21


1. Lê atentamente o seguinte excerto, relativo à determinação de Vénus, no Canto IX.

18
Porém a Deusa Cípria, que ordenada
Era, pera favor dos Lusitanos,
Do Padre Eterno, e por bom génio dada,
Que sempre os guia já de longos anos,
A glória por trabalhos alcançada,
Satisfação de bem sofridos danos,
Lhe andava já ordenando, e pretendia
Dar-lhe nos mares tristes alegria,

19
Despois de ter um pouco revolvido
Na mente o largo mar que navegaram,
Os trabalhos que pelo Deus nascido
Nas Amphioneas Thebas se causaram,
Já trazia de longe no sentido,
Pera prémio de quanto mal passaram,
Buscar-lhe algum deleite, algum descanso,
No Reino de cristal, líquido e manso; 65
20
Algum repouso em fim, com que pudesse
Refocilar a lassa humanidade
Dos navegantes seus, como interesse
Do trabalho que incurta a breve idade.
Parece-lhe razão que conta desse
A seu filho, por cuja potestade
Os Deuses faz descer ao vil terreno
E os humanos subir ao céu sereno.

21
Isto bem revolvido, determina
De ter-lhe aparelhada, lá no meio
Das águas, alg ~ua insula divina,
Ornada de esmaltado e verde arreio;
Que muitas tem no reino que confina
Da primeira c’o terreno seio,
Afora as que possui soberanas
Pera dentro das portas Herculanas.

2. Para responderes a cada item, seleciona a opção que permite obter uma afirma-
ção adequada ao sentido do texto.
2.1 A expressão «Porém», no início da estância 18, introduz
a. uma oposição, que indicia uma alteração no rumo da viagem dos portugueses.
b. uma alternativa em relação à viagem de regresso.
c. uma condição para que se concretize a viagem de regresso.
d. uma consequência da decisão dos deuses.

2.2 O principal objetivo de Vénus era


a. guiar os portugueses até à pátria.
b. recompensar os lusitanos.
c. obedecer ao pai dos deuses.
d. agradar ao seu filho Cupido.

2.3 A decisão de Vénus relativamente aos portugueses fora uma ideia


a. ponderada e refletida.
b. impulsiva a imediata.
c. ponderada e recente.
d. imprevisível e emotiva.
66
2.4 A palavra com o significado que mais se aproxima do nome «danos» (est. 18,
v. 6) é
a. proveitos.
b. obstáculos.
c. dificuldades.
d. provações.

3. Explicita a ordem dada por Júpiter a Vénus.

4. Indica duas das razões que levaram Vénus a querer proporcionar uma alegria aos
navegantes portugueses.

5. Relê as estâncias 20 e 21.


Identifica o prémio preparado por Vénus e explicita os objetivos da Deusa ao
executar o seu plano.

6. Elabora uma paráfrase dos versos 5 a 8 da estância 20, ou seja, reescreve-os por
palavras tuas.

7. Identifica os recursos expressivos presentes nas seguintes passagens:


a. «Do Padre Eterno, e por bom génio dada»;
b. «Dar-lhe nos mares tristes alegria»;
c. «No Reino de cristal, líquido e manso».

Canto IX, est. 78-81


1. Lê atentamente o seguinte excerto, relativo ao episódio de Leonardo, no Canto IX.

75
Leonardo, soldado bem desposto,
Manhoso, cavaleiro e namorado,
A quem Amor não dera um só desgosto
Mas sempre fora dele mal tratado,
E tinha já por firme prossuposto
Ser com amores mal afortunado,
Porém não que perdesse a esperança
De inda poder seu Fado ter mudança,

67
76
Quis aqui sua ventura que corria
Após Efire, exemplo de beleza,
Que mais caro que as outras dar queria
O que deu pera dar-se a natureza.
Já cansado, correndo, lhe dizia:
– Ó fermosura indigna de aspereza,
Pois desta vida te concedo a palma,
Espera um corpo de quem levas a alma!

77
Todas de correr cansam, Ninfa pura,
Rendendo-se à vontade do inimigo,
Tu só de mi só foges na espessura?
Quem te disse que eu era o que te sigo?
Se to tem dito já aquela ventura
Que em toda a parte sempre anda comigo,
Oh! não na creas, porque eu, quando a cria,
Mil vezes cada hora me mentia.

2. Caracteriza Leonardo, a partir dos elementos presentes no texto.

3. Relaciona a atitude da Ninfa com a vivência amorosa de Leonardo no passado.

4. Identifica o argumento utilizado por Leonardo para justificar o comportamento


de Efire.

5. Integra este episódio na estrutura interna d’ Os Lusíadas.

68
CONFERE
Concluído o estudo do BLOCO 3, confere se sabes:
SIM NÃO

• a biografia de Luís de Camões (pág. 37)

• que géneros literários abarcou a obra do poeta (pág. 38)

• caracterizar a época em que ele viveu (pág. 38)

• o que são o Renascimento, o Humanismo e o


Classicismo (pág. 38)

• o que é uma epopeia (pág. 39)

• quais são as características das epopeias clássicas (pág. 39)

• quais são as características da epopeia camoniana (pág. 39)

• como se organiza a estrutura externa e a estrutura interna de


Os Lusíadas (pág. 41)

• que partes constituem a obra (pág. 41)

• quais são os diversos planos narrativos da obra (pág. 41)

• o que é a narração in media res (pág. 41)

• quais os episódios mais importantes d’Os Lusíadas (pág. 45)

• compreender o valor simbólico dos episódios indicados nas


Metas Curriculares (págs. 45-50)

69
Soluções
8.2 Resposta livre. 5. Os adjetivos são: medonho, irado, seguro, armado,
forte, duro;
(Ex. pontuação expressiva, metáfora, adjetivação…)
6. O Céu tremeu, e Apolo, de torvado, / Um pouco a luz
perdeu, como enfiado;
BLOCO 3 6.1 Hipérbole.

O TEXTO ÉPICO Canto III, 118-137


2. a. Para o Céu cristalino alevantando/ Com lágrimas os
olhos piedosos; b. Cuja orfandade como mãe temia; c.
pág. 51-68 Para o avô cruel assi dizia; d. Se de humano é matar a
donzela; e. Se neles achar posso a piedade/ Que entre
1. a. F; b. F; c. F; d. V; e. V; f. V; g. F; h. V; i. V; j. F; k. F; l. V; peitos humanos não achei.
m. F; n. V.
3. Inês de Castro dirige-se ao rei com o intuito de o de-
Canto I, est. 1-3 mover da decisão de a assassinar;

2. Viagem: Por mares nunca dantes navegados / Passa- 3.1 Inês afirma, em primeiro lugar, que se os animais sel-
ram ainda além da Taprobana; vagens demonstram piedade para com crianças inocen-
Deuses: A quem Neptuno e Marte obedeceram tes, o rei, que é humano, também o deve fazer em relação
aos seus filhos. Em segundo lugar, reforça que não co-
História de Portugal: As armas e os barões assinalados;
meteu nenhum crime e, como tal, não deve ser conde-
as memórias gloriosas / Daqueles Reis, que foram dila-
nada. Finalmente, pede ao rei que a desterre para um
tando A Fé, o Império, e as terras viciosas /De África e
lugar longínquo, onde possa continuar a amar
de Ásia andaram devastando.
D. Pedro e a cuidar dos filhos de ambos;
Intervenções do poeta: Cantando espalharei por toda
parte /Se a tanto me ajudar o engenho e arte. 3.2 Inês caracteriza-se pelo grande amor que tem pelos
filhos e por D. Pedro. Apesar de dominada pelos algozes,
3. Nestas estâncias, o poeta anuncia que pretende cantar teve a coragem de enfrentar, com altivez, aqueles que a
os feitos heroicos do povo português; condenavam e de lhes dirigir palavras que relembravam
a sua inocência e apelavam à piedade.
4. Ele deseja que o seu canto se torne universal, espa-
lhando pelos quatro cantos do mundo a glória portu-
4.
guesa;
Personificação Intensificar a crueldade do Amor e o
5. Com esta comparação, pretende destacar a superiori-
e apóstrofe seu poder sobre o ser humano.
dade do herói português;
Acentuar a violência da barbárie co-
6. Hipérbole: Mais do que prometia a força humana / A Hipérbole metida contra D. Inês e o seu
quem Neptuno e Marte obedecera; sinédoque: ocidental efeito nos homens.
praia Lusitana/ peito ilustre Lusitano; hipérbato: e as
Mostrar que Inês vivia a sua juven-
terras viciosas De África e de Ásia andaram devas- Metáfora
tude de forma tranquila e agradável.
tando.
Ao comparar Policena (com quem
Canto I, est. 4-5
D. Inês é comparada) a uma ovelha
2. O poeta invoca as Tágides, Ninfas do Tejo; Comparação
mansa e paciente, o poeta acentua a
sua fragilidade e submissão.
3. Modo imperativo: o seu uso repetido reforça e expli-
cita o pedido de ajuda feito pelo poeta. Permitir uma visualização de Inês
Metáfora
morta, com as faces secas e sem cor.
4. Segundo o poeta, a poesia épica faz «o peito acende[r]
e a cor ao gesto muda[r]»; Reforçar o caráter justiceiro do rei
Enumeração
D. Pedro.
5. Pretende mostrar que o som da poesia lírica é dema-
siado suave e humilde para glorificar os portugueses.
Canto IV, est. 83-93
Essa glorificação só será conseguida através do som po-
1. a. V; b. V; c. V; d. F; e. V; f. F; g. F (dirige-se ao Rei de Me-
tente da tuba – o som da poesia épica.
linde); h. F; i. V; j. V; k.; l.
Canto I, 19-41
2.1 Estância 88: nós, viemos. Estância 89: nos, nos;
1. Luís de Camões Canto I / Júpiter / mensageiro / Olimpo /
/ estrelas / cetro / horrendo / portugueses / marítima / 2.2 Vasco da Gama é o narrador e personagem da histó-
vinho / Oriente / Amor / Marte / Baco. ria que conta ao rei de Melinde. Utiliza o plural porque se
refere a si e aos seus marinheiros;
3. «As partes em porfia» são, por um lado, Vénus e Júpi-
ter, os apoiantes dos portugueses e, por outro, o seu 3. Resposta livre.
opositor, Baco;
4. Serve para reforçar que foram muitos os que ocorre-
4. Marte apoia Vénus e os Portugueses ou pela admira- ram ao cais naquele dia e que tinham razões diferentes
ção que sente por estes, ou pelo amor antigo que nutre para o fazer.
por Vénus;
244
Soluções
5. Despedirem-se dos familiares ou assistirem à partida, 5. Hipérbato: «A nau grande, em que vai Paulo da
por curiosidade. Gama,/Quebrado leva o mastro pelo meio»; Personifi-
cação: «ventos indignados»; Hipérbole: «Os ventos eram
6. Os que ficam sentem já as saudades e a tristeza tais que não puderam/Mostrar mais força de ímpeto
(«Saudosos na vista e descontentes»), estão muito emo- cruel, /Se para derribar então vieram/A fortíssima torre
cionados («As mulheres c'um choro piedoso, / Os ho- de Babel»; Perífrase: «Aquele que a salvar o mundo veio»
mens com suspiros que arrancavam») e temem o pior (Jesus Cristo).
(«Por perdidos as gentes nos julgavam»).
6. Horizantais: 2. Bóreas; 5. Subitamente; 7. Amor;
Canto V, est. 37-60 8. Acordo; 9. Fero.
2. a. «cinco sóis eram passados» / «a noute». b. «dali»/ Verticais: 1. Galateia; 3. Hipérbole; 6. Antíntese
/ «cortando / Os mares nunca de outrem navegados»;
Canto IX, est. 19-21
3. Uma nuvem escura surge no céu, inesperadamente,
2.1 a).
e provoca um grande medo nos marinheiros;
2.2 b).
4. Vasco da Gama dirige-se à «Potestade sublimada» 2.3 a).
para lhe perguntar que mistério terrível encerra aquela 2.4 d).
nuvem.
3. Júpiter ordenara a Vénus que guiasse e protegesse
5. sempre os portugueses, o que deveria acontecer tam-
bém na viagem de regresso à pátria.
Figura Robusta e válida
4. Por um lado, Vénus protegia o povo lusitano desde
Estatura Disforme e grandíssima
longa data: «Que sempre os guia já de longos anos». Por
Rosto Carregado outro lado, desejava recompensá-los pelas agruras su-
Barba Esquálida portadas durante a viagem de descoberta do caminho
marítimo para a Índia.
Olhos Encovados
Postura Medonha e má 5. Vénus decidira preparar uma ilha divina, densa de ve-
getação, que os nautas encontrariam no caminho de re-
Cor Terrena e pálida gresso, para que estes pudessem recuperar forças, após
Cabelos Crespos e cheios de terra os trabalhos passados.

Boca Negra 6. Para conseguir concretizar o seu plano, Vénus vai pro-
Dentes Amarelos curar o Deus do Amor, seu filho Cupido, contando com o
seu poder de lançar setas para despertar a paixão.
6. Os membros e o tom de voz do Adamastor. Deste modo, aproximará os deuses dos Homens mas
também permitirá que os Homens, neste caso os heróis
6.1 Comparação e hipérbole: o tamanho dos seus mem- lusos, pisem chão divino.
bros é tal, que o Adamastor é comparado ao colosso de
Rodes, comprovando-se, assim, o seu tamanho anormal. 7. a. Perífrase;
Adjetivação: o tom de voz é aterrorizador. b. Antítese;
c. Perífrase, metáfora, dupla adjetivação.
7. O herói que enfrenta o Adamastor – o povo português
– sai a ganhar deste confronto. Na verdade, a viagem não Canto IX, est. 78-81
foi fácil e o maior obstáculo foi ultrapassado, pois o Ada- 1. Leonardo era um soldado alegre, sedutor, cavaleiro e
mastor afasta-se, vencido pelo amor e pela emoção. muito enamorado. O marinheiro/soldado sofrera sem-
pre por amor ao longo da vida: «A quem Amor não dera
Canto VI, 70-93 um só desgosto / Mas sempre fora dele mal tratado».
2.1 O alarme foi dado porque o vento estava a aumentar Apesar de acreditar que nunca seria afortunado no
e aproximava-se uma nuvem negra. amor, nunca perdera a esperança de amar e ser amado.

2.2 Imediatamente, o mestre da nau manda recolher as 2. A atitude de Efire, que se revelou a mais esquiva das
velas mais altas. Ninfas, pois não se rendia à perseguição do navegante,
coadunava-se com a experiência amorosa de Leonardo
3. b. As velas grandes são recolhidas. e. Os terríveis ven- até então, porque este sempre fora infortunado no
tos desfazem a vela grande e a nau enche-se de água. g. amor.
Os homens recebem ordens para atirarem a carga ao
mar e retirarem a água com bombas. h. Os homens são 4.Leonardo argumenta referindo a sua desventura no
atirados para um dos lados da nau. c. Os marinheiros amor: «Se to tem dito já aquela ventura / Que em toda a
tentam, em vão, segurar o leme com cordas. d. As ondas parte sempre anda comigo».
aumentam de tamanho e ninguém entende como uma
nau tão pequena se aguenta. a. O vento destrói o mastro 5. Este episódio integra-se na narração, no episódio da
da nau de Paulo da Gama. 8.º Ouvem-se os gritos dos Ilha dos Amores, em que o plano da viagem e o plano mi-
marinheiros da nau de Nicolau Coelho. tológico se cruzam, simbolizando o prémio atribuído
pelos Deuses aos navegadores.
4. Estância 71: «grande e súbita procela», «ventos indig-
nados». Estância 71: «O céu fere com gritos». Estância
73: « os mares temerosos», Estância 74: «Os ventos
eram tais que não puderam/Mostrar mais força de ím-
peto cruel», « altíssimos mares, que creceram». 245

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