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ARTIGO ARTICLE 1267

Avaliação de satisfação de usuários:


considerações teórico-conceituais

User satisfaction assessment:


theoretical and conceptual concerns

Monique Azevedo Esperidião 1

Leny Alves Bomfim Trad 1

Abstract Introdução

1 Instituto de Saúde Coletiva, The present article develops a critical analysis De acordo com Chen 1, a literatura sobre avalia-
Universidade Federal
of the scientific output on user satisfaction in ção, durante muito tempo, desprezou a impor-
da Bahia, Salvador, Brasil.
health services, focusing specifically on theoreti- tância da teoria no processo avaliativo, consti-
Correspondência cal and conceptual aspects. The article discusses tuindo-se em modelos de avaliação do tipo “cai-
M. A. Espiridião
the understanding of satisfaction as a concept xa preta”, nos quais os resultados são produzi-
Instituto de Saúde
Coletiva, Universidade and its theoretical references and determinants dos sem a explicitação de referenciais teóricos
Federal da Bahia. and application of the concept to the field of ou metodológicos consistentes. Deslandes 2 re-
Rua Almirante Barroso 193,
services. A total of 56 articles were analyzed, flete que, embora a avaliação de serviços atual-
apto. 306, Salvador, BA
41950-350, Brasil. published mainly in periodicals indexed in mente lance mão de teorias e metodologias,
moniqueesper@yahoo.com.br MEDLINE and Web of Science from 1970 to geralmente oriundas das ciências sociais, em
2005. The concepts identified in this literature sua prática institucional a dimensão técnico-
review come mainly from marketing and social operacional da avaliação é reificada de tal mo-
psychology, emphasizing the theory of attitude, do, que a discussão teórico-metodológica se
fulfillment of expectations or needs, and equity. torna obscurecida.
There is a loss of analytical usefulness in the O sentido fundamental ao se teorizar no
concept of satisfaction insofar as it is extended campo da avaliação dos serviços de saúde é,
to various dimensions of health services. sobretudo, o de buscar converter os conceitos
em estratégias, critérios e padrões de medição,
Consumer Satisfaction; Services Evaluation; a fim de contribuir para a produção de medi-
Quality das úteis que auxiliem na tomada de decisão e
subsidiem aperfeiçoamentos no âmbito dos
serviços. A utilização dos conceitos se torna im-
portante na medida em que permitem repre-
sentar aspectos da realidade, através de cons-
truções lógicas estabelecidas de acordo com
um quadro teórico de referência.
De acordo com Mendonça 3, todo conceito
possui uma conotação ou compreensão e, pelo
menos uma denotação, extensão ou domínio
de aplicação. A compreensão de um conceito é

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o conjunto das propriedades e relações que o Science no período de 1970 a 2005. Pesquisas
definem. A denotação é o conjunto de todos os manuais também foram conduzidas valendo-
objetos aos quais se pode aplicar o conceito. se de listas de referências de outras revisões,
Conotação e denotação se comportam inversa- buscando acessar os artigos considerados im-
mente: quanto mais limitada for a compreen- portantes. Utilizaram-se como descritores prin-
são de um conceito, mais amplo será o seu do- cipais as palavras-chaves: patient satisfaction,
mínio de aplicação e vice-versa 3. No processo evaluation, health services, user satisfation, theo-
de comunicação, os conceitos se tornam mani- ries, concepts, review, combinadas de diferen-
festos por meio de termos ou palavras; daí que tes formas.
um conceito requer que se utilize o termo mais
adequado, capaz de expressar através de seu
significado o que realmente ocorre na realida- Polissemia e fragilidade conceitual
de empírica. nos estudos de satisfação
A polissemia no campo da avaliação em saú-
de é fenômeno retratado por diversos autores Inicialmente, vale destacar que há na literatura
da área. No caso das avaliações de satisfação de da avaliação de serviços de saúde pelo usuário
usuários de serviços de saúde, reflete-se que, uma vasta terminologia para designar o con-
embora o termo “satisfação” esteja na ordem ceito de usuário: patient, consumer, client, cos-
do dia, sendo referido em larga escala na litera- tumer e user, com predomínio do primeiro, que
tura internacional, é um conceito cujos contor- usualmente carrega certa noção de “passivida-
nos se mostram vagos, reunindo realidades de”. Os termos client, costumer e consumer são
múltiplas e diversas. oriundos do setor privado 13 e refletem a per-
Os estudos de satisfação de usuários ganha- cepção de que o papel do usuário na arena dos
ram destaque na literatura principalmente na serviços de saúde deve ser similar ao papel que
década de 1970, nos Estados Unidos e na Ingla- exercem quando compram produtos e serviços
terra, inseridos no paradigma do consumismo no mercado 9. Consumer encontra-se mais re-
e na cultura da qualidade 4,5. Neste contexto, a lacionado à idéia de coletividade, enquanto cos-
satisfação do usuário é considerada uma meta tumer refere-se ao indivíduo 13. O termo “clien-
a ser alcançada pelos serviços, devendo, por- te” (client) designa mais explicitamente aquele
tanto, ser pesquisada visando a aperfeiçoa- que paga pelo serviço 14.
mentos no sistema de serviços de saúde. No O termo “usuário” (user), por sua vez, é pou-
Brasil, os estudos se desenvolveram na década co utilizado em âmbito internacional, diferen-
de 1990, a partir do fortalecimento do controle temente do que acontece no Brasil, onde é em-
social no âmbito do SUS, por intermédio da pregado na literatura científica e nos docu-
participação da comunidade nos processos de mentos oficiais. A utilização desse tem como
planejamento e avaliação. pano de fundo a assunção de que o sujeito que
O interesse pela temática foi reforçado tam- usa os serviços de saúde está para além de um
bém porque estudos mostraram que usuários paciente ou de consumidor, visto que especifi-
satisfeitos tendem a aderir ao tratamento pres- cidades colocadas no campo da saúde neces-
crito, a fornecer informações importantes para sariamente incorporam noções de cidadania,
o provedor e a continuar utilizando os serviços pressuposta pela idéia de direito social 15.
de saúde 6,7,8,9,10,11,12, sendo referido, ainda, Quanto ao conceito de satisfação de usuá-
que pacientes satisfeitos são mais propensos a rios, a grande maioria dos artigos pesquisados 4,13,
ter melhor qualidade de vida 7. 16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28 apresenta a crítica

Partindo do pressuposto de que a temática de que as avaliações de satisfação de usuário


de satisfação de usuários apresenta-se em um não são capazes de fornecer um modelo teóri-
cenário de polissemia conceitual e escassa teo- co razoavelmente consistente que possa dar
rização, este artigo analisa o conceito de satis- conta de sua complexidade. Em termos mais
fação empregado nas avaliações de satisfação específicos, alguns autores 5,6,29,30 criticam o
de usuários de serviços de saúde, sistematizan- predomínio de estudos de base empírica. Lin-
do o conjunto de críticas presentes na literatu- der-Peltz 5 questiona também o fato de que
ra, com base em três dimensões principais: (i) poucas pesquisas buscaram testar hipóteses
a compreensão do conceito de satisfação e seus ou teorias (theory-testing studies), ou mesmo
quadros teóricos de referência; (ii) os determi- construir uma teoria (theory-building studies).
nantes da satisfação; (iii) a aplicação do concei-
to de satisfação no âmbito dos serviços de saúde.
Foram analisados 56 artigos publicados em
revistas indexadas pelo MEDLINE e Web of

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Compreensão do conceito um determinado aspecto do serviço 5. Exemplo


de satisfação de usuários: desta teoria, o modelo de Linder-Pelz 5, deno-
modelos oferecidos pela literatura minado teoria do valor-expectativa (value-ex-
pectancy theory), considera a satisfação como
A revisão bibliográfica de Ware & Snyder 26 uma atitude positiva relativa à crença de que o
identificou que, até 1975, não havia uma for- cuidado médico contém certos atributos (aces-
mulação do conceito de satisfação de usuário. so, eficácia, custo, conveniência etc.) que po-
Segundo Linder-Pelz 5, os primeiros estudos dem ser avaliados.
publicados sobre a categoria satisfação focali- A teoria da eqüidade considera que os usuá-
zavam a satisfação com o trabalho ou emprego rios avaliam os serviços em termos de “ganhos”
(job satisfaction), dos quais derivaram-se con- e “perdas” individuais e na comparação com
siderações acerca da satisfação do paciente. outros usuários. Embora pouco referida pelos
Trinta anos depois da primeira revisão rea- estudos empíricos, a teoria da eqüidade tem si-
lizada por Ware & Snyder 26, a revisão de Turris 4 do bastante valorizada pelos estudiosos do te-
ratifica que há um largo consenso na literatura ma, pois postula que o usuário avalia os servi-
em considerar que a satisfação do paciente é ços segundo critérios de eqüidade 5 e, dessa for-
um conceito pouco teorizado. ma, introduz elementos de comparação social,
Para esse autor 4, os conceitos atualmente confrontando a avaliação de um único pacien-
oferecidos nos permitem apenas construir uma te com as dos demais 28,33.
abordagem limitada do tipo checklist para a ob- Na teoria da realização, a satisfação é dada
tenção da satisfação do paciente, no lugar de de- simplesmente pela diferença entre o que é de-
senvolver uma compreensão de questões mais sejado, ou esperado, e o que é obtido 5,28. Esta
amplas sobre as experiências individuais rela- teoria tem sido bastante criticada por não con-
tivas aos serviços de saúde. O autor destaca a siderar a experiência do serviço. Dois tipos de
necessidade do uso de diferentes lentes teóricas teoria da realização podem ser encontrados: a
para o entendimento da satisfação de pacien- realização da expectativa e a realização da ne-
tes, considerando diferentes valores, crenças e cessidade. Neste último, estudos mostram que
visões de mundo, sem o que os pesquisadores aspectos da efetividade do serviço e o nível de
continuarão selecionando os indicadores “mais saúde do usuário são levados em conta nas res-
óbvios” para a mensuração da satisfação. postas sobre a satisfação 16. Kane et al. 34 estu-
Os enfoques teóricos encontrados para a daram a relação entre satisfação e resultados
compreensão da satisfação de usuários de ser- clínicos e encontraram que, embora relaciona-
viços de saúde são predominantemente abor- dos, outros fatores atuaram na determinação
dagens da escola de psicologia social, de ver- da satisfação.
tente marcadamente norte-americana 5 e do A teoria da realização da expectativa (ful-
marketing 31, a saber: teoria da atitude, teoria fillment expectation) ou teoria da confirmação
da discrepância, teoria da realização (de expec- da expectativa (disconfirmation expectancy
tativas e de necessidades) e teoria da eqüidade. theory) é também bastante utilizada nos estu-
Essas teorias centram-se nos usuários, desta- dos empíricos, sendo, sem dúvida, a mais criti-
cadamente em aspectos psicológicos como cada pela literatura. De acordo com este mo-
crenças, expectativas e percepções. delo, o usuário demonstra satisfação quando
Vale mencionar que, enquanto alguns mo- recebe aquilo que esperava do serviço ou mais
delos teórico-conceituais são bastante desen- do que esperava 5,18,28,32.
volvidos e comentados na literatura, como a O problema do emprego desta teoria para a
teoria da discrepância e a teoria da realização avaliação da qualidade dos serviços está em
ou confirmação da expectativa, outros são ape- que este indicador permite somente saber o
nas mencionados, como a teoria da eqüidade e quanto um serviço foi melhor que a expectati-
a teoria da realização de necessidades. va do respondente. Corre-se o risco de não se
A teoria da discrepância é a mais utilizada avaliarem os serviços de saúde, mas algo com-
nas pesquisas 28. Os níveis de satisfação são pre- pletamente diferente, baseado apenas no dese-
ditos a partir da diferença entre as expectativas jo de alguém 16,28. Alguns autores consideram
e a percepção da experiência 5,13,28,30,32. Alguns que essa associação é própria para o senso co-
autores buscaram testar esta teoria e observa- mum, mas não cabe para fundamentar a práti-
ram que ela é capaz de dar conta de apenas uma ca da pesquisa em saúde 28,35,36.
parte da variação dos níveis de satisfação 16. Com efeito, Newsome & Wright 23 (p. 162)
Na teoria da atitude, a satisfação é entendi- consideram que a percepção da qualidade an-
da como uma atitude, ou seja, uma avaliação tecede a satisfação do paciente, podendo ocor-
positiva ou negativa feita pelo indivíduo sobre rer independente da experiência relativa a um

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serviço, como em: “Eu sei que Dr. X faz um tra- isso, observa-se que os usuários distinguem an-
balho de alta qualidade, embora eu não tenha tecipadamente diferentes tipos de desempe-
sido seu paciente”. No entanto, para estes mes- nho dos serviços e estabelecem uma zona de
mos autores, a satisfação só ocorre em decor- tolerância, situada entre os serviços desejados
rência da experiência atual com o serviço em e os adequados. Quando o desempenho é su-
questão: “Eu não posso te dizer o quanto estou perior ou inferior à zona de tolerância, o usuá-
satisfeito com Dr. X, porque eu nunca fui trata- rio manifesta satisfação/insatisfação.
do por ele”. Embora este modelo contribua trazendo os
Ademais, estudos têm buscado testar a cor- diferentes níveis de expectativa dos usuários, é
relação entre satisfação e expectativas e, en- também um modelo centrado somente na rea-
quanto alguns apontam que essa associação é lização da expectativa destes. De modo seme-
inconsistente 7,24,37,38, outros refutam a sua lhante, Pascoe 31, com base em uma vasta revi-
existência 16. Neste último caso, é possível que são de literatura, formula seu próprio modelo
haja satisfação para um dado item do serviço, conceitual de satisfação. Considera que a satis-
em relação ao qual o paciente não tinha nenhu- fação é uma avaliação pessoal do serviço rece-
ma expectativa 39. Vale destacar que essa varia- bido, baseada em padrões subjetivos de ordem
bilidade de correlações reportadas na literatu- cognitiva e afetiva e é estabelecida pela com-
ra entre satisfação e expectativas pode ser ex- paração entre a experiência vivida e critérios
plicada pela diversidade de metodologias utili- subjetivos do usuário. Esses critérios incluem a
zadas nos estudos e pelas diferentes dimensões combinação dos seguintes elementos: um ideal
dos serviços avaliadas 24. de serviço, uma noção de serviço merecido,
Outros autores, por sua vez, defendem o uma média da experiência passada em situa-
emprego da categoria expectativa na avaliação ções de serviços similares e um nível subjetivo
da satisfação. Staniszewska & Ahmed 24 mos- mínimo da qualidade de serviços a alcançar
tram que esta é uma medida mais complexa do para ser aceitável 31. Segundo Aharony & Stras-
que a literatura costuma retratar. Pode variar ser 6, o modelo de Pascoe também não foi tes-
em tipos, em valores (positivas e negativas) e tado ou comprovado, apesar de ser bastante
modificam-se ao longo do cuidado recebido. empregado na literatura.
Para estes autores, as expectativas negativas, Cabe ressaltar que autores que têm revisado
por exemplo, são importantes de serem estu- a literatura sobre expectativas dos usuários 40,41
dadas na medida em que podem refletir “a cons- consideram que existe pouco arsenal teórico e
ciência política e econômica do paciente sobre metodológico na literatura disponível para o es-
as circunstâncias em que os serviços se encon- tudo da expectativa do paciente e apontam que
tram” 24 (p. 371), como em situações em que o o conceito de expectativa, as tipologias utiliza-
atendimento é reconhecido como de baixa das e os métodos de pesquisa precisam ser mais
qualidade, mas porque existem muitos pacien- bem investigados. Marcinowicz 40 sugere a utili-
tes para serem atendidos. A formação de ex- zação de pesquisas qualitativas e a necessidade
pectativas negativas também pode afetar os re- de padronização da terminologia sobre expec-
sultados do tratamento, uma vez que os estu- tativa dos usuários na literatura internacional.
dos sobre eficácia de placebos mostram que Ainda que os enfoques teóricos descritos
estes estão associados às expectativas positivas até agora se superponham em alguma medida,
do cuidado 24. alguns podem ser caracterizados como “mode-
Newsome & Wright 23 citam o modelo de los combinados”. Swan 42 propõe um modelo
Zeithaml & Bitner, que diferencia os níveis de que contém quatro construtos básicos: (i) a per-
expectativas dos usuários. O primeiro nível é cepção do desempenho do serviço, (ii) a con-
dos serviços desejados (desired services), aquele firmação da expectativa a respeito do desem-
que o usuário gostaria de receber. Os usuários, penho e a percepção de tratamento eqüitativo,
no entanto, reconhecem que nem sempre é (iii) a satisfação geral e (iv) a intenção de revisi-
possível alcançar o serviço desejado, portanto tar ou evitar o serviço no futuro. A contribui-
eles carregam um segundo nível de expectati- ção do modelo de Swan 42, denominado de qua-
vas, os serviços adequados (adequate services). tro estágios, é que ele leva em consideração a
Este representa um mínimo tolerável do de- eqüidade – o sentimento do paciente de ter si-
sempenho dos serviços. Finalmente, os servi- do tratado justa ou injustamente – como parte
ços presumidos (predicted services) represen- importante do processo de avaliação, além da
tam o nível de expectativas no qual os usuários expectativa e da percepção do desempenho do
dimensionam aquilo que de fato os aguarda serviço. Esses fatores estariam relacionados
nos serviços, fazendo inferências sobre a pro- com a satisfação geral, que, por sua vez, deter-
babilidade do desempenho dos serviços. Com mina o retorno ao serviço.

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Com efeito, a satisfação tem sido estudada so, forma de pagamento, tempo de tratamento,
como uma variável causal que leva o usuário à marcação de consulta e outros).
procura do atendimento médico e, ao mesmo De modo geral, destacam-se dois grandes
tempo, um resultado desta experiência 5,12,31, grupos de fatores relacionados com a satisfa-
43,44 . Para Wartman et al. 44 , no primeiro caso, ção. Um relativo ao serviço e aos seus provedo-
admite-se que deve haver uma satisfação geral res, e outro inerente aos próprios usuários. A li-
com o sistema de saúde ou uma crença em sua teratura diverge bastante no que se refere aos
efetividade (garantia de utilização). No segun- determinantes relativos aos usuários. Enquan-
do caso, quando a satisfação determina o re- to uns estudos mostram associação positiva,
torno do usuário, há uma satisfação mais espe- outros mostram associação negativa, havendo
cífica com o serviço em questão (garantia de ainda um terceiro grupo, que não encontra as-
retorno). De modo análogo, o modelo de dupla sociação alguma 32,45.
causalidade entre satisfação e uso de serviços, A variável que apresenta maior concordân-
elaborado por Zastony et al. 12, distingue a sa- cia entre os estudos é a idade 16,33. Segundo As-
tisfação como “input” e “output”. pinal et al. 16, é possível que tal explicação não
Os modelos explicativos anteriormente re- esteja relacionada com a idade per se, mas com
feridos refletem a introdução de paradigmas as características de grupos mais idosos, como
do marketing no campo da saúde. Tal qual a o maior carisma ou menores expectativas. Para
busca da fidelidade do consumidor a produtos a variável gênero, embora alguns autores não
e serviços no mercado, a satisfação aqui é estu- encontrem variação, outros apontam que as
dada em associação ao conhecimento das in- mulheres estão mais aptas a criticar os servi-
tenções de comportamento do usuário, bus- ços, constituindo-se em boas informantes para
cando monitorar e prever o retorno aos servi- as pesquisas 17. Mesmo que alguns autores na
ços ou a procura de outros provedores. Sem literatura internacional não encontrem asso-
minimizar tal preocupação, essas questões de ciação entre satisfação e renda, ou entre satis-
fato interessam ao campo da saúde, uma vez fação e escolaridade, no Brasil parece haver
que há ganhos valiosos quando da continuida- uma correlação inversa, estando os usuários de
de do tratamento, podendo este interferir na camadas mais populares mais satisfeitos com
efetividade terapêutica, com a maior adesão os serviços 15,33.
aos procedimentos recomendados. Com relação aos determinantes relativos
aos serviços, também é observada divergência.
A maioria dos estudos atribui a satisfação a as-
Determinantes da satisfação pectos humanitários da relação médico-pa-
de usuários: fatores relativos ciente, à quantidade e qualidade das informa-
aos serviços e aos usuários ções recebidas, à efetividade dos problemas e à
continuidade do atendimento 6,26. No caso de
A despeito das dificuldades em definir a satis- pesquisas brasileiras, no entanto, sobretudo
fação, muitos estudos buscaram estudar a rela- em serviços públicos, além dos fatores huma-
ção entre a satisfação e as variáveis que a de- nitários, os autores referem que os usuários se
terminam. Apesar do esforço dessas investiga- satisfazem com o acesso aos serviços e com a
ções, ainda se sabe pouco sobre a natureza ou disponibilidade de insumos, como vacinas e
o número de fatores que influenciam a satisfa- medicamentos 15.
ção 45,46. Os resultados encontrados na litera- O estudo de meta-análise realizado por Hall
tura são divergentes, indicando baixa consis- & Dornan 47 investigou os aspectos dos servi-
tência entre as pesquisas. ços estudados em 221 artigos sobre satisfação
O trabalho de Weiss 11 sobre os determi- do usuário, o que permite visualizar quais os
nantes da satisfação tem sido bastante citado. fatores dos serviços relacionam-se com a satis-
Weiss, após uma revisão extensa de literatura fação. Os autores, contudo, fazem a ressalva de
sobre o tema, apresenta quatro grupos princi- que seu trabalho mostra a freqüência com que
pais de determinantes da satisfação: (i) carac- cada aspecto foi investigado pelo pesquisador,
terísticas dos pacientes (incluindo as sócio-de- o que não necessariamente representa o quan-
mográficas; as expectativas destes sobre a con- to o usuário valoriza determinado aspecto do
sulta médica e os seus estados de saúde); (ii) serviço. Neste particular, a revisão de Souza 33
características dos profissionais que prestam o aponta também outros critérios derivados da
atendimento (incluindo traços de personalida- opinião de usuários: ser tratado com cortesia
de, qualidade técnica e a “arte do cuidado”); (iii) pela equipe, ser reconhecido por ela, ter enfer-
aspectos da relação médico-paciente; (iv) fato- meiro disponível na unidade, haver disponibi-
res estruturais e ambientais (incluindo o aces- lidade de consulta em 48 horas, tempo de es-

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pera da consulta ser inferior a vinte minutos, A aplicação do conceito de satisfação


unidade não ser muito grande, ser possível a de usuários nos serviços de saúde:
execução de exames na unidade. No caso de qual a função das avaliações?
hospitais, ressalta-se ainda a alimentação, in-
formação, conforto, qualidade dos equipamen- É comum a referência de que a medida de satis-
tos, confiança na equipe, horários de visitas, fação de usuários admite distintas funções 30,51.
acessibilidade e privacidade 21,33. O uso indiscriminado da satisfação para dife-
Sixma et al. 48 buscaram identificar, por in- rentes propósitos pode ser explicado pela fra-
termédio de análise fatorial, a força com que a gilidade teórico-conceitual do termo “satisfa-
satisfação se correlaciona com as variáveis re- ção” anteriormente mencionada. De modo ge-
lacionadas aos usuários e ao serviço. Encontra- ral, distinguem-se duas funções: os estudos ser-
ram que de 90% a 95% das variações da satisfa- vem para descrever os serviços na perspectiva
ção eram resultados de variáveis relacionadas dos usuários 24,35,52 ou para avaliar a qualidade
aos pacientes. Apenas 5% diziam respeito aos dos serviços de saúde 7,8,30,39,53. Esta última é
serviços e seus provedores. Diante disso, os au- considerada a mais freqüente função da avalia-
tores consideram que a satisfação é uma medi- ção de satisfação de usuários.
da subjetiva, centrada no usuário, e que fatores No caso da avaliação da qualidade, de acor-
dos serviços podem ser rechaçados por este ti- do com Donabedian 54,55, a satisfação insere-se
po de avaliação. no componente relacional entre usuários e pro-
De fato, sendo o conceito de satisfação de fissionais. A avaliação da qualidade dos servi-
natureza eminentemente subjetiva, fatores psi- ços admite sempre duas dimensões: o desem-
cossociais têm ganhado relevância no entendi- penho técnico, qual seja, a aplicação do conhe-
mento da satisfação. Ainda conforme Weiss 11, cimento e da tecnologia médica a fim de maxi-
destaca-se a satisfação com a vida em geral e mizar os benefícios e reduzir os riscos, e o rela-
com a comunidade em que reside, o nível de cionamento com o paciente. Segundo este au-
credibilidade dos médicos da região, sentimen- tor, a avaliação da qualidade do cuidado à saú-
tos elevados de controle interno (o indivíduo de pode dar-se em seus três componentes: es-
considera-se responsável pela própria vida), e trutura (recursos utilizados pelo serviço), pro-
não de controle externo (o indivíduo imagina a cesso (procedimentos empregados no manejo
vida controlada por fatores externos à sua pes- dos problemas dos pacientes) e resultado (esta-
soa), e o estado atual da saúde do usuário, que do de saúde do paciente ou da comunidade re-
pode intervir não só pela gravidade do quadro, sultante da interação com o serviço de saúde).
mas pela limitação física, psicológica, social ou A satisfação do usuário geralmente é carac-
mental decorrente da doença, como na depres- terizada como uma avaliação de resultados, es-
são. A expectativa dos pacientes é, sem dúvida, tando associada à efetividade do cuidado ou a
o determinante mais estudado pela literatura, um ganho específico de um determinado tipo
embora, conforme foi mostrado anteriormen- de intervenção 56,57, sendo também descrita em
te, nem todos os autores concordem com essa termos de saúde psicológica do indivíduo 55.
associação. Na qualidade de processo, refere-se, sobretu-
Mais recentemente, estudos de revisão de li- do, à relação interpessoal entre profissional de
teratura 49,50 demonstraram a associação exis- saúde e usuário 18; na avaliação da estrutura
tente entre continuidade do cuidado e satisfa- dos serviços, a satisfação serve para avaliar o
ção do paciente. A revisão crítica de Saultz & Al- contexto e insumos 31. Vale destacar que, ainda
bedaiwi 49 demonstrou que existe uma alta sig- dentro da avaliação da qualidade, a satisfação
nificativa de satisfação quando da presença do de usuário constitui-se em um componente da
cuidado interpessoal continuado; por sua vez, aceitabilidade social 53; esta aceitabilidade re-
Cabana & Jee 50 revelam que existe uma asso- presenta a aceitação e aprovação de um servi-
ciação consistente entre continuidade do cui- ço de saúde por parte de uma população.
dado e satisfação do paciente, sobretudo na Alguns autores fazem críticas ao emprego
atenção a pacientes com condições crônicas, da satisfação para a avaliação da qualidade, ao
como asma e diabetes. considerar que, uma vez que a satisfação está
Em síntese, muitos aspectos são levados fortemente baseada nas expectativas dos usuá-
em consideração na produção da satisfação ou rios, podem-se estar avaliando outros itens, e
insatisfação, variando de estudo para estudo. não especificamente a qualidade dos serviços.
Um melhor entendimento sobre esses deter- Quando se busca avaliar a qualidade de um
minantes requer pesquisas adicionais que se serviço de saúde, é necessário assegurar-se que
valham de métodos e técnicas padronizados, o serviço, e não outros fatores, determine a sua
visando à devida comparação entre os estudos. qualidade 16.

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Observa-se que o conceito de satisfação Este modelo também fornece uma explicação
empregado pode refletir diferentes objetivos para as altas taxas de satisfação reportadas por
de pesquisa (avaliar a qualidade ou conhecer a diversas pesquisas. Para estes autores, a ex-
percepção do usuário) e encontra-se relacio- pressão de satisfação do usuário não necessa-
nado a eventos médicos e não médicos. A sa- riamente reflete uma avaliação positiva. Os pa-
tisfação serve para avaliar desde as “amenida- cientes sentem-se satisfeitos independente-
des do cuidado”, referindo-se a desde alimen- mente da boa qualidade do cuidado recebido e
tação, limpeza e conforto, até qualidade técni- a insatisfação é manifesta apenas em eventos
ca dos serviços. extremamente negativos. Portanto, a satisfação
não indica que um cuidado foi bom, mas que
não foi “muito ruim” 61.
Como os usuários avaliam Por fim, pode-se observar que há um con-
os serviços de saúde? junto de críticas aos modelos oferecidos para a
satisfação de usuários. Tais modelos são consi-
A outra função mencionada para os estudos de derados de abordagem funcionalista 62 e me-
satisfação de usuários é a de oferecer uma ava- canicista 13, desprezando questões prioritárias
liação dos serviços prestados na perspectiva na avaliação dos serviços. Williams 28, ainda
dos usuários. Todavia, tem-se questionado se o mais incisivo, considera a satisfação como um
emprego do conceito de satisfação dá conta de conceito infundado, surgido no bojo do consu-
tal fenômeno 13,16,18,28,35,39,58. mismo e que só faz endossar o status quo dos
Estudos mostram que a avaliação feita pelo serviços, contribuindo muito pouco para a
usuário sobre o serviço não é descrita em ter- avaliação de sua qualidade.
mos de satisfação, ou seja, os usuários rara- Segundo Carr-Hill 13 (p. 242), as teorias forne-
mente usam a frase “estou satisfeito” para des- cidas são modelos simplistas pautados no se-
crever o serviço que receberam 18,28. Sendo as- guinte esquema: “Os pacientes chegam nos ser-
sim, a satisfação não seria a melhor medida pa- viços com objetivos; os médicos fazem algo pe-
ra se alcançar a perspectiva do usuário. los objetivos (ou não); um ‘satissímetro’ (‘satis-
Collins & Nicholson 59 observaram que o someter’) registra o resultado”. Para este autor,
termo “satisfação” é bastante complexo e que independentemente do conceito de satisfação,
nem sempre é compreendido pelo usuário. Re- os modelos não refletem a relação médico-pa-
vela-se um termo vago e fluido, sendo defini- ciente e os usuários apresentam-se numa ati-
do, redefinido e reavaliado diversas vezes pelo tude sempre passiva em face do serviço. Na opi-
usuário durante um processo de avaliação dos nião de Aspinal et al. 16, não é problematizado
serviços de saúde. A esse respeito, Williams 28 se os usuários participam de forma ativa no pro-
adverte que é preciso perguntar ao usuário o cesso de avaliação de modo a influenciar sua
que ele entende por satisfação, antes de avan- própria satisfação. O usuário insere-se nos mo-
çar na avaliação pretendida. delos sempre numa perspectiva “skinneriana” 6.
Sofaer & Firminger 60 relatam a dificuldade
de identificar questões conceituais e metodoló-
gicas relativas à satisfação de usuários, marca- Conclusões
damente a confusão entre a percepção dos pa-
cientes e a satisfação dos pacientes, bem como A despeito do reconhecimento de que todo mo-
a dificuldade de determinar se as variações na delo teórico é sempre parcial e aproximativo, é
percepção dos pacientes devem ser atribuídas necessário reconhecer a pertinência das críti-
às diferenças nas expectativas dos pacientes ou cas que apontam inconsistências teórico-con-
às diferenças em suas experiências atuais. ceituais importantes no âmbito dos estudos de
Alguns autores recomendam que as pesqui- satisfação de usuários. Os conceitos emprega-
sas devam compreender como o paciente ava- dos, além de revelarem-se inconsistentes e de
lia os serviços e estudar os dispositivos cogniti- baixa predição, são relacionados de modo vago
vos acionados quando da avaliação de um ser- e difuso a uma série de eventos dos serviços,
viço 28,35,39. Motivados por essa questão, em entre médicos e não médicos. Se a variedade
1998, Williams et al. 61 desenvolveram um mo- de conceitos formulados para abordar a satis-
delo que identifica que os usuários avaliam os fação de usuário pode evidenciar os esforços
serviços de saúde valendo-se da percepção de em fundamentar teoricamente o tema, revela
que o serviço é obrigado a dar conta de seu também as dificuldades, enfrentadas até então,
problema de saúde e, em caso de não-cumpri- de se estabelecer um referencial teórico estável
mento dessa obrigação, avaliam se o serviço é e consensual. A falta de consenso entre os pes-
culpado pela experiência negativa do usuário. quisadores traduz uma baixa validação externa

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das teorias. Observa-se ainda a falta de consis- cia, por seu turno, ainda que assumam a ex-
tência interna, uma vez que algumas teorias pectativa, permitem uma avaliação da expe-
existentes não foram testadas por seus autores riência do usuário no que se refere ao serviço,
e, quando foram, na maioria dos casos, sofre- estando mais voltados para a “realidade” dos
ram refutação. serviços.
Ademais, as teorias e conceitos apresenta- A análise da literatura permite inferir tam-
dos são oriundos de referenciais teóricos do bém que há perda da utilidade analítica do con-
marketing e da psicologia social, nem sempre ceito de satisfação, na medida em que ele se
reprodutíveis no campo da saúde. Neste parti- aplica a diversos aspectos dos serviços, desde
cular, chama a atenção a ênfase dada à catego- as amenidades destes à dimensão técnica, as-
ria expectativa, ao passo em que é desprezada sumindo distintas funções.
a noção de necessidade, uma categoria bastan- Por fim, a constituição de um consenso de
te valorizada no campo da saúde, particular- especialistas deve ser encorajada, a fim de bus-
mente no âmbito da saúde coletiva. car uma validação para o conceito de satisfa-
Convém problematizar a própria validade ção de usuários e uma operacionalização para
do emprego da categoria expectativa na avalia- a sua medida. Particularmente, pensamos que
ção de satisfação, uma vez que valoriza uma vi- a avaliação de satisfação de usuários em saúde
são idealizada do usuário sobre o serviço. Cor- deve ser valorizada, como parte dos estudos
re-se o risco, assim, de cair no “psicologismo”, das relações interpessoais no âmbito dos servi-
além de desprezar aspectos importantes do ços de saúde e como instrumento de controle
serviço em questão. Os modelos da discrepân- social.

Resumo Colaboradores

O presente artigo desenvolve uma análise crítica da M. A. Esperidião participou de todas as etapas do de-
produção científica sobre o tema da satisfação de senvolvimento da pesquisa e do artigo. L. A. B. Trad
usuários de serviços de saúde, focalizando, especifica- participou da elaboração do artigo, análise e revisão
mente, os aspectos teórico-conceituais. Abrange a dis- do texto.
cussão acerca da compreensão do conceito de satisfa-
ção e seus quadros teóricos de referência, dos determi-
nantes da satisfação e a aplicação do conceito no cam-
po dos serviços. Foram analisados 56 artigos publica- Agradecimentos
dos especialmente em revistas indexadas pelo MEDLINE
e Web of Science no período de 1970 a 2005. Os concei- Agência financiadora: Coordenação de Aperfeiçoa-
tos encontrados provêm principalmente do marketing mento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
e da psicologia social, destacando-se a teoria da atitu-
de, da realização da expectativa ou necessidade e da
eqüidade. Nota-se que há uma perda da utilidade
analítica do conceito satisfação na medida em que seu
conceito é ampliado para diversas dimensões dos ser-
viços de saúde.

Satisfação dos Consumidores; Avaliação dos Serviços;


Qualidade

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SATISFAÇÃO DE USUÁRIOS: CONCEITOS 1275

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