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TURMA REGULAR
CONHECIMENTOS GERAIS MÓDULO – II
JANEIRO - FEVEREIRO
2019
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = == = = = = = = = = = = = = =
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P
O
R
T
U
G
U
Ê
S
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REDAÇÃO
1. O gerúndio é uma forma nominal que apresenta o processo verbal em curso. Daí decorrem as seguintes
características (uso correto):
a) valor de modo (Ele saiu chorando. = Ele saiu choroso.)
b) valor de tempo ( Encontramos Pedro estudando.= Encontramos Pedro que estudava.)
c) valor de duração (Permaneceu atendendo. = Permaneceu no atendimento.)
d) valor de causa/explicação (Enfrentando João, Pedro fez sucesso com as meninas. = Por enfrentar João, Pedro fez
sucesso com as meninas. Ou Pedro fez sucesso com as meninas, porque enfrentou João.)
(Percebendo que o ladrão se aproximava, sentiu medo. =Por perceber que o ladrão se aproximava, sentiu medo. Ou
Sentiu medo, pois percebeu que o ladrão se aproximava.)
e) valor de condição ( Sendo decidido assim, cumpra o acordado.= Se for decidido assim, cumpra o acordado.)
f) ação imediatamente anterior à do verbo principal (Recebendo os documentos, encaminhou-os logo à chefia. =
Quando recebeu os documentos, encaminhou-os logo à chefia.)
EXERCÍCIOS
1. Verifique se ambas as construções correspondem ao considerado como bom uso do gerúndio. Escolha a que
considera mais aceitável ou mais correta. Justifique sua posição com base nas observações acima.
b) O aluno apareceu, sendo recebido pela direção da escola duas semanas depois.
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2. As generalizações e as conclusões “precipitadas” devem ser evitadas durante a elaboração de um texto dissertativo-
argumentativo porque constituem uma espécie de vício na escrita. O mau uso do gerúndio pode gerar tais situações.
Analise as situações abaixo e reescreva-as adequadamente:
a) O Brasil passa por um bom momento na economia gerando um futuro de prosperidade e avanço tecnológico.
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b) As autoridades têm investido em novos projetos na área da Educação trazendo a tão esperada arrancada social.
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a) A comunidade internacional vem esforçando-se no sentido de acompanhar, da melhor maneira possível, a crise no
mundo árabe. Observando diariamente o que lá ocorre.
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b) Os pais devem acompanhar a vida escolar de seus filhos. Demonstrando amor e dedicação. Só assim as crianças
terão bom aproveitamento como estudantes.
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c) Isso ocorre para fazer barulho e chamar atenção dos demais, tornando o trânsito mais barulhento, aumentando o
estresse e prejudicando a audição de muitos.
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d) O país precisa solucionar o problema do menor abandonado alcançando o desenvolvimento social tão esperado.
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2. COESÃO E COERÊNCIA
Um aspecto importante na construção do conteúdo do texto, principalmente no que diz respeito à coesão, coerência
e clareza do texto, está no emprego adequado dos conectivos.
Emprego de palavras ou expressões de sentidos semelhantes na coesão de um texto
Algumas palavras e expressões podem apresentar sentido bastante semelhante. Para empregá-las adequadamente,
é preciso revisar o trecho com atenção.
a) portanto, logo, então : sentido conclusivo; têm relação direta com o que foi dito anteriormente.
b) por isso, por conseguinte: sentido de consequência; podem ser usadas na conclusão.
c) haja vista: levando em consideração isso, considerando isso
d) com isso: usando isso como meio ou instrumento (algo mais concreto)
e) dessa forma, desse modo: usando como medida, modo, maneira de algo ser obtido
f) devido a, em virtude de: por causa de, em razão de
g) em decorrência de: consequentemente, em consequência
h) em detrimento de: em prejuízo de
1. Nas alternativas, numere com a ordem de importância ( 1 é o mais importante) para a coesão do trecho transcrito
da forma mais adequada:
1. Todos têm responsabilidade na questão sustentabilidade. Mundo, continente, nação precisam chegar ao
desenvolvimento de maneira que as gerações futuras possam desfrutar dele. É,___________________,
necessário que os governantes invistam recursos na área de educação e de gestão ambiental.
(A) Dessa forma (B) Para isso (C) Com isso (D) Portanto (E) Logo
2. No contexto atual, ser militar é cumprir rigorosamente ordens e missões; é conduzir-se com idoneidade e apropriação;
é estar sempre pronto para o cumprimento do dever. ________________ homens e mulheres diariamente dedicam-
se ao serviço militar, o que ainda é motivo de orgulho para eles.
(A) Com isso (B) Portanto (C) Dessa forma (D) Por isso (E) Para manter tal condição
3. A implementação de novas alternativas para o transporte público, se feita, possibilitará aos cidadãos mais
tranquilidade e conforto no percurso até o trabalho. É,_______________, necessário que as autoridades viabilizem
os projetos cujo objetivo maior seja atender melhor à população.
(A) Por isso (B) Dessa forma (C ) Consequentemente (D) Com isso (E) Para isso ocorrer
4.Os Estados Unidos possuem hoje grandes vantagens no cenário internacional ___________________________ o
seu grande poder econômico.
(A) haja vista (B) devido ao (c ) considerando (D) com base no (E) a partir do
5. Os países em desenvolvimento têm posto em prática ações conjuntas para solucionar questões ou entraves difíceis
de serem superados isoladamente. ________ tais nações têm alcançado sucesso em iniciativas como os acordos
comerciais do MERCOSUL.
(A) Com isso (B) Se isso for feito (C) Então (D) Logo (E) Para manter essa condição
6. Os projetos de desenvolvimento econômico no Brasil têm buscado formas de crescimento sustentável. _________
seremos reconhecidos, no cenário internacional, como nação desenvolvida.
7. Os funcionários da área da Saúde alegam que, além de sofrerem com a perda de poder de compra do salário,
enfrentam dificuldades muito grandes no exercício da profissão. No local de trabalho, costuma faltar todo tipo de
material. ______________________ resolveram entrar em greve.
(A) Devido a esses entraves (B) Dessa forma (C) Haja vista (D) Consequentemente (E) A partir disso
8. Muitos países, desde o século XX, têm implementado medidas favoráveis à produção e consumo de energia mais
limpa. ______________________ pode-se constatar progresso nessa área; outras fontes em breve surgirão para
atender às necessidades do ser humano, sem agredir ao planeta.
(A) Em decorrência de tais práticas (B) Portanto (C) Sendo assim (D) Com isso (E) Por isso
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3.2. USO DE VOCABULÁRIO INADEQUADO: a escolha do vocabulário revela a formação e a experiência de vida
daquele que escreve ou fala. Usar as palavras adequadas ao contexto indica preparo e qualificação do autor de um
texto. Ter claro o significado de palavras como etnia, raça, cidadania, sociedade, nação, estado é realmente
importante .
OBS.: a locução usada para qualificar um nome deve manter-se no singular (meios de transporte, meios de
comunicação, pais de família, casos de mortalidade);
OBS.: deve ser evitada a locução expletiva é que ( Na verdade, a política é que fará a mudança . / a política fará )
/Devido à má distribuição de alimentos, é que a fome vem.... ( ...alimentos, a fome vem ...)
4. FALTA DE CONCISÃO: a redundância retórica é uma das formas mais comuns da prolixidade.
Observe-se o exemplo (GARCIA,1986): “Conforme a última deliberação unânime de toda a Diretoria, a entrada, a
frequência e a permanência nas dependências deste Clube, tanto quanto a participação nas suas atividades
esportivas, recreativas, sociais e culturais, são exclusivamente privativas dos seus sócios, sendo terminantemente
proibida, seja qual for o pretexto, a entrada de estranhos nas referidas dependências do mesmo.”
Tal aviso poderia ser simplesmente: “É proibida a entrada (ou frequência, ou a permanência) de estranhos” ou “Só é
permitida a entrada de sócios.”
Ao redigir, o autor de um texto deve buscar o equilíbrio entre enfatizar seu ponto de vista e manter a clareza e a
objetividade daquilo que diz.
Ex.: O Brasil precisa encarar seus problemas. Com determinação e seriedade. (locução pertencente à frase anterior).
Trouxe sugestões. Que são muitas. (oração subordinada à anterior).
ATENÇÃO: todo enunciado deve ter sujeito e verbo; não deve ser introduzido por conjunção subordinativa,
pronome relativo ou forma nominal (infinitivo, gerúndio e particípio) sem que tenha oração principal a que
se refira.
Marque com (X) as frases fragmentadas e reescreva-as de forma adequada:
( ) Uma vez que o governo quer fazer reformas, o Legislativo parece disposto a começar a colaborar.
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Ex.: Nosso País precisa resolver o problema da fome, a fome revela um grande desequilíbrio social. Nosso País precisa
resolver o problema da fome, pois o mesmo revela um grande desequilíbrio social.
ATENÇÃO: - para corrigir esse erro, pode-se empregar ponto, ponto e vírgula, conjunção coordenativa ou transformar
uma das frases em oração subordinada.
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Texto 1: Navio da Marinha do Brasil socorre Fragata Liberal socorre refugiados na costa do
refugiados sírios na costa do Líbano Líbano - 11 de outubro de 2018
Migrantes estavam sem comida havia três dias A embarcação, sem combustível, foi localizada a cerca
O Globo com Ansa de 41 milhas náuticas da capital do Líbano, Beirute. A
15/10/2018 - 15:23 / 15/10/2018 - 16:33 fragata “Liberal”, que pertence à Marinha do Brasil, foi
Um navio da Marinha do Brasil socorreu 31 refugiados acionada pelo Comando da FTM, e imediatamente foram
que estavam à deriva em um barco clandestino na costa iniciadas as buscas por radar e com aeronaves.
do Líbano, no Mar Mediterrâneo Oriental, diringindo-se à Toda assistência necessária foi fornecida pela UNIFIL,
ilha do Chipre, que faz parte da União Europeia. para amenizar o sofrimento das pessoas a bordo, com o
Segundo o Ministério da Defesa brasileiro, o resgate foi fornecimento de água, comida, assistência médica e
feito pela fragata Liberal, que integra a Força Interina das alguns medicamentos.
Nações Unidas no Líbano (Unifil), na última quinta-feira. A “Liberal” permanece no local para prestar todo o
Os refugiados, provenientes da Síria, estavam sem auxílio possível aos refugiados, até a chegada de duas
comida e água havia três dias e receberam assistência do lanchas patrulha que realizarão o resgate. A fragata
navio brasileiro. escoltará os resgatados até as águas territoriais
"Toda assistência necessária foi fornecida pela Unifil, libanesas, e lá encerrará suas ações.
para amenizar o sofrimento das pessoas a bordo, com o Em setembro de 2015, a corveta brasileira Barroso, que
fornecimento de água, comida, assistência médica e estava a caminho para missão da FTM, também resgatou
alguns medicamentos", diz uma nota do Ministério da 220 imigrantes no Mar Mediterrâneo.
Defesa.
Segundo a Defesa, a embarcação continuou no local
para prestar todo o auxílio possível aos refugiados, à
espera de duas lanchas patrulha para resgatar os
imigrantes. O plano pretendido pela fragata era escoltar
os resgatados até as águas territoriais libanesas, e lá
encerrar suas ações. Não foi informado se esta parte da
missão já aconteceu, na tarde desta segunda-feira.
Segundo a Organização Internacional para as
Migrações (OIM), 25.437 migrantes forçados conseguiram
concluir a travessia do Mediterrâneo Oriental em 2018 e
FTM-UNIFIL
outros 152 morreram tentando.
A Marinha do Brasil participa desde 2011 da FTM-
Não é a primeira vez que um navio da Marinha brasileira
UNIFIL, ocasião em que assumiu o comando da Força
socorre migrantes em situação de risco. Em setembro de
2015, a corveta Barroso resgatou 220 refugiados que Tarefa Marítima multinacional e passou a enviar um navio
estavam numa embarcação precária no Mar para atuar como capitânia do Comandante da Força.
Mediterrâneo, numa operação que levou mais de 20 Atualmente, o contra-almirante Eduardo Machado
Vazquez é o comandante da FTM-UNIFIL, integrada por
horas. Entre os resgatados estavam 94 mulheres, 37
navios da Alemanha, Grécia, Indonésia e Turquia, além
crianças e quatro bebês, sírios em sua maioria. Na época,
do Brasil.
o comandante Alexandre Amendoeira Nunes contou que
muitos estavam desidratados. A Fragata “Liberal” desatracou da Base Naval do Rio de
Janeiro em agosto deste ano para realizar a “Operação
Líbano XIV”. Por um período de oito meses, a fragata
conduzirá as operações de interdição marítima a fim de
prevenir a entrada de armas não autorizadas no território
libanês, bem como qualquer material correlato, além de
contribuir para o adestramento da Marinha Libanesa.
É a quarta vez que a Fragata “Liberal” participa da
“Operação Líbano”, tendo atuado anteriormente, em 2012
(Líbano II), 2014 (Líbano V) e 2016 (Líbano X).
Com informações e fotos da Força Tarefa Marítima
A corveta havia sido acionada pelo Centro de Busca e UNIFIL. FONTE: Ministério da Defesa
Salvamento italiano para ajudar no resgate. A https://www.naval.com.br/blog/2018/10/11/fragata-
embarcação com os refugiados estava a cerca de 300 liberal-socorre-refugiados-na-costa-do-libano/
quilômetros da Sicília. Segundo a Marinha, a corveta
Barroso havia partido do Rio de Janeiro no dia 8 de agosto
para participar da Força-Tarefa Marítima das Nações
Unidas no Líbano. https://oglobo.globo.com/mundo/navio-
da-marinha-do-brasil-socorre-refugiados-sirios-na-costa-
do-libano-23157259
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tenham sido bem sucedidas2 “atribuem-se aos esforços Nesta época, a indústria de armamentos francesa
dos integrantes dessas duas comitivas os gêneses dos sofria transformações decorrentes do fim da Guerra Fria e
ideais para o desenvolvimento de tecnologia nuclear, da onda neoliberal “que, ao pregar desregulamentação,
essencialmente nacional” (HENRIQUES, 2011, p.16). privatização, abertura de capital das empresas públicas e
A década de 1970 foi promissora para o domínio da desengajamento do Estado [...] questionava as próprias
tecnologia nuclear. No final de 1976, a Marinha indicou o bases do sistema de produção de armamentos” (MELO,
Capitão-Tenente Othon Luiz Pinheiro da Silva para se 2014, p.76). Cabe destacar que as empresas estratégicas
especializar na área nuclear no Massachusetts Institute of francesas eram vistas como os principais polos de
Technology (CORRÊA, 2010, p.77). No seu regresso, dois excelência e inovação do país (MELO, 2014, p.83).
anos depois, Othon emitiu um relatório no qual enfatizou Diante desse quadro o Presidente Sarkozy (2008-
que para adquirir a capacidade de construir um submarino 2012) dedicou especial atenção as indústrias de defesa e
nuclear duas etapas precisavam ser vencidas: o domínio lançou ambiciosa estratégia de exportações.
do ciclo de enriquecimento do combustível nuclear e a Sarkozy promoveu parcerias industrias em defesa com
construção de um reator piloto para testes. potências emergentes, vistas como dinâmicas e com
Em dezembro de 1978, o Alto Comando da Marinha, potencial de crescimento e investimento na área. Como
decidiu inserir na agenda naval um programa para projetar idealizadas por Sarkozy, essas parcerias eram fundadas
e construir submarino de propulsão nuclear. Essa decisão em transferência de tecnologia, formação de mão de obra
não foi importante apenas para a Força Naval, mas e capacitação industrial no país de destino. (MELO, 2014,
também para o desenvolvimento científico tecnológico p. 83)
nacional: Assim teve início a saga que se arrasta até os Desse modo, surgiu a convergência de interesses
dias de hoje com o Programa de Desenvolvimento de entre Brasil e França que culminou com uma parceria
Submarino com Propulsão Nuclear (PROSUB). estratégica entre os dois países. Além do citado, a França
Durante os anos 80 e 90, o Programa Nuclear da em relação aos outros seis países que projetam e
Marinha (PNM), por fatores que fogem ao escopo desse constroem submarinos emprega métodos e processos
trabalho, entrou em estado vegetativo. Até que na típicos do Ocidente e de mais fácil absorção pelos en-
primeira década deste século, fatos novos surgiram que genheiros e técnicos brasileiros; é um fornecedor
mudaram a história do PNM. tradicional de material bélico para o mundo ocidental;
Kingdon (1995 apud COSTA: CALMON, 2007) estava disposta a vender a tecnologia de projeto de
elaborou um modelo de análise de política pública, no qual submarinos, excluídos o projeto e a construção do reator
um tema é colocado na agenda quando existe uma e de seus controles; e, em razão do número de
convergência de três fluxos: o problema, a solução, e o submarinos a construir, apresentou vasto programa de
político. No tema em análise, existiam dois problemas, a nacionalização, com objetivo de aumentar a participação
descoberta de petróleo em alto mar e a determinação da brasileira na produção dos submarinos e preparar a base
END de que o Brasil deveria ter uma Força de Submarinos industrial nacional para futuros projetos da mesma
compatível com a sua dimensão geopolítica. A solução a natureza. Esses últimos aspectos foram os diferenciais a
Marinha tem buscado desde a década de 80 do século favor dos franceses (BRASIL, 2013b, p. 19).
passado: possuir a capacidade de projetar e construir O Comandante da Marinha, no início de 2008, foi para
submarinos. O gargalo estava no fluxo político. a Europa, juntamente com os Ministros Nelson Jobim e
Ao tomar posse no Comando da Marinha em março de Mangabeira Unger. Na França tiveram encontros com o
2007, o Almirante de Esquadra Júlio Soares de Moura Presidente Sarkozy, com o Ministro da Defesa francês
Neto recolocou o projeto de desenvolvimento do Hervè Morin, com representante da Direction Générale de
submarino nuclear como prioridade da Força Naval. Suas l’Armement (DGA), e com a Direction des Constructions
palavras iniciais demonstraram esta postura. Navales et Services (DCNS). Desse modo, Brasil e França
Merece menção o Programa Nuclear da Marinha, estabeleceram uma parceria estratégica, concretizada em
iniciado em 1979 e que apresenta considerável progresso, 29 de janeiro pelos respectivos Ministros da Defesa
mesmo restrito aos recursos da própria Força, com o Nelson Jobim e Hervè Morin. Neste dia foi concretizado
desenvolvimento de dois projetos: o do ciclo do um acordo relativo à cooperação no domínio da defesa.
combustível, empregando ultracentrífugas projetadas no (FONSECA, 2015, p.71)
Brasil, o que já se conseguiu; e o desenvolvimento e a A implementação dessa política pública de defesa
prontificação, com tecnologia própria, de uma planta pode ser analisada por diversos ângulos, entretanto, este
nuclear de geração de energia elétrica, incluindo o reator trabalho priorizou aspectos que impactam diretamente no
nuclear, o que ainda não está pronto (MOURA NETO, desenvolvimento nacional: transferência de tecnologia3,
2007, s.p.). formação de mão de obra (capacitação de pessoal) e
Em julho de 2007, o Presidente Luis Inácio Lula da capacitação industrial no país de destino (nacionalização).
Silva visitou, a convite do Ministro da Defesa, o Centro Transferência de tecnologia (TT)
Tecnológico da Marinha em São Paulo. Impressionado O submarino é considerado o vetor de guerra mais
com a grandeza do programa, o Presidente garantiu a complexo, considerando-se a qualificação da mão de obra
liberação de recursos para a Marinha concluir o projeto empregada, a quantidade de componentes e o seu peso.
das instalações de propulsão nuclear para submarinos. Isto, em parte, explica o motivo de apenas seis países
Graças a esse recurso foi possível acelerar a obra do terem adquirido a capacidade para projetar e construir
Laboratório de Geração de Energia Núcleo Elétrica essa arma. A figura abaixo compara a complexidade
(LABGENE) e continuar a Usina de Produção do tecnológica do submarino com outros armamentos. O
Hexafluoreto de Urânio. Este foi um grande passo para o submarino nuclear brasileiro (SNBR) não está no topo da
desenvolvimento científico tecnológico nacional, pois curva, porque não será equipado com armamento
permitiu abrir o caminho para a tão almejada nuclear. A tecnologia nuclear restringe-se a propulsão
independência na área nuclear. devido a compromissos internacionais assumidos pelo
Estado brasileiro.
Um fato curioso na figura é a defasagem de tempo submarino. Lorient recebeu trinta e um oficiais
para construção. Se um blindado e o SNBR iniciarem o engenheiros navais para aprenderem a projetar
processo simultaneamente, o meio naval demorará, submarinos. Os ensinamentos para construir tubos
aproximadamente 5 anos a mais para sua prontificação, o lançadores de torpedo foram transmitidos em Ruelle e
que em certa medida comprova a defasagem tecnológica nesse caso apenas para um oficial e um técnico. Em
entre os dois vetores de guerra. Para esta análise não Toulon, seis oficiais e oito engenheiros da Fundação
deve ser considerado outros fatores tais como restrições Ezute receberam conhecimentos de sistema de combate
de recursos humanos ou financeiros. para submarino. Já em Saint Tropez a TT do sistema
O ponto fulcral da parceria com a França é a lançador do Torpedo F-21 foi para dois oficiais.
transferência de tecnologia para projetar e construir Finalmente, em Sophia-Antipolis, dois oficiais receberam
submarinos. Para tanto diversos contratos foram conhecimentos do sistema do sonar.
assinados totalizando a quantia de € 3.283.433.000,00 ou Em palestra para a Comissão de Relações
R$ 13.270.400.000,00 ao câmbio de dezenove de março Internacionais e Defesa Nacional (CREDEN) do Con-
de 20164. gresso Nacional, o Coordenador-Geral do PROSUB
O contrato 6 prevê TT para: construção de submarinos; mencionou que os conhecimentos transmitidos pela
projeto de submarinos; projeto e construção do Estaleiro França para a capacitação dos engenheiros brasileiros
e Base Naval. São obrigações contratuais da DCNS: em projetar e construir os submarinos convencionais (S-
transferir conhecimentos, transferir informações, prestar BR) serão fundamentais para o desenvolvimento do
serviços de assistência técnica e ensinar como fazer. As projeto do submarino de propulsão nuclear (SN-BR), pois
TT são operacionalizadas de três maneiras: transferência neste a Marinha do Brasil é a autoridade responsável. A
direta (conhecimento passado diretamente na ponta da DCNS acompanhará todo o processo, exceto na parte da
linha), cursos e “On-the-Job-Training”5, como foi o caso propulsão. Muitos conhecimentos estão sendo absorvidos
das seções mais avante do primeiro submarino, pelos engenheiros brasileiros tais como:
construídas na França. Para Hirschfeld (2014, apud a) concepção geral: arranjos gerais,
FONSECA, 2015, p.88), a expectativa ao final do compartimentagem, casco resistente, propulsão,
processo de transferência de tecnologia é que o Brasil choques, ruído e vibração;
adquira capacitações para: b) ferramentas de concepção: cálculo de pesos,
a) projetar e construir submarinos (convencionais e estabilidade, índice de vulnerabilidade,
nucleares); compatibilidade eletromagnética, assinaturas;
b) projetar e construir bases e estaleiros navais; c) interfaces entre instalações;
c) projetar e manter sistemas de combate; d) hidrodinâmica, incluindo a realização de ensaios;
d) manter sistema SONAR; e e) concepção do casco resistente;
e) produzir equipamentos e sistemas. f) concepção das instalações mecânicas e elétricas;
Percebe-se na fala de Hirschfeld que técnicos g) concepção da propulsão, excluindo-se a instalação
brasileiros, não somente os de Marinha, estarão nuclear;
adquirindo capacitações, o que é uma demonstração h) sistema de combate: sistemas de detecção e
inequívoca de que o Programa tem potencial para sistemas de armas; e
influenciar diversos setores do desenvolvimento nacional. i) apoio logístico integrado (ALI)6: confiabilidade e
Capacitação de pessoal disponibilidade.
Segundo o Coordenador-Geral do PROSUB (2014,
apud FONSECA, 2015, p.87) aproximadamente trezentos Especificamente para a construção estão sendo
engenheiros e técnicos já foram enviados à diversas absorvidos os seguintes conhecimentos:
locais na França. Para Cherbourg, foram duzentos e trinta a) planejamento, gerenciamento e coordenação da
e oito (Marinha do Brasil, Nuclebrás Equipamentos construção;
Pesados e Itaguaí Construções Navais), para receberem b) estratégia de construção;
os conhecimentos de construção e detalhamento de
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c) requisitos necessários para as oficinas de b) buscar, a longo prazo, a nacionalização completa de
construção; todas as peças, componentes,
d) elaboração do projeto e dos desenhos de partes, sistemas e serviços;
fabricação; c) obter alta confiabilidade e segurança nos itens
e) exigências de qualificação de recursos humanos; nacionalizados;
f) construção do casco resistente; d) envolver a participação de universidades e/ou
g) gerenciamento da qualidade; instituições científicas e tecnológicas
h) qualificação do pessoal e dos processos; e nacionais, a própria Marinha, além da indústria
i) programas de computador: interfaces entre os selecionada, para possibilitar a
programas utilizados pela indústria francesa e aquele continuidade do desenvolvimento da tecnologia de
utilizado pela Marinha do Brasil. interesse; e
A expectativa é que em futuro próximo, o Brasil seja e) englobar, sempre que possível, a tecnologia de
capaz de projetar e construir de maneira autóctone seus projeto, a tecnologia de fabricação e a tecnologia de
submarinos, o significará autonomia estratégica e manutenção.
independência tecnológica. É mister considerar também Segundo a TechnoNews, na edição de outubro de
que a capacitação adquirida possibilitará a realização de 20148, 54 projetos de nacionalização da cadeia produtiva
outros empreendimentos tão ou mais complexos, estavam em andamento, dos quais 20 já tinham sido
inclusive com transbordamento para outras áreas aprovados pela Marinha, destacando-se o Sistema de
industriais tais como óleo e gás, construção naval etc. Combate (SC) desenvolvido pela Fundação Ezute; o
Nacionalização Sistema de Gerenciamento Integrado da Plataforma,
Os contratos comerciais 1A e 2A7 estão associados ao desenvolvido pela Mectron; e os Consoles Multifuncionais
Programa de Nacionalização da Produção (PNP), que do Sistema de Combate. O desenvolvimento desses
visa à capacitação para desenvolvimento, produção e sistemas é acompanhado por equipe técnica da Diretoria
manutenção de equipamentos e sistemas relativos aos de Sistemas de Armas da
submarinos convencionais e ao nuclear (BRASIL, 2013b). Marinha (DSAM). É importante mencionar que,
Para Fonseca (2015, p.121), “nacionalizar é capacitar existindo equipamentos similares no mercado nacional ou
o parque industrial brasileiro para: fabricar sistemas, que as indústrias tenham capacidade de produzir, a
equipamentos e componentes; treinar pessoal para o prioridade de aquisição será para empresas brasileiras.
desenvolvimento e integração de softwares específicos; e Segundo Talon9
dar suporte técnico às empresas durante a fabricação dos Para as empresas brasileiras que produzem
itens”. Com essa capacitação o Brasil poderá dar determinado equipamento semelhante ou similar ao
continuidade à fabricação de submarinos e atingir a equipamento do submarino, mas que não atende
autossuficiência tecnológica condizente com o completamente aos requisitos necessários ao projeto do
preconizado na Estratégia Nacional de Defesa. S-BR, a DCNS tem por obrigação contratual transferir a
A nacionalização no PROSUB é um processo tecnologia e o conhecimento para estas indústrias. [...]no
complexo fruto da dimensão do programa, do seu ineditis- programa da nacionalização, o fundamental é que, ao final
mo – construção do primeiro submarino brasileiro com do processo, as empresas brasileiras sejam autônomas e
propulsão nuclear – e diversidade de atores envolvidos, independentes na fabricação para, no futuro, suprirem a
públicos e privados. Enfim, é um empreendimento cujas demanda da Marinha para a manutenção e/ou construção
características técnicas e construtivas desafiadoras de submarinos.
configuram o “Estado da Arte” da Engenharia Naval Mais uma vez fica claro, nas palavras do gerente de
nacional. nacionalização do S-BR, que o Brasil busca a grandeza,
Para esse processo foram, segundo Talon e a independência tecnológica. E é essa perfomance que a
Cavalcanti (2014), seguidas algumas premissas: sociedade brasileira deve esperar de um programa com
a) reduzir gradualmente a compra de serviços e de tamanha magnitude.
produtos acabados no exterior;
O quadro abaixo classifica diversos setores da indústria brasileira segundo a intensidade tecnológica.
Baseado no QUADRO 1, foi elaborado o QUADRO 2 onde classificou-se 41 empresas envolvidas no PROSUB.
As empresas citadas fazem parte de uma amostragem já que não é possível ter acesso a todas envolvidas no
Programa. As que constam do quadro participam da fabricação do casco resistente, estrutura externa não resistente,
estrutura interna não resistente, estruturas isoladas, isolamentos, sistema elétrico, propulsão principal, segurança
de imersão, segurança específica, servidão, habitações, sistema de detecção de superfície, sistema de mastros
içáveis, sonar, gerenciamento do sistema de combate, sistema de contra medidas, sistemas de armas, comunicação
interna e sistema de gerenciamento do navio.
O quadro mostra que mais de 50% das empresas selecionadas são de média-alta e alta tecnologia, o que é coerente
com a complexidade do projeto. O quadro também nos leva a refletir que, dependendo da vontade política, o Pais
pode vir a ser um ícone em futuros projetos de construção de submarinos, com um parque industrial no estado da
arte.
É mister considerar que a seleção das empresas segue a uma lógica própria, na qual participam a Marinha e a DCNS,
conforme o fluxo mostrado na figura abaixo.
Considerações finais exemplos podem ser citados: a Shuller brasileira fez uma
Por diversos motivos, no Brasil, a reflexão sobre prensa de 8 mil toneladas após receber orientação dos
políticas públicas de defesa não tem o mesmo apelo que franceses, que é uma das maiores do mundo; no Estaleiro
as de saúde e educação, por exemplo. A defesa está para Enseada de Paraguaçu, em Maragogipe, Bahia, a
uma nação assim como um plano de saúde está para o Odebrecht utilizou muito do aprendizado no PROSUB-
indivíduo, o ideal é as capacitações não sejam EBN, ao deslocar uma parte da equipe que trabalhou na
empregadas, entretanto não deve ser questionado a sua obra de Itaguaí para atuar no projeto de Paraguaçu; a
importância. Micromazza, localizada no município de Vila Flores (RS),
O desenvolvimento econômico para Sandroni (1999, foi selecionada e capacitada pela DCNS para produzir as
p.169) é o “crescimento econômico (aumento do Produto válvulas com base no projeto original dos submarinos,
Nacional Bruto per capita) acompanhado pela melhoria do técnicos brasileiros foram para a empresa Issartel, na
padrão de vida da população e por alterações França, os conhecimentos adquiridos poderão ser usados
fundamentais na estrutura de sua economia”. O para a fabricação de válvulas de alta pressão de
crescimento econômico e a melhoria do padrão de vida da plataformas de exploração de petróleo em alto mar.
população, com segurança, somente serão possíveis se o Segundo o Nomar nº 885, de janeiro de 201610, a
Estado possuir uma capacidade de defesa a altura de sua produção, pelas empresas brasileiras, de peças,
estatura geopolítica. Assim sendo a nação ficará livre da equipamentos, materiais e sistemas, que façam parte do
cobiça de outra (s) unidade (s) política (s) por seus ativos pacote de material nacional dos submarinos
estratégicos. convencionais previstos no PROSUB, permite que, ao
O PROSUB provoca reflexões na sociedade brasileira. final do processo de nacionalização, elas sejam capazes
A necessidade de importar tecnologia, capacitar pessoal de produzir material de forma independente e autônoma.
e nacionalizar demonstra atraso para projetar e construir Muitos desses materiais têm uso dual, podendo ser
submarinos. Por outro lado, nenhuma empresa (no caso empregados em outros setores da indústria.
a DCNS) estabelece contrato deste porte, sem que a outra Desse modo não resta dúvida que o PROSUB contribui
parte tenha capacidade de absorver os conhecimentos para o desenvolvimento nacional, entretanto se não
necessários para o desenvolvimento do projeto. houver vontade política para o seu prosseguimento, assim
Um outro aspecto a considerar é que o Brasil se como a implementação de novos programas, os
capacitando para desenvolver um programa de tamanha conhecimentos obtidos ficarão obsoletos em curto espaço
complexidade, logicamente estará capacitado para de tempo.
realizar outros com menor valor agregado como é o caso Enfim, o trabalho procurou mostrar que o Estado
de navios de superfície. brasileiro, através da Marinha do Brasil, tem capacidade
Um fato importante a considerar que a tecnologia que para ser empreendedor e assumir riscos ao se envolver
está sendo transmitida certamente poderá ser empregada em projeto de tamanha complexidade tecnológica.
em outros projetos de caráter naval ou não. Alguns
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Referências Bibliográficas
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MELO, Regiane de. Indústria de defesa e desenvolvimento estratégico: estudo comparado França -Brasil. Brasília: FUNAG,
2015.
Exercício 2: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 linhas cada um, em que você defenda a construção e o uso
do submarino nuclear pelo Brasil. Crie uma linha de raciocínio sobre o tema.
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo.
Texto 3: MEC e Marinha vão lançar edital para incentivar área nuclear
Estudos devem contribuir também com a saúde e a agricultura
publicado: 13/11/2018 14h00, última modificação: 13/11/2018 14h00
O Ministério da Educação e o Comando da Marinha vão lançar até o final deste ano
um edital que destinará R$ 20 milhões para a criação de um programa de incentivo
à formação na área de energia nuclear, com bolsas para novas pesquisas.
O anúncio foi feito pelo ministro da Educação, Rossieli Soares, nessa segunda-feira
(12), após a 3ª Reunião Plenária do Comitê de Desenvolvimento do Programa
Nuclear Brasileiro. Rossieli destacou que as pesquisas nucleares vão muito
além do uso militar e podem ser aproveitadas para o desenvolvimento de
tecnologias em outras áreas que beneficiem diretamente a população, como saúde
e agricultura.
Ainda segundo o ministro, está na pauta do MEC, da Marinha e do Ministério da Ciência e Tecnologia a criação de
cursos de graduação e pós-graduação no complexo de Aramar, localizado em Iperó, município na Região
Metropolitana de Sorocaba (SP), que faz parte do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP).
O Centro é responsável pelo desenvolvimento do Programa Nuclear da Marinha do Brasil, que busca a
inserção do País na lista de nações que dominam esse tipo de tecnologia.
http://www.brasil.gov.br/noticias/educacao-e-ciencia/2018/11/mec-e-marinha-vao-lancar-edital-para-incentivar-area-
nuclear
Exercício 3: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 linhas cada um, em que você defenda a parceria entre MEC
e Marinha do Brasil.
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo.
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Texto 4: Brasil vence 38º Campeonato Mundial Militar de Judô
Delegação brasileira encerrou sua participação no evento com dez ouros e sete bronzes
publicado: 11/11/2018 17h28, última modificação: 12/11/2018 10h43
Exercício 4: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 linhas cada um, em que você defenda o incentivo ao Esporte
pela Marinha do Brasil.
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo.
4. ZONAS DE RISCO
O International Maritime Bureau (IMB) classifica
algumas regiões do mundo como zonas de risco em
relação à pirataria marítima, considerando o elevado
número de incidentes reportados a ele nestas regiões.
Essas regiões podem ser reunidas em cinco grupos
devido às suas características geográficas e
idiossincrasias: Costa da Somália, Golfo de Áden, Golfo
da Guiné, Sudeste da Ásia (Estreito de Malacca, Malásia,
Indonésia, Mar do Sul da China e outros) e Índia. Os
citados incidentes ocorrem nessas regiões por diversos
motivos, mas principalmente devido à sua localização
geográfica favorável à existência de importantes rotas
FIGURA 1. Principais rotas de comércio marítimo Zonas de risco de pirataria marítima
5. AMEAÇA GLOBAL
O fenômeno da pirataria marítima é de grande interesse da sociedade global, visto que mais de 80% do volume de
comércio mundial é realizado através do modal aquaviário (UNCTAD, 2011, p. 26, tradução nossa). De acordo com
relatório elaborado em 2012 pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (United
Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD):
Dados preliminares indicam que o comércio marítimo mundial manteve-se estável em 2011 e cresceu 4%, com um total
de volumes atingindo o recorde de 8,7 bilhões de toneladas [...]. Esta expansão foi impulsionada pelo rápido
crescimento nos volumes de carga seca (5.6%) propelido pelo otimismo do comércio de contêineres e granel, que
cresceram 8,6% (expresso em toneladas) e 5,4%, respectivamente. (UNCTAD, 2012, p. 5,tradução nossa)
CONCLUSÃO
A pirataria marítima é fenômeno de extrema relevância para a sociedade global, visto que os prejuízos dele advindos
são preocupantes e comuns à toda a comunidade mundial. Hodiernamente, a pirataria se apresenta como um dos
maiores desafios na esfera internacional para o transporte pelo modal marítimo, afetando toda a cadeia produtiva e
de fornecimento, visto que os navios mais visados pelos criminosos são os que transportam produtos químicos,
petróleo e cargas gerais a granel ou em containers.
Quando os navios são sequestrados e sua carga roubada, há a interrupção de tais cadeias, o que gera enorme prejuízo
a todos os envolvidos nesta relação. Diante disso, os armadores que transportam cargas pelas chamadas zonas
críticas, localizadas nas principais rotas de comércio marítimo mundial, tem que arcar com prêmios mais caros,
majorados em razão do aumento do risco ao qual o objeto do contrato de seguro é
submetido.
Não obstante tais prejuízos, há outros que não podem ser mensurados, posto que causados às vidas humanas
envolvidas na prática do citado delito. Atualmente, o número de incidentes de pirataria foi bastante reduzido, se
comparados aos dos anos anteriores.
Entretanto, ainda se apresentam em escala alarmante, em número que preocupa a comunidade internacional, dada a
violência extrema típica de tais ataques. Nesse compasso, torna-se evidente a necessidade de serem repensadas
atitudes da comunidade global a fim de combater tal fenômeno. Atualmente, estas atitudes consistem no emprego
de máquinas e estratégias militares altamente dispendiosas, o que agrava ainda mais os custos gerados pela
pirataria.
Quando da aplicação de mecanismos de boa governança, há que serem considerados outros aspectos relacionados à
pirataria marítima, como a ausência de condições para um desenvolvimento digno das populações das áreas
afetadas e a incapacidade de autogestão das atividades precípuas pelos Estados a elas relacionados.
Destarte, na criação de novos paradigmas, bem como na efetivação dos atuais, relativos à área dos transportes por
meio marítimo, há que ser levada em conta a pirataria como desafio que deve ser superado. Nesta toada, não
obstante o emprego das atuais medidas de enfrentamento do problema que se fazem necessárias, acredita-se que
o empoderamento da figura estatal, através de investimentos na criação de capacidade de autogestão das
atividades precípuas dos Estados assolados pelo fenômeno pode ser uma solução, com resultados em longo prazo,
viável para a erradicação do problema ou, ao menos, sua minimização.
Fonte: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=52fe8f09c95a49a4
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PLANEJAMENTO - Exemplo de roteiro de planejamento
Tema
Introdução
Técnica de introdução:
Desenvolvimento
Parágrafo 1 = ideia 1
Recentemente, cientistas descobriram que o aquecimento global é causado pela enorme destruição do meio
ambiente.
Parágrafo 2 = ideia 2
Dois problemas graves e recorrentes são as queimadas e os desmatamentos.
Parágrafo 3 = ideia 3
A falta de políticas públicas consistentes impede a preservação do ambiente.
Conclusão
Retomada da tese: O ser humano é, portanto, responsável pela destruição gradativa do meio ambiente.
Técnicas de conclusão:
Título
Planejamento Textual
Tema
Ideia 1:
Ideia 2:
Ideia 3:
Introdução
Técnica de introdução:
Tese:
Desenvolvimento
Parágrafo 1 = ideia 1
Parágrafo 2 = ideia 2
Parágrafo 3 = ideia 3
Conclusão
Retomada da tese:
Técnicas de conclusão:
Título
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INTRODUÇÃO
1) Funções:
* Contextualizar: de onde o tema surgiu? Qual a relevância da questão proposta? Qual é a melhor estratégia para
começar a falar desse tema? Essa estratégia “fere” a essência da introdução ou, ao contrário, consegue enriquecê-
la?
* Direcionar a abordagem: como o tema será tratado? Que ponto de vista será defendido?
2) Estrutura: Exemplo 3:
* 1º parágrafo do texto → cerca de cinco ou seis linhas Tema: a identidade da música brasileira
* Contextualização + Tese Quem vai à História descobre logo que o samba não seria
o mesmo sem os ritmos africanos e as danças latinas, o
2.1) Tese mesmo vale para outros estilos tipicamente brasileiros.
* Conceito: eixo central / linha de raciocínio / Expressão Nesse contexto, vê-se com histeria o alarme diante da
do ponto de vista. música americana nas rádios e lojas de CD. Entretanto a
velocidade das influências, hoje, é realmente motivo de
a) Tese explícita por etapas: explicitação dos três preocupação. Afinal, embora as trocas estejam na base
argumentos de qualquer cultura, os excessos da globalização
* Tese explícita por etapas: trata-se da apresentação econômica precisam ser filtrados, a fim de que a música
clara dos argumentos que serão explorados nos brasileira mantenha o mosaico que sustenta sua
parágrafos de desenvolvimento, resumidos em um identidade.
período, na ordem em que eles aparecerão no texto.
Arg1:
Exemplo 1:
Tema: Consumismo Arg2:
Tese: Embora necessário, o consumismo constitui uma
violência simbólica, que pode levar, também, à Arg3:
criminalidade.
b) Tese implícita por ideia geral ou palavra-chave:
Arg1: relevância econômica sugestão sutil de ponto de vista
Arg2: imposição de “necessidades” / sedução publicitária * Tese implícita por ideia geral ou palavra-chave: trata-
Arg3: criminalidade para o consumo se da sugestão genérica e/ou sutil da opinião que será
defendida na argumentação.
Exemplo 2: Exemplo 1:
Tema: Efeitos negativos da tecnologia:
Tema: Redução da maioridade penal Tese: Existe um paradoxo tecnológico: quanto maior o
Com o aumento da quantidade e da gravidade dos casos progresso, maior a desumanização.
de delinquência juvenil, vem à tona o debate em torno de Arg1: comunicação mediada
suas possíveis soluções. Dentre as propostas, destaca-se Arg2: dependência da tecnologia
a redução da maioridade penal para dezesseis anos no Arg3: redução das identidades culturais
Brasil. Embora seja necessário melhorar previamente o
sistema carcerário, essa mudança no código penal Exemplo 2:
confirma a precocidade dos jovens de hoje e ajuda a Tema: Representações sociais da mulher no Brasil
diminuir sua imunidade frente à lei. hoje
O discurso politicamente correto parece ocupar todos os
Arg1: espaços sociais disponíveis. Não seria diferente no que
diz respeito à mulher. Reconhecimento por parte de
Arg2: autoridades, mudanças na legislação eleitoral, teses e
mais teses acadêmicas. Na hora do comercial, porém, lá
Arg3: está a mesma mulher-objeto de sempre, corpo escultural,
boca calada. No Brasil, sem dúvida, vive-se uma espécie
de contradição, pois a imagem feminina oficial nunca
coincide com a real.
Exemplo 3: Exemplos:
Tema: Democracia e desigualdade social no Brasil. Tema: Descrença na política no mundo
Sabe-se que o Brasil é, historicamente, marcado por contemporâneo
absurdas desigualdades sociais e por nenhuma medida Muito se tem discutido acerca da desvalorização da
política eficaz para, pelo menos, amenizá-las. Nesse política no mundo atual. De fato, o descaso com o voto
contexto de displicência governamental, o abismo entre parece constituir forte sintoma desse panorama. Para
as classes apenas aumentou e chegou, nos dias atuais, a compreender tal fenômeno, cabe analisar a influência dos
uma assustadora realidade de divisão e segregação. O políticos, da sociedade e do próprio sistema. Só assim
paradoxal, no entanto, é que, mesmo em um país de será possível perceber a complexidade da situação.
muitas diferenças, há quem acredite viver em uma plena
democracia. Tema: Preservação ambiental
Não são poucos os fatores envolvidos na discussão
c) Tese implícita por pergunta: questionamento acerca de preservação ambiental hoje. Basta ler com
retórico e sugestivo atenção os jornais ou observar a força dos Partidos
* Tese por pergunta retórica: trata-se da sugestão de Verdes em boa parte do mundo. Em meio a esse grande
sutil de um ponto de vista por meio de um questionamento debate, ganha espaço a valorização da água, por razões
que induz a uma resposta. científicas, econômicas e humanitárias. Compreender tais
Exemplo 1: fatores é o primeiro passo para afastar uma ameaça grave
Tema: Os avanços da consciência ecológica no ao próprio ser humano.
mundo. Tema: Aquecimento global
Rio 92, Rio+10, Rio+20. Não há, na história, registro de É cada vez mais frequente a discussão sobre o
tantas reuniões e congressos para discutir os problemas aquecimento global. Realmente, os cientistas alertam
ambientais que desafiam a todos. Tema obrigatório em para os perigos da emissão de gases poluentes, os quais
sala de aula e em páginas de jornal, a ecologia entrou e afetam a temperatura da Terra. Diante disso, o homem
ficou em pauta. O que era pura ciência alcança o cidadão começa a se preocupar um pouco mais com suas atitudes,
comum, que, nos atos mais simples, aos poucos muda enquanto governos preparam leis e acordos. Resta saber
sua postura. Mantêm-se, no entanto, os problemas mais se ainda há tempo para mudar.
graves, causados pelas grandes empresas de sempre.
Nesse contexto, cabe indagar: de que adianta a pura b) Histórica
consciência individual se o sistema não vê obstáculos * Citação de época passada ou episódio histórico
para sua expansão destruidora? * Objetivo: comparação com o presente
Tema: Redução da maioridade penal → semelhança
Com o aumento da quantidade e da gravidade dos → diferença
casos de delinquência juvenil, vem à tona o debate em * Necessidade de exatidão, sem detalhismo
torno de suas possíveis soluções. Dentre as propostas, * Interdisciplinaridade
destaca-se a redução da maioridade penal no Brasil. Uma Exemplos:
análise menos emocionada da situação, no entanto, Tema: O fim das utopias
revela governos incapazes de oferecer educação de base; Em 1917, uma revolução começou a concretizar uma das
prisões lotadas, que não reintegram indivíduos à maiores utopias do ser humano – a criação de uma
sociedade e bandidos dispostos a aliciar pessoas cada sociedade igualitária. Menos de um século depois, em
vez mais jovens para o tráfico. Nesse contexto, será 1989, esse ideal acabou com a destruição de um muro
mesmo que prender jovens de dezesseis e dezessete que, de certa forma, o simbolizava. A sociedade mundial
anos será benéfico para o país? chegou ao século XXI descrente e cínica e apostou tudo
Exemplo 3: em uma única e triste certeza: o indivíduo. O problema –
Tema: Identidade da música brasileira ou solução, nesse caso, – é que o homem nunca deixou
Samba misturado à batida “Funk”. Música eletrônica com de sonhar.
pitadas de “Rock”. Jazz com apelo Brega. Se a essência Tema: Trote nas universidades
da música contemporânea é a mistura, o Brasil Na Idade Média, quando surgiu, o trote constituía um ritual
desempenha muito bem sua função. No país da de passagem cuja violência apresentava significados
miscigenação étnica, a produção musical herda a filosóficos: os traumas físicos e psíquicos ajudavam os
qualidade da reciclagem criativa, responsável pela calouros a entender seu novo lugar. Hoje, porém, essa
diversidade cultural da nação. Convém indagar: mosaico prática tornou-se vazia e se limita à expressão de uma
ou colcha de retalhos? violência cada vez mais banalizada.
2.2) Estratégias de contextualização
Tema: Problemas na política brasileira
a) Tradicional
Quando o governo militar se aproveitou da vitória
* Frases genéricas de ambientação
brasileira na Copa de 70 para fazer propaganda política,
- “quando o assunto é (...), não são poucas as dúvidas
muitos denunciaram uma postura populista. Hoje, apesar
presentes (...)”
da liberdade de imprensa, não são poucos os políticos que
- “muito se discute acerca de (...)”
agem apenas pela simpatia do público e fogem de
* Evitar os lugares-comuns medidas impopulares. Das cotas nas universidades ao
- “Atualmente” (impreciso) Bolsa Escola, passando pelos restaurantes populares,
- “Desde os primórdios da humanidade” (não faz sentido) muito pouco é feito para mudar, de fato, as estruturas
- “A cada dia que passa” sociais do País.
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c) Conceitual Tema: Identidade da música brasileira
* Definição da palavra-chave Samba misturado à batida “Funk”. Música eletrônica com
* Útil em temas reflexivos abstratos pitadas de “Rock”. “Jazz” com apelo Brega. Se a essência
da música contemporânea é a mistura, o Brasil
Exemplos: desempenha muito bem sua função. No país da
Tema: Educação brasileira hoje miscigenação étnica, a produção musical herda a
Em sua etimologia, educar significa elevar, conduzir a um qualidade da reciclagem criativa, responsável pela
patamar superior. Infelizmente, nem sempre a teoria se diversidade cultural da nação. Convém indagar: mosaico
aproxima da prática. O sistema educacional brasileiro é ou colcha de retalhos?
um bom exemplo desse distanciamento. Infraestrutura
decadente, baixa remuneração de profissionais e e) Jornalística
currículos antiquados não combinam com o discurso do * Micronarrativa que ilustre o tema
Ministério da Educação, pois o tornam etéreo. * Uma espécie de narrativa
a) Oposição
Tema: Educação no Brasil
De um lado, professores mal pagos, desestimulados,
esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos
com computadores, antenas Wi-Fi, aparelhos de DVD.
Esse é o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.
i) Citação
Tema: política demográfica
"As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e
os pais não chorarem mais". O comentário do fotógrafo
Sebastião Salgado sobre o que viu em Ruanda é um
estímulo no estado de letargia ética que domina algumas
nações do Mundo Desenvolvido. Será que a humanidade
está deixando de ser humana?
j) Citação de forma indireta
Tema: Escravidão
O teórico Joaquim Nabuco, em sua comiseração pelo
escravo brasileiro, disse que este só tem a própria morte.
O movimento brasileiro antiescravista, quando já
fortalecido, deixou bem clara essa pungente acusação
nas palavras dos abolicionistas.
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EXERCÍCIO DE INTRODUÇÃO
Com base nas ideias presentes nos textos acima, redija 4 parágrafos diferentes de introdução sobre o tema:
A importância da Amazônia Azul
OBS.:
- Utilize as várias técnicas de contextualização e de tese;
- Não se esqueça de indicar a técnica por você escolhida antes de cada parágrafo.
- Faça 2 ou 3 frases em cada parágrafo;
- Faça parágrafos de 4 a 6 linhas;
GRAMÁTICA
Acentuação Gráfica
Regras Gerais (não houve mudanças pelo novo Acordo Ortográfico):
Leva
Terminados em: EXEMPLOS
acento?
-a(s), -e(s),
Oxítonas Sim
-o(s), -em, -ens
Não *
-a(s), -e(s),
Paroxítonas -o(s), -em, -ens,
-am
Sim
Proparoxítonas Qualquer letra
Hiatos 1ª vogal (em ditongo só nas oxítonas) + í(s), ú(s) [sem nh]
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Exercícios
01. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de monossílabos tônicos.
(a) crás, lá, vá, más; (c) quê, vê-lo, mês, três; (e) pô-lo, pô-la, pôs, côr.
(b) fé, pés, és, Sé; (d) pó, nós, só, cós;
02. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras paroxítonas.
(a) dândi, beribéri, íbis, Cáli; (c) factótum, parabélum, álbuns, (d) hífens, plâncton, elétrons;
(b) ônus, cáctus, lótus, retrovírus; fóruns; (e) bíceps, tríceps, quadríceps.
03. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras paroxítonas.
(a) âmbar, éter, fêmur, sênior; (c) dólmen, pólen, próton, (d) incrível, imóvel, míssil, afável;
(b) cóccix, tórax, ônix, Fênix; nêutron; (e) ímã, Cristovão, sótão, órfã.
04. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras paroxítonas terminadas em ditongo.
(a) escritório, etérea, série; (c) ingênuo, anágua, mágoa; (e) distíngues, extínguem,
(b)suspensório,calendário, (d) bilíngue, anáguas, contíguo; conséguem.
abstêmios;
05. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras proparoxítonas.
(a) insólito, tétrico, nostálgico; (c) antropofágico, hiperbólico, (d) dramático, econômico,
(b) rúbrica, cosmonáutico, ótico; hermenêutico;
letárgico; (e) fétido, hálito, metalúrgico.
06. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras com ditongo.
(a) andróide, epopéia, tipóia; (c) europeus, colmeia, centopeia; (e) Gláuber, Áurea, Cleide.
(b) pastéis, arranha-céus, corrói; (d) boi, urubu-rei, apogeu;
07. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras com hiato.
(a) voo, enjoo; (c) creem, leem; (e) deem-me, reveem-nos.
(b) magôa, corôa; (d) perdoa-o, abençoa-a;
08. Assinale a opção que contém erro de acentuação no i da série de palavras com hiato.
(a) Icaraí, Jacareí; (c) atraindo, contribuiu; (e) gratuíto, fluído (subst.).
(b) saídas, caístes; (d) ladainha, coroinha;
09. Assinale a opção que contém erro de acentuação no u da série de palavras com hiato.
(a) Grajaú, tuiuiú; (c) baiúca, feiúra; (e) Raul, extrauterino.
(b) reúnem, mundaú; (d) conteúdo, transeunte;
10. Assinale a opção que contém apenas acentos diferenciais (aqueles que não podem ser explicados por nenhuma
regra ortográfica) de timbre ou de tonicidade.
(a) pôr (verbo), pôde (pret. Perf.) e fôrma (=modelo oco);
(b) dê (verbo), é (verbo), réis (moeda antiga);
(c) fábrica (subst.), sábia (adjetivo), sabiá (subst.);
(d) bobó (subst.), lã(subst.) camelô (comerciante de calçada);
(e) convidássemos, envolvêssemos, retornássemos.
11. Assinale a opção que contém um par de formas verbais que caracteriza o segundo componente como caso de
acento diferencial de número (3ª pessoa do plural).
(a) (ele) intervém & (eles) (c) (ele) entretêm & (eles) (e) (ele) tém & (eles) têm.
intervêm; entretém;
(b) (ele) relê & (eles) relêem; (d) (ele) prevê & (eles) prevêem;
12. Assinale a opção cuja série de palavras recebe acento em virtude da mesma regra ortográfica.
(a) contratá-la, vendê-la, atraí-la, (b) táxi, pálido, maracujá, hábito; (d) cânion, ômicron, sêmen;
propô-lo; (c) escarcéu, carretéis, caracóis; (e) atraísse, faraó, Anhangabaú.
13. Assinale a opção que não contém palavra acentuada em virtude da mesma regra ortográfica de LUNÁTICA.
(a) anômalo; (c) metáfora; (e) clímax.
(b) dígrafo; (d) antítese;
14. Assinale a opção que contém palavra acentuada tanto no singular como no plural.
(a) (o) inglês; (c) (o) convés; (e) (ele) antevê.
(b) (o) álcool; (d) (o) cós;
17. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras oxítonas.
(a) sofá, atrás, maracujá, dirá, falarás, encaminhá-la, encontrá-lo-á;
(b) banzé, pontapés, você, buquê, japonês, obtê-lo, recebê-la-emos;
(c) jiló, avô, avós, gigolô, compôs, paletó, indispô-lo;
(d) além, alguém, também, ele intervém;
(e) armazéns, parabéns, vinténs, hiféns.
18. Assinale a opção que não contém palavra acentuada em virtude da mesma regra ortográfica de FREGUÊS.
(a) carijó; (c) vatapá; (e) ioiô
(b) matinês; (d) açaí;
19. Assinale a opção cuja série de palavras recebe acento em virtude da mesma regra ortográfica de ÍNDIO.
(a) estapafúrdia, espécie; (c) chimpanzé, tarumã; (e) intrínseco, rígido;
(b) acessível, caráter; (d) Estêvão, Asdrúbal;
Uso do hífen
Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. As observações a seguir referem-se ao uso do hífen
em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além,
ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro,
micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice
etc.
1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h.
Exemplos:
anti-higiênico
anti-histórico
macro-história
Exceção: Não se emprega hífen com os prefixos des- e in- quando o 2º elemento perde o h inicial: desumano (nesse
caso, a palavra humano perde o h), desumidificar, inábil, inumano etc.
2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.
Exemplos:
aeroespacial
agroindustrial
anteontem
antiaéreo
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar,
coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
Atenção: o encontro de vogais diferentes tem facilitado o fenômeno da elisão de vogal do 1º e do 2º elemento:
eletracústico, ao lado de eletroacústico, por exemplo. Mais uma vez se recomenda que se evitem essas elisões,
ressalvados os casos já correntes na tradição lexicográfica.
3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r
ou s.
Exemplos
anteprojeto
antipedagógico
autopeça
autoproteção
Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei,
vice-almirante etc.
4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso,
duplicam-se essas letras
antirracismo
antirreligioso
antirrugas
antissocial
cosseno
infrassom
minissaia
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5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.
Exemplos:
anti-ibérico contra-almirante micro-ondas
anti-imperialista contra-atacar
auto-observação contra-ataque
6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante
Exemplos:
hiper-requintado
inter-racial
inter-regional
sub-bibliotecário
Atenção:
• Nos demais casos não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-
americano etc.
7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal.
Exemplos:
hiperacidez interestelar superamigo
interestadual interestudantil superaquecimento
8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen.
Exemplos:
além-mar ex-hospedeiro pré-vestibular
além-túmulo ex-prefeito pró-europeu
aquém-mar ex-presidente recém-casado
ex-aluno pós-graduação recém-nascido
ex-diretor pré-história sem-terra
9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: -açu, -guaçu e -mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-
mirim, capim-açu.
10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não
propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
11. Emprega-se o hífen nos compostos por justaposição sem termo de ligação quando p 1º elemento, por extenso ou
reduzido, está representado por forma substantiva, adjetiva, numeral ou verbal. Exemplos:
Afro-asiático Decreto-lei Porta-aviões
Afro-luso-brasileiro Guarda-chuva Porta-retrato
Amor-perfeito Guarda-noturno Primeiro-ministro
Ano-luz João-ninguém Sócio-democracia
Arcebispo-bispo Luso-brasileiro Sul-africano
Arco-íris Má-fé Tio-avô
Conta-gotas Mesa-redonda Vaga-lume
Observação: Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.
Exemplos:
girassol mandachuva paraquedista
madressilva paraquedas pontapé
Atenção:
As formas empregadas adjetivamente do tipo afro-, anglo-, euro-, franco-, indo-, luso-, sino- e assemelhadas
continuarão a ser grafadas sem hífen: afrodescendente, afrogenia, afrofilia; eurocêntricom francofone, lusofonia etc.
Os outros compostos com a forma verbal para- e manda- seguirão sendo separados por hífen conforme a tradição
lexicográfica: para-brisa(s), para-choque(s), para-lama(s), etc.; manda-lua, manda-tudo.
O acordo não trata nem exemplifica compostos formados com elementos repetidos, com ou sem alternância vocálica
ou consonântica, do tipo blá-blá-blá, reco-reco, lenga-lenga, zum-zum, zás-trás, zigue-zague, pingue-pongue, tico-
tico, tique-taque, xique-xique etc. O espírito do Acordo sugere que tais compostos entrem na regra geral, ou seja,
são de natureza nominal, não contêm elemento de ligação, constituem unidade sintagmática e semântica e mantêm
acento próprio. Assim também os possíveis derivados: lenga-lengar, zum-zunar.
Serão escritos com hífen os compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo: cobra-d’água, mestre-
d’armas, mãe-d’água, olho-d’água etc.
Quando o 1º elemento está representado pela forma mal e o 2º elemento começa por vogal, h ou l, usa-se hífen:
mal-afortunado, mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo etc.; porém, malcriado, malditoso, malgrado,
malnascido, malvisto etc. Exceção: Mal com o significado de “doença” grafa-se com hífen: mal-caduco (epilepsia),
mal-francês (sífilis) etc.
Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo
haver. Exemplo: hei de, hás de, hão de, etc.
12 . Emprega-se o hífen nos topônimos compostos pelas formas grã, grão, ou por forma verbal ou, ainda, naqueles
ligados por artigo.
Exemplos:
Grã-Bretanha Passa-Quatro Baía de Todos-os-Santos
Grão-Pará Quebra-Costas Entre-os-Rios
Abre-Campo Albergaria-a-Velha
Atenção: serão hifenizados os adjetivos gentílicos derivados de topônimos compostos que contenham ou não
elementos de ligação. Exemplos: alto-rio-docense, belo-horizontino, cruzeirense-do-sul, mato-grossense, mato-
grossense-do-sul, juiz-forano etc.
13. Emprega-se o hífen nos compostos que designam espécies botânicas, zoológicas e áreas afins, estejam ou não
ligadas por preposição ou qualquer outro elemento.
Exemplos:
Abóbora-menina Erva-do-chá (mas malmequer)
Coco-da-baía Vassoura-de-bruxa Bem-te-vi
Erva-doce Feijão-verde Formiga-branca
Couve-flor Bem-me-quer
14. Não se emprega o hífen nas locuções, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas
ou conjuncionais.
Exemplos:
Cão de guarda À parte À toa (adj.)
Fim de semana À vontade Dia a dia(subs.)
Cor de café com leite Abaixo de Deus nos acuda
Ele próprio À parte de Um maria vai com as outras
Quem quer que seja A fim de que
15. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o
hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.
Exemplos:
Na cidade, conta-
-se que ele foi viajar.
16. Com o prefixo não, só se usa hífen nas seguintes palavras: não-me-deixes, não-me-esqueças, não-me-toquense,
não-me-toques, não-te-esqueças, não-te-esqueças-de-mim.
17. Com o prefixo bem-, só não se usa hífen com as seguintes palavras: bem de alma, bem de fala, bem te vi
(simpatizante de partido político).
Resumo
Emprega-se o hífen quando:
24. Assinale a opção que contém erro na grafia de 30. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de
palavras compostas. hífen.
(a) belo-horizontino, bom-bocado, peixe-boi; (a) Seu sangue azul é uma questão de ponto de vista.
(b) novaiguaçuense, tampouco, peixe-espada; (b) O carro forte bateu num gelo baiano.
(c) beladona, prima-dona, peixe-de-briga; (c) Consta do livro de bordo que ele é um bom-copo.
(d) primo-irmão, tão somente, peixe-japonês; (d) A pedra de toque da economia foram as medidas
(e) misto-quente, sanguessuga, peixe-prego. preventivas do Governo.
(e) Mandaram para o olho da rua aquele menino de ouro.
25. Assinale a opção que contém erro na grafia de
palavras compostas. 31. Assinale a opção que contém erro na grafia de
(a) peça-chave, guarda-civil, salário-hora; palavras derivadas.
(b) bode-expiatório, roupa-de-baixo, camisa-social; (a) caeté-açu, araçá-guaçu, igarapé-miriense;
(c) camisa de força, guarda-noturno, redator chefe; (b) curumim-açu, jataí-guaçu, araçá-mirim;
(d) salário-família, baba de moça, meio-tempo; (c) jataí-açu, maracanã-guaçu, tucu-mirim;
(e) à queima-roupa, pão de ló, rosa-cruz (d) tangará-açu, caroba-guaçu, abelha-mirim;
(e) tucumã-açu, mirim-guaçu, araçá-guaçu.
26. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de
hífen. 32. Assinale a opção que contém erro na grafia de
(a) Comprei cheiro-verde, amor-perfeito e laranja- palavras derivadas.
-seleta. (a) extra-atmosférico, extra-ordinário;
(b) Plantei batata-inglesa, bem-me-quer e capim- (b) metacelulose, meta-histórico;
-gordura. (c) paraolimpíadas, parapsicologia;
(c) Encomendei a erva-cidreira, o inhame-roxo e a maria- (d) pré-adolescência, pré-nupcial;
sem-vergonha. (e) ultraoceânico, ultrassonografia;
(d) Fotografei a salsa-do-campo, a sempre-viva e a rosa
dos ventos. 33. Assinale a opção que contém erro na grafia de
(e) Pedi a vitamina-de-frutas, a gaiola-torácica e um saco- palavras derivadas.
de-gatos. (a) anteconjugal, anteontem;
(b) antielitista, antiimperialista;
27. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de (c) sobre-exposição, sobressair;
hífen. (d) sublunar, subalpino;
(a) Falarei amanhã na convenção luso- (e) super-realidade, supersafra.
-hispanobrasileira.
(b) Trataremos de questões técnico-industriais. 34. Assinale a opção que contém erro na grafia de
(c) O acordo sino-tibetano vai acontecer. palavras derivadas.
(d) Houve uma perigosa celebração fanático- (a) circum-adjacente, circum-navegação, circunlabial;
-religiosa. (b) ex-atleta, ex-corrupto, ex-patrão;
(e) Faremos estudos sintático-semântico- (c) não-conformista, não cumprimento, não-
-estilísticos. -violência;
(d) pós-colonial, pós-pago, pós-socrático;
(e) vice-almirante, vice-liderança, vice-reitor.
35. Assinale a opção que contém erro na grafia de 41. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra
palavras derivadas. formada por recomposição.
(a) adjunto, ad-rogação; (a) aeroespacial;
(b) arqui-inimigo, arqui-hiperbólico; (b) agroindustrial;
(c) co-herdeiro, copiloto; (c) cardiorrespiratório;
(d) contra-reforma, contra-senha; (d) eletrossiderurgia;
(e) pericárdio, perissístole. (e) lipoigiene.
36. Identifique a opção que contém apenas palavras com 42. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra
erro quanto ao uso de hífen. formada por recomposição.
(a) antiácido, antiaéreo, anti-hemorrágico, anti- (a) macrorregião;
-herói, anti-inflacionário; (b) mega-operação;
(b) contracheque, contra-ataque, contradança, (c) micro-hino;
contraespião, contraindicação; (d) mididesvalorização;
(c) extra-conjugal, extra-curricular, extra-escolar, extra- (e) minimercado.
gramatical, extra-judicial;
(d) sobrecapa, sobrecoxa, sobre-erguer, sobre- 43. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra
-humano, sobrevoo. formada por recomposição.
(e) ultra-apressado, ultrafecundo, ultra-humano, (a) maxissaia;
ultramarino, ultrarradical. (b) mesofauna;
(c) mono-espécie;
37. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de (d) multi-imperialismo;
hífen. (e) unissexuado.
(a) Para interagir comigo, vai ser preciso interconectar
máquinas. 44. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra
(b) Nosso interrelacionamento é apenas intersocial. formada por recomposição.
(c) O ônibus interescolar faz transporte interbairros. (a) neoexpressionismo;
(d) Li um estudo inter-helênico com abordagem (b) paleomagnético;
interdisciplinar. (c) pluriocular;
(e) Ela fez um exame interocular e intermaxilar. (d) poliinsaturado;
(e) pseudossufixo.
38. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de
hífen. 45. As combinações tetra + campeonato, penta + sílabo,
(a) A justaposição não é o mesmo que a contraposição. hexa + valência, hepta + cloro e octo + secular, formadas
(b) O pós-comunismo talvez se assemelhe com o pré- por composição, devem ser escritas com ou sem hífen?
apocalipse. (a) Todas elas devem ser escritas com hífen;
(c) A desumanização das pessoas gera o que se chama (b) Nenhuma delas deve ser escrita com hífen;
inumanidade. (c) O hífen é opcional nas cinco palavras;
(d) O trans-atlântico naufragou por falta de (d) Apenas penta-sílabo e octo-secular recebem hífen;
retropropulsores. (e) Apenas tetra-campeonato recebe hífen;
(e) O exemplo supracitado não é igual ao infraescrito.
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Exercícios Complementares
1. 6. Assinale a alternativa em que todas as palavras
mudariam de sentido, caso estivessem sem acento.
a) sóbrio, história, está
b) vários, vítimas, matá-los
c) é, já, país
d) é, está, país
e) têm, matá-los, sóbrio
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CLASSES DE PALAVRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Existem dez classes de palavras. Costuma-se adotar, com finalidades didáticas, a divisão em variáveis e invariáveis.
CLASSE
GRAMATICA CONCEITOS EXEMPLOS
L
Nomeia os seres.
1(V) SUBSTANTIVO (concreto, abstrato, simples, composto, fada, carro, beleza, guarda-chuva.
primitivo, derivado, comum, próprio, coletivo)
Caracteriza os nomes.
gordo, amarelo-limão, feliz, amarelo,
2(V) ADJETIVO (simples, composto, primitivo, derivado, pátrio
de mãe.
ou gentílico)
Define ou indefine os seres.
3(V) ARTIGO o, a, os, as, um, uma, uns, umas.
(definidos e indefinidos)
Substitui, acompanha, ou faz referência ao
nome.
(Pessoal (reto, oblíquo, de tratamento), eu, você, o, a, meu, este, alguém, que,
4(V) PRONOME
possessivo, demonstrativo, indefinido, aquele.
relativo, interrogativos). Funções: substantivo
ou adjetivo.
Quantifica os seres ou designa a ordem
numérica. dois, quarto, quádruplo, onze avos,
5(V) NUMERAL
(cardinal, ordinal, fracionário, multiplicativo, século.
coletivo)
Indica processo (ação, estado ou fenômeno),
6(V) VERBO varia em tempo, modo, número, pessoa, voz ficar, nascer, chover, estar, dançar.
(ativa, passiva e reflexiva).
Exprime circunstâncias e se refere a adjetivo, a
verbo ou a outro advérbio.
7(I) ADVÉRBIO hoje, muito, diariamente, lá, não.
(tempo, modo, afirmação, negação, dúvida,
companhia, lugar, assunto, preço, etc.)
a, ante, após, até, com, contra, de,
8(I) PREPOSIÇÃO Relaciona palavras. desde, em, entre, para, perante,
por, sem, sob, sobre, atrás.
Relaciona orações. que, mas, porque, todavia, embora, à
9(I) CONJUNÇÃO
(coordenativas e subordinativas) medida que, quando, se, para que.
Expressa sentimentos, emoções ou representa
10(I) INTERJEIÇÃO ah!, ufa!, oxalá!, pô!
um chamamento.
(V): Variáveis. (I): Invariáveis.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Poucas palavras podem pertencer a uma só classe na língua portuguesa. A maioria pode assumir classe diferente
dependendo da ordem ou do contexto. Exemplos: O professor japonês saiu. O japonês professor saiu.
SUBSTANTIVO
INFORMAÇÕES ESSENCIAIS - Substantivo é a palavra que dá nome aos seres em geral (pessoas, lugares, animais,
coisas, ações ou qualidades). É variável em gênero, número e grau. O substantivo pode ser classificado sob vários
critérios:
Primitivo (nome que não provém de nenhuma outra palavra) – Ex.: árvore, flor, carta.
Derivado (nome formado a partir de outro) – Ex.: arvoredo, florista, carteiro.
2. As palavras podem passar a substantivos se receberem a anteposição de um artigo. Exemplo: O amar ainda é
importante. O feio bonito lhe parece. O doce perguntou ao doce qual era o doce mais doce: o doce respondeu ao
doce que o doce mais doce era o doce de batata-doce.
Flexão de Gênero
Os substantivos em português podem pertencer ao gênero masculino ou ao gênero feminino. São masculinos os
substantivos a que se pode antepor o artigo o: o homem, o gato, o mar, o dia, o pôr do sol. São femininos os
substantivos a que se pode antepor o artigo a: a mulher, a menina, a gata, a terra, a semana, a mesa.
Importante: O uso das palavras masculino e feminino costuma provocar confusão entre a categoria gramatical de
gênero e a característica biológica dos sexos. Para evitá-la, observe que se define gênero como um fato relacionado
com a concordância das palavras em seu relacionamento linguístico: pó, por exemplo, é um substantivo masculino
pela concordância que estabelece com o artigo o, e não porque se possa pensar num possível comportamento
sexual das partículas de poeira.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Formação do feminino:
1 – Substantivos biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino.
a) a maior parte dos substantivos terminados em –o átono forma o feminino com –a.
Ex.: menino / menina, gato / gata
b) a maior parte dos substantivos terminados em consoante forma o feminino pelo acréscimo de –a.
Ex.: camponês / camponesa, juiz / juíza, professor / professora.
Obs.: ator/atriz, imperador / imperatriz, embaixador / embaixatriz (esposa do embaixador) ou embaixadora (mulher que
ocupa o cargo), senador / senadora.
c) a maior parte dos substantivos terminados em –ão forma o feminino por –ã ou –ao.
Ex.: anfitrião / anfitriã, cidadão/ cidadã, leão / leoa, leitão / leitoa.
Obs.: nos aumentativos, a substituição é por –ona: sabichão / sabichona, valentão / valentona.
Destaquem-se os pares: sultão/sultana, cão/cadela, ladrão / ladra, perdigão / perdiz, barão/baronesa.
d) alguns substantivos ligados a título de nobreza, ocupações ou dignidades formam feminino em -esa, -essa, -isa.
Ex.: Abade / abadessa, duque / duquesa, poeta/poetisa.
e) alguns substantivos terminados em –e formam o feminino com a substituição desse –e por –a.
Ex.: infante / infanta, monge / monja, governante/governanta, hóspede/hóspeda, parente/parenta,
presidente/presidenta, alfaiate/alfaiata. (OBS.: Também aparecem como uniformes)
f) alguns substantivos apresentam formações irregulares para o feminino.
Ex.: herói / heroína, marajá / marani, rei / rainha.
2 – Substantivos Uniformes
a) Comuns de dois gêneros: apresentam uma única forma para os dois gêneros. Nesse caso, a distinção entre a forma
masculina e feminina é feita pela concordância com um artigo ou outro determinante.
Ex.: o/a artista, o/a cliente, o/a colega, o/a gerente.
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Observações sobre gênero:
1. Mudança de gênero e de significado:
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à frente
de um bloco carnavalesco, manejando um bastão)
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição de trânsito)
o cabeça (chefe)
a cabeça (parte do corpo)
o capital (dinheiro)
a capital (cidade)
o lente (professor)
a lente (vidro de aumento)
o moral (ânimo)
a moral (honestidade, bons costumes, ética)
o pala (poncho)
a pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo)
o voga (remador)
a voga (moda, popularidade)
2. Substantivos que apresentam dúvida quanto ao gênero:
MASCULINO: clã, milhar, champanha, dó, eclipse, estratagema, orbe, suéter, telefonema, diadema
FEMININO: alface, bacanal, preá, cal, cútis, dinamite, gênese, libido, omoplata, síndrome, sentinela
MASCULINO OU FEMININO: ágape, componente (masculino no Brasil e feminino em Portugal), avestruz, diabetes,
personagem, sabiá, dengue, diabete(s), gambá, hélice, sósia, trama.
Flexão de Número
1. Substantivos Simples
a) Acrescenta-se a desinência –s aos substantivos terminados em vogal, ditongo oral ou ditongo nasal –ãe:
Ex.: casa / casas, herói / heróis, mãe /mães
Obs.: “avôs” (o avô materno e o paterno) e avós (casal formado por avô e avó, ou plural de avó).
b) Acrescenta-se a desinência –s aos substantivos terminados em –m. Essa letra é substituída por –n- na forma do
plural.
Ex.: atum / atuns, homem / homens, jardim / jardins
d) A maioria dos substantivos terminados em –ão forma o plural com –ões. (incluem-se os aumentativos)
Ex.: balão / balões, botão / botões, leão / leões.
Os paroxítonos terminados em –ão e alguns poucos oxítonos e monossílabos formam o plural com –s. Ex.: bênção
/ bênçãos, chão / chãos, cristão / cristãos, irmão / irmãos, órfão / órfãos.
Alguns substantivos terminados em –ão formam o plural com –ães. Ex.: alemão / alemães, capitão / capitães,
sacristão / sacristães, cão / cães.
Em alguns casos, há mais do que uma forma aceitável para esses plurais; a tendência da língua portuguesa atual
no Brasil é utilizar a forma de plural em –ões. Ex.: anão / anões / anãos, ancião / anciões / anciães / anciãos, verão
/ verões / verãos, vilão / vilões/ vilães/ vilãos, guardião / guardiões / guardiães, ermitão / ermitões / ermitães/
ermitãos.
f) Os substantivos terminados em –s formam o plural com acréscimo de –es; quando paroxítono ou proparoxítonos,
são invariáveis.
Ex.: gás / gases, mês / meses, país / países, o atlas / os atlas, um lápis / dois lápis, o ônibus / os ônibus, o pires / os
pires.
h) Os substantivos oxítonos terminados em –il trocam o –l pelo –s; os paroxítonos trocam essa terminação por –eis.
Ex.: ardil / ardis, fóssil / fósseis, barril / barris, fuzil / fuzis.
Obs.: projétil / projéteis / projetis, réptil / répteis / réptis.
i) Os substantivos paroxítonos terminados em –x são invariáveis; a indicação de número depende da concordância com
algum determinante.
Ex.: um clímax / alguns clímax, o tórax / os tórax
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2.5. Nomes que não variam:
o tórax – os tórax
o ônix – os ônix
MAS: cós – cós ou coses
Campus - campi
Corpus - corpora
Pro labore - pro laboribus
Curriculum - curricula
Memorandum - memoranda
Logos - logoi
Topos - topoi
Lady - ladies
Sportman - sportmen
Blitz – blitze
navio-escola - navios-escola
manga-rosa - mangas-rosa
peixe-boi – peixes-boi
salário-família - salários-família
bomba-relógio - bombas-relógio
a) as frases substantivas :
a estou-fraca - as estou-fraca
o disse me disse - os disse me disse
o bumba meu boi - os bumba meu boi
o fora da lei - os fora da lei
Os graus aumentativo e diminutivo dos substantivos podem ser formados por dois processos.
Obs.: No uso efetivo da LP, as formas sintéticas de indicação de grau são normalmente usadas para conferir valores
afetivos aos seres nomeados pelos substantivos. Observe formas como amigão, partidão, bandidaço, mulheraço;
livrinho, rapazola, futebolzinho. Em todas elas, o que interessa é transmitir sentimentos como carinho, admiração,
ironia ou desprezo, e não noções ligadas ao tamanho físico dos seres nomeados.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. Circule os substantivos presentes nas frases: 5. Assinale a opção em que a flexão em gênero não
altera o significado da palavra.
a) Os cabelos soltos caíam-lhe sobre a testa. a) Em Brasília, morávamos num apartamento voltado
para o nascente.
b) João agradeceu o convite. b) Seus problemas estavam estreitamente relacionados
ao cura.
c) A cada dia eu ficava mais alegre. c) O caixa havia modificado radicalmente seu
d) A festa na casa de Rodrigo foi barulhenta. comportamento.
d) Saiu do teatro para interpretar um personagem já
e) Fortaleza é uma bela cidade. consagrado na televisão.
ADJETIVO
Adjetivo é a palavra que expressa qualidade, característica ou estado dos seres em geral. É variável em gênero, número
e grau. Pode ser classificado de quatro formas.
Primitivo (não são formados por derivação de nenhuma outra palavra) – Ex.: azul, curto, feliz.
Derivado (formado por derivação) – Ex.: azulado, infeliz, desconfortável.
Simples (apresentam um radical) – Ex.: branco, claro, livre.
Composto (apresenta dois ou mais radicais) – Ex.: luso-africano, político-institucional, sul-rio-grandense.
Obs.: A locução adjetiva é uma expressão geralmente formada de preposição + substantivo, com valor de adjetivo. Ex.:
A água da chuva destruiu a lavoura de café. Ele apresentou uma atitude sem qualquer cabimento.
Emprego dos adjetivos e locuções adjetivas
1. Qualificação: livro interessante, restaurante modesto.
2. Caracterização: livro verde, livro grosso, livro de cima.
3. Informação: livro de meu pai, roupa importada da Alemanha.
4. Restrição: Secretaria de Educação, porta da sala,
5. Frequentemente, usa-se o adjetivo depois do substantivo. Ex.: Os assuntos ecológicos ganharam destaque.
6. Seu emprego antes do substantivo, em determinados contextos, confere-lhe destaque. Ex.: Suas belas músicas me
encantam.
7. Sua posição, em alguns casos, pode alterar-lhe o sentido. Ex.: A personagem central era uma pobre mulher. A
personagem central era uma mulher pobre.
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INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
1. FLEXÃO DE NÚMERO
1.1. Plural dos adjetivos simples: seguem as mesmas regras dos substantivos.
1.2. Plural dos adjetivos compostos
1.2.1. Apenas o último elemento varia quando
*palavra invariável + adjetivo: semi-internos
*adjetivo + adjetivo: amizades luso-brasileiras; conflitos sino-soviéticos; folhas azul-claras.
OBS.: Nos substantivos compostos que designam cores, ambos os elementos vão para o plural: os verdes-claros, os
amarelos-esverdeados, os azuis-escuros.
EXCEÇÕES : surdo-mudo - surdos-mudos;
1.2.2. Adjetivos referentes a cores são invariáveis quando o segundo elemento da composição é um substantivo:
canários amarelo-ouro, uniformes verde-oliva, blusas verde-garrafa, camisas vermelho-sangue
OBS.: Nos substantivos compostos desse tipo, admitem-se dois plurais:
O verde-água - os verdes-águas ou os verdes-água
O verde-abacate - os verdes-abacates ou os verdes-abacate
1.4. São adjetivos invariáveis: azul-marinho, azul-celeste.
2. FLEXÃO DE GÊNERO (formação do feminino)
2.1. Os adjetivos terminados em –o trocam essa terminação por –a.
Ex.: ativo / ativa, branco / branca
2.2. Os terminados em –es, -or e –u geralmente recebem a terminação –a.
Ex.: freguês / freguesa, sedutor / sedutora, cru/ crua.
Obs.: os adjetivos hindu, sensabor, cortês, incolor, multicor, bicolor, tricolor, maior, melhor, menor, pior, superior,
anterior, posterior são usados dessa forma também para o feminino. Ex.: roupa hindu, atitude superior.
2.3. Os terminados em –ão trocam essa terminação por –ã, -ona e, mais raramente, por –oa.
Ex.: alemão / alemã, cristão / cristã, chorão / chorona, comilão / comilona, beirão / beiroa.
2.4. Os terminados em –eu (com som fechado) trocam essa terminação por -eia/ os terminados em –eu (som aberto)
trocam por –oa.
Ex.: ateu / ateia, europeu / europeia, ilhéu / ilhoa, tabaréu / tabaroa.
Exceções: judeu / judia, sandeu / sandia, réu/ré
2.5. Feminino dos compostos: apenas o segundo elemento varia. Ex.: literatura hispano-americana
Exceção: menino surdo-mudo / menina surda-muda
Observação importante: Os adjetivos compostos cujo segundo elemento é um substantivo são invariáveis. Ex.: amarelo-
ouro, verde-mar.
2.6. Há muitos adjetivos uniformes (servem para masculino e feminino): agrícola, audaz, exemplar, frágil, ruim.
3. GRAUS DO ADJETIVO
COMPARATIVO (Indica uma relação de 1 ser para 2 adjetivos ou de 2 seres para 1 adjetivo.)
3.1. Grau comparativo de igualdade: Pedro é tão forte quanto eu./ Pedro é tão forte quanto inteligente.
3.2. Grau comparativo de superioridade: Pedro é mais forte (do) que eu./ Pedro é mais forte (do) que inteligente.
3.3. Grau comparativo de inferioridade: Pedro é menos forte (do) que eu. / Pedro é menos forte (do) que inteligente.
OBS.: Ao se comparar 2 qualidades ou ações de sum ser, empregam-se “mais bom”, “mais mau”, “mais grande”, “mais
pequeno” e, vez de melhor, pior, maior, menor:
Ele é mais bom do que mau. A escola é mais grande do que pequena. Ele é mais mau do que simpático. Ele é mais
pequeno do que grande.
SUPERLATIVO (Destaca um ser)
3.4. Superlativo absoluto: Pedro é muito forte. (analítico)
Pedro é fortíssimo. (sintético)
Obs.: na linguagem coloquial, pode-se empregar a repetição do mesmo adjetivo, sem pausa e sem vírgula.
O dia está belo belo. Ela era linda linda.
4. FORMAÇÃO DO SUPERLATIVO ABSOLUTO SINTÉTICO
4.1. Forma-se pelo acréscimo de –íssimo: 4.6. Adjetivos em -imo e -rimo :
original - originalíssimo célebre – celebérrimo
belo – belíssimo humilde - humílimo
triste - tristíssimo livre – libérrimo
magro – macérrimo
4.2. Adjetivos terminados em –vel têm o superlativo em negro – nigérrimo
–bilíssimo: pobre – paupérrimo
amável - ambilíssimo
terrível –terribilíssimo 4.7. Adjetivos terminados em -io :
móvel –mobilíssimo sério – seriíssimo
cheio – cheiíssimo
4. 3. Adjetivos terminados em –z fazem o superlativo necessário – necessariíssimo (também com um só –i )
em –císsimo :
capaz – capacíssimo
feliz – felicíssimo
atroz – atrocíssimo
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1. “Talvez seja bom que o proprietário do imóvel possa 7. Assinale a alternativa em que o termo cego(s) é um
desconfiar de que ele não é tão imóvel assim.” As adjetivo:
palavras destacadas assumem, respectivamente, a) "Os cegos, habitantes de um mundo esquemático,
valor de sabem aonde ir..."
a) substantivo e substantivo. b)"O cego de Ipanema representava naquele momento
b) substantivo e adjetivo. todas as alegorias da noite escura da alma..."
c) adjetivo e verbo. c)"Todos os cálculos do cego se desfaziam na turbulência
d) advérbio e adjetivo. do álcool."
e) adjetivo e advérbio. d)"Naquele instante era só um pobre cego."
e)"... da Terra que é um globo cego girando ao caos."
2. Assinale o período em que ocorre a mesma relação
significativa indicada pelos termos destacados em "A 8. Se preenchermos os espaços com a expressão
atividade científica é tão natural quanto qualquer colocada entre parênteses, ficará gramaticalmente
outra atividade econômica": correta somente a frase da alternativa:
a) Ele era tão aplicado, que em pouco tempo foi a) Naquele ano, passariam pela ponte... de pessoas.
promovido. (duas milhões)
b) Quanto mais estuda, menos se aprende. b) Quando chegaram ao local, ... estava dormindo. (o
c) Tenho tudo quanto quero sentinela)
d) Sabia a lição tão bem como eu. c) Tivemos... deles, mas não pudemos fazer nada. (muita
e) Todos estavam exaustos, tanto que se recolheram dó)
logo. d) Por causa do ferimento, ... não resistiu e morreu. (a
sabiá)
3. “Os homens são os melhores fregueses do bairro" ... e) Falta apenas... para completarmos a quantidade
Os melhores encontra-se no grau: exigida. (uma milhar)
a) comparativos de superioridade. 9. Assinale a alternativa que completa corretamente as
b) superlativo comparativo de superioridade. lacunas da frase.
c) superlativo absoluto sintético. Ficou com... quando soube que... caixa do banco
d) superlativo relativo sintético de superioridade. entregara aos ladrões todo o dinheiro... clã.
4. Assinale a alternativa em que o adjetivo está flexionado a) o moral abalado- o – do
no grau superlativo absoluto sintético: b) a moral abalada- o – da
a) O garoto é tão inteligente quanto sua irmã. c) o moral abalado –o- da
b) O aluno é o mais inteligente da sala. d) a moral abalado – a – do
c) A cerveja está geladíssima. e) a moral abalada – a – da
d) O político é muito influente.
e) O leite está melhor que o café. 10. Classificam-se como substantivos as palavras
destacadas, exceto em:
5. O desagradável da questão era vê-lo de mau humor a) "... o idiota com quem os moleques mexem...".
depois da troca de turno. b) "... visava a me acostumar à morna tirania...".
Na frase acima, as palavras em destaque comportam-se, c) "Adeus, volto para meus caminhos".
respectivamente, como: d) "... conheço até alguns automóveis...".
a) substantivo, adjetivo, substantivo e)"... todas essas coisas se apagarão em lembranças...".
b) adjetivo, advérbio, verbo 11. Classifique o grau dos adjetivos nas frases abaixo.
c) substantivo, adjetivo, verbo a) O cajueiro é mais alto que a roseira.
d) substantivo, advérbio, substantivo _____________________________________________
e) adjetivo, adjetivo, verbo
b) A palmeira é a mais alta árvore desse lugar.
6. Qual o significado das palavras destacadas nas frases? _____________________________________________
a) O príncipe era um homem grande.
_____________________________________________ c) Henrique está menos adiantado do que Paulo.
_____________________________________________ _____________________________________________
b) O príncipe era um grande homem. d) Esta lição parece tão fácil como a precedente.
_____________________________________________ _____________________________________________
_____________________________________________
c) Se você tem-se decepcionado com amigos cachorros, e) Guardei as melhores recordações daqueles dias de
arrume um cachorro amigo. férias.
_____________________________________________ _____________________________________________
_____________________________________________
f) Sem o teu auxílio, o meu trabalho seria péssimo.
d) Seja paciente no trânsito para não ser paciente (usuário _____________________________________________
do) no hospital.
_____________________________________________ g) fizemos uma viagem muito rápida.
____________________________________________ _____________________________________________
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O próximo exercício vem demonstrar o porque das 2. Efetue os seguintes cálculos elevando ao quadrado
operações entre coeficiente (o n° fora da raiz) e cada um dos exercícios propostos:
radicando (o n° dentro da raiz) são possíveis.
Exercícios:
Vamos resolver alguns exercícios simples da utilização de
potência e radicais, saliento, a simplicidade destes
exercícios farão com que domine muito bem esse tipo de
operações podendo posteriormente tentar resolver
exercícios maiores e mais complexos.
c) 2
d) 3
e) 1/5
a) 3/5
b) 2/3
c) 2
3. Calcule utilizando as operações de potências :
d) 23/7
e) 32/9
a) 8
b) 10
c) 12
d) 14
e) 16
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9) Desenvolvendo a expressão
10) Calcule :
a) 1/3 b) 3/5
b) 3/5 c) 2
c) 2/7 d) 5/4
d) 4/9 e) 7/4
e) 5
11) Calcule :
6) Calcule o valor da expressão :
a) - 63/8
a) – 1
b) - 32/5
b) 0
c) – 3/5
c) 1
d) 7/8
d) 2
e) 7/5
e) 3
a) 2/5
b) 3/5
c) 3
d) 4
e) 4/5
5 3
18) Racionalize :
13) Desenvolva : 5 3
a) - 56/17 a) 4 15
b) - 13/23
b) 1 15
c) - 119/25
d) - 23/19 c) 1 15
e) – 17/37 d) 5
14) Calcule : e) 3
a) 15
b) 21 19) Desenvolva :
c) 27 a) 10
d) 30
b) 3 10
e) 32
c) 5 10
a) 5 e) 10 10
b) 6
1 1 1 1
20) Se A , qual o valor de ?
c) 8 2 2 1 2 1 A
d) 10
2
e) 12 a)
3
23 . 3 2
16) Simplifique : 2
6 b)
25 5
a) 1
3 2
c)
b) 2 5
c) 3
2
d) 4 d)
2
e) 5
3 2
e)
17) Efetue : 2
a) 2
b) 3
c) 3 2
d) 2 2
e) 2
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a
1
24) (U.E. Londrina) Calculando-se onde
21) (FUVEST) A expressão a seguir 243
28 2
a)
a , obtém-se:
5 5
a) - 81
29
b) b) - 9
5
c) 9
c) 28
d) 81
d) 29
e) um número não real
1
258 3
e)
10 1
1 4 1 6 2
25) Calcule 8 2
16 27 3 é igual:
4
a) - 5
22) (FUVEST) Qual é o valor da expressão:
b) - 3
c) - 1
d) 0
a) 3
e) 2
b) 4
c) 3
1
d) 2 26) (Mackenzie) Se 2x.k y 1.5t 3 . 2x 1.k y .5t 1 150 ,
então k vale:
e) 2
a) 1
b) 2
33 n 3.32 n 9.31 n
23) Simplificando-se a expressão c) 3
9.32 n
para n , obtem-se: d) 4
e) 5
a) 1/6
b) 1/3
c) 6.3
n1 27) (ESPM) 251 250 249 é igual a:
d) 1 3
1 n a) 248
b) 249
e) 3
n1
c) 249
d) 248
e) 250
2n 3.2 2n 1.7 QUESTÕES DO CONCURSO QOAM
28) (F.C. Chagas) A expressão é igual a:
5.2n 4
a) 40 1) (QOAM) Entre 5 e 5.000, tem-se k números da forma
b) 30
2 n , onde n é um número natural. Qual é o valor de k?
a) 8
c) 5/8
b) 9
d) 2 2
c) 10
e) 2 6
d) 11
e) 12
29) Sabe-se que n é um número natural e maior do que 1.
2 2 n 2 2 n 2
8
Então o valor da expressão é: 4
5 2) (QOAM) 3
é igual a:
a) 1/5
a) 1/16
n
b) 2 b) 1/8
3
c) 1/6
c) 24
d) 6
n
d) e) 16
2
n
e) 0,25
5 3) (QOAM - 2011) Sabendo que k 2
9
, qual o
k 2 n 1 .k 3n
valor de ?
213 216 k 7 : k n
30) Simplificando a expressão ,obtemos:
215
3
a)
a) 2 2
b) 1,5 3
b)
c) 2,25 4
d) 2 2
c)
e) 1 2
2
d)
4
2
e)
3
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k 7) (QOAM – 2017) Ao simplificar a expressão
4) (QOAM – 2012) Determine o valor de , sabendo
10
que k 28 2 3 3 2 : , encontra-se:
a)
5
a)
4 b)
8 c)
b)
3
d)
13
c)
7
e)
7 8) (QOAM – 2017) Assinale a opção que apresenta o valor
d)
5 simplificado da expressão
11
e) .
6
a) 1
b) 3/2
5) (QOAM – 2013) Qual é o valor numérico da expressão
a2 1 a2 1 a 2 1 a 2 1 quando a 25 ? c) 2
E
a 1 a 1
2 2
a2 1 a2 1 d) 4/3
a) 1 e) 6/5
e) 213 e , é
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
: a menor ou igual a b
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Operações com conjuntos Conjunto Complementar: Dado um universo U, diz-se
complementar de um conjunto A, em relação ao universo
União de Conjuntos: dados os conjuntos A e B, define- U, o conjunto que contém todos os elementos presentes
se como união dos conjuntos A e B ao conjunto no universo e que não pertençam a A. Também define-
representado por , formado por todos os se complementar para dois conjuntos, contanto que um
elementos pertencentes a A ou B, ou seja: deles seja subconjunto do outro. Nesse caso, diz-se, por
exemplo, complementar de B em relação a A (sendo B
um subconjunto de A) — é o complementar relativo — e
usa-se o símbolo . Matematicamente:
Exemplo:
A = { 3,4,9,{10,12},{25,27} }
D = { {10,12} }
Exemplo:
n A B n A n B n A B
CONJUNTOS NUMÉRICOS
Produto Cartesiano: dados os conjuntos A e B, chama- Conjunto dos números naturais (IN)
IN={0, 1, 2, 3, 4, 5,...}
se peoduto cartesiano A com B, ao conjunto AxB,
Um subconjunto importante de IN é o conjunto IN*:
formado por todos os pares ordenados (x,y), onde x é
IN*={1, 2, 3, 4, 5,...} o zero foi excluído do conjunto
elemento de A e y é elemento de B, ou seja IN.
Podemos considerar o conjunto dos números naturais
ordenados sobre uma reta, como mostra o gráfico abaixo:
Conjunto dos números inteiros (Z) Conjunto dos números irracionais
Z={..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3,...} Os números irracionais são decimais infinitas não
periódicas, ou seja, os números que não podem ser
O conjunto IN é subconjunto de Z. escrito na forma de fração (divisão de dois inteiros). Como
Temos também outros subconjuntos de Z: exemplo de números irracionais, temos a raiz quadrada
Z* = Z-{0} de 2 e a raiz quadrada de 3:
Z+ = conjunto dos inteiros não negativos = {0,1,2,3,4,5,...}
Z_ = conjunto dos inteiros não positivos = {0,-1,-2,-3,-4,- 2 1,4142135...
5,...} 3 1,7320508...
5 3 3
Então : -2, , 1, , 1, , por exemplo, são números racionais. O diagrama abaixo mostra a relação entre os
4 5 2 conjuntos numéricos:
Exemplos:
3 6 9
a) 3
1 2 3
1 2 3
b) 1
1 2 3
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QUESTÕES DE CONCURSOS 5) Sendo M(0) o conjunto dos múltiplos de zero e D(0) o
conjunto dos divisores de zero, M(0) e D(0) são,
1) Se um conjunto A possui 1024 subconjuntos, então o respectivamente conjuntos:
cardinal de A é igual a:
a) unitário e infinito
a) 5
b) unitário e vazio
b) 6
c) vazio e unitário
c) 7
d) vazio e infinito
d) 9
e) infinito e vazio
e) 10
b) n + 1 a) Conjunto vazio
c) 2n b) Conjunto Universo
d) 4n c) A união B’
n d) (A – B)’
e) 2.2
e) A’ – B
d) 195
10) Analisando as carteiras de vacinação das 84 crianças
de uma creche, verificou-se que 68 receberam a vacina e) 200
Sabin, 50 receberam a vacina contra Sarampo e 12 não
foram vacinadas. Quantas dessas crianças receberam as
duas vacinas? 14) Numa pesquisa realizada entre 500 pessoas, 318
gostavam de uma mercadoria A, 264 de uma mercadoria
a) 11 B e 112 gostavam das duas mercadorias. Quantos não
b) 18 gostavam da mercadoria A e nem da B?
c) 22 a) 30
d) 23 b) 32
e) 46 c) 35
d) 40
c) 6 a) 320
d) 6 b) 350
e) impossível c) 380
d) 400
a) 40% a) 18
b) 45% b) 20
c) 50% c) 22
d) 55% d) 24
e) 60% e) 26
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17) Numa turma de 35 alunos, 27 gostam de futebol, 16 21) Numa pesquisa de mercado, verificou-se que 2000
de basquete e 13 gostam dos dois. Quantos não gostam pessoas usam os produtos A ou B. O produto B é usado
nem de futebol e nem de basquete? por 800 pessoas, e 320 pessoas usam os dois produtos
ao mesmo tempo. Quantas pessoas usam o produto A?
a) 5
a) 1480
b) 6
b) 1500
c) 7
c) 1520
d) 8
d) 1540
e) 9
e) 1560
c) 12 a) 57
d) 14 b) 59
e) 16 c) 60
d) 63
d) 38%
20) Numa pesquisa , verificou-se que, das pessoas
consultadas, 100 liam o jornal A, 150 liam o jornal B, 20 e) 40%
liam os dois jornais (A e B) e 110 não liam nenhum dos
dois jornais. Quantas pessoas foram consultadas?
a) 320
b) 340
c) 350
d) 360
e) 380
24) Numa competição militar com 60 sargentos do CAP, 28) Consultados 500 militares sobre as manobras de
11 jogam xadrez, 31 são homens ou jogam xadrez e 3 guerra a que habitualmente participam obteve-se o
mulheres jogam xadrez. Calcule o número de homens que seguinte resultado: 280 militares participam da manobra
não jogam xadrez. A, 250 participam da manobra B e 70 participam de outras
manobras distintas de A e B. O número de militares que
a) 20 participam da manobra A e não participam da manobra B
b) 26 é:
c) 30 a) 170
d) 32 b) 180
e) 34 c) 185
d) 190
c) 60%
26) Numa pesquisa com marujos, foram feitas as d) 61%
seguintes perguntas para que respondessem sim ou não:
Gosta de navegar? Gosta de tirar serviço? Responderam e) 62%
sim à primeira pergunta 90 marujos; 70 responderam sim
à segunda; 25 responderam sim a ambas; e 40
responderam não a ambas. Quantos marujos foram 30) Numa O.M., 58% dos militares são do sexo masculino.
entrevistados. Entre os homens, 22% estão na O.M. há mais de cinco
anos; entre as mulheres, este percentual é de 27%. A
a) 170 porcentagem total de militares da O.M. que lá servem há
b) 175 mais de cinco anos é de:
c) 180 a) 21,8%
d) 182 b) 22,6%
e) 186 c) 23,7%
d) 24,1%
a) 150
b) 155
c) 160
d) 168
e) 170
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31) Um estudo de grupos sanguíneos humanos realizados 35) Quantos elementos nós temos em:
com 1000 pessoas (sendo 600 homens e 400 mulheres) ( A B ) ( B A) .
constatou que 470 pessoas tinham o antígeno A, 230
pessoas tinham o antígeno B e 450 pessoas não tinham
nenhum dos dois. Determine o número de pessoas que
têm os antígenos A e B simultaneamente.
a) 120
b) 130
c) 135
d) 140
e) 150 a) 109
b) 198
b) B’
c) (A B)’
36) Dados os conjuntos A 1,3, 4, 7,8 ,
e) A B A C B é:
a) 1,3,5,8
33) Sendo A e B dois conjuntos quaisquer, determine x
para que n(A) = x + 1, n(B) = 3 – x e n(A x B) = 3. b) 2,3, 4, 6,8
a) 0 ou 2
c) 3
b) 1 ou 3
c) 2 ou 4 d) 3,8
d) 1 ou 4
e)
e) 2 ou 5
c) 430 c) 1, 2 A
d) 450
d) A
e) 460
e) 1, 2 3,1 A
38) A e B são dois conjuntos tais que A – B tem 30 41) O diagrama representa o conjunto
elementos, A B tem 10 elementos e A B tem 48
elementos. Então, o número de elementos de B – A é:
a) 22
b) 12
c) 10
d) 8
e) 18
1,3,5,8
42) Sejam A, B e C três conjuntos não disjuntos. Das
a)
figuras abaixo, aquela cuja região sombreada representa
o conjunto ( A B ) C é:
b) 2,3, 4, 6,8
c) 3
d) 2, 4, 6
e)
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43) Numa turma de 35 alunos, 27 gostam de futebol, 16 46) Consultados 500 militares sobre as manobras e
de basquete e 13 gostam dos dois. Quantos não gostam guerra a que habitualmente participam obteve-se o
nem de futebol e nem de basquete? seguinte resultado: 280 militares participam da manobra
A, 250 participam da manobra B e 70 participam de outras
a) 5 manobras distintas de A e B. O número de militares que
b) 6 participam da manobra A e não participam da manobra B
é:
c) 7
a) 100
d) 8
b) 150
e) 9
c) 180
d) 200
e) 210
44) Um programa de proteção e preservação de
tartarugas marinhas, observando dois tipos de
contaminação dos animais, constatou em um de seus
postos de pesquisa, que: 88 tartarugas apresentavam
sinais de contaminação por óleo mineral, 35 não 47) Num seminário sobre as doenças relacionadas ao
apresentavam sinais de contaminação por radioatividade, fumo reuniram-se 50 pessoas, 32 são fumantes, 10 são
77 apresentavam sinais de contaminação tanto por óleo homens não fumantes e 20 são mulheres fumantes.
mineral como por radioatividade e 43 apresentavam sinais Quantas mulheres não fumantes foram ao seminário.
de apenas um dos dois tipos de contaminação. Quantas
tartarugas foram observadas? a) 6
a) 144 b) 8
b) 154 c) 9
c) 156 d) 10
d) 160 e) 12
e) 168
45) Num grupo de 54 pessoas, 20 usam óculos, 25 são 48) Num avião temos brasileiros, estrangeiros, fumantes
homens e 8 são mulheres que usam óculos. Calcule e não fumantes. O total de passageiros é 50. 32 são
quantas mulheres não usam óculos. brasileiros, 8 homens estrangeiros não fumantes, 25
fumantes, 10 mulheres brasileiras não fumantes, 2
a) 20 homens estrangeiros fumantes, 12 mulheres brasileiras
fumantes, 16 brasileiros fumantes. Determine quantos
b) 21 passageiros não fumantes tem no avião?
c) 22 a) 20
d) 23 b) 22
e) 24 c) 25
d) 28
e) 30
49) Numa prova de 3 questões, 4 alunos erraram todas as 51) Em uma pesquisa de mercado, foram entrevistadas
questões; 5 acertaram só a primeira; 6 acertaram só a várias pessoas acerca de suas preferências em relação a
segunda; 7 acertaram só a terceira; 9 acertaram a primeira três produtos: A, B e C. Os resultados da pesquisa
e a segunda; 10 acertaram a primeira e a terceira; 7 indicaram que:
acertaram a segunda e a terceira e 6 acertaram todas as
questões. Quantos alunos possui a turma? - 210 pessoas compram o produto A
50) Após uma briga de n malucos em um hospício, - 20 pessoas compram os três produtos
verificou-se que: Quantas pessoas foram entrevistadas?
- 50 malucos perderam os olhos a) 670
- 48 malucos perderam os braços b) 970
- 40 malucos perderam as pernas c) 870
- 28 malucos perderam os olhos e os braços d) 610
- 22 malucos perderam os olhos e as pernas e) 510
- 24 malucos perderam os braços e as pernas
a) 22
b) 24
c) 26
d) 28
e) 30
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53) Considerando os conjuntos A 1, 2, 2 , B 2 , 56) (ESAL) Foi consultado um certo número de pessoas
sobre as emissoras de TV que habitualmente assistem.
C ,3 e D 1, 2,3 , assinale a opção Obteve-se o resultado seguinte: 300 pessoas assistem ao
canal A, 270 pessoas assistem o canal B, das quais 150
INCORRETA.
assistem ambos os canais A e B e 80 assistem outros
a) 2 A canais distintos de A e B. O número de pessoas
consultadas foi:
b) 2 A ` a) 800
c) C b) 720
d) C c) 570
d) 500
e) CD
e) 600
e) 30%
a) 4
b) 6
e) vazio a) 99
b) 94
c) 90
d) 84
e) 79
59) (UNESP) Numa classe de 30 alunos, 16 alunos 63) (CESGRANRIO) Em uma universidade são lidos dois
gostam de Matemática e 20 de História. O número de jornais A e B; exatamente 80% dos alunos leem o jornal A
alunos desta classe que gostam de Matemática e de e 60% o jornal B. Sabendo-se que todo aluno é leitor de
História é: pelo menos um dos jornais, o percentual de alunos que
leem ambos é:
a) exatamente 16
a) 48%
b) exatamente 10
b) 60%
c) no máximo 6
c) 40%
d) no mínimo 6
d) 140%
e) exatamente 18
e) 80%
a) 5 a) 127
b) 10 b) 137
c) 15 c) 158
d) 20 d) 183
e) 25 e) 249
61) Uma prova era constituída de dois problemas. 300 65) (AFA) Em um grupo de n cadetes da Aeronáutica, 17
alunos acertaram somente um dos problemas, 260 nadam, 19 jogam basquetebol, 21 jogam voleibol, 5
acertaram o segundo. 100 alunos acertaram os dois e 210 nadam e jogam basquetebol, 2 nadam e jogam voleibol, 5
erraram o primeiro. Quantos alunos fizeram a prova? jogam basquetebol e voleibol e 2 fazem os três esportes.
Qual o valor de n, sabendo-se que todos os cadetes desse
a) 300 grupo praticam pelo menos um desses esportes?
b) 350 a) 31
c) 400 b) 37
d) 450 c) 47
e) 500 d) 51
e) 60
a) 10%
b) 17%
c) 28%
d) 11%
e) 30%
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66) (UF Pará) Uma escola tem 20 professores, dos quais QUESTÕES DO CONCURSO QOAM
10 ensinam Matemática, 9 ensinam Física, 7 Química e 4
ensinam Matemática e Física. Nenhum deles ensina
Matemática e Química. Quantos professores ensinam 1) (QOAM) Para cumprir pelo menos uma de duas
Química e Física e quantos ensinam somente Física? missões, A e B, 80% das praças de uma determinada
a) 3 e 2 Base Naval se apresentaram como voluntários. Se 60%
desses voluntários querem cumprir a missão A e 55%
b) 2 e 5 desses voluntários querem cumprir a missão B, qual é o
percentual das praças da referida Base Naval que são
c) 2 e 3 voluntários para ambas as missões A e B? a) 15%
d) 5 e 2 b) 12%
e) 3 e 4 c) 10%
d) 8%
67) Numa sociedade, existem 35 homens (que usam e) 6%
óculos ou não), 18 pessoas que usam óculos, 15 mulheres
que não usam óculos e 7 homens que usam óculos. O
número de pessoas que são homens ou usam óculos é:
a) 42
2) (QOAM - 2006) De um certo grupo de 180 Oficiais da
b) 46 Marinha do Brasil, 122 pertencem ao conjunto T dos
Tenentes, 108 pertencem ao conjunto A de Oficiais da
c) 50 Armada e 75 pertencem aos dois conjuntos. Quantos são
d) 54 os Oficiais desse grupo que não pertencem ao conjunto T
nem ao conjunto A?
e) 61
a) 155
b) 100
c) 75
68) (U.F. Ouro Preto) Numa sala de aula com 60 alunos,
11 jogam xadrez, 31 são homens ou jogam xadrez e 3 d) 55
mulheres jogam xadrez. Conclui-se portanto, que: e) 25
a) 31 são mulheres
b) 29 são homens
d) 23 homens não jogam xadrez 3) (QOAM – 2007) Sejam P e Q conjuntos que possuem
e) 9 homens jogam xadrez um único elemento em comum. Se o número de
subconjuntos de P é igual ao dobro do número de
subconjuntos de Q, o número de elementos do conjunto
P Q é o:
69) Feito exame de sangue em um grupo de 200 pessoas, a) Triplo do número de elementos de P
constatou-se que: 80 delas tem sangue com fator Rh
b) Triplo do número de elementos de Q
negativo, 65 tem sangue tipo O e 25 tem sangue tipo O
com fator Rh negativo. O número de pessoas, com c) Quádruplo do número de elementos de P
sangue de tipo diferente de O e com fator Rh positivo é:
d) Dobro do número de elementos de P
a) 40
e) Dobro do número de elementos de Q
b) 65
c) 80
d) 120
e) 135
4) (QOAM - 2008) A e B são subconjuntos de U. Se A’ e e) 55%
B’ são os seus respectivos complementares em U, então
7) (QOAM – 2011) No intuito de conhecer suas
A B A B ' é igual a: preferências alimentares, uma pesquisa foi feita junto à
guarnição de um navio que estava prestes a iniciar
a) A’ viagem. A pesquisa apontou que os marinheiros que
b) B’ consomem carne de frango não consomem peixe.
Apontou ainda que 40% consomem carne de frango, 30%
c) A consomem peixe, 15% consomem carne de frango e
carne bovina, 20% consomem carne bovina e peixe e 60%
d) B consomem carne bovina. É correto concluir que a
e) A’ – B’ porcentagem de marinheiros que não consome nenhum
dos três alimentos é igual a:
a) 18%
b) 15%
5) (QOAM – 2009) Dados os conjuntos
A B C 1, 2,3, 4,5,,6,7,8,9,10 ,
c) 10%
d) 8%
A B 2,3,8 , A C 2,7 , B C 2,5, 6 ,
e) 5%
A B 1, 2,3, 4,5,6,7,8 . Qual é o conjunto C B ?
a) 10%
b) 30%
c) 37,5%
d) 40%
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9) (QOAM – 2014) Sejam A e B conjuntos não vazios tais GABARITO – QUESTÕES DE CONCURSOS
que n(A – B) = 3 e n(A) = k, logo o total de subconjuntos
1 – e; 2 – d; 3 – e 4 – b 5 – b 6 – d 7 – b 8–e
não vazios de A B é igual a: 9–a 10 – e 11 – a 12 – d 13 – a 14 – a 15 – b
16 – e 17 – a 18 – b 19 – c 20 – b 21 – c 22 – b
a) 2k 3 23 – e 24 – a 25 – e 26 – b 27 – c 28 – b 29 – a
30 – d 31 – e 32 – c 33 – a 34 – d 35 – d 36 – d
b) 2 k 3 1 37 – d 38 – d 39 – d 40 – a 41 – c 42 – a 43 – a
44 – a 45 – b 46 – c 47 – b 48 – c 49 – a 50 – c
c) 2k 1 51 – d 52 – e 53 – e 54 – a 55 – b 56 – d 57 – e
58 – d 59 – d 60 – b 61 – d 62 – a 63 – c 64 – c
d) 2k 1 1 65 – c 66 – c 67 – b 68 – c 69 – c.
a) 3
b) 5
c) 6
d) 8
e) 9
a)
b)
c)
d)
e)
G
E
O
G
R
A
F
I
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A
5. A LÓGICA DOS ESPAÇOS INDUSTRIAIS
• Artesanato. Estágio em que o produtor (artesão) era responsável por todas as fases da produção e até mesmo pela
comercialização (em geral, local) do produto. Quase não havia divisão social do trabalho e não se utilizavam máquinas,
mas somente ferramentas simples. O artesanato prevaleceu até por volta do século XVII, porém ainda pode ser
encontrado em todas as partes do mundo, sobretudo nos países e comunidades mais defasados tecnicamente.
• Manufatura. Apesar de a expressão "manufaturado" ser frequentemente empregada para designar os produtos
industrializados, a manufatura corresponde ao estágio intermediário entre o artesanato e a maquinofatura. Nessa fase,
já havia divisão do trabalho (cada operário realizava uma tarefa ou se responsabilizava por parte da produção), mas a
produção ainda dependia fundamentalmente do trabalho manual, embora se empregassem algumas máquinas simples.
De modo geral, nessa fase o artesão deixou de ser o responsável por todas as etapas da produção e se transformou
em assalariado. O capital e os meios de produção já eram propriedade de um patrão. A manufatura caracterizou a fase
inicial do capitalismo, sobretudo nos séculos XVII e XVIII.
• Maquinofatura. É o estágio atual, iniciado no século XVIII, com a Revolução Industrial. Pode ser caracterizado pelo
emprego maciço de máquinas e fontes de energia modernas (carvão mineral, petróleo etc.), produção em larga escala,
grande divisão e especialização do trabalho. Em muitos casos, a divisão do trabalho é tão grande ou específica que o
trabalhador perde a noção do todo ou do produto final. Em outros casos, o processo está tão modernizado que a mão-
de-obra é quase inexistente, sendo a produção quase totalmente realizada por robôs.
Há muitas diferenças na forma como cada país se integrou ou ainda se integra a esses estágios.
Quanto ao destino dos produtos, podemos dividir as indústrias em dois grandes grupos:
• de bens de produção - São aquelas que produzem bens para outras indústrias. Podem ser de dois tipos: as indústrias
de bens intermediários, que produzem matérias-primas que servirão de base para outras indústrias, como, por exemplo,
a extrativa mineral, a petroquímica, a siderúrgica, a metalúrgica, a do cimento e a química de base; e as indústrias de
bens de capital ou de equipamentos, que produzem equipamentos para outras indústrias, ou seja, são responsáveis
em parte pelo funcionamento destas. São exemplos as indústrias que produzem máquinas, motores, outros
equipamentos, material de transporte.
• de bens de consumo - São as indústrias que produzem bens (mercadorias) para uso e consumo da população, como
a indústria têxtil, a alimentícia, a de móveis etc. Geralmente localizam-se nas proximidades dos centros consumidores.
As indústrias de bens de consumo, por sua vez, podem ser divididas em indústrias de bens de consumo duráveis
(automóveis e eletrodomésticos, por exemplo) e de bens de consumo não-duráveis (alimentos, calçados, roupas e
remédios, entre outros).
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5.2 - Fatores de localização industrial: concentração e desconcentração
5.2.1 - As transformações na indústria e nos espaços
Dentre outros assuntos, na apostila anterior tratamos das fases da Revolução Industrial, que gerou profundas
transformações socioeconômicas, decorrentes
do progresso da técnica aplicada à indústria.
A partir da industrialização, o espaço
geográfico também se modificou: cidades e
regiões inteiras se formaram e se organizaram.
A função comercial das cidades na Idade Média
cedeu lugar à função industrial, o que fortaleceu
a divisão territorial do trabalho não só entre o
meio rural e o urbano, mas também entre as
cidades. Em alguns lugares, a produção em
larga escala deu origem à sociedade de
consumo; em outros, a ampliou.
Num primeiro momento, a industrialização
restringiu-se aos países desenvolvidos. Da
Inglaterra, onde se originou na segunda metade
do século XVIII, ela se expandiu para os demais
países europeus (século XIX), além dos
Estados Unidos, do Japão e da Rússia. A etapa
em que ocorreu a industrialização dos atuais
países desenvolvidos é conhecida como
industrialização clássica. Durante muito tempo a industrialização foi um privilégio das grandes potências, que fizeram
dessa atividade uma forma de domínio, pois países e colônias dependiam de seus fornecimentos.
Os diagramas abaixo representam diferentes estratégias de localização da indústria siderúrgica, considerando a
localização das matérias-primas e dos mercados de consumo.
A melhor localização é a que possibilita a maior rentabilidade - essa é a regra básica da teoria da localização industrial.
Na etapa inicial da industrialização moderna - ocorrida no século XIX na Europa, Estados Unidos e Japão -, os custos
de transporte eram extremamente elevados.
Como o carvão mineral representava a fonte de energia básica tanto para as indústrias de base que produzem matéria-
prima para outras indústrias como para as indústrias de bens de consumo que produzem para o mercado consumidor,
as bacias carboníferas tornaram-se áreas de concentração fabril (figura 26.1). Também ocorreu a concentração
industrial em áreas produtoras de minério de ferro.
Durante a primeira metade do século XX, entretanto, o carvão foi perdendo o domínio que exercia sobre o suprimento
energético industrial. O petróleo, o gás natural e a eletricidade, cujos custos de transporte são muito menores, passaram
a ser amplamente usados como fonte de força motriz ou de energia térmica. Além disso, os meios de transporte
obtiveram desenvolvimento espantoso.
Mesmo assim, as velhas regiões fabris que haviam nascido associadas a jazidas carboníferas ou a reservas minerais
continuaram a responder pela maior parte da produção industrial do mundo. A introdução das linhas de montagens
fabris e a emergência do sistema de produção em série, dirigido para o consumo de massas, reafirmaram as vantagens
locacionais das grandes concentrações industriais. As novas empresas e os setores industriais em ascensão
beneficiaram-se do ambiente industrial criado pelas indústrias já instaladas, mercado consumidor, força de trabalho,
das redes ferroviárias e rodoviárias e serviços.
Essa dinâmica de crescimento é conhecida pela expressão economias de aglomeração. Como vimos, o meio
geográfico típico do regime fordista é o das grandes aglomerações de fábricas, de mercados de consumo e de
trabalhadores.
Nas últimas décadas do século XX, com o esgotamento do fordismo e a emergência da revolução tecnocientífica, os
novos padrões locacionais passaram a apontar no sentido da desconcentração espacial das indústrias, ou seja, da
busca de novas áreas de localização e da emergência de novos polos produtivos, afastados das aglomerações
tradicionais.
5.2.2 - A nova divisão internacional do trabalho - DIT
A etapa relativa à industrialização dos países subdesenvolvidos, que ocorreu em sua maioria após a Segunda Guerra
Mundial, é chamada de industrialização tardia ou retardatária.
Inicialmente esses países apoiaram-se, inicialmente, nas indústrias de bens de consumo não-duráveis (alimentícia,
têxtil, de vestuário). Foi o caso de Brasil, México, Argentina, África do Sul, Índia, Coréia do Sul, Taiwan e Cingapura.
O surgimento desse novo grupo de países tornou ultrapassada a tradicional DIT e deu lugar à nova divisão internacional
do trabalho, formada por três conjuntos de países:
• os industrializados ou centrais, que fabricam e exportam todos os tipos de produtos, além dos produtos da indústria
de ponta, e apresentam um setor terciário predominante. As indústrias de ponta ou de alta tecnologia são indústrias
dinâmicas, que utilizam tecnologia sofisticada e trabalho qualificado e fornecem produtos dos seguintes ramos, entre
outros: informática (computadores), telecomunicações, lasers, eletroeletrônicos, química fina, biotecnologia, tecnologia
nuclear, engenharia genética e aeroespacial.
• os industrializados semi-periféricos, que fabricam e até exportam produtos com tecnologia tradicional, como a
indústria têxtil e a siderurgia, mas entre esses países há ainda aqueles que exportam produtos agrícolas, matérias-
primas brutas minerais e vegetais, ou seja commodities. É o caso de Brasil, México, África do Sul e Índia, por exemplo.
Enquanto que outros a industrialização foi pautada principalmente nas exportações: Cingapura, Coréia do Sul, Hong
Kong e Taiwan.
• os não-industrializados periféricos, que continuam gerando e exportando basicamente produtos primários (por
exemplo, a maioria dos países africanos e asiáticos e parte dos latino-americanos).
5.2.3 - Concentração Industrial
As indústrias tradicionais (as primeiras a serem formadas, pouco automatizadas e que empregavam muita mão-de-
obra) procuravam se instalar em áreas que ofereciam o maior número ou a melhor combinação possível de fatores
necessários à produção (fontes de energia, capitais, mão-de-obra abundante, transporte eficiente para fornecimento
de matéria-prima e escoamento de mercadorias) e à comercialização dos produtos (mercado consumidor). Procuravam
assim obter o menor custo de produção e distribuição possível, para ter o máximo de lucro. Em geral, encontravam
essas condições nas proximidades dos grandes centros urbanos. Observe a figura ao lado, que apresenta a distribuição
geográfica mundial das indústrias.
Durante a Primeira Revolução Industrial (meados do século XVIII e primeira metade do XIX), inúmeras cidades
industriais surgiram nas proximidades de regiões carboníferas (fonte de energia mais utilizada na época) da Inglaterra
(Yorkshire, Lancashire, Midlands), da Alemanha (Vale do Ruhr), da França (Alsácia, Lorena), da Rússia (Donetz) e da
Polônia (Silésia).
Durante a Segunda Revolução Industrial (segunda metade do século XIX), com o desenvolvimento de novos meios
de transporte e o surgimento de novas fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, mais fáceis de transportar,
o carvão foi perdendo importância na localização industrial. Surgiram, assim, novas áreas industriais.
Na segunda metade do século XX, as concentrações de indústrias tradicionais eram importantes polos econômicos,
constituindo verdadeiros complexos, tal sua quantidade e variedade. Alguns exemplos são o manufacturing belt
(cinturão das indústrias) do NE dos EUA e as concentrações industriais da Europa Ocidental e do Japão.
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5.2.4 - Desconcentração industrial
Muitas das tradicionais regiões industriais já não são os polos industriais mais importantes. Nos Estados Unidos, por
exemplo, a indústria moderna situa-se nos estados do sul (Texas, Louisiana, Mississipi) e na Califórnia. Na região
Sudeste brasileira, o setor de serviços já ultrapassa o setor industrial. A Europa ocidental e o Japão têm exportado
muitas indústrias para os chamados "países emergentes" da América Latina e da Ásia.
No pós-guerra, empresas transnacionais estadunidenses, europeias e, posteriormente, japonesas estiveram à frente
do processo de estabelecimento de modernas regiões industriais em países dos continentes africano, asiático e latino-
americano. Aproveitando-se da variedade de recursos naturais, da mão-de-obra e energia baratas e abundantes, dos
incentivos governamentais e da falta ou ineficiência de legislações de proteção ao meio ambiente, as corporações
multiplicaram o número de filiais, modificando as paisagens dessas regiões.
Atualmente essa desconcentração industrial tem-se acentuado e as indústrias abandonam áreas tradicionais (com
custos de produção elevados) em busca de localizações mais vantajosas, principalmente em áreas que ofereçam mão-
de-obra barata, mercado consumidor expressivo, atuação sindical fraca ou inexistente, isenções de impostos,
concessões, incentivos fiscais etc. A modernização dos meios de comunicação permite vender produtos e serviços com
mais facilidade (via internet, por exemplo) para qualquer parte do mundo, sem estar fisicamente próximo dos grandes
centros de consumo ou das fontes de matérias-primas. As redes de comunicação permitem administrar e controlar,
simultaneamente, empresas em todo o mundo.
A indústria têxtil, a siderúrgica e a de bebidas, por exemplo, têm transferido suas fábricas para os países
subdesenvolvidos, em busca de mão-de-obra mais barata. Mesmo as indústrias de base, tradicionalmente situadas em
locais ricos em matéria-prima, de modo a reduzir gastos com transporte, nas últimas décadas afastaram-se desses
locais e, em muitos países centrais, aproximaram-se do litoral.
Atualmente, a China é o maior produtor têxtil mundial, mas também a Índia, o Paquistão e a Indonésia vêm
incrementando a produção e as vendas no mercado externo. Por sua vez, as indústrias têxteis dos Estados Unidos e
da União Europeia passaram a investir em novas tecnologias, tais como fibras químicas, tornando-se cada vez mais
intensivas em capital e especializando-se em produtos de maior valor agregado. Além disso, os países ricos e seus
estilistas continuam a ditar os padrões da moda e da elegância, no mundo todo.
Com a modernização das comunicações e dos transportes, matérias-primas provenientes do interior ou de outros
países podem chegar rapidamente aos portos, nas proximidades dos quais se instalam siderúrgicas, petroquímicas etc.
Dessa forma, é possível exportar mercadorias com a mesma facilidade.
Assim, as indústrias já não precisam mais se localizar nos corredores das áreas produtoras, o que dificultava muito o
transporte até o mercado de consumo. Elas se espalham pelos continentes em busca de vantagens.
Na escala global, a tendência de desconcentração é resultante da industrialização de vastas regiões do mundo
subdesenvolvido, em especial no Sudeste Asiático e na América Latina, que ocupam fatias significativas da produção
industrial mundial em muitos setores.
Também no setor automobilístico, o peso das indústrias situadas em países subdesenvolvidos tem aumentado
significativamente. Atraídas pelos menores custos de mão-de-obra, a Volkswagen, a Ford, a Chrysler, a Citröen e a
Peugeot passaram a fabricar motores em suas filiais mexicanas. Além disso, várias fábricas de montagem final de
automóveis para exportação foram implantadas na cidade de Monterrey, enquanto a Volkswagen se instalou em Puebla
e a Nissan em Águas Calientes. Os Estados Unidos são o destino final de grande parte dessa produção mexicana.
No contexto da América do Sul, o Brasil é considerado estratégico no mapa das grandes transnacionais do automóvel:
nesse caso, elas são atraídas não só pelos baixos salários, mas também pela grande dimensão do mercado interno.
A Coréia do Sul representa um caso singular: o país desenvolveu uma indústria automobilística própria, que concorre
em muitos mercados com as montadoras sediadas nos países desenvolvidos.
Mesmo setores considerados de alta tecnologia, como o de informática, passam por uma desconcentração, ainda que
seletiva, no plano internacional. O setor de pesquisa e de concepção de novos produtos e equipamentos permanece
fortemente concentrado nos Estados Unidos, no Japão e na União Europeia; porém, parte da linha de produção dos
chips e microprocessadores, da montagem final dos equipamentos e a produção de alguns tipos de software migraram
para países industrializados semi-periféricos, em especial para a Índia.
Na escala nacional, também ocorre uma tendência à desconcentração. As velhas concentrações industriais dos países
desenvolvidos vêm perdendo terreno para novas regiões produtivas, marcadas pelo uso de tecnologias modernas, pelo
baixo consumo energético e pela forte integração com as universidades e os centros de pesquisa e desenvolvimento.
A maior parte das antigas regiões industriais formadas em torno das bacias carboníferas da Europa e dos Estados
Unidos, por exemplo, apresenta diminuição das atividades produtivas, perda de dinamismo e elevadas taxas de
desemprego.
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A fase inicial de cada onda de inovação é a época de ouro dos empreendedores. Adaptando pioneiramente as
novidades tecnológicas à produção, empreendedores ousados conquistam vastos mercados. Quase do nada, surgem
empresas de grande porte, que se tornam símbolos do seu tempo. Enquanto isso, grandes empresas baseadas em
padrões tecnológicos superados entram em crise e acabam se reformulando ou simplesmente desaparecem. É na fase
inicial que ocorre a "destruição criadora". Quando a onda de inovação atinge a fase de estabilização, as novidades
tecnológicas consistem em aperfeiçoamentos do padrão tecnológico estabelecido. Essa é a época de ouro das grandes
empresas, que dominam mercados já plenamente configurados. Os pequenos empreendedores, que não dispõem de
recursos financeiros vultosos, são incapazes de concorrer com as grandes empresas. Freqüentemente, seus
empreendimentos e suas inovações são incorporados pelas empresas dominantes. Outras vezes, tecnologias melhores
são rejeitadas, pois um padrão menos eficiente adquiriu aceitação geral.
Na fase descendente da onda de inovação, os mercados estão saturados. A economia registra superprodução.
Inúmeras empresas revelam-se incapazes de sustentar a concorrência, cada vez mais feroz, e são incorporadas por
conglomerados mais poderosos. Essa é a época de ouro da centralização de capitais. Quando, finalmente, uma nova
onda se inicia, surgem mercadorias revolucionárias. Sob o impacto da "destruição criadora", a superprodução é
eliminada pois os consumidores dirigem-se, ansiosamente, para os novos produtos disponíveis. Assim, o ciclo
recomeça, em novas bases tecnológicas.
As idéias de Schumpeter permitem identificar os cinco ciclos - ou ondas - de inovação, das fábricas têxteis do século
XVIII até a "era dos computadores".
EMPRESA IBM Samsung Canon Sony Microsoft Panasoni Toshiba Hon Hai Qualcomm
c
PATENTE 6.80 4.676 3.825 3.09 2.660 2.601 2.416 2.279 2.103
9 8
Fonte: http://epocanegocios.globo.com/inspiracao/Empresa/noticia/2014/01/ibm-lidera-ranking-de-patentes
O meio geográfico típico do fordismo são as concentrações industriais associadas a jazidas carboníferas, reservas
minerais ou metrópoles. Essas concentrações estruturam-se em torno de ferrovias, rodovias ou portos. No seu entorno,
estendem-se cidades ou bairros operários. A atividade sindical é intensa e as relações sociais são marcadas pelos
movimentos reivindicativos de tipo corporativo.
O meio tecnocientífico-informacional é pós-fordista. As corporações estruturam redes de âmbito global, integradas
virtualmente pelas tecnologias da informação. Essas redes abrangem centros de pesquisa e laboratórios, plantas
industriais e uma vasta gama de empresas fornecedoras de produtos e serviços. Muitas vezes, a administração
empresarial foi inteiramente separada das plantas industriais, assim como os centros de pesquisa e laboratórios. A
produção em larga escala realiza-se, freqüentemente, em fábricas estabelecidas em países que dispõem de força de
trabalho barata. Os diversos componentes de um produto podem ser fabricados em lugares diferentes do mundo,
selecionados em função das vantagens comparativas de cada país. As operações produtivas repetitivas automatizam-
se e a mão-de-obra semiqualificada é largamente substituída por robôs industriais.
Texto de autoria de Demétrio Magnoli – Graduado em Jornalismo e Ciências Sociais pela USP e Doutor em
Geografia Humana pela USP
5.3.6 - A terceira Revolução Industrial
Hoje, um fantasma ronda a vida dos trabalhadores: o desemprego. Para muitos estudiosos, trata-se de um desemprego
estrutural, isto é, causado pelas transformações que vêm ocorrendo no padrão ou modelo de desenvolvimento produtivo
e tecnológico que predomina nos países capitalistas avançados. Essas transformações apresentam diferenças nos
países onde ocorrem, mas estão alterando a organização do processo produtivo e do trabalho em todos eles e no resto
do mundo também. E tais mudanças afetam o conjunto do mundo do trabalho.
À primeira vista, os robôs ou as novas tecnologias de produção parecem ser os únicos e mais cruéis causadores desse
desemprego. No entanto, existem outras razões de ordem econômica, social, institucional e geopolítica que, associadas
à tecnologia, formam um conjunto que explica melhor aquilo que, para alguns analistas, significaria até mesmo o fim
de uma sociedade organizada com base no trabalho.
O sistema capitalista sofreu transformações ao longo de sua história. As mudanças podem ser profundas, acumular
tensões sociais e graves problemas econômicos, gerar crises, guerras e revoluções políticas, mas o sistema permanece
basicamente o mesmo, isto é, trata-se de um sistema produtor de mercadorias cuja venda tem por objetivo o lucro. Por
isso o chamamos, indistintamente, de economia de mercado ou economia capitalista.
No entanto, para que as empresas capitalistas produzam mais e mais mercadorias - com maior eficiência e melhores
níveis de produtividade, ganhando em competitividade em relação a outras empresas, e sempre que possível obtendo
lucros crescentes - elas precisam criar e aplicar novas técnicas e novas formas de organização da produção e do
trabalho, dividir funções com outras empresas, negociar salários, estipular taxas de lucros etc.
Mas o capitalismo não se restringe apenas às unidades empresariais e suas dinâmicas internas. Na sociedade como
um todo, existem outros componentes extremamente importantes que precisam ser levados em consideração, pois
interferem na vida das próprias empresas. Tais componentes podem ser as formas institucionalizadas, como as regras
do mercado, a legislação social, a moeda, as redes financeiras, em grande parte estabelecidas pelo Estado, ou ainda,
as disputas pelo poder das nações, o comércio internacional, a renda e o consumo de cada família, a qualidade dos
recursos humanos, as convenções coletivas, as idéias produzidas etc.
Quando esse conjunto de elementos, e muitos outros, é razoavelmente ajustado e aceito pela sociedade (não se trata
de um consenso pleno, pois sempre haverá oposições e tensões), estamos diante de um modelo de desenvolvimento
capitalista dominante, com uma organização territorial correspondente. E esse modelo permanece até que uma nova
crise ocorra e novos rearranjos sejam feitos na sociedade e no espaço.
Após a crise de 1929, o modelo de desenvolvimento que aos poucos passou a dominar nos países de tecnologia
avançada - Estados Unidos, Japão e em boa parte da Europa -, mantidas suas especificidades, levou o nome de
fordismo, pois nesse modelo foram incluídas formas de produção e de trabalho postas em prática pioneiramente nos
EUA, nas décadas de 1910 e 1920, nas fábricas de automóveis do empresário norte-americano Henry Ford.
O fordismo teve seu ápice no período posterior à Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e 1960, que ficou
conhecido na história do capitalismo como “Os Anos Dourados”.
O modelo fordista pós-guerra, dependia da subida constante dos salários para manter o mercado ativo, ou seja, manter
os níveis de produção e de consumo crescentes. Porém, os salários não podiam crescer a ponto de ameaçar os lucros
empresariais; mantiveram-se os níveis salariais e os lucros aumentando os preços dos produtos, o que gerou uma crise
inflacionária.
Nos Estados Unidos, os gastos públicos se agigantaram, tanto interna como externamente - a guerra do Vietnã foi um
exemplo. A moeda americana ficou debilitada. Esse país, que durante todo o período de domínio do fordismo
assegurava a estabilidade da economia mundial com base em sua moeda - o dólar -, viu esse sistema monetário
declinar. A competitividade da Europa e do Japão superavam a dos Estados Unidos. Assistia-se a uma verdadeira
guerra comercial, que nunca deixou de crescer.
A partir da década de 1970, a saída foi investir num novo modelo que rompesse com aquilo que era considerado a
rigidez do modelo fordista. A ordem era flexibilizar, ou seja, golpear a rigidez nos processos de produção, nas formas
de ocupação da força de trabalho, nas garantias trabalhistas e nos mercados de massa, então saturados.
As empresas multinacionais, para restabelecer sua rentabilidade, expandiram espacialmente sua produção por
continentes inteiros. Surgiram novos países industrializados. Os mercados externos cresceram mais que os mercados
internos. O capitalismo internacional reestruturou-se.
Os países de economia avançada precisaram criar internamente condições de competitividade. A saturação dos
mercados acabou gerando uma produção diversificada para atender a consumidores diferenciados. Os contratos de
trabalho passaram a ser mais flexíveis. Diminuiu o número de trabalhadores permanentes e cresceu o número de
trabalhadores temporários. Flexibilizaram-se os salários - cresceram as desigualdades salariais, segundo a qualificação
dos empregados e as especificidades da empresa. Em muitas empresas, juntou-se o que o taylorismo separou: o
trabalhador pensa e executa. Os sindicatos viram reduzidos seu poder de representação e de reivindicação. Ampliou-
se o desemprego.
Os compromissos do Estado do bem-estar social foram sendo rompidos pouco a pouco. Eliminaram-se,
gradativamente, as regulamentações do Estado.
As políticas keynesianas - que se revelaram inflacionárias, à medida que as despesas públicas aumentavam e a
capacidade fiscal estagnava - forçaram o enxugamento do Estado.
A transformação do modelo produtivo começou a se apoiar nas tecnologias que já vinham surgindo nas décadas do
pós-guerra (automação e robotização) e nos avanços das novas tecnologias da informação. O método de produção
americano foi substituído pelo método japonês de produção enxuta, que combina máquinas cada vez mais sofisticadas
com uma nova engenharia gerencial e administrativa de produção - a reengenharia, que elimina a organização
hierarquizada. Agora, engenheiros de projetos, programadores de computadores e operários interagem face a face,
compartilhando idéias e tomando decisões conjuntas.
O novo método, rotulado por muitos como toyotismo, numa referência à empresa japonesa Toyota, utiliza menos
esforço humano, menos espaço físico, menos investimentos em ferramentas e menos tempo de engenharia para
desenvolver um novo produto. A empresa que possui um inventário computadorizado, juntamente com melhores
comunicações e transportes mais rápidos, não precisa mais manter enormes estoques. É o just in time.
O novo método permite variar a produção de uma hora para outra, atendendo às constantes exigências de mudança
do mercado consumidor e das mudanças aceleradas nas formas e técnicas de produção e de trabalho. A ordem é
manter estoques mínimos, produzindo apenas quando os clientes efetivam uma encomenda.
As grandes empresas começaram a repassar para as pequenas e médias empresas subcontratadas um certo número
de atividades, tais como concepção de produtos, pesquisa e desenvolvimento, produção de componentes, segurança,
alimentação e limpeza. Isso passou a ser conhecido como terceirização. Com ela, as grandes empresas reduziram
suas pesadas e onerosas rotinas burocráticas e suas despesas com encargos sociais, concentrando-se naquilo que é
estratégico para seu funcionamento.
A produção flexível vem transformando espaços e criando novas geografias, à medida que ocorrem redistribuições dos
investimentos de capital produtivo e especulativo e, conseqüentemente, redistribuição espacial do trabalho. Numerosas
empresas se transferiram das tradicionais concentrações urbanas e regiões industriais congestionadas, poluídas e
sindicalizadas, para novas áreas nas quais a organização e o poder de luta dos trabalhadores é pouco significativa.
Surgiram novos complexos de produção - os complexos científicos-produtivos -, ligados a universidades e centros de
pesquisa onde as inovações são constantes.
Um caso exemplar desses complexos é o do Vale do Silício (Silicon Valley), na Califórnia, cujo modelo se difundiu por
vários países. Nesse complexo, a Universidade de Stanford, juntamente com empresas do ramo da microeletrônica,
criou um parque tecnológico cuja fama cresceu com a produção de semicondutores e o uso do silício como matéria-
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prima para sua fabricação. O Vale do Silício faz parte de uma área maior em torno da baía de São Francisco onde se
estabeleceram numerosas indústrias de alta tecnologia.
Esses tecnopolos também são encontrados no interior das tradicionais regiões industriais que vêm se modernizando,
a exemplo da região industrial de Frankfurt, na Alemanha, ou ainda daquelas que procuram sair de uma situação de
estagnação, como no caso da região de Turim, na Itália, ou de Lyon, na França.
O sistema just in time exige também uma reorganização do território. As firmas subcontratadas pelas grandes empresas
se aglomeram em torno da planta terminal de produção, criando um novo tipo de aglomeração produtiva.
Esse é o caso da fábrica da Volkswagen, instalada em Resende (RJ), que vem atraindo outras empresas que
produzirão, no próprio terreno da fábrica, componentes utilizados na montagem de ônibus e caminhões.
Sem nenhuma dúvida, vivemos hoje mudanças profundas que se refletem no mundo do trabalho. Para os mais
otimistas, a questão do desemprego tecnológico será resolvida pela própria tecnologia avançada que estimulará o
surgimento de novos setores produtivos e de atividades humanas a ela ligados, exigindo, assim, novos trabalhadores.
Para outros, o sonho dos empresários de fábricas sem operários está prestes a ser realizado.
Também nos setores agrícolas e de serviços, as máquinas substituem o trabalho humano. Corporações multinacionais
fazem notar que estão cada vez mais competitivas, e ao mesmo tempo anunciam demissões em massa. A questão
que se coloca neste final de século é a seguinte: para onde vão os trabalhadores?
A resposta dependerá da posição assumida pelas sociedades como um todo.
No século 18 foi a máquina a vapor. Desta vez, serão os robôs integrados em sistemas ciberfísicos os
responsáveis por uma transformação radical. E os economistas têm um nome para isso: a quarta revolução
industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas.
Eles antecipam que a revolução mudará o mundo como o conhecemos. Soa muito radical? É que, se cumpridas as
previsões, assim será. E já está acontecendo, dizem, em larga escala e a toda velocidade.
"Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos,
trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer
coisa que o ser humano tenha experimentado antes", diz Klaus Schwab, autor do livro A Quarta Revolução Industrial,
publicado este ano.
A industrialização mudará de uma maneira radical e, com ela, o universo do emprego.Os "novos poderes" da
transformação virão da engenharia genética e das neurotecnologias, duas áreas que parecem misteriosas e distantes
para o cidadão comum.
No entanto, as repercussões impactarão em como somos e como nos relacionamos até nos lugares mais distantes do
planeta: a revolução afetará o mercado de trabalho, o futuro do trabalho e a desigualdade de renda. Suas
consequências impactarão a segurança geopolítica e o que é considerado ético.
Então de que se trata essa mudança e por que há quem acredite que se trata de uma revolução?
O importante, destacam os teóricos da ideia, é que não se trata de um desdobramento, mas do encontro desses
desdobramentos. Nesse sentido, representa uma mudança de paradigma e não mais uma etapa do desenvolvimento
tecnológico.
"A quarta revolução industrial não é definida por um conjunto de tecnologias emergentes em si mesmas, mas a transição
em direção a novos sistemas que foram construídos sobre a infraestrutura da revolução digital (anterior)", diz Schwab,
diretor executivo do Fórum Econômico Mundial e um dos principais entusiastas da "revolução".
"Há três razões pelas quais as transformações atuais não representam uma extensão da terceira revolução industrial,
mas a chegada de uma diferente: a velocidade, o alcance e o impacto nos sistemas. A velocidade dos avanços atuais
não tem precedentes na história e está interferindo quase todas as indústrias de todos os países", diz o Fórum.
Também chamada de 4.0, a revolução acontece após três processos históricos transformadores. A primeira marcou o
ritmo da produção manual à mecanizada, entre 1760 e 1830. A segunda, por volta de 1850, trouxe a eletricidade e
permitiu a manufatura em massa. E a terceira aconteceu em meados do século 20, com a chegada da eletrônica, da
tecnologia da informação e das telecomunicações.
Agora, a quarta mudança traz consigo uma tendência à automatização total das fábricas - seu nome vem, na verdade,
de um projeto de estratégia de alta tecnologia do governo da Alemanha, trabalhado desde 2013 para levar sua produção
a uma total independência da obra humana.
A automatização acontece através de sistemas ciberfísicos, que foram possíveis graças à internet das coisas e à
computação na nuvem.
Os sistemas ciberfísicos, que combinam máquinas com processos digitais, são capazes de tomar decisões
descentralizadas e de cooperar - entre eles e com humanos - mediante a internet das coisas.
O que acontecerá com o emprego?
O que vem por aí, dizem os teóricos, é uma "fábrica inteligente". Verdadeiramente inteligente. O princípio básico é que
as empresas poderão criar redes inteligentes que poderão controlar a si mesmas.
Os números econômicos são impactantes: segundo calculou a consultora Accenture em 2015, uma versão em escala
industrial dessa revolução poderia agregar 14,2 bilhões de dólares à economia mundial nos próximos 15 anos.
No Fórum Mundial de Davos, em janeiro deste ano, houve uma antecipação do que os acadêmicos mais entusiastas
têm na cabeça quando falam de Revolução 4.0: nanotecnologias, neurotecnologias, robôs, inteligência artificial,
biotecnologia, sistemas de armazenamento de energia, drones e impressoras 3D.
Mas esses também serão os causadores da parte mais controversa da quarta revolução: ela pode acabar com cinco
milhões de vagas de trabalho nos 15 países mais industrializados do mundo.
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"Esse tipo de ideologia limita muito as perspectivas que são trazidas à mesa na hora de tomar decisões (políticas), o
que por sua vez aumenta a desigualdade que vemos no mundo hoje", diz.
"Considerando que manter o status quo não é uma opção, precisamos de um debate fundamental sobre a forma e os
objetivos desta nova economia", diz Ritter, que considera que deve haver um "debate democrático" em relação às
mudanças tecnológicas.
Os mercados emergentes da Ásia estão na vanguarda da quarta revolução, dizem os especialistas
Por um lado, há quem desconfie de que se trata de uma quarta revolução: é certo que as mudanças são muitas e
profundas, mas o conceito foi usado pela primeira vez em 1940 em um documento de uma revista de Harvard
intitulado A Última Oportunidade dos Estados Unidos, que trazia um futuro sombrio para avanço da tecnologia e seu
uso representa uma "preguiça intelectual", diz Garbee.
Outros, mais pragmáticos, alertam que a quarta revolução só aumentará a desigualdade na distribuição de renda e
trará consigo todo tipo de dilemas de segurança geopolítica.
O mesmo Fórum Econômico Mundial reconhece que "os benefícios da abertura estão em risco" por causa de medidas
protecionistas, especialmente barreiras não tarifárias do comércio mundial que foram exacerbadas desde a crise
financeira de 2007: um desafio que a quarta revolução deverá enfrentar se quiser entregar o que promete.
"O entusiasmo não é infundado, essas tecnologias representam avanços assombrosos. Mas o entusiasmo não é
desculpa para a ingenuidade e a história está infestada de exemplos de como a tecnologia passa por cima dos marcos
sociais, éticos e políticos que precisamos para fazer bom uso dela", diz Garbee.
5.4 - Desemprego
Se, por um lado, as inovações tecnológicas introduzidas nas indústrias aumentaram a produtividade, por outro lado,
reduziram os empregos, o que implica sérias questões sociais.
Enquanto os empregos, juntamente com as fábricas, foram transferidos para os países subdesenvolvidos, nos países
centrais parte da mão-de-obra passou a ser ocupada pelo setor terciário.
Lembre-se que as atividades econômicas geralmente são classificadas em três setores:
• setor primário – compreende a agricultura, a pecuária, a caça e o extrativismo;
• setor secundário – é composto pelas atividades industriais, em qualquer nível tecnológico;
• setor terciário ou de prestação de serviços – abrange o comércio, setor financeiro, setor público, educação,
transportes, em suma todas as atividades que normalmente ocorrem em áreas urbanas, com exceção das indústrias.
Esse setor complementa os dois primeiros, pois permite ou induz ao consumo de produtos e exerce papel fundamental
na produtividade.
Atualmente, com o atual estágio tecnocientífico, tende-se a redividir os setores de atividade econômica em quatro,
incluindo o setor quaternário, que abrange a pesquisa de alto nível (biotecnologica, robótica, aeroespacial, etc).
Assim, as inovações tecnológicas do passado acabaram com alguns postos de trabalho, mas deram origem a outros,
em novos setores da economia.
Atualmente, as inovações tecnológicas têm provocado não só aumento de produtividade, mas também desemprego
em todos os grupos de países. Isso ocorre até mesmo no setor terciário, uma vez que a tecnologia da informação
invade o setor de serviços, automatizando bancos, telecomunicações, escritórios, comércio etc. Os computadores, além
de diminuir a participação humana, permitem produção programada e variada; a robotização reduz os custos na
produção e permite realizar atividades que envolvem riscos de segurança ou ocorrem em lugares de difícil acesso ao
ser humano, como dutos ou o fundo do mar (instalação de equipamentos).
Esse processo provoca o desemprego estrutural, que afasta do mercado de trabalho grande massa de população
durante períodos mais ou menos prolongados, atingindo principalmente jovens (dificuldade de acesso ao primeiro
emprego) e trabalhadores de pouca qualificação técnica.
5.5 - O setor terciário, a ciência e a indústria
Com a globalização, os estabelecimentos industriais também sofreram mudanças. As fábricas subsistem, mas criaram-
se grandes estabelecimentos industriais, que se especializaram na produção, em pesquisas, na aquisição e na difusão
de tecnologias, ou são sede das grandes empresas, nas quais se tomam as decisões importantes.
Verifica-se assim maior interdependência entre o setor secundário e o terciário, pois as indústrias necessitam de
tecnologia, de centros de testes e de desenvolvimento de programas, assim como da informática, de transporte rápido,
de serviços de marketing e de consultoria para vendas e exportações.
5.6 - Os tecnopolos
Surgiram também os tecnopolos, polos
tecnológicos ou parques científicos, que
correspondem aos lugares (cidades ou bairros de
uma cidade) nos quais se instalaram instituições
de ensino ou empresas especializadas em
pesquisas e na aplicação de tecnologias de ponta
(inovações tecnológicas que permitem maior
produtividade e rendimento). Observe o mapa ao
lado.
Na Califórnia, o Silicon Valley (Vale do Silício),
implantado na década de 1950, é uma importante
área de inovação científica e tecnológica,
destacando-se na produção de chips, na
eletrônica e na informática. A Europa conta com
tecnopolos em quase todos os países,
destacando-se a França - com Nice, Toulouse,
Montpellier e outros -, a Alemanha - com Munique
-, a Itália, o Reino Unido, além de Japão e Canadá.
Atualmente os tecnopolos assumem maior importância do que as regiões industriais tradicionais, como a do Vale do
Ruhr, na Alemanha, ou Pittsburgh, nos Estados Unidos.
Indiferentes aos efeitos sociais negativos (miséria, desemprego), as indústrias se informatizam, compram robôs,
contratam modernos sistemas de comunicação. No mundo atual, a ciência tem sido colocada mais a serviço daqueles
que pagam do que a serviço das reais necessidades sociais. No Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 1999
afirma-se que, na agenda de pesquisa em biotecnologia, o dinheiro fala mais alto que a necessidade, apontando o
contraste entre os tímidos investimentos destinados à investigação de doenças tropicais e à vacina contra o HIV/Aids:
"Cosméticos e tomate de amadurecimento lento assumem prioridade em relação à vacina contra a malária e às
colheitas resistentes à seca em regiões periféricas".
Sem ciência e tecnologia, um país está condenado ao atraso e à dependência. Como os países subdesenvolvidos têm
acesso limitado aos setores
dinâmicos do conhecimento, o
crescimento das desigualdades tem
sido inevitável: aumentam as
diferenças entre países pobres e
ricos, e milhões de pessoas são
marginalizadas pela falta de acesso
às novas tecnologias, entre elas a
internet.
O comércio de novas tecnologias e a
lei da propriedade intelectual, assim
como a legislação sobre royalties e
patentes, ilustram essa situação: são
realizados com pouca participação
dos países subdesenvolvidos.
Porém, foi a indústria de alta tecnologia que representou o setor mais importante para o crescimento do Sun Belt. As
indústrias desse grupo caracterizam-se por não serem dependentes de fontes de matérias-primas pesadas. Os
produtos finais têm elevado valor unitário, o que reduz a importância dos custos de transporte. Por outro lado, a força
de trabalho científica e técnica altamente qualificada e intensos investimentos de capital constituem as exigências
cruciais para o sucesso desses empreendimentos. Assim, uma grande variedade de novas localizações, distantes das
regiões tradicionais, passou a abrigar centros empresariais de alta tecnologia.
A eletrônica e a informática oferecem um bom exemplo dessas novas localizações. Na Califórnia, formou-se o célebre
Vale do Silício. A concentração industrial estrutura-se em torno da Baía de San Francisco, num conjunto de pequenas
localidades onde estão centenas de empresas que produzem computadores (como a Apple e a Hewlett Packard) e
softwares para a internet. A Universidade de Stanford forma grande parte dos quadros científicos e técnicos que atuam
nessas empresas. No Texas, as cidades de Dallas, Houston e Austin tornaram-se centros emergentes.
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Na Alemanha, principal potência econômica da União Européia, o complexo industrial do Reno-Ruhr continua a ocupar
lugar de destaque, mas existem muitos outros polos industriais importantes, comandados principalmente pelas
indústrias mecânicas, químicas e eletrônicas.
Na França, os principais centros industriais desses mesmos setores espalham-se no centro-norte do país, destacando-
se a região parisiense, a Alsácia-Lorena e a região da cidade de Lion.
Na Grã-Bretanha, grande parte dos novos investimentos se direciona para a região de Londres, que concentra
indústrias químicas e mecânicas. As velhas regiões industriais carboníferas, por sua vez, há décadas enfrentam um
quadro de crise econômica e social generalizada. Na Itália, os centros industriais mais importantes, ligados
principalmente à siderurgia e às indústrias mecânicas, situam-se em Turim, Milão e Gênova, no norte do país.
O aprofundamento da integração econômica entre os países da União Européia, coroado em janeiro de 1999 com a
adoção de uma moeda única - o euro -, abriu o caminho para uma profunda reorganização espacial da indústria
européia. Contando com um espaço monetário unificado, as empresas e os setores industriais tendem a traçar suas
estratégias locacionais visando o conjunto do mercado europeu. Os processos de fusão entre empresas, de eliminação
de unidades produtivas redundantes e de mudança de localização de fábricas refletem as necessidades geradas pela
concorrência em escala européia.
A integração também parece ser o caminho da indústria de alta tecnologia. Com a criação de grandes consórcios de
pesquisa e desenvolvimento, as empresas européias buscam enfrentar a concorrência com o Japão e os Estados
Unidos. A indústria aeronáutica ilustra esse fenômeno, tal como mostra o caso da Airbus.
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6. BRASIL: MODELO ECONÔMICO, DINÂMICAS TERRITORIAIS E ESPAÇO INDUSTRIAL
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Cultivado para exportação principalmente em grandes latifúndios (extensas propriedades rurais) e com técnicas
tradicionais, o café acarretava o esgotamento dos solos. Esse fato
levava os agricultores a procurarem novas terras. Na segunda
metade do século XIX, o café já estava sendo cultivado nas terras
roxas (solo fértil de origem vulcânica) do oeste paulista e
expandindo-se também para o Paraná.
Com a abolição da escravatura, a partir do final do século XIX a
mão-de-obra escravizada utilizada no início do ciclo do café foi
substituída pela mão-de-obra assalariada de imigrantes
europeus.
O café também causou profundas modificações na organização
do espaço brasileiro. Parte do capital proveniente da atividade
cafeeira ajudou a financiar as indústrias alimentícia e têxtil. O
desenvolvimento da cafeicultura também foi responsável por
investimentos em equipamentos urbanos, tais como serviços
públicos de iluminação nas capitais e principais cidades, pela
expansão de uma infra-estrutura de transporte, tais como
ferrovias e portos, pela construção de usinas hidrelétricas etc.
Mas, sobretudo, a expansão cafeeira, em sua marcha em busca
de terras férteis, provocou o desmatamento de extensas áreas
antes recobertas pela Mata Atlântica.
No final do século XIX, a produção cafeeira dominava a economia
e crescia juntamente com o aumento dos preços do café no
mercado internacional.
No início do século XX, outros países já haviam ampliado a sua
participação no mercado mundial do café. Safras recordes do
produto fizeram os preços caírem e obrigaram o governo a tomar
medidas de contenção das plantações e de retirada de parte do
produto do mercado, com a finalidade de elevar os preços.
A economia agroexportadora, assentada principalmente na monocultura cafeeira, deixava o país na dependência do
mercado externo. A depressão econômica de 1929 ocasionou queda acentuada dos preços e nas exportações de café
e provocou uma grande crise no Brasil.
No final do século XIX, também faziam parte da economia agro-exportadora outros produtos, tais como o cacau
produzido no litoral da então província da Bahia e a produção de cana-de-açúcar, que continuava importante. Além
disso, havia também extração de borracha nas seringueiras da Amazônia.
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6.3.1 - A integração econômica
A organização atual do espaço brasileiro ainda guarda heranças das diversas atividades econômicas que se sucederam
na história do país. Muitas áreas se desestruturaram com o declínio dessas atividades, gerando desequilíbrios
regionais. Observe a figura seguinte para compreender melhor a evolução dessa integração econômica, desde o final
do século XIX.
A partir de meados do século XX, acentuaram-se os investimentos em infra-estrutura e incentivos do governo ao
desenvolvimento regional, tendo como objetivo a reativação econômica de regiões estagnadas e a desconcentração
de atividades industriais, agropecuárias e de serviços.
Com a industrialização, a diversificação produtiva e a integração de mercados, ocorrida principalmente no século XX,
houve maior integração entre os diversos pólos produtivos existentes. A economia brasileira passou a ter alcance
nacional. No entanto, as principais atividades econômicas ainda se
concentram no sudeste e no sul do território.
No Brasil, desde a segunda metade do século XX, não só as atividades
econômicas se diversificaram, mas também foram ampliadas as redes
de relações entre elas e as zonas de influência dos principais pólos
econômicos. O país assumia a atual feição urbano-industrial.
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6.4.3 - Endividamento e crise econômica
O padrão de desenvolvimento nacional conhecido como substituição de importações alavancou o setor industrial não
apenas no Brasil mas também em outros países latino-americanos, como o México e a Argentina. No entanto, esse
modelo entrou em esgotamento na década de 1980, e a euforia do crescimento chegou ao fim. Dessa crise, emergiu o
padrão de desenvolvimento que até hoje comanda a economia brasileira.
Mudanças importantes no cenário internacional, tais como o
esgotamento dos mecanismos de financiamento externo
(essenciais para garantir os gastos do governo) e as crises do
petróleo contribuíram para o desgaste desse modelo. A
redução do principal fator de dinamismo - o investimento
público - aprofundou desequilíbrios internos como a inflação e
o desemprego.
Em 1973 ocorreu a primeira crise do petróleo. Os países
exportadores, reunidos na Opep, impuseram um embargo ao
fornecimento de petróleo para os Estados Unidos e a Europa.
Esse fato provocou uma recessão mundial. Durante o
embargo, o preço do produto quadruplicou.
O segundo "choque do petróleo", em 1979, elevou o preço do
produto a níveis recordes e agravou a recessão econômica mundial. A produção e a distribuição de petróleo foram
abaladas devido a uma revolução no Irã, segundo exportador mundial de petróleo.
No Brasil, acentuou-se a desestabilização econômica, expressa, sobretudo, pelo elevado endividamento externo. No
início da década de 1980, as taxas de juros dispararam no mercado internacional, e o volume de dinheiro que saía sob
a forma de pagamento de juros passou a ser muito maior do que aquele que entrava sob a forma de novos empréstimos.
Em outras palavras, as contas não fechavam.
O endividamento externo foi uma das principais causas da crise. Afinal, a maior parte dos investimentos realizados pelo
Estado era resultante de empréstimos tomados no mercado internacional. Assim, as grandes obras se transformaram
em uma imensa dívida externa.
Dessa maneira, o Estado perdeu a capacidade de continuar investindo na modernização industrial e mesmo de realizar
a manutenção necessária ao funcionamento dos setores sob o seu comando. O resultado foi quase imediato: as
estradas se deterioraram e se encheram de buracos, a oferta de energia permaneceu estagnada, as inovações
tecnológicas praticamente cessaram nas grandes empresas estatais. Por todas essas razões, a década de 1980 ficou
conhecida como a "década perdida", ou seja, uma década marcada pela desaceleração do crescimento da economia,
pela diminuição da oferta de empregos, pela escalada inflacionária e por graves crises sociais.
Nessa etapa, manifesta-se a força das deseconomias de aglomeração. Nas regiões industriais tradicionais, crescem
os custos dos terrenos, assim como os impostos municipais. A força de trabalho, organizada em sindicatos, consegue
aumentos salariais. Diversos outros custos, de difícil mensuração, originam-se do congestionamento de tráfego e da
poluição ambiental típicas das metrópoles. Em busca do melhor retorno para o capital, os investimentos empresariais
são desviados para novas localizações. No Brasil, esse fenômeno começou a se desenvolver na década de 1970. Seus
sintomas transparecem na perda de participação do Sudeste na força de trabalho da indústria de transformação e no
valor total da produção industrial.
Os números da participação na força de trabalho
industrial parecem revelar um vigoroso processo de
desconcentração, mas as perdas relativas do Sudeste se
refletem em aumentos expressivos do emprego industrial
apenas na Região Sul. Já os números da participação no
valor da produção industrial revelam que o predomínio do
Sudeste ainda é muito expressivo, embora revelem a
expansão da indústria em outras regiões, especialmente
no Sul e no Norte. Neste último caso, a expansão
industrial está diretamente ligada ao crescimento da Zona
Franca de Manaus.
Em conjunto, os dados evidenciam, paralelamente a um
processo limitado de desconcentração, a modernização
tecnológica das empresas industriais do Sudeste, que
provoca redução relativa do emprego de mão-de-obra.
Eles também indicam que a Região Sul abriga diversos
focos de novos investimentos industriais.
Portanto, devemos nos acostumar com a presença, cada vez maior, de empresas genuinamente brasileiras atuando
no mercado global. Não apenas exportando a partir do território brasileiro, mas atuando a partir de plataformas externas.
Este cenário considera todos os setores da economia, mas tem se destacado do industrial.
EXERCÍCIOS
01. O Vale do Silício, na costa oeste dos EUA, e Tsukuba, cidade japonesa, tem em comum com a Região Metropolitana
de Campinas e o Vale do Paraíba o fato de:
(A) se apresentarem como cidade global, polarizando o país, fazendo a ligação entre este e o resto do mundo.
(B) apresentarem uma recente desmetropolização, que é um processo associado à diminuição dos fluxos migratórios
em direção das metrópoles.
(C) serem um tecnopolo, por desenvolverem tecnologia de ponta.
(D) apresentarem intenso êxodo populacional em direção às metrópoles maiores vizinhas, como São Paulo, no caso
de Campinas.
(E) poderem vir a se tornar grandes megalópoles.
02. O Brasil é considerado um país de grandes contrastes regionais. Às grandes diferenças naturais existentes, juntam-
se as disparidades humanas. Assim, para conhecer melhor o território brasileiro, a forma encontrada foi dividi-lo
regionalmente.
Entre os tipos de divisão regional existentes, assinale a opção que se ajusta melhor ao processo de formação histórica-
territorial do país.
(A) divisão em cinco macrorregiões
(B) divisão em três regiões geoeconômicas ou complexos regionais
(C) divisão em centros econômicos
(D) divisão em meso e microrregiões
(E) divisão regional a partir da divisão regional do trabalho
04. O Brasil está inserido no cenário mundial como um país ainda especializado na exportação de produtos intensivos
em recursos naturais e em mão-de-obra. Nos últimos anos, ocorreram importantes mudanças na composição das
exportações do país em direção a determinados bens de maior intensidade tecnológica.
A respeito desse assunto, assinale a opção correta.
(A) Em termos regionais, houve uma diminuição da diversificação geográfica das exportações brasileiras, com um
decréscimo maior nas vendas para mercados não tradicionais como Leste Asiático, especialmente China, Rússia e
continente africano.
(B) Houve uma especialização das exportações brasileiras nos setores mais dinâmicos do comércio mundial.
(C) O desempenho geográfico das exportações brasileiras foi melhor nos mercados consumidores de maior dinamismo,
como a China.
(D) A análise por região e setor revela que os Estados Unidos da América e a América Latina são os principais destinos
das exportações brasileiras de produtos intensivos em recursos naturais.
(E) As exportações brasileiras para a União Europeia e o Leste Asiático são fortemente concentradas em produtos
intensivos em tecnologia.
06. QOAM 2011 O Japão é considerado uma das grandes potências econômicas do planeta, no entanto, foi arrasado
durante a 2ª GM. Fato curioso foi a sua incrível recuperação estrutural e econômica num relativo curto espaço de tempo.
Sobre as causas que possibilitaram a recuperação da economia japonesa neste período, é CORRETO afirmar que
(A) a sua condição de parceiro da extinta URSS o possibilitou adquirir grandes somas de recursos do chamado bloco
oriental, uma vez que durante a Guerra Fria o Japão desempenhou um importante papel de apoio geopolítico aos
soviéticos.
(B) a sua vocação portuária, com intenso no cenário asiático, além de um subsolo rico em minerais, garantiu a esse
país uma retomada rápida de suas atividades industriais, especialmente das indústrias de base, as quais revitalizaram
rapidamente suas siderurgias e metalurgias.
(C) os pesados investimento nas área bélicas e de educação possibilitaram uma rápida reestruturação de sua
economia, o que atraiu grandes contingentes de trabalhadores do sudeste asiático, fato imprescindível que estimulou
o seu mercado de consumo interno.
(D) as bases produtivas desse país, calcada em organizações originadas dos clãs familiares, conhecidos como
zaibatsus, foram estimuladas novamente pelo Estado, o que contribuiu decisivamente para retomada do crescimento
econômico desse país.
(E) a posição geográfica e a insularidade desse país, além da proximidade de várias nações do sul e sudeste asiático,
as quais investiram pesadamente no mercado japonês, estimularam a sua vocação financeira, o que acabou
desenvolvendo nessa nação grandes corporações bancárias, já na década de 1950.
07. QOAM 2011 A República Popular da China, conhecida também como o dragão chinês, vem batendo recordes de
crescimento econômico nas últimas décadas, ao ponto de ser apontada, por alguns especialistas, como a grande
potência do século XXI. Apesar desse crescimento econômico, esse país enfrenta alguns problemas. Assim sendo,
assinale a opção que retrata coerentemente um problema que a China apresenta.
(A) Com um subsolo extremamente pobre em recursos minerais metálicos e fósseis, a dependência das importações
dessas matérias primas é enorme, fato compensado com a sua grande disponibilidade de mão de obra, tornando,
assim, as suas manufaturas baratas no mercado global.
(B) A sua pouca tradição rural, uma vez que historicamente a taxa de urbanização desse país sempre foi elevada,
resulta num déficit alimentar enorme, o que acaba desviando verbas de investimentos produtivos para importar grandes
quantidades de alimentos.
(C) O fato desse país não fazer parte da OMC é um entrave para a sua dinamização econômica, pois esse prefere ficar
fora dos ditames e regras estipuladas pelas grandes potências econômicas, exatamente para vender suas mercadorias
mais baratas, especialmente nos mercados de maior poder de compra.
(D) As chamadas ZEE, localizadas no interior do território chinês, cuja finalidade é estimular a integração territorial e
comercial do país, vêm onerando o custo final da produção, o que acaba impelindo aos produtores repassarem esse
custo ás suas mercadorias, tornando-a mais caras.
(E) Apesar desse país estar conseguindo grandes crescimentos na área econômica, em grande parte fruto dos
subsídios oficiais e da sua abundância de mão de obra farta e barato, presencia-se no mesmo uma liberdade política
ainda pequena, o que contribui para gerar inúmeras insatisfações populares e certo receio dos grandes investidores do
planeta.
11. A atual organização do espaço geográfico brasileiro decorre da maneira como o território foi ocupado e constituído,
principalmente com as relações sociais de produção que se sucederam ao longo dos séculos. Essa organização
espacial foi fruto da expansão capitalista, em que a economia foi mais estruturada para atender à demanda do mercado
externo do interno.
Com base na formação do território brasileiro e sua consolidação como país em desenvolvimento, analise as
proposições e assinale a CORRETA.
(A) A fragmentação da economia brasileira em arquipélago econômico, mais direcionado ao mercado externo do que
ao interno, não se constituiu em um entrave à integração nacional nem ao seu desenvolvimento econômico, pois, nas
primeiras décadas do século XX, à crescente industrialização foi o elo para a integração regional e nacional.
(B) A crise econômica de 1929, ocorrida nos Estados Unidos, transformou o mecanismo comercial agroexportador
brasileiro em economia industrial, propiciando ao país competir com a mesma intensidade com as potências
econômicas da época.
(C) Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek foram sinônimos de modernizadores do parque industrial brasileiro através
da substituição de importações, sendo Getúlio Vargas associado ao capital estrangeiro e JK ao capital estatal, este
último com o slogan “ 50 anos em 5 “.
(D) Fernando Collor foi o responsável pela implantação da doutrina neoliberal no Brasil, abrindo de maneira irrestrita,
a economia nacional ao capital estrangeiro, provocando o fechamento de inúmeras indústrias, privatizando estatais e
acentuando ainda mais as desigualdades sociais.
(E) A década de 1970 ficou conhecida como “década perdida”. Nesse período, o governo, comprometido com a política
do FMI, deixou de investir na modernização industrial e na manutenção de outros setores da economia fundamentais
ao crescimento econômico.
12. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, os avanços tecnológicos aprofundaram e transformaram os vínculos
entre os países. A globalização não é um fato novo mas adquire dimensões distintas e mais complexas que no passado.
Hoje há duas esferas da globalização: a real e a virtual.
A partir do texto não é correto afirmar:
(A) a globalização real compreende o crescimento do comércio mundial que se concentra, atualmente, nos bens de
maior valor agregado e conteúdo tecnológico;
(B) na globalização real predominam, nos movimentos do mercado financeiro, os capitais de curto prazo transferidos
por ordens de pagamento;
(C) na globalização real, os segmentos mais importantes da produção mundial se realizam dentro das matrizes das
corporações transnacionais e suas filiais no resto do mundo;
(D) a globalização virtual inclui os extraordinários avanços no processamento e transmissão de informação e imagens
em escala planetária;
(E) a globalização virtual e a real interagem para gerar a visão de um mundo sem fronteiras – a intermediação mediática
contagia o plano real transmitindo modas, pautas culturais e padrões de consumo.
13. QOAM 2011 Considere o texto a seguir.
“[...] é possível imaginar uma desconcentração da produção industrial sem, necessariamente, o Sudeste brasileiro e
suas metrópoles principais perderem o comando do parque industrial (...) Pelo menos em nível das 40 maiores
empresas nacionais, estatais e multinacionais, a perda da posição da metrópole paulista é evidente. A defesa da
“supremacia paulista” agora precisa ser feita da posição mais frágil com o argumento de que a metrópole paulista ainda
é, pelo menos, a sede principal da vida financeira do país [...].”
Philip Gunn. Urbanização do Sudeste: dominação das metrópoles?. In Maria Flora Gonçalves (org.). O novo Brasil
urbano: impasses, dilemas, perspectivas, p. 94-95.
A região Sudeste brasileira ainda concentra a maior parte do parque industrial nacional, no entanto, mudanças
estruturais nesse sentido são observadas desde a década de 1980. Nesse sentido, assinale a opção que faça menção
coerente a essa realidade.
(A) A desconcentração geográfica ou espacial das indústrias, especialmente da Região Metropolitana de São Paulo,
ocorreu em direção ao nordeste do país, especialmente aquelas dos segmentos ligados às atividades de serviços
financeiros, informática e química fina, ficando a Grande São Paulo, basicamente, com atividades voltadas para os
segmentos mais pesados, como as indústrias de base.
(B) Ainda que a metrópole paulista esteja crescendo num ritmo mais lento do que o de outras, em parte fruto de uma
política oficial de governo, por exemplo, com incentivos fiscais, a Região Metropolitana de São Paulo continua
comandando os principais segmentos econômicos do país, assim sendo, a desconcentração geográfica das indústrias
é relativa, pois não desconcentrou, necessariamente, o desenvolvimento.
(C) A partir dos anos 1990, com o desenvolvimento dos meios de transportes e de comunicação, difundidos por todo o
território nacional, além da expansão da oferta de energia, a Região Sudeste teve um forte decréscimo em sua
participação junto aos setores secundário e terciário, especialmente São Paulo, uma vez que os investimentos públicos
estão superando os ditos privados nas demais regiões do país.
(D) Com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), criado pelo Governo Federal, houve a difusão e o
incremento das chamadas superintendências, como a SUDAM, SUDECO e SUDESUL, as quais são as maiores
responsáveis, tanto pelo incremento industrial das regiões sob suas respectivas responsabilidades, como pelos
financiamentos econômicos do setor secundário.
(E) O fato da Região Sudeste estar passando tanto por um sensível declínio em seu crescimento industrial como em
sua participação junto ao PNB, são consequências típicas do chamado neoliberalismo econômico, o qual impõe
medidas reguladoras de mercado, onde o estado é compelido a redistribuir as diversas atividades produtivas por todo
o seu território, equacionando melhor assim o seu desenvolvimento.
14. QOAM 2011 A República Popular da China, conhecida também como o dragão chinês, vem batendo recordes de
crescimento econômico nas últimas décadas, ao ponto de ser apontada, por alguns especialistas, como a grande
potência do século XXI. Apesar desse crescimento econômico, esse país enfrenta alguns problemas. Assim sendo,
assinale a opção que retrata coerentemente um problema que a China apresenta.
(A) Com um subsolo extremamente pobre em recursos minerais metálicos e fósseis, a dependência das importações
dessas matérias primas é enorme, fato compensado com a sua grande disponibilidade de mão de obra, tornando,
assim, as suas manufaturas baratas no mercado global.
(B) A sua pouca tradição rural, uma vez que historicamente a taxa de urbanização desse país sempre foi elevada,
resulta num déficit alimentar enorme, o que acaba desviando verbas de investimentos produtivos para importar grandes
quantidades de alimentos.
(C) O fato desse país não fazer parte da OMC é um entrave para a sua dinamização econômica, pois esse prefere ficar
fora dos ditames e regras estipuladas pelas grandes potências econômicas, exatamente para vender suas mercadorias
mais baratas, especialmente nos mercados de maior poder de compra.
(D) As chamadas ZEE, localizadas no interior do território chinês, cuja finalidade é estimular a integração territorial e
comercial do país, vêm onerando o custo final da produção, o que acaba impelindo aos produtores repassarem esse
custo ás suas mercadorias, tornando-a mais caras.
(E) Apesar desse país estar conseguindo grandes crescimentos na área econômica, em grande parte fruto dos
subsídios oficiais e da sua abundância de mão de obra farta e barato, presencia-se no mesmo uma liberdade política
ainda pequena, o que contribui para gerar inúmeras insatisfações populares e certo receio dos grandes investidores do
planeta.
15. Num contexto mundial marcado por importantes transformações, o ambiente econômico brasileiro sofreu grandes
mudanças nos anos noventa. Tendeu-se a romper o padrão dominante nas décadas anteriores no qual a prioridade
era dada à montagem de uma base econômica que iria lentamente se desconcentrando pelos espaços periféricos do
país. O Estado nacional que jogava um papel importante nesse processo, tanto por suas políticas explicitamente
regionais como pela ação de suas estatais, agora retrai-se.
Com relação ao texto NÃO é correto afirmar que houve:
(A) anulação do peso de atração de fatores tradicionais como mão-de-obra abundante e barata em regiões mais pobres.
(B) redução do movimento de desconcentração do desenvolvimento na direção das regiões menos desenvolvidas;
(C) estímulo a determinados “focos exportadores” independente da região onde a área foco está inserida;
(D) crescente papel da logística nas decisões da localização dos estabelecimentos;
(E) ação ativa de governos locais – estados ou municípios, oferecendo incentivos fiscais.
17. QOAM 2011 O Japão é considerado uma das grandes potências econômicas do planeta, no entanto, foi arrasado
durante a 2ª GM. Fato curioso foi a sua incrível recuperação estrutural e econômica num relativo curto espaço de tempo.
Sobre as causas que possibilitaram a recuperação da economia japonesa neste período, é CORRETO afirmar que
(A) a sua condição de parceiro da extinta URSS o possibilitou adquirir grandes somas de recursos do chamado bloco
oriental, uma vez que durante a Guerra Fria o Japão desempenhou um importante papel de apoio geopolítico aos
soviéticos.
(B) a sua vocação portuária, com intenso no cenário asiático, além de um subsolo rico em minerais, garantiu a esse
país uma retomada rápida de suas atividades industriais, especialmente das indústrias de base, as quais revitalizaram
rapidamente suas siderurgias e metalurgias.
(C) os pesados investimento nas área bélicas e de educação possibilitaram uma rápida reestruturação de sua
economia, o que atraiu grandes contingentes de trabalhadores do sudeste asiático, fato imprescindível que estimulou
o seu mercado de consumo interno.
(D) as bases produtivas desse país, calcada em organizações originadas dos clãs familiares, conhecidos como
zaibatsus, foram estimuladas novamente pelo Estado, o que contribuiu decisivamente para retomada do crescimento
econômico desse país.
(E) a posição geográfica e a insularidade desse país, além da proximidade de várias nações do sul e sudeste asiático,
as quais investiram pesadamente no mercado japonês, estimularam a sua vocação financeira, o que acabou
desenvolvendo nessa nação grandes corporações bancárias, já na década de 1950.
18. Embora não haja, nos dias atuais, os conflitos do contexto bipolar da Guerra Fria, vários conflitos e estados de
tensão cobrem o espaço geográfico mundial.
Sobre esses conflitos e situações de tensão NÃO está correto afirmar que:
(A) a Rússia enfrenta, desde os anos 90, movimentos separatistas, como o da Chechênia, localizada no Cáucaso, uma
das regiões mais conflituosas do mundo por causa da enorme diversidade étnico-religiosa;
(B) o Iraque, em conseqüência da invasão liderada por tropas norte-americanas, em 2003, vive um clima de guerra civil
que levou à dissolução do exército iraquiano e ao atual colapso da capacidade administrativa do Estado;
(C) os palestinos lutam pela formação de um Estado nacional enfrentando o Estado de Israel em disputas por território
como as da faixa de Gaza;
(D) o Irã desenvolve um programa nuclear para conquistar uma posição de potência regional, apesar das ameaças do
Ocidente e das sansões econômicas que lhe foram impostas pela ONU;
(E) o Afeganistão enfrenta uma guerra civil tentando se libertar do grupo radical Talibã, que ocupa o poder após o longo
período de domínio do país pela ex-União Soviética.
19. A economia brasileira passou por várias etapas em sua evolução, de uma estrutura basicamente agroexportadora,
reinante até as primeiras décadas do século XX, para a industrialização que materializou-se a partir da década de 1950.
Assinale a opção correta sobre as mudanças implementadas na economia brasileira no período compreendido entre
1956 e 1961.
(A) O domínio do capital externo em investimentos produtivos diretamente junto às indústrias de bens intermediários,
acabou por refletir em uma forte dispersão industrial pelo país.
(B) O deslocamento dos investimentos por parte do Estado, do setor de bens de produção para as atividades ligadas
aos de bens consumo não-duráveis, favoreceu a ascensão do capital privado externo no primeiro setor.
(C) Os incentivos cambiais, tarifários, fiscais e creditícios oferecidos pelo governo federal ao capital externo,
privilegiaram setores como o automobilístico, o de máquinas e ferramentas.
(D) A diminuição dos encargos exteriores do país, como o pagamentos de royalties, dos serviços técnicos, dos
dividendos e juros, facilitou os investimentos do capital privado nacional em detrimento do capital externo.
(E) O rompimento como o capital transnacional e fortalecimento do capital privado nacional, especialmente junto às
indústrias de bens de consumo duráveis, inaugurou a política do governo conhecida como Plano de Metas.
20. Por todos os continentes e países do mundo encontramos inúmeros produtos oriundos da indústria. Mas, não
precisamos viajar para conhecê-los. Em cada espaço de nossa casa temos esses exemplos: a cama, a roupa, o som
e a TV estão entre eles. Todos esses produtos são o resultado da transformação de matérias-primas, com suprimento
de energia, em produtos industrializados. Até consolidar esse processo, a indústria passou por vários estágios de
produção.
Com base na análise do texto e nos conhecimentos sobre a evolução, os tipos e a localização das indústrias no Brasil
e no Mundo, pode-se afirmar:
(A) A Primeira Revolução Industrial foi marcada pela hegemonia alemã, pelo uso do carvão, como principal fonte de
energia, e pela grande dispersão da atividade industrial em termos do espaço mundial.
(B) O avanço da Revolução Técnico-Científica-Informacional já é marcante no Japão, na Alemanha, nos Estados
Unidos e em outros países, embora ainda haja a permanência de inúmeros traços da Segunda Revolução Industrial.
(C) O vale do Silício brasileiro localiza-se em São Paulo e no interior de Minas Gerais e assim como o original norte-
americano, concentra, atualmente, indústrias consideradas de tecnologia de ponta, especialmente de informática,
eletrônica e de telecomunicações.
(D) O Sudeste afirmou-se como pólo da industrialização brasileira, sobretudo graças à infra-estrutura urbana e de
transportes desenvolvida em função da cafeicultura, devido à chegada dos imigrante norte americano e pela
concentração de consumidores.
(E) No Brasil a região sudeste reduziu significativamente a concentração industrial tornando-se pouco expressiva devido
a “guerra fiscal” que acarretou a diminuição das taxas de crescimento de parte de seus estados e aumentou a
expressividade industrial no nordeste.
22. O Brasil, como outros países, passa por transformações estruturais nos processos de produção e de trabalho
industrial.
Entre essas transformações temos, exceto:
(A) redução relativa do número de empregos industriais;
(B) alteração do perfil de habilidades e qualificação dos trabalhadores;
(C) fortalecimento da base sindical organizada;
(D) aprofundamento da automação on line, flexível e abrangente;
(E) poupança do capital de giro com a minimização dos estoques;
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3
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A
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. Vagner Souza
CAPÍTULO IV
AS NAÇÕES MODERNAS
1) Portugal:
Projetada sobre o Oceano Atlântico, a Península Ibérica é a região
mais ocidental da Europa.
Desde épocas pré-históricas, povos lígures e iberos, talvez
provenientes do norte da África, se estabeleceram na região, seguidos dos
celtas, oriundos do centro da Europa, nos fins do século VII aC.
misturaram-se, formando uma população que se convencionou chamar
de celtibero. Fenícios, gregos e cartagineses, povos marítimos e
comerciantes, frequentaram a costa mediterrânea da península,
localizando-se, eventualmente, em trechos dessa costa, fundando
feitorias ao mesmo tempo em que impregnavam os seus costumes nos
habitantes.
A disputa entre Roma e Cartago pela supremacia no Mar Mediterrâneo
salientou a importância estratégica da região. A vitória de Roma abriu as
portas da Ibéria ao seu domínio. Tornou-se célebre a resistência de
Viriato, chefe destemido dos Lusitanos, que enfrentou as legiões romanas
a partir de 147aC, conseguindo um acordo de paz em 141aC. A luta
prosseguiu, terminando com o assassinato de Viriato 139aC por três
traidores. A destruição de Numância 133aC consolidou a conquista
romana. A elevada cultura romana exerceu, então, sobre os povos
mesclados da região, uma forte influência, em especial nos costumes, na
língua (latim vulgar, que era falado pelos comerciantes e soldados) e na
religião, com a assimilação do cristianismo.
Com o enfraquecimento do Império Romano, no século V, povos
bárbaros penetraram em seus domínios, apoderando-se das terras que
lhes apraziam. Em 409, álanos, vândalos e suevos conquistaram a
Península Ibérica sobrepondo-se à população existente e, em parte,
cristianizada.
Nada construíram, antes, guerrearam entre si e não puderam resistir à penetração dos visigodos em
414, chefiados por Ataulfo. Em pouco tempo, os visigodos estenderam o seu poder sobre a península e,
quando, em 586, morreu o Rei Leovigildo, formavam um poderoso reino. Seu filho Recaredo adotou o
cristianismo como religião oficial (587).
Ao mesmo tempo em que a religião cristã impregnava os habitantes da Península Ibérica, outra
religião, recentemente formada por Maomé, espalhava-se entre os povos do norte da África. Atrair mais
elementos, mesmo empregando a Guerra Santa, passou a ser a meta prioritária dos recém-convertidos.
O Rei visigodo Rodrigo não se mostrou com capacidade para detê-los. Derrotado na batalha
próximo do lago Janda, em julho de 711, reorganizou as forças em Segoyuela, mas, neste local, perdeu o
reino e a vida (713). Rapidamente, os invasores muçulmanos, em sua maioria berberes, ocuparam a região,
impondo seus hábitos à população amedrontada.
Alguns visigodos cristãos não aceitaram a nova soberania. Refugiaram-se nas montanhas das
Astúrias e, dirigidos pelo nobre Pelágio, iniciaram a reconquista, Ao mesmo tempo, os invasores exerciam
na população (chamada moçárabe1) forte influência, dando início à cultura do arroz e da cana-de-açúcar,
criando a manufatura da seda e da lã, produzindo uma arquitetura de rara beleza, restando muitos exemplos
na região sul da atual Espanha.
1
Moçárabe: população cristã em territórios dominados pelos islâmicos. Apesar de manterem sua fé cristã, adotaram a língua e
outros costumes árabes durante o período de controle desse povo sobre territórios na península ibérica. Com a retomada do
controle do território pelos cristãos, os islâmicos que ficaram na mesma condição foram chamados de mudéjares.
Módulo 2 1 QOA-AA-AFN 2018/2019
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. Vagner Souza
Pouco a pouco, os cristãos, espremidos ao norte, organizaram-se e recuperaram territórios aos
mouros (isto é, aqueles que não professavam a fé católica), transformando-os em mudéjares.
Depois da vitória alcançada na batalha de Covadonga, em 718, os cristãos formaram o reino das
Astúrias. Sucessivamente, constituíram os reinos de Leão, Navarra, Aragão e Castela. A luta contra os
mouros excitava os nobres, alguns provenientes de outras terras, ávidos de glórias militares e que nela
divisavam uma verdadeira cruzada. Raimundo, filho do Conde da Borgonha, e seu primo Henrique
ofereceram-se ao Rei de Leão e Castela, Afonso VI, para participarem das lutas.
Os dois jovens francos tão bem se houveram que o rei lhes premiou largamente. Raimundo recebeu
o governo da Galiza e a filha do rei, Urraca, em casamento. D. Henrique ganhou um pequeno condado,
chamado Portucalense, cujo nome deriva de uma antiga povoação romana na foz do Rio Douro e a mão de
outra filha de Afonso VI, Taraja.
O Conde Henrique de Borgonha combateu os mouros com vigor. Seu filho, D. Afonso Henriques,
obteve, em 25 de julho de 1139, uma notável vitória contra os mouros (talvez na região de Beja ou nas
planuras de Ourique), intitulando-se REX nesse mesmo ano, atitude legitimada graças ao amparo dos papas
Lúcio II e Alexandre III em troca da vassalagem oferecida. Em 1143, o Rei Afonso VII confirmou, ao
Conde de Portucale o título de REX (Tratado de Zamora). Estava fundado o Reino de Portugal.
A dinastia de Borgonha começa com D. Afonso Henriques.
Seguiram-se Sancho I, primogênito de D. Afonso Henriques, Afonso
II, Sancho II, deposto pelo Papa Inocêncio IV, com isso acarretando
luta civil em Portugal, terminada com a subida, ao trono, de Afonso
III, D. Dinis, seu filho, em cujo reinado foram criadas as
Universidades (1290), a princípio em Lisboa e depois (1308) sediada
em Coimbra, e a Ordem de Cristo (Bula de João XXII de 15 de março
de 1319), D. Afonso IV, D. Pedro I, que coroou Inês de Castro rainha
depois de morta, e, finalmente, D. Fernando, falecido em 1383.
Entretanto, foi ele quem aumentou o espaço geográfico do reino,
tomando-o, palmo a palmo aos mouros, conquistando também o
reino do Algarve, ao sul.
Esta fase da história portuguesa é caracteristicamente
militar, como consequência da Guerra de Reconquista. A
principal atividade econômica é a agricultura. O rei governava
seus súditos com firmeza, convocando, quando lhe aprazia, uma
assembleia, intitulada Cortes, composta por representantes dos
nobres, clero e povo, Portugal não experimentou um sistema
feudal como ocorria em outras regiões europeias, em
decorrência do poder exercido pela realeza.
Essa política centralizadora só foi possível graças à
criação de vários funcionários incumbidos do sistema fiscal e
judiciário, capazes de transitar no emaranhado de leis que se
encontravam em vigor. A primeira tentativa de ordenar a
Observatório de Sagres, no Cabo São
legislação ocorreu no reinado de Afonso III; chamou-se Livro
Vicente, ao Sul do Algarve
das Leis e Posturas.
Com a morte de D. Fernando, pretendeu o trono D. João,
rei de Castela, casado com D. Beatriz, filha do rei falecido. O povo e pequena parte da nobreza apoiaram a
D. João, mestre da Ordem de Cavalaria de Avis, filho bastardo de D. Pedro I. Na batalha de Aljubarrota
(1385), o Mestre de Avis, ajudado pelo condestável D. Nuno Álvares Pereira, venceu as pretensões dos
castelhanos e deu início à Dinastia de Avis. D. João I instalou-se firmemente no trono, caminhando para o
absolutismo monárquico. Ligado à burguesia, reduziu os direitos dos nobres e do clero, ao mesmo tempo
em que se voltou para o alargamento dos horizontes comerciais, exigidos por essa mesma burguesia, que
cobiçava as riquezas das distantes Índias. Diversas cidades litorâneas transformaram-se em entrepostos
comerciais; a pesca se desenvolveu.
2
O Cabo Não ou Cabo do Não, actual Cabo Chaunar, é um cabo situado na costa atlântica da África, no sul do Marrocos,
entre Tarfaya e Sidi Ifni. Até ao século XV era considerado intransponível por europeus e muçulmanos, de onde se originou o
seu nome.
3
Barca era um navio pequeno de madeira, com uma só coberta e com velas latinas e que podia levar ou não cesto de gávea.
Barinel é uma embarcação pequena que possui vela quadrangular podendo também ser movido utilzando remos.
Módulo 2 6 QOA-AA-AFN 2018/2019
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. Vagner Souza
1.1) A Descoberta do Caminho Marítimo para as Índias:
Portugal não se garantiu apenas por meio de instrumento diplomático na questão da propriedade das
terras descobertas e por descobrir. Usou também o velho e eficiente recurso da união familiar: D. Manuel,
rei de Portugal, pediu a mão de D. Isabel, filha dos Reis católicos Fernando e Isabel, para sua rainha,
realizando-se o casamento em 1497. Somente depois de garantidas para si as terras africanas já
descobertas e afastada durante muito tempo a possibilidade de conflito com a Espanha é que Portugal
reiniciou a sua jornada para as Índias pelo oriente.
No entanto, quando Vasco da Gama parte em 1497, ele segue a rota de todos os navegantes que
demandavam a costa da África até a altura de Serra Leoa e daí, surpreendentemente, guina para alto mar,
afastando-se do golfo da Guiné, região onde as calmarias eram frequentes e onde começava o trecho do
litoral africano em que a corrente de Benguela e os ventos dominantes são contrários ao sentido de
navegação. A corrente Sul-Equatorial e os ventos dominantes o levam para além do meio do Atlântico, a
ponto de ver sinais de terra, do que daria notícia a Cabral, quando este partiu para sua viagem em 1499,
da qual resultaria a descoberta do Brasil. Durante três meses só vê céu e água. Navegando decididamente
no rumo aproximado sul, vai encontrar, na altura do Prata e do sul da África, correntes e ventos favoráveis
que o levam diretamente ao extremo sul da África.
Nos dez anos que remos tanto com a viagem de
mediaram entre essas duas Vasco da Gama, pois na
viagens e enquanto tantas navegação para o golfo da
coisas importantes aconte- Guiné a ida e a volta não se
ciam, como já vimos, é obvio faziam pelo mesmo caminho,
que alguém andou esquadri- o que demonstrava perfeito
nhando todo o Atlântico Sul. conhecimento do regime e do
Observando o regime dos Representação de Calecute no atlas sentido das correntes
"Civitates orbis terrarum"
ventos, não nos surpreende- marinhas no Atlântico Norte.
(Georg Braun e Franz Hogenber, 1572
Passado o cabo da Boa Esperança, sobe ele o litoral africano do Índico até encontrar povos que lhe
dão seguras notícias das Índias, pois mantinham com essas regiões um comércio regular; esse comércio era
feito pelos árabes, que desde o século VIII possuíam o domínio do mar no oceano Índico. Contratando, por
bom dinheiro, um excelente piloto árabe, Vasco da Gama segue diretamente para as tão desejadas Índias,
aonde chega às proximidades de Calicute, em 20 de maio de 1498.
Os navios lusitanos, de grande porte em comparação com os dos árabes, não tinham a liberdade de
ação dos navios de guerra inimigos, mas tinham maior poder de fogo. E o mundo estava entrando numa
época de predomínio do fogo sobre movimento e choque. Foi nessa disputa que os portugueses, apesar das
distâncias mas fortemente amparados por um governo resoluto, em poucos anos tomaram dos orientais o
domínio dos mares índicos e passaram a exercer, com exclusividade, o comércio das especiarias e demais
mercadorias do Oriente para a Europa.
Com a chegada de Vasco da Gama a Calicute na Índia, a ligação marítima imediata entre a Europa
e as Índias tinha sido conseguida. O encontro dessa rota marítima foi somente o primeiro passo para o
verdadeiro fim. A questão mais difícil estava ainda de pé: estabelecer nas costas índicas mediante pacíficas
negociações com os chefes indígenas ou por imposição da força, pontos de apoio para o comércio e adquirir
depois, em face dos árabes, uma posição dominante. Os árabes tinham em seu poder, há vários séculos,
toda a navegação comercial pelo mar Vermelho e do golfo Pérsico até Málaca, depósito principal dos
produtos da Ásia Oriental. Era preciso arrebatar aos árabes essa situação de predomínio.
Mal Vasco da Gama regressou com as provas do resultado feliz de sua viagem, treze navios se
fizeram à vela sob o comando de Pedro Álvares Cabral, levando mil e duzentos soldados para vencer os
hindus. Ao demandar o cabo da Boa Esperança, a frota aportou ao litoral brasileiro, acrescendo dessa forma
os domínios do rei de Portugal, tomando posse das terras demarcadas pelo Tratado de Tordesilhas. Na Índia,
Cabral recebeu por toda parte votos de amizade e voltou para Portugal carregando riquezas nos poucos
navios que haviam escapado às desventuras da expedição. O rei, encorajado por esse primeiro ensaio,
equipou quinze navios de alto bordo, sendo confiado o comando a Vasco da Gama. O almirante português
desde Sofala, em África, ao cabo de Jar-Hafum; desde Khor Fakhan, na Arábia, até o golfo Pérsico; desde
o Indo até ao cabo Kumari; daí às bocas do Ganges e, descendo pelo Arakan e pelo Pegu, até Malaca com
as ilhas dispersas de Madagascar e Sokotra, Anjediva, os arquipélagos de Lakha (Laquedivas) e de Malaca
(Maldivas), Sinala (Ceilão) e Sumatra e Java, Bornéu e as Molucas até os pontos extremos de Banda e
Ambon.
Decaídos os árabes de sua privilegiada posição de intermediários entre o Oriente e o Ocidente, a
corrente de produtos orientais, que da Ásia anteriormente ia para a Europa através do Mediterrâneo, foi
encaminhada diretamente para Portugal, seguindo a via marítima.
A expansão portuguesa na Ásia continuou no decorrer de quase todo o século XVI, exigindo
frequentemente o recurso às armas, o que absorvia grande parte dos recursos do reino. Durante esse tempo,
os portugueses mantinham suas pretensões no Marrocos, sustentando diversas guerras, embora de pequena
envergadura. Ao mesmo tempo, seus navegantes descobriram várias ilhas no Atlântico Sul, chegaram às
costas do Canadá e exploraram quase todo o litoral da América do Sul. A partir da terceira década desse
século também foi iniciada a colonização do Brasil, e Portugal soube defender com indomável energia a
posse das novas terras, enfrentando a crescente agressividade de marinheiros ingleses, franceses e
holandeses. Num extremo do mundo, seus marinheiros, comerciantes e religiosos chegaram ao Japão e se
estabeleceram em Macau, na China; no outro, seus pescadores, ao largo da Terra Nova começaram a retirar
dos mares o bacalhau ali encontrado em cardumes imensos e, segundo consta, auxiliaram o navegante
francês Jacques Cartier nas suas primeiras explorações no Canadá. Assim, os portugueses, que não tinham
quarenta mil homens sob armas, faziam tremer o Império de Marrocos, os Berberes da África, os
mamelucos, os árabes e todo o Oriente de Ormuz à China, do cabo da Boa Esperança até Cantão, exercendo
seu domínio sobre mais de quatro mil léguas, por meio de uma cadeia de empórios e fortalezas.
4
O desastre de Alcácer-Quibir corresponde ao falecimento do rei de Portugal D. Sebastião, que combatendo no norte da África
os mulçumanos, ainda como parte das guerras de reconquista e das cruzadas, desaparece em batalha. Sua morte gera duas
situações históricas: a primeira é que ele tinha 23 anos de idade à época e ainda não tinha herdeiros. Após sua morte, assumiu o
trono seu tio que era cardeal da Igreja Romana e que ao morrer também não tinha herdeiros, permitindo a tomada do trono de
Portugal pelos espanhóis, correspondendo este período à União Ibérica. A segunda situação é que seu desaparecimento fomentou
histórias de que ele havia sido arrebatado ao reino dos céus e de lá retornaria comandando hordas celestiais para combater os
infiéis mulçumanos. Deste fato surgem os movimentos religiosos conhecidos como sebastianistas, com ações principalmente na
colônia portuguesa do Brasil.
Módulo 2 10 QOA-AA-AFN 2018/2019
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. Vagner Souza
2) Espanha:
3) França:
A história marítima da França não apresenta, como
ocorre com a da Inglaterra, interesse especial antes do século
XVI. Até aquela época, principalmente durante a Guerra dos
Cem Anos, o canal da Mancha foi teatro de grandes contendas
navais entre ingleses, flamengos, frísios e franceses, sem que
dessas pugnas surgisse uma potência de características
eminentemente marítimas, dominando as rotas oceânicas com
suas frotas de guerra e mercante, como faziam então, no
Mediterrâneo, as repúblicas italianas. As próprias batalhas
navais da Guerra dos Cem Anos foram mais entrechoques de
exércitos embarcados que procuravam cruzar um largo fosso de
água salgada.
No século XVI, contudo, nas cidades marítimas da Normandia e da Bretanha, por espírito de
aventura e desejo de lucro, começou-se a armar navios para ousadas expedições que seguiam nas esteiras
das frotas portuguesas e espanholas, as senhoras dos mares da época. Não faltavam nas cidades marítimas
francesas marinheiros arrojados e hábeis navegantes desde muitos séculos afeitos às aventuras pesqueiras
nas perigosas paragens da Bretanha e do mar do Norte. Certos cronistas franceses mencionam viagens
realizadas por esses intrépidos navegantes ao longo da costa da África, anos antes das expedições
portuguesas terem explorado aquelas regiões. Não há, porém, provas concretas dessas aventuras marítimas.
Se não se pode estabelecer sobre muitos sólidos fundamentos que os franceses precederam aos portugueses
ao longo das costas ocidentais do continente africano, ao menos se sabe, sem dúvida, que eles os seguiram
de bem perto. Suas excursões foram mesmo, desde o começo, um motivo da reclamação dos reis de
Portugal.
Desde 1488, um comandante de nome Cousin frequentava as costas da Guiné, e seis anos, apenas,
após Vasco da Gama ter dobrado o cabo da Boa Esperança para se lançar à conquista das Índias Orientais,
um navegador normando, Birot Paulmier de Gouneville, partiu de Honfleur, no começo de junho de 1503,
para seguir a rota do célebre português. A partir de 1510, a Terra Nova se tornou a meta dos pescadores
bretões e bem depressa a costa da França pululou de corsários que espreitavam a navegação espanhola e
portuguesa no Novo Mundo, procurando deitar mão no ouro e nos produtos americanos.
O primeiro monarca francês que se interessou pelas aventuras ultramarinas foi Francisco I. Ele
determinou em 1523 as viagens à América de Verazzani, florentino a serviço da França. Nos anos seguintes,
os irmãos Parmantier chegaram ao mar das Índias e à Sumatra, e Jacques Cartier e Roberval iniciaram a
exploração do litoral canadense. Ao mesmo tempo, os armadores franceses iniciaram um vigoroso
contrabando de pau-brasil no Atlântico Sul, sendo tenazmente perseguidos pelos lusitanos. Em seguida, por
questões religiosas, os franceses procuraram fundar uma colônia na baía de Guanabara, mas também aí
foram repelidos pelos portugueses.
Nos sessenta anos seguintes, os franceses tentaram ainda fixar-se no Brasil e na América do Norte.
Conseguiram descobrir e colonizar algumas ilhas das Antilhas, (Martinica, São Domingos, Santa Lúcia) e
estabeleceram-se firmemente na Guiana e no Canadá. Quase todos esses empreendimentos foram, porém,
realizados por iniciativa privada dos armadores das cidades do Atlântico, principalmente Saint Malô,
Dieppe, Honfleur e La Rochelle, pois, após Francisco I, por uma razão ou outra, os reis de França
abandonaram de vista as realizações no além-mar.
Com Henri IV, o Estado francês voltou a ocupar-se das atividades marítimas, sendo aplicados
grandes esforços para o ressurgimento da Marinha Mercante e a retomada da política colonial de Francisco
I. Pela convenção de 1606, confirmou o Estado francês a situação privilegiada que disputavam desde muito
tempo os navios franceses no Levante e nos Estados Barbarescos, e assegurou à França a posse da maior
parte do tráfego do Canadá. Paralelamente, a Marinha francesa com sanguinolenta determinação procurou
cercar as correrias dos corsários argelinos e tunisianos.
A fim de garantir a expansão da grande obra, Richelieu tomou medidas enérgicas para expandir a
Marinha de Guerra. Para comandá-la e guarnecê-la apelou para os melhores marinheiros da costa, atraindo-
os com soldos elevados. Todo o vasto complexo industrial que serve de base ao desenvolvimento marítimo
foi criado ou desenvolvido. No Havre e em Bronage, fundiam-se os canhões necessários ao armamento dos
navios. Importantes estaleiros de construção foram instalados em Indret, no Loire, ao abrigo dos assaltos
de surpresa. No Levante (Mediterrâneo), o porto principal das galeras ficou sendo Marselha, como era da
tradição, e Toulon, cuja importância começou a crescer, servia de base aos navios a vela. Mas todo esse
progresso foi de qualquer forma artificial, pois não chegou a criar interesses duradouros que afetassem as
camadas numerosas e importantes da população francesa.
A Marinha de Guerra, reaparelhada por Richelieu, distinguiu-se em lutas porfiadas contra ingleses
e espanhóis, no Atlântico e no Mediterrâneo (La Rochelle e Guaretaria), mas o Cardeal morreu em 1642,
deixando inacabado o gigantesco empreendimento. A Marinha de Guerra havia começado a viver, mas sua
estrutura era ainda frágil e poderia desmoronar se não fosse cercada de cuidados inteligentes ou se fosse
negligenciada. A única parte sólida da obra de Richelieu era, aliás, a Marinha de Guerra, mais fácil, mais
rápida e mais necessária, na época, de ser colocada em primeiro plano. As partes referentes ao
desenvolvimento colonial e à Marinha Mercante foram incomparavelmente mais frágeis.
Nos anos seguintes à morte de Richelieu, não sendo mais a Marinha sustentada por uma vontade
possante, corroída pelo terrível flagelo das discórdias internas, declinou lentamente. A Marinha, que é
essencialmente um instrumento de política exterior, deveria mais do que nenhuma outra instituição sofrer
dos conflitos interiores. Daí em diante, ela não recebeu mais dinheiro.
Em 1659, a paz dos Pirineus pôs fim à interminável guerra com a Espanha. A França triunfara em
terra, mas nos mares ela havia caído do lugar brilhante a que fora alçada pela lúcida vontade do grande
Cardeal. Os espanhóis haviam tomado Tortuga em 1653 e os ingleses a Arcádia em 1656. Fato mais grave
e pesado de consequências foi o fato de que a Companhia das Ilhas da América e depois a Companhia da
Nova França haviam sido constrangidas, para escaparem à ruína, a renunciar a seus direitos. Assim,
enquanto as companhias inglesas e holandesas auferiam lucros fantásticos de suas atividades nos oceanos,
integrando cada vez mais um número elevado de habitantes na vida marítimo-comercial, na França ocorria
o inverso.
A depressão econômica e política que a França sofreu durante dezoito anos sob o ministério de
Mazarino, sucedeu um período de grande prosperidade e de novo poderio, consequência da hábil política
econômica de Colbert que ficou no poder de 1661 a 1683. Sua aparição marca o ponto culminante do
Sem Marinha Mercante, sem interesses pecuniários no mar, a França não se poderia interessar senão
superficialmente, passageiramente, pela Marinha. Ela não era carne de sua carne como a Marinha inglesa
o era da Grã-Bretanha.
Mas uma vez caiu a Marinha francesa, agora vítima das dissensões internas e, consequência
desastrosa, levou na sua queda a Marinha do comércio. Quando foi assinada a paz de Amiens (Em1802,
pondo fim as hostilidades entre a França e a Inglaterra causadas pela Revolução Francesa), havia já muitos
anos que nenhum pavilhão de comércio francês tremulava nos mares do globo. Sem elementos para
enfrentar a Marinha inglesa, mais uma vez a França recorreu à guerra de corso. O decreto de 23 thermidor,
do ano III, definiu o fim a atingir: devastar o comércio do inimigo, destruir, aniquilar suas colônias, forçá-
lo a uma bancarrota vergonhosa. Bem cedo, dos portos do Atlântico saíram para o oceano, armados em
corsários, quase todos os navios capazes de navegar e iniciaram o ataque às rotas marítimas britânicas. Face
à devastação crescente exercida no seu comércio, os ingleses se viram obrigados a recorrer ao sistema de
comboios. Frotas imensas (de 500 e mesmo de 1.000 navios) atravessavam as regiões particularmente
perigosas, sob escolta de navios de guerra. Em 1801, os resultados, ao todo, desde o começo da guerra,
eram os seguintes: 5.557 navios mercantes haviam sido capturados; 593 corsários tomados; 41.500
marinheiros franceses feitos prisioneiros.
4) Holanda:
Os estuários dos rios flamengos ofereciam na Idade
Média portos naturais ideais, pois penetravam
profundamente nas terras e eram acessíveis aos grandes
navios da época, permitindo, ao mesmo tempo, aos
pequenos barcos avançar bem longe no interior. As
condições naturais do país eram, portanto, propícias ao
desenvolvimento das cidades comerciais, e já durante o
reino de Carlos Magno, sob a influência de uma situação
política estável, podia-se prever o incremento que
tomariam mais tarde nos Países Baixos as manufaturas e o
comércio de lã. A criação do Império de Carlos Magno e
sua extensão até o rio Elba mudaram a posição geográfica
relativa dos Países Baixos e os tornaram eminentemente
próprios ao comércio. As regiões em torno dos rios Reno,
Mosa e Escalda ocupavam daí por diante não mais uma
posição terminal ou fronteiriça como haviam ocupado sob
os romanos, mas uma posição central, no interior do
Império Carolíngio.
O desenvolvimento econômico precoce dos Países Baixos foi paralisado pelas invasões normandas
(vikings) e pelo esboroamento do Império Carolíngio. Os rios que facilitavam o tráfego facilitavam também
a entrada dos normandos que no decorrer do século IX destruíram numerosas cidades e levaram suas
devastações ao Sul, até o Artois e a Picardia.
Depois de cessadas as incursões dos homens do Norte, as cidades dos Países Baixos desenvolveram
as indústrias têxteis, e a população do país adensou-se. A prosperidade das cidades dos Países Baixos foi
incrementada no decorrer do século XV por um estranho fenômeno. Com efeito, entre 1417 e 1425 os
cardumes de arenque desapareceram do Sund. Por razões ainda desconhecidas, os arenques cessaram de
fugir do mar do Norte. Qualquer que tenha sido a razão dessa mutação, ela teve efeitos marcantes, pois
constituiu perda sensível para as cidades hanseáticas, principalmente para Lübeck, e foi um ganho notável
para os holandeses.
5) Grã-Bretanha:
A Grã-Bretanha teve sempre seu destino ligado
ao mar e aos portos e rios que desde os tempos
primitivos abriram suas regiões interiores ao oceano.
Assim, muito antes que aspirasse dominar os mares, a
eles esteve sujeita. Dos povoadores iberos e celtas aos
saxões e dinamarqueses, dos comerciantes pré-
históricos e fenícios aos senhores romanos e
normandos, sucessivas vagas de colonos guerreiros, os
mais enérgicos homens do mar, agricultores e
traficantes da Europa vieram pelas águas para habitar
a Ilha ou para insinuar os seus conhecimentos e
espírito aos antigos habitantes.
Entretanto, os primeiros povos que habitaram a
Grã-Bretanha não se notabilizaram no mar. A
Inglaterra vivia então da agricultura e do pastoreio.
Seus homens eram pastores e fazendeiros antes que
mercadores ou marinheiros, e antes da conquista
normanda, por longo tempo, nem o Estado nem a
Marinha insular estiveram habilitados a defender a Ilha. Exceto quando protegida pelas galés e legiões
romanas, a antiga Grã-Bretanha esteve, portanto, particularmente exposta à invasão.
Mas se invadir a Grã-Bretanha era extraordinariamente fácil antes da conquista normanda, tornou-
se extraordinariamente difícil depois. A razão é clara. Um Estado bem organizado, com um povo unido em
terra e uma força naval no mar, podia defender-se por detrás do canal contra qualquer superioridade militar.
Assim, nos tempos antigos, a relação da Inglaterra com o mar foi passiva e receptiva e nos tempos
modernos, ativa e adquiridora. Num e noutro caso é a chave de sua evolução.
Nos séculos seguintes à conquista normanda, embora permanecesse a Inglaterra um país sobretudo
agrícola, o adensamento progressivo de uma população de pescadores, marinheiros e mercadores nos
magníficos e inúmeros portos marítimos e fluviais começou a revelar a futura tendência do povo da Ilha.
Essa classe aumentou em prestígio e em riqueza, primeiro em consequência das Cruzadas e depois em
virtude da Guerra dos Cem Anos.
No decurso da longa série de conflitos com a França nos séculos XIV e XV, é curioso observar, tão
cedo na história, que os principais traços da política inglesa já aparecem impostos pela situação do país. A
Inglaterra tinha necessidade da supremacia no mar, na falta da qual não podia continuar o comércio, nem
enviar tropas ao continente, nem se manter em ligação com as tropas já enviadas. Enquanto a superioridade
naval foi mantida, a Inglaterra manteve-se em solo francês, graças à ligação constante com seus exércitos
desembarcados no continente. Todavia, as comunicações foram perturbadas várias vezes pela investida de
marinheiros gauleses e a reação de um país populoso como a França obrigou, no fim da longa luta, os
ingleses a se retirarem. De qualquer forma, o solo britânico se viu a salvo dos ataques inimigos, a não ser
das suas rápidas e pequenas investidas. A verdadeira expansão marítima inglesa começou, porém, mais
tarde e pode ser datada da criação da Marinha Real.
Na realidade, a Inglaterra, em 1485, era ainda um país pastoril. A fonte principal de riquezas
derivava não da construção naval ou da manufatura de têxteis, mas de fazendas de ovelhas, do crescimento
da lã. Os principais mercados para esses produtos eram as ricas cidades dos Países Baixos no estuário do
Reno. Durante a Guerra dos Cem Anos, o canal da Mancha fora defendido, na medida do possível, pelos
combativos marinheiros da frota mercante, lutando, por vezes, separadamente como piratas, por vezes como
em Sluys, sob comando nomeado pelo rei. Henrique V começara a construir uma esquadra real, mas a sua
obra não passara dos primórdios e foi posteriormente descontinuada.
Henrique VII encorajara a Marinha Mercante; no entanto, não armou uma frota exclusivamente para
fins de guerra. Coube a Henrique VIII criar uma armada efetiva de navios reais de combate, com estaleiros
5
A diferença entre o pirata e o corsário era apenas que o segundo tinha autorização de um Estado para suas ações, tendo
obrigações com este Estado de partilha dos bens pilhados ou no cumprimento de uma missão em nome do rei.
Módulo 2 29 QOA-AA-AFN 2018/2019
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. Vagner Souza
A primeira tentativa séria da Espanha para conquistar a Inglaterra foi também a última. O esforço
colossal despendido em construir e equipar a Invencível Armada, filha de tão ardentes preces e expectativas,
não podia, como o futuro mostrou, repetir-se efetivamente, embora daí em diante a Espanha mantivesse no
Atlântico uma frota de guerra mais formidável do que nos dias em que Drake pela primeira vez viajara até
o continente espanhol. Mas o resultado da luta decidira-se logo em princípio por esse acontecimento único
que toda a Europa imediatamente reconhecera como um ponto de inflexão da História. O destino da Armada
demonstrou a todo o mundo que o senhorio dos mares passara dos povos mediterrâneos para as gentes do
Norte.
A Inglaterra não elaborara ainda um sistema financeiro e militar capaz de suportar o seu recente
poder naval. Ao término do reinado de Isabel, com escassos cinco milhões de habitantes, não era bastante
rica e populosa para anexar as possessões espanholas ou fundar um império colonial próprio, mesmo a
colônia estabelecida por Raleigh, na Virgínia, era prematura, em 1587.
Quando na época Stuart, a riqueza acumulada e a população supérflua da Inglaterra lhe permitiram
retomar a obra colonizadora, dessa vez em paz com a Espanha, o rumo dos puritanos e outros imigrantes
levou-os necessariamente às paragens setentrionais da América onde não se encontravam espanhóis.
Enquanto a Marinha espanhola exerceu o exclusivo domínio do Mar das Caraíbas, do oeste do
Atlântico e do leste do oceano Pacífico, nenhuma ocupação britânica foi possível, quer nas Índias
Ocidentais, quer no litoral da América do Norte. Enquanto a Marinha portuguesa dominou o Atlântico Sul
e o oceano índico, o comércio com o Oriente pela rota do Cabo esteve fora de questão. Ao ser destroçado
em conjunto o poderio naval peninsular na guerra que depois da derrota da Armada continuou até 1604,
ficaram abertas ambas, a leste e a oeste, ao comércio inglês e à colonização. Entretanto, por falta de apoio
do Estado, a expansão marítima comercial da Grã-Bretanha não atingiu, nos primeiros anos do século XVII,
toda a pujança de que já era capaz; houve mesmo um período de retrocesso durante o reinado de Jaime I, o
único rei Stuart que desprezou totalmente a Marinha.
Os conflitos entre a Inglaterra
e a Espanha diminuíram em 1603,
com a morte da rainha Isabel e a
ascensão ao trono de Jaime I, também
rei da Escócia e filho de Maria Stuart
(que havia sido assassinada pela
prima, a rainha Isabel). Hipnotizado
pelo mito espanhol, mais do que
Isabel, Jaime logo selou aliança com
o inimigo da véspera. Fazendo isso,
abandonou a luta pela independência
dos holandeses e lançou as sementes
para futuras hostilidades entre a
Inglaterra e a Holanda.
A Inglaterra continuava a ser uma comunidade marítima, mas durante trinta anos deixou de ser uma
potência naval. A incúria com a Marinha anulou alguns dos efeitos benéficos da paz com a Espanha. Os
termos do tratado que encerrou a guerra isabelina davam aos mercadores ingleses liberdade de comércio
com a Espanha e com as suas possessões na Europa, mas não mencionavam as pretensões dos marítimos
isabelinos no tráfego com a América Espanhola e com as regiões monopolizadas por Portugal na África e
na Ásia. O governo inglês não continuou a apoiar tais pretensões e deixou decair a Marinha Real, ao passo
que procurava com toda a sua força não consentir na pirataria. Nestas circunstâncias, prosseguiu a guerra
privada com os espanhóis e portugueses, sem o auxílio do Estado.
Durante o próprio reinado de Jaime I, a Cia. Inglesa das Índias Orientais fundou uma frutuosa
feitoria em Surate e no reinado de Carlos I edificou a fortaleza de São Jorge, em Madrasta, e ergueu outras
feitorias em Bengala. Tais foram as humildes origens comerciais do domínio britânico na Índia. Mas de
início esses comerciantes das Índias Orientais não eram apenas feitores: destruíam o monopólio português
pela ação diplomática nas cortes dos potentados gentios ou pela metralha dos navios no mar.
CAPÍTULO V
AS NAÇÕES COLONIAIS
1) O que é Colonialismo:
A atividade que poderia ser chamada de colonialismo tem uma longa história. Os egípcios, fenícios, gregos
e romanos, todos construíram colônias na Antiguidade. A palavra "metrópole" vem do grego metropolis
[grego: "μητρόπολις"] - "cidade mãe". A palavra "colônia" vem do latim colonia' '- "um lugar para a
agricultura". Entre os séculos XI e XVIII, os vietnamitas estabeleceram colônias militares ao sul de suas
fronteiras originais e absorveram o território, em um processo conhecido como nam tiến.[4]
1.2) Neocolonialismo:
O termo neocolonialismo tem sido usado para se referir a uma variedade de coisas desde a
descolonização, após a Segunda Guerra Mundial. Geralmente, ele não se refere a um tipo específico de
colonialismo, mas sim ao colonialismo por outros meios. Especificamente, a teoria de que a relação entre
os países mais fortes e mais fracos é semelhante ao colonialismo de exploração, sem que o país mais forte
tenha que construir ou manter colônias. Tais teorias são baseadas em relações econômicas e interferência
na política de países mais fracos pelos países mais fortes. (Um dos exemplos relacionados a
neocolonialismo foi o caso de a Europa colonizar a África e a Ásia no final do século XIX).
2) A “Descoberta do Brasil”
Antes de qualquer coisa, é necessário explicar o termo descobrimento para a “invenção do Brasil”.
Diferente da conotação de achado, de ocasional, o termo descobrimento está mais relacionado à
“destapamento”, a retirar a cobertura, demonstrando ao mundo as propriedades aqui pertencentes à coroa
portuguesa.
Pedro Álvares Cabral recebeu a incumbência, dentre todas as ordens que
compunham sua missão, de realizar uma pequena exploração da terra a descobrir e
registrar a presença portuguesa na “Terra Nova”. Para tal, após cumprir esta parte da
missão, mandou escrever uma extensa carta, através de seu escritor oficial Pero Vaz
Caminha, contando e descrevendo os achados na terra, a qual juntou com diversos
suvenires como aves, plantas e pequenos objeos das tribos indígenas, e mandou de
volta a Portugal em um dos seus treze navios recebidos para a empreitada.
Para uma melhor compreensão, vamos descrever os fatores que preexistiram
ao descobrimento do Brasil.
A figuração dos continentes se aperfeiçoa com a presença de “cartas”, contendo inúmeras fantasias,
chamadas “portulanos” (as primeiras cartas náuticas). Granjearam fama o alemão Martin Behaim e o
holandês Mercator (Gerhard Kremer), que vinculou seu nome ao primeiro sistema científico de
representação cartográfica.
O grande problema da náutica da época consistia em não se conhecer qualquer processo que
permitisse a determinação da longitude a bordo precisão.
D. João II não se conformou e disse: “ficou mui confuso e creo verdadeiramente que esta terra
descoberta lhe pertencia”. Tentou, diplomaticamente, a anulação das Bulas, sem resultado. Mandou que
Ruy de Sande propusesse um paralelo, o das Canárias, para servir de divisão entre as posses de Castela e
Portugal, que guardaria o domínio meridional. Recusada essa proposta, enviou a Castela Rui de Pina e Pero
Dias, os quais não obtiveram resultados satisfatórios. Apelou, então, para a ameaça, aparelhando forte
esquadra que disputaria, pelas armas, as terras descobertas.
Os reis católicos espanhóis não se interessaram, porém, em medir forças com Portugal; a fatigante
e secular luta contra os mouros tinha acabado apenas em 1492 com a tomada da cidade de Granada, colocar
o país recém unificado em uma guerra era muito arriscado e os negócios decadentes da Itália aconselhavam
uma política pacífica. Assim, Castela procurou negociações diretas. Na pequena cidade castelhana de
Tordesilhas, reuniram-se os negociadores (D. Gutierrez de Cárdenas, D. Enrique Enriquez e o Dr. Rodrigo
Maldonado, por parte de Castela, e Rui de Sousa, seu filho João de Sousa, Ayres de Almada e Duarte
Pacheco Pereira, representando Portugal), que assinaram, a 7 de junho de 1494, a Capitulacíon de La
Partícion del Mar Oceano, por meio da qual ficavam fixadas as áreas de influência dos dois países, através
de um meridiano (em toda a extensão da Terra) que passasse a oeste de 370 léguas do arquipélago de Cabo
Verde: as terras não europeias a leste seriam de Portugal e as situadas a oeste ficavam espanholas.
Esse tratado representou uma grande vitória da diplomacia lusa, pois defendia a rota africana que
os nautas portugueses há tantos anos perseguiam. Por outro lado, sem esclarecer de qual ilha partiria a
contagem e nem qual o tipo de légua a ser usado, o tratado nunca pôde ser realmente demarcado, nem
respeitado por ambos os países, que se interessavam na persistência da dúvida.
A Capitulação de Saragoza (22/04/1529), consequência da descoberta das Molucas por Fernão de
Magalhães, procurou solucionar esse problema. Reconheceu Portugal, governado por D. João III, serem as
Molucas pertencentes à Espanha, adquirindo-as por 350 mil ducados. Com isso, firmava-se o meridiano de
Tordesilhas, na América, entrando na posse portuguesa a Banda Oriental do Uruguai, as terras do Chaco
Paraguaio e grande parte da região amazônica.
Vasco da Gama entrega a carta de D. Manuel I, rei de Portugal, ao Samorim (governante) de Calicute na Índia.
3) A Colonização do Brasil:
Em 1511, situa-se a viagem da nau Bretoa (cujo nome provém de sua construção em algum estaleiro
da Bretanha), comandada por Cristóvão Pires e tendo por piloto João Lopes de Carvalho, provavelmente
ainda pertencente ao Trato. Do Brasil arrecadou 5.008 toros de pau-de-tinta, 35 indígenas e 70 animais. A
expedição de Estevão Fróis, que navegou no litoral norte em 1513, acabou por ser apreendida pelas
autoridades espanholas nas Antilhas. Em 1514, esteve em nossas costas a expedição armada por D. Nuno
Manoel (pilotava um dos dois navios João de Lisboa), conhecida pela Nova Gazeta da Terra do Brasil
(publicada na Alemanha e sem data sob o título original Newveil Zeytungauss Pressillglandt) e que, talvez,
tenha percorrido o rio da Prata antes dos espanhóis.
Acredita-se que, por essa ocasião, terminou o Trato com Fernão de Loronha ou que o mesmo
possuísse novo arrematante, o armador Jorge Lopes Bixorda.
Diversos navios ou armadas aportavam nas costas brasílicas em demanda das Índias ou delas, de
retorno, paravam para se abastecerem de água e alimentos.
Foram essas expedições que, por vezes, largaram degredados ou que, sofrendo naufrágios,
proporcionaram o aparecimento, em diversos pontos da costa, de portugueses que representaram o traço de
união entre os indígenas e a futura colonização. Destacaram-se Diogo Álvares Correia, apelidado
Caramuru, João Ramalho, Cosme Fernandes, conhecido como o Bacharel de Cananéia, Antônio Rodrigues,
Francisco de Chaves e Aleixo Garcia, que chegou a terras hoje pertencentes ao Paraguai e Bolívia
precedendo, nessas regiões, os espanhóis, encontrando a morte nas mãos dos índios guaranis.
Por essa época, a terra descoberta começou a ser chamada de Brasil. A origem desse nome pode se
prender à cor de brasa da madeira (vermelha) que existia em abundância no litoral, pode ser uma corruptela
do italiano versino ou versil, nome de madeira de tinta proveniente do Oriente ou da geografia medieval
que havia inventado uma ilha no mar Tenebroso (oceano Atlântico) chamada Barzil ou Bersil, onde
existiam muitas riquezas, inclusive e, sobretudo o versil. Ora, fácil foi os navegantes identificarem a terra
encontrada com a lendária ilha. Lá, em 1503, Giovani da Empoli dizia: "... la terra della Vera Croce ouer
del Bresil cosi nominata" (in Viaggio Fatto nell’India, Venetia, 1554). Denominavam-se brasileiros todos
aqueles que comerciavam com o pau-de-tinta.
Durante esse período, andou velejando em nosso litoral o português João Dias de Solís (1515 a
1516) a serviço de Castela, na tentativa de encontrar uma passagem para as Índias. O mesmo fez outro
português (igualmente a serviço de Castela), Fernão de Magalhães (1519), o qual, tendo permanecido 13
Módulo 2 49 QOA-AA-AFN 2018/2019
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. Vagner Souza
dias na Baía de Guanabara, nos últimos dias de dezembro, batizou involuntariamente a região com o nome
de Rio de Janeiro, e, mais feliz que seus antecessores, descobria a tão cobiçada passagem no extremo sul
da América. Mais tarde, 1526, o veneziano Sebastião Caboto percorreu a costa brasileira (suas viagens, de
ponto a ponto da costa, deram origem ao estilo de navegação que foi batizado mais tarde de cabotagem).
O pau-de-tinta atraiu também os franceses, corsários a mando do Rei Francisco I (este monarca
desconhecia o "Testamento de Adão” que havia dividido o mundo em duas partes entre os reis de Portugal
e Espanha, seus primos). Ele enviou corsários (entrelopos) com o objetivo de apanhar a madeira.
Conhecemos bem a expedição do navio Espoir, comandado por Binot Paulmier de Gonneville, que
percorreu a Baía de Todos os Santos, em 1504. Jean Parmentier, francês de Dieppe, velejou do Amazonas
ao Prata, por volta de 1525 (citado em Ramúsio: Delle Navigationi ed viaggi, III); mas muitos outros navios
dos estaleiros de Jean Ango certamente aqui estiveram. Hábeis no trato com os indígenas, esses mairs (como
eram chamados os franceses pelos indígenas) gozavam de maior simpatia. Por isso, D. Manuel I determinou
que Cristóvão Jaques, descendente de ilustre família aragonesa e fidalgo da Casa Real, e os dois navios a
seu comando policiassem o litoral, o que pouco adiantou. Essa viagem durou de 21 de junho de 1516 a 9
de maio de 1519; Jaques fundou uma feitoria na Ilha de Itamaracá (em Pernambuco).
De novo, o rei enviou Cristóvão Jaques ao Brasil, com dois navios, em 1521, em uma viagem de
reconhecimento pela costa meridional: a crítica história moderna, baseada em documentação irrefutável
(carta de Juan de Zúniga ao Imperador Carlos V, existente no Arquivo Geral de Simancas), conclui que
Jaques penetrou no rio da Prata e explorou o rio Paraná.
Morrendo D. Manuel I em 1521, subiu ao trono D. João III; as notícias que chegavam à Corte de
Lisboa de que navios franceses estavam sendo armados para efetuarem o corso nas terras brasileiras levaram
o monarca a incumbir o mesmo Cristóvão Jaques, em 1527, de idênticas funções policiadoras, com uma
nau e cinco caravelas, mas Jaques procurou desencumbir-se da missão. Sabemos ter havido cruento
combate na baía de Todos os Santos. É possível que tenham ocorrido outros encontros com corsários, mas,
sozinho, pouco podia fazer. Em 1528, Jaques regressou a Portugal, Substituiu-o Antônio Ribeiro, sobre o
qual nada sabemos. E, finalmente, exerceu esta atividade Duarte Coelho, entre 1530 e 1531, tendo
combatido os índios caetés que favoreciam os franceses.
Durante esses trinta anos, os portugueses (pêros para os indígenas) mantiveram contatos amistosos
com os naturais, os quais se prestaram bem na exploração da madeira. O homem de pele branca despertava
curiosidade e um irresistível atrativo para a mulher indígena. Ele significava superioridade.
Algumas feitorias, escassamente habitadas, começaram a povoar a costa: havia a de Cabo Frio, uma
na Baía de Todos os Santos, cujo feitor chamava-se João de Braga, e outra no litoral de Pernambuco.
Ao governador (que só foi denominado geral depois de 1577) incumbia “dar favor e ajuda as outras
povoações e se ministrar justiça e prover nas cousas que comprirem a meu serviço e aos negócios de minha
fazenda e a bem das partes”. Colocava-se acima dos donatários, pois representava a própria pessoa do rei.
Ficava assim com a alçada judicial, única modificação expressiva na autoridade dos donatários. Estes
continuavam a comandar as forças militares em suas respectivas capitanias; mas o governador detinha a
autoridade militar sobre todo o território brasileiro.
B) Duarte da Costa:
Para substituir Tomé de Sousa, o rei escolheu Duarte da Costa, Armeiro-mor do reino, nomeado a
1º de março, mas só a 13 de julho de 1553 chegava a Salvador, trazendo 260 pessoas, entre as quais estava
um filho seu, Álvaro, herói das lutas nas Índias, e o jesuíta Luis da Grã, com alguns padres e o irmão José
de Anchieta.
C) Men de Sá:
Para substituir Duarte da Costa, o Rei D. João III escolheu um homem (Carta régia de 23/07/1556)
considerado virtuoso e de grande cultura jurídica (era desembargador da Casa de Suplicação e irmão do
poeta Francisco Sá de Miranda). Men de Sá aportou em Salvador a 28 de dezembro de 1557 (mas só
assumiu o cargo a 3 de janeiro), sabendo que teria dois problemas graves a enfrentar: pacificar a população
da capital, agitada com os eventos do governo anterior, e expulsar os franceses da Guanabara.
Começou por adotar diversas medidas repressivas contra os abusos do povo, especialmente o jogo.
Desenvolveu a agricultura da cana-de-açúcar, em parte negligenciada. Construiu um engenho real, a fim de
atender aos lavradores mais modestos. Incentivou a formação de aldeamentos indígenas, proibindo que se
dessem aguardente e armas aos índios. Combateu os goitacás (do Espírito Santo), que se submeteram após
vários combates (sendo mais importante a batalha dos Nadadores), num dos quais faleceu seu filho Fernão.
Ao mesmo tempo, Vasco Rodrigues Caldas reduziu à obediência as tribos do Rio Paraguaçu, e Braz Fragoso
amansou os aimorés. Organizou duas entradas, confiando uma à direção de Vasco Rodrigues Caldas (1561)
e outra a Martim Carvalho (1568).
Os caetés, declarados "fora da lei", acabaram desaparecendo, vítimas da “Guerra Justa”. E muitos
outros índios também sucumbiram em decorrência da epidemia de varíola, que, trazida por embarcadiços
portugueses, alastrou-se entre as povoações do litoral e interior próximo.
Men de Sá chefiou uma expedição contra os franceses alojados na Baía de Guanabara; em virtude
de persistirem esses estrangeiros na mesma região, a metrópole enviou reforços, sob o comando de Estácio
de Sá, que trazia instruções para fundar um núcleo português, a cidade de São Sebastião, na área cobiçada
pelos franceses, o que foi executado em 1º de março de 1565. Permaneceram em lutas intermitentes cerca
de dois anos. Men de Sá resolveu, então, retornar à Guanabara, em 1567, participando da expulsão dos
franceses e transferindo a cidade para local mais adequado, visando ao seu desenvolvimento.
A batalha ocorreu perto da Ilha Terceira (25/06/1582), com a derrota de D. Antônio e a morte de
Strozzi e de D. Francisco Portugal, ativo auxiliar do Prior do Crato. O Brasil seria mesmo da Espanha, por
algum tempo.
A promessa de Filipe II (de Espanha) de preservar relativa autonomia de Portugal e manter suas
colônias sem submetê-las à Espanha, garantiu à colônia portuguesa na América poucas mudanças políticas
significativas. Houve apenas substituição da metrópole que exercia o monopólio comercial e o controle
administrativo. No entanto, o domínio espanhol acabou por abolir, na prática, as determinações do tratado
de Tordesilhas, o que favoreceu o avanço dos colonos portugueses em direção ao interior, permitindo a
expansão do território, estimulada principalmente pela busca de metais preciosos.
Como se pode constatar, durante a União Ibérica, o Brasil teve governantes exclusivamente
portugueses. Contudo, uma nova paisagem se criara como consequência do período dos “Filipes”: o
Nordeste e o Norte integravam-se ao território luso; a penetração para o interior se intensificara; criou-se
um intercâmbio comercial no Cone Sul com os centros espanhóis localizados no Rio da Prata; nasceram
diversos povoados e vilas; e expeliram-se os estrangeiros em quase todos os pontos litorâneos que tentaram
se estabelecer.
Destacavam-se como mercadorias brasileiras o açúcar, o couro, o pau-brasil e o algodão.
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O primeiro fato histórico significativo e pitoresco do Brasil se deu por ocasião da proclamação do paulistano Amador Bueno
de Ribeira como rei de São Paulo. Após a separação das coroas lusa e espanhola, e iniciada a restauração do Reino de Portugal,
em 1640, parte da população da cidade, em geral de origem espanhola, decide proclamar rei um de seus filhos mais ilustres.
Alguns desejavam continuar fiéis ao reino de Castela, pois acreditavam que em breve estariam de novo sob sua autoridade. Mas,
para não dar mostras de seu intento, esse grupo dizia apenas proclamar um filho de São Paulo como seu rei. Amador Bueno,
entretanto, consciencioso e percebendo a artimanha das famílias espanholas, declinou o convite. Porém, chegaram a jurá-lo de
morte, caso ele não aceitasse a coroa paulistana. Ele, então, já seguido pelos gritos de muitos, refugia-se no Mosteiro de São
Bento. O Abade e a comunidade monástica saíram para deter a multidão, que logo se conteve em respeito aos religiosos. Bastava
gritar ao lado de fora do mosteiro sua aclamação. Aos poucos, os religiosos foram convencendo a população da falacidade do
intento, até acalmarem-se e desistirem de vez do que planejavam fazer.
Prevenido pela metrópole, o Governador Castro Moraes organizou a defesa, concitando o General-
de-Batalha-do-Mar Gaspar da Costa Ataíde, apelidado "o Maquines", a que colaborasse, utilizando os
homens e os recursos de seus quatro navios, que estavam casualmente no porto do Rio. O efetivo total da
cidade atingia 3.270 homens, muitos dos quais índios, ou populares, pouco afeitos à profissão das armas.
A 12 de setembro de 1711, despontaram os franceses na entrada da barra, forçando-a, graças a um
pequeno nevoeiro. Os tiros dos fortes litorâneos não impediram a entrada dos franceses, apesar de terem
provocado trezentas baixas. Navegaram, lentamente, em direção da ilha de Villegagnon, sem serem
molestados, pois a fortificação nela instalada encontrava-se inoperante por causa da explosão do paiol de
pólvora. Bombardearam a cidade, ao mesmo tempo em que procuraram tomar as naus do Maquines,
conseguindo apenas uma, pois as outras foram inutilizadas por ordem de seu comandante.
Solicitou, o governador, que o Maquines garantisse, com seus homens, a ilha das Cobras, ponto
vulnerável. Mas não sabemos até hoje porque esse militar, tão famoso em guerras passadas, negligenciou
a sua parte, permitindo que os franceses tomassem a ilha nessa mesma noite. Tiros foram trocados com
peças assestadas no Mosteiro de S. Bento, mas sem proveito algum. Na manhã de 14, Duguay-Trouin
desembarcou seus homens na praia de S. Diogo, perto da Bica dos Marinheiros, e ocupou os morros de S.
Diogo, Livramento e Conceição, instalando, neste último, na casa do bispo, o seu quartel general. Do dia
15 ao 18, os invasores fustigaram a cidade com seus canhões. Castro Moraes procurou resistir, ao mesmo
B) Os Ingleses:
Os ingleses interessaram-se pelas riquezas nativas do Brasil ainda no século XVI. William Atkins,
em comando do navio Paul of Plymouth, realizou três viagens proveitosas à costa brasileira em 1530, 1536
e 1540. Mas, as correrias de flibusteiros ingleses nos mares brasileiros ocorreram quando o Brasil, seguindo
o destino de Portugal, passou a ser administrado pela Espanha. A rivalidade existente entre esta potência e
o reino de Elizabeth I, que projetava a Inglaterra nos mares, explica as incursões inglesas nos lados
meridionais do Oceano Atlântico. Devemos, também, assinalar a existência das cartas de John Whithali,
inglês radicado em Santos, enviadas a parentes, narrando a presença de pepitas de ouro; elas aguçaram os
corsários, contribuindo, assim, para as viagens de alguns deles.
Em 1583, Edward Fenton, com dois navios, investiu sobre a vila de São Vicente, travando combate
com três galeões espanhóis, comando de André de Equino, que se encontravam no local. Depois de cinco
dias, Fenton desistiu da empresa, apesar de ter afundado um dos galeões. Um dos navios ingleses,
capitaneado por Luke Ward, rumou imediato para a Inglaterra; Fenton ainda fez aguada no Espírito Santo
e tentou comerciar com o donatário Vasco Fernandes Coutinho.
C) Os Holandeses:
A inabilidade com que o Rei Filipe II tratou o problema religioso nos Países Baixos e debilidade da
coroa espanhola após a derrota da Invencível Armada para a Inglaterra, originaram uma guerra de libertação
que acabou sendo vitoriosa para os holandeses. Nascia um novo país, a República das Províncias Unidas
dos Países Baixos, a futura Holanda, e em franca rivalidade com a Espanha. Esta fechou seus portos aos
navios batavos, cônscia do poderio marítimo que desfrutava. Para a Holanda que surgia afigurava-se
indispensável à libertação dos mares, mas só a iria obter através de lutas. Desenvolvendo-se rapidamente,
graças aos capitais judeus provenientes da Península ibérica, a Holanda organizou empresas mercantis que
deram origem ao seu império. A primeira foi a Companhia das Índias Orientais (1602), seguindo-se a das
Índias Ocidentais, criada por Willen Usselinx. A sua administração compunha-se de 19 diretores, o
chamado Conselho dos Dezenove, que funcionava em Amsterdã e Midelburg. Essas duas companhias
constituíam empresas mercantis paraestatais, de amplos poderes, pouco influindo nelas os “stathouders”
(governantes) dessa República das Províncias Unidas dos Países Baixos durante esse período que interessa
ao Brasil (Moritz, de 1584 a 1625, Frederich-Henrich, de 1625 a 1647, Willen II, de 1647 a 1650, e Johan
van Witt, de 1650 a 1672). Para justificar a expansão marítima de sua pátria, Hugo von Groot escreveu
Maré liberum, em 1609, tendo provocado uma grande polêmica na Europa.
Deduz-se, portanto, que o procedimento de Filipe II atiçou os holandeses a procurarem nas próprias
fontes os produtos que distribuíam na Europa; a paralisação do mecanismo de revenda dos mesmos
representaria a morte da nação, que fundamentava a sua economia no comércio. O desejo de dominar as
terras produtoras de açúcar não consistiu a única razão das invasões holandesas em terras do Brasil;
desestabilizar o império espanhol (e português) no Atlântico consistia o objetivo primordial.
Por isso, alguns holandeses andaram investigando o nosso litoral. Os quert, comandando uma urca
holandesa, participou do assalto à Bahia impetrado pelos corsários ingleses Withringhton e Lister. Em 9 de
fevereiro de 1599, Olivier van Noortt, utilizando as boas qualidades do seu navio Eendracht, tentou
desembarcar no Rio de Janeiro, mas foi repelido. No mesmo ano, Hartman e Broer, com sete embarcações,
assolaram o recôncavo baiano conseguindo alguma presa. Em 1604, Paulus van Carden, com sete navios,
aventurou-se na Bahia, apoderando-se de muito açúcar. Dez anos depois, Joris van Spilberg, com seis
navios, ocupou a ilha Grande, efetuando depredações em São Vicente e em Santos. Pouco depois, em 1615,
Percebendo que a permanência em Recife se mostrava arriscada, destruiu os armazéns, navios com
preciosas cargas e se retirou para as margens do Rio Capiberibe, a igual distância entre os dois núcleos,
fundando o Arraial do Bom Jesus (04/03/1630), formado com todos aqueles que fugiam dos holandeses.
Com a capitulação do Forte de São Jorge, comandado por Antônio Lima, os holandeses ocuparam Recife
(03/03/1630).
Enquanto o arraial se tornava uma fortificação capaz de resistir aos inimigos, os nossos
organizaram-se no sistema de guerrilhas que bons resultados dera na primeira invasão. Os mais diversos
elementos se confraternizaram para combater os intrusos, destacando-se os índios do bravo Poti (depois
batizado de Antônio Filipe Camarão) e diversos negros sob o comando de Henrique Dias.
As guerrilhas predispunham os invasores a um permanente estado de sobreaviso, causando, assim,
intenso nervosismo nos holandeses, que se viram em situação constrangedora. Por isso, construíram as
fortificações do Brum, de Cinco Pontas e Três Pontas.
Logo receberam reforços: 16 navios e cerca de mil homens sob o comando de Adriaen Iansen Pater.
Por isso, animaram-se a ocupar a ilha de Itamaracá, onde ergueram o Forte Orange. Entretanto, o governo
espanhol aprestou uma esquadra que visava a compelir os invasores a uma capitulação. Comandava-a D.
5) Os Anos do 1700:
A) A Descoberta do Ouro:
A pobreza da inicialmente próspera capitania de São Vicente, frente ao sucesso do empreendimento
açucareiro no Nordeste, levou à organização de bandeiras, expedições cujo objetivo era procurar riquezas
no interior da colônia e apresamento de nativos, além de ataques contratados a quilombos, como ocorreram
posteriormente.
Diante da ocupação de Pernambuco e da região africana de Angola pelos holandeses, as demais
capitanias não tinham acesso a carregamentos de escravos. Assim, embora as primeiras bandeiras de
apresamento de índios visassem obter mão-de-obra para a pequena lavoura paulista ou a venda para regiões
Portugueses, estrangeiros e
colonos de outras áreas, apelidados
pelos paulistas de emboabas
(forasteiros), foram atraídos para a
região das minas, entrando em conflito
armado com os descobridores das
jazidas e terminando por expulsá-los da
região. Os bandeirantes paulistas
dirigiram-se, então, para a região central
da colônia; em 1719, Pascoal Moreira
Cabral descobriu ouro em Cuiabá e, em
1722, Bartolomeu Bueno Filho achou
riquezas em Goiás.
Apesar de terem dizimado e
submetido à escravidão muitos grupos
indígenas, é inegável a contribuição das
bandeiras para a ocupação e
povoamento do interior do Brasil,
fundando povoados, criando vilas,
dando início à exploração mineradora e, A área de mineração no início do século XVIII
sobretudo, ampliando as fronteiras da
colônia além dos limites estabelecidos
pelo tratado de Tordesilhas.
B) Os Vice-Reis na Bahia:
A descoberta do ouro e dos diamantes e o consequente progresso da Colônia despertaram a
administração portuguesa, que passou a olhar com maior interesse para o Brasil, Coincidiu com o
desabrochar do iluminismo cartesiano entre os pensadores europeus, que influenciaram os governantes a
assumir atitudes mais justas para com os povos. Reinou D. João V de 1706 a 1750.
A partir de 1714 os governadores gerais, que tinham por capital Salvador, ostentam o título de vice-
rei, sem, contudo, existir qualquer ato de elevação do Brasil a vice-reino; foram enviados ilustres homens
e administradores capazes, que empreenderam obras de vulto.
A família real portuguesa embarca para o Brasil no cais de Belém (Portugal) em 29/11/1807,
fugindo da invasão francesa em Portugal por tropas de Napoleão Bonaparte.