Esta alegoria, também chamada Mito da Caverna foi escrita por Platão século
IV a.C, está contida no livro VII da Republica de Platão. É Leitura
imprescindível para todas as pessoas de qualquer área de atuação.
Prefiro usar a palavra “Alegoria” pois penso que demonstra mais claramente o
objetivo de Platão. A Palavra mito pode lembrar algo não tão representativo
ou até mesmo “mentira” se considerada com o uso contemporâneo, e na
realidade se usássemos o Mythos com o sentido ainda remanescente na época
de Platão poderia se confundir ainda mais, tendo em vista que o Mythos
Grego tinha uma força muito especial na Cultura de então. (para saber mais
sobre mythos leia Do mito à Filosofia…). Portanto vamos a Alegoria da
Caverna! Mas antes recordemos um pouco quem foi Platão.Platão viveu em
Atenas (427-347 a.C), era de família Nobre, seu nome verdadeiro era
Arístocles, mas seus “ombros largos” deram-lhe o apelido que tem o
Significado da palavra “Platão”. Ele foi discípulo de Sócrates (considerado
por Platão, e por outros, como o homem mais sábio e justo de então). Platão
fundou a famosa Academia uma espécie de universidade pioneira dedicada à
pesquisa científica e filosófica e um centro de formação política. Desenvolve a
Teoria das Idéias onde menciona que o processo do conhecimento se
desenvolve por meio da passagem progressiva do Mundo das Sombras e
Aparências para o Mundo das Idéias e essências.Para Platão, somente os
filósofos, amantes da verdade, teriam condições de libertar-se da Caverna das
ilusões e atingir o mundo luminoso da realidade e sabedoria.Quando falamos
dessa Alegoria podemos destacar alguns pontos que normalmente não são tão
bem lembrados. Por exemplo: a questão dos Paradigmas e a questão do
“conhecimento”. (veremos isso mais à frente)Podemos dividir e entender esta
alegoria da Caverna em três etapas:
1.1. – o ambiente, o local e a situação em que se encontram as pessoas.
1.2. – a libertação dolorosa e a saída também dolorosa da caverna.
1.3. – o retorno à caverna – a educação – o desejo de repassar o conhecimento
deslumbrado.
Outros pontos que podem ser lembrados: o prisioneiro que escapa pode ser Sócrates;
quando ele retorna e tenta libertar os outros presos, demonstra o que deve fazer um
bom político, um bom governante, ou um bom educador como queiram. Todos esses
sentidos estão subjacentes no diálogo.
Vamos agora ler Platão através de seu texto adaptado e narrado por Marilena Chaui.
Depois faremos novas considerações.
A Alegoria da Caverna
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração,
seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de
tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas
para frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada
da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na
semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os
prisioneiros – no exterior, portanto – há um caminho ascendente ao longo do qual
foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes.
Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com
figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam
na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem
poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.