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105 LUSETE RG ARELARO SONIA. KRUPPA A EDUCAGKO De OVENS E ADULTOS 104 ROMUALDO P DE OLIVEIRA E-THERESA ADRIAO (ORG. ~ ORCANIZAGHO DO ENSINO NO BRASIL des cabecas pensantes a servico do capital e com elas conversar, assim eomo ouvi ‘Ao convidar os educadores a luta (permanente) pela transformagao so- Paulo Freire alertava: ‘Pensar que a esperanca sozinha transforma o mundo e atuar movido por tal ingenui- “dade é um modo excelente de tombar na desesperanga, no pessimismo, no fatalismo. figs de construcdo de “um outro mune ser humano e néo 0 inverse. Econot neoliberalismo jd vinham realizando, na Europa, encontios «i Davos. © que se pretendia no entanto era mais do que isso. Propunha-se realizar um de dimenso mundial e com 2 articulando nos protestos de mi se enconiro teria lugar, par também o presidente da {sia seria bem acelta fora do Bra Forum dese tipo. Foi tum Estado que ver ‘80 da sociedade civil e sociedade. Para cada um que conseguir resposias e, para cada uma das pergui tem que ser considerados. Um desses temas, a “Educa © assunto de uma de 2001, reunindo 15, exclusio, como a que temos hoje, lugar adequado, portanto, para a di ‘movimento com a natureza e proposicao do Mova (WHITAKER, 2002). iso de um 102 ROMUALDO F JRA THERESA ADRIAO (ORG) ~ ORGANZAGAD DO ENSINO NO BRASIL dessa populacdo, elementos de resisténcia a im residuo do humano, cot tal como ela se apresenta na ordem imposta pelo capi Os espacas disponibilizados pela propria populacéo para a salas de aula", as formas de sociabilidade organizadas para viabi preensao da precariedade da vida que invade a sala de aula so outros elemen- tos presentes na implementacéo de programas de EJA que devem servir de refe- réneias para repensé de convivéncia social sao agres na plenitude que caracteriza classe social e do sisterna capi explicitagio da identidade familiar também é fundamental para en as discussées € di -as sobre 0 que e como fazer, de traduzam as necessidades e aspiracoes da cia de implantago do Mova, aconteceu sob a ori jo. da Educago na gestéo da prefeita Luiza Erundina, na )89-1992), Essa experiéncia transformadora foi exper is e, munici amente com a ampl bufdo para a dimit de nas cidades onde conseguiu-se ef No entanto, o Mova, assim como ot objeto de cooplagéo por parte dos dis« bandeiras progressistas, tem sido sos neoliberais, e para que nao se © 0 aprofundamento de expe vens € adultos. 103 (0. ARELARO E SOMA MP RUPPA - A EDUCAGKO DE JOVENS EADULTOS (0. Mova é um projeto de aco educacional em que a patticipacao ndo é “era tetGrica, pois tem cardter constitutive dessa ago educacional. © Mova “iim parceiro no projeto de democratizagdo do Estado. E formado e for- iador de agen ssados na transformagéo social do pais, em 8 poll do educativa, critério de avaliagao de seu sucesso. F. um projeto democratico e popular, nao um processo demagégico, pol 8. Na escola, professores, uando estes nao aceitam os educadores populares como parceiros na trans. “formacio da sociedade, Nos sistemas burocrético dos govemos, que néo es- costumados a colocar as regras a servico das politicas sociais, mas que sn em tomo da inviolabilidade das normas e regras burocraticas e buro- antes, quando se trata dos diteitos dos exclufdos. No seio das elites pri ifadas pelo poder poltico, social e econdmico, que se sentem ameacadas en 25 possibilidades de consciéneta social abertas por esse movimento ertador”. Fode-se afirmar, portanto, que essa reagéo conservadora ao Mova, per- ebida dentro das préprias administragées puiblicas progressistas e visivel por ‘helo da lenta e limitada liberacao dos recursos necessérios para viabilizar esse jovimento, tem as mesmas dimehsées e natureza dos entraves que até ago- yam a consirucéo efetiva de uma politica educacional para jovens lade no pats. 0 apoio material e pedag6gico das prefeituras aos grupos popul educagéo de adultos deve ocoreer sob duas condi promovem ‘a educacéo de adultos piiblica e de qualidade, e que ele seja dado em condigées ue preservem a autonor ‘e pedagégica dos grupos populares. (SAO PAU- Lo, 1991), Com a realizagao, em 2001, do Férum Social Mundial pela segunda vez fasil, esse movimento ganhou novo tratamento, sintetizado no texto de isco Whitaker transcrito abaixo: luxuosa estagdo de sid da Suiga organizado por uma ei “empresa, ele alualmente rete, uma vez por ano ~ além ROMUALDO P DE OLIVIRA & THERESA ADRIAO (ORG) ~ ORGANZAGAO DO ENSINO NO BRASIL etapas e modalidades da educacao basica, pretende superar os impasses que © atual fundo de financiamento do ensino fundamental (0 Fundef) gerou. No entanto, a Lel federal n11.494, de 20 de junho de 2007, que regula. mentou o Fundeb, estabeleceu para os primeiros anos de vigéncia do fundo a ponderacéo de 0,70 (setenta centésimos) para a EIA com avaliacao no proces: so, abaixo, portanto, da ponderacao de 1,00 (um inteiro) adotada para os anos iniciais do ensino fundamental regular urbano. O valor aluno/ano da EJA, em 2007, corresponderia a RS 662,40 “contra” R$ 946,29 do aluno do ensino fun- damental € RS 1.135,55 do ensino médio, neste iiltimo caso, integrado ow nao ’ educagio profissional. A discriminacéo oficial & FJA permanece. A mesma le estabelece ainda que a apropriagao dos recursos do Fundeb, em cada estado para a BJA, sera de 15% do total de recursos, determinando, em conseqiiéncia, que nao haveré um crescimento acelerado ou ousado no nimero de alunos da EJA no Bra: Nao sao poucas as raz6es para que se continue defendendo a impor tancia de uma politica nacional de educagao de jovens ¢ adultos que garanla a todos os brasileiros 0 direito a uma educacao piiblica, gratu ede qualidade, priorizando 0 uso de recursos piblicos para esse fim. Hoje, tado vem mantendo uma atitude de aparente inércia sobre essa questo; sequer cumpre a obrigatoriedade do levantamento censitério, pelo qual se identificaria e quantificaria com maior preciso os milhoes de brasil deveriam ser incluidos em propostas de EJA. Além disso, manteve disposicdes tendenciosas: + A inconstitucionalidade dos vetos presidenciais & regulamentacéo dada Emenda Constitucional 14 - Lei n# 9.424/96, pois como afirma o citado pa- recer emitido por Fabio Konder Comparato: © Poder Executivo 0 tadamente conira a Constiuicao, quando, a0 sancionar a Let n# 9.424, vetou oinciso Il do § 1 de seu Art. 2 Tanto mais que a razéo expressa do veto foi de orcem subaltemamente pregmatic, fundada na inexistencia de dads estatisticos em poder do Ministério da Edueacio ¢ Cultura, Ou s Repablica se eseusa de cumprir © mandamento constitucional definidor ‘humano, sob a de incompeténcia buroerética..(COMPARATO, 1987) * A urgente reviséo dos nove vetos presidencials realizados no Plano Na- cional de Educacao (PNE), todos eles de natureza financeira, pela ja reco- nhecida insuficiéncia de recursos para a educagao de modo geral e, em grau trdgico, para a educagio de javens e adultos e a educagdo Infantil, o que exige que essas prioridades educacionais sejam assumidas, de forma solidéria ¢ inadiével, pelas trés esferas puiblicas. + 0 estabelecimento do menor percentual de ponderagao dos recursos undeb para a EJA, aquém das necessidades minimas para um ensino de qualidade. E 101 USETER 6, ARELARO & SONIA MP KRUPPA = EDUCAGKO DE JOVERS & ADULTS - ALTERNATIVA PaRa A EJA NA ESFERA MUNICIPAL: O Mova AEIA € por exceléncia uma acéo poltica e também uma ago cultural. “Ibiens e adultos estéo imersos no mundo social e cultural e, a0 se trabalhar ) fon adultos mais velhos, essa perspectiva cultural/social faz se presente com 85 forca, pols os motivos que os trazem para a situagao de ensino-aprend- gem nao se resumem a uma razdo ulilitarista ou instrumental de “aprender ara’. Ha outro gosto que permeia as situacées de sala de aula, o gosto huma- | 12h convivéncia, que se revela em dlterentes sitacdes, nas histrias de “So do curso. H1, na EJA, o apontar para a edlucagdo permanente como forma | & se fomem e muter "Para mim a educasdo ¢ simutancamente um ato de _ fonhecimento, um ato politico e um ato de arte” (FREIRE, 1987, p. 87) 70s grupos formados nas salas de EJA se mesclam em diferengas de idade Telitereses. & preciso compreender a cnamica destas heterogencidades, ‘ior importante para a efetiva dimensao politica dessa educagio. Visoes de, posi esta pedagogica e culturalmente questionavel. ee es : ram as precarias formas de so- nivencia. Por isso mesmo, “tempos pedagégicos” na educagéo ainda é wsléo a ser discutida. | Como insttuigéo social, a escola organizada em séries, por idade e por flerninacdes de contetido, traduz muito mais uma forma especial de con- le e de aumento da produtividade do que um fundamento do processo le ensino-aprendizagem ou da construcdo de formas solidatias de viver a E preciso nao esquecer que EIA néo “combina* com os espacos buro- EIA, em geral, © lo econémico, social € politico individualista e segregador, devem ser pcadas no universo de seus objetivos. De outro lado, esta a exigéncia da (em compreender e alargar as formas de organizacao presentes nas roti- yo ROMUALDO P De CLIMARA E THERESA ADRIAO (ORG) - ORGANZAGAO O ENSINO NO BRASIL Como pode o municipio assumir tal responsabilidade, se os recursos disponiveis foram diminufdos, proporcionalmente, para cada atendimento realizado, consideradas as subvinculacdes previstas na EC 14? E pode ser considerado dever do municipio esta responsabilidade, se 0 presi: dente da Repablica vetou dispositivas fundamentais para garantir mais recur 808 para a educacdo municipal; ria Lei Federal n® 9.424/967 O veto presiden: cial incidiu sobre o inciso do Art. 2° dessa regulamentacao, 0 qual mandava considerar, na distribuigao dos recursos do fundo entre ‘0 governo estadual e 05 governos municipais, também as matriculas do ensino funda- mental nos cursos de educagao de jovens e.adultos, na funcao supletiva. Além de inconstitucional, o veto dificulta, de forrna significativa, a expan- séo dessa modalidade de ensino nas esfetas pdblicas. Observe-se que, passe dos mais de dez anos da aprovagao da referida lei, os vetos presidenciais néo foram submetidos ao plenério do Congtesso Nacional, como dispée a CF 88, nem 0 Judicidrio julgou 0 mérito da agdo de Inconstitucionalidade interposta or entidades da area da educagao e partidos de oposigao da época. Assim, a EC 14/96, alterando 0 Art, 208 da Constituicéo Federal, fragilizou © direito ao ensino fundamental do jovem e do adulto que a ele nao tiveram acesso em idade prépria, transformando:o dever do Estado em assegurar esse ensino em mera “oferta”, ainda que outra interpretacdo dessa emenda e de sua regulamentacao tenha sido defendida pelos dirigentes da Unido Na- cional dos Dirigentes Municipais de Educacao (Undime)". Com isso e tam- bém pela alteracdo do art. 60 do ADCT, mantido o veto presidencial que im- pede 0 uso dos recursos financeiros do Fundef na educagao de jovens ¢ adultos, os recursos destinados & EJA ficam seriamente ameacados ¢ segura. mente reduzidos. Soma-se a isso, a reducdo do montante de recursos que © governo fe- deral deveria investir no ensino fundamental ¢ na erradicacao do analfab mo, decorrente da EC 14, ao usar de forma capciosa a palavra “equivalent = quando dispée que a Unido aplicaré “na erradicacao do analfabetismo ¢ na manutengéo € desenvolvimento do ensino fundamental [...] nunca me- nos que 0 equivalente a trinta por cento dos recursos a que se Tefere 0 caput do Art, 212 da CF*.(BRASIL, 1996a, Art. 60, § 68, grifos nossos) -, a qual, em termos legais e financeiros, evidentemente nao significa “igual a’. Na nova forma, recursos oriundos de outras fontes que nao somente impostos, no caso da Unido poderéo ser computados para fins contabeis da "Ver a respeito as consideraghes fetes pelo profestor Fabio Konder Comparato,ceconhecido especie em Direto Constitucinal, em parecer realizado a pedido da Undime, no qual & demostrado que ext tmancbre ni tirou 4 sf 1de do dever do Estado para com o ensino fundamental (COMPARATO, 1997) LUSETE RG. ARELARO E SONIA M.P KRUPA EDUCAGKO DE JOVENS E ADULTOS {tengo e Desenvolvimento do ino (MDE) - de 30% e no mais de 50%, como dispunha originalmente a “GP 88, A partir da Lei n® 9.424/96, os recursos originarios de convénios in- gcionals ou empréstimos internacionais e, principalmente, os oriundos do io-Educacdo, mesmo que sob a condico de “contribuigso social”, pu- siicao A EJA, na Lei n*9.424/96 foi excluida especificamente a matricula em “(cursos de Supléncia I e II) do cémputo geral das matriculas que pode- fazer jus aos recursos do Fundef. sino fundamental regular priorizado pelo Fundef, os municipios das egides Sul e Sudeste, passaram a se perguntar sobre quem atender: as cri- as na faixa da educacéo infantil ou os jovens ¢ adultos de baixa escolari- secheiras") parte da responsabilidade com esse nivel de ensino; por outro >, assiste-se a uma ampliagao do nimero de criangas atendidas pelas re~ privadas, e agora, contando com dotacao de recursos puiblicos. Na educagéo de adultos, as parcerias com movimentos socials ¢ com pitas organizacées nao governamentais, iniciadas como um movimento po- i : @ de fortalecimento da EJA, tém-se transformado muitas vezes em for- imento dessa modalidade de en- “im barateada e, por isso, possivel de ofer “ino. No mesmo sentido, generaliza-se a instalacdo de telessalas, procedi- lo que, do ponto de vista politico © pedagégico, tornou-se a maneira ferecer uma formago em massa, com professores polivalentes ~ inclu- ‘nos cursos de nivel médio -, aligeirando-se o ensino ¢ as dinémicas de j8 onerada com esta divida so- Gm 18 de dezembro de 2006 foi aprovada a Emenda Constituctonal n¢ jue crla um novo fundo para 0 financiamento da educagdo, agora cha- |e fundo de Manutengdo e Desenvolvimento da Educagao Bésica © Valo | fhacéo dos Profissionais da Educagao (Fundeb), que, por abranger todas as 96 [ROMUALDO PDE OLIVEIRA E THERESA ADRIAO (ORG. ~ ORGAMIZAGHO DO ENSINO NO BRASH dade de "exames supletivos” permitia que o aluno-trabalhador estudasse so- zinho, uma vez que esses exames envolviam somente 0s contetidos do ni cleo-comum do curticulo, fixado pelo entao Conselho Federal de Educagéo, € podiam ser prestados por disciplina. Em sendo aprovado no conjunto das esses exames habilitavam ao prosseguimento de estudos em ca- réter regular, permitindo, assim, aos alunos aprovados, obterem seu cettifica: do de conclusao do respecti E por isso que se considera que o Art. 38 da atual LDB agravou ainda is 0 problema do atendimento aos jovens de baixa escolaridade, pois re- baixou as idades exigidas, induzindo alunos ainda muito jovens a deixarem a escola regular na expectativa de, por melo desses exames, cerlificarem-se nas etapas fundamental e média da educagéo basica. Em decorréncia, mero maior de jovens passou a buscar a altemativa de cursos de ensino fun- damental nas modalidades de supléncia I (I a 4° séries ~ EF) e supléncia Il (5° a 8° séries — EF) realizadas em dois anos cada uma delas, como forma de repor a escolaridade a que néo tiveram acesso, Essa procura, extremamente precoce, jé hé alguns anos preocupa os educadores. A dificuldade do acesso © permanéncia desses jovens no ensino fundamental regular noturno vem \do essa demané ‘Além disso, como “i para resolver os problemas de distorcéo sériefidade, projetos de regularizacéo do fluxo escolar levados as titimas conseqiiéncias nao permitem mais a matricula de nenhuma crianga no ensi- no regular com mais de dois anos de defasagem Idade-série “ideal”. Alguns sistemas educacionais vem adotando, inclusive, a pratica da matricula com- puls6ria de jovens maiores de 14 anos de idade, nessas modalidades de en- sino fundamental, deixando o ensino regular, apenas, para aqueles conside- rados na “idade certa’, ou seja, de 7 a 14 anos, valendo-se, também, do uso A Lei Federal n° 11.274, gatoriedade para todo 0 Brasil do ensi hricula obrigatétia aos 6 anos de idade e término desejavel aos 14 anos, 14 agravar esse problema. 6 de fevereiro de 2006, ao estabelecer a obri- I de 9 anos, com ma- deve: AEC 14/1996 - O core Na eDUCACAO DE JOVENS E ADULTOS © caréter de municipalizacéo compulséria trazido pela Emenda Consti- tucional n® 14, aprovada em 12 de setembro de 1996, ¢ por sua regulamen- “A Lei estabelce que 0 prazo para os estas, © Distrito Federal eos municipios impantarem o ens fundamental de nove anos seri, no maximo, até @ ano de 2010 LUSETER 6, ARELARO SONA Bt KRUPPA A EDUCACAO DE JOVENS € ADULTOS la Lei n® 9.424, de 24 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996c), tomou ica a situagdo da Educagéo de Jovens Adultos. a emenda velo ocupar © espaco produzido pela indefinicéo, no tex- tucional, das responsabilidades entre as esferas de governo em re- a0 ensino fundamental, mesmo que constitucionalmente esteja esta- a Fe- © & ciéncia” (Art. 23, V), bem como legislar concorrentemente sobre lucagao, cultura, ensino e desporto” (Art. 24, IX). Esta situagao per ‘bom que a gente saiba “de cor” este artigo) diz que eles deverao definir, cam os sunicipios, formas de colaboracéo na oferta do ensino fundamental, as quais deve. ssegutar a cistribuigéo proporcional das responsabilidades, de acordo comm a popula- lida e 0$ reeursos financeiras dispontveis er cada uma dessas esferas co-definem a politica de ‘a definicdo conjunta de: estratéglas a serem adotadas, propria LDB. Os Artigos $2, 10 e 11, que define 0 "entre as diferentes esferas governamentais, Unido, Estados e munici- para a oferta do ensino fundamental, chocam-se com 0 disposto no | quando afirma: io e,supletivamente, 0 Estado e a Unio, deverd: maticular todos os educandos a partir dos sete anos de dade e, facuitativamente, air dos els anes, no ensno fundamental [= orover cursos presencias ou a distdncia aos jovens e adultos insuiientemente solarizados; (BRASIL, 1996b, Art. 87, § 3°, gifos nossos). 94 ROMUALDO P DE CLIVE E THERESA ADRIAO (ORG) - ORGANTZATAO DO ENSINO NO BRASIL. exatamente no inicio do primeiro governo de Luiz Inécio Lula da Silva - um salto” no nimero de alunos atendidos, mil novos alunos na BJA, considerados os cursos do ensino fundamental ¢ do ensino médio. Logo apés, esse crescimento “cai” ou se estabiliza para cerca de 100 mil alunosano, com um pequeno aumento em 2006, 0 que representa um crescimento decididamente insuficiente, ou, pelo menos, “timido”. Pode-se observar, na mesma tabela, que o atendimento estadual cres- ceu, nesses quatro iillimos anos, perto de 390 mil e o municipal, cerca de 280 mil, para um decréscimo de cerca de cem mil da rede privada. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, 0 maior crescimento se deu nas redes estadu- ais, nas quais cerca de 350 mil novos alunos foram atendidos, ficando os mu- nicipios responsaveis por uma ampliago perto de 250 mil novas vagas. Por outro lado, os resultados do Censo Educacional de 2006 informa que, do total de alunos matriculados na EJA, cerca de 72,3% s4o alunos do ensino fundamental e somente 27,7% esto cursando 0 ensino médio, pois, do total de 4,8 mithées de alunos, cerca de 3,5 milh6es cursam o ensino fun- damental e apenas 1,3 milhdo 0 ensino médio estando a maioria destes na faixa etéria de 18 a 24 anos. A.Lat ve Direreuzss & Bases pa Epucacio Nacional. A LDB aprovada néo trouxe melhorias significativas & educagéo de adul- tos. Dois artigos, apenas, tratam dessa modalidade de ensino. Antigas relvindicag6es por melhores condigées de vida, que garantissem aos jovens e adultos possibilidades reais de aumento de sua escolaridade, nao foram asseguradas na lei, como se pode constatar no artigo abaixo, que de- fine os objetivos e as condigées de atendimento: [Ant 37. A educagio de jovens e adultos seré destinada aqueles que nao tiveram aces- so ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade propria. §120s sistemas de ensino assegurario gratuitamente aos jovens ¢ aos adultos, que no puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apro- prladas, consideradas as caracteristicas do alunado, seus interesses, condicoes de ;nle cursos e exames. © estimulard o acesso ¢ a permanéncia do trabathador 1a escola, mediante ages integradas e complementares entre si. (BRASIL, 1996b) ‘Como ¢ sabido, a LDB teve como referéncia 0 projeto Darcy Ribeiro. A redagdo do Art, 37, da versio aprovada, contrasta com os itens colocados no texto anterior a esse projeto, 0 substitutivo ao primeiro projeto de LDB apre- sentado pelo deputado federal Jorge Hage (PDT-BA), em especial quanto a diminuigdo da jornada de trabalho desses alunos, conforme pode-se consta- fa seguir: expresso na matricula de cerca de 600 95 LUSETE R.G. ARELARO SONIA M PKRUPPA A EDUCAGAO DE OVENS ADULTOS 62: A educacéo bésiea pablica oferecerd altemativas adequadas &s necessidades 2 populagéo trabalhadora, jovern e adulta.. Pardgrafo nico — As alternativas referidas neste artigo, incluirdo, no minimo: [- regime especial de trabalho para trabalhadores ~ estuday 4) reducio da jomada de trabalho em até 2 (duas) hor didrias, sem prejutzo sala- fe trabalho em tempo pa 4) Intervalos para estudo, de até 2 (duas) horas na jomada semanal ~ de trabalho e 1 (uma) semana por semestre, aos empregados inseritos em programas de “educacdo a disténcia.(BRASIL, 1990a) © outro artigo da LDB aprovada em 1996 trata das idades exigidas para \es_supletivos: 38. Os sistemas de ensino manterdo cursos e exames supletivos, que compreen- base nacional comum do euniculo, hablitando ao prosseguimento de estudos ‘cardter regular. {120s exames a que se refere este artigo realizar-se-fo: no nivel de conelusio do ensino fundamental, para 0s maiores de quinze anos; ‘no nivel de conclusio do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. (s conhecimentos e habllidades adquiridos pelos educandos por melos Informais ‘aferidos e reconhecidos mediante exames, (BRASIL, 1996b, At. 38, gtifos nossos) importante lembrar que a LDB de 1971 (Lei n® 5.692/7 cursos e exames, modalidade de ensino que permitia aos estudan- jores de 18 anos de Idade e/ou de 21 anos a realizado dos cursos de segundo graus, como eram chamados os atuais ensino fundamental dio, em menor tempo que os realizados como cursos regulares. Na fia das vezes, essa duracdo comrespondia a cerca de 50% da exigida para regulares. mesma lei regulamentou também os exames supletivos - conhecidos j0 como “exames de madureza” -, precursores do ensino a distancia ides atuais, na medida em que admitia que 0s cursos poderiam ser Istados em classes ou “mediante a utilizacdo de rédio, televisio, corres- cia € outros meios de comunicagéo” (BRASIL, 1971, Art. 25, § 2), que jssem alcangar 0 maior ntimero de alunos (CHAGAS, 1984). A modali- ROMUALDO PDE OLVEIRA E THERESA ADRIAO (ORG) GAMAGAO DO PASINO NO BRAS © Programa governo Lula, © AlfaSol, as © estaduais e municipais de Educagdo passaram a receber um percentu or de recursos para esta acdo educacional, correspondente, em 2007, a cer- ca de 42% do total de recursos repassados. Neste programa, houve uma am- pliacdo do perfodo de alfabetizacdo de seis para até oito meses. A partir de 2005 foi estabelecido um piso para o valor da bolsa paga ao alfabetizador, aumentando a quantidade de turmas de alunos em regides com baixa densi- dade populacional e em comunidades urbanas de periferia. Mas, a gravidade do problema fica mais bem dimensionada quando se toma 0 nGmero daqueles que continuam sem completar o tempo de escola- ridade que Ihes assegura o ensino fundamental Assim, a Tabela 1 possibilita afirmar que a erradicacao do analfabetismo, determinada pela CF 88 para ocorrer em 1998, néo se concretizou. E, ainda, que as indicadas diminuigao do analfabetismo e melhoria da escolaridade da populacao brasileira continuam em ritmo muito lento e instavel, néo tendo sido possivel caracterizar essa redugao, por meio do desenho de uma curva descendente continua, 0 que pode ser verificado no ano de 2004, em que se constata um aumento relativo do némero de analfabetos.’ Outros dados, do mesmo Censo Demografico de 2000, colaboram para essa surpresa, pois, a0 mesmo tempo que mostram um potencial recuo do nimero de analfabeto: mostram que somente 536.206 jovens e adultos estavam matriculados em al gum curso de alfabetizacéo, E que, desse total, somente 22.921 alunos 0 fazi- am em escolas/classes privadas, 0 que nos permite deduzir que, ou 0 Estado estava oferecendo esses cursos ~ € neles, os alunos matriculados nao foram computados em seu total seu néimero é reduzido -, ou os nimeros apresentados, pela ndo-objetividade da coleta, podem néo traduzi de escolar dessa modalidade de.ensino (BRASIL, 2000a, Tabela 1.2.1). £ elucidativo observar os dados nacionais constantes da Tabela 2, na proxima pagina, referentes ao analfabetismo no ano de 1999, ano em q por forca legal e moral, esse direito social J deveria ter sido vivenciado pelos grupos socials dos rincGes mais longinquos do pat Os dados por grupos de idade s40, em geral, pouco divulgados, mas por meio deles que se constata que, apesar da esperada reducao do analfa- betismo para as populacées mais Jovens, uma década depois os némeros rasil Alfabetizado* proposto em 2003, primeiro ano do is para a coleta dos dados no Censo de 2000 Gram unifrmiade nos eiéios para se a 93 LUSETER, G, AELARO E SONA M. FKRUPPA A EDUCAGAO DE JOVENS ADULTS Tabela 2. Pessoas de sete anos de idade ou mais néo-alfabetizadas (1999) Grupos de idade Pessoas néo-alfabetizadas 7 anos 1.070.595 Be 9 anos 973.030 10 © 11 anos 439.679 12 anos 167.260, 13 © 14 anos 275.524 15 a 19 anos 679.430 20 a 24 anos 842.175 25 a 29 anos 892.873, 30 a 39 anos 2.287.760, 40 a 49 anos 2.433.286 50 a 59 anos 2.759.837 60 anos ou mais 5.177.634 Idade ignorada 3.533 “otal 18.052.736 Fonte: I6GE/Prad/1999, _ahsolutos permaneceram em patamares altos. Na populagdo de 15 a 29 anos, | for exemplo, temos um total de 2.414.478 analfabetos ainda. Além disso, 20 “Se.comparar 0 grupo de 10 e 11 anos de idade com o de 13 e 1, observa- “Se que o primeiro tem mais analfabetos que o segundo. Vale dizer que, | fal, o analfabetismo aumentou, contrariando a tendéncia de di ome aconteceu com todas as demais faixas etéras. Quando se observa quantitatvamente o atendimento escolar em todo 0 | Basil especiaimente nos cursos presenciais, 0 cendrio néo & diferente, pois, “fo ritmo atual, levarfamos novamente mals de duas décadas para atender & manda dos que hoje buscam educagéo escolar. Sendo vejamos: ‘A Tabela 3 permite-nos afirmar que, apesar do crescimento no némero alunos matrculados ser considerado “constante", observa-se em 2003 esta inuicao, ie Tabela 3. Educacdo de Jovens e Adultos (presencia). Numero de alunos matriculados ‘no ensino fundamental e médio por dependéncia administrativa ie: Tots! | Etadual | Fede) _| Municpat | Pivade 002 | 3.779.598 | 1.759.487 | 3327 | 1700802 | 315917 2002 | a4oaaze | 21e6515 | 1250 | 1350280 | 261957 4376763 | 2300839 | “esr | 2aser | daser0 dentasa | 2asna80 | 73 | ports | >izsts fiser350 | 235309 | 1203 | 2ness7 | ‘9ate 90 ROMUALDO PDE OLNEIRA E THERESA ADRIAD (ORG. ~ GRGAMZACRO DO ENSINO NO BRASIL coordenacio das politicas pelo governo federal e repasse de execucio des- tas, em especial das destinadas 2 educacao basica, para estados e municipi- 0s, com acentuada sobrecarga para esses iiltimos’. AIA salu do Ministério de Educagdo (MEC) e se transformou em agéo social da entéo primeira dama do pafs, que ctiou e exercia a presidéncia do Programa Comunidade Solidéria. No MEC, ficaram os programas desenvolvi dos sob a forma de educacado a distancia, que foram sendo cada vez mi vistos como alternativa preferencial a ser praticada para resolver os probl mas de defasagem de escolaridade no pais. A solidariedade, expressa no lema a © programa, foi abracada inclusive por Iideres de movimentos is da década de 1990, como o socidlogo Betinho. Pouco a pouco, as intencoes reveladas foram-se encarregando de provocar a retirada desses \G40 assistencialista. fem alguns aspectos, flea aquém da de Alfabetizacéo (Mobral)*, respos- jiéncia popular da BIA pré-64 havia produzido, uma politica nacional pretensamente voltada para 1r 0 atendimento a populacdo de baixa escolaridade, Mesmo as- No primeiro semestre de 1997, cerca de 9,2 mil pessoas fo- ram atendidas em 38 cidades das regiées Norte e Nordeste. Em dezembro de 2000, 0 Alfabetizacao Solidaria cumpriu a meta de atendimento de 1,5 milh3o de brasileiros em 1.200 municipios de 15 Estados e, a partir deste ano, nas reas metropolitanas de Sao Paulo, Rio de Janeiro & I, com um custo de RS 34,00 por aluno pelo perfodo de 6 meses de alfabetizacio. O 1 balho do AlfaSol é desenvolvido por meio de parcerias com empresas, in: ‘umprimento da responsabildade da escoladdae tunada ente govere federal, ertader # municipios, mencionsdo na Constitulgio de 1988; esperava- se que fal defiigio vesse com a nova LDS, entto em fase de eleboract. 0 cra fl institut no iio do governo Medi (1970) e substtuldo no governo José Sarney (1985) 4980), pala Fundagto Educa, extinta pela Mecica Prevséia 251, edtada no da da posse do presidente Fernando Color, em 15/3/1950. 91 LUSETER.G. ARELARO E SONIA M. KRUPPA A EDUCAGAO OE JOVENS E ADULTOS des universitérias, pessoas fisicas, prefeituras € 0 Ministério da Educacao {C). Em julho de 1999, o Programa Alfabetizacao Solidatia criou a campa- do implementado, foi a priorizacao das acées federais na ampliacdo da ura do ensino fundamental para a populacéo de 7 a 14 anos de idade. tual eficiéncia pedagdgica do AlfaSol foi considerada apenas como vel interveniente que teria levado a uma redugéo da evasao e da téncia escolares, problemas estes preocupantes nos cursos de EJA, que raduzem em altas taxas de exclusdo escolar. |. Brasileiros de dex anos de idade ou mais segundo os grupos de anos de estudo wsarias | aaaonen | aeesne | MS 45.068.757 41.224.919 42.844.220 ail 30, aan TaR! | MARE | Mamie | atest FOMUALDO PD OLIVER E THERESA ADRAD (ORG) ~ ORGANIZACKO DO ENSINO NO BRASH. lantes do MEC se comprometeram a priorizar a alfabetizagao de adultos. O no Nacional de Alfabetizagéo e Cidadania (Pac), lancado oficiaimente em 1991 pelo governo Collor, traduzia essa priorizagdo, ainda que a palavra “ dadania” tenha sido apenas um apéndice as propostas do plano. Sao de triste mem: © 0 uso indevide dos em que a modernizaco do mercado e as ogias foram apresentadas como exigéncias para a implementacao wadioras ~ e mais ousadas ~ propostas de alfabetizacdo, razdo foram prometidos novos e mais significativos recursos financeiros, e1 cial os do Fundo de Amparo do Trabathador (FAT), até entéo nao para esse fim, Dentre os repasses de recursos financeiros questionados pelos membros de algumas das comiss6es estaduais e municipais formadas para a elaboracdo do Pnac, estavam aqueles destinados aos Sindicatos das Indiistrias da Constn ¢40 Civil (Sinduscon), para a alfabetizacao em canteitos de obras de Bras (D'CHIARA, 1991), bem como os recursos destinados a Central Forca Sindical 1991), -se, ainda, o repasse no valor de CRS Ihdes a0 Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), pa- ‘a programas de alfabetizacao junto as 34 universidades piiblicas federais e a universidades privadas. Agées de mobilizagdo foram feitas por essas Comissées cujo resultado foi a realizagao da Reuniao Preparatéria do Pnac: 1m patticipacdo representativa dos cra de tal nimero que o auditério debates com re- ites dos Tribunals de Contas dos Estados e da Uniao e diferentes grupos de , onde o financiamento era um tema que se destacava. Durante os realizagéo do evento, o presidente Collor autorizou a liberacéo, pelo PND hes, fora os 22 bithdes de cruzeiros disponibilizados pelo Tesouro Nat serem aplicados no ensino bésico (erradicagdo do anal cit de vagas e manutencéo do aluno na escola) (BRASI Apesar da representatividade € do empenho das comissées estaduais, a Conferéncia Brasileira de Alfabetizacdo € Cidadania néo foi realizada e, aiiéncia, essas comiss6es foram extintas pelo entéo ministro da Educacéo José Goldemberg (PSDB/SP; ex-reitor da USP), A posicéo do ministro Goldemberg sobre as politicas educacionais a se- rem adotadas no novo governo para viabilizar a universalizacdo da educagao de jovens © adultos foi surpreendente. No inicio de sua gestao, afirmou, pu- nente, “ser a morte a solucdo social para o problema educacional do analfabeto, pois este j4 havia aprendido a sobreviver sem escol 89 elos jovens e/ou em idade escolar para se viablizar, em .¢40 do analfabetismo, Nao surpreende 0 fato, portanto, “de as comissoes estaduais para elaboracdo dos Pnac terem progressivamen- deixado de atuar, por falta total de condigées poitticas® leressante obseivar que 0 Pnac recebeu, desde o “co MundiaVBird’, por julgalo muito pretensioso, carente de maior presenca dos “ Municipios € de maior “focalizagéo” no atendimento a ser feito pelo projeto. Com 0 impeachment de Collot, aparentemente uma nova inflexio foi feita A favor da EIA. O novo presidente, llamar Franco e seu ministro da Educacéo, ® professor Murilo Hingel, desencadearam 0 proceso de elaboracdo do Plano - Decenal de Educacao para Todos (1993-2003) atendendo, finalmente, as exi géncias do acordo internacional firmado. Tendo como meta 0 atendimento a io, criticas do Ban- “Subescolarizados), esse plano assumiu o compromisso da “restauragéo ma: “utencao do que dispde o Artigo 212 da Cons do que dispée 0 Artigo 60 do Ato das Disposigdes Constitucionais Transitori- 437, sendo este 0 primeiro item do acordo, “que se sustentou nos entendimen- " educadores ¢ de outros segmentos da sociedade, durante 0 processo de dis- “tlissio havido A época” (BRASIL, 1994a. p. 142). pollica definida se encaminhava para a manutengéo, ao menos no discurso, 4a prioridade constitucional de “combate ao analfabetismo”. | Mas os ventos favordvels & EJA mantiveram-se por pouco tempo. A situ: “2¢40 mudou com a redugéo dos recursos para as politcas sociais imposta _ pelo modelo neoliberal adotado pelos dois governos de Fernando Henrique Cardoso (1995/1998 e 1999/2002) e pelo primeiro governo de Luiz Indcio Lula ‘da Silva (2003/2006). A EJA passou a ser uma p¢ "a marginal para o gover- “Fo federal, que progressivamente definiu a sua concepeéo sobre 0 “regime de colaboragao", entendido agora como acao centralizada de definicéo 150, bem como de suas preo fo # Cidadana,eoicitando dos agentes promotoces da Conferncia de Jomtien, teré um importante papel a educscional brasileira nos anos 7980, inclusive nas adequagSes fetes 4s [RUPPA ~ A EDUCAGAO DE JOVENS E ADULTOS LUSETER, G. ARELARO E SON: € 0 processo de municipalizagéo das politicas pébli- transformadora da BJA, com destaque ara a proposta Movimento de Alfabetizagio de Jovens © Adultos (Mova), dos ‘anos 1990, e 5) a Emenda Constitucional n° 53/2006 que criou o Fundo de snutencdo e Desenvolvimento da Educago Basica e Valorizacdo dos Profis- nals da Educacao (Fundeb) e a Lei n? 11.494 de 20 de junho de 2007 que regulamemntou, as, retomando a discussao politica ccarregadio 1a dos movimentos so- de aperfelcoamento. 10s socials e o Estado, Foi se pe DIAGNOSTICO DO ANALFABETISMO NO BRASIL: PERSPECTWVAS A PARTIR DE 1990. jaram-se com desaflos postos para o governo de primeira pelo voto (0 apos a tar imposta em 1964, pois a Constituicao Federal 1988 originalmente determinava, em dois de seus artigo: de educacio, de duragéo plurianual, vi ‘Ait. 214 ~ Alet estabelecerd o plano na sando a articulagdo e a0 desenvolvt Este artigo pretende tradas por essa educag: izes e Bases da Educacao Nacional (LDB) ‘ "40 de que, apesar das investidas para , ele se manteve como um problema e um des. ainda por ser vencido, os anos inal do novo mini. Para una avaiagto do significado desse problema, basta lembrar que quase na metade do séeu- Jo XX, em 1940, um recenseamento geral populacao brasileira ialfabetos, e rasileiros analfabetos maiores de sete anos de idade (BEI eae (BEISIEGEL, 1997a, p. Este objetivo exige que facamos uma breve retrospectiva, destacando cinco ordens de fatores que marcaram os empecilhos e as novas prdticas para essa educacdo nos tiltimos vinte anos. S40 eles; 1) As determinagbes consti cionais de 1988 e as perspectivas abertas en [An 60 do Ato 10s anos da prot com a mobllizacao dk 40 de, pelo menos, Cons ara eli 1988, grfos nossos). em 1990 a tarefa de eliminar 0 1998 -e jor ser icado para com- grupo esse que “Capula dos Nove" (Bangladesh, , Nigéria e Paquistao). Para receber ‘essa ajuda, impunha-se como pré-condigao a elaboracdo de um plano decenal D do as ages a serem desenvolvidas com vistas & Ainiversalizagao do ensino fundamental € a erradicagao do analfabetismo. Em 1990, Ano Internacional da Alfabetizacéo, com Paulo Freire a frente jo de Sao Paulo, realizou-se, nessa ci- iade, a Primeira Conferéncia Brasileira de Alfabetizacao, na qual os represen- Brasil, China, Egi \ Lei de Diretrizes e Bases da Educagao Nacional (LD! ional 14 e sua regulamentacao (Lei Fede! jolpe na educagéo de jovens e adultos; 4) A Educa- 3) A Emenda Const 1996), reconhecida con 8 chamada Conferéncla de Jomtien, ocorida na Tailindie de 5 a 9 de margo de 1990, oe | FOMUINLDO PDE OLNVEIRA THERESA ADRIAO (ORG) = ORGANBACKO DO ENSINO NO BRASH. mia, gestéo democratica, controle através das jé mencionadas avall n , sj mencionadas avaliagGes inter- na e externa (CATANI; OLIVEIRA, 20000, p. 124-126). “ Apés 0 exame do conjunto de instrumentos legais que constituem a marca registrada do governo FHC nesse dominio, concordamos com a hi potese formulada por Silva JGniot € Sguissardi (2001, p. 272), segundo a qu “as novas faces da educacao superior no Bra a gatantir um avango si A EDUCACAO DE JOVENS E ADULTOS Lisere Reawa Goues ARELARO no parecem estar fadadas S Soa Mania Porteita Krups : In icativo da educacao publica e da incluséo soci- at; ao contri, tenderiam a aprofundar a apartagao social ent a.m \cluida e a maioria dos cada vez mais exclufdos da sociedade da informa- cdo ou do conhecimento”, ome Para o professor Paulo Freire, a educacao de jovens e adultos (EIA) deve _considerar 0 alfabetizando como sujeito de seu saber, no ambito de uma pro- “posta pedagdgica pautada em relagées dialégicas cle cooperacao e solidarie- dade, const onal. Nao por acaso, cerca de 20 milhdes de bras! am a existir, apesar da existéncla de professores titulados em nimero sign ‘ficativo © do avanco cientifico e tecnolégico aleangado em nosso Quando refletimos sobre a importancia da EJA no desenvolvimento ¢ na lransformagao social é que compreendemos as dificuldades de sua implan- “ {a¢a0, como politica permanente, num pafs profundamente desigual como 0 Brasil, A EJA, dotada de qualidades que a tornem efetiva, transforma-se numa politica social que ameaga 0 status quo das elites privilegiadas, com possibi- ide de produzir “desobediéncia civil” por parte dos marginalizados econd- micos ao néo aceitarem os limites impostos pela sociedade de classes: Ao identificar n {que vivemnos & Jagéo autoritéria um dos pilares centrals ao sistema social em iperagio desta relagéo, Paulo do. Ameaca tranhar que Paulo Freire tivesse passado 16 anos exilado sem diteito sequer a um passaporte. Tivesse vivido na época de Sécrates e teria sido obrigado a tomar cicuta (BARRETO, 1986, no passado € essa sua trajet6ria histérica. Recordemos sua | importincia nos anos 1960, por Intermédio de algumas de suas manifesta- 02s sociais e culturais, plenas de ousadia: Movimento de Cultura Popular (MCP), iniciado no Recife, em maio de 1960, campanha "De pé no chao tam- “hém se aprende a ler”, Natal, fevereiro de 1961, Movimento de Educacao de ase (MEB), CNBB, marco de 1961, os Centros Populares de Cultura (CPC's) da Unido Nacional dos Estudantes (UNE), marco de 1961, ¢ a proposta de Paulo Freire, em Angicos, RN, janeiro de 1963 (BEISIEGEL, 1997a, p. 207-245; FAVERO, 2000, p. 159-179). |A deniincia sobre a gravidade de o direito A educacéo ainda nao ser Indes de brasileiros exige que a EJA seja pensada no

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