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O acima presente foi concebido como instrumento de apoio a unidade de formação de curta
duração nº 0670- Contrato de compra e venda de acordo com o catálogo nacional de
formadores.
Objetivos
Objetivos: Preencher documentação relativa ao contrato de compra e venda.
Recursos Didácticos
Conteúdos:
Fases do processo de compra e venda
Encomenda
Entrega
Liquidação
Pagamento
Condições do processo de compra e venda
Qualidade e quantidade
Entrega
Preço
Pagamento/Recebimento
Outros documentos comerciais
Cheque
Letra
Livrança
Proposta de Desconto
Proposta de Cobrança
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ÍNDICE
2. A Encomenda………………………….………………………………………………………………………..………………….7
2.1. A Entrega.……………………………….…………………………………………………………………………………………8
2.2.A Liquidação…..………………………..……………………………………………………………………………………….10
2.3.O Pagamento………………………………………….…………………………………………….………………………….12
2- Condições do processo de compra e venda………………………………………………………………………..13
2.1.Quantidade e qualidade……………………………………………………………………………………………………14
2.2.Entrega …………………………………………………………………………………………………………………………….14
2.3.Pagamento/Recebimento…………………………………………………………………………………………………14
3- OUTROS DOCUMENTOS COMERCIA……………….………………………………………………………………….15
3.1 Introdução………………………………………….…………………………………………………………………………….16
3.2 O Cheque……………………………………………………..…………………………………………………………………..17
3.3. A Letra……………………………………….…………………………………………………………………………………….21
3.4.A Proposta de Desconto……………………………………………………………………………………………………26
3.6.Resumo……………………….……………………………………………………………………………………………………30
Bibliografia……………………………………………………………………………………………………………………………..34
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1- CONTRATO DE COMPRA E VENDA
CONCEITO
CARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO
Encomenda
Entrega
Liquidação
Pagamento
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CONCEITO
ARTIGO 874º
(Noção)
ARTIGO 875º
(Forma)
“…O contrato de compra e venda de bens imóveis só é válido se for celebrado por
escritura pública…”
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Quanto à sua classificação, a compra e venda classifica-se como um
contrato consensual ou solene, bilateral, comutativo ou aleatório, oneroso, translativo
do domínio e de execução instantânea ou diferida no tempo.
Caracterização do contrato
Assim, poder-se-á dizer que o Direito Comercial rege os comerciantes e os actos dos
comerciantes relativos ao seu comércio (concepção subjectiva) e, bem assim, rege os
actos de comércio sejam ou não comerciantes as pessoas que os pratiquem
(concepção objectiva).
Deste modo os contratos são considerados comerciais conforme a intenção com que
são celebrados.
Assim, teremos:
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. Contratos de natureza civil ou comercial, conforme os casos, tais como os de
mandato, sociedade, mútuo (empréstimo), depósito, de compra e venda, etc., etc.;
. Liberdade contratual
. Consensualismo
. Boa-Fé
. Força Vinculativa.
. Clareza
. Integralidade
. Economicidade
. Conformidade
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B- Entrega - Fase em que se processa o envio das mercadorias pelo
vendedor.
A - Encomenda
Qualidade:
. Á vista - quando a escolha é feita na presença da mercadoria, ex. calçado;
. Por amostra - quando a escolha é feita através de pequenas porções de mercadorias
de qualidade igual ao produto, ex. perfumes, alcatifas;
. Por catálogo que referenciam as características dos produtos, ex. loiças, livros, tintas;
. Por análise - quando a escolha é realizada através de processos ou técnicas de
laboratório para verificar a qualidade do produto, ex. azeite, vinhos;
. Por tipo convencionado quando a escolha da mercadoria é realizada a partir de
referência ao tipo desejado, ex. algodão egípcio, bacalhau da Noruega, azeitona de
Elvas;
. Por marca-quando a escolha é feita através da marca da mercadoria, ex. vinho verde
gazela, atum general, salsichas nobre, ténis adidas.
Marca - É um sinal ou conjunto de sinais que servem para individualizar a mercadoria e
lhe conferir uma certa personalidade.
Quantidade:
. Por conta, peso e medida- As mercadorias são da responsabilidade do vendedor até
que o comprador proceda à conferência das quantidades, ex. por conta 2 dúzias de
ovos, peso 1Kg de carne, medida 5 metros de tecido;
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. A esmo, em bloco ou por partida inteira - quando a mercadoria é
avaliada por estimativa ou por conhecimento do local onde as mesmas se encontram,
ex. compra de produção de um pomar, compra de peixe que se encontra num cabaz.
B - Entrega
Data ou época:
Imediata - é entregue no momento da celebração do contrato, ex. comércio a retalho;
A pronto - é entregue nos 15 dias seguintes à celebração do contrato;
A prazo - é entregue mais de 15 dias à celebração do contrato.
Forma:
Única ou global - é efectuada uma só vez;
Condicionada - quando está dependente da chegada do transporte.
Local de entrega:
Comércio interno - no domicílio ou no armazém do vendedor;
No domicílio ou no armazém do comprador; num terceiro local;
Comércio interno:
. No domicílio ou no armazém do vendedor - todas as despesas e riscos do transporte
são por conta do comprador;
. No domicílio ou no armazém do comprador - todas as despesas e riscos do transporte
são por conta do vendedor;
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. Num terceiro local - são por conta do vendedor as despesas e riscos de
transporte até ao referido local.
Incoterms
. Com o desenvolvimento das relações internacionais, verificou-se a necessidade de
definir termos comuns, que são utilizados para identificar os locais de entrega e definir
responsabilidades.
Comercio externo :
. No geral; transporte terreste; transporte marítimo; transporte aéreo.
. No geral - EXW (Ex-Works) Mínimo de obrigações para o vendedor.
. FOB (Free On Board, livre a bordo) Todas ... até à colocação da mercadoria dentro do
navio no porto de embarque (vend = ... + fretagem e estiva; comp = ...) ;
. CIF (Coast Insurance And Freight, custo do seguro e frete) Todas as despesas (frete,
seguro ...) até ao porto de destino são por conta do vendedor (vend = ... + seguro +
frete; comp = ...)
Transporte aéreo:
. FOB (Airport On Board, livre a bordo do avião no aeroporto de embarque)
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C- Liquidação
Moeda a utilizar:
. No Comércio interno (a moeda a utilizar é a do respectivo país);
. No comércio internacional (a do país do comprador, a do país do vendedor, ou a de
um país terceiro (cuja cotação seja estável),ou uma moeda comum (UE utiliza-se o
Euro)).
Quantidade de moeda:
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Descontos : financeiros e comerciais
Descontos financeiros:
. Desconto de pronto pagamento (o pagamento é efectuado no ato da entrega da
mercadoria ou no máximo de oito dias);
. Desconto de pagamento antecipado (o pagamento é efetuado antes do seu prazo).
Descontos comerciais:
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D- Pagamento
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Documentação - os documentos desempenham um papel fundamental na
atividade das empresas pois permitem a retenção e o tratamento de ideias e
informações. O documento é pois o suporte material de uma ideia ou de uma
informação servindo para consulta, estudo ou prova.
Requisitos de um documento:
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Documentação por fases
Talão de recepção - anexo à guia de remessa. Vai ser devolvido pelo comprador ao
vendedor após a receção da mercadoria.
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Nota de débito e nota de crédito - são documentos que se destinam a
efetuar correcções à factura. Por vezes a mercadoria não está de acordo com a
encomenda pelo que se deve reclamar no prazo de 8 dias.
Nota de débito - corrigir o valor da factura para mais (acréscimo): erros de cálculo para
menos, despesas por conta do comprador que não foram incluídas.
Nota de crédito - corrigir o valor da factura para menos (decréscimo): erros de cálculo
para mais, descontos não incluídos na factura, devolução de mercadorias pelo
comprador (nota de devolução).
Factura recibo - quando a fase de liquidação coincide com a fase do pagamento (venda
a pronto).
Venda a dinheiro - é utilizado pelos retalhistas.
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3- OUTROS DOCUMENTOS COMERCIAIS
Títulos de Crédito
.A literalidade;
. A autonomia;
. A incorporação;
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. A legitimação.
. O CHEQUE
. A LETRA
. A PROPOSTS DE DESCONTO
. A PROPOSTA DE COBRANÇA
. O CHEQUE
O saque é o acto através do qual se cria o título: representa a ordem dada, pelo
sacador ao sacado, para pagar uma determinada quantia ao beneficiário (ou à sua
ordem).
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Convenção/contrato de cheque
A simples abertura de conta não gera o direito dos clientes aos cheques pois existem
outros meios de movimentação do dinheiro depositado. Nos termos desse contrato, os
fundos encontram-se depositados no Banco o qual permite ao cliente que realize a
respectiva movimentação através de um meio específico: a emissão de cheques.
Este acordo entre o Banco e o cliente pode ser expresso mas, na maior parte dos
casos, é tácito:
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Documento normalizado
Significa isto que, à semelhança do que veremos acontecer com as letras e as livranças,
a estrutura, o conteúdo e as dimensões dos cheques são obrigatoriamente iguais
para todos os seus impressos, existindo apenas diferenças quanto ao aspecto gráfico
(cor, tipos de letra, símbolos, etc.) escolhido por cada entidade bancária. Enquanto
documento normalizado, o cheque deve conter, obrigatoriamente, certas indicações
escritas.
• a palavra «cheque», inserida no próprio texto e expressa na língua empregue para a
sua redacção (no nosso caso, o português);
• a ordem, pura e simples, de pagar uma determinada quantia;
• o nome de quem deve pagar: o sacado (trata-se do Banco no qual o sacador tem
conta aberta);
• a indicação do lugar no qual o pagamento se deve efectuar (em geral, indicado do
lado direito em relação ao nome do sacado);
• A indicação da data em que o cheque é passado;
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sacador mas por qualquer endossante, sempre com o mesmo efeito: a
partir do momento em que essa menção surja no cheque, este deixa de poder ser
endossado.
Havendo endosso, devemos distinguir entre:
• O endossante - o beneficiário do cheque que, através do endosso, o transmite a
outra pessoa;
• O endossado - a pessoa que, através do endosso, se torna no novo beneficiário do
cheque.
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• Levar em conta;
• Cheque visado.
LETRA
A letra é um documento escrito que representa:
• Uma ordem (mandato);
• Dada por uma pessoa (sacador);
• A uma outra pessoa (sacado);
• No sentido de esta realizar a um tomador/beneficiário (que pode ser um terceiro ou
o próprio sacador, ou à sua ordem);
• O pagamento de determinada quantia;
• Em determinada data.
Sujeitos da letra
Assim, no que respeita aos sujeitos intervenientes na emissão da letra, identificamos:
• Sacador - o credor, pessoa que dá a ordem de pagamento ou, numa expressão
tecnicamente mais correcta, a pessoa que saca a letra;
• Sacado - o devedor, pessoa a quem é dada a ordem de pagar a quantia mencionada
na letra;
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• Tomador - a pessoa a quem, ou à ordem de quem, a letra deve ser paga
(e que pode ser o próprio sacador);
• Portador; em sentido técnico, a pessoa que apresenta a letra a pagamento;
em sentido mais genérico, qualquer pessoa que, em certo momento, tem a letra em
seu poder.
E, podemos já antecipá-lo, também em relação à letra, quando exista endosso,
poderemos falar em:
• Endossante - é a pessoa que transfere os seus direitos sobre a letra, por meio do
endosso;
• Endossado - é a pessoa a quem são transmitidos os direitos sobre a letra, por meio
do endosso.
Modelos de letra
À semelhança do cheque, a letra é um documento escrito e normalizado, apto a ser
processado através de meios informáticos.
A adopção dos novos impressos ocorreu em 1 de Janeiro de 1999.
Entretanto, os impressos ainda existentes que não obedeciam aos requisitos agora em
vigor poderão continuar a ser utilizados até 31 de Dezembro de 1999.
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Para além das letras de utilização geral, é permitido às empresas emitirem
as suas próprias letras
(letras de emissão particular) em impressos selados pela Imprensa Nacional - Casa da
Moeda, que contenham estampadas, por qualquer forma, as iniciais ou firmas das
pessoas ou sociedades, ou a designação das casas ou estabelecimentos a que
respeitarem.
Menções obrigatórias
Enquanto documento normalizado, a letra deve conter, obrigatoriamente, certas
indicações escritas:
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Mas, porque a letra é um documento normalizado, o selo já se encontra
incluído no próprio impresso de letra.
Assim, quando pretenda emitir uma letra, o sacador deve adquirir um impresso que
corresponda ao montante da mesma, nos termos da tabela actualmente em vigor.
Pagamento da letra
Por fim, quer se tenha mantido na posse do sacador ou do tomador, quer haja sido
transmitida através de um ou mais endossos, a letra deverá ser paga.
Montante
De novo à semelhança do que já sabemos acontecer com o cheque, importa realçar
que, também na letra, o montante do saque deve surgir escrito em algarismos e por
extenso.
No caso de divergência entre o valor fixado em algarismos e o valor fixado por extenso,
prevalece o valor fixado por extenso.
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Se, numa hipótese pouco habitual, o montante aparecer escrito, por
extenso ou em algarismos, mais do que uma vez, prevalece a indicação de valor mais
baixo.
Juros
O sacador pode estipular a obrigação de pagamento de juros a cargo do sacado.
Vencimento
A data na qual a letra se vence é a data a partir da qual pode ser exigido o seu
pagamento.
O vencimento da letra pode ser:
• À vista;
• A termo ou prazo de vista;
• A termo de data ou, simplesmente, a prazo;
• Em dia fixo.
PROPOSTA DE DESCONTO
Contrato de desconto
O contrato de desconto pode ser descrito como uma operação bancária na qual
• A quantia inscrita num título de crédito ainda não vencido,
• É paga ao portador do título,
• Diminuída dos juros até ao vencimento e das comissões a que houver lugar,
• Aceitando o portador transferir o título, mediante endosso (preenchido ou em
branco), para o Banco.
Também se pode dizer que é o contrato através do qual
• O titular de um crédito o cede a um banco,
• Tornando-se o Banco titular do crédito que cobrará no seu vencimento,
• E recebendo o cedente, em troca, antecipadamente, o respectivo valor, deduzido do
correspondente juro (prémio) e outras despesas.
Em resumo, o contrato de desconto representa um meio de antecipação do
pagamento de um título de crédito, mediante o pagamento de uma certa importância.
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Nestes termos, o contrato de desconto pressupõe a existência de um
negócio subjacente (por exemplo, a emissão de uma letra, de uma livrança ou de um
extracto de factura).
Em termos estatísticos, contudo, a operação de desconto incide sobretudo sobre
letras e livranças.
Para efeitos do nosso estudo, e para melhor compreensão do mesmo, vamos passar a
falar em entidade cedente para referir a pessoa que apresenta o título ao Banco,
solicitando o respectivo desconto.
O contrato de desconto bancário tem natureza formal, para cuja validade e prova é
exigida:
• A entrega ao Banco dos títulos de crédito a descontar;
• A existência de um escrito que contenha a assinatura da entidade cedente, embora
tal escrito possa ter a natureza de documento particular.
Esse documento é a proposta de desconto.
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• O nome e assinatura do cedente (o portador da letra que a entrega ao
Banco);
• O número de conta do cedente;
• A data dos títulos de crédito a descontar (também chamados efeitos);
• O montante dos títulos;
• As datas de vencimentos dos títulos;
• O nome do sacado;
• Os nomes e moradas de todos os intervenientes nos títulos;
• O local de pagamento dos títulos;
• A indicação da ordem na sucessão dos endossos.
Podendo ainda constar (sempre conforme as solicitações do Banco):
• O plano de pagamentos;
• O plano de “reformas” a efectuar;
• Os nomes dos fiadores exigidos pelo banco.
Encargos
Conforme referimos inicialmente, a operação de desconto está sujeita a encargos.
Designadamente, a entidade cedente, terá de pagar:
• Juros;
• Comissão de cobrança e/ou outras.
PROPOSTA DE COBRANÇA
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A operação de cobrança inicia-se com a redacção de uma proposta de
cobrança, a qual deve ser acompanhada pelos títulos (efeitos) a cobrar pelo Banco.
A proposta de cobrança, redigida em impresso fornecido pelo Banco, inclui
obrigatoriamente os seguintes elementos:
• Número da conta e nome do balcão onde se apresenta a proposta;
• Nome e morada (ou denominação e sede) do titular da conta;
• Data da proposta;
• A data dos títulos de crédito a cobrar (também chamados efeitos);
• O montante dos títulos;
• As datas de vencimentos dos títulos;
• O nome do sacado;
• Os nomes e moradas de todos os intervenientes nos títulos;
• O local de pagamento dos títulos;
• A indicação da ordem na sucessão dos endossos;
• Assinatura do cedente (entidade que pede a cobrança).
Recebida a proposta, o Banco confirmará os dados, codificará (para efeitos internos e
de lançamento em conta corrente) a operação, e procederá, nos prazos previstos, à
cobrança.
Após o que entregará ao cedente o valor do efeito cobrado, creditando essa
importância na sua conta.
A cobrança de comissões e eventuais despesas dará lugar à emissão de um Aviso de
débito, a entregar ao cliente, e ao correspondente movimento de débito na sua conta
bancária.
Resumo
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À ordem dada pelo sacador ao sacado, para pagar uma determinada
quantia ao beneficiário (ou à sua ordem), chamamos saque.
A possibilidade de emitir cheques resulta do contrato de cheque, nos termos do qual o
Banco permite que os fundos do cliente que se encontram depositados sejam
movimentados através da emissão de cheques.
O Banco tem uma provisão ao dispor do cliente, a qual pode resultar, por exemplo, da
existência de um depósito à ordem ou da existência de um crédito concedido pelo
Banco ao cliente
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O cheque pode ser transmitido. Se não contiver a indicação do nome do
beneficiário (cheque ao portador), o cheque pode ser transmitido através da simples
entrega.
Se contiver a indicação do nome da pessoa a quem deve ser pago (cheque à ordem), o
cheque só pode ser transmitido através do endosso.
O endosso é, precisamente, o acto de transmissão de um título de crédito.
Tal como a ordem de pagamento originalmente contida no cheque, a nova ordem de
pagamento (endosso) deve ser pura e simples.
O endosso pode ser completo ou em branco (ou incompleto)
O cheque deve ser apresentado a pagamento no prazo legalmente estabelecido de,
para a generalidade dos casos, oito dias.
O cheque é sempre pagável no momento da sua apresentação a pagamento.
Decorrido o prazo de apresentação a pagamento (os mencionados oito dias) o cheque
pode ser revogado, caso em que já não será pago.
Em certos casos, o sacador pode também ordenar a suspensão do pagamento do
cheque.
O cheque pode ser cruzado quando na sua face se desenharem, no canto superior
direito, dois traços paralelos e transversais.
O cruzamento no cheque significa que este só pode ser pago pelo Banco a um seu
cliente ou a outro Banco.
Através do cruzamento aumenta-se a segurança da circulação do cheque pois este será
sempre depositado antes de ser pago.
Os cheques podem igualmente conter a expressão «levar em conta», caso em que o
cheque passa a ter de ser obrigatoriamente depositado na conta do seu beneficiário.
O cheque visado é aquele em que, a pedido do sacador, o Banco garante a existência
da provisão necessária para o seu pagamento.
O cheque visado é imediatamente debitado na conta do sacador pelo que a verba
correspondente fica cativa até à apresentação do cheque pelo seu legitimo portador.
O Banco tem o direito (e o dever) de recusar o pagamento do cheque quando se
deparar com alguma irregularidade, designadamente, falta de uma menção
legalmente obrigatória, falta de correspondência da assinatura do sacador com o
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original constante da ficha de assinaturas de cliente, falta de provisão na
conta do sacador.
Nestes casos, o sacador deve regularizar a situação nos prazos legais, sob pena de, não
o fazendo, poder ser rescindida a convenção de cheque e ficar proibido de emitir
novos cheques.
A emissão de cheque sem provisão constitui crime (salvo nos casos dos cheques pós-
datados.
O cliente deve guardar com o maior cuidado os impressos de cheque ainda não
preenchidos já que a utilização indevida dos mesmos poderá colocá-lo numa situação
de grave responsabilidade, inclusivamente criminal.
A letra é o mais utilizado dos títulos de crédito, depois do cheque e, tal como o
cheque, é um título executivo.
Trata-se de um documento escrito e normalizado, apto a ser processado através de
meios informáticos, que representa uma ordem de pagamento dada por uma pessoa
(sacador) a uma outra pessoa (sacado), no sentido de beneficiar um tomador (que
pode ser um terceiro ou o próprio sacador, ou à sua ordem).
Enquanto que no cheque, o sacado é sempre o Banco no qual o sacador tem o dinheiro
depositado, na letra, o sacado pode ser qualquer entidade com a qual o sacador
mantenha relações.
Enquanto documento normalizado, a letra deve conter, obrigatoriamente, certas
indicações escritas:
a palavra «letra», a ordem, pura e simples, de pagar uma determinada quantia, o
nome de quem deve pagar, a indicação do lugar no qual o pagamento se deve
efectuar, a indicação da data em que a letra deverá ser paga, o nome do
tomador/beneficiário (ou seja, da pessoa à qual, ou à ordem da qual, a letra deverá ser
paga), a indicação da data e lugar nos quais a letra foi emitida, a assinatura de quem
emite a letra (sacador)
A letra está sujeita a imposto de selo.
Havendo saque, há uma ordem dada ao sacado mas não há, ainda, um compromisso
do sacado no sentido de acatar essa ordem.
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O aceite da letra, que não é obrigatório, é, precisamente, o acto do sacado
pelo qual este se compromete a pagar a letra na data constante da letra.
O portador da letra tem o direito de a apresentar ao aceite, salvo nos casos de letras
que contenham a indicação «não aceitável», «letra não aceitável» ou «aceite
proibido».
Na hipótese de o sacado não pagar a letra, o sacador, que colocou a letra em
circulação, é sempre responsável pelo seu pagamento.
A letras pagáveis a certo termo de vista e as letras pagáveis no domicilio de terceiro
são obrigatoriamente apresentadas ao aceite.
O aceite pode ser completo (o sacado assina a letra por baixo da expressão aceite) ou
incompleto (o sacado limita-se a assinar a letra na sua face, em qualquer local).
O protesto por falta de aceite constitui a reacção legalmente prevista contra a recusa
de aceite.
O aval constitui uma garantia de que, no seu vencimento, a letra será paga; o avalista
responsabiliza-se pelo pagamento da letra.
O aval pode ser dado a qualquer dos intervenientes na letra ou ao próprio sacador
(quando o avalista não indique a pessoa a favor de quem dá o aval, considera-se que
este é dado em benefício do sacador).
O aval pode ser completo (formalizado através da escrita da expressão «bom para
aval») ou incompleto (o avalista limita-se a assinar a letra).
Em princípio, a letra é um título «à ordem» mas pode conter uma cláusula «não à
ordem», caso em que não poderá ser transmitida por endosso.
A letra nunca pode ser emitida ao portador, já que a indicação do nome do
tomador/beneficiário constitui uma menção obrigatória.
Através do endosso transmitem-se os direitos sobre a letra. O endosso pode ser
completo (o endossante indica o nome do beneficiário do endosso precedida da
expressão «pague-se a») ou em branco (o beneficiário limita-se a assinar no local do
endosso ou a escrever a declaração de endosso «pague-se a»)
O endossante da letra garante o aceite da letra e o pagamento da letra, excepto se se
desobrigar através de inscrição da cláusula «letra não aceitável» ou proibir novo
endosso.
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A letra pode ser emitida sem que se preencham todos os seus espaços:
fala-se, neste caso, em «letra em branco»: letra incompleta quanto ao seu
preenchimento.
A letra nunca pode ser passada totalmente em branco: dela devem constar, pelo
menos, a palavra «letra» e o saque.
O sacador pode estipular a obrigação de pagamento de juros a cargo do sacado mas só
pode haver estipulação autónoma de juros nas letras sacadas à vista ou a certo termo
de vista.
O vencimento da letra pode ser à vista, a termo ou prazo de vista, a termo de data ou
em dia fixo
As letras pagáveis em dia fixo, a certo termo de data ou a certo termo de vista, devem
ser apresentadas a pagamento no dia do vencimento ou num dos dois dias úteis
seguintes.
O portador da letra não pode recusar o seu pagamento parcial e é obrigado a passar
recibo desse pagamento.
A “reforma” da letra é a operação pela qual se realiza a substituição de uma letra por
uma outra, com os mesmos intervenientes mas de montante igual ou inferior à inicial.
O protesto por falta de pagamento é o meio de reacção contra a falta de pagamento
da letra e, em geral, deve ser feito num dos dois dias úteis seguintes à data do
vencimento da letra.
Salvo nas situações de dispensa de protesto, o protesto é um acto indispensável para o
posterior exercício judicial dos direitos do portador da letra.
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Bibliografia
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