Você está na página 1de 9

A DOUTRINA DA SALVAÇÃO - Soteriologia

INTRODUÇÃO
Soteriologia é por definição é a parte da teologia que trata especificamente da
salvação, conforme efetuada por Jesus Cristo. A palavra Soteriologia vem da
palavra “sotérion” (soth,rion) que significa salvação; é relacionada, também com
“sotér” (swte,r), salvador; e com “sozo” (sw,zw), salvar. A doutrina da Salvação tem
grande lugar na teologia e na prática ministerial, contudo não tem devida evidência
na atualidade. O descrédito atual pelo conceito correto da salvação tem causado
grandes problemas para a Igreja em geral. Em nossos dias a Igreja está
centralizando suas atividades evangelísticas em entretenimento, sociabilidade,
projetos sociais, contextualização, enquanto se esquece do primordial: “A salvação é
pela Graça”. Não é suficiente conquistar multidões para dentro das paredes da
Igreja, é necessário que o indivíduo reconheça que é pecador, separado de Deus e
que por suas próprias forças não pode resolver seu problema, para que então possa
entender a realidade da salvação. Portanto concluímos que, para se compreender
conceito correto da salvação, é necessário reconhecer sua miséria e necessidade de
salvação e que apenas Deus, em sua Soberana Misericórdia, pode provê-la. Segue-
se que, o conceito correto da salvação é fundamento em dois grandes ponto: Quem
Deus é, e quem o Homem é. Uma compreensão incorreta de um dos pontos leva
diretamente a conceituação é errada da salvação, e toda a prática ministerial é
abalada.

Deus e o Homem
Antes de tratarmos sobre a doutrina da Salvação, faz-se necessário enfatizarmos a
doutrina da teologia, onde enfatizamos a santidade de Deus. A palavra “santo” vem
do termo hebraico que significa “separado”, “colocado à parte”, “distinto do que é
comum ou vulgar”. Santidade refere-se, basicamente a duas coisas, quando falamos
de Deus. Primeiro, refere-se à pureza moral. Deus é puro, sem mácula, sem defeito,
sem ruga, sem mancha. Ele é santo. E é santo não da forma que entendemos ser
santo. Não estamos falando de ser bom. Estamos a falando de ser perfeito. Não
apenas significa que Deus é moralmente puro. Santidade significa que Deus não é
comum. Ele não é casual, não é comum, e não deve ser considerado com ânimo
leve, nunca. Ele é Deus, e Deus é santo. Isaías 57:15 diz: “Porque assim diz o Alto e
Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é santo...”. Ele é Santo, Santo,
Santo.

“Deus” tornou-se um termo clichê e vazio de sentido. Com a popularização da


palavra, ele facilmente se “adesiva” a certa noção superficial sobre quem Deus é. E,
uma vez que a percepção de Deus se torna superficial, igualmente, a percepção da
doutrina da justificação pela fé se esvaziará da força bíblica que tem. Para muita
gente, o acesso a Deus é algo clichê, banal ou de uso terapêutico. E, assim, a cruz
vai perdendo a glória e o brilho que lhe pertencem. Os reformadores possuíam uma
visão elevadíssima de Deus e sua santidade. Textos bíblicos que fazem menção a
Deus como “fogo devorador” (Is 33:14; Hb 12:29), “terrível em maravilhas” (Ex
15:11) e “santíssimo” (Ex 30:10) eram imagens que expressavam um Deus revestido
de “luz inacessível” (1Tm 6:16). Cenas bíblicas como Moisés que poderia morrer se
contemplasse a face de Deus (Ex 33:20) ou de Isaías que gritava “Ai de mim!” (Is
6:5) depois de ir à sala do trono do Altíssimo, compunham esse imaginário
importante sobre um Deus inefável.

Como se faz necessário o estudo da doutrina da teologia e tendo visto o fracasso e


o pecado da humanidade que é fonte de estudo da antropologia, somos convidados
a compreender a absoluta necessidade de um plano de salvação suficiente para
cobrir o imenso abismo entre estes dois extremos, a raiz pecaminosa do homem e a
santidade de Deus.

Deus previu tudo o que teria lugar na queda do homem e planejou exatamente a
salvação necessária antes da fundação da terra. Antes do primeiro pecado cometido
no universo, antes da terrível crise provocada pelo homem rebelde, que fora feito à
imagem de Deus, o Senhor planejou e proveu um meio de fuga das armadilhas e
condenação do pecado. Nosso Deus não foi apanhado de surpresa. Ele previu a
queda e pré-ordenou o plano de resgate.

Mas quem é o homem? Responder a essa pergunta é, de fato, muito mais simples,
pois trata de nós mesmo. Lembrando que o homem foi criado por Deus de maneira
especial, mas este se corrompeu. Por isso, três analises podem ser feitas: O
homem é totalmente imoral. “O homem, devido à sua queda num estado de pecado,
perdeu completamente toda capacidade para querer algum bem espiritual que
acompanhe a salvação. É assim que, como homem natural que está inteiramente
oposto ao bem e morto no pecado, não pode, por sua própria força converter-se ou
preparar-se para isso”. Sobre isso, a confissão de Westminster é clara, não existe
mérito ou dignidade no homem que o faça merecer a salvação. O homem por si só
está perdido, morto em seus delitos e pecados. E nada pode fazer, por suas próprias
forças, para sair dessa situação. (Ef.4.17-19).

O homem é totalmente incapaz de agradar a Deus, além de totalmente corrompido,


o homem natural, não regenerado, é incapaz de agradar a Deus. Nada que,
porventura, ele venha a fazer seja suficiente para conseguir a aprovação de Deus. A
inconformidade do homem com as exigências morais da Lei de Deus faz com que
ele seja impossibilitado de agradar a Deus (Rm.8.8; Hb.11.6).

Se absolutamente todos os homens estão corrompidos, e essa corrupção atinge


cada aspecto do seu ser, é impossível que o homem seja livre por suas próprias
forças. Enquanto o homem estiver debaixo do pecado, sujeito a ele, escravizado por
ele, não pode ser livre. Apenas quando este conhece a verdade, ele é retirado, pela
verdade, da escravidão para a liberdade (Jo.8.32; 14.6; 17.17). Paulo diz que na
salvação o homem muda de senhorio: do pecado, para Deus (Rm.6.18, 22).
Contudo, a submissão a Deus não aprisiona ninguém, muito pelo contrário, abre
portas para a liberdade (Gl.5.1, 13).

Redenção, um Plano Histórico


Se ignorarmos o grande fim a que se dirige o plano da redenção, ou as relações das
diferentes partes do plano, ou tivermos uma falsa concepção do fim e daquela relação, todas
as nossas idéias serão confusas e errôneas. Seremos incapazes ou de exibi-lo a outros ou de
aplicá-lo a nós mesmos. Charles Hodge

O plano da salvação de Deus é tão simples que o menor dentre os filhos dos
homens pode entendê-lo o bastante para experimentar o seu poder transformador.
Ao mesmo tempo, é tão profundo que nenhuma imperfeição jamais foi descoberta
nele. De fato, os que o conhecem melhor ficam continuamente espantados com a
idéia de que um e apenas um plano de salvação seja necessário para satisfazer as
inúmeras carências espirituais em meio às variações quase ilimitadas das
necessidades dos homens em cada raça, cultura e situação entre as nações deste
mundo.

Deus estabeleceu um Plano para a salvação dentro da história do homem e


pretende levá-lo até o fim.

Dessa forma, podemos admitir que o Plano da Salvação, estipulado por Deus,
compreende: (1) A Seleção de algum objetivo concreto a ser executado; (2) A
escolha de meios apropriados; (3) E a aplicação eficaz desses meios para atingir o
fim proposto. Em todas as Obras de Deus nós podemos notar um plano pré-
estabelecido, o que não poderia ser diferente na salvação. Ou seja, não se deve
presumir que, no que diz respeito ao destino do homem tudo seja deixado ao acaso,
permitindo-se que tome seu curso não dirigido para chegar a um fim indeterminado.
E sobre isso a Escritura é clara, pois afirma que Deus não somente vê o fim desde o
princípio, mas que ele opera todas as coisas segundo o conselho de sua vontade,
ou com base nesse propósito (Ef.1.11).

Sendo assim é possível encontrar na história marcas desse plano e evidências reais
que apontam para a consumação de um plano iniciado e perfeito por Deus. Dessa
forma, vamos buscar essas evidências na história.

 O anúncio

Na ocasião da queda é a primeira profecia Messiânica quando vemos a Promessa


de Deus em prover um Redentor para a humanidade. (Gn.3.14-15). O Descendente
anunciado neste texto tem algumas características que merecem atenção, pois
apontam para o Messias esperado: (1) Esse Redentor seria descendente da mulher,
ou seja, aponta para a encarnação do Verbo (Jo.1.1-15; Hb.2.14); (2) Esse, sofreria,
padeceria, diante do inimigo; (3) Mas o venceria.

 Esboços do plano de salvação


A história de Noé serve como uma ilustração da Salvação proposta por Deus. No
período de Noé, a humanidade já havia atingido um nível muito alto de iniquidade, e
Deus não podia aceitar que isso continuasse (Gn.6.7). deus providencia um meio
de salvação. Deus poderia ter demonstrado Seu Plano para toda a humanidade?
Certo que sim. Mas por que não o faz? Por que não constitui Seu Plano fazê-lo.
Deus separa dentre toda a humanidade um homem, e por meio deste executa sua
vontade soberana. Por isso nota-se que Deus, na Administração do Plano da
Salvação, faz o que lhe apraz.

Abrão era diretamente descendente de Noé, que tinha sido escolhido por Deus para
perpetuar a humanidade, e por meio dele asseverar sua promessa de Redenção
proposta na queda do homem. Contudo, dentre muitos descendentes de Noé, Deus
resolveu separar para si a Abrão, homem idoso, casado com Sarai, que era estéril,
para, por meio desse casal, constituir uma numerosa nação, que seria instrumento
em Suas Mãos para abençoar o mundo. Neste momento histórico é possível
perceber a expansão do conceito exposto na queda, como relação à salvação, pois
nesta altura nota-se que Deus está separando para si um povo, dentre os muitos
outros povos existentes. Contudo, o início dessa grande nação se dá com um casal
já fora de condições de poder perpetuar sua descendência, o que demonstra que
não depende do homem, mas de Deus realizar sua Obra. A idéia de
internacionalidade das bênçãos de Deus é colocada nessa Aliança feita com
Abraão, pois as bênçãos deveriam ser atribuídas a todas as famílias da terra.

Analisaremos a instituição da Páscoa onde conseguimos analisar o sangue do


cordeiro sendo empregado. O significado da palavra “Páscoa”, deve ser analisado
antes de entramos na questão do valor histórico que ela pode ter no que tange a
progressão do significado da Salvação. Segundo o Dicionário VINE, a palavra em
questão significa literalmente “passar sobre” ou “poupar”. O termo é pela primeira
vez empregado em Ex.12.11 que diz: “Desta maneira o comereis: lombos cingidos,
sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do SENHOR”.
O mesmo termo é utilizado duas vezes em Ex.12.27, e denota exatamente a idéia de
passar sobre, ou poupar: “É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR, que passou por
cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as
nossas casas”. O contexto em que estão inseridos esses versículos se refere ao
Êxodo do povo de Israel que estava cativo no Egito durante 400 anos. E a Páscoa é
instituída por Deus como memorial de tudo o aquilo que iria acontecer naquela
mesma noite. A celebração desse memorial precedeu a saída do povo do Egito, ou
seja, à liberdade da escravidão do povo. Sendo assim, a Páscoa assumiu o sentido
de livramento. Contudo, existe grande valor histórico a ser ressaltado aqui, pois
existe um acréscimo no conteúdo do significado da salvação, pois diante de tudo o
que havia sido revelado, sobre esse assunto, a idéia de sangue estava presente, a
idéia de substituição havia sido apresentada, mas na Páscoa a idéia de expiação é
clara, bem como da substituição. Outro detalhe, é que a conseqüência dessa
Páscoa é a liberdade, o que sugere que, na progressão do significado da salvação,
a expiação por meio do sangue do Cordeiro sem Mácula e a substituição pelo
Cordeiro precedem a liberdade, e não o inverso.

 Obra de Cristo – a salvação da humanidade

“Há luz suficiente para quem quer ver, e trevas suficientes para quem não quer ver”. Blaise
Pascal

Dentro da progressão histórica do significado da salvação e da consecução da


soberania de Deus em relação ao seu plano preestabelecido para salvação, o ponto
mais alto, mais sublime e necessário é a Obra de Cristo. Ao estudar a vida de Cristo,
ficamos surpresos com as inúmeras obras maravilhosas realizadas por Ele, foram
todas elas evidências que apontaram para o fato de que Ele era o Filho de Deus.
Mediante estas obras prodigiosas, Ele deu ampla evidência de ser em verdade tudo
o que afirmava ser. Sua obra não terminou com os milagres realizados durante a
sua vida, seu propósito principal ao vir a este mundo foi trazer salvação para as
almas dos homens. Então vamos nos atentar para o método pelo qual Jesus salvaria
seu povo dos seus pecados. Isto leva ao estudo de sua morte.

Importância da morte de Cristo

Myer Pearlman declara: "O evento destacado e a doutrina principal do Novo


Testamento podem ser resumidos nas palavras: 'Cristo morreu (o evento) pelos
nossos pecados (a doutrina)' (1 Co 15:3)." O cristianismo difere de todas as outras
religiões no que diz respeito à posição dada à morte de seu fundador. Todas as
demais religiões baseiam suas afirmativas de grandeza na vida e ensinamentos de
seus fundadores, enquanto o Evangelho de Jesus Cristo se concentra na pessoa de
Jesus Cristo, incluindo especialmente sua morte no Calvário para a redenção do
pecado, sendo isto realizado mediante a morte substitutiva do próprio Filho de Deus.

A Morte de Cristo foi em lugar dos pecadores, neste ponto é válido recordar algumas
verdades: (1) Quando o homem caiu e se afastou de Deus, ficou em débito eterno
para com Deus; (2) Contudo, a única maneira de o homem pagar por essa dívida,
era sofrendo eternamente a penalidade fixada pela transgressão; (3) É também
importante perceber que, o cumprimento dessa penalidade, é o que Deus deveria
exigir por uma questão de justiça, e teria exigido, se não tivesse agido com amor e
compaixão do pecador.

Podemos concluir que o homem, por si só não poderia resolver seu problema ou
pagar sua dívida diante de Deus, a não ser que um substituto fosse providenciado, o
que é chamado de “Expiação Vicária”, que pode ser entendida como “Substituição
Penal”. Ele tomou o lugar dos pecadores, e que a culpa deles lhes foi imputada e a
punição que mereciam foi transferida para Ele [Lv.1.2-4; 16.20-22; 17.11; Is.53.6,
12; Mt.20.28; Mc.10.45; Jo.1.29; 11.50; Rm.5.6-8; 8.32; 2Co.5.14, 15, 21; Gl.2.20;
3.13; 1Tm.2.6; Hb.9.28; 1Pe.2.24].
A Salvação é a verdade fundamental do evangelho, note como Paulo enfatiza a
morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo como constituindo o evangelho.
"Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei ... que Cristo morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15:1-4). O Evangelho é as "boas novas"
da salvação, o perdão de pecados através da morte, sepultamento e ressurreição de
Jesus Cristo.

Porque a morte de Cristo era necessária?

Muitas escrituras indicam a absoluta necessidade da morte de Cristo para que Deus
pudesse perdoar o pecado e garantir ao homem a sua salvação. A única base sobre
a qual um Deus santo poderia perdoar o pecado era fazendo seu Filho suportar o
castigo da culpa do pecador. Ele não poderia simplesmente perdoar mediante o
arrependimento do pecador, mas só quando a penalidade tivesse sido inteiramente
paga. Quando o homem pecou ele deu legalidade ao diabo sobre sua descendência
nos separando de Deus. Somente o Filho de Deus encarnado poderia nos unir
novamente a Deus. Seu amor o levou a dar seu Filho unigênito como resgate pelo
pecado, a fim de que o pecador possa ser perdoado. A Morte de Cristo, além de
Substitutiva, Redentora, Reconciliadora, é também Propiciatória, pois trouxe perdão
aos nossos pecados.

Diante dos principais significados da Obra de Cristo a nosso favor é necessário


demonstrar que tal Obra tem consequências diretas àqueles que são beneficiados
por ela.

Justificação
A Justificação não é apenas uma das conseqüências da Obra de Cristo a nosso
favor, mas um tema doutrinário central na Salvação e fundamental para a essência
do cristianismo. Tal importância é expressa pelo próprio vocábulo: “JUSTIFICAR”,
que carrega o sentido de declara justo diante de Deus”. Isso não significa que uma
pessoa, ao ser declarada justa, seja absolutamente sem falhas ou completamente
justa no seu proceder, mas que a partir desse momento ela é Posicionalmente
Justa, ou livre de culpa do pecado.

“A justificação é o pronunciamento do juiz justo de que o homem em Cristo é justo;


mas esta justiça é uma questão de relacionamento, e não de caráter ético” George
Eldon Ladd

A Justificação é um ato da livre graça de Deus, pela qual Ele perdoa todos os
nossos pecados, e nos aceita como justos à sua vista, somente pela justiça de
Cristo, imputada a nós, e recebida pela fé somente. Existe estreita ligação entre a
Justificação e a Ressurreição de Cristo, pois a ressurreição de Cristo mostrou que a
morte como resultado do pecado de Adão, teve seu poder neutralizado. Se a morte
foi vencida, segue-se que a culpa foi removida. Assim, a ressurreição é uma prova
ou garantia de que o problema da culpa, geradora da morte, foi resolvido. (Rm. 4:25)

A regeneração e a justificação são doutrinas intimamente relacionadas. A


regeneração está ligada ao que acontece no coração do crente. A justificação refere-
se à posição dele diante de Deus. A regeneração diz respeito à doação da vida; a
justificação, ao homem ser declarado justo aos olhos de Deus. A regeneração é a
resposta divina ao problema da morte espiritual; a justificação é a resposta divina ao
problema da culpa. Justificação é um termo legal que descreve o pecador diante do
tribunal de Deus para receber condenação pelos pecados que cometeu. Mas, em
vez de ser condenado, ele é judicialmente pronunciado inocente, sendo declarado
justo por Deus.

Regeneração
O maior exemplo de regeneração é Nicodemos. E de grande importância que
compreendamos plenamente o que as palavras de Jesus a Nicodemos significam na
íntegra: "Em verdade, em verdade, te digo que se alguém não nascer de novo, não
pode ver o reino de Deus" (Jo 3:3). A história da igreja mostra claramente a
tendência das organizações religiosas, elas deixam o avivamento inicial e começam
a analisar a conversão somente pelo lado humano, não pelo ato sobrenatural do
Espirito Santo de Deus. Vamos considerar a importância do que é nascer de novo.
Esta expressão está sendo amplamente usada, e aplicada de modo zombeteiro, em
muitas áreas em que seu verdadeiro sentido não se aplica de forma alguma. Talvez
seja bom compreender que a expressão "de novo" na passagem antes mencionada
geralmente significa "do alto", de modo que muitos preferem traduzir as palavras "se
o homem não nascer do alto, não pode ver o reino de Deus

Como descrito no Novo Testamento, o novo nascimento é: (1) Um nascimento João


3:8 - (2) Uma purificação - Tt 3:5 - (3) Uma vivificação - Tt 3:5 - (4) Uma criação - 2
Co 5:17

A regeneração não é um simples privilégio, mas uma necessidade absoluta. Jesus


disse: "Se alguém não nascer de novo, não pode entrar no reino de Deus" Jo 3:3).
Não se trata de Deus não permitir a entrada do homem não regenerado no reino de
Deus, mas de uma absoluta impossibilidade. "Ora, o homem natural não aceita as
coisas do espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque
elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2:14).

Santificação
A doutrina da santificação é de grande importância porque está ligada à vida diária
do cristão, sendo, portanto, uma consideração muito prática.

Santificação é a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo o
nosso ser, segundo a imagem de Deus, habilitados a morrer cada vez mais para o
pecado e a viver para a retidão. O conceito não é que o pecado é totalmente
erradicado ou completamente controlado, mas de uma divina mudança de
disposições, virtudes, hábitos pecaminosos e caráter, forjados nos moldes de Cristo.
Santificação é uma transformação contínua dentro de uma consagração mantida, e
gera real retidão. Por “santo” entende-se aqui como um portador de uma verdadeira
semelhança com Deus. Santificação é o estado de ser separado permanentemente
para Deus, e aflora desde a cruz, onde Deus, em Cristo, nos comprou e nos
conduziu para Ele (At.20:28; 26:18; Hb.10:10). Santificação implica em renovação
moral (Rm.8:13; 12:1-2; 1Co.6:11, 19-20; 2Co.3:18; Ef.4:22-24; 1Ts.5:23; 2Ts.2:13;
Hb.13:20-21).

CERTEZA
A maior necessidade na vida é crer no Senhor Jesus Cristo e encontrar a vida
eterna: "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos"
(At 4:12). "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim" (Jo 14:6). É igualmente importante que, quando o indivíduo passa a crer, ele
tenha uma segurança real e permanente de ter recebido a vida eterna. Muitos estão
cheios de dúvidas quanto à sua posição diante de Deus. Acham que estão salvos,
mas lhes falta uma certeza positiva. Outros têm medo de ser positivos demais
quanto ao assunto, temendo talvez abusar da graça de Deus. Como resultado, sua
vida cristã é apologética e carece da realidade da verdadeira comunhão com Deus
através de Jesus Cristo.

Teorias sobre a salvação

O termo Calvinismo é dado ao sistema teológico defendido por João Calvino (1509-
1564). Seu sistema de interpretação bíblica pode ser resumido em cinco pontos,
conhecidos como “os 5 pontos do Calvinismo” (TULIP em inglês):
1 – Total Depravity (Depravação total) – Todos os homens nascem totalmente
depravados, incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões espirituais;
2 – Unconditional Election (Eleição incondicional) – Deus escolheu dentre todos
os seres humanos decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem
levar em conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles;
3 – Limited Atonement (Expiação limitada) – Jesus Cristo morreu na cruz para
pagar o preço do resgate somente dos eleitos;
4 – Irresistible Grace – (Graça Irresistível) – A Graça de Deus é irresistível para os
eleitos, isto é, o Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora
neles;
5 – Perseverance of Saints (Perseverança dos Santos) – Todos os eleitos vão
perseverar na fé até o fim e chegar ao céu. Nenhum perderá a salvação.
O Arminianismo é o sistema de Teologia formulado por Jacobus Arminius (1560 -
1609), teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de Calvino.

Armínio apresentou seu sistema em 5 pontos:


1 – Capacidade humana, Livre-arbítrio – Todos os homens embora sejam
pecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece
(por meio da Graça Preveniente);
2 – Eleição condicional – Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em
Cristo;
3 – Expiação ilimitada – Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos
eleitos;
4 – Graça resistível – Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem
salvos;
5 – Decair da Graça (remonstrantes que propuseram isso, Armínio acreditava
na doutrina da Perseverança dos Santos) – Homens salvos podem perder a
salvação caso não perseverem na fé até o fim.

O sistema teológico de Armínio foi derrotado no Sínodo de Dort em 1619 na


Holanda, por ser considerado anti-bíblico.

Hoje o Arminianismo é o sistema teológico adotado pela maior parte das igrejas
evangélicas.

HODGE, Charles, Teologia Sistemática, pp.718

CHAMPLIN, Russel Norman, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.

Você também pode gostar