Você está na página 1de 10

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 0

0
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 1

1. OBJETIVO DA RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

A RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS, tem por objetivo, estudar as formas e dimensões que deverão
ter os componentes estruturais para que quando submetidos a determinados esforços, possam suportá-
los sem que haja ruptura, ou deformações além de determinados valores pré-estabelecidos, garantindo
com isto, um bom desempenho da estrutura a qual pertencem, com máxima segurança e mínimo custo
possíveis. Em busca deste equilíbrio do binômio custo/segurança, nos deparamos com duas situações
possíveis:
1ª) Conhecendo-se as cargas que serão aplicadas, calculam-se as formas e dimensões dos componentes
para suportá-las. Este procedimento denomina-se dimensionamento.
2ª)Tendo-se uma determinada estrutura, calculam-se as cargas que a mesma poderá suportar. Este
procedimento é denominado verificação.
OBS.: Quando dizemos que uma estrutura deverá suportar um carregamento, não significa
simplesmente que a mesma não deverá romper-se sob a ação deste carregamento, mas também, que a
mesma não deverá sofrer deformações além de determinados valores toleráveis, previamente
estabelecidos para cada tipo de projeto.

2. CONCEITOS BÁSICOS
2.1. BARRA — uma das dimensões destaca-se em relação as duas outras.
Ex.: poste, régua, trilho, lápis, caibro, eixo, pilar.
2.2. CASCA — duas dimensões sobressaem-se em relação a terceira.
Ex.: chapa metálica, lataria de automóveis, paredes de um reservatório.
2.3. BLOCO — nenhuma das dimensões destaca-se em relação as demais.
2.4. VIGA — é uma barra disposta na posição horizontal ou oblíqua.
2.5.COLUNA — é uma barra disposta na posição vertical.
2.6.TENSÃO — é o valor obtido pela divisão da força que atua sobre uma superfície pela área da
mesma.

FORÇA
TENSÃO  (2.1)
ÁREA

Unidades:
No SI: Newton/metro2 = N/m2 = Pascal = Pa
Fig.2.1 Outras : Kgf/cm2 lb./pol2

Ex.: Na figura anterior, suponhamos que a força atuante seja de 8 kN (8000 N), e que a superfície onde a
mesma atua, tenha 10 cm de base, e 8 cm de altura, o que corresponde a uma área de 80 cm². Assim,
utilizando a expressão (2.2), teremos.

FORÇA 8000 N N
TENSÃO  = 2
 100
ÁREA 80cm cm 2

fig.2.2

1
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 2
Este resultado (100N/cm2), significa que ao aplicarmos uma força de 8000N sobre uma superfície de 80 cm 2,
equivale a aplicarmos uma força de 100N em cada quadradinho de 1 cm 2 de área.

2.6.1. TENSÃO MÉDIA é o resultado obtido simplesmente dividindo-se a força pela área (ver expressão
2.1). Não espelha necessariamente a realidade pois caso a carga esteja deslocada em relação ao
centro da superfície, a região para qual encontra-se deslocada a carga, estará submetida a
tensões maiores (ver fig.. Seu valor é obtido pela expressão (2.1).

8000N
fig.2.3

2.6.2. TENSÃO PUNTUAL- é a tensão que ocorre numa área infinitamente pequena a qual pode ser
considerada um ponto. Ou seja, é a tensão que ocorre num ponto da superfície.

F
TensãoPunt ual  lim (2.2)
A 0 A

F dF dA

fig.2.4

2.6.3. TENSÃO NORMAL()- quando a força atua perpendicular(normal) à superfície.

Fy
Fx
σx = (2.3.a)
Ay Ax
x Ax
Fy
z Fx σy = (2.3.b)
Ay
y

Az Fz Fz
(a) (b) σz = (2.3.c)
Az
fig. 2.5

Obs.: A orientação dos eixos é arbitrária, tomando-se em cada caso, a que for mais conveniente. Entretanto,
por questão de comodidade, será utilizada sempre que possível, aquela demonstrada na fig.2.1(a). Caso
2
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 3
alguma orientação diferente seja utilizada, a mesma será explicitada.

2.6.4. TENSÁO TANGENCIAL()- quando a força atua paralela à superfície.


Qx
τxy = (2.4.a)
Ay
Qx Ay
Ax
Qy
Qy Qy τyx = (2.4.b)
Az Ax

fig. 2.6 Qy
τyz = (2.4.c)
Az

2.7. ESFORÇOS INTERNOS- são esforços que surgem no interior de uma peça, quando forças externas
atuam sobre a mesma. Basicamente, existem quatro tipos de esforços internos. São eles: Esforço
Normal, Esforço Tangencial, Esforço torcional (ou torção) e Esforço Flexional (ou flexão).

2.7.1. ESFORÇO NORMAL (N ou FN ou F) — quando o esforço interno surge


perpendicular(normal) à seção onde atua, tendendo a aproximar duas seções adjacentes (compressão),
ou a afastá-las (tração). É produzido por forças externas que atuem em direções perpendiculares à seção.

F F F (+)FN (+)FN F

TRAÇÃO

(-)F (-)F (-)F (-)FN (-)FN (-)F

COMPRESSÃO

CONVENÇÃO: Forças Externas Esforços Internos

fig. 2.7

3
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 4

2.7.2. ESFORÇO TANGENCIAL (ou CORTANTE ou CISALHANTE)(Q)- quando o esforço interno


for tangente à seção onde atua, tendendo a deslizar uma seção sobre a outra, com movimento de
translação. É produzido por forças externas que atuem em direções paralelas à seção.

F F
(+)QY

(+)QY
F F F F
(-)QY

(-)QY
F F
F F
(+)Q Z

F F (+)QZ
F (-)QZ F

F F (-)QZ

fig.2.8

2.7.3. ESFORÇO TORCIONAL (ou TORÇÃO)(Mt)- quando o esforço interno for


tangente à seção onde atua, porém rotacional, ou seja, tende a deslizar uma seção sobre a outra, com
movimento de rotação em torno de um eixo perpendicular as seções (eixo x no ex.). É produzido por
momentos que atuam na direção (“em torno”) do referido eixo.

F
F
F F Mtx
Mtx
F Mtx
F F F
Mtx F
F F F

fig. 2.9

4
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 5

2.7.4. ESFORÇO FLEXIONAL (ou FLEXÃO)(M f)- quando o esforço interno for perpendicular a
seção, porém tendendo em determinada região, à aproximar duas superfícies adjacentes e noutra, a
afastá-las, ou seja, tende a girar as seções adjacentes, uma em relação à outra, em torno de um eixo
pertencente às duas seções (eixo z no ex.1, e y no ex.2).

A - Flexão no Plano VERTICAL

Mfz

Mfz

fig. 2.10

B - Flexão no Plano HORIZONTAL

Mfy M fy Mfy Mfy


Mfy
Mfy
Mfy
Mfy
Mfy
y

fig. 2.11

5
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 6

2.8. DEFORMAÇÕES

São alterações que ocorrem na forma e/ou dimensões de uma peça produzidas pelas forças que
atuam sobre ela. Estas deformações podem ser elásticas ou plásticas.

2.8.1. DEFORMAÇÕES ELÁSTICAS- são as deformações que desaparecem quando as forças


deixam de atuar.
Exemplos de materiais que apresentam capacidade de deformarem-se elasticamente: borracha, aço,
concreto, etc.

2.8.2. DEFORMAÇÕES PLÁSTICAS- são as deformações que permanecem mesmo depois que as
forças deixam de atuar.
Exemplos de materiais que apresentam capacidade de deformarem-se plasticamente: massa de
modelar, massa de vidro(”verde”), aço, etc.

Alguns materiais, como por exemplo, as borrachas, apresentam comportamento quase que 100%
elástico, ao passo que outros tais como a massa de modelar e a argila, tem comportamento quase que
exclusivamente plástico. Entretanto, a grande maioria dos materiais, apresenta um duplo comportamento,
ou seja, podem apresentar tanto deformações elásticas quanto plásticas. Entre estes materiais encontra-se
o aço que é de grande utilização tanto nos equipamentos mecânicos quanto na construção civil. Como
veremos mais adiante, o aço apresenta inicialmente um comportamento elástico, porém, se as cargas
aumentarem de modo que estas deformações ultrapassem um determinado valor denominado limite
elástico(que varia de um material para outro), o mesmo passará a apresentar comportamento plástico.



6
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 7

3. ESFORÇO NORMAL

3.1. CONCEITO- uma seção de uma peça está submetida a um esforço normal, quando os
esforços internos que surgem nesta seção, ocorrem perpendicularmente (normalmente) a
referida seção.
Os esforços normais podem ser de tração ou compressão: por convenção, quando de
tração são considerados positivos(+), e quando de compressão, negativos(-).

F F F (+)FN (+)FN F

TRAÇÃO

(-)F (-)F (-)F (-)FN (-)FN (-)F

7
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 8
COMPRESSÃO

CONVENÇÃO: Forças Externas Esforços Internos

fig. 3.1

3.2. CÁLCULO DOS ESFORÇOS NORMAIS - CONVENÇÃO


O esforço normal resultante numa determinada seção, pode ser obtido somando-se
algebricamente, as forças ou componentes que atuam perpendicularmente à referida seção de um lado
ou de outro da mesma.
CONVENÇÃO – Forças de compressão (“apontando” para a seção), são consideradas negativas.
Forças de tração (“apontando” no sentido contrário ao da seção), são consideradas positivas.
Ex.: Calcular o esforço normal na seção transversal em destaque na peça abaixo.

Fig. 3.2

Solução:

3.3. DIAGRAMAS DO ESFORÇO NORMAL


Consiste, em representar-se graficamente num sistema de eixos ortogonais Q x x (lê-se, Q versus x),
os valores dos esforços normais que atuam nas diversas seções transversais ao longo da peça.
Ex.: Calcular para a peça abaixo, os esforços normais nos diversos trechos, montando o respectivo
diagrama, sendo D=12mm e d=8mm.

D
C
6kN

B 10kN

A 0,8m
12kN
8kN
1,5m
fig. 3.3
0,8m

FNX(kN)
8
RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I 9

X(m)

Solução:

Você também pode gostar