Ajoujar

1.
Oprimir; escravizar; submeter-se.
Unir-se a outra pessoa, pondo-se sob sua dependência.
Fazer vergar através de peso excessivo.
Também significa pau, corrente, coleira, canga.

2.
Palavra proveniente de «ajoujo». Esta provém do latim vulgar (latim falado pelo povo e trazido até nós
pelos soldados romanos), adjugium=ligação; jugum=jugo.

3.
Outros contextos de ajoujar/ajoujo: união forçada, violenta.
No Alentejo, significa a união de um casal sem casamento, o mesmo que mancebia.
No Brasil, é uma tira de couro com a qual se unem dois bois pelos chifres.
4.
Significa prender animais dois a dois, pelo pescoço através da canga.

5.
Literatura:
«As árvores ajoujavam de fruta». «Levantou-o nos braços, como se o peso não o devesse ajoujar». (R.
da Silva, Casa, I, 71)
«Ajouja o padre Casimiro no seu artigo um rosário de plágios sandeus» (Camilo, Maria da fonte, p.
234)
«Florescem hoje em Landim alguns casais de pessoas ditosas que ele ajoujou» (Camilo, Novelas, II,
156)
Séc. XVIII «[…] homem que tal fez merecia ajoujado com Dom Hieronimo de Orrea […]» (Apólogos,
345)
6.
Ligar ou prender (cães, bois etc.) com ajoujo, dois a dois pelo pescoço.
Em sentido figurado: ligar, juntar coisas ou pessoas: as crianças ajoujaram -se no pátio.
Ficar submisso, oprimido; sujeitar-se: o tirano ajoujara o povo à sua tirania.
Fazer envergar por excesso de peso: o balanço amarrado na árvore ajoujou o galho.
7.
Ajoujo resulta da união de duas ou três canoas que se ligam mediante paus roliços, amarrados com alças
ou tiras de couro cru, utilizadas pelos barqueiros do São Francisco, Brasil. Significa, ainda, barca formada
por duas ou mais canoas aparelhadas. Segundo, Donal Pierson, em «O Homem no Vale do São
Francisco», a palavra “barca” é comumente aplicada a uma embarcação de pouco calado,
consideravelmente maior que a canoa e o ajoujo, impulsionada por varejões ou vela.

8.
A obra de Horácio Bento de Gouveia, Ilhéus, é reeditada com alguns acrescentos, com o título «Canga»,
numa referência contextual à extinção da colonia que fazia o povo da Madeira ajoujar perante os
senhorios.