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QUESTÕES – LEIS PENAIS ESPECIAIS III

1- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Prevalece o entendimento de que a hipossuficiência e a vulnerabilidade, necessárias à
caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, não são presumidas pela Lei nº
11.340/2006.
II – A mulher possui na Lei Maria da Penha uma proteção decorrente de direito convencional de
proteção ao gênero (tratados internacionais), que o Brasil incorporou em seu ordenamento,
proteção essa que não depende da demonstração de concreta fragilidade, física, emocional ou
financeira.
III – A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja
realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no
contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri.
Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal
do Júri.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: D
I – INCORRETA
II – CORRETA
Apesar de haver decisões em sentido contrário, prevalece o entendimento de que a
hipossuficiência e a vulnerabilidade, necessárias à caracterização da violência doméstica e
familiar contra a mulher, são presumidas pela Lei nº 11.340/2006. A mulher possui na Lei Maria
da Penha uma proteção decorrente de direito convencional de proteção ao gênero (tratados
internacionais), que o Brasil incorporou em seu ordenamento, proteção essa que não depende da
demonstração de concreta fragilidade, física, emocional ou financeira. Ex: agressão feita por um
homem contra a sua namorada, uma Procuradora da AGU, que possuía autonomia financeira e
ganhava mais que ele. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 620.058/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado

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em 14/03/2017. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1720536/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 04/09/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 92.825, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca; Julg. 21/08/2018.
III – CORRETA - A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do
júri seja realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida
praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da competência
constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá
ser feito no Tribunal do Júri. STF. 2ª Turma. HC 102150/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
27/5/2014 (Info 748).
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia>

2- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha (art. 22
da Lei 11.340/2006) não configura crime de desobediência (art. 330 do CP).
II – A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
III – A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, é motivo idôneo para
justificar a prisão preventiva do réu.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: B
I – CORRETA - O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha
(art. 22 da Lei 11.340/2006) não configura crime de desobediência (art. 330 do CP).
STJ. 5ª Turma. REsp 1374653-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/3/2014 (Info 538).
STJ. 6ª Turma. RHC 41970-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/8/2014 (Info 544).
A Lei nº 13.641/2018 incluiu na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) um tipo penal específico
para essa conduta. Veja:
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta
Lei:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
II – CORRETA - Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se
aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
III – INCORRETA – A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é
motivo idôneo para justificar a prisão preventiva do réu. O inciso III do art. 313 do CPP prevê que
será admitida a decretação da prisão preventiva “se o CRIME envolver violência doméstica e
familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência”. Assim, a redação do inciso III do art. 313
do CPP fala em CRIME (não abarcando contravenção penal). Logo, não há previsão legal que
autorize a prisão preventiva contra o autor de uma contravenção penal. Decretar a prisão
preventiva nesta hipótese representa ofensa ao princípio da legalidade estrita. STJ. 6ª Turma. HC
437535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 26/06/2018 (Info 632).
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3- Assinale a alternativa em que NÃO se aplica a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), de acordo
com a jurisprudência.
a) Violência praticada por filha contra a mãe.
b) Violência praticada por filho contra pai idoso.
c) Violência praticada por genro contra sogra.
d) Violência praticada por filho contra a mãe.
e) Violência praticada por tia contra sobrinha.

Gabarito: B
a) Aplica-se a Lei Maria da Penha. O agressor também pode ser mulher. STJ. 5ª Turma. HC
277561/AL, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/11/2014.
b) Não se aplica a Lei Maria da Penha. O sujeito passivo (vítima) não pode ser do sexo masculino.
STJ. 5ª Turma. RHC 51481/SC, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 21/10/2014.
c) Aplica-se a Lei Maria da Penha. STJ. 5ª Turma. RHC 50847/BA, Rel. Min. Walter de Almeida
Guilherme (Desembargador Convocado do TJ/SP), julgado em 07/10/2014.
d) Aplica-se a Lei Maria da Penha. STJ. 5ª Turma. HC 290650/MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 15/05/2014.
e) Aplica-se a Lei Maria da Penha. A tia possuía, inclusive, a guarda da criança (do sexo feminino),
que tinha 4 anos. STJ. 5ª Turma. HC 250435/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/09/2013.

4- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I - Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de
urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar.
II – Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é possível
a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido expresso
da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e independentemente
de instrução probatória.
III - Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade,
periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a
característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: A
I – CORRETA - Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva
de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar.
STJ. 5ª Turma. HC 298499-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 1º/12/2015 (Info
574).
III – CORRETA - Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar,
é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja pedido
expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e
independentemente de instrução probatória. CPP/Art. 387. O juiz, ao proferir sentença
condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. STJ. 3ª Seção. REsp 1643051-MS, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 621).
III – CORRETA - Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de
violência doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva
ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada,
perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não
admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e
contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no âmbito das relações
domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato de o casal ter se
reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade de pena. STJ. 5ª
Turma. HC 333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 12/04/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no
HC 318849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/10/2015. STF. 2ª Turma. RHC
133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016 (Info 825).
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
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5- Assinale a alternativa INCORRETA.


a) Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.
b) A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.
c) É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra
a mulher no âmbito das relações domésticas.
d) A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a
mulher é pública condicionada a representação da ofendida.
e) Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

Gabarito: D
a) Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da
Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.
b) Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos.
c) Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
d) Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
e) Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

6- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Considera-se organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações
penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter
transnacional.
II – Considera-se grupo criminoso organizado o grupo estruturado de três ou mais pessoas,
existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou
mais infrações graves ou enunciadas na Convenção de Palermo, com a intenção de obter, direta
ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material.
III – Considera-se associação criminosa a associação de três ou mais pessoas, para o fim
específico de cometer crimes.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: A
I - CORRETA - Art. 1º, Lei 12.850/13. Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o
procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.
II – CORRETA - Artigo 2, Convenção de Palermo (Decreto 5.015/04) Terminologia

Para efeitos da presente Convenção, entende-se por:


a) "Grupo criminoso organizado" - grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum
tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou
enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um
benefício econômico ou outro benefício material;
III – CORRETA - Associação Criminosa
Art. 288, CP. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a
participação de criança ou adolescente.

7- A respeito do conceito legal de associação criminosa NÃO é CORRETO o que se afirma em:
a) Trata de uma união de pessoas com um objetivo ilícito, de modo que a utilização do termo
associação serve aos fins de deixar claro que o conceito somente é aplicável quando houver algum
grau de permanência ou estabilidade, de modo a distinguir a organização e a associação do mero
concurso de agentes.
b) A própria ideia de organização traduz a presença de uma coletividade de agentes, de modo que
não se concebe uma organização criminosa unipessoal, cuidando-se de tipo penal de concurso
necessário.
c) O conceito legal considera organização criminosa aquela que, ao lado dos demais elementos,
seja caracterizada pela divisão formal de tarefas, não se reconhecendo a organização criminosa,
quando seus membros não tenham funções formalmente definidas.
d) A Lei aponta como objetivo da organização obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, de modo que o móvel da associação criminosa, à luz do direito brasileiro, não
será necessariamente econômico.

Gabarito: C
a) O texto legal menciona a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada. O
vocábulo associação designa uma união de pessoas (CC, art. 53) em torno de um objetivo comum,
sendo que as associações constituídas para fins lícitos, que não tenham caráter paramilitar, gozam
de expressa proteção constitucional (CF, art. 5º, XVII a XXI).
Aqui se trata de uma união de pessoas com um objetivo ilícito, de modo que a utilização do termo
associação serve aos fins de deixar claro que o conceito somente é aplicável quando houver algum
grau de permanência ou estabilidade, de modo a distinguir a organização e a associação do mero
concurso de agentes, ainda que a lei brasileira, ao contrário da Convenção de Palermo, não exija
que a organização seja existente há algum tempo.
b) A própria ideia de organização traduz a presença de uma coletividade de agentes, de modo que
não se concebe uma organização criminosa unipessoal, cuidando-se de tipo penal de concurso
necessário. Bem por isso, a LOC exige um mínimo de quatro pessoas para o reconhecimento da
organização criminosa, enquanto o tipo da associação criminosa, na nova redação dada ao art.
288 do CP, estará configurado com a participação de três agentes.
c) O conceito legal considera organização criminosa aquela que, ao lado dos demais elementos,
seja caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente. Embora a formulação seja
distinta, a exigência não contraria a Convenção de Palermo, que reconhece a organização
criminosa, ainda que seus membros não tenham funções formalmente definidas.
Não se exige, porém, que a divisão de tarefas seja formal, ou seja, que haja um organograma ou
designações específicas para os membros.
d) A Lei aponta como objetivo da organização obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, de modo que o móvel da associação criminosa, à luz do direito brasileiro, não
será necessariamente econômico.
A LOC aponta como objetivo da organização obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer
natureza, de modo que o móvel da associação criminosa, à luz do direito brasileiro, não será
necessariamente econômico.
Esse ponto é merecedor de crítica, pois o reconhecimento do fim lucrativo é traço característico
das organizações criminosas.
A referência a vantagem de qualquer natureza, não apenas econômica, dificulta a distinção entre
organizações criminosas e grupos terroristas, o que é agravado pela expressa extensão da
aplicação da lei às organizações terroristas internacionais (art. 1º, § 2º, II)(...)
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José
Paulo Baltazar Junior; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016, p. 843/845.
Destacamos.

8- Assinale a alternativa CORRETA.


a) O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em
até dois terços a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal.
b) Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos
em lei o acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de
bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais como meio de
obtenção da prova.
c) Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o
delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público,
poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, desde
que esse benefício tenha sido previsto na proposta inicial.
d) O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser
suspenso por até doze meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as
medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.

Gabarito: B
a) Art. 4º, Lei 12.850/13. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial,
reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o
processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações
penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
b) Art. 3º, Lei 12.850/13. Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo
de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
I - colaboração premiada;
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;
III - ação controlada;
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de
bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica;
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de
provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.
c) Art. 4º, § 2º, Lei 12.850/13. Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério
Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de
perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta
inicial, plicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
(Código de Processo Penal).
d) Art. 4º § 3º, Lei 12.850/13. O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao
colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.

9- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I - A Lei de Organização Criminosa, ao regulamentar o acordo de colaboração premiada (arts. 4º,
§§ 6º a 15, e 7º), empresta ao instituto da colaboração premiada, de forma clara, o caráter de
conformidade no processo penal ou justiça negociada.
II - O instituto da colaboração premiada é indispensável no âmbito da criminalidade organizada,
mas o instituto não vem na mesma linha da confissão, do arrependimento eficaz e da reparação
do dano.
III - Embora útil, ou até mesmo indispensável, a colaboração não deve ser banalizada, em razão
dos riscos de acusações indevidas, bem como da exposição dos colaboradores e seus familiares.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
e) Todas estão incorretas

Gabarito: C
I - CORRETA - A LOC, ao regulamentar o acordo de colaboração premiada (arts. 4º, §§ 6º a 15, e
7º), empresta ao instituto da colaboração premiada, de forma clara, o caráter de conformidade no
processo penal ou justiça negociada23, sempre que o acordo envolver a colaboração, e a
superação da visão do instituto como uma mera causa de diminuição de pena, a ser reconhecida
pelo juiz, por ocasião da sentença, tenha ou não havido um acordo formal entre acusação e defesa.
II – INCORRETA - O instituto da colaboração premiada sofre críticas de uma pretensa imoralidade
ou atentado à eticidade do Estado por estimular a delação.
Barona Vilar opõe aos mecanismos de conformidade no processo penal, entre os quais pode ser
incluída a colaboração premiada, as seguintes críticas: a) viola o princípio de obrigatoriedade da
ação penal; b) atenta contra princípios do processo penal, tais como oralidade, imediação,
publicidade e do juiz natural, presunção de inocência, direito à defesa no processo regular, busca
da verdade material e coação sobre o imputado. Critica-se, ainda, o fato de que o colaborador
poderia ser mais propenso a mentir a fim de alcançar os benefícios decorrentes da colaboração, ou
mesmo de mentir por vingança.
Em minha posição, a colaboração premiada é indispensável no âmbito da criminalidade
organizada, e os ganhos que podem daí advir superam, largamente, os inconvenientes apontados
pela doutrina. O instituto vem, na verdade, na mesma linha da confissão, do arrependimento
eficaz e da reparação do dano, nada havendo aí de imoral (TRF2, HC 20030201015554-2, Maria
Helena Cisne, 1ª T., 06/10/2004), residindo a sua racionalidade no fato de que o agente deixa de
cometer crimes e passa a colaborar com o Estado para minorar seus efeitos, evitar sua
perpetuação e facilitar a persecução.
III – CORRETA - Embora útil, ou até mesmo indispensável, a colaboração não deve ser banalizada,
em razão dos riscos de acusações indevidas, bem como da exposição dos colaboradores e seus
familiares (STJ, HC 97.509, Arnaldo Lima, 5ª T., u., 15/06/2010). Bem por isso, os agentes públicos
envolvidos no procedimento devem tomar redobrados cuidados na avaliação da veracidade das
declarações do colaborador, que pode estar motivado por vingança ou pelo desejo de se livrar da
própria culpa, sem esquecer o risco de que a investigação seja dirigida no sentido desejado pela
organização criminosa, valendo-se de supostos colaboradores pilotados, que façam chegar
informações à Polícia como meio de se livrar de rivais ou comparsas indesejáveis.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José
Paulo Baltazar Junior; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016, p. 859/860.

10- Assinale a alternativa INCORRETA, nos termos da Lei 12.850/13.


a) O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou
adequá-la ao caso concreto.
b) As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias
produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
c) Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a
obter maior fidelidade das informações.
d) Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu
defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável
pelas investigações.
e) O juiz participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o
investigado ou acusado e seu defensor.

Gabarito: E
a) Art. 4º, § 8º, Lei 12.850/13. O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender
aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.
b) Art. 4º, § 10, Lei 12.850/13. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas
autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em
seu desfavor.
c) Art. 4º, § 13, Lei 12.850/13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito
pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.
d) Art. 4º, § 9º, Lei 12.850/13. Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre
acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado
de polícia responsável pelas investigações.
e) Art. 4º § 6º, Lei 12.850/13. O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes
para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o
investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o
Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.

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