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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


FFLCH
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA CAPUCHO - 7978164

MÁRCIA CHIQUETE MELO - 8982817

MATHEUS COPERCINI - 8982720

RELATÓRIO DE TRABALHO DE CAMPO

TREMEMBÉ, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS E JACAREÍ

DIA 21/05 – SÁBADO Comentado [A1]: NOTAS:


INTRODUÇÃO: 1,0
DESENVOLVIMENTO: 7,0
CONSIDERAÇOES E BIBLIOGRAFIA: 0,5
FIGURAS E MAPAS: 1,0

NOTA FINAL: 9,5

Relatório muito bem escrito e elaborado. Com as


figuras bem utilizadas e seguindo as regras da ABNT.

Parabéns!

O único problema foi a ausência de referências


GEOMORFOLOGIA 2 bibliográficas.

PROFª DRª BIANCA VIEIRA

DIURNO

SÃO PAULO

2016
Introdução
O estudo da geomorfologia demanda a busca das explicações das
formasE DOS PROCESSOS, de modo que possamos compreender os
processos que atuaram e atuam na modelagem do relevo. O estado de São
Paulo tem uma vasta litologia e inúmeras formas em seus compartimentos
geomorfológicos, seguindo a lógica climática e do tipo de material que sustenta
o modelado.

O trabalho de campo realizado dia 21/05 teve como objetivo aprofundar


nossos conhecimentos vistos em sala. O destino foi o Graben do Vale do
Paraíba, formação que compõe os falhamentos ocorridos por todo o cinturão
orogênico do atlântico sul no período terciário. A formação geológica sedimentar
é de origem fluvio-lacustre com deposição em delta, fator decisivo para entender
os fenômenos e os tipos de rochas encontrados em cada uma das paradas de
estudo.

O trabalho foi dividido em três paradas, a primeira da Sociedade extrativa


Santa Fé LTDA situada no município de Tremembé (setor distal), a segunda em
São Jose dos Campos próximo à fábrica da General Motors em estrada vicinal
da Rodovia Presidente Dutra (setor mediano) e a última no município de Jacareí
próximo ao Km 8 da Rodovia Dom Pedro I, acessível pelo Km 10 da mesma após
entrar na saída 170 da Rodovia Presidente Dutra.

A trajetória feita pelo trabalho é o caminho entre o setor distal da


deposição fluvio-lacustre em delta até o setor proximal no município de Jacareí,
bem como a área limítrofe da bacia sedimentar e o planalto cristalino Santa
Isabel, sob o Graben.

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Parada 1- Sociedade Extrativa Santa Fé Ltda., município de
Tremembé (x:444732; y:7461981)

A primeira parada se deu na Sociedade Extrativa Santa Fé Ltda., que atua


a cerca de 70 anos, numa estação que de São Paulo ao Rio de Janeiro, seguindo
uma sequência de bacias sedimentares. Nossa visita se deu na formação
Tremembé, localizada na bacia de Taubaté (de origem tectônica, associada a
distensão NNW- SSE), localizada entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira,
onde é extraído entre outros materiais a Bentonita, uma argila 1:1, para fins
industriais. Aqui os sedimentos são distintos das outras áreas da bacia, pois não
existe acamamento, e sim laminação, pois se trata de um ambiente lacustre.

Chegando lá, fomos a uma sala com vários fosseis que foram encontrados
nas minerações, pois por se tratar de um sistema lacustre, a conservação dos
fosseis é facilitada, pois a velocidade de transporte dos sedimentos é menor.
Esses fósseis são principalmente do Oligoceno Superior (Terciário).

Depois caminhamos até uma área de horizontes expostos (figura 1), onde
pudemos observar, ao quebrar algumas rochas, as couraças ferruginosas
desmanteladas, que são associadas ao processo de formação das lateritas, Comentado [A2]: ??????????????????????? NESTE
PONTO?
sendo um resultado residual desse processo, onde a ação da água lixívia as
bases, sobrando apenas os minerais menos solúveis (oxido de ferro-hematita- e
hidróxido de alumínio-gipsita), portanto, essas couraças são concentrações de
hematita.

A carta que usamos para estudar esse local foi baseada no balanço
morfogenético, que tem sua raiz na teoria da biostasia (a qual considera a
alternância entre o clima tropical seco e o úmido: no seco ocorre a erosão lateral,
maior torrencialidade, diminuição da biodiversidade e dos processos
pedogenéticos(fase resistasia); no úmido(fase biostáica) o processo
pedogenético é mais acentuado, a biodiversidade aumenta, e ocorre um
detrimento do desenvolvimento lateral para um desenvolvimento biogeoquímico
da superfície). Assim, na legenda, ocorre uma variação na classificação em
termos de formas relacionadas a alteração físico-química que são do domínio
tropical úmido, e do domínio tropical seco. E nesse contexto as couraças
ferruginosas estão relacionadas ao domínio tropical seco.

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Imagem 1fIGURA 1 : Compartimento da bacia de Taubaté, onde podemos observar
bloquinhos CAMADAS laranjas, que são couraças ferruginosas desmanteladas.
Autora: Márcia Chiquete. Data: 21/05/2016

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Parada 2 – São José dos Campos
O segundo destino, a ser visitado pelos alunos, foi na Cidade de São José
dos Campos em trecho próximo à Rodovia Presidente Dutra (mais precisamente
a X=416.900 e Y=7438.005, segundo as coordenadas passadas pelo Prof.
Fernando Nadal).

Caracterizando o local da segunda parada (Imagem 2), a partir das


explicações dadas em campo, tratou-se de um barranco situado em uma região
de interflúvio da Bacia de Taubaté, porém no setor central/mediano. Os
sedimentos observados são oriundos da Formação Pindamonhangaba,
formação correspondente aos depósitos de sistema fluvial meandrante (bem
desenvolvido na porção central da Bacia de Taubaté). Os sedimentos, de cores
amareladas, transição notável do Horizonte C, são considerados evidências de
um paleoclima úmido, de um ambiente meandrante de migração ou
preenchimento de canais.

Outro aspecto observado, nesse ambiente fluvial, foram as interferências


das cheias dos rios nos sedimentos depositados ao longo do tempo. Em trechos
dos horizontes do solo onde se encontram materiais grosseiros (stones lines), Formatado: Fonte: Itálico

são evidências de correntes turbulentas, enquanto trechos de materiais mais


finos, evidenciam cheias dos leitos.

Segundos os professores, o local também é característico por possuir


diques, esses que são montes de acumulação de sedimentos oriundos
transbordamentos dos leitos maior e menor dos rios e que tal material depositado
é de granulometria fina.

A respeito do relevo local, foi explicado pelos professores que o presente


ambiente sedimentar aplainado se deve ao rebaixamento progressivo
isovolumétrico, que se dá pela circulação hidrológica superficial e subsuperficial.
Tal processo dá origem às depressões e relevos de etchplanação da Formação
Pindamonhangaba, além dos processos geoquímicos atuantes na modelagem
do relevo.

Após as explicações, foi pedido aos alunos a elaboração de um desenho


do horizonte observado ali nas margens da rodovia.

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Imagem 2 - Horizonte observado na parada 2 - São José dos Campos (SP) - Observa-
se o material sedimentar fino de cor amarelada. Prof. Nadal à direita da foto.
Autora: Márcia Chiquete. Data: 21/05/2016

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Parada 3 - Jacareí

Local próximo ao quilometro Oito da Rodovia Dom Pedro I, acessível pela


Rodovia Presidente Dutra saída 170 km 10, coordenadas x389663 y7423886,
segundo Professor Nadal.

Imagem 3: Graben do Rio Paratei e limite entre a bacia sedimentar e o


planalto cristalino.
Autor: Matheus Copercini. Data: 21/05/2016

Borda norte da bacia sedimentar entre o encontro do planalto cristalino.


O rio Paratei percorre o Graben que é marginal ao Graben do Paraíba. A Litologia
é sedimentar fluvial de setor proximal datada do terciário do Grupo Tremembé
(arenito com presença de lentes de folhelho subordinadas e grãos de vários
tamanhos), apresenta uma composição mais grosseira referente à períodos de
menor intemperismo químico e menor regime de chuvas, há a presença de
argilas 2:1. Essa formação litológica é recoberta por couraça ferruginosa que
caracteriza um clima tropical úmido (mais recente que a litologia que recobre), e
deposição de sedimentos quaternários na planície de alagamento do Paratei.

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Imagem 4: Vala aberta por causas antrópicas. Estratificação sedimentar intercalada
arenito e lentes de folhelho.
Autor: Matheus Copercini. Data: 21/05/2016

Imagem 5: Couraça ferruginosa fraturada no canto inferior esquerdo.


Autor: Matheus Copercini. Data: 21/05/2016

A vala aberta que nos serviu de perfil pedológico tem origem antrópica, e
a exposição do material agravou os processos erosivos, sobretudo pela ação da
água que faz a lavagem dos minerais e transporte dos sedimentos. Tal cicatriz

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tende a aumentar uma vez que o clima atuante propicia grande pluviosidade e
atividade hídrica.

Imagem 6: Ravina e a linha visível que demarca a ação de lixiviação da água.


Autor: Matheus Copercini. Data: 21/05/2016

O relevo da região é extremamente moldado pelo clima tropical úmido,


tanto na bacia sedimentar quanto no planalto cristalino, que tendem a erosão,
transporte de matéria, lixiviação e arredondamento das formas. Contudo o que
explica o conjunto de elementos que compõe a paisagem e a geomorfologia é a
sucessão de paleoclima, responsável pelo ambiente de sedimentação especifico
que era menos redutor que o atual. Além disso, a atividade biológica e sua
intensidade também eram diferentes e contribuíram para a consolidação do que
temos hoje.

O planalto cristalino forma um vale junto a vertente sedimentar por onde


o Paratei corre, dando grande visibilidade a diferença de forma e altura dos
compartimentos geológicos. Os processos de rebaixamento são contínuos
porem atuam diferentemente em cada setor, aplainando de forma muito mais
acentuada as rochas sedimentares da bacia enquanto arredonda as faces do
planalto.

Após observação da paisagem e seus elementos e explicações dirigidas


pelos professores foi realizado um esboço pelos alunos.

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Conclusão
Com as observações feitas em campo os conceitos da geomorfologia,
sobretudo as dinâmicas hídricas foram mais bem ilustradas em nossa construção
do conhecimento. O percurso realizado no trabalho abordou de forma didática e
clara o sistema de deposição aluvial em delta contribuindo para a formação de
diferentes geologias que sustentam diferentes formas de relevo. Para além do
recorte temporal da bacia sedimentar, estão os processos de riftiamento do
escudo cristalino, que modificou o quebra-cabeça das formas e abriu a
possibilidade para o surgimento de novas litologias e morfologias. E graças a tal
processo pode-se observar todos os fenômenos abordados. Pontua-se a
importância da ação dos paleoclima e dos organismos no modelado do relevo,
que deixam as formas como sua herança, num processo de modificação
continua e desigual. A paisagem continuará a mudar do que foi observado em
campo, tendendo ao rebaixamento e arredondamento das formas no atual
ambiente redutor, e completando mais um capítulo da História evolutiva da Terra. Comentado [A3]: OTIMO!

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