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HIGIENE DO TRABALHO

O desenvolvimento tecnológico da humanidade, além de trazer enormes benefícios


e conforto para o homem do século XX, tem exposto o trabalhador a diversos
agentes potencialmente nocivos e que, sob certas condições, poderão provocar
doenças ou desajustes no organismo das pessoas que desenvolvem suas atividades
normais em variados locais de trabalho.

Por esta razão criou-se a HIGIENE DO TRABALHO, estruturado como medidas


preventivas relacionadas ao ambiente do trabalho, visando à redução de acidentes de
trabalho e doenças ocupacionais.

Um dos objetivo fundamental da higiene do trabalho é a de detectar o tipo de agente


prejudicial, quantificar sua intensidade ou concentração e tomar as medidas de
controle necessárias para resguardar a saúde e o conforto dos trabalhadores
durante toda sua vida de trabalho e contribui para aumentar a sua produtividade e
criar motivação e satisfação do trabalhador que resultem na redução de outros tipos
de doenças.

Higiene do Trabalhado, também, conhecido como Higiene Industrial, é uma ciência e


uma arte, que tem por objetivo o reconhecimento, avaliação e o controle daqueles
fatores ambientais ou tensões, originadas nos locais de trabalho, que podem
provocar doenças, prejuízos à saúde ou bem-estar, desconforto significativo e
ineficiência nos trabalhadores ou entre as pessoas da comunidade.

Da definição de Higiene e seus objetivos, fica claramente estabelecido que seus


princípios e metodologia de atuação; são aplicáveis a qualquer forma de atividade
humana, em que possam estar presentes diversos fatores causadores de doenças
profissionais. Por esses motivos daremos uma denominação mais ampla a esta
ciência, falando de "Higiene do Trabalho", sendo esta denominação a mais utilizada
no Brasil.

1. Conceitos de Elementos Ambientais

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HIGIENE DO TRABALHO
Ao final da década de 60, nos Países industrializados, e também em alguns Países
em desenvolvimento, o crescimento da conscientização do público quanto à rápida
degradação ambiental e aos problemas sociais decorrentes levou as comunidades a
demandar uma melhor qualidade ambiental. Assim crescia a participação pública,
que passou a exigir que as questões ambientais fossem expressamente
consideradas pelos governos ao aprovarem seus programas de investimentos e
projetos de grande e médio porte.

No Brasil, criou-se uma Lei 6.938/31 em seu art.9, inc.III que institui a avaliação de
impacto ambiental. Instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente e ferramenta
essencial para licenciamento ambiental.

Foi constatado, também a necessidade de que estes estudos fossem sintetizados


em um documento especial, denominado no sistema de licenciamento de atividade
poluidora do estado do Rio de Janeiro ( Deliberação CECA 3, de 28/12/1977 ) de
RIMA – Relatório de Influência do Meio Ambiente.
Foi necessário então , uma realização de estudos de Impacto Ambiental (EIA) e
então denominou-se para uma apresentação como RELATÓRIO DE IMPACTO
AMBIENTAL (RIMA), regulamentada a nível federal pela Resolução CONAMA 001
de 23/01/1986.

Para efeito desta resolução, considerou-se impacto ambiental “ qualquer alteração


das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que , direta
ou indiretamente, afetem:

• A saúde;
• A segurança e o;
• Bem estar da população;
• As atividades sociais e econômicas;
• A biotas;
• As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
• A qualidade dos recursos ambientais.

Pergunta-se :

1) Quantas categorias de produtos que possam ser instalados ou ampliados no


RIMA/EIA na Resolução CONAMA 001?

1.1. Política Nacional do Meio Ambiente.

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Instituído pela Lei 6.938/81, tem por objetivo a preservação. Melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida; visa assegurar, no
País, condições ao desenvolvimento Sócio-econômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidas
as seguintes diretrizes:
• Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo;
• Racionalização do usado solo, do subsolo, da água e do ar;
• Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
• Proteção dos ecossistemas, como a preservação de áreas
representativas;
• Controle e zoneamento das atividades, potencialmente ou
efetivamente poluidora;
• Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologia, orientadas para o
uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
• Recuperação das áreas degradadas;
• Proteção de áreas ameaçadas de degradação;
• Educação ambiental em todos os níveis de ensino, incluindo a
educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação
ativa na defesa do meio ambiente;

1.2. Avaliação de Impacto Ambiental ( AIA )

É um instrumento complementar e inter-relacionados, como por exemplo:


• O licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou
potencialmente poluidoras que exigem a elaboração de EIA / RIMA
e/ou de outros documentos técnicos básicos de implementação de
AIA;
• O zoneamento ambiental, o estabelecimento de padrões de
qualidade ambiental e a criação de unidades de conservação, que
condicionam e orientam a elaboração de estudos de impacto
ambiental e de outros documentos técnicos necessários ao
licenciamento ambiental
• Os cadastros técnicos, os relatórios de Qualidade Ambiental, as
penalidades disciplinares ou compensatórios, os incentivos à
produção, a instalação de equipamento e a criação ou absorção de
tecnologia, voltados para a melhoria de qualidade ambiental, que
facilitam ou condicionam a condução do processo de AIA em suas
diferentes fases.

1.3. Etapas da Avaliação de Impactos ambientais

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A execução de uma avaliação de impactos ambientais segue, de uma
maneira geral, as seguintes etapas:
• Desenvolvimento d um completo entendimento da ação proposta;
• Aquisição do conhecimento técnico do ambiente a ser afetado;
• Determinação dos possíveis impactos sobre as características
ambientais, quantificando, quando possível, as mudanças;
• Apresentação dos resultados da análise de maneira tal que a ação
proposta possa ser utilizada em um processo de decisão;

1.4. Instrução Normativa para Condução dos estudos de Impacto Ambiental.

Para a elaboração destes estudos, os respectivos órgãos licenciados


estaduais e/ou o IBAMA estabeleceu em um roteiro, denominado de
TERMO DE REFERÊNCIA, conforme a Resolução dos projetos.

O TERMO DE REFERÊNCIA

É o instrumento orientador para a elaboração de qualquer tipo de estudo


Ambiental (EIA/Rima, Plano de Monitoramento), bem elaborado é um dos
passos fundamentais para que um estudo de impacto ambiental alcance a
qualidade esperado.
Para que se possa atender a qualidade e os respectivos Termos de
referência, o empreendedor deverá:
• Mediante observância destes documentos, utilizar quaisquer
metodologias de abordagem, desde que de acordo com a literatura
nacional e/ou internacional sobre o assunto.
• Submeter ao órgão licenciado para apreciação as metodologias
gerais e específicas de trabalho, e a serem aplicadas pela equipe
responsável, em prazo a ser estipulado pelo referido órgão.Além
das metodologias, deverão estar bem claras também as interações
entre as diversas atividades e o cronograma físico de execução dos
trabalhos.
• Descrição Técnica do Empreendimento.
o Detalhamento das tecnologias de implantação do
empreendimento e operação;
o das alternativas para o empreendimento;
o das área proposta para implantação;
o das alternativas de locação; dos insumos;
o dos descartáveis; das infra estrutura necessária para
implantação e operação.
• Planos governamentais Co-localizadas.
Deverá ser apresentada uma relação geral dos planos e programas
governamentais que se desenvolvem ou estão propostos para a
região, identificando a ação proposta pelo empreendedor com os
mesmos;
• Legislação Referente aos Recursos naturais, Ambientais, ao uso e
ocupação do solo.
Legislação ambiental atualizada aplicada ao projeto;
• Áreas de Estudos de influência direta e indireta.
Considerando-se áreas de estudo os sistemas naturais, sociais e
econômicas sujeitos aos impactos diretos e indiretos da
implantação e operação do empreendimento.
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Também, a delimitação das áreas em função das características
físicas, biológicas e sócio-econômicas do sistema a serem
estudados.
• Diagnóstico Ambiental
o Meio físico
o Meio Biológico
o Meio Sócio - Econômico
• Caracterização detalhada e atualizada da situação ambiental dos
sistemas físicos, biológicos e sócio-econômicos das áreas de
influência, previamente delimitadas, antes da implantação do
projeto.
• Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais Decorrentes da
Implantação e Operação do Projeto.
Os Impactos deverão ser identificados e avaliados de acordo com a
metodologia da literatura nacional e/ou internacional, adotadas pela
equipe responsável pelos estudos, incluindo prognósticos
realizados nas áreas de influência e estudos quanto a viabilidade
do empreendimento.
• Programas e Planos Ambientais
Deverão constar os programas e planos de
gerenciamento/monitoramento das ações voltadas para a proteção
ambiental e de minimização dos impactos negativos provocados
pela diferentes fases do empreendimento.

Questionários:
1) O que é Higiene Industrial?
2) Quais são as etapas fundamentais da Higiene Industrial?
3) Quais são os fatores importantes nos elementos ambientais?
4) Quem são os agentes ambientais?Defina cada agente?
Respostas:
1) É uma ciência que tem por objetivo o reconhecimento, avaliação e o controle daqueles fatores
ambientais ou tensões, originadas nos locais de trabalho, que podem provocar doenças. Prejuízos à
saúde ou bem-estar, desconforto significativo e ineficiência nos trabalhadores ou entre as pessoas da
comunidade.

2) As etapas fundamentais são é a de detectar o tipo de agente prejudicial, quantificar sua intensidade e
tomar as medidas de controle necessárias para resguardar a saúde e o conforto dos trabalhadores e
redução dos outros tipos de doenças, bem como a satisfação do trabalhador no se ambiente de
trabalho.

3) Fatores Econômicos;Fatores Legais e Regulatórios;Fatores Políticos;Fatores Sociais e Culturais;Fatores


Tecnológicos.

4) Agentes Físicos, Químicos, Biológicos.

Ver Agentes e defina.

1.5. Elementos Ambientais.


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Uma das atividades nobres da Técnica de Segurança do trabalho é o elo de
ligação com a Medicina do Trabalho.

Elementos Ambientais são fatores externos que podem interferir no resultado


de todo o processo.

Este elementos podem ter um âmbito regional, estadual, nacional ou até


internacional, o importante é o que representam influências não controláveis e
dificilmente previsíveis podendo comprometer ou, em alguns casos, auxiliar o
Programa DTR.(Desenvolvimento Tecnológico Regional )

Alguns fatores importantes nos Elementos Ambientais:

• Fatores Econômicos;

• Fatores Legais e Regulatórios;

• Fatores Políticos;

• Fatores Sociais e Culturais;

• Fatores Tecnológicos.

FATORES ECONÔMICOS

Política econômica de controle da inflação, regime cambial, estímulo a


exportação, taxas de juros, isenções ou taxações específicas.

FATORES LEGAIS E REGULATÓRIOS

Contemplando Políticas e legislações na área de propriedade industrial,


normas e padrões para proteção de mercados, definição de acordos
internacionais ou inter-regionais de comercialização, estabelecimentos de
cotas de importação e exportação.

FATORES POLÍTICOS

Mudanças de governo, crises políticas, alterações de prioridades


orçamentárias, conflitos de interesse entre personalidades chaves na
estrutura política.

FATORES SOCIAIS E CULTURAIS

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Influência de fatores relacionadas à educação, mobilizações de segmentos
específicos da sociedade, mudança de perfil da população em termo da faixa
etária e nível de renda.

FATORES TECNOLÓGICOS

Introdução de novas tecnologia, entrada de empresas líderes,


definição de políticas de incentivo ou restrição, estabelecimentos de
áreas estratégicas de tecnologia.

1.6. Elementos Indutores.


Os elementos indutores são sistemas que disponibilizam os
verdadeiros meios seguros e caminhos livres para que a atividade
empresarial possa ser efetivada, podem surgir de forma espontânea
ou planejada.

Os sistemas de elmentos indutores são:

• Sistema de criação e desenvolvimento de empreeendimentos;

• Sistemas de Transferência de Tecnologia;

• Sistema de infra-estrutura de apoio;

• Sistema de Promoção de Cultura Empreendedora.

SISTEMA DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE EMPREENDIMENTOS

Tem objetivo de disponibilizar os serviços e recursos humanos ,


de infra-estrutura e materiais necessárias para promover estímulo e apoio
à criação de empreendimentos.É o elemento indutor mais focado e bem
defenido em termo de limites de atuação. Exemplos: Empresas
Incubadoras.

SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

Promove o processo de transferência de tecnologia.Este sistema


assume uma amplitude maior que o anterior, uma vez que pode atingir
uma empresa nascente ou em desenvolvimento como empreendimentos
já estabelecidos e desenvolvidos.Portanto, o sistema pode monitorar,
organizar, armazenar tecnologia; pode criar prospecção e análise de
tecnologia; assim como pode, administrar o repasse da tecnologia.
Exemplo: Escritório de transferência de tecnologia,Agências de
transferência de tecnologia e Redes de transferências de tecnologia.

SISTEMA DE INFRA-ESTRUTURA DE APOIO

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Engloba todo o conjunto de elementos que podem contribuir de forma direta ou
indiretamente com a intensificação da atividade empresarial. Assim como: Infra-
estrutura física ; Infra-Estrutura Financeira ; Infra-Estrutura de Informação ; Infra-
Estrutura de capacitação e outros tipos de recursos.Exemplos: Parques
Tecnológicos; Cooperativas Profissionais e Fundos de Investimentos.

SISTEMA DE PROMOÇÃO DE CULTURA EMPREENDEDORA

É o que possui maior amplitude e menor foco em função de contemplar um aspecto


extremamente subjetivo, apesar de fundamental para assegurar a continuidade e
perenização do Programa de Desenvolvimento Tecnológico Regional (DTR).Assim
como: Divulgação, Disseminação, Informação e Publicidade; Eventos e Instrumentos
Promocionais; Conscientização, Treinamento e Educação. Exemplos: Escolas
Empreendedoras, Seminários e Congressos.

2. Medidas de Controle

Um dos comentários que usualmente apresentados como justificativa para


abranger medidas de controle ambiental é o de que gastos ambientais que
reduzem a competitividade dos produtos nacionais frente aos originários de
países onde tais controles são inexistentes. Trata- se de uma visão bastante
difundida em países em desenvolvimento, usualmente associada à visão de
que a questão ambiental é algo artificialmente imposto por países
desenvolvidos, sob o lema de que os países ricos já degradaram o seu
ambiente, mas agora usam a questão ambiental para interferir no
desenvolvimento econômico dos países mais pobres. Sob este ponto de vista,
poluir seria inevitável para garantir o crescimento industrial e,
consequentemente, o desenvolvimento econômico.

O objetivo da medida de controle é discutir o desempenho ambiental da indústria


brasileira e sua relação com a competitividade. O desempenho passado do setor,
caracterizado por relativa negligência do tema, acabou tornando- o um dos
responsáveis por alguns dos grandes problemas ambientais. Contudo, uma nova
perspectiva surge nos anos noventa, que associa melhoria ambiental a ganhos de
competitividade. Nesta perspectiva dinâmica sobre os determinantes da
competitividade, observa- se que as empresas de inserção internacional são aquelas
que mais se preocupam com a questão ambiental.
O presente trabalho está dividido em quatro seções:
1. A primeira mostra a evolução da indústria brasileira numa perspectiva
ambiental, evidenciando seu perfil de potencial poluidor.
2. A segunda seção faz uma breve descrição da literatura que trata a relação
entre meio ambiente e competitividade numa perspectiva dinâmica.
3. A terceira seção mostra o comportamento ambiental das empresas paulistas
a partir da Pesquisa da Atividade Econômica Paulista
(PAEP).
4. A última seção apresenta as conclusões gerais.

De acordo com a NR-9, item 9.3.5.1. Deverão ser adotadas as medidas necessárias
e suficientes para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos ambientais
sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações:
a) Risco potencial a Saúde;
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b) Risco evidente a Saúde;
c) Limites de tolerâncias previstas na NR15;
d) Ou através de controle médico da saúde.

De acordo com a NR-9, item 9.3.5.2. Implantam-se medidas de proteção coletiva


obedecendo à seguinte hierarquia:
a) Medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes
prejudiciais à saúde;
b) Medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no
ambiente do trabalho;
c) Medidas que reduzam os níveis desses agentes no ambiente do trabalho.

As medidas de caráter coletivo são aquelas relacionadas a proteção do ambiente de


trabalho e que deverá ser acompanhada de treinamento aos trabalhadores conforme
define o item 9.3.5.3. ou,

a) Substituição de agentes químicos agressivos;


b) Adequação da ventilação industrial;
c) Implantação de sistema de exaustão localizada;
d) Enclausuramento de atividades com produtos tóxicos entre outras.

Quando comprovado pelo empregador, conforme o item 9.3.5.4, a inviabilidade


técnica da adoção de medidas de proteção coletiva, ou quando estas não forem
suficientes, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se a seguinte
hierarquia:
a) Medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho;
a.1. Redução do tempo de exposição.
a.2. Adequação do ritmo de trabalho.
a.3. Ordem e Limpeza.
a.4. Funcionamento de máquina em períodos com menor número de
trabalhadores expostos entre outras.

b) Utilização de equipamento de proteção individual – EPI.


Deve seguir todas as recomendações mencionadas na NR-6 para atenuar
riscos ambientais e o conforto do uso dos Equipamentos de Proteção
Individual.

A utilização de EPI no âmbito do programa, segundo o item 9.3.5.5 da NR-9, devera


considerar as Normas Legais e Administrativo em vigor e envolver, no mínimo:
a) A seleção adequada do EPI;
b) Programa de treinamento quanto ao uso correto dos EPI´s;
c) Garantir as condições de proteção originalmente estabelecidas e a sua
higienização;
d) Identificação dos EPI utilizados para os riscos ambientais.

De acordo com o item 9.3.5.6. Deve estabelecer critérios e mecanismos de


avaliação da eficácia das medidas de proteção implantadas considerando os dados
obtidos nas avaliações realizadas e no controle médico da saúde previsto na NR-7
que diz respeito à PCMSO.
Caso seja constatado evidência que indique o aparecimento de doenças
ocupacionais proveniente da exposição aos riscos ambientais definidos teremos que
avaliar dois aspectos:

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a) O funcionário não utiliza de forma habitual e permanente o EPI, o que
caracteriza uma falha de inspeção diária dos supervisores e um descaso do
trabalhador com medidas preventivas da empresa, estando o mesmo sujeito
às punições previstas na lei;
b) O EPI não é adequado para minimizar os riscos ambientais na intensidade e
conscentração existente no ambiente de trabalho, memso tendo o CA
( Certificado de Aprovação ).

3. Agentes Físicos.
São diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores. São
os riscos gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as características
físicas do meio ambiente. Por exemplo, a existência de um tear numa tecelagem
introduz no ambiente um risco do tipo aqui estudado, já que tal máquina gera ruídos,
isto é, ondas sonoras que irão alterar a pressão acústica que incide sobre os
ouvidos dos operários.

Os riscos físicos se caracterizam por:

a) Exigirem um meio de transmissão (em geral o ar) para propagarem


sua nocividade.
b) Agirem mesmo sobre pessoas que não têm contato direto com a
fonte do risco.
c) Em geral ocasiona lesões crônicas e imediatas.

Alguns exemplos de riscos físicos:

• Ruídos (que podem gerar danos ao aparelho auditivo, como a surdez, além
de outras complicações sistêmicas);

• Iluminação (que podo provocar lesões oculares),

• Calor;

• Vibrações;

• Radiações ionizantes (corno os Raios-X) ou não-ionizantes (como a radiação


ultravioleta),

• Pressões anormais.

Vale aqui destacar que a gravidade (e até mesmo a existência) de riscos


deste tipo depende de sua concentração no ambiente de trabalho. Uma fonte
de ruídos, por exemplo, pode não se constituir num problema (e, por vezes, é
até solução contra inconvenientes como a monotonia), mas pode vir a se
constituir numa fonte geradora de uma surdez progressiva, e até mesmo de

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uma surdez instantânea (por exemplo, um ruído de impacto que perfure o
tímpano), tudo depende da intensidade e demais características físicas do
ruído por ela gerado.

Ruído.

É o som capaz de nos causar uma sensação indesejável e desagradável. Portanto,


o que é ruído para uma pessoa pode não ser para outra. Vai depender da situação,
do estado de espírito em que o indivíduo se encontra, da subjetividade de cada um.

O Som se caracteriza por flutuações de pressão em um meio compressível. A


sensação de som só ocorrerá quando a amplitude destas flutuações e a freqüência
com que elas se repetem estiverem dentro de determinadas faixas de valores

Reduz a capacidade auditiva do trabalhador, a exposição intensa e prolongada ao


ruído atua desfavoravelmente sobre o estado emocional do indivíduo com
conseqüências imprevisíveis sobre o equilíbrio psicossomático.

De um modo geral, quanto mais elevados os níveis encontrados, maior o número de


trabalhadores que apresentarão início de surdez profissional e menor será o tempo
em que este e outros problemas se manifestarão.

É aceito ainda que o ruído elevado influi negativamente na produtividade, além de


ser freqüentemente o causador indireto de acidentes do trabalho, quer por causar
distração ou mau entendimento de instruções, quer por mascarar avisos ou sinais
de alarme.

O grande progresso atual está em conflito com as condições de vida humana, ou


seja, muitas vezes o indivíduo é obrigado a permanecer em ambientes ruidosos.

O ruído excessivo causa surdez, stress, fadiga, irritação e diminui a produtividade.

Porém, pode se eliminar ou reduzir qualquer tipo de ruído através de dispositivos de


alta tecnologia concebidos pela engenharia acústica.

Basicamente, a redução de qualquer ruído pode ser reduzido, através de absorção


ou isolação acústica.

OS EFEITOS NOCIVOS DO RUÍDO

O ruído é um problema que acompanha o desenvolvimento da tecnologia e seus


efeitos se fazem sentir tanto nos locais de trabalho, como nas comunidades. A
complexidade da relação do ser humano com o ruído vem merecendo muitos
estudos específicos.
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Em certas atividades do setor econômico como, por exemplo: Indústrias
metalúrgicas, siderúrgicas, oficinas, serviços de telefonia ou rádio comunicação, o
aparecimento de doenças ocupacionais relacionadas devido ao ruído se manifesta
com maior freqüência. Desse modo, as estatísticas indicam que trabalhadores que
exercem atividades nas áreas acima citadas apresentam, em maior grau,
perturbações auditivas.

Ao ser iniciar um estudo sobre os efeitos nocivos do ruído, é fundamental identificar


os diferentes pontos relacionados à avaliação e exposição ocupacional, lembrando
que os mesmos, normalmente, não atuam de forma independente.

a) Identificar o problema:

• Qual é a fonte predominante;

• Qual é o local, o curso ou o caminho percorrido pelo som;

• Quem é o receptor.

b) Buscar soluções:

• A fonte dominante de ruído deve ser conhecida;

• A forma de propagação e transmissão deve ser identificada;

• Um critério para o nível de ruído deverá ser avaliado e estabelecido.

c) Identificar variáveis sócio-demográficas

• Idade;

• Sexo;

• Escolaridade;

• Grupo sócio – econômico.

d) Identificar os fatores acústicos:

• Nível do ruído;

• Freqüência;

• Duração;

• Flutuações do nível de pressão sonora;

e) Identificar os Fatores Não-Acústicos:

• Fisiologia;

• Histórico acústico ( experiência anteriores )

• Efeito do ruído na atividade;

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HIGIENE DO TRABALHO
• Susceptibilidade individual.

Considerando que o ruído pode ser um som incômodo e prejudicial ao homem,


dependendo de sua intensidade e freqüência, podemos destacar vários efeitos de
interferências no ser humano, como descrito abaixo:

a) Aparelho Auditivo;

b) Atividade Cerebral;

c) Orgãos internos;

d) Atividades Física e Mental;

e) Efeitos na Produção;

f) Interferência nas Comunicações;

g) Ocorrência de Acidentes;

Efeito do ruído no ser humano

Dilatação da Pupila

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HIGIENE DO TRABALHO

Aumento da
produção

Aumento do rítimo
de batimento
cardíaco
Aumento da produção
de adrenalina e
corticotrofina
Contração do
estomago e
abdomen

Reação muscular

Contração de vasos
sanguíneos

SOM

O SOM consiste em um fenômeno ondulatório transmitido por vibrações através de


um meio elástico, sólido, líquido ou gasoso. É um fenômeno físico caracterizado
periodicamente pela compressão e rarefação do ar.

Provavelmente, você já tem uma boa idéia da velocidade do som através da regra
usada para determinar a que distância está a origem de um relâmpago: conta-se
três segundos por quilômetro, a partir do instante em que você vê a faísca, até ouvir
o trovão, Isso corresponde à velocidade do som no ar com 340m/s.

Denominamos de onda acústica direta, a onda procedente de uma fonte antes de


haver sofrido qualquer transformação em suas características ou mudança de
direção por refração, reflexão ou absorção.

Denomina-se onda refletida, a onda acústica que sofre uma ou várias reflexões num
ambiente até chegar ao receptor.

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HIGIENE DO TRABALHO

Alta+Média+B
aixa
freqüencia

Sombr
a
Acústi
ca

Média+Baixa

Onda Sonora se Propagando. Baixa


freqüencia

O instrumento mais comum para a medição de variação de pressão no ar


é o barômetro. Entretanto, este equipamento não é utilizado para medir
nível de pressão sonora, pois possuí uma resposta muito lenta ás
variações de pressão.

Foram desenvolvidos outros instrumentos capazes de transformar as


ondas mecânicas (som) em impulsos elétricos capazes de fornecer leituras
adequadas e confortáveis. Estes instrumentos são normalmente
chamados de medidores de níveis de pressão sonora.

FREQÜENCIA

Um corpo qualquer vibrando no ar tem um movimento oscilatório. Nesse


movimento de ida, ele empurra uma camada de ar para frente,
comprimindo-a e aumentando sua densidade e temperatura. Na volta, o
corpo a descomprime, causando a diminuição dessas duas grandezas.
Como a densidade está relacionada diretamente com a pressão, no
movimento de ida a pressão na camada de ar é maior que nos seus
arredores; suas moléculas tendem a empurrar as moléculas da camada
vizinha que vão transmitindo sua influência às diversas camadas
adjacentes e subseqüentes.

Quando o corpo vibrante se desloca para frente, logo atrás se forma uma
zona rarefeita que o acompanha de perto e com a mesma velocidade da
zona comprimida. A sucessão destas zonas comprimidas e rarefeitas no
tempo forma o que chamamos de movimento ondulatório. Nosso ouvido
ora sente aumento da pressão do ar, ora sente a depressão, em
intensidades e períodos definidos pelo corpo vibrante (fonte de ruído).

O comprimento de onda é à distância percorrida para que a oscilação


repita a situação imediatamente anterior, em amplitude e
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fase.Normalmente, é designada pela letra lambda (ʎ).Ligando o
comprimento da onda com a sua freqüência pode-se obter a velocidade de
propagação da vibração, na forma seguinte:

C=f. ʎ
Onde: C = velocidade de propagação (m/s)

f = freqüência da oscilação (Hz)

ʎ = Comprimento de onda (m)

Rarefação

Compressão

Representação gráfica da onda sonora

Freqüencia é o número de pulsações de uma onda acústica senoidal, cuja


unidade é o Hertz (Hz), ocorrida no intervalo de tempo de um segundo e
equivale ao inverso do período.

O homem é capaz de detectar o som nas freqüências de 20hz a 20 Khz (20


e 20.000 ciclos por segundo). Valores abaixo e acima desse intervalo de
freqüência são chamados de infra-som e ultra-som e não são perceptíveis
ao ouvido humano.

Freqüencia Tipo de Onda Sonora


< 20 Hz Infra - Som
20 Hz a 20 KHz Sons audíveis
20. KHz a 10 GHz Ultra-som
>10 GHz Hiper-som

Não são muitas as pesquisas sobre os efeitos do infra-som no organismo


humano. É sabido, no entanto, que as infra-sons com o nível sonoro
superior a 100 dB, à freqüência de 10 Hz, provocam dores de cabeça e
fadiga.

Os Ultra – sons , em intensidade moderada, não são nocivos ao


homem.Entretanto, dependendo dos níveis, podem ocasionar dor de
cabeça ( concentrada, principalmente , nas regiões frontonasal, orbital e
temporal ) e grande fadiga no fim do dia.Também podem aparecer
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sintomas de pressão nos ouvidos, tontura e desconforto geral, que
desaparecem após um período de descanso.É preciso tomar cuidado com
os olhos, pois o cristalino pode se tornar viscoso se os olhos forem
expostos. Ultra-sons de freqüência, relativamente altas (acima de
31.500Hz) não são facilmente propagados pelo ar e apresentam sérios
riscos apenas em casos de contato direto entre o gerador da vibração e o
corpo.

A propagação do som no ar pode ser comparada às ondas na água. As


ondas espalham-se uniformemente em todas as direções, diminuindo
amplitude conforme se distanciam da fonte. No ar, quando a distância
dobra, a amplitude cai pela metade. Assim, se você se mover da distância
de um metro para dois metros da fonte, o nível da pressão sonora caíra 6
dB. Se você se mover para 4 metros, diminuíra 12 dB; 8 metros, 18 dB, e
assim por diante.

Em geral, objeto deve ser maior do que um comprimento de onda, a fim


de perturbar significativamente. Por exemplo, para 10 KHz, o comprimento
de onda é 3,4 cm. Por isso, a absorção e o isolamento do som são
facilmente alcançados. Porém, para 100 Hz, o comprimento de onda é 3,4
metros e o isolamento torna-se mais difícil. Você, provavelmente já notou
isso quando está tocando música. Na sala ao lado, os sons graves são
muito difíceis de serem bloqueados.

Decibel

Medir pressões sonoras não é uma tarefa simples. Mencionamos que as


vibrações sonoras são detectáveis com valores tão pequenos quanto
0,00002 N/m2 ( 0 dB – umbral auditivo ), pressão que corresponde,
aproximadamente, a dois centésimos de milionésimo da pressão
atmosférica normal.Isto é, uma variação praticamente infinitesimal da
pressão do ar provoca a sensação de audição, desde que a freqüência da
vibração esteja compreendida na faixa de 16Hz a 20.000 Hz (faixa
chamada de áudio-freqüencia).

Por outro lado, o sistema auditivo consegue ouvir variações da pressão do


ar 10 milhões de vezes superiores ao lado limiar de audibilidade,
estendendo-se numa faixa de aproximadamente 0,00002 N/m2 a 200
N/m2 ( 140 dB ). Além disso, pretende-se não apenas medir as variações
de pressão. Mas também ter uma idéia da sensação humana quando o
ouvido é exposto, dentro da faixa de audiofreqüência, a diferentes
pressões sonoras que o estimulam.

Weber e Fechner, estudando o problema, concluíram que para haver um


aumento na sensação, é necessário que a intensidade do estímulo
“cresça”, sendo o aumento da sensação proporcional ao logaritmo do

HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 17


HIGIENE DO TRABALHO
mesmo. Isto significa que se, por exemplo, o estímulo físico cresce em
função dos números:

1 – 2 – 4 – 10 – 100 – 1000 – 10.000 – 100.000 – 1.000.000


A sensação humana cresce correspondentemente aos números:

0 – 0,3 – 0,6 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 ( em bel )


Em outras palavras, quando o estímulo físico é multiplicado por 10 , a
sensação aumenta em apenas uma unidade.

As conclusões de Weber-Fechner são , na verdade, é uma aproximação.Na


prática, elas orientam um meio simples de medir, numa escala de fácil
manuseio.

O bel é uma característica proporcional e significa 10 vezes mais


potência. Um bel vale log 10, dois beis valem log100, etc. No
entanto, o bel é uma escala, ainda, restrita. Então, usa-se o
decibel (dB), que é um décimo do bel, ou seja, um bel é igual a 10
decibéis. Com isso, entende-se que com o aumento de 10x
pressão, corresponde a um aumento de 20 decibéis ou 2 béis.

Outro aspecto útil da escala em dB é que ela representa a aproximação à


percepção humana de audibilidade relativa ( loudness), melhor do que a
escala em pascal, uma vez que o ouvido reage à percentagem de variação
de níveis, a qual corresponde à escala decibel, onde 1 dB é sempre a
mesma variação relativa(em qualquer lugar da escala) e é menor variação
que nós podemos ouvir.

NPS = 10log [ (P) ²/ ( Po) ²]


NPS = Níveis de Pressões Sonoro Po = Pressão de referência ( 2x 10⁻⁵ N/m² )
P= Potência Medida

Observe que o decibel é um número adimensional, relação entre duas


grandezas variáveis, uma das quais adotadas como referência. Por isso,
sempre que se dá um valor em dB, deve-se mencionar a que ele se refere.
No caso do NPS, a pressão de referência (Po) é, por convenção, 0,00002
N/m²

( ou 2x 10⁻⁵ N/m²) . Assim sendo , a equação fica:

NPS = 20LogP + 94 dB

O limiar da dor, para a maioria das pessoas, encontra-se entre 120 e 130
dB, provocado por potências de 1 a 10 Watts. A necessidade de considerar
simultaneamente a variação da pressão sonora (através do NPS) e a
HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 18
HIGIENE DO TRABALHO
freqüência da onda leva a representa ambos os fatores em gráficos
chamados de espectros sonoros, como mencionado anteriormente.

NOÇÕES DE ISOLAMENTO ACÚSTICO E ABSORÇÃO SONORA

O ISOLAMENTO ACÚSTICO refere-se à capacidade de certos materiais


formarem uma barreira, impedindo que a onda sonora (ou ruído) passe de
um recinto a outro. Nestes casos se deseja impedir que o ruído alcance o
homem. Normalmente são utilizados materiais densos (pesados) como por
ex: concreto, vidro, chumbo, etc..

A ABSORÇÃO ACÚSTICA trata do fenômeno que minimiza a reflexão


das ondas sonoras num mesmo ambiente. Ou seja, diminui ou elimina o
nível de reverberação (que é uma variação do eco) num mesmo ambiente.
Nestes casos se deseja, além de diminuir os Níveis de pressão Sonora do
recinto, melhorar o nível de inteligibilidade. Contrariamente aos materiais
de isolamento, estes são materiais leves (baixa densidade), fibrosos ou de
poros abertos, como por ex: espumas poliéster de células abertas, fibras
cerâmicas e de vidro, tecidos, carpetes, etc.

Praticamente todos os materiais existentes no mercado ou isolam ou


absorvem ondas sonoras, embora com diferente eficácia. Aquele material
que tem grande poder de isolamento acústico quase não tem poder de
absorção acústica, e vice-versa. Alguns outros materiais têm baixo poder
de isolamento acústico e também baixo poder de absorção acústica (como
HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 19
HIGIENE DO TRABALHO
plásticos leves e impermeáveis), pois são de baixa densidade e não tem
poros abertos. Espumas de poliestireno (expandido ou extrudado) tem
excelentes características de isolamento térmico, porém não são
recomendados em acústica. A cortiça (muito utilizada no passado) já não
apresenta os resultados acústicos desejados pelo consumidor da
atualidade, e também apresenta problemas de higiene e deterioração (é
um produto orgânico que se deteriora muito facilmente).

A indústria tem desenvolvido novos materiais com coeficientes de


isolamento acústico e/ou de absorção muito mais eficientes que os
materiais até então considerados "acústicos". Desta maneira tem sido
possível se obter, mediante variações de sua composição, resultados
acústicos satisfatórios que atendam as necessidades do usuário.

Cada recinto, conforme sua utilização requer critérios bem definidos de


Níveis de Pressão Sonora e de reverberação para permitir o conforto
acústico e/ou eliminar as condições nocivas a saúde. Níveis de Pressão
Sonora, muito baixo, podem tornar o recinto monótono e cansativo,
induzindo as pessoas às condições de inatividade e sonolência.

Normalmente um bom projeto acústico prevê o isolamento e a absorção


acústica utilizadas com critérios bem definidos, objetivando a melhor
eficácia no resultado final. Para isto, deve-se levar em consideração o
desempenho acústico dos materiais à serem aplicados, sua fixação,
posição relativa à fonte de ruído e facilidade de manutenção, sem
restringir a funcionalidade do recinto.

A aplicação de um material acústico, fornecido ou utilizado sem critérios


rígidos de projeto, não significa a solução do problema.

A princípio, todos os materiais têm características acústicas que podem


ser desejadas, ou não, para a questão que se busca. Por exemplo:
- O AR é acústico, pois é ele quem "transmite" os sons para os nossos
ouvidos;
- O vácuo absoluto é acústico, pois por ele não são transmitidos sons (é o
isolante acústico perfeito);

HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 20


HIGIENE DO TRABALHO
- Uma parede de concreto, maciça, é acústica, pois ela apresenta um
índice de redução sonora elevado, mas também apresenta elevados níveis
de reflexão sonora;
- As fibras (lã de rocha, lã de vidro, lã cerâmica), espumas de poros
abertos, tecidos, carpetes, e outros materiais deste tipo têm razoável
poder de evitar a reflexão sonora, mas não isolam o som.
- Instrumentos musicais especiais são excelentes materiais acústicos.
(Caso dos Violinos "Stradivarius").
Mas se o problema é "vazamento" de sons de um ambiente para outro, a
solução deve ser direcionada para o uso de materiais "densos", como o
concreto, o vidro, o aço, etc. Nestes casos não se deve utilizar materiais
do tipo fibras, tecidos, carpetes e similares, pois não significará a solução
definitiva.

Mas se o problema é a falta de inteligibilidade da palavra falada, dentro de


um mesmo ambiente, a solução deve ser direcionada para o uso de fibras
e/ou espumas de poros abertos. Não se deve utilizar materiais densos ou
que sejam impermeáveis ao ar.

A melhor solução final, normalmente, requer o uso dos dois tipos


(isolantes e absorvedores) de forma muito criteriosa.

Não existem materiais "melhores" ou "piores" para soluções acústicas. O


que existe é a adequação (ou não) de determinado material para a
finalidade que se deseja. Muito cuidado deve ser dado à utilização de um
determinado material só porque ele "funcionou" em outro local ou outra
aplicação. Existem muitos exemplos reais nos quais um determinado
material "funcionou" para uma aplicação e que foi um fracasso em outra.

Existem materiais cujas características acústicas são tão pequenas que


não compensa utilizá-los. Estes materiais são, normalmente, muito
baratos, motivando as pessoas a comprá-los e utilizá-los. Cuidado!

É comum se encontrar propagandas que asseguram que os materiais são


isolante “termo-acústicos".
As características Térmicas e Acústicas dos materiais não são
dependentes, o que significa que um bom material que isola termicamente
não é necessariamente um bom isolante acústico, e vice-versa. O "Isopor"
HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 21
HIGIENE DO TRABALHO
(que é ar enclausurado em pequenas células) é um exemplo de excelente
isolante térmico (para baixas temperaturas), mas não é um isolante
acústico. Outro exemplo é o "aço" que é um bom isolante acústico, mas
não é bom isolante térmico.
Neste ponto, surge uma, outra, questão: Quanto (ou como) se usa de
cada um deles? A resposta é: "depende do problema". Não existem
soluções genéricas na área da Acústica.
A aplicação de um material acústico, fornecido ou utilizado sem critérios
rígidos de projeto, não significa a solução do problema.

NÍVEIS DE RUÍDO PARA CONFORTO ACÚSTICO

Com relação ao conforto acústico no trabalho, apresentamos abaixo uma


transcrição parcial da Lei 6.514 de 22/11/77 relativa ao Capitulo V do
Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à Segurança e
Medicina do Trabalho, dado pela Portaria No. 3.751 de 23 de Novembro de
1990, Norma Reguladora NR. 17- ERGONOMIA, na qual encontramos os
parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar
conforto acústico, desempenho e segurança:
- Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exigem
solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de
controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou
análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as
seguintes condições de conforto:
a) Níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152,
registrada no INMETRO.

b) Índice de temperatura efetiva entre 20 e 23 graus.

c) Velocidade do ar não superior a 0,75 m/s.

d) Umidade relativa do ar não inferior a 40%.

- Para as atividades que possuam as características definidas no


sub-item anterior, mas não apresentam equivalência ou correlação com
aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito
de conforto será de até 65 dB (A) e a curva avaliação de ruído (NC) de
valor não superior a 60dB(A).
HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 22
HIGIENE DO TRABALHO
- Os parâmetros previstos, devem ser medidos nos postos de
trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva
e às demais variáveis na altura do tórax do trabalhador.

NB-95 NBR 10152/1987 - Tabela 1 dB(A) NC


HOSPITAIS
35 – 45 30 - 40
Apartamentos, Enfermarias, Berçários,
C.Cirúrgicos 40 – 50 35 - 45

Laboratórios, Áreas para uso do público


40 – 50 35 - 45

Serviços
45 – 55 40 - 50

ESCOLAS

Bibliotecas, Salas de música, Salas de desenho


35 – 45 30 - 40

Salas de aula, Laboratórios


40 – 50 35 - 45

Circulação
45 – 55 40 - 50

HOTÉIS

Apartamentos 35 – 45 30 - 40

Restaurantes, Salas de Estar 40 – 50 35 - 45

Portaria, recepção, Circulação 45 – 55 40 - 50

RESIDÊNCIAS

Dormitórios 35 – 45 30 - 40

Salas de Estar 40 – 50 35 - 45

AUDITÓRIOS

Salas de Concerto, Teatros 30 – 40 25 - 30

Salas de Conferências, Cinemas, Salas de


35 – 45 30 - 35
Múltiplo Uso

RESTAURANTES

Restaurantes 40 – 50 35 - 45
HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 23
HIGIENE DO TRABALHO

ESCRITÓRIOS

Salas de Reuniões 30 – 40 25 - 35

Salas de Gerência, Projetos e Administração 35 – 45 30 - 40

Salas de Computadores 45 – 65 40 - 60

Salas de Mecanografia 50 – 60 45 - 55

IGREJAS E TEMPLOS

Cultos Meditativos 40 – 50 35 - 45

LOCAIS PARA ESPORTE

Pavilhões fechados para espetáculos e


45 – 60 40 - 55
Atividades Esportivas
NOTA: O valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto,
enquanto que o valor superior significa a nível sonoro máximo aceitável para a
respectiva finalidade.

O QUE AVALIAMOS EM UMA MEDIÇÃO DE RUÍDO

A Realização de medições de Níveis de Pressão Sonora ( NPS ), para ser


criteriosa, deve contemplar o Espectro Sonoro do Ruído; e um bom
relatório deve conter, pelo menos, as seguintes informações:

1. LEQ POR ESPECTRO DE 1/3 OITAVA em dB(A) – Nível sonoro


equivalente, que é o valor médio dos Níveis de Pressão Sonora,
integrado em uma faixa de tempo especificado, e que corresponde à
energia do ruído. É o nível contínuo que tem o mesmo potencial
acústico que o nível variável existente no recinto. Corresponde também
à dosimetria para o intervalo de tempo considerado. Essa é a
interpretação do valor físico mais significativo nas avaliações acústicas.

2. L5 – L10 - L50 – L90 - L95 POR ESPECTRO DE 1/3 OITAVA em


dB(A) - é a distribuição estatística no tempo, e mostra qual o
percentual do tempo total de exposição em relação ao Nível de Pressão
Sonora dB(A) acima do qual os níveis permanecem. Por exemplo, L50
HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 24
HIGIENE DO TRABALHO
representa o valor acima do qual os demais níveis permanecem 50%
do tempo total. Isto é importante para se qualificar a variação dos
Níveis de Pressão Sonora avaliados.

3. SEL - é o nível de exposição sonora (Sound Equivalent Level),


utilizado para ruídos transientes, acumulados durante o tempo
computado, com tempo de integração de 1,0 segundo.

4. PICO (Linear) - é o Nível de Pressão Sonora mais alto medido


instantaneamente que ocorre durante o tempo de avaliação, medido
na escala Linear (sem circuito de compensação) para comparação aos
valores limites estabelecidos na Norma Regulamentadora NR-15 ( 130
dB ).

5. LEQ POR ESPECTRO DE 1/8 em dB(A) - mostrando os valores


LEQ do ruído existente no local avaliado para qualificar o ruído em
comparação às curvas isofônicas. ( Curvas NC ).

6. CURVAS DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO, apresentando os mesmos


valores do item anterior, porém em dB(Linear), e se presta a comparar
os valores medidos com as curvas isofônicas padronizadas (Curvas
NC), para avaliação dos níveis de Conforto Acústico.

7. EVOLUÇÃO DOS NÍVEIS MÁXIMOS MEDIDOS em dB(A) -


indicando os máximos valores medidos pelo equipamento (segundo a
segundo) para os valores totais (broadband), mostrando como o ruído
da área avaliada se comporta ao longo do tempo. Desta avaliação
pode-se concluir, por exemplo, qual o ciclo do nível de ruído da área /
máquinas.

8. CÁLCULOS DA EFICÁCIA DOS PROTETORES AUDITIVOS


utilizando cálculos criteriosos e se valendo das atenuações e desvios
padrões fornecidos pelos C.A. (Certificados de Aprovação) oficiais, dos
Protetores Auditivos efetivamente utilizados. (Método longo - Valores
em bandas de oitava, confrontados com os valores do NRR oficiais).

HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 25


HIGIENE DO TRABALHO
9. CONCLUSÃO da medição, apontando se o local avaliado é, ou não,
insalubre pelo Agente Físico Ruído e se os Protetores Auditivos são
eficazes na proteção auditiva dos usuários.

10. LTCAT - Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho -


Conforme as novas determinações do INSS, pela IN-DC-78 de
Julho/2002, o qual servirá de base para que a empresa emita o PPP
(Perfil Profissiográfico Previdenciário) e com as conclusões da avaliação.

OBS: Somente um ANALISADOR DE NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA EM


TEMPO REAL realiza estas medições e avaliações. Não aceite
equipamentos que não tenham estas especificações.

P= Poderiam confirmar se por definição, Nível de Pressão Sonora (SPL) Sond Pressure Level é o ruído máximo ou
a média dos ruídos medidos num dado intervalo de tempo?

R= Nível de Pressão Sonora não é, nem Ruído Máximo e tampouco a média dos ruídos medidos.

- NPS (Nível de Pressão Sonora) é o valor momentâneo (instantâneo) da variação da pressão atmosférica (dP) devido
a qualquer vibração (entre 20 e 20.000 Hz) que ocasione esta variação.

- NPS, como o nome diz, é o valor da pressão sonora. Som é qualquer variação do nível da pressão atmosférica, desde
que situada numa freqüência entre 20 e 20.000Hz que é o "Range" da percepção auditiva (daí o termo "Sonora").
Nível de Pressão é o "valor" da pressão (instantânea). O que os equipamentos de medição sonoros medem é a
variação da pressão atmosférica, devido ao som que está presente no local. Melhorou, ou piorou a explicação?
- Nível Máximo é mesmo o nível máximo medido (ou avaliado) em um determinado intervalo de tempo.

- Para se medir a "Média" dos ruídos, é necessário muito cuidado, pois não se pode achar médias aritméticas dos
valores obtidos dos equipamentos de medição. Esta "média" somente pode ser feita por equipamentos que têm
esta capacidade, e se chama Leq (Nível Equivalente Sonoro). Veja que se chama "Equivalente" e não "Média".

EFEITO DE MASCARAMENTO

O conhecimento do efeito de mascaramento é muito importante para se


evitar situações de risco, envolvendo interfêrencia de sinais sonoros em
ambiente de trabalho.Assim como existem fantasmas nas imagens de TV,
o som que ouvimos também está sujeito a pertubações em determinadas

HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 26


HIGIENE DO TRABALHO
freqüências, devendo haver um nível de ruído acima do limiar de
audibilidade a fim de que o mesmo seja percebido claramente.

Mascaramento significa que um tom se torna inaudível devido a influência


de outros tons presentes simultaneamente.Tons de baixa freqüencia com
altos níveis mascaram tons de alta freqüência de baixos níveis.Um tom de
1Khz com 40 db é claramente audível quando nenhum outro sinal está
presente.Quando um tom de 600 Hz com 70 dB é ligado o tom de 1Khz se
torna inaudível devido ao mascaramento.

A curva representativa da variação de intensidade por freqüencia chama-


se “Espectro de Mascaramento”, sendo também chamada de ruído de
fundo.Para uma determinada freqüência, deverá haver um diferencial.

A origem do mascaramento espectral é devido à onda que atinge a


membrana basilar da orelha interna. O tom puro excita a membrana
basilar em toda a sua extensão.

Já o mascaramento temporal ocorre quando um som é desligado e o ou-


vido precisa de um certo tempo para recuperar sua sensibilidade normal.A
duração desse tipo de mascaramento não depende diretamente da
duração do som.

VERIFICAÇÃO E ANÁLISE DA INTELIGIBILIDADE

A interferência nas Comunicações é avaliada atráves de um índice que é a


média aritmética dos níveis de pressão nas faixas de freqüência mais
importantes para a comunicação oral: 500 Hz, 1000Hze 2000Hz. Alguns
autores trabalham também com a freqüencia de 4000Hz (ANSI S12.2-
1995)

( N500 + N1000 + N2000 + N4000 )


NPS
= 4

Sendo : NIC = Nível de Interferência nas Comunicações , em dB

N500= nível de pressão acústica na faixa de frequência em torno de 500 Hz

N1000= nível de pressão acústica na faixa de frequência em torno de 1000 Hz

N200 = nível de pressão acústica na faixa de frequência em torno de 2000 Hz

Para o ruído cuja análise é apresentada a seguir, temos:

HZ 31,5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000

dB 60 62 70 75 78 75 77 72 70 51

NIC igual a 75,5 dB, pois NIC = ( 78 + 75 + 77 + 72 ) / 4 = 75,5 dB

HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 27


HIGIENE DO TRABALHO
Esse número pode ser classificado segundo as tabelas apresentadas ,
onde diferentes limites do NIC são estabelecidos segundo a distância do
ouvido ou nível de satisfação.

Os riscos e os limites de tolerância podem ser classificados em grupos, de


acordo com as tipologias apresentadas na literatura existente da
área.Quando se tratar de um laudo pericial , sugerimos que seja adota a
classificação utilizada pela legislação trabalhista brasileira:

Grupo 1 – Riscos físicos: identificados pela cor verde. Exemplo: ruído,


calor, frio, pressões atmosféricas, umidade, radiações ionizantes e não
ionizantes, bem como vibração;

Grupo 2 – Riscos químicos: identificados pela cor vermelha.Exemplo:


poeira, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas e substancias com,postas
ou produtos químicos em geral;

Grupo 3 – Riscos biológicos:identificados pela cor marrom.Exemplo:


fungos, bactérias,parasitas, vírus, protozoários e bacilos;

Grupo 4 - Riscos ergonômicos:identificados pela cor amarela.Exemplo:


esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, controle
rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em
turno e noturno, jornadas de trablho prolongadas, monotonia e
repetividade, bem como outras situações de estresse físico e/ou mental;

Grupo 5 – Riscos de acidentes: identificados pela cor azul. Exemplo:


arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção,
iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio e explosão,
armazenamento inadequado, animais peçonhentos e outras situações de
risco que possam contribuir para a ocorrência de acidentes;

Trabalharemos com alguns limites de tolerância como o anexo 3 da NR 15


para exposição ao Calor.

É importante diferenciar desconforto térmico de sobrecarga térmica,


uma vez que o primeiro é um conceito mais subjetivo, depende da
sensibilidade das pessoas, grupo étnicos, situação geográfica, climas ,
costumes, roupas e alimentação. O desconforto térmico pode variar de
uma região para outra, entretanto a sobrecarga não, uma vez que a
natureza humana é a mesma, em qualquer parte do planeta. É importante
ressaltar que a caracterização de desconforto térmico é estabelecida
pela NR 17 (Ergonomia) enquanto no anexo 3 da NR 15 trataremos da
sobrecarga térmica.

A sobrecarga térmica é a quantidade de energia que o organismo deve


dissipar, para atingir o equilíbrio térmico. O organismo gera calor devido à
atividade celular.Esse calor é chamado de calor metabólico e é a

HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 28


HIGIENE DO TRABALHO
combinação do calor gerado pelo metabolismo basal e o resultante da
atividade física. Para que o equilíbrio térmico seja mantido, a carga
térmica metabólica deve ser dissipada. O organismo, portanto , pode
perder ou ganhar calor, de acordo com as condições ambientais, através
dos mecanismos que são descritos adiante.

Quando o corpo humano submete-se a uma sobrecarga térmica, origina


uma tensão térmica, que pode provocar reações fisiológicas, uma vez que
possui mecanismos termorreguladores que desencadeiam estes diferentes
tipos de reações.Estas podem ser: sudorese, aumento da pulsação e da
temperatura interna do corpo, síncope pelo calor ou desequilibrio híbrido e
salino.

TRANSCRIÇÃO do ANEXO 3.

É a redação dada pela Portaria nº. 3.214 de 08/06/78.

1. A exposição ao calor deve ser avaliada através do “ Índice de Bulbo


Úmido – Termômetro de Globo” ( IBUTG ) definido pelas equações que
seguem;

Ambiente internos ou externos sem carga solar;

IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg

Ambiente externos com carga solar;

IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg

Onde: tbn = temperature de bulbo úmido natural


tg = temperatura de globo
tbs = temperatura de bulbo seco

2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são:


termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro
de mercúrio comum.

3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o


trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida.

4.

Exercícios:

1) Um operador gasta 3 minutos para carregar o forno e aguarda 4


minutos para a carga atingir a temperatura esperada, sem no entanto,
sair do local de trabalho.Em seguida gasta outros 3 minutos para
descarregar o forno.Este ciclo de trabalho é continuamente repetido
durante toda a jornada de trabalho em local sem carga solar.

HIGIENE DO TRABALHO I - 2010 - PROFº. Hang Chuen Yee Pág. 29


HIGIENE DO TRABALHO
Resp: Todo o cálculo é efetuado em cima de uma base de cálculo de 60
minutos, que é representativa para toda a jornada de trabalho.

a) Realizar levantamento de campo com o auxilio da árvore dos


termômetros, os valores encontrados foram:

Tg=35° C, tbn=25° , tbs = 28°C

b) Definir o tipo de atividade segundo o quadro 3: Moderada

c) Calcular o IBUTG para recinto fechado sem carga solar;

IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg ( sem carga solar )

IBUTG = 0,7 x 25° + 0,3 x 35°

IBUTG = 17,5 + 10,5 , logo IBUTG = 28° C

d) Definir o ciclo de trabalho para uma base de cálculo de 1 hora

( 60 min ).

Tempo de trabalho: 6 min x 6 = 36 minutos

Tempo de descanso: 4 min x 6 = 24 minutos

Ciclo de trabalho: 36 min trabalhando por 24 min descansando no


próprio local de trabalho

e) Ao consultar Quadro 1 para encontrar qual o ciclo máximo de


trabalho permitido para o IBUTG de 28°C calculado na alínea “c”
verificamos que o trabalhador executando uma tarefa do tipo
MODERADO poderia ficar exposto a um ciclo máximo de 45 minutos
trabalhando por 15 minutos descansando nas condições apresentadas
acima.

f) Conclusão: Neste caso conclui-se que o ciclo de trabalho ( 36 min


por 24 min) apresentado neste exercício , é adequado para o IBUTG de
28°C, que permitiria um ciclo de até 45 min x 15 min para uma atividade
do tipo MODERADA sendo compatível com as condições térmicas do
ambiente analisado e portanto o limite de tolerância não foi ultra
passado.

FRIO – ANEXO 9 da NR 15

O sistema regulador térmico do homem é muito eficaz para o calor e


pouco eficiente para o frio. A capacidade do homem para suar é superior a
de qualquer animal. Ele pode sobreviver e trabalhar em condições
rigorosas de frio desde que utilize roupas isolantes ou permaneça em
lugares que possuam calefação. Nos ambientes frios, o organismo perde
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calor, exigindo que o trabalhador proteja-se, adequadamente, de modo a
não baixar à sua temperatura interna, afetando, o funcionamento dos
órgãos internos.

No que diz respeito ao amparo legal da NR-15 – Anexo 09 ( FRIO ), é


importante citar o Artigo 253 da CLT:

Art.253. Para os empregados que trabalham no interior


das câmaras frigoríficos e para os que movimentam mercadorias
do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de
uma hora e quarenta minutos de trabalho contínuo, será
assegurado um período de vinte minutos de repouso,
computando esse intervalo como o de trabalho efetivo.

§ 1º. Considera-se artificialmente frio, para os fins do


presente artigo, o que for interior, nas primeira, segunda e
terceira zonas climáticas do mapa oficial do MTb, a 15º C, na
quarta zona a 12ºC, e nas quintas e sexta e sétima zonas a 10ºC.

TRANSCRIÇÃO DO ANEXO 9

A seguir será apresentada a transcrição na íntegra do Anexo 9 da NR 15,


redação dada pela Portaria nº. 3.214 , de 08/06/78.

1. As atividades ou operações executadas no interior de câmara


frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que
exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada,
serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de
inspeção realizada no local de trabalho.

COMENTÁRIOS

 A caracterização da insalubridade é determinada por avaliação


qualitativa, através de simples inspeção do local de trabalho e
verificação da proteção adequada ao trabalhador. Será de grau médio,
cabendo ao trabalhador o adicional devido referente a 20% do salário
mínimo legal.

 Segundo a Portaria SST/MTb 21, de 26/12/94, o Mapa Oficial do MTb –


a que se refere o Art.253 da CLT – a ser considerado é o mapa
BRASIL Climas – do IBGE da SEPLAN - , publicado em 1978 e que
define-se como zonas climáticas brasileiras, de acordo com a
temperatura média anual, a média anual de meses secos e o tipo de
vegetação. Segundo o citado Mapa de Climas, define-se como
primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial do Mtb,

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a zona climática quente: como quarta zona, a zona climática
subseqüente; e como quinta, sexta e sétima zonas, a zona climática
mesotérmica ( branda ou mediana ).

 O ambiente artificial é prejudicial em virtude de temperatura inferior a


do corpo humano, da umidade e dos gases que produz frio, ao se
desprenderem. Caso a empresa não cumpra as condições
determinadas, poderá o empregado exigir as horas excedentes como
extras, com 50% ( Art.59 ), sem prejuízo das demais conseqüências
contratuais e administrativas.

 Embora não esteja previsto no Anexo 9 da NR 15, a existência de


parâmetros que permitam uma avaliação quantitativa da exposição
FRIO, que são comparados aos valores medidos de temperatura do ar
e velocidade do vento. Todos os índices de estresse por frio têm
limitações, mas , em condições adequadas, proporcionam uma
informação útil; são eles: Wind Chill Index (WCI). Índice de sensação
térmica e Índice de estresse térmico.

 Para uma exposição ocasional, pode permitir-se o decréscimo até 35º


C e a proteção de todas as partes do corpo, em especial as mãos, os
pés e a cabeça, das lesões por frio. A ocorrência anormal de níveis
baixos de temperatura é comum em câmaras frigoríficas, matadouros,
fábricas de produtos em conserva, açougues, fábricas de gelo e
sorvetes, pescadores e aviadores.

EFEITOS DO FRIO

 Para evitar a hipotermia ( diminuição da temperatura do corpo ), o


organismo aciona alguns mecanismos, entre os quais pode-se indicar:
vasoconstrição sangüínea, desativação ( fechamento ) das glândulas
sudoríparas, diminuição da circulação sangüínea periférica e
transformação química de lipídios ( gorduras armazenadas ).

 Entre as conseqüências da hipotermia, podem ser citados: mal estar


geral, diminuição da destreza manual, comportamento extravagante
(hipotermia do sangue que rega o cérebro), congelamento dos
membros (os mais afetados são as extremidades – frostbite ), lesões
locais pelo frio ( urticária pelo frio, pé de imersão), etc. exposições
fatais ao frio são resultado, quase sempre , de exposições acidentais,
envolvendo a dificuldade de escapar do ambiente frio ou imersão em
água fria. A morte ocorre quando a temperatura é inferior a 28ºC, por
falha cardíaca.

 No caso de existência de frio em conjunto com fatores, como o vento,


umidade e sal (no caso dos pescadores), pode originar reumatismo
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localizado e dores nas articulações dos pés e das mãos. A combinação
do frio com as vibrações origina perturbações ósseas e articulares,
perda de sensibilidade e cãibras dolorosas, nas mãos ( síndrome de
Raynaud ). Trabalhadores idosos ou com problemas no sistema
circulatório necessitam atenção especial.

 Entre as medidas preventivas aos efeitos do frio, destacam-se a


utilização da proteção individual adequada e a limitação do tempo de
trabalho. Em relação á proteção individual, o trabalhador deve estar
provido de casaco adequado, gorro e calçado de couro de sola isolante
(botas impermeáveis). O agasalho deve resguardar o pescoço e a
cabeça. É importante lembrar que as roupas úmidas perdem a
capacidade isolante, não conseguindo impedir a perda de calor. A
roupa deve assegurar o máximo isolamento possível. Para as mãos,
são aconselhadas luvas de dedos curtos e bem ajustadas às mangas;
quanto maior for a velocidade do vento e menor for a temperatura na
área de trabalho, maior deverá ser o isolamento requerido na roupa de
proteção. Outras medidas que podem ser adotadas são:

a) Diminuir, ao máximo, a velocidade do ar dentro dos


locais de trabalho;

b) Os assentos devem ser termicamente isolantes;

c) Limitar, o máximo possível, as posturas sedentárias,


bem como os ritmos intensos, sendo preferíveis os ritmos
regulares de trabalho;

d) O trabalhador deve executar as tarefas sem precisar


retirar as luvas, evitando a manipulação direta de produtos
frios com as mãos;

e) As portas das câmaras frigoríficas devem abrir do


interior e dispor de sinal luminoso e sonoro para que possa
ser percebida a presença da pessoa;

f) As roupas de proteção devem estar sempre secas,


limpas e em bom estado de conservação, pois quando muito
usadas perdem a eficácia como isolante;

g) Aconselha-se que sejam realizadas pausas regulares


de 20 minutos em locais aquecidos (com temperatura acima
de 20ºC).

UMIDADE – ANEXO 10 da NR 15

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Os limites de tolerância propostos pela NR-15, para os diferentes
agentes físicos e químicos, representam valores previamente definidos,
abaixo dos quais a exposição “não causará dano à saúde do
trabalhador, durante sua vida laboral.”

Embora o conceito genético de insalubridade signifique condições de


trabalho que possam provocar danos à saúde, a insalubridade, para fim
de concessão do respectivo adicional, é definida de forma restrita. A
única exceção, onde o conceito é acolhido de forma aberta, é a
Umidade, no Anexo 10, como pode ser observado na transação do
texto legal da NR-15 apresenta abaixo.

TRANSCRIÇÃO DO ANEXO 10

A seguir será apresentada a transcrição na integra do Anexo 10 da NR


15, redação dada pela Portaria nº. 3214 , de 08/06/78.

1. As atividades ou operações executadas em locais


alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de
produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas
insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no
local de trabalho.

COMENTÁRIOS

A caracterização da insalubridade é determinada por avaliação


qualitativa, através de simples inspeção do local de trabalho e
verificação da proteção adequada ao trabalhador. Será de grau médio,
cabendo ao trabalhador o adicional devido referente a 20% do salário
mínimo legal.

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