O livro Raízes do Brasil, de Sergio Buarque de Holanda é, com certeza,
um dos mais importantes das ciências humanas brasileiras. Tem por objetivo compreender as características do povo brasileiro e como isso se fundou e se enraizou na sociedade brasileira. De maneira ampla, o que o autor busca é compreender a cultura brasileira de maneira ampla.
No primeiro dos sete capítulos da obra, Holanda parte do pressuposto da
importação que foi feita de Portugal da nossa forma de organização social. Nesse movimento, o autor afirma que os portugueses já vieram ao Brasil miscigenados devido a tensões na península ibérica, principalmente com os mouros. Como consequência, criou-se uma cultura da personalidade, ou personalismo, que preconiza a autonomia do indivíduo em relação ao seu semelhante. Esse culto do eu, alinhado à miscigenação dá ao Brasil uma dificuldade inicial na formação de um todo comunitário e, consequentemente, há um problema em se criar uma sociedade brasileira.
Contudo, há um obstáculo a cultura do personalismo que é a tradição
católica. A obediência aos dogmas e práticas religiosas pressupõe um impessoalismo, alavancando a figura da instituição, que é totalmente contrário ao personalismo.
No capítulo 2, o autor trabalha a dicotomia trabalhador x aventureiro para
começar a adentrar a história da colonização portuguesa. Fazendo uma oposição entre os países da península ibérica, a saber Portugal e Espanha, Sérgio Buarque afirma que a forma de colonização da América Espanhola tem como figura central um colono trabalhador