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Apéndice 'TOS DE PETROGRAFIA DE MINERIOS OBSERVACAO DOS MINERAIS OPACOS AO MICROSC6PIO Os MINERAIS DE MINERIOS QUE DEVEMOS SABER DE COR INTERPRETACAO DE PARAGENESES E MODELOS DE DEPOSITOS A petrologia de minérios comeca com a descricio criteriosa das mineralizacdes € rochas associadas, Os estudos petrogréficos, aqui entendidos coma resultante do exame de laminas delgadas e segdes polidas de minérios ao microscépio éptico, so de facil execucao e constituem pritica obrigatéria em muitos cursos de geologia eco- némica. Embora a experiéncia acumulada no uso dessas técnicas conte muito, 0 vinculo dos estudos petrogrificos de minérios com a coleta de evidéncias de campo pode facili- tar em muito as interpretagdes petrolégicas. No laboratério, por outro lado, al fases, como por exemplo, os sulfossais, podem ser de dificil identificago. Esse normal e no deve desanimar os gedlogos e estudantes fato é 1. Os materiais Com respeito aos materiais a serem estudados, sio feitos a seguir alguns comen- tarios: ') Nao sap necessarios grandes volumes de material para realizar os estudos das mineralizagées. E aconselhdvel que vocé mesmo realize o mapeamento de pelo menos parte das cavas, afloramentos e galerias de minas. Quando estiver descrevendo © amostrando testemunhos de sondagens, lembre-se de que parte deles deve continuar estocada para ndo comprometer as pesquisas futuras do depésito. Solicite ajuda dos gedlogos da mina que esto mais familiarizados com o depésito e tente coletar amostras representativas de todos os estilos de mineralizag&o, tipos de veios e litologias. Descreva os modos de ocorréncia da mineralizacdo e litologias, relacionando-os com as feigdes estruturais observaveis em galerias, afloramentos e testemunhos de sondagens 2) Confeccione, se possivel, uma variedade de materiais para observagio ao mi- croscépio, inicialmente em pequeno ntimero. Esses materiais podem ser: a) laminas delgadas comuns — mais econdmicas, sao adequadas para as descri- ges das rochas ndo mineralizadas (sem minerais opacos); as laminulas impedirao o seu uso posterior em estudos de microandlise eletrénica: 383 394 Mingrios e ambiente b) segdes polidas — so adequadas para o estudo dos minerais opacos e observa- gio mais detalhada de certas texturas, que nio se observam com tanta nitidez nas laminas delgadas, e para a obtencdo de fotomicrografias: ¢) laminas delgadas-polidas — favordveis para o estudo simultaneo dos minerais opacos e transparentes; 4) laminas bipolidas — so mais espessas que as normais ¢ adequadas para a rea- lizagao de estudos de inclusdes fluidas; e) laminas e secdes polidas por impregnacio — para estudo de material inconsolidado que requer o seu tratamento prévio de impregnacio a vacuo. Em todos esses materiais, assegure-se de que nao sero utilizados produtos de facil volatilizacdo, que o impedirao de aproveité-los para os estudos em microscopia & microssonda eletrOnicas. De posse dos resultados parciais, obtidos em poucas amostras, se necessario, am- plic a sua colecdo de Kiminas e segdes polidas, visando complementar as suas observagbes ou esclarecer diividas. 3) Para os estudos de microestruturas, se necessirio, oriente a sua amostra no mo- mento da coleta e oriente depois o corte da amostra para a confec¢io das laminas ortogonais. Lembre-se de que as variagdes na composigo mineral6gica ¢ nas texturas, normalmente, sio analisadas nos planos perpendiculares & foliagao e aos veios, mas as microestruturas devem ser observadas tanto no plano XZ, que contém a lineagdo mineral, quanto no YZ. que acorta. 4) Muito importante: descreva as associagdes minerais (opacos e transparentes) sem- pre segundo o seu modo de ocorréncia: disseminada por tipo de rocha, em veio, na zona de oxidago, maciga foliada, brecha ete, Listar 0s minerais mesclando os diversos modos de ocorréncia dificulta a interpretagio das paragéneses. Se as evidéncias texturais permitirem, descreva a seqiiéncia de deposigio dos minerais e/ou de formagao das diversas paragéneses 5) Muito importante: estime as percentagens volumeétricas das diversas fases minerais, (opacos e transparentes). Listar os minerais mesclando os mais abundantes com as fases menores e raras também dificulta a interpretagdo das paragéneses. 6) Procure usar microseépios com possibilidade para uso dos dois caminhos de luz, transmitidae refletida, Identifique tanto os minerais opacos quanto os transparentes ¢ evite usar 05 termos opacos € ganga. 7) Desereva as texturas, mega os tamanhos médios dos graos, examine as relagdes entre eles, desenhe um croqui na ficha de descrigdo petrogrifica ¢ no apenas tire fotos, ‘Antes de colocar as minas na platina do microscépio. observe-a a olho nu, bem como a amostra de mao original. 8) Mantenha ao lado do microse6pio alguns livros de mineralogia de minérios para consulta e nao apenas tabelas e apostilas. 9) Atencio: limpe sempre as Kiminas polidas e segdes polidas antes do estudo, com 6xido de aluminio ow outro abrasivo suave, pois alguns minerais como os sulfetos se oxidam Bernardino Ribeiro Figueiredo muito facilmente, Essa limpeza sera também necesséria, caso a sua lamina tenha sido metalizada com carbono para andlise de microscopia ou microssonda eletronica. Se essa limpeza nao for suficiente, solicite o repolimento do material com pasta de diamante fina. 2. Petrografia de minérios Normalmente as laminas devem ser observadas a olho nu e, a0 microseépio, com as objetivas de menor aumento, para que se possa ter uma idéia das estruturas e texturas mais evidentes da rocha mineralizada (bandeamento, veios, brecha etc.). Para a identificacdo dos minerais transparentes a luz transmitida, deve-se utilizar as técnicas da petrografia con- vencional de rochas. Aqui sio descritas as principais propriedades dos minerais que podem ser examinadas a luz refletida e apenas as técnicas qualitativas, que podem ser titeis para sua identificagdo. Essas propriedades sao: 1) propriedades épticas; 2) propriedades dependentes da dureza: 3) propriedades morfol6gicas e estruturais das fases; 4) texturas; 5) relagdes de equilfbrio de fases. 1) Propriedades épticas Se as lminas ndo estiverem limpas, essas propriedades ndo poderio ser observadas. {nicialmente com os nicdis descruzados, devem ser observados a cor. refletincia, birrefletancia e pleocroismo dos minerais. Em seguida, com os nicdis cruca dos, devem ser observados a anisotropia e as reflexdes internas. As objetivas mais efi- cazes na observagdo dessas propriedades sia a 3,2, 10 ¢ 20 X, as quais devem estar perfeitamenté centradas. Para gros muito pequenos que ensejem o uso de abjetivas de maior aumento (50 ou 100 X), utilize dleo de imersio. Nesse caso, observe que as pro- priedades épticas dos minerais normalmente sao listadas para observagao ao ar. Evite trabalhar em sala muito iluminada, uma vez que 0 excesso de luz no ambiente pode difi- cultar as observagbes a0 microscépio. Cor Muitas vezes a cor do mineral pode ser diagndstica. A calcopirita e 0 ouro sao amarelos, a covelita e digenita sto azuis ete. Porém a percep¢do da cor pelo observador pode variar muito, dependendo dos demais minerais presentes no mesmo campo visual. A pirita € esbranquigada ao lado da calcopirita, porém é amarelo claro ao lado da arsenopirita branca. Por isso, fala-se freqiientemente em impressio de cor. 396 Mingtios eambiente Refletancia (brilho) A refletdncia (R%) expressa a relagtio entre a intensidade da luz refletida pelo mineral © a intensidude da luz total incidente (multiplicada por 100). Mede a capacidade do mineral de refletira luz e nao deve ser confundida com a cor. Obviamente, a refletincia depende da qualidade do polimento e limpeza da Lamina ou segao polida, Ela pode ser medida por meio de um aparelho denominado refletivimetro, quando a qualidade do polimento ¢ étima, Mais, comunmente, a refletancia de um mineral é estimada, qualitativamente, em comparagao com outros minerais conhecidos. Por exemplo: a pirita tem uma refletancia de 55%, galena de 43%, a magnetita de 20% e 0 quartzo tem uma refletincia muito baixa, de apenas 5%. Observe que 0 quartzo, 0s silicatos, carbonatos e minerais transparentes em geral possuem refletancias baixas, porém as vezes confundem o observador. Em caso de divida, retire a Lamina do microscdpio e observe-a.a olho nu — os sulfetos, 6xidos e metais apre- sentam britho metélico:Birrefletincia e pleocroismo Ao girar a platina, sempre com os nicéis descruzados, alguns minerais apresentam variagdes de refletdncia ou de cor, propriedades conhecidas como birrefletincia © pleocroismo, respectivamente. A intensidade da birrefletancia e do pleocroismo podem variar, se observadas ao ar ou em 6leo de imersiio, sendo mais intensas neste tiltimo. E também podem variar com a se¢ao do mineral que estd sendo observada, se a segio ¢ basal hexagonal, prismuitica, romboédrica ete. Para qualificar a intensidade dessas proprie- dacles, sio utilizados termos como forte (gratita, molibdenita, covelita), moderado (hematita. pirrotita, ilmenita) ¢ fraco (arsenopirita). As variagdes nas impressdes de cor devem ser especificadas (creme a réseo, azul claro a forte ete.) Anisotropia Com os nicdis eruzados. observa-se que alguns minerais apresentam extingao, isto é, escurecem total ou quase totalmente. Esses so os minerais isotrépicos, como os do sistema cébico (pirita, magnetita, esfalerita, galena ete.) ou, mais raramente, trata-se de istemas hexagonal ou tetragonal uma segio basal de mincrais dos s Ha, porém, muitos outros minerais que nio apresentam extingZo, ¢ ainda outros que apresentam cores dé anisotropia (mais ou menos intensas), que variam ao girar-se a platina, Esses so os minerais anisotrépicos que podem apresentar anisotropia forte (arsenopirita, matita) ou fraca (calcopirita, calcosita). A observacio das cores de anisotropia destes tiltimos pode ser facilitada com a limpeza das segoes, centralizagao perfeita das objetivas (aumentos de 10 ou 20X) e diminuigdo da iluminagio do laboratério. As cares de anisotropia muitas vezes ¢ diagnéstica de certos minerais, Reflexé covelita, pirrotita), moderada ( 's internas Ainda com os nieéis cruzados, pode ser examinada a existéncia ou nao de reflexde: internas nos minerais transiticidos ¢ transporentes, ¢ as cores desses reflexos podem ser obser- vadas. Muitas vezes essas reflexGes apenas so vistas nas bordas (mais delgadas) dos gris. Esses reflexos internos podeni ser diagndésticos, pois tendem a coincidir com as cores prépri- as de muitos minerais: amarelo amarronzido na eassiterita, amarelo a vermelho amarronzado ita, vermelho vivo a laranja na gocthita etc no rutilo, vermelne a opaco na esfale: 397 Bernardino Ribeiro Figueiredo 2) Propriedades dependentes da dureza Valores absolutos de dureza de microindentago dos minerais podem ser obtidos dire- tamente em experimentos levados a efeito nos microdurimetros. Esses valores constam em tabelas nos livros dedicados & microscopia dé minérios. As durezas relativas dos minerais podem, entretanto, ser estimadas 20 microseépio (nicdis descruzados) em comparacio com as de outros mincrais presentes no minério. Essa estimativa'pode ser feita de duas maneiras: a) observando-se os riscos produzidos nas superficies dos minerais durante o poli- mento das liminas, pode-se constatar que os minerais mais duros oferecem resisténcia maior 20 polimento, ¢ os minerais mais moles estdo sijeitos a apresentar riscos (mais largos ¢ mais profundos). Quando, porém, a segio passou por uma fase de repolimento, observar que a situago pode se inverter, os minerais mais moles serdo repolidos mais facilmente, enquanto e ‘os mais duros preservario 0s riscos antigos. Por isso, observe preferencialmente a passagem deum mesmo risco em griios vizinhos e a sua variagao de espessura; b) nos contatos entre minerais de dureza diferentes, so produzidas, durante o poli- mento, diferencas de relevo. Por essa razio, ao longo dos contatos entre os dois minerais, produz-se uma lina Juminosa, denominada “linha de Kalb” (nao confundircom linha de Becke, que ¢ produzida pela diferenga nos indices de refragio dos minerais). Essa “linha de Kalb” & mais bem observada nos contatos finos, diretos e limpos dos minerais ¢ com menor intensida- de de luz no microseépio. Aplica-se entio a regra seguinte: aumentando-se levemente a dis- Hincia entre a objetiva e a platina do microscépio, a “linha de Kalb” se deslocard em diregio a0 mineral mais mole. Ao mover a lente objetiva (de 10 ou 20X), os contatos entre os minerais se deslocardo devido & perda de foco. Lembre-se, porém, de que a “linha de Kalb” é uma linha luminosa ao longo do contato € nao o contato de gros. Quanto menor a diferenga de dureza entre os minerais, mais dificil se torna a observaeo da “linha de Kalb" ou do seu deslocamento, Lembre-se de que a dureza varia com a diregio crist anisotrdpicos, portanto, depende da face ou corte no qual ¢ medida, fica nos minerais 3) Propriedades morfolégicas e estruturais das fas es importantes que podem ser feitas a0 microscépio, visando a a forma do cristal e o'habito e ainda a presenga e tipo de clivagens, s Outras obser identificagdo de fases, partigdes ¢ maclas. Quanto a suta forma, os minerais podem ser descritos como euhedrais (pirita, arsenopirita, magnetita, galena), subeudrais (esfalerita, pirrotita) e ancudrais (calcopirita, bornita). Os habitos podem receber diferentes denominagdes: ciibico, octaédrico, tabular, acicular, colunar, foliado, fibroso, coloforme, micdceo, prismitico, dendritico etc. As clivagens e partigSes podem ser retangulares, pinacoidais, pits triangulares (galena) ete. 398, Minérios e ambiente Finalmente, as maclas podem ser produzidas pelo crescimento dos minerais, inver- siio de fases e ainda por efeito de deformacdo. As maclas sfio mais bem observadas com os nicdis cruzados. Algumas vezes, como € caso dos minerais isotrépicos, as maclas so apenas visiveis apés 0 ataque da superficie polida do mineral com dcido (erching). 4) Texturas Simultaneamente a identificagao das fases opacas e transparentes e estimativa de suas abundancias relativas (em percentagem), devem ser descritas as relagGes texturais entre as fases. As texturas de mingrios e de rochas em geral sto desctitas em varios livros- texto e atlas mineralégicos. Os principais tipos genéticos de texturas sto: a) texturas primérias: minerais formados a partir de Iiquidos fundidos (depésitos magmiticos) e minerais depositados a partir de solugdes aquecidas em espacos abertos: cluindo os formadas em zonas b) texturas secundarias: minerais de substituigio. de oxidagao e de enriquecimento supergénico, e minerais resultantes do resfriamento de solugdes sélidas (texturas de exsolugio); ¢) texturas secundirias de deformagZo: geminagio, kinking, lamelas de deformag: bandas de cisalhamento ou schlieren, brecha catacldstica etc.: 4) texturas secundérias de metamorfismo: textura granobkistica resultante de annealing, textura porfirablistica, dissolucdo por pressao ete. ©) texturas especiais: estrelas de esfalerita em calcopirita, blebs e dots de caleopirita em esfalerita, martitizacio, birds’ eye etc. E importante estar alerta para o fato de que padrdes texturais semelhantes podem ser produzidos por processos muito diferentes. Lamelas de calcopirita em bornita, por exemplo, cuja origem poderia ser atribuida a exsolugao (a partrir de uma solugao sélida de alta temperatura), foram produzidas em laboratorio por Amcoff (1989, com. verbal) a par- tir de uma processo de substituigéo (replacement-exsolution), como pode ser visto na Foto 61 deste volume. Outras texturas de cristalizagao simultanea a partir de fusio sulfetada ou solugao hidrotermal podem ser confundidas com as devidas aos processos de substituigio ou de exsolucdo (Foto 60) Finalmente, rcordando que a descricao petrogritica dos minérios pode subsidiar as atividades de beneficiamento mineral e outras, convém detalhar os padrdes de inter- crescimentos, medir os tamanhos dos gros, as suas formas, a distribuigdo das fases e orientagao preferencial dos gros, se houver. 5) Relagées de equilibrio de fases Nos itens anteriores, foram expostos as técnicas simples de identificaco de fases minerais e descrigao de texturas que requerem um pouco de pericia dos petrégrafos. Porm faz-se necessdrio que a pericia seja acompanhada do raciocinio e da aplicagao do conhe- Bernardino Ribeiro Figueiredo 399 cimento das paragéneses minerais e diagramas de equilfbrio de fases, objeto das discussdes de varios capitulos deste livro e de outros compéndios ¢ artigos cientificos de referéncia Indagar sobre os proviveis processos que deram origem A mineralizagio, durante a descrigio dos minérios, é o melhor meio de descartar 0 impossivel ¢ evitar discorrer sobre 0 Sbvio. Para ilustrar esse t6pico, tome-se 0 exemplo seguinte, Muitas vezes observa-se que a pirrotita (creme, anisotr6pica) apresenta-se alterada a um mineral (quase idéntico ¢ leve- mente mais claro) no contato com pirita, Recordando as relagdes de fases no sistema Fe- S (capitulo 3), pode-se formular uma hipétese plausivel de que o mineral em contato com a pirita é a pirrotita monoclinica, que se formou por rebaixamento da temperatura € aumento da fugacidade de S.,, uma vez que, a baixas temperaturas, a coexisténcia de pirrotita hexa- gonal e pirita € improvavel em condigSes de equilibrio. Outras vezes observa-se que a pirrotita apresenta-se “alterada” para um mineral cinza, fortemente anisotrépico. 0 qual, porém, nunca ocorre no contato com a pirita. Aqui, uma hipétese plausivel é a de que © ‘mineral no interior da pirrotita é a mackinawita, que se formou por diminuigao da fugacidade de S, a baixas temperaturas, cuja coexisténcia com pirita € improvavel, sem a conseqiiente formagao de pirrotita como fase intermediria, Nesses exemplos, ambas dedugSes foram possiveis a partir do conhecimento sobre as relagbes de fases no sistema Fe-S. Analogamente, pode-se utilizar as informagées sobre os demais sistemas quimicos para prever relagées de equilibrio (ou desequilfbrio) de fases, identificar fases desconhecidas, interpretar texturas, propor provaveis processos genéticos, descrever a evolugdo geol6gica dos depésitos, a partir da integragio das feigdes petrograficas com as evidéncias de campo, enfim, fazendo a petrologia dos minérios. Nesse particular, planejar as proximas etapas de pesquisa orientada a determinacio das composigdes quimicas das fases (por meio de mé- todos nao destrutivos tais como microssonda e microscopia eletrénica), em um numero menor de amostras (secdes polidas ou laminas delgadas e polidas) ¢ altamente recomendével. 3. Os minerais de minérios que devemos saber de cor Como foi mencionado anteriormente, a maioria das propriedades dos minerais re- conheciveis ao microscépio de reflexio dptica é estimada com base em comparacdes com as fases coexistentes na mesma liming ou secdo polida. Por isso, seria interessante que em todos os cursos de microscopia de minérios fosse colocado como objetivo basi nhecimento de alguns minerais, a partir dos quais seja possivel proceder a de’ fases minerais mais raras ¢ das paragéneses menos comuns. Com base nos estudos de depésitos brasileiros, haveria pouco mais de trés dezenas de minerais de minério, opacos e transparentes, que todos deveriam saber de cor. Esses stio, em ordem alfabética: arsenopirita, biotita, bismutinita, bornita, calcopirita, calcosita, carbonato, clorita, cobaltita, covelita, cromita, cubanita, digenita, esfalerita, espinélio, 400 Minérios e ambiente galena, goethita K-feldspato, magnetita, marcassita, millerita, molibdenita, muscovita (sericita), grafita (matéria carbondcea), hematita, ilmenita, ouro, pentlandita, pirita, pirrotita, quartzo, rutilo, tetraedrita/tennantita As propriedades desses minerais encontram-se listadas em varios livros, tabelas € atlas ilustrados, alguns dos quais constam na bibliografia recomendada no final deste texto. Para os minerais opacos, encontram.-se dispontveis varias propostas de chaves ou trajet6rias de identificagio, atualmente em uso nos cursos de petrografia de minérios, no Brasil e exterior. 4, Interpretaciio de paragéneses e modelos de depésitos Entre as intimeras vantagens inerentes & tecnologia de elaboragio de modelos de depésitos (MDM), hé uma iminentemente pratica, que ¢ a de ensejar (1) que as mineralizagées sejam bem descritas ¢ (2) que as indagagdes sobre os processos formadores dos depésitos estejam sempre presentes, durante as pesquisas de campo ¢ de laboratério. Como mencionado anteriormente, as paragéneses ou associagdes minerais devem ser descritas por modo de ocorréncia e separadamente por tipo de rocha hospedeira, ¢ as abun- dAncias relativas das fases minerais (opacos € transparentes) devem ser estimadas. A deter- minago da composi¢o quimica das fases minerais € muito importante na descrigio das mineralizacdes, Imagine-se a importincia de saber a composigao do carbonato, do sulfato, do anfib6lio e outros minerais de alteragao hidrotermal, ou de saber 0 teor de prata do ouro ou da galena, ou da concentraco de FeS na esfalerita. E, por outro lado, avalie-se a importin- cia das informagdes que podem ser acrescentadas com a realizaezio da petrografia das inclusSes fluidas em quartzo de veios e mesmo fazendo uso de estudos preliminares de microtermometria das inclusGes fluidas, da andlise quimica multiclementar do minério e encaixantes e mesmo de determinagies isot6picas em filossilicato (O ¢ H) ou carbonato (Ce 0), ou ainda em galena e esfalerita (Pb Sr). Para que esses e outros estudos sejam propostos durante as campanhas de levanta- ol6gico e sondagens, fazem falta os recursos ou o conhecimento? mento O Brasil € detentor de uma infra-estrutura de laboratérios bastante completa e muito bem montada em algumas empresas, laboratérios comerciais e universidades, nestas, gragas a0 grande éxito alcangado pelos programas de apoio a pesquisa em geociéncias que vigo- raram nas duas Gltimas décadas, Os efeitos desse grande avango em termos de infra-estru- tura, da capacitagdo de pessoal para a pesquisa e do fortalecimento dos programas de cooperagiio internacional, comegam a se fazer sentir na elevagio do nivel da pesquisa e do conhecimento dos depésitos minerais. E geral na comunidade a consciéncia das reais potencialidades de pesquisa do pats? Ho interesse de se criarem os mecanismos que propiciem a reaproximacao das co- munidades técnicas e académicas em prol do desenvolvimento econémico e social do pats? Bernardino Ribetro Figueiredo 401 Bibliografia recomendada Cratc, J. R, © Vauanan, D. J. Ore microscopy and are petrography. John Wiley & Sons, 1981 Iwetson, PR, Introduction to practical ore microscopy. Longman, 1989 Picor. Pe Jouan, Z. Atlas of ore minerals. Bao, Elsevier, 1982 Rasipoun, P, The ore mineral and their intergrowths, 2 vals. Pergamon, 1980, Uyrenaocaakor, W. e Burke, E. A. J. Tables for microscopic idemification of ore minerals. Elsevier 1973,

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