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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS – CESCAGE

http://www.cescage.edu.br/publicacoes/technoeng
2ª Edição vol. II Jul – Dez de 2010
ISSN 2178-3586

RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

RECYCLING OF CIVIL CONSTRUCTION WASTE

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Joatan E. Marconato Wolski ; Marcos V. Ionngblood
1
Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE - Ponta Grossa - PR – Brasil
joatanemanuel@hotmail.com
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Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE - Ponta Grossa - PR - Brasil
youngvini@bol.com.br

Resumo:
Nos dias atuais um grande problema são os resíduos, sendo estes depositados em
aterros muitas vezes clandestinos, e boa parte destes resíduos sendo da construção
civil, que podiam ser reutilizados e assim aumentando a vida útil dos aterros
sanitários. O trabalho versa sobre as questões de reciclagem dos resíduos da
construção civil, o porquê da geração destes resíduos, a organização deles no
canteiro de obra, o controle de desperdício de materiais, a utilização na própria obra
dos materiais recicláveis gerados na mesma ou o destino correto destes materiais.
Existe legislação federal, estadual e municipal a respeito do assunto. As
responsabilidades vão desde o gerador até o destino final desse resíduo, entretanto a
aplicabilidade destas leis ainda é restrita. Quem mais perde com a não reciclagem dos
resíduos da construção é a natureza, pois se retira continuadamente matéria prima
virgem para fabricação de produtos e materiais. Ainda registra-se o impacto, causado
ao meio ambiente, devido aos aterros clandestinos.
Palavras-chaves: Reciclagem, Resíduos e Desperdício.

Abstract:
Nowadays a big problem is the waste going to landfills and these often illegal, and
much of this waste is construction, which could be reused and thus increasing the
useful life of landfills. The paper reports on the issues of recycling of construction
waste, why the generation of this waste in their organization at the construction site,
control of waste materials, use in the work itself recyclable materials generated in the
same or destination correct these materials.
There are federal, state and municipal governments on the subject. The responsibilities
range from the generator to the final destination of such waste, however the
applicability of these laws is still limited. Who else lost with no recycling of construction
waste is nature, because it removes itself continuously virgin raw material for

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manufacturing of products and materials. Even register the impact caused to the
environment due to illegal landfills
Key-Words: Recyclable, Residue, Waste.

1 INTRODUÇÃO

A construção civil nos dias atuais é de grande importância para o crescimento


econômico e social do Brasil, a qual gera resíduos provenientes das atividades de
construção, reformas, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por
aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos. Basicamente
todas as atividades desenvolvidas pela construção civil são geradoras de resíduos, os
quais chamados de entulho ou resíduo de construção e demolição (RCD), ou, ainda,
como atualmente vêm sendo denominado, de resíduo da construção civil (RCC). O
processo construtivo tem um alto índice de perdas, e ai a principal causa do grande
volume de resíduos (Azevedo et al, 2006 apud Zordan, 2003, p65).

O que gera certos impactos diretamente no meio ambiente como, por exemplo, o
descarte clandestino do resíduo, em resolução no 307, em julho de 2002, o CONAMA-
Conselho Nacional de Meio Ambiente, cria responsabilidades para a cadeia geradora,
transportadora, receptora e aos municípios. A reciclagem também traz benefícios não
só ao meio ambiente, mais em questão de economia ao uso de matérias primas
virgens e estes não renováveis utilizados na construção, estas sendo substituídos
pelos reciclados (JOHN, 2000).

Os resíduos sólidos da construção e demolição representam mais de 50% nos aterros,


o qual reciclado iria diminuir as áreas de ocupação destes aterros (PINTO, 1999).
Quanto ao depósito destes materiais de forma clandestina, normalmente é realizado
em terrenos baldios, e na ocorrência das chuvas estes materiais são levados para
córregos e arroios contaminando os mesmos e os assoreando, e a utilização de
terrenos com aterros para construção dificulta a construção de uma obra, bem como
sua estabilidade, pois o material de sustentação não é solo e sim um aterro.

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No município de Ponta Grossa já existe um plano de gerenciamento de resíduos da


construção, segundo DECRETO Nº 1111 de 2006, que estabelece diretrizes, critérios
e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as
ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais no Município de
Ponta Grossa.

Este tema está sendo bem discuto no meio da construção civil, mas na maioria das
vezes não vem sendo usado na prática, no nosso município não é visto o grande
emprego de matérias reciclados nas obras, mesmo existindo muitos estudos para o
emprego destes, em concretos não estruturais e no lugar da areia, e de outras formas,
mesmo tendo no município uma usina de reciclagem, deveria se tiver uma maior
vistoria, para verificar se as normas para esses descartes de resíduos estão sendo
respeitadas.

O problema dos resíduos das construções e demolições é principalmente em


decorrência, na maioria das vezes pela falta de conscientização do gerador, pois está
na mão dele o destino final deste material, o qual poderá ser destinado a uma usina
de reciclagem ou em aterros e até mesmo em locais clandestinos, estes não tendo
licenças dos órgãos ambientais para este depósito e também a próprio desinteresse
de reutilizar estes resíduos na própria construção, pois ai se deve ter um
gerenciamento deste resíduo dentro do canteiro.

2 REVISÃO DE LITERATURA

O Conselho nacional do meio ambiente - CONAMA, através da resolução nº 307,


estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da
construção civil.

Segundo resolução do CONAMA art.2o define-se:

I - Resíduos da construção civil: São os provenientes de construções, reformas,


reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e

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da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral,


solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,
argamassa, gesso, telhas, pavimento asfaltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação
elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha;

II - Geradores: São pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis


por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos nesta
Resolução;

III - Transportadores: São as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e


do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação;

IV - Agregado reciclado: É o material granular proveniente do beneficiamento de


resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação em
obras de edificação, de infra-estrutura, em aterros sanitários ou outras obras de
engenharia;

V - Gerenciamento de resíduos: É o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou


reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos
e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das
etapas previstas em programas e planos;

VI - Reutilização: É o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do


mesmo;

VII - Reciclagem: É o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido


submetido à transformação;

VIII - Beneficiamento: É o ato de submeter um resíduo às operações e/ou processos


que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados
como matéria-prima ou produto;

IX - Aterro de resíduos da construção civil: É a área onde serão empregadas técnicas


de disposição de resíduos da construção civil Classe “A” no solo, visando à reserva de
materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da

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área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível,


sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;

X - Áreas de destinação de resíduos: São áreas destinadas ao beneficiamento ou à


disposição final de resíduos.

Para a realização da reciclagem é necessário que os mesmos sejam classificados e


consequentemente este tenha um melhor gerenciamento dentro do canteiro de obra,
segundo a resolução 307 do CONAMA, art. 3º são classificados como:

I - Classe A - São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras


de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes


cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto


(blocos, tubos, meio-fio os etc.) produzidas nos canteiros de obras;

II - Classe B - São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:


plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais
como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D: São resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como


tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros como de telhas e demais objetos e materiais que contenham
amianto ou outros produtos nocivos à saúde. (nova redação dada pela Resolução n°
348/04).

Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas,


segundo CONAMA, resolução 307, art. 10º:

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I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou


encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de
modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de


armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura;

III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em


conformidade com as normas técnicas específicas.

IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em


conformidade com as normas técnicas específicas.

O consumo de materiais em grandes centros não é homogêneo, cerca de 75% dos


resíduos gerados pelos construções são de eventos informais (obras de construção,
reformas e demolições e realizadas pelos próprios usuários dos imóveis). A
inexistência de políticas públicas que disciplinam e ordenam os fluxos de destinação
dos resíduos da construção civil nas cidades é uma das questões que colabora para a
efetividade e também associado ao descompromisso, assim provocando impactos
ambientais tais como: degradação de áreas de manancial; proliferação de agentes
transmissores de doenças e assoreamento de rios e córregos, etc. (SINDUSCOM,
2005, p8).

Em um processo tradicional o resíduo pode ser considerado um estorvo ou problema,


especialmente se não perigoso, normalmente não sendo tratado. Os processos de
gestão do resíduo afetam as características dos resíduos, incluindo as possibilidades
de reciclagem e em algumas vezes o resíduo recebe tratamentos para facilitar o seu
manuseio. O transporte e estocagem podem afetar decisivamente na sua reciclagem,
pois são misturados frequentemente os diferentes tipos, assim provocando
contaminações recíprocas (ROCHA e JOHN, 2003).

Os resíduos de construção e demolição são classificados por exceção na NBR 10004


como inertes. Embora em sua grande maioria se submetidos á análise, os

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CD(resíduos da construção civil) típicos provavelmente seriam classificados como não


inertes, especialmente devido ao seu pH e dureza da água absorvida, em alguns
casos eles podem conter contaminações importantes. Estas contaminações podem
tanto ser oriundas da fase de uso da construção a partir dos quais foi gerados, quanto
do seu manuseio posterior. Estes contaminantes podem afetar tanto a qualidade
técnica do produto contendo o reciclado quanto significar riscos ambientais (JOHN e
AGOPYAN, 2000)

Com gerenciamento mais eficiente das edificações resultará em uma maior qualidade
final, porém se tem um grande crescimento nos centros urbanos e muitas
necessidades de manutenção em edificações o que gera resíduos (LEITE, 2001).

Para processos de reciclagem, é importante determinar o valor médio e também a


variabilidade de cada aspecto relevante do resíduo, visto que o processo de
reciclagem deve ser desenvolvido para absorver a maior parcela possível dos
resíduos (ROCHA e JOHN, 2003).

A reciclagem é, sem dúvida, a melhor alternativa para reduzir o impacto que o


ambiente pode sofrer com o consumo de matéria prima e a geração desordenada de
resíduos. Nos últimos anos a reciclagem de resíduos tem sido incentivada em todo o
mundo, seja por questões políticas, econômicas ou ecológicas. A reciclagem de
resíduos de construção irá minimizar também os problemas com o gerenciamento dos
resíduos sólidos dos municípios. Haverá um crescimento da vida útil dos aterros,
diminuição dos pontos de descarte clandestinos e redução dos custos de
gerenciamento de resíduos. Adicionalmente, haverá um melhor bem estar social e
ambiental (LEITE, 2001).

A gestão de resíduos na construção civil pode envolver cidadãos desempregados, o


que possibilita uma oportunidade de trabalho e de renda. Fazendo se tiver uma
reflexão no sentido da gestão ambiental e conscientização destas pessoas,
desenvolvido na cidade de Belo Horizonte, MG (SILVA; BRITO 2006).

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A reciclagem vem se consolidando uma prática importante para a sustentabilidade,


atenuando o impacto ambiental. O processo de novos materiais reciclados precisa ser
feito de forma cautelosa e criteriosa para garantir seu sucesso. Artigo mostra
benefícios e os impactos que a reciclagem de resíduos pode gerar, além de analisar
os principais resíduos reciclados atualmente pelo setor da construção civil (ÂNGULO,
et al, 2001).

A aplicação de resíduo em certos processos é uma etapa decisiva e está deve partir
de uma idéia pré-concebida, as aplicações que melhor aproveitam as suas
características como num todo ou em suas diferentes fases, para gerar um novo
produto de melhor desempenho e menor impacto ambiental que as soluções
tradicionais. Na engenharia busca-se matéria-prima para atender a tal necessidade e
no caso dos resíduos o processo é inverso (ROCHA e JOHN, 2003).

Para realizar aplicação do resíduo deve ser iniciado fazendo uma análise comparativa
entre as características dos resíduos e dos requisitos necessários para a sua
aplicação. Observar o maior número possível de alternativas para o uso do resíduo
(ROCHA e JOHN, 2003).

Formas adequadas de aproveitamento de resíduos, ou subprodutos indústrias ou


matérias-prima secundárias, devem envolver um completo conhecimento do processo
nas unidades geradoras do resíduo, pois deve ser caracterizado o resíduo e identificar
seu potencial de aproveitamento, identificando os limites de uso e aplicação (ROCHA
e CHERIAF, 2003).

Levar em consideração os locais aonde vai se utilizar o resíduos, nas regiões


litorâneos os resíduos podem estar contaminados por sais que dependendo as
situação pode levar corrosão a metais, e seu em concreto armado deve ser limitado. E
outra riscos são os resíduos oriundos de construções industriais, estando relacionado
com sua deposição irregular e os grandes volumes produzidos (JOHN e AGOPYAN,
2000).

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Devem ser aprimoradas formas de minimização da geração de resíduos nas


diferentes etapas da construção, e se possível a reutilização do resíduo no próprio
processo ou unidade de serviço onde foi gerado. Tecnologias e procedimentos já
existem visando o aproveitamento dos resíduos e a escolha deve ser feita tendo em
vista se atingir um aproveitamento ambientalmente adequado, ao menor custo
possível, respeitando as características socioeconômicas e culturais de cada
município (ROCHA e CHERIAF, 2003).

O gerenciamento de resíduos está intimamente ligado ao problema de desperdício de


materiais e mão-de-obra na execução dos empreendimentos, e assim já tendo
importantes contribuições por projetos e sistemas construtivos e praticas de gestão da
qualidade para uma diminuição ou maior controle na geração de resíduos
(SINDUSCOM-SP, 2005, p18).

Segundo a SINDUSCOM-SP (2005), a gestão de canteiros contribui muito para não


gerar resíduos, pois considera que:

 O canteiro fica mais limpo e organizado;

 Realização de uma triagem de resíduos, assim não havendo misturas de


insumos;

 Possibilidade de reaproveitamento de resíduos antes de seu descarte;

 Análise de resíduos descartados para uma identificação de possíveis


desperdício de materiais.

Existe uma relação entre os fluxos e os estoques de materiais no canteiro em relação


o evento da geração de resíduos, sendo assim observar o correto acondicionamento
dos materiais e os locais para a disposição de resíduos, sendo planejados já no
projeto do canteiro. Com uma boa organização dos estoques facilita a verificação, o
controle e a otimização da utilização de insumos (SINDUSCOM-SP, 2005, p19).

Para o armazenamento interno de resíduo são usados bombo nas, bags, caçamba
estacionaria e baias, e também facilitando o manejo. A limpeza está ligada

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diretamente ao processo de geração de resíduos, e executada pelo próprio operário


que gerou o resíduo, e acondicionar este com agilidade nos locais indicados para
evitar a falta de organização e limpeza do local. Maior sendo a freqüência e menor a
área objeto da limpeza, melhor resultado final, reduzindo o desperdício de materiais e
ferramentas de trabalho, e melhorando a segurança da obra e produtividade dos
operários. Num fluxo de resíduo deve ser estabelecida condições especificas para o
acondicionamento inicial, transporte interno e acondicionamento final de cada resíduo
identificado e coletado (SINDUSCOM-SP, 2005, p21).

A energia e a quantidade de materiais necessários ao processo de reciclagem podem


apresentar um grande impacto para o meio ambiente, pois o processo necessita de
energia para transformar o produto ou tratá-lo de forma a tornar este apropriado para
o uso novamente. E a quantidade de energia varia conforme a utilização para qual o
resíduo venha a ser utilizado, e muitas vezes sendo preciso o uso de outras materiais
primas para transformar este resíduo. E da própria reciclagem pode gerar novos
resíduos sendo estes nem sempre simples ou tão simples como aqueles que foram
reciclados, e se tornem mais agressivos ao homem e meio ambiente, e podem vir a
causar novos problemas como a impossibilidade de ser reciclados, a falta de
tecnologia para o seu tratamento, falta de local para dispô-lo e o custo que vai
ocasionar (Ângulo, et al, 2001).

Na reutilização e reciclagem de resíduos deve observar a possibilidade da reutilização


da materiais ou a viabilidade econômica da reciclagem dos resíduos no canteiro,
evitando a sua remoção e destinação, com o correto manejo dos resíduos nos
canteiros permite identificar os materiais reutilizáveis, que geram economia e dispensa
a compra de novos materiais e diminuir custo de remoção (SINDUSCOM-SP, 2005,
p25).

Quando em construção as mudanças tecnológicas podem reduzir as perdas e o


entulho da construção. Processos como a incorporação de instalações em paredes de
alvenaria que exigem a quebra parcial da parede recém construída e sua reconstrução
com argamassa, por exemplo, devem ser abandonados. No entanto, nem todas as

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novas tecnologias adotadas recentemente colaboram com a redução das perdas. Este
é o caso dos revestimentos internos à base de gesso, de adoção recente, com perdas
de até 120% no serviço.

Na fase de manutenção a geração de resíduos está ligada: correção de defeitos;


reformas ou modernização; descarte de componentes que tenham degradado e
atingido o final da vida útil. E para se ter uma redução na geração desta fase deverá
se tiver: melhoria na qualidade da construção, reduzindo manutenção; projetos
flexíveis, permitindo modificações sem a perda de componentes na desmontagem;
aumento da vida útil física dos diferentes componentes e da estrutura dos edifícios.

No Brasil, os projetos nem consideram a existência de atividades de manutenção e


seus custos, atualmente o setor concentra muito esforço em programas de gestão
qualidade, e para mais redução nesta fase depende da conscientização de integrantes
da cadeia produtiva da construção o qual é obtido em longo prazo. Em projetos com
novas tecnologias chegam ao país, mas estes não permitem a desmontagem com
reaproveitamento dos componentes.

Na fase de demolição, a redução dos resíduos vai dependem do prolongamento da


vida útil dos edifícios e seu componentes, incentivos para modernização e não
demolição, tecnologia de projeto e demolição ou desmontagem que permita a
reutilização dos componentes. Profissionais da área da construção em geral até
acadêmicos, não possuem formação que os capacite a avaliar a durabilidade das
soluções construtivas, com exceção com alguns profissionais da área de concreto
armado. As tecnologias de construção que facilitem a desmontagem ainda estão para
ser desenvolvidas, portanto a redução da geração de resíduos nesta fase depende de
medidas de prazo muito longo (JOHN e AGOPYAN, 2000).

A destinação final dos resíduos deve ter uma ligação entre compromisso com o meio
ambiente e viabilidade econômica, garantindo a sustentabilidade. Os fatores
determinantes para a designação dos resíduos que segundo SINDUSCOM-SP são:

 Possibilidade de reutilização ou reciclagem dos resíduos nos próprios canteiros;

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 Proximidade dos destinatários para minimizar custos de deslocamento;

 Conveniência do uso de áreas especializadas para a concentração de


pequenos volumes de resíduos mais problemáticos, visando à maior eficiência na
destinação.

Não se deve esquecer que os resíduos da construção civil hoje se tornaram um


negócio estabelecido em quase todas as grandes cidades brasileiras, envolvendo
empresas contratadas por prefeituras para recolher o entulho depositado
irregularmente, as empresas contratadas pela prefeitura que operam os aterros de
resíduos, empresas de tamanhas variado que trabalham com o transporte de entulho
utilizando caminhões poliguindaste e caçambas, e também um grupo de
transportadores autônomos, que utilizam carroças e até mesmo carrinho de mão
(JOHN e AGOPYAN, 2000).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto ao ponto de vista da sua natureza a pesquisa é classificada como aplicada,


segundo SILVA e MENEZES (2001), objetiva gerar conhecimentos para aplicação
prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses
locais. Pois trás a pura realidade do tema nas obras e mostra como deve ser o
processo de reciclagem em obras na cidade.

Observa-se que uma das fontes geradoras de resíduo é o desperdício, com um


melhor gerenciamento e racionalização de obras é possível reduzir parte destes.

O resíduo tornou-se um negócio para as empresas que o removem das obras, mas
considerando que 50% dos aterros sanitários são ocupados por resíduos, essas
empresas não fazem a destinação final adequada.

A reciclagem é a forma mais eficiente de reduzir o impacto ambiental. Pois em vez do


lixo ser jogado num terreno baldio, pode ser reutilizado na própria obra ou ir para uma

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usina de reciclagem o que pode ser alcançado se a empresa tiver um plano de


gerenciamento eficiente dos resíduos aplicado a sua gestão empresarial.

5 CONCLUSÕES

A análise comparativa entre todo o exposto fica nítido a importância das leis existentes
e sua efetiva aplicação na indústria da construção civil, mostrando as vantagens da
reciclagem de resíduos tanto financeiramente para a empresa, como uma forma de
racionalização de materiais utilizados, assim como uma forma de não degradação do
meio ambiente.Existem leis tanto federais, quanto municipais, porém falta mais
fiscalização e controle por parte dos órgãos públicos.

REFERÊNCIAS

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E A RECICLAGEM DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em:
http://www.reciclagem.pcc.usp.br/ftp/artigo%20IV_CT206_2001. pdf. Acesso em: 23
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(Doutorado em Engenharia). Universidade do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto


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ROCHA, J.C; CHERIAF, M. Aproveitamento de resíduos na construção. Coletânea
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