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ESPAÇO ABERTO

Márlon Herbert Flora Barbosa Soares, Fabiano Okumura e Éder Tadeu Gomes Cavalheiro

Este trabalho propõe um jogo didático que utiliza materiais de fácil aquisição, tais como bolas de isopor e caixas de
papelão, para facilitar o entendimento do conceito de equilíbrio químico. Tal proposta se vale de um experimento
executável em sala de aula com o objetivo de transportar, por analogia, os resultados obtidos no jogo para o conceito
pretendido. O jogo pode ser desenvolvido em, no máximo, 30 minutos, podendo-se trabalhar com grupos de até 5
alunos. A aplicação de tais atividades em escolas do Ensino Médio tem sido bem sucedida tanto no aspecto conceitual
como no disciplinar, conforme relatos de professores da rede pública do Estado de São Paulo.

equilíbrio químico, jogo didático, experimento alternativo

Recebido em 17/7/01, aceito em 27/11/02

13

O
desenvolvimento de estra- o livro de Cunha (2000) e os artigos láveis para associação com conceitos
tégias modernas e simples, de Crute (2000), Russel (1999), abstratos do conteúdo de Química
utilizando laboratórios, siste- Granath e Russel (1999), Helser (Okumura et al., 2000 e 2001).
mas multimídia e outros recursos (1999) e Castro-Acuña et al. (1999). Neste trabalho, propõe-se o uso
didáticos diversos, é recomendado Todos esses autores destacam os jo- de bolas de isopor dispostas em con-
para dinamizar o processo de apren- gos como elementos facilitadores do juntos que trocam elementos entre si,
dizagem em Química. A importância processo de ensino e ressaltam suas para trabalhar com o conceito de
do uso da experimentação no ensino vantagens e aplica- equilíbrio químico.
de Ciências já foi destacada por ções em analogias O uso de jogos didáticos já Inicialmente, o
Giordan (1999). com os conceitos foi proposto no ensino de conceito de equilíbrio
No caso do ensino de Química, envolvidos. Química. Vários autores têm é construído a partir
conceitos microscópicos e abstratos As principais apresentado trabalhos com de um modelo de tro-
a tornam uma “vilã” do Ensino Médio analogias presentes jogos e destacado sua ca de elementos,
há muito tempo. São bem-vindos em livros-texto de eficiência ao despertar controlado pelo tem-
exemplos e experiências simples, que Química para o Ensi- interesse nos alunos po, que define a
estabeleçam uma relação entre os no Médio foram clas- quantidade de ele-
níveis microscópico e macroscópico sificadas por Thiele e Treagust (1994a, mentos ao final de cada troca. O
e, sempre que possível, relacionados 1994b), chamando a atenção para os resultado da atividade é uma tabela
com o cotidiano dos alunos (MEC, problemas que o uso das mesmas que reúne o número de elementos em
1999). pode causar no ensino de Ciências. cada conjunto A e B e a relação entre
O uso de jogos didáticos já foi pro- Atualmente, temos nos preocupa- esses números em função do tempo.
posto no ensino de Química. Vários do com o desenvolvimento de facili- Ao final da atividade, essa tabela
autores têm apresentado trabalhos tadores do processo ensino/aprendi- pode ser usada para a obtenção de
com jogos e destacado sua eficiência zagem em escolas de Ensino Funda- gráficos de número de elementos em
ao despertar interesse nos alunos. Tal mental, Médio e Superior (Couto et al., cada conjunto em função do tempo.
interesse advém da diversão propor- 1998; Soares et al., 2001). Dentro Deve-se salientar que os melhores
cionada pelos jogos e tem efeito dessa linha, considera-se o desenvol- resultados foram obtidos quando os
positivo no aspecto disciplinar. vimento de atividades lúdicas envol- alunos não foram informados de que
Exemplos dessas propostas são vendo materiais concretos e manipu- a atividade se associa ao equilíbrio
químico, até o momento da transpo-
A seção “Espaço aberto” visa abordar questões sobre Educação, de um modo geral, que sejam de interesse dos sição conceitual.
professores de Química. A aplicação de tais atividades em

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escolas do Ensino Médio tem sido num dos quais encontra-se o
bem aceita tanto no aspecto concei- reagente e no outro o produ-
tual, como no aspecto disciplinar, to. Tal constatação também é
conforme relatos de professores da detectada por Machado e
rede pública do Estado de São Paulo, Aragão (1996), sendo que es-
que trabalharam com a proposta for- se aspecto será discutido
mulada para o conceito de equilíbrio posteriormente.
químico. Este trabalho trata da
Em dois projetos desenvolvidos apresentação de um conceito
no Departamento de Química da Uni- por meio de um modelo ma-
versidade Federal de São Carlos croscópico que, associado a
(UFSCar) com professores do Ensino uma analogia, tem o propó-
Médio da região de São Carlos - SP, sito de ajudar os alunos a
no âmbito do Programa Pró-Ciências, entenderem o modelo teórico
foram levantados os tópicos de maior vigente (microscópico).
dificuldade de ensino dos conteúdos A elaboração de um mo-
de Química. Nas duas oportunidades, delo didático é um processo
o equilíbrio químico foi citado com complexo, pois ele deve
grande freqüência e, por isso, adota- preservar a estrutura do mo-
do como tema desta proposta (Rodri- delo teórico vigente e ainda
gues et al., 2001). lidar com o conhecimento
Além disso, o tema equilíbrio quí- prévio dos alunos, para que Figura 1: Modelo proposto para montagem das
mico foi escolhido porque não só os eles construam sua própria caixas em papel cartão, com dimensões otimizadas
alunos encontram dificuldade de assi- compreensão (Milagres e para acomodar 10 bolas de isopor e manuseio con-
milação desse tópico, mas também os Justi, 2001). fortável das mesmas. Recortar nas linhas cheias e
14 professores têm dificuldades em Na tentativa de abordar dobrar nas pontilhadas.
ensiná-lo, dado que ele envolve um esses aspectos, o objetivo
conjunto comple- deste trabalho é facilitar cartão (sugere-se o modelo da
xo de relações en- O jogo didático proposto o entendimento do con- Figura 1 para as caixas, cujas
tre quantidades permite que se desenvolva ceito de equilíbrio quí- dimensões foram otimizadas
de espécies quí- trabalho conjunto com mico, com uma ativida- para acomodar as bolas e ma-
micas presentes outras disciplinas, como de lúdica que pode ser nuseá-las). Alternativamente po-
(Pereira, 1989). Educação Artística na realizada na própria sala dem ser utilizadas caixas de
Por outro lado, os preparação do material de aula. Os experimen- madeira, de sapato ou de bom-
alunos eviden- (caixas, pintura das bolas tos laboratoriais corri- bons;
ciam uma defici- etc.) e Matemática na queiramente propostos • Um relógio comum ou cronôme-
ência na compre- elaboração dos gráficos nem sempre ilustram tro;
ensão de aspec- todas as características • Papel e caneta.
tos importantes do conceito, tais como do equilíbrio químico ou envolvem o O custo máximo do material, ex-
a dinamicidade do equilíbrio químico uso de reagentes de custo elevado e ceto o relógio, é de R$ 5,00 por con-
e o significado da constante de equilí- de difícil aquisição. junto.
brio, bem como a diferença entre o O trabalho conjunto com outras
fenômeno e suas representações (Ma- disciplinas, como Educação Artística Métodos
chado e Aragão, 1996). na preparação do material (caixas, O jogo baseia-se em dois conjun-
Deve-se destacar que a dinamici- pintura das bolas etc.) e Matemática tos que trocam elementos entre si, em
dade do sistema químico em equilí- na elaboração dos gráficos, é plena- intervalos de tempo pré-determi-
brio não foi enfatizada em nenhum mente possível no que concerne à nados. Inicialmente, prepara-se o
livro didático, como detectado por Mi- própria diversificação da atividade conjunto A, com 10 elementos e o
lagres e Justi (2001). É provável que lúdica desta proposta. conjunto B vazio. Transporta-se um
isto ocorra porque não é fácil fazê-lo, elemento de A para B a cada 5 s.
principalmente em uma abordagem Material A partir de um tempo pré-esta-
experimental. O material sugerido para cada belecido, continua-se transferindo um
Hackerman (1946) alerta para o fa- grupo de trabalho compreende: elemento de A para B, mas simulta-
to de que uma das dificuldades rela- • 10 bolas de isopor com diâmetro neamente transfere-se um elemento
cionadas ao ensino de equilíbrio quí- de 3 cm, que podem ser pinta- de B para A, a cada 5 s. Sugere-se
mico é que ele é visto, muitas vezes, das com cores vivas; um tempo total de 60 s, ou seja, 12
como tendo dois compartimentos, • Duas caixas montadas em papel transferências.

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O grupo deve definir um aluno res- ro de elementos em cada conjunto tempo até um valor constante e cada
ponsável pelo controle de tempo e um não se altera). valor pode ser relacionado ao quo-
para realizar as transferências, en- Pode-se também buscar o concei- ciente de reação em cada tempo. Já
quanto os demais anotam os resul- to de quociente de reação e a os valores constantes permitem ana-
tados. constante de equilíbrio. Nas tabelas logia com a constante de equilíbrio
Para conjuntos de 10 bolas, os três construídas com os resultados experi- (Russel, 1994).
tempos pré-determinados, a partir mentais, o valor NB/NA varia com o Também é possível apresentar a
dos quais se iniciam as transferências
simultâneas, devem ser 15 s, 25 s e
Tempo/s NA NB NB/NA
35 s, para se obter resultados satisfa-
tórios na associação com as constan- 0 10 0 0
tes de equilíbrio menor, igual e maior 5 9 1 0,11
que a unidade, respectivamente. 10 8 2 0,25
Cada grupo deve repetir o proce- 15 7 3 0,43
20 6 4 0,67
dimento nos três tempos de transfe-
25 5 5 1
rência das bolas de isopor propostos. 30 5 5 1
35 5 5 1
Resultados e discussão
40 5 5 1
O principal objetivo da proposta é 45 5 5 1
obter as três tabelas de número de 50 5 5 1
elementos nos conjuntos A (NA) e B 55 5 5 1
(NB), em função do tempo. Deve-se 60 5 5 1
também solicitar aos grupos que Figura 2: Resultados numéricos e gráficos obtidos no jogo, para K = 1. Tempo de re-
calculem a relação NB/NA, ao final dos torno igual a 25 s.
trabalhos. Finalmente, os grupos
devem lançar em gráfico os resul- Tempo/s NA NB NB/NA 15
tados obtidos para NA e NB, em função
do tempo para cada caso. 0 10 0 0
Neste ponto, o aluno já terá tido a 5 9 1 0,11
10 8 2 0,25
oportunidade de construir uma tabela
15 7 3 0,43
a partir de resultados experimentais, 20 7 3 0,43
assim como de trabalhar com a ela- 25 7 3 0,43
boração de gráficos a partir de dados 30 7 3 0,43
numéricos. 35 7 3 0,43
Exemplos dos resultados obtidos 40 7 3 0,43
para os diferentes tempos de retorno 45 7 3 0.43
(de B para A) são apresentados nas 50 7 3 0.43
55 7 3 0,43
Figuras 2 (NB/NA = 1), 3 (NB/NA < 1) e
60 7 3 0,43
4 (NB/NA > 1).
Obtidos esses resultados, pode- Figura 3: Resultados numéricos e gráficos obtidos no jogo, para K < 1. Tempo de re-
se fazer a transposição conceitual, torno igual a 15 s.
associando-se a transferência de bo-
las com os conceitos de reação quí- Tempo/s NA NB NB/NA
mica e os elementos presentes nos
0 10 0 0
conjuntos A e B com reagentes e pro-
5 9 1 0,11
dutos dessa reação e sua quantidade 10 8 2 0,25
com a concentração. 15 7 3 0,43
Decorrem naturalmente as princi- 20 6 4 0,67
pais características do equilíbrio quí- 25 5 5 1,0
mico, enumeradas a seguir: 30 4 6 1,5
1) é dinâmico (associação com o 35 3 7 2,3
movimento constante das bolas); 40 3 7 2,3
45 3 7 2,3
2) velocidades de reação direta e
50 3 7 2,3
reversa são iguais, depois de atingido 55 3 7 2,3
o equilíbrio (transferência de 1 bola a 60 3 7 2,3
cada 5 s, de ambas as caixas);
3) concentrações não se alteram Figura 4: Resultados numéricos e gráficos obtidos no jogo, para K > 1. Tempo de re-
depois de atingido o equilíbrio (núme- torno igual a 35 s.

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Lei da Ação das Massas e, devido à químico já havia sido apresentado, no essas mesmas limitações podem ser
presença de resultados numéricos, Ensino Médio. discutidas e aproveitadas para a intro-
discutir aspectos quantitativos dos Nesses casos, todo o cuidado foi dução do conceito de modelo em
equilíbrios químicos, pois as razões tomado com relação à transposição Ciências e sua constante evolução,
NB/NA podem ser relacionadas com conceitual, considerando-se as limi- em uma comparação com a evolução
as razões entre concentrações. tações do modelo, conforme discu- dos modelos atômicos, por exemplo.
tido a seguir. Nesse caso, o modelo pode ser apre-
Aplicação da proposta em sala de
sentado como uma representação de
aula Limitações do modelo e cuidados a
um sistema físico real, que é obtida
A proposta foi utilizada volunta- serem observados na transposição por meio de resultados experimentais
riamente por alguns professores da conceitual e pode evoluir com o avanço da expe-
rede pública de ensino do Estado de O modelo proposto apresenta al- rimentação. Por exemplo, adaptando-
São Paulo, da região de São Carlos, gumas limitações e diferenças em se o número de elementos trocados
atingindo-se um universo de cerca de relação ao sistema químico real. É pelos conjuntos A e B, é possível
100 alunos. função do professor estar atento a obter um perfil como o representado
As principais constatações des- essas limitações quando da transpo- na Figura 5. Neste exemplo, transfe-
critas por esses professores, com- sição conceitual e ao rem-se inicialmente
parando os resultados didáticos uso correto da analo- 8-n elementos de A
obtidos usando o método de aula gia. Deve ficar claro Um dos principais méritos
para B, com n ini-
expositiva com a presente proposta tanto para alunos desta proposta reside no
ciando em zero e
para ministrar o mesmo conteúdo, como para professo- aspecto de chamar a
aumetando uma
foram: atenção dos alunos para a
res que se trata de um unidade a cada 5 s,
• houve melhora significativa no aula, com conseqüências
modelo explicativo, até que n se iguale
entendimento do conceito de muito favoráveis no
no qual caixas e bo- a 4. Simultanea-
aspecto disciplinar
equilíbrio químico; las são parte de uma mente, retornam-se
16 • verificou-se maior facilidade no representação pal- n+1 elementos de
entendimento do conceito de pável e macroscópica de um conceito B para A, com n iniciando em 0, até
constante de equilíbrio; microscópico e abstrato. que se atinja um valor igual a 4. A
• o aspecto matemático relaciona- Uma dessas limitações relaciona- partir de então, o mesmo número de
do a gráficos e aquisição de se ao fato de que a reação química bolas transferidas para B são também
dados numéricos foi conside- não ocorre em intervalos de tempo, retornadas para A.
rado muito positivo; como os que estão definidos neste Salienta-se que este é um
• o fato das bolas de isopor irem trabalho; no caso presente, esses exemplo modificado para o caso no
e virem de uma caixa para a intervalos foram utilizados para orga- qual a razão NB/NA tende para um
outra também foi considerado nizar as transferências. Deve-se tam- valor igual a 1. Já as outras razões,
positivo, pois, quando o profes- bém observar que a reação reversa NB/NA > 1 e NB/NA < 1, podem ser
sor transportava a analogia para ocorre desde o início do processo, o obtidas, definindo-se um valor final de
o conceito químico, a dinami- que não é observado quando se n maior ou menor que 4. Esta adapta-
cidade do equilíbrio foi mais manipula as bolas de uma caixa para ção adequa-se ao fato da reação
facilmente explorada, aflorando outra. Uma outra limitação relaciona- química reversa ocorrer desde o início
naturalmente; se à forma da curva obtida, que apre- do fenômeno químico e à forma curva
• um dos principais méritos desta senta um perfil linear com uma quebra para os pontos de concentração.
proposta reside no aspecto de quando o “equilíbrio” é atingido. Finalmente, é importante discutir
chamar a atenção dos alunos Por outro lado, entende-se que o fato deste modelo tratar os ele-
para a aula, com conseqüências
muito favoráveis no aspecto
disciplinar (opinião unânime en- Tempo/s NA NB
tre os professores que apli- 0 40 0
caram a proposta). 5 32 8
A proposta foi também aplicada a 10 26 14
alunos dos cursos de licenciatura em 15 22 18
Química da UFSCar e da FAFIG 20 20 20
(Guaxupé - MG), com resultados bas- 25 20 20
30 20 20
tante satisfatórios em termos de
aprendizado e clareza de conceitos
transmitidos, na opinião dos alunos, Figura 5: Exemplo de adaptação do modelo inicial, usando-se transferência de número
aos quais o conceito de equilíbrio de elementos variável. Resultados típicos obtidos para K = 1.

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mentos dos conjuntos como estando nhos diferentes estejam em um reci- os ganhos no aspecto disciplinar e
em recipientes diferentes. Não se piente único, obtendo-se os mesmos no interesse dos alunos justificam
pretende reforçar a idéia de equilíbrio resultados apresentados neste tra- plenamente sua utilização.
existente em dois compartimentos balho. Finalmente, note-se que simula-
distintos, mas sim propor uma forma Cabe ressaltar que é de funda- ções em computador foram desen-
de facilitar o entendimento de tópicos mental importância que o professor volvidas e podem ser fornecidas
como a dinamicidade do equilíbrio e discuta com os alunos as limitações mediante contato com os autores.
de representações matemáticas na não só deste, mas de outros modelos Márlon Herbert Flora Barbosa Soares (marlon@
forma de gráficos e tabelas, alguns e analogias, comparando as idéias quimica.ufg.br), licenciado em Química pela Univer-
aspectos do conceito de difícil com- contidas em um modelo e as contidas sidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre em Quí-
mica e doutorando em Ciências (Química) pela
preensão para o aluno. Isto deve ficar no modelo desenvolvido a partir do Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é
claro no momento da transposição. primeiro, como forma de compreen- docente no Instituto de Química da Universidade
Optou-se por iniciar o trabalho der e debater os conceitos no que Federal de Goiás. Fabiano Okumura, bacharel em
Química pela UFSCar, ex-bolsista PIBIC/CNPq/
com compartimentos distintos, consi- concerne a todo o conhecimento
UFSCar, é mestrando no Instituto de Química de São
derando que grande parte dos alunos envolvido. Carlos da USP (IQSC/USP). Éder Tadeu Gomes
já concebem o equilíbrio como tendo Acredita-se também que os bene- Cavalheiro (cavalheiro@iqsc.sc.usp.br), licenciado
dois compartimentos. Este exemplo fícios obtidos com o uso da proposta, e bacharel em Química pela Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP, mestre
pode evoluir para um modelo em que principalmente na visualização do em Química Analítica e doutor em Ciências (Química
as bolas de isopor de cores e tama- fenômeno de forma macroscópica, e Analítica) pela USP, é docente no IQSC/USP.

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Abstract: Proposal of a Didactic Game for Teaching the Concept of Chemical Equilibrium – In this paper a didactic game that uses easily acquired materials, such as expanded-polystyrene balls
and corrugated-paper boxes, is proposed to facilitate the understanding of the concept of chemical equilibrium. This proposal is based on an experiment carried out in class with the goal of, by
analogy, transposing to the intended concept the results obtained in the game. The game can be played out in, at most, 30 minutes, with groups of up to 5 students. The application of such activities
in high schools has been successful from both conceptual and disciplinary aspects, as reported by teachers from public schools of the São Paulo State system.
Keywords: chemical equilibrium, didactic game, alternative experiment

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Ensino do conceito de equilíbrio químico N° 18, NOVEMBRO 2003

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