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PÓS DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL 28/08/2018

AULA 01
Prof. Fábio Cáceres

LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

 DECRETO-LEI Nº 4.657/42 – era conhecido como LINCC. Foi atualizado pela


lei 12.376/10 e hoje recebeu o nome de LINDB.

Finalidade: A LINDB tem como finalidade trazer caminhos de estudos em


relação à obrigatoriedade legal, em relação à interpretação das leis, integração
das leis e o estudo da aplicação da lei no tempo e no espaço.

a) OBRIGATORIEDADE LEGAL: A lei torna-se obrigatória ao entrar em vigor.


Mas, antes disso, precisamos saber o caminho até a criação da lei e a sua
entrada em vigor.

a.1 ) PROCESSO LEGISLATIVO:

1 – projeto de lei: a iniciativa do projeto de lei, pode se dar por


iniciativa parlamentar (proposta por um deputado ou senador) ou
pode nascer por iniciativa popular (ex: lei da ficha limpa).

2 – votação: uma vez apresentado o projeto, ele irá a votação nas


duas casas do congresso nacional. Se aprovado, o projeto será
encaminhado ao chefe do poder executivo que poderá promulgar ou
vetar.

3 – chefe do poder executivo: o chefe do poder executivo poderá


promulgar ou vetar o projeto. Se promulgado pelo chefe do
executivo, o projeto será chamado de lei.

4 – publicação: a lei será publicada no diário oficial.

5 – vigor: passar a ter validade.

A partir da entrada em vigor, os cidadãos terão um prazo para ter


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conhecimento da lei que foi publicada, esse período é chamado de vacatio legis.
Período ou lapso de tempo, estabelecido entre a data da publicação da lei e a sua
efetiva entrada em vigor.

Obs1: a lei pode ser omissa quanto ao prazo de vacatio legis. Neste caso (omissão)
a LINDB estabelece que se a lei não estabelecer o prazo, este será o da LINDB de 45
dias no território nacional e 3 meses no território estrangeiro. Se a lei for
expressa ela pode dispor de um prazo de vacatio legis diferente do estabelecido na
LINDB. O novo CPC, por exemplo, trouxe um prazo de vacatio de 1 ano.

Existem extensões do território nacional no estrangeiro – embaixadas e consulados –


nessas extensões o prazo é de 3 meses. Hoje com a internet esse prazo perde o
sentido, mas continua no texto da lei.

a.2) Contagem do Prazo de Vacatio: inclui-se o primeiro dia e inclui o último


dia do prazo. São contados em dias corridos.

a.3) Republicação da lei durante vacatio: Suponhamos que durante o


período de vacatio a lei seja republicada. A LINDB estabelece que o prazo zera e
começa a ser contado desde o inicio.

a.4) Republicação da lei após o vacatio: Suponhamos que após terminado o


período de vacatio e a lei já em vigor, ela seja republicada. A LINDB estabelece que
ela entra no sistema como lei nova e terá vacatio de 45 dias e após entrará em vigor.
Haverá um problema, pois existirão duas leias de mesmo conteúdo em vigor e
conflitando. Neste caso, a lei nova prevalece sobre a lei velha – ab-rogação da lei.
Prevalecerá a mais nova.

a.5) cessão dos efeitos legais de uma lei: o fim de uma lei é a sua
revogação. A revogação é um gênero que comporta duas espécies:

1. - ab-rogação: é a revogação total da lei e de seus efeitos. Pode ser:


 Tácita: outra lei entra em vigor e automaticamente revoga.
 Expressa: a própria lei declara.
2. Derrogação: é a revogação parcial da lei e de seus efeitos. Pode ser:
 Tácita
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 Expressa
a.6) eliminação de antinomia jurídica: a eliminação de conflitos aparentes
entre leis é resolvido por meio de critérios de eliminação. São eles:

1. Especialidade/Especificidade: lei especial prevalece sobre lei


geral, ainda que a lei especial seja mais velha. Se as leis estiverem
no mesmo plano hierárquico (ambas especial), neste caso valerá o
segundo critério.

2. Novidade: lei nova prevalece sobre lei velha.

 REPRESTINAÇÃO: é um fenômeno no qual uma lei revogada torna a virgir,


porque a lei que a revogou também foi revogada. No Brasil não existe
represtinação.

 RETROATVIDADE (exceção): é aquela que se aplica ao fato passado para


beneficiar. Ocorre no direito penal para beneficiar o réu e no direito tributário
para beneficiar o contribuinte.

 IRRETROATIVIDADE (regra): é aquela que se aplica a fatos ocorridos da data


da sua vigência para frente.

 ULTRA-ATIVIDADE: projeção da lei em um período fora de sua vigência.


Ocorre, pois, não se pode prejudicar a segurança jurídica e o direito adquirido.
Exemplo disso é o código civil de 1916.

AULA 02 04/09/2018
Prof. Fábio Cáceres

FONTES DO DIREITO CIVIL

São fontes do direito civil: são elementos que ensejam no nascimento do


direito.
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1) LEI: fonte primária/imediata. (principal fonte do direito)


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2) DOUTRINA: fontes secundarias/mediatas


3) JURISPRUDÊNCIA: fontes secundarias/mediatas
4) COSTUMES: fontes secundarias/mediatas
5) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO: fontes secundarias/mediatas
6) COSTUMES: fontes secundarias/mediatas
7) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO: fontes secundarias/mediatas
8) ANALOGIA: fontes secundarias/mediatas
9) EQUIDADE: fontes secundarias/mediatas

CRÍTICA: Será se a lei é a fonte mais importante do direito?

O art. 332 do CPC – estabelece que quando o juiz receber uma petição inicial
que não dependa de instrução probatória o juiz pode julgar liminarmente
improcedente o pedido que contrariar:
 Enunciado de sumula do STF ou STJ
 Acórdão proferido pelo STF ou STJ em julgamento de recursos repetitivos
 Entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitiva.
 Enunciado de sumula de tribunal de justiça sobre direito local.

O CPC valorizou a jurisprudência como fonte mais importante que a lei, isso
porque, se a petição violar a jurisprudência, o processo acaba já no inicio da causa
com uma liminar de improcedência. Por outro lado, se o autor distribuir uma petição
contrariando texto de lei, o processo segue seu rito com a citação.

O costume também é fonte do direito. No período de carnaval o costume é tão


exagerado que ele retira a eficácia da lei. Nesse período cultural mulheres ficam
seminuas em frente a câmeras que são transmitidas para o mundo. O art. 233 do CP
não é analisado com rigor.

b) INTERPRETAÇÃO: o advogado não deve interpretar os problemas jurídicos


apenas na lei. Nem todas as soluções estão na lei. Interpretar é construir raciocínio
jurídico para a solução do problema jurídico do seu cliente utilizando todo o acervo
jurídico das fontes que estão ao alcance. A LINDB reconhece que há outras fontes de
direito que não sejam a lei.

c) INTEGRAÇÃO: todo cliente que vai até o escritório ele te relata no mínimo
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um problema. O advogado terá que buscar caminhos para levar o cliente à solução
dos problemas. Nem sempre o advogado terá como caminho uma única fonte de
direito. Por vezes, uma parte de o problema cosegue ser resolvido pela lei, mais o
restante precisa de outro mecanismo a ser buscada em outra fonte. Ao utilizar disso,
estamos realizando a integração no processo.

d) APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO E NO ESPAÇO: quando falamos em


aplicação da lei no tempo estamos falando do inicio de vigência da lei e também o fim
dos efeitos da lei. A aplicação da lei no tempo, pode ocorrer por prazo determinado,
na própria lei ou por prazo indeterminado e vigorará até que outra lei a revogue.

 RETROATIVIDADE - ocorre quando a lei tem os olhos voltados para o


passado. Apenas é possível nas hipóteses de direito penal e direito
tributário.
 IRRETROATIVIDADE – a lei no inicio de sua vigência regula as
relações jurídicas da sua vigência para frente. Apenas se projeta para a
frente.
 ULTRA-ATIVIDADE – ocorre quando uma lei revogada é exumada com
a finalidade de se verificar o que ela regulava quando ainda em vigor.
Ex: contrato celebrado em 1999 com validade de 20 anos. O contrato se
projeta até 2019. Como estamos em set/2018 nós ainda temos que esse
contrato produz efeitos. Se hoje alguém quiser discutir esse contrato, a
pessoa deverá utilizar o código civil de 1916 e não o código de 2002.

OBS: a Lei não prejudicará o ato jurídico perfeito, nem a coisa julgada e nem o direito
adquirido.
OBS: CASO CONCRETO – ACERVO DE BENS DA PRINCESA ISABEL – a maior
dificuldade dos julgadores era vasculhar as leis na época da abertura da sucessão.

A aplicação da lei no espaço é fácil de se identificar, mediante ao órgão


criador da lei. Por exemplo, a lei federal é aplicada dentro do território nacional e
também em locais no estrangeiro que representam extensão do Brasil (consulados,
embaixadas). A lei estadual tem aplicação no espaço limitada ao estado federativo
que a criou. A lei municipal tem aplicação no espaço dentro do município que ela foi
criada. A lei distrital tem aplicação no espaço no distrito federal.
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Ex: Município de SP – lei de rodízio de circulação de veículos – tem aplicação
na cidade de são Paulo. Isso vale para os veículos em trânsito pela cidade e também
para os moradores.

CAPÍTULO - DAS PESSOAS

1 – CONCEITO: Pessoa é todo ente físico ou jurídico suscetível de direitos e


obrigações na orbita civil.

2 – CLASSIFICAÇÃO: as pessoas se classificam em dois tipos:

A) NATUAL/FÍSICA:

A.1) CONCEITO: todo ente natural ou físico suscetível de direitos e obrigações na


orbita civil.

A.2) INICIO DE EXISTÊNCIA: POLÊMICA – No código civil encontramos o inicio da


existência com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo os direitos do
nascituro. Alguns juristas civilistas dizem que nascimento é a ruptura do cordão
umbilical com permanência extrauterina. Já para os médicos a vida é a existência de
funcionamento de atividade cerebral. O STF se deparou com esse assunto, na
ocasião do julgamento de aborto de fetos anencéfalos (não há crime de aborto). Os
ministros buscaram auxilio na medicina que definiu a vida com inicio da atividade
cerebral. No caso da anencefalia ocorre a inexistência de atividade cerebral.

AULA 03 11/09/2018
Prof. Fábio Cáceres

No ano de 2008 surge a lei de alimentos gravídicos, que dá ao embrião um


direito de receber alimentos na fase gestacional. Isso quebra o paradigma de que a
pessoa só pode ser sujeito de direitos se nascerem com vida. O código civil novo
manteve essa estrutura do código de 1916. Na lei de alimentos gravídicos temos um
efetivo direito. Nos termos da lei o nascituro não tem direito, mas expectativa de
direito, e não direito efetivo.
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Todavia, esse conceito não reflete mais a realidade de hoje.


Conceito de vida na visão do prof. Fábio: nascimento com vida é a
manutenção da atividade cerebral após a ruptura do cordão umbilical.

A.3) CAPACIDADE CIVIL: sofreu alteração pela Lei nº 13.146/15 (estatuto da pessoa
com deficiência). A dosimetria da capacidade ficou dividida em:

 - ABSOLUTAMENTE INCAPAZES: somente os menores de 16 anos.

 - RELATIVAMENTE INCAPAZES:
 maiores 16 e menores 18 anos
 ébrios habituais
 viciados em tóxicos
 pródigos: (somente incapaz para os atos de alienação de
patrimônio).
 aqueles que em razão de causas transitórias ou definitivas não
puderem externar sua vontade.

 -PLENAMENTE CAPAZES: maiores de 18 anos (completos)

Como fica o deficiente nessa historia? O Estatuto da Pessoa com


deficiência diz que o deficiente tem plena capacidade civil, isso significa, que
deficiência mental no Brasil não é motivo para se preocupar no Brasil. Muitos
entendem que o estatuto eliminou a discriminação.

Efeitos da incapacidade: os atos dos absolutamente incapazes são nulos


de pleno direito (apenas poderá praticar o ato se estiverem representados) e os
atos dos relativamente incapazes são anuláveis – produzem efeitos até a
decretação de anulabilidade (pode praticar os atos da vida civil desde que
assistido).

A.4) DIREITOS DA PERSONALIDADE:

 DEFINIÇÃO: Trata-se do capitulo do código civil que cuida dos direitos da


persona. Exatamente por isso é que, se fala em direitos da personalidade. Em
suma, os direitos da personalidade representam o conjunto de atributos físico e
psíquicos inerentes à pessoa.
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 ROL DE DIREITOS DA PERSONALIDADE: é um rol exemplificativo.
Nome, imagem, honra, direito autoral.

 CARACTERÍSTICA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE:


intransmissível, imprescritível, inalienável, irrenunciável.

O código civil em seu art. 206 diz que prescreve em 3 anos o direito de pedir a
reparação a direito seu. Os direitos da personalidade não são imprescritíveis? São,
mas o exercício da ação não.

A.5) ELEMENTOS INDIVIDUALIZADORES DA PESSOA NATURAL: são elementos:


nome, estado e domicilio.

 NOME: O nome é composto por nome/prenome +


sobrenome/patronímico/apelido familiar + agnome/homenagem familiar
(Junior/sobrinho/filho/neto). Temos ainda o alcunha, ou seja, apelido
social.

É possível alterar o nome? Art. 56 da LRC – sim. É possível que se altere o


nome a qualquer momento se o interessado demonstrar que o nome que lhe foi
atribuído, o submete a situação constrangedora, humilhante, vexatória, bem como nas
hipóteses em que o apelido social acaba por identificar a pessoa de forma muito mais
contundente do que o próprio nome. É possível a pessoa voluntariamente e sem
especial motivação, alterar o nome, em até 1 ano após adquirir a maioridade civil,
desde que não prejudique os apelidos familiares, nos termos do art. 56 da LRP.

No mesmo sentido, há ainda hipóteses legais que influenciam na estruturação


do nome, tal como, as situações abaixo:

Hipóteses legais de alteração do nome:


 Casamento
 Divorcio (supressão do patronímico do ex-cônjuge)
 Separação judicial
 Reconhecimento de paternidade

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Adoção
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 Nacionalização de estrangeiro
 Lei de proteção às testemunhas

 ESTADO: pode ser analisado sobre os seguintes aspectos:

a) Aspecto individual: atribuições físicas e psíquicas. Ex: magro,


gordo, branco, negro, pardo, homem.
b) Aspecto familiar: vínculo consanguíneo e matrimonial. Ex: pai, mãe,
filho. Ex: Casado, solteiro, convivente, viúvo, divorciado.
c) Aspecto da afinidade: sogro, sogra, cunhados, etc.
d) Aspecto político: nacional ou estrangeiro.

AULA-04 20/09/2018
Prof. Fábio Cáceres

 DOMICÍLIO: pluralidade de domicílios. Domicilio é a localização jurídica


da pessoa, enquanto a residência é a localização física da pessoa. A
residência é um elemento objetivo que indica alguém em algum lugar. O
domicílio é a soma do elemento objetivo e o elemento subjetivo (vontade
da pessoa de permanecer definitivamente naquele lugar).

A competência no processo civil é definido pelo domicilio. A regra geral do CPC


– art. 46 do CPC – poderia se propor a ação no domicilio do réu.

A.6) FIM DA PESSOA NATURAL: ocorre com a MORTE. A declaração da morte


pode ocorrer de duas formas:

- REAL: quando não houver duvida nenhuma quanto ao óbito da pessoa natural. Ex:
certidão de óbito.

- PRESUMIDA / FICTA: ocorre quando não há corpo para se declarar o óbito. Pode
ocorrer nas seguintes situações:

 Em razão de tragédia – ex: acidente aéreo


 Em razão de guerra – ex: soldado que vai para missão de guerra e não
retorna para o seu país, no prazo de até 2 anos após o fim da guerra.
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 Em razão do LINS – Local inserto e não sabido – a morte presumida da
pessoa ausente se dará mediante abertura de processo de ausência. Cumprido
os requisitos legais, o juiz decretará a morte fixando uma data como a provável
do óbito.

B) MORAL/JURÍDICA

B.1 CONCEITO: é todo ente jurídico suscetível de adquirir direitos e obrigações


na orbita civil.

B.2 CLASSIFICAÇÃO:

a) Pessoa jurídica de DIREITO PÚBLICO:

 externo: países, organismos internacionais (MERCOSUL, ONU, otan).

 interno: união, estados, distrito federal, os territórios e Municípios. Alem


deles temos ainda as autarquias, as empresas públicas, fundações públicas.

b) Pessoa jurídica de DIREITO PRIVADO: SAPOF

 Sociedade empresaria
 Associação
 Partido políticos
 Organizações religiosas
 Fundações privadas

B.3 INÍCIO DA PESSOA JURÍDICA:

Pessoa jurídica de direito privado: o inicio de existência da pessoa jurídica se dá


com o registro de seus atos constitutivos em seu órgão competente (junta comercial,
cartório de registro de títulos e documentos).

Onde a união é registrada?


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Pessoa jurídica de direito público: O inicio de existência da pessoa jurídica


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depende. Se forem pessoas jurídicas de direito publico externo, por meio de tratados,
por fatores históricos. Se forem pessoas jurídicas de direito publico interno nascem
com a constituição federal. Autarquias nascem por lei. Empresa publica e fundações
nascem com registro de seus atos no cartório ou junta comercial.

B.4 FIM DA PESSOA JURÍDICA: o fim de um país ocorrera quando ele perde
sua soberania, o fim de organismos internacionais ocorrerá com o cancelamento do
tratado internacional, o fim das pessoas jurídicas de direito interno ocorrerá com a
revogação da atual constituição, e cria uma constituição sem essa atual conjectura. O
fim da autarquia ocorrerá com a revogação da lei que a criou. O fim das empresas
públicas e fundações ocorrem quando houver o cancelamento do registro no órgão
competente. O fim da pessoa jurídica de direito privado ocorrerá com o cancelamento
do seu registro na junta comercial ou com sua falência.

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

1 – CONCEITO: O direito obrigacional é uma figura jurídica de natureza


transitória, estabelecida entre no mínimo um credor, no mínimo um devedor e no
mínimo um objeto, sendo que o ultimo (devedor) fica obrigado a cumprir o objeto em
beneficio do primeiro (credor), tudo no tempo, na forma e no lugar combinados.

2 – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: serve como mínimo necessário para


constituir uma obrigação. São eles:

a) OBJETIVO: credor, objeto (prestação), devedor.

b) SUBJETIVO: um vínculo de dívida (ex: pagar; fazer; não fazer; entregar). Alem
disso, temos os meios coercitivos jurídicos, que também vinculam credor e devedor
(conjunto de medidas extrajudiciais ou judiciais). Ex: protesto, negativação de nome,
ações;
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3 – OBRIGAÇÃO CIVIL: obrigação civil é aquela que contempla na totalidade,


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todos os elementos constitutivos objetivos (credor/objeto/devedor), bem como os


elementos constitutivos subjetivos (vínculo de dívida/débito e meios coercitivos
jurídicos).

4 – OBRIGAÇÃO NATURAL/IN NATURA: é aquela que contempla todos os


elementos constitutivos objetivos (credor/objeto/devedor), porém, carece do elemento
constitutivo subjetivo responsabilidade, que nada mais é, do que o conjunto de
ferramentas coercitivas extrajudiciais, bem como, ferramentas coercitivas judiciais.
Entretanto, vale ressaltar que o elemento constitutivo subjetivo denominado
dívida/débito existe na obrigação natural.

5 – OBRIGAÇÃO PROPTER REM: é aquela que possui uma característica


especial, pois é, compulsória àquele que exerce domínio sobre coisa que tenha tal
obrigação impregnada.

A obrigação propter REM, como o próprio nome revela, é própria da coisa e o


sujeito deverá honra-lá caso passe a exercer domínio sobre o bem.

São exemplos: condomínio, IPTU, IPVA, ITR, etc.

AULA-05 25/09/2018
Prof. Fábio Cáceres

6 – ESPÉCIES DE OBRIGAÇÕES:

A) DAR (ENTREGAR) = COISA CERTA OU COISA INCERTA

A coisa certa é definida pelo gênero, quantidade e a qualidade. Ex: arroz

A coisa incerta é definida pelo gênero, quantidade, mas não há definição da


qualidade. A qualidade na obrigação incerta tem que ser mediana. O credor não é
obrigado a receber a coisa de pior qualidade, por outro lado, o devedor não é
obrigado a entregar a coisa de melhor qualidade.

Quem escolhe a qualidade? Em regra quem escolhe a qualidade mediana é o


devedor. Se houver disposição expressa no contrato, o credor poderá ter a
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prerrogativa de escolher a qualidade.


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Na prática, se houver um entrave entre credor e devedor sobre a qualidade, como
resolver essa situação? A solução para isso será pericial e o juiz decidirá pelo laudo.

a.1 – CARACTERISTICAS

a) Cumulativa/conjuntiva
b) Alternativa/disjuntiva
c) Divisível
d) Indivisível
e) Restituir
f) Solidária

a.2 – RESPONSABILIDADE DO DEVEDOR NO DIREITO OBRIGACIONAL

Não pode o devedor perder ou deteriorar a coisa incerta. Quando a coisa passa
a ser certa, o devedor passa a responder pela coisa. O que pode ocorrer:

 PERDA DA COISA= destruição total do bem ou impossibilidade integral de


utilização do bem. Pode-se definir a perda da coisa como sendo a integral destruição
do bem, ou ainda, a impossibilidade total da sua utilização.

- COM CULPA: consequência = o devedor deverá pagar o equivalente ao bem


em dinheiro mais perdas e danos.
- SEM CULPA: consequência é a extinção da obrigação. O devedor não pode
ser penalizado por uma coisa que ele não deu causa. Volta ao status quo de antes. O
devedor não entrega a coisa e o comprador não paga pela coisa.

AULA-06 02/10/2018
Prof. Fábio Cáceres

EXERCÍCIO DE CASA: ler o acórdão Resp 1099212 RJ (roubo e furto no contrato de


leasing)
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TEORIA GERAL DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL: aplica-se em qualquer


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contrato. Trata-se de uma teoria do quase cumprir a integralidade do contrato. A


maioria dos juristas acredita que se a pessoa cumpriu mais de 90% do contrato, ela
quase quitou e por isso ela não poderia ser prejudicada pelos efeitos avassaladores
da inadimplência, de um contrato que quase está no fim. Os tribunais ficam divididos
em relação a aplicação dessa teoria.

 DETERIORAÇÃO DA COISA= depreciação econômica do bem (há uma perda


de valor). Com relação à deterioração, pode-se afirmar que a depreciação do bem
(perda de valor econômico) é suficiente ao enquadramento da definição de coisa
deteriorada exigida pelo legislador.

a.2.1 - CONSEQUENCIAS DA PERDA OU DETERIORIZAÇÃO DA COISA A SER


ENTREGUE PELO DEVEDOR

Quando o devedor não conseguir cumprir a obrigação, em razão da perda do


bem sem que haja sua culpa, nesse caso, a consequência jurídica prevista pelo
sistema é a extinção da obrigação.

Sendo assim, a lei estabelece que credor e devedor deverão retornar a


situação jurídica anterior, de modo que se o credor ainda não efetuou o pagamento
não precisará fazê-lo, e, caso tenha o tenha efetuado fará jus a restituição do valor
adiantado.

Todavia, caso o bem tenha se perdido por culpa do devedor, a lei prevê que o
credor poderá exigir a importância equivalente ao bem em dinheiro mais eventuais
perdas e danos.

Obviamente, para que o credor possa exigir na amplitude o seu direito de ser
ressarcido no equivalente ao bem em dinheiro mais perdas e danos, presume-se
evidentemente que o credor tenha cumprido sua parte na obrigação que é
representada pelo pagamento do preço do bem. Assim, embora não haja tal solução
na lei, o bom senso e o vetor de boa fe contratual recomendam que na hipótese do
credor ainda não ter efetuado o pagamento, que ele não o faça, mas igualmente não
exija o equivalente a coisa em dinheiro, restringindo o debate exclusivamente nas
perdas e danos.
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Na mesma esteira devem-se anotar os desdobramentos decorrentes da


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deteriorização do bem.
Se houver a deteriorazição do bem, sem que haja culpa do devedor, a
consequência jurídica é a prerrogativa do credor postular a extinção da obrigação,
com o retorno das partes a situação jurídica anterior ou o credor receber o bem no
estado em que se encontra exigindo o abatimento proporcional no preço.

Por outro lado, caso ocorra a deteriorização do bem por culpa do devedor, a
consequência jurídica será o credor exigir a seu critério o equivalente ao bem em
dinheiro mais perdas e danos ou receber o bem no estado em que se encontra mais
perdas e danos.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

Para que o devedor entregue o bem tem que ocorrer a TRADIÇÃO. Pode ser
que a tradição não ocorra por culpa do credor, porque a obrigação tem que ser
cumprida no tempo, modo/forma e no lugar combinados. Se no tempo, no modo ou na
forma e no lugar combinado o devedor não conseguir cumprir a obrigação, porque o
credor não aparece, não manda representante, haverá inadimplemento dado azo pelo
credor. Como resolver esse problema?

Responsabilidade do credor em razão do inadimplemento contratual por ele


ocasionado: se isso acontecer o devedor sofrerá uma redução da sua
responsabilidade e só responderá por perda ou deteriorização do bem na hipótese de
dolo.

A.2.2 - RESPONSABILIDADE DO CREDOR EM RAZÃO DO INADIMPLEMENTO


CONTRATUAL

Conforme explicado em sala de aula, toda a obrigação deve ser cumprida no


tempo, modo/forma e lugar combinados. Por vezes, o devedor mesmo que diligente
encontra dificuldade no adimplemento da obrigação, já que o credor, desidioso, por
alguma razão, inviabiliza a entrega da coisa pelo devedor. Nesse caso, haverá uma
redução da responsabilidade do devedor, pois ele (o devedor) só responderá por
eventual perda ou deteriorização do bem se agir com dolo.
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B) OBRIGAÇÃO DE FAZER

É muito comum as pessoas confundirem a obrigação de dar com a de fazer,


porque quem faz, tem que entregar o que fez. Na obrigação de entrega de coisa o
devedor entrega algo que não foi confeccionado por ele, enquanto na obrigação de
fazer o devedor tem que fazer a coisa para depois entregar.

A obrigação de fazer pode ser comum ou personalíssima.

Inicialmente, é importante registrar que a obrigação de fazer não deve ser


confundida com a obrigção de entrega de coisa, algo possível já que o devedor após
fazer o objeto deverá entrega-lo ao credor no tempo, modo/forma e lugar combinado.

A grande distinção entre as duas modalidades de obrigações é que na


obrigação de fazer o devedor fica incumbido de previamente confeccionar o objeto,
para, somente após, entrega-lo ao credor, porquanto que na obrigação de entrega de
coisa o bem já está pronto e não depende de nenhuma atividade do devedor,
bastando entrega-lo.

Feita tal distinção, vale ressaltar que a obrigação de fazer é ramificada em


duas subespécies, quais sejam: 1) obrigação de fazer simples 2)obrigação de fazer
personalíssima, também conhecida como intuito persona.

Nesse ponto vale frisar que na obrigação de fazer simples o devedor ou qualquer
outra pessoa poderá confeccionar o bem. Já na obrigação personalíssima, somente o
devedor poderá faze-la, pois a contratação se deu em razão das suas habilidades
intelectuais, artísticas, artesanais e etc.

b.1 - COMUM / SIMPLES: embora o credor contrate o devedor para fazer,


qualquer pessoa poderá fazer esse bem. Pode ser executado pelo próprio devedor
ou por terceiros. Art. 247 CC

b.2 - PERSONALÍSSIMA (INTUITO PERSONA): o credor contrata o devedor em


razão de sua habilidade especial e personalizada. Art. 249 CC
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AULA-07 09/10/2018
Prof. Fábio Cáceres

b.1) NA OBRIGAÇÃO DE FAZER COMUM o devedor fica inadimplente na


obrigação de fazer comum. Iremos analisar se esse inadimplemento é absoluto ou
relativo?

b.1.1) NO INADIMPLEMENTO ABSOLUTO:

O credor da obrigação de fazer ele não tem mais nenhum interesse pela coisa que
seria feito, nesse caso, a solução do problema é uma só= PERDAS E DANOS.

Ex: mulher contrata uma empresa de confecção para fazer o vestido de noiva. O
casamento é 18/10/18 e a empresa não entrega o vestido em tempo hábil para ser
utilizado no casamento, a noiva vai em outra loja e aluga um vestido e se casa no dia
18. No dia 19 a empresa manda entregar o vestido para ela. Nesse caso o
inadimplemento é absoluto porque a noiva não tem interesse mais no produto.

Diante do inadimplemento absoluto o credor pode tomar as seguintes decisões:

 SE A INADIMPLENCIA ABSOLUTA OCORROU POR CULPA DO DEVEDOR:


tudo se resolve em perdas e danos.

 SE A INADIMPLÊNCIA ABSOLUTA OCORREU SEM CULPA DO DEVEDOR:


extingue a obrigação.

b.1.2) NO INADIMPLEMENTO RELATIVO:

O credor ainda alimenta alguma expectativa pelo bem, nesse caso então, o credor
tem ferramentas que ele pode exigir do devedor para que ele cumpra a obrigação.

Ex: noiva quer vestido para se casar no dia 18/10. No contrato fica combinado que
a noiva terá a prova do vestido no dia 18/09 para que possa fazer ajustes
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necessários. A empresa possui alguns estilistas que irão fazer o vestido. No dia 18/09
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a noiva vai para provar o vestido e ele ainda não está pronto. Há portanto
inadimplência, mas a noiva ainda tem interesse pelo vestido.
Diante da inadimplência relativa o credor pode tomar as seguintes decisões:

 Pedir para que o devedor faça a obrigação e se utilizar via judicial pode pedir
multa diária por descumprimento da obrigação + perdas e danos. Art 249 CC

- art. 139 CC – o juiz é que dirige o processo, determinando todas as


medidas para assegurar o cumprimento de uma ordem judicial, inclusive nas
ações de obrigação.
- art. 537 CPC – a multa (astreinte)
Para apoiar coercitivamente o cumprimento da obrigação a parte deve
utilizar o previsto da multa prevista no art. 537 + 139, IV do CPC.

 Em caso de urgência, o credor poderá pedir a um terceiro para executar o


trabalho à custa do devedor, sem necessidade de ordem judicial + perdas e
danos. § único do art. 249

B.2) NA OBRIGAÇÃO DE FAZER PERSONALISSIMA o devedor ficando


inadimplente na obrigação de fazer. Iremos analisar se esse inadimplemento é
absoluto ou relativo?

b.2.1) NA INADIMPLENCIA ABSOLUTA

Sem culpa- extinção da obrigação.


Com culpa – perdas e danos

b.2.2) NA INADIMPLENCIA RELATIVA

O Credor poderá exigir judicialmente o cumprimento da obrigação com


pleito de multa diária, sem prejuízo de perdas e danos.

Sem culpa – extinção


Com culpa – perdas e danos
18
Página
C) OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER

Na obrigação de não fazer a pessoa se comprometi de se abster de fazer


algo, ou seja, ela fica inerte. Se o devedor faz aquilo que não era para fazer, o
devedor fica inadimplente nesta obrigação.

 SEM CULPA – extinção


 COM CULPA – desfazer + perdas e danos ou sendo impossível desfazer tudo
será resolvido com perdas e danos. Também é possível pedir a multa.

CARACTERISTICAS DOS DIREITOS DAS OBRIGAÇÕES

As três modalidades de obrigações podem apresentar as características


das obrigações, mas a maioria delas recai na obrigação de dar/entregar. O bem a ser
entregue podem ser:

Obrigação simples: a obrigação pode ser classificada em obrigação


simples ou complexa.

Será simples a obrigação quando ela contiver a estrutura mínima


constitutiva, ou seja, um credor, um objeto, um devedor.

Todavia, a obrigação será considerada complexa quando houver na


estrutura constitutiva alguma pluralidade, ou seja, mais de um credor e/ou mais de um
objeto e/ou mais de um devedor.

1- CUMULATIVA/CONJUNTIVA: (+) entregue mais de uma coisa (A+B).


o devedor para cumpri-la precisa entregar o conjunto.

Responsabilidade do devedor em razão da perda ou deteriorização de obrigação


de objeto cumulativo: caso haja a perda dos objetos (exemplo a+b) sem culpa do
devedor a obrigação estará EXTINTA. Todavia, caso haja a perda dos objetos com
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culpa do devedor, o credor terá direito a receber o equivalente aos bens em


Página

dinheiro (a+b), sem prejuízo de perdas e danos.


Caso haja a deteriorização dos bens sem culpa do devedor, poderá o credor exigir
a extinção da obrigação ou optar pelo recebimento dos bens no estado com
abatimento proporcional no preço.

Entretanto, caso haja a deteriorização dos bens com culpa do devedor o credor
poderá exigir o equivalente aos bens em dinheiro (ex: a+b), sem prejuízo de perdas
e danos ou optar por receber os bens deteriorados no estado mais perdas e danos.

2- ALTERNATIVA/DISJUNTIVA: (OU) nesse tipo de obrigação o devedor


entrega uma ou outra coisa. (ex: a ou b). É uma obrigação simples, pois na hora da
entrega é apenas de um objeto. Quem escolhe o objeto é o devedor. Mas, o credor
pode escolher se isso estiver previsto no contrato.

O credor exige a equivalência do valor do último objeto que perdeu.


Quando ocorre a perda simultânea dos dois objetos ao mesmo tempo, a solução mais
coerente será somar os dois objetos e dividir por dois e chegar a conclusão do
equivalente.

Na deteriorização sem culpa do devedor ou extingue a obrigação ou o


credor recebe o ultimo bem que se deteriorou no estado com abatimento do preço.

Responsabilidade do devedor em razão da perda ou deteriorização do bem em


obrigação com característica alternativa: na obrigação com característica
alternativa o direito de escolhe em regra é do devedor, mas, as partes podem dispor
de maneira diversa no contrato.

Consequências da perda e deteriorização quando o direito de escolha é


do devedor: se houver a perda dos bens (ex: a ou b) sem culpa do devedor a
obrigação restará extinta.

Entretanto, caso haja a perda dos bens com culpa do devedor, poderá o
credor exigir o equivalente em dinheiro ao ultimo bem que se perdeu, sem prejuízo de
perdas e danos.
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Página
Caso ocorra a deteriorização dos bens, sem culpa do devedor poderá o
credor exigir a extinção da obrigação ou receber o ultimo bem que se deteriorou no
estado, sem prejuízo de perdas e danos.

Todavia, caso haja a deteriorização dos bens com culpa do devedor


poderá o credor exigir o equivalente em dinheiro ao ultimo bem deteriorado, sem
prejuízo de perdas e danos ou receber o ultimo bem deteriorado nos estado, sem
prejuízo de perdas e danos.

AULA-08 16/10/2018
Prof. Fábio Cáceres

CONSEQUÊNCIA DO INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA


QUANDO O DIREITO DE ESCOLHA É DO CREDOR:

Se houver a perda do objeto sem culpa do devedor, a obrigação estará


extinta. Se houver a perda de ambos objetos com culpa do devedor, como o direito de
escolha é do credor, ele irá escolher quais dos objetos ele deseja receber o
equivalente em dinheiro, mais eventuais perdas e danos que ele venha a sofrer.
Se houver a deteriorização de ambos os objetos sem culpa do devedor, o
credor pode optar pela extinção da obrigação, ou pode optar por receber o objeto no
estado em que se encontre, mais abatimento proporcional no preço. Se houver a
deteriorização de ambos os objetos com culpa do devedor, o credor pode neste caso
exigir o equivalente em dinheiro de um dos objetos, mais eventuais perdas e danos
que ele venha a sofrer. Se o credor, neste caso, ainda tenha interesse pelo bem
deteriorado, ele pode receber o bem deteriorado, mais eventuais perdas e danos.

CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS EM RAZÃO DA PERDA OU DETERIORIZAÇÃO,


QUANDO O DIREITO DE ESCOLHA, NA OBRIGAÇÃO DE ENTREGA DE COISA
CERTA, COM CARACTERISTA ALTERNATIVA É DO CREDOR:

Passa-se a analisar, neste tópico, as consequências da perda ou


deteriorização dos bens na obrigação com característica alternativa, quando o direito
21

de escolha é do credor.
Página

Se os bens se perderem sem culpa do devedor, a consequência jurídica


será a extinção da obrigação, com remessa das partes a situação jurídica anterior.
Entretanto, caso ocorra a perda dos bens com culpa do devedor,
considerando que o direito de escolha cabe ao credor, poderá ele (o credor) escolher
quais dos bens deseja receber o equivalente em dinheiro, mais perdas e danos
eventualmente experimentadas.
Agora, se o fenômeno for a deteriorização dos bens sem culpa do
devedor, o credor terá o direito de optar entre a extinção da obrigação, com a
remessa das partes a situação jurídica anterior, ou escolher um dos bens deteriorados
para recebê-lo no estado em que se encontra, com abatimento proporcional no preço.
Todavia, caso ocorra a deterioração dos bens com culpa do devedor, o
credor terá direito de escolher quais dos bens deteriorados ele deseja receber o
equivalente em dinheiro, sem prejuízo de perdas e danos. Ainda, pode o credor optar
por receber a sua livre escolha um dos bens deteriorados no estado em que se
encontra, sem prejuízo de perdas e danos.

ATENÇÃO!!

PERDA/DETERIORIZAÇÃO DE APENAS UM DOS BENS, NA OBRIGAÇÃO DE


ENTREGA DE COISA CERTA COM CARACTERÍSTICA ALTERNATIVA:

Se houver a perda de um ou alguns dos bens na obrigação alternativa,


cujo o direito de escolha seja do credor, teremos as seguintes consequências:

 Se houver a PERDA de um ou alguns dos bens SEM CULPA DO


DEVEDOR, o credor terá direito em postular a extinção da obrigação
ou optar por receber o bem preservado, com eventual abatimento
proporcional no preço, caso haja divergência de valor entre o
preservado e aquele (s) que foram perdidos.

 Todavia, caso a PERDA de um ou alguns dos bens COM CULPA DO


DEVEDOR, o credor terá direito em postular em receber o bem que
ainda subexiste, sem prejuízo de pedir perdas e danos, ou, exigir o
equivalente em dinheiro ao bem que se perdeu, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.
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 Se houver a DETERIORAÇÃO de um ou alguns dos bens SEM CULPA


Página

DO DEVEDOR, o credor poderá optar por receber o bem


remanescente, com eventual abatimento proporcional no preço, ou,
receber o bem deteriorado, também com abatimento proporcional no
preço, ou ainda, optar por extinguir a obrigação.

 Se houver a DETERIORAÇÃO de um ou alguns dos bens COM


CULPA DO DEVEDOR, o credor poderá optar por ficar com o bem
remanescente (sem deterioração), sem prejuízo de perdas e danos, ou,
poderá ficar com o bem deteriorado, sem prejuízo de perdas e danos,
ou ainda exigir o equivalente ao bem deteriorado em dinheiro mais
perdas e danos.

3 – DIVISÍVEL (art. 257 do CC): Na obrigação com o objeto divisível, o CC


estabelece no art. 257, que a obrigação que tenha por objeto coisa divisível,
presume-se dividida em obrigações distintas e autônomas, conforme a
quantidade de credores e/ou devedores.

É importante ressaltar que na obrigação divisível em que haja pluralidade


de credores e também devedores, que toda atenção no trato com essa obrigação é
recomendável.

Diz-se isso porque havendo pluralidade de credores e devedores em uma


mesma obrigação divisível, nos termos do art. 257 do CC, a obrigação presume-se
dividida, conforme a quantidade de credores e devedores.

Assim, como exemplo, podemos citar uma determinada obrigação em


que haja dois credores, dois devedores e um objeto de 20 mil reais. Nesse caso, tem-
se que cada credor faz jus a importância de 10 mil reais, sendo certo afirmar que cada
devedor tem que suportar um débito de 10 mil reais. Nessa esteira, é certo afirmar
que como são dois os credores, cada devedor terá que honrar com a importância de 5
mil reais com relação a cada um dos credores. Em suma, resta demonstrado no
exemplo acima que ocorrendo o pagamento de 5 mil reais por cada um dos
devedores a cada um dos credores, a obrigação será extinta na mais absoluta
normalidade, pois cada devedor desembolsará a quantia total de 10 mil reais, sendo 5
mil para cada credor como já dito.
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AULA-09 23/10/2018
Prof. Fábio Cáceres
Página
4 – INDIVISÍVEL (art.258 do CC): objeto não pode ser dividido.

O art. 940 do CC estabelece que aquele que demandar


por dívida já paga, no todo ou em parte, tem direito de receber da pessoa o dobro ou
aquele que demanda por valor além do devido, tem direito de receber o equivalente
ao que se está sendo cobrado.

Na obrigação indivisível o objeto não pode ser dividido.

Conceito: conforme nos revela a própria característica obrigacional,


obrigação indivisível é aquela cujo objeto não pode ser dividido, sob pena de
destruição. A cautela que se recomenda na obrigação que possuía essa característica
é a do devedor ter cuidado no cumprimento da obrigação, quando houver
multiplicidade de credores.

É que o CC estabelece para a extinção da obrigação, que o devedor


entregue o bem indivisível conjuntamente aos credores ou na impossibilidade de
entrega conjunta a todos, que então entregue somente ao credor que comparece para
receber exigindo desse (o credor que comparece) caução de ratificação da parte
correspondente ao outro credor.

Por fim, é importante consignar que se o bem indivisível se perder por


culpas do devedor, terá esse (o devedor) que suportar o equivalente ao bem
indivisível em dinheiro, mais eventuais perdas e danos. Nesse caso, o equivalente ao
bem em dinheiro deverá ser dividido proporcionalmente a quantidade de credores o
que revela uma mutação do objeto, já que de indivisível o objeto passa a ser divisível.

Perda do bem indivisível antes da tradição COM CULPA DO


DEVEDOR: os credores podem exigir os equivalentes correspondente a parte deles,
mas perdas e danos. Nesse caso, há uma mutação da obrigação indivisível e torna-se
divisível.
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5 - RESTITUIR:

Inicialmente, vale destacar que a obrigação de restituir não se confunde


com a obrigação de entrega de coisa, pois na primeira, o devedor devolve ao credor o
objeto, porquanto, na segunda o devedor entrega ao credor determinado bem que o
credor não tinha acesso. As consequências do descumprimento desta obrigação são
bastante semelhantes ao descumprimento de entrega de coisa certa. Se houver a
perda do bem sem culpa do devedor a obrigação estará extinta. Entretanto, se houver
a perda do bem com culpa do devedor, o credor poderá exigir o equivalente ao bem
mais eventuais perdas e danos.

Por outro lado, caso ocorra a deterioração do bem sem culpa do devedor,
o credor deverá receber o bem no estado sem dinheiro de perdas e danos, todavia,
caso ocorra a deterioração do bem com culpa do devedor, o credor poderá optar entre
receber o bem no estado mais eventuais perdas e danos ou exigir o equivalente ao
bem em dinheiro mais eventuais perdas e danos.

6 – SOLIDARIEDADE:

A solidariedade não se presume, resulta da lei ou da vontade das partes.

A solidariedade não se presume e deve nascer da vontade das partes ou


por determinação legal. Pode-se definir solidariedade como sendo um
compartilhamento de responsabilidade, tanto na administração do credito
(solidariedade ativa), como também no compartilhamento de responsabilidade no
debito (sol. Passiva), ou, por fim, compartilhamento de credito e debito, ocasião em
que há solidariedade múltipla/mista/plúrima, já que em uma mesma obrigação a
solidariedade ativa e também passiva.

Sub-rogação: quando um devedor paga a totalidade da dívida ele sub-


roga-se no direito do credor e pode receber do outro devedor o valor equivalente a
sua parte. Não há solidariedade na sub-rogação.
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Página
EXERCÍCIO PARA CASA:

Faça um contrato: João e Maria são casados no regime da separação de bens. No


ano de 2010 o casal optou por adquirir um imóvel localizado na rua das rosas, nº 30,
Bairro Moema, cidade de São Paulo-SP. O imóvel adquirido esta registrado no 3 CRI
de são Paulo sob a matricula 12.222, cuja a metragem e demais especificações
estão bem delineadas no documento.
O casal pagou pelo imóvel na época 2 milhões de reais, sendo certo afirmar que
João permutou com o vendedor do referido imóvel um outro imóvel no valor de 500
mil reais e desembolsou a importância de 500 mil reais. Maria efetuou o pagamento
da importância de 1 milhão de reais.
Atualmente o casal pretende vender o imóvel pelo mesmo valor ou seja, 2 milhões de
reais, para os compradores Mario, Bento, Chico e Jorge, todos investidores. Os
compradores pretendem liquidar o preço do imóvel em 8 parcelas de R$250 mil reais
cada,
Vale ressaltar que o casal vendedor não passa por um bom momento no casamento
e estão propensos a romper o matrimonio por meio do divorcio.
Na condição de advogado (a) dos vendedores elabore um contrato de compra e
venda, com o objetivo de bem proteger o direito dos seus clientes.

AULA-10 30/10/2018
Prof. Fábio Cáceres

RASCUNHO DA RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO:

Como João e Maria estão na iminência de se divorciarem, necessário não


confundir os direitos de cada um. Sendo 2 milhões um valor divisível ( João é credor
de 1 milhão e Maria é credora de 1 milhão). Como eles não estão bem não
poderemos por os dois vendedores como solidários. Cada devedor responde por 500
mil (sendo 250 mil para Maria e 250 mil para João).

É legal colocar uma cláusula expressa de solidariedade passiva dos


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compradores. Com isso o advogado irá proteger os clientes. Em caso de mora


Página

colocaria juros de 1% ao mês, multa moratória de 10% e atualização monetária.


Colocaria uma cláusula de reserva de domínio (o domínio só será transferido para os
compradores após liquidarem o preço total do contrato, e enquanto não ocorrer isso a
propriedade continuaria de João e Maria). Transferiria a posse imediata, mas não o
domínio.

A estrutura base das obrigações são: tempo, modo/forma, lugar. Em


regra geral o lugar da obrigação é o domicilio. Quando for o domicilio do credor o
nome dado é portable, e quando é do devedor é quebrável. Geralmente o credor é
que se movimenta para cobrar o devedor. O lugar de cumprimento da obrigação é o
domicilio do devedor. Ex: recebemos as cobranças em casa.

7 – EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

As obrigações extinguem-se pelos seguintes fatos:

a) ADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO:

É de amplo conhecimento que as obrigações possuem uma estrutura


base, sendo certo afirmar, que tal estrutura se ramifica em três vertentes. São elas:
TEMPO; MODO OU FORMA; e, LUGAR.

A estrutura do tempo está relacionada com a data de vencimento da


obrigação, ou ainda, a data de cumprimento da prestação (objeto).

A estrutura do modo ou forma está relacionada ao próprio objeto


obrigacional que é aquele pactuado pelo credor e devedor. Nessa toada, pode-se
afirmar que o credor não pode exigir do devedor objeto diverso do convencionado. No
mesmo sentido, o mesmo pode-se afirmar com relação ao devedor, já que ele
também não pode satisfazer a obrigação com objeto diverso do pactuado.

Por fim, a ultima estrutura do adimplemento da obrigação é o lugar do seu


cumprimento. Tradicionalmente, existem dois lugares para o cumprimento da
obrigação, sendo eles o domicilio do credor e ainda o domicilio do devedor. Quando a
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obrigação deve ser cumprida no domicilio do credor afirma-se que a regra é portable,
Página

também conhecida como portável. Por outro lado, quando a regra estabelece o
domicilio do devedor, afirma-se que a obrigação é quérable, ou também conhecida
como quesível.

Vale ressaltar que a regra geral é quérable (quesível), mas, nada impede
que as partes elejam o domicilio do credor, como lugar do cumprimento da obrigação.

Considerando que a obrigação é um instituto jurídico de natureza


transitória, seu termino pela extinção é certo. Sendo assim, o direito civil reserva um
capítulo para o tema extinção das obrigações. A extinção da obrigação pode ocorrer
de duas formas. São elas:

 Extinção direta/normal/natural
 Extinção indireta/anormal/especial

Ocorre a extinção direta quando a obrigação é satisfeita no tempo, no


modo e no lugar convencionados. Entretanto, o direito civil prevê hipóteses de
extinção da obrigação fora da sua curva natural, ocasião em que a extinção se dará
por uma das vias especiais previstas no sistema, cujo resultado prático será o
mesmo. São formas especiais de extinção da obrigação: novação, consignação,
imputação, dação, sub-rogação, remissão, confusão e compensação.

A.1) ADIMPLEMENTO DIREITO/NORMAL/NATURAL: ocorre quando o


devedor e o credor atingirem a satisfação no tempo, no modo e no lugar. É aquele
que se espera.

A.2) ADIMPLEMENTO INDIRETO/ANORMAL/ESPECIAL: ocorre quando


o devedor não consegue atingir a satisfação pelo modo compactuado. Ex:
CONSIGNAÇÃO, IMPUTAÇÃO NO PAGAMENTO, NOVAÇÃO, DAÇÃO, SUB-
ROGAÇÃO, REMISSÃO, CONFUSÃO, COMPENSAÇÃO.

 NOVAÇÃO – trata-se de forma especial de extinção da obrigação,


quando as partes mediante vontade inequívoca convencionam a extinção de uma
obrigação, mediante a criação de nova obrigação.
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Página
Como se vê novação é nova obrigação, cuja origem está na extinção de
obrigação pretérita.

Quando a nova obrigação mantiver o mesmo credor e o mesmo devedor,


alterando-se somente o objeto, tem-se que a novação é objetiva.

Todavia, caso a nova obrigação substitua a figura do credor, pode-se


afirmar que há novação subjetiva ativa. Entretanto, se a nova obrigação ensejar na
substituição do devedor, nesse caso, haverá novação subjetiva passiva. Vale
ressaltar, que a novação subjetiva passiva pode ocorrer de maneira voluntaria,
hipótese em que o devedor primitivo anui com a substituição, ou ainda, a novação
subjetiva passiva pode ocorrer por extromissão (expulsão), hipótese em que o
devedor primitivo é expulso da relação jurídica nova, sendo substituído por novo
devedor.

Na novação as partes extinguem a obrigação mediante a criação de uma


nova obrigação. Quando se muda o objeto da obrigação, chamamos de novação
objetiva. Para que haja a novação temos que ter a vontade inequívoca de criar uma
nova obrigação. É possível que na nova obrigação troque-se o credor ou devedor, o
que chamamos de novação subjetiva ativa (troca do credor) ou novação
subjetiva passiva (troca do devedor). Na novação subjetiva ativa é necessária a
anuência do credor primitivo. Se a substituição do devedor for voluntária, será uma
novação subjetiva passiva voluntária. Se essa substituição do devedor for contrária
a vontade dele, será novação subjetiva passiva por extromissão.

 IMPUTAÇÃO NO PAGAMENTO: Ocorre a imputação no pagamento


quando credor e devedor possuem mais de 1 obrigação, sendo que todas estão
vencidas. Nesse caso, o devedor deve imputar quais das obrigações pretende ver
extinta, caso a importância seja insuficiente para liquidar todas.

Se o devedor não imputar a obrigação que pretende ver extinta, tal tarefa
poderá ser exercida pelo credor, ocasião em que o credor deverá comunicar ao
devedor a obrigação que está sendo extinta pela imputação. Todavia, caso o devedor
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e o credor não imputem o pagamento, a lei prevê a imputação, estabelecendo que


Página

será considerada extinta a obrigação mais antiga. Se as obrigações tiverem


vencimento no mesmo dia, nesse caso, prevê a lei, que a obrigação imputada como
extinta, será a mais onerosa.

Por fim, na remota hipótese do devedor não imputar, nem o credor, sendo
certo que as obrigações tem vencimento no mesmo dia e que possuem os mesmo
encargos de mora, nessa hipótese, não há previsão legal para a imputação, porém,
os vetores de boa-fé e probidade contratual nos permite interpretar que qualquer uma
das obrigações poderá ser considerada extinta, já que não há nenhum prejuízo ao
credor e nem ao devedor.

AULA-11 06/11/18
Prof. Fábio Cáceres

 DAÇÃO EM PAGAMENTO: é uma forma especial de se buscar a extinção de


uma obrigação.
Diz-se isso porque sabemos que na estrutura obrigacional, há os elementos
tempo, modo/forma e lugar de cumprimento da obrigação. Na estrutura do modo ou
forma há o afloramento do objeto contratual, sendo certo afirmar que o credor não é
obrigado a receber objeto diverso do pactuado.

Com isso, consequentemente o devedor não pode buscar a extinção da


obrigação mediante a entrega de coisa diversa da convencionada.

Entretanto, mediante livre deliberação o credor e o devedor podem combinar a


extinção da obrigação, por entrega, pelo devedor, de objeto diverso do
convencionado, o que evidencia a utilização da extinção especial da obrigação,
mediante dação em pagamento.

 SUB-ROGAÇÃO: Trata-se de extinção especial do direito obrigacional, em que


alguém que liquida débito alheio e que passa a revestir-se da condição de
credor daquele ou daqueles que deveriam, em tese, ter honrado o débito.

Tal figura é bastante recorrente nas obrigações com natureza jurídica solidária, pois
sabe-se que o devedor solidário ao honrar a integralidade do objeto obrigacional
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acaba por sub-rogar-se na condição de credor dos demais co-devedores.


Página
 REMISSÃO: Ocorre quando o credor perdoa o devedor de sua dívida. É figura
especial que proporciona a extinção de obrigação, pois nela não se detecta a
normalidade extintiva de cumprimento de obrigação no tempo, modo/forma, e
lugar.
O que ocorre na remissão é o alcance do perdão proporcionado pelo credor ao
devedor.
É importante ressaltar, que havendo pluralidade de devedores, na hipótese de
um ou somente alguns dos devedores conquistar ou conquistarem a remissão, nesse
caso, haverá a redução proporcional do objeto obrigacional.
Explica-se:
Suponhamos que João seja credor da importância de 20 mil reais com relação
a Bento, Mario, Maria e Beatriz. Nesse caso, sabemos que mediante o objeto divisível
cada um dos devedores deve suportar o valor de 5 mil reais. Entretanto, o credor
concede remissão jurídica há devedora beatriz. Ora, considerando que beatriz deve a
importância de 5 mil reais corresponde a sua quota parte do debito total, tem-se que o
objeto obrigacional foi reduzido para 15 mil reais. Sendo adequado afirmar que os
demais devedores não atingidos pela remissão, ficam obrigados a suportar as suas
respectivas quotas partes da obrigação.

 CONFUSÃO: Ocorre quando se tem na mesma pessoa a figura do credor e


devedor. Trata-se de modelo especial e bastante peculiar de extinção da
obrigação, pois nessa figura extintiva há a reunião das figuras do credor e
devedor na mesma pessoa. Evidentemente, não é possível juridicamente que
uma pessoa seja credora dela mesma e é exatamente por isso que ocorre a
extinção da obrigação. Para melhor ilustrar o tema, constrói-se os seguintes
exemplos:

Ex1: o pai que empresta dinheiro ao filho único. Nesse caso na hipótese de
falecimento do pai, sabe-se que o produto da herança é transferido ao herdeiro filho e
exatamente por isso o filho passa a ser devedor dele mesmo. Em suma, nesse
exemplo, a obrigação estará extinta pela confusão.

Ex2: imagine hipoteticamente que 2 veículos colidem, sendo certo afirmar que o
condutor de um dos veículos teve culpa pelo acidente. O condutor inocente aciona o
seguro do seu veículo com a finalidade de obter a reparação do dano. A seguradora
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repara o dano. Sendo assim, a seguradora nutri desejo de propor ação de natureza
Página

regressiva em desfavor do condutor culpado. Todavia, a seguradora descobre que o


veículo do condutor culpado também é por ela assegurado, de modo que, processar
referido condutor implica em ter que reparar o dano do qual é credora. Nesse caso,
também há confusão, de modo que a obrigação creditória decorrente do direito
regressivo fica extinta.

 COMPENSAÇÃO: é forma especial de extinção da obrigação, pois, sua


utilização pressupõe que credor e devedor sejam credor e devedor um do
outro. Presente o pressuposto crucial de pluralidade de obrigações em que
credor e devedor são reciprocamente credores e devedores um do outro,
também se faz necessário, que as obrigações estejam vencidas; que sejam
exigíveis; que sejam fungíveis.

Se as obrigações não contiverem a mesma importância de modo que todas


possam ser extintas. A compensação se opera até o limite das quantias, ficando
nesse caso, existente saldo remanescente em beneficio a uma das partes. Vale a
advertência de que juridicamente não é possível compensar uma obrigação civil com
uma obrigação natural, pois falta a ultima obrigação o requisito da exigibilidade.

Caso prático: João é credor de Mario na importância de 50 mil, sendo certo


que a obrigação está vencida – obrigação civil. Ressalta-se que Mario também é
credor de João, mas na importância de 45 mil, também vencida, sendo certo que tal
obrigação é natural. Pode-se compensar as obrigações? Não

 CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO:
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