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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM CIÊNCIAS JURIDICAS

ISTHANNLLEY MARX DE ALMEIDA COSTA

NEGLIGÊNCIA, IMPERÍCIA E IMPRUDÊNCIA NA ESFERA CÍVEL

SÃO PAULO
2016
ISTHANNLLEY MARX DE ALMEIDA COSTA

NEGLIGÊNCIA, IMPERÍCIA E IMPRUDÊNCIA NA ESFERA CÍVEL

Trabalho de Conclusão de curso de pós Graduação em Ciências


Jurídicas da Universidade Cruzeiro do Sul em Cumprimento à
exigência para obtenção do Grau Especialista em Ciências
Jurídicas.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Garcia Vilardi

SÃO PAULO- SP
2016
Dedico este trabalho a Deus que permitiu que tudo pudesse ser
realizado, A minha Mãe Socorro de Almeida Costa, pelo apoio
incondicional em todos os momentos, e ao meu Pai Ivandro Costa
pela compressão e incentivo ao longo de minha trajetória.
Agradeço:
Ao Eterno Deus de Israel, “(...)porque aos seus
anjos dará ordem a teu respeito, para te
guardarem em todos os teus caminhos; Eles te
sustentarão nas suas mãos, para que não
tropeces(...)“ – Salmos 91:11,12;
A aqueles que habitam meu coração e que se
fazem presentes em minha vida, minha família
que tanto bem desejo;
Àqueles que cooperaram para que essa
oportunidade me fosse apresentada;
Ao meu orientador que, pacientemente,
conversou e compreendeu durante os dias que
levaram para a confecção desse artigo.
“A responsabilidade de todos é o único caminho
para a sobrevivência humana.” (Dalai Lama)

“Somos responsáveis por aquilo que fazemos, o


que não fazemos e o que impedimos de ser
feito.” (Albert Camus)

“Eu acredito que cada direito implica em uma


responsabilidade, cada oportunidade em uma
obrigação; e cada posse, um tributo.” (John
Rockefeller)
NEGLIGÊNCIA, IMPERÍCIA E IMPRUDÊNCIA NA ESFERA CÍVEL

Isthannlley Marx de Almeida Costa1

Prof.Dr.RodrigoGarciaVilardi2
RESUMO

Neste artigo procurou-se, através de uma pesquisa de cunho puramente


bibliográfico, com o cuidado da utilização de doutrina renomada e jurisprudência
pacífica, trazer a visão do leitor técnico e o comum, uma vislumbre geral da matéria
onde está inserido os conceitos de negligência, imperícia e imprudência, que é a
Responsabilidade Civil, apresentando suas duas correntes existentes, subjetiva, que
é regra, e objetiva que é exceção, e destrinchando as teorias em que se fundam e
seus elementos essenciais caracterizadores, dando, deste modo, uma visão
abrangente do que nos conduz ao tema principal das condutas culposas que se
apresentam como cerne deste artigo, dando bagagem suficiente ao leitor para
entender tais conceitos e exemplificações com uma organização mental pronta para
compreender o lugar destes na legislação, prevenindo com exemplos a confusão entre
os conceitos e por fim demonstrando como se aufere a indenização e as deficiências
e críticas que ainda se revelam nesta prática, chegando ao desfecho de um matéria
que ainda se constrói e evolui como é próprio e adequado ao Direito, que deve sempre
acompanhar a realidade social e atende-la.

Palavras-chave: Responsabilidade Civil, negligência, imperícia, imprudência, culpa,


dolo, ação e omissão.
________________________
1 Bacharel em segurança pública pela academia de polícia militar do cabo branco Situada na cidade
de Joao pessoa- PB no ano de 2015. Atualmente encontra-se na situação de Aspirante- oficial da
PMPB, exercendo a função de subcomandante da Força Operacional de Pronto Emprego Regional –
FOPER.
2 Mestre e Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco USP. Possui
especialização em Direito Penal pela Escola Superior do Ministério Público/SP, graduação em Ciências
Policiais de Segurança e Ordem Pública pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco e em Direito
pela Universidade Cidade de São Paulo É Oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo, e exerce
a função de professor do Centro de Altos Estudos de Segurança, da Academia de Polícia Militar do
Barro Branco, da Corregedoria da Polícia Militar e do curso de pós-graduação em Direito Militar da
Universidade Cruzeiro do Sul.

ABSTRACT

In this article we tried to, through a purely bibliographic nature of research,


careful use of renowned doctrine and settled case law, bring the vision for a technical
reader and the common reader, an overview of the field where the concepts of
negligence, clumsiness and recklessness were entered, which is the civil liability, with
its two sides, the subjective, which is the rule, and the objective, that is the exception,
unraveling the theories that the two are based and their essential elements
characterizing, giving thus a comprehensive view, what leads us to the main theme,
which is the culpable conducts that are presented as the core of this article, giving
enough luggage to the reader to understand these concepts with a ready mental
organization to understand the place of these subjects in the legislation, preventing,
with examples, confusion between the concepts and finally demonstrating how it
receives pratical application, pointing some criticisms, reaching the conclusion of a
subject that still builds itself and evolves, as is proper and appropriate to the law, which
must always accompany the social reality and meets it.

Key-words: Civil liability, negligence, incompetence, recklessness, guilt, deceit, action


and omission.
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INTRODUÇÃO

Ao nos depararmos com a tríade da negligência, imperícia e imprudência é


comum a associação feita entre tais pontos e o conceito de culpabilidade usado na
esfera penal, onde de fato eles ganha maior relevância, no entanto, os ramos civil e
penal não estão completamente dissociados, visto que os atos ilícitos geram
obrigação de reparar, ou seja, são englobados pelo que se nomeia responsabilidade
civil, a responsabilidade civil vem claramente disposta no Código Civil brasileiro que
seu artigo 927, aduz caber responsabilidade de indenização a aqueles que praticam
ato considerado ilícito e que causem dano a outrem.
Por muito se discutiu a respeito da subjetividade e objetividade dessa
responsabilidade, o que acabou por trazer inovações ao Código Civil de 2002 em
relação ao seu antecessor, fazendo com que a regra geral fosse da subjetividade mas
abrindo frente a aplicação específica da objetividade em casos específicos.
Tal evolução foi de grande importância para privilegiar a vítima e tornar mais
fácil a responsabilização em situações onde ocorriam prejuízos ao atingido pela
dificuldade da prova, se pode apontar como grande responsável por tal mudança a
chamada teoria do risco, embora o sistema tenha ganhado essa diferenciação, temos
que a regra geral continua sendo a da necessidade dos elementos constituidores, ou
seja, ação ou omissão, voluntária, nexo causal e dano.
Para melhor compreensão da matéria trazida abordaremos neste artigo tanto
os aspectos de evolução histórica, como a diferenciação de dolo e culpa, além da
culpa objetiva e subjetiva, somado as decorrências legais da negligencia, imperícia e
imprudência, objetivando sempre a apresentação abrangente e especifica da matéria
legal ao leitor, veremos no decorrer da explanação o grande uso e importância destas
determinações analisando o reflexo que tem na vida prática.

1. A FUNÇÃO DO DIREITO

Os chamados contratualistas, Hobbes, Locke e Rousseau, em suas diferentes


teorias a respeito da razão de o homem ter-se reunido em sociedade, confluem no
ponto de que, o contrato social é um pacto entre os homens e seu eleito líder para
que um ente, que posteriormente se chamaria de Estado, ofereça proteção em troca
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de impor regras de bom convívio, assim o homem ao aceitar dispor de parte de sua
liberdade de auto governar-se o faz esperando regramentos que o limitam mas o
protegem.
Desta forma, para estabelecer regramentos que rejam essa sociedade que
surge, e no intento de oferecer a proteção a que se busca e manter a coesão e ordem,
surgem o que nomeamos leis e direito. Temos, assim, que o Direito tem como função
primordial a proteção do cidadão e a manutenção da ordem social, proteção esta
contra outros internos, externos, e contra o próprio Estado, frise-se.
O Direito deixa claro a todos, através de suas leis, que há orientações que
devem e serão obedecidas sob pena de sanções, assim surgem o lícito e o ilícito.

2. RESPONSABILIDADE CIVIL E SEUS PRESSUPOSTOS

Como destacado acima o Direito vem para oferecer proteção, criar regras,
delimitar condutas, em suma, proteger o lícito e reprimir o ilícito, buscando preservar
a todos os que vivem em sociedade.
A responsabilidade civil parte do posicionamento de que todo aquele que viola
um dever jurídico e causa dano deve repará-lo, isto, porque, temos um dever jurídico
originário que é o de não causas dano a outrem e quando o fazemos nos encontramos
num dever jurídico sucessivo que é o da reparação. Há de se entender que existe
somente um grupo de fatos relevantes para o direito, dentre estes alguns se qualificam
como permitidos e outros como proibidos, mas somente os últimos serão tipificados,
pois neles estão potenciais problemas para a coesão e manutenção do pacto social,
a palavra responsabilidade vem do latim “respondere”, indicando portanto a obrigação
de responder pelos seus atos, tal tema é tratado no Código Civil em seus artigos 186,
187 e 927, como veremos.

2.1. AÇÃO E OMISSÃO

Antes de adentrarmos ao cerne da questão, é preciso entendermos e


diferenciarmos alguns conceitos jurídicos que levarão a construção dos pressupostos
da Responsabilidade Civil. Temos que o artigo 186 CC, que trata do tema, trás as
palavras ação ou omissão, assim comecemos por elas:
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Ação é uma conduta, um movimento corpóreo comissivo, ou seja, uma ação


voluntária que, no caso, produz um resultado que causa dano a outrem. Já a omissão
caracteriza-se por uma não ação, ou seja, a pessoa não faz nada quando poderia
fazer e, no caso, por sua inação causa dano a outrem.

2.2. DOLO E CULPA

Quando trabalhamos com os conceitos de negligência, imperícia e


imprudência estamos falando de ações culposas, no entanto, para entender a culpa é
necessário diferencia-la do dolo.
Assim temos que o dolo necessita do elemento da vontade, ou seja, é
necessário conduta, ou falta dela, voluntária com a intenção de atingir o resultado
danoso. Já a culpa, apesar de voluntária não se imbui da intenção, ou seja, a conduta
ou falta dela, não se direciona ao resultado, o agente culposo, pratica ato imbuído da
vontade da licitude, porém, por não tomar os devidos cuidados, que seriam exigíveis
do homem médio, ou semelhante naquela situação, no caso de condutas técnicas,
produz resultado danoso, que apesar de previsível, não era seu desejo. Nos
deteremos com mais detalhes ao elemento culpa no item 4 e seus subtítulos, onde se
aborda o tema principal deste artigo.

2.3. NEXO CAUSAL

O que chamamos de nexo causal nada mais é que a ligação entre causa e
efeito, ou seja, o que provocou aquele efeito. O nexo de causalidade é liame que une
a conduta do agente ao dano e constitui elemento essencial para a teoria da
responsabilidade civil, seja no sistema objetivo ou subjetivo, do qual falaremos mais
à frente.
Por muito tempo se discutiu o que poderia ser considerado elemento de nexo
de causalidade, e dessa discussão se originaram diversas teorias, tendo por fim
prevalecido a teoria da casualidade adequada, que entende que somente causas
relevantes para o resultado danoso são consideradas. Essa teoria vem
expressamente disposta no artigo 13 do Código Penal Brasileiro.
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2.4. IMPUTABILIDADE E EXCLUDENTES DE CAUSALIDADE

Quando mencionamos no item 2.1. A ação e a omissão, deixamos para fazer


uma ressalva em tópico separado, qual seja o da imputabilidade do agente, pois não
se pode imputar responsabilidade ao agente que não tenha condições psicológicas,
permanentes ou momentâneas, para entender as consequências dos seus atos ou a
falta deles. No entanto, diferente da esfera penal onde o inimputável não recebe pena,
mas medida de segurança, na esfera civil este só não tem obrigação de indenizar
caso o seu curador ou tutor tenha como arcar com a indenização, isto porque falhou
no seu dever de vigilância, no entanto, caso este não tenha condições o inimputável
responderá com as suas posses.
O nexo de causalidade também tem possibilidades de excludentes, tirando o
dever de indenizar, nos casos de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior
e culpa exclusiva de terceiro. Porém, há de se destacar que há certa resistência no
rompimento do dever de indenizar baseada nas excludentes causais no que se refere
a responsabilidade civil objetiva, isso baseado na teoria do risco.

2.5. DANO MATERIAL E IMATERIAL

O resultado do qual decorre o dever de indenizar é aquele que causa dano a


outrem, no entanto este dano pode ser material ou imaterial, como vemos no trecho
final do artigo 186 do CC:

Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito. (grifo nosso)

Podemos entender como dano material aquele que possui valor econômico,
não precisando ser necessariamente um dano causado a uma coisa, por exemplo
quebra ou danificação de um bem, mas também um dano causado a pessoa do qual
para se recuperar teve de despender dinheiro (dano emergente), e/ou aquele que
deixou de ganhar pelo lapso necessário para sua recuperação (lucro cessante). A
reparação ao dano pode ser feita, quando possível, “in natura”, ou seja, pode ser
substituído por coisa semelhante, ou “in pecúnia”, ou seja, em dinheiro.
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Já o dano imaterial é aquele que atingi a honra, imagem, liberdade, e psique


da vítima, o que não poderia ser compensado com nenhum valor em dinheiro, pois
tratam-se de bens personalíssimos, não passíveis de precificação, no entanto, usa-se
a reparação pecuniária como forma compensatória a vítima, um modo de satisfazer
minimamente o prejuízo imaterial causado pelo agente.
O dano imaterial é chamado de dano moral, e tem-se posicionamento
jurisprudencial recorrente que este não será devido por mero dissabor, tal
posicionamento dá margem a diversas críticas, visto que é muito difícil que se avalie
com justiça o que é dissabor e o que acaba por atingir com significância a psique da
vítima, além disso, os valores usualmente arbitrados em consequência de dano moral
costumam ser baixos, com raras exceções.

3. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E SUBJETIVA

Devemos atentar para o fato de que desde advento do Código Civil de 2002
temos no Direito Pátrio duas teorias de responsabilidade civil, sendo a primeira
subjetiva e a segundo objetiva.
A Responsabilidade Civil subjetiva já se encontrava no Código Civil de 1916,
e continua recepcionada pelo Código de 2002, sendo a regra geral. Esta
Responsabilidade se funda na teoria da culpa, ou seja, necessário ação ou omissão,
dolo ou culpa, nexo causal e dano, pressupostos dos quais tratamos até o momento.
A Responsabilidade Civil objetiva não existia no ordenamento Civil anterior,
mas veio recepcionada pelo CC/02, tipificando o que anteriormente se construiu na
doutrina. Esta Responsabilidade é exceção, se funda na Teoria do Risco e vem
disposta no parágrafo único do artigo 927 do CC:

Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente


de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem. (grifo nosso)

Há de se ressaltar que a Responsabilidade Civil objetiva surge com o CC/02


pela grande dificuldade em alguns casos de se provar a culpa do agente, prejudicando
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a vítima que tem direito claro mas que não consegue prova-lo. Deste modo a
Responsabilidade Civil objetiva pressupõe o dever de indenizar sem que seja
necessário a prova da culpa e invertendo o ônus da prova.

3.1. TEORIA DO RISCO

Para sustentar esta responsabilidade de caráter objetivo criou-se a Teoria do


Risco, a qual encontrou espaço não só no Código Civil, mas também na Constituição
Federal em seu artigo 37, parágrafo 6, além do Código de Defesa do Consumidor, na
Lei Ambiental, dentre outros.
No entanto, é importante frisa-se que ela não é regra, mas somente se aplica
a casos específicos dispostos legalmente, porém vem ganhando espaço para resolver
questões de danos com difícil produção de provas.
Tal teoria leciona que aquele que explora atividade que por si oferece risco a
outrem tem o presumido dever de indenizar. Mais uma vez podemos encontrar
paralelos entre o Direito Civil e Penal, visto que teoria semelhante se discute nos
estudos de Roxin, mas com consequências mais gravosas e modalidades diversas.
O artigo 927 CC não traz modalidades do risco mas estas vem na doutrina,
como veremos a seguir.

3.1.1. Risco Integral

No risco integral não existe preocupação com o nexo causal, ou elementos


pessoais, ainda que se trate de atos regulares exercidos no desempenho normal das
funções. Nesta modalidade, mesmo que houver culpa exclusiva da vítima ainda
haverá aplicação da responsabilidade.
Há divergência na doutrina sobre a adequação desta modalidade visto que
Hely Lopes Meirelles a considera extremada e abandonada na prática, pois considera
que esta conduziria ao abuso e iniquidade social, criticando a desconsideração das
excludentes de causalidade, fazendo com que o agente suporte qualquer prejuízo
causado mesmo que a culpa ou dolo decorra da própria vítima. Já Sérgio Cavalieri
Filho vem na direção contrária, reconhecendo a teoria mesmo sem a consideração
das excludentes de causalidade.
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Vemos a aplicação desta modalidade principalmente no que diz respeito a


responsabilidade civil por dano ambiental, que por entendimento do Superior Tribunal
de Justiça é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de
causalidade o fato aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato,
sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental,
excludentes de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar. Tal
questão é objeto de recursos repetitivos e vem amparado pela jurisprudência
majoritária e com orientação do Tribunal Superior mencionado em diversas decisões
dentre a exarada em Embargos Declaratórios em Recurso Especial 1.346.430-PR,
pela Quarta Turma do STJ, publicada no DJe em 14 de fevereiro de 2013.

3.1.2. Risco Administrativos

A modalidade do risco administrativo preceitua que nenhum particular deve


suportar o dano advindo de atividade voltada ao interesse social de uma coletividade,
assim não seria necessário provar a culpa do agente Estatal para que sobre ele
recaísse a responsabilidade, porém, diferente da modalidade do risco integral, nesta
é necessário que o dano sofrido e o nexo de causalidade estejam interligados com a
atividade pública.
Pelo ensinamento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, para que seja
efetivamente caracterizada a responsabilidade do Estado, prevista
constitucionalmente é exigido a ocorrência de seis elementos:
a) Que se trate de pessoa jurídica de direito público ou de direito privado
prestadora de serviços públicos; b) Que essas entidades prestem serviços públicos,
o que exclui as entidades da administração indireta que executem atividade
econômica de natureza privada; c) Que haja um dano causado a terceiro em
decorrência da prestação de serviço público; d) Que o dano tenha sido causado por
agente das aludidas pessoas jurídicas, o que abrange as categorias de agentes
político, administrativos ou particulares em colaboração com a Administração, sem
interessar o título sob o qual prestam o serviço; e) Que o agente, ao causar o dano,
aja nessa qualidade;
Assim, existem limites a responsabilidade do Estado decorrente do risco
administrativo, não podendo ser atribuída quando estiver presente excludentes de
causalidade, pela exigência dessa relação clara.
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3.1.3. Risco Proveito

A modalidade do risco proveito se funda na máxima romana “ubi


emolumentum ibi ônus”, que se traduz em “onde está o bônus deverá estar o ônus”,
ou seja, aquele que tira proveito ou vantagem do fator gerador do dano, ainda que
indiretamente, tem a obrigação de repará-lo. Esta modalidade da Teoria do Risco é
vista no Direito do Consumidor, principalmente quando aponta a responsabilidade
objetiva do fornecedor pelos produtos e serviços prestados.
Ensina Paulo Nader que pela modalidade do risco proveito o responsável
pelos prejuízos individuais ou transindividuais é quem se beneficia das atividades de
risco, sendo natural que o agente, a favor de quem todo um mecanismo é acionado e
lhe traz resultados favoráveis, repare os danos causados a outrem. Para melhor
entendimento lançaremos mão do uso de exemplos.
Se for colocada a venda por uma empresa farmacêutica um medicamente
para prevenir diabetes, mas este produto ainda estiver em teste, temos então uma
responsabilidade objetiva fundada na teoria do risco proveito.
Assim, colocar, simplesmente, em funcionamento uma atividade com fins
econômicos já faz com que surja o dever de reparar os danos que porventura ela
cause, sendo a obtenção de proveito econômico indispensável para a aplicação da
modalidade aqui exposta.

3.1.4. Risco Criado

A teoria do Risco criado é uma derivação da modalidade do risco proveito,


mas aqui não temos a necessidade inafastável do objetivo de obter proveito
econômico, assim por essa modalidade toda a atividade, econômica ou não, que seja
geradora de riscos, ou seja, onde o agente coloca-se em situação de risco somente
por exercer a atividade, estará obrigado a indenizar bastando a exposição ao dano.
Leciona Facchini Neto diz que nesta modalidade a ideia do rico perde o seu
aspecto econômico e pousa do exercício da atividade em geral, não sendo mais
necessário a atividade econômica empresarial ou industrial.
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3.1.5. Risco Profissional

Na lição de Caio Mario da Silva Pereira, o risco profissional é aquele que


obriga o empregador a reparar os danos causados a seus empregados, em
decorrência do trabalho ou em razão dele. Essa teorização veio para afastar o grande
número de acidentes não reparados. Esta modalidade ainda que independente de
culpa trás a ressalva de que admissível são os infortúnios decorrentes de atividade de
risco, pois o englobamento de todos os riscos, sem restrições, seria improdutivo.

3.1.6. Risco Social

Relacionando o princípio da dignidade da pessoa humana, a evolução do


biodireito e as transformações sociais, tem-se desenvolvido a modalidade do risco
social, que aduz que o foco da responsabilidade civil é a vítima, de modo que a
reparação civil passaria ao cargo da coletividade, assim o lesado nunca deixaria de
receber a justa reparação.
Esta modalidade intenciona a ampliação dos horizontes da responsabilidade
civil, com o objetivo de consolidar a solidariedade social, pois parte da afirmativa de
que temos uma sociedade propensa a causar danos a si mesma, e assim essa deveria
ter o dever de indenizar a vítima, já que nem sempre o agente é capaz de reparar o
dano que causa por ação ou omissão. Essa socialização dos riscos já se mostra nas
contratações de seguros para os riscos de responsabilidade civil, ainda que de forma
privada, bem como nos instrumentos que normatizam regras de segurança e
prevenção a danos, equacionando de forma social a conta gerada.
Assim, encerramos a explanação a respeito da Teoria do Risco e suas
modalidades que são de fundamental importância para a compreensão da
Responsabilidade Civil Objetiva. Agora, apresentado os pressupostos que compõe a
Teoria da Culpa da Responsabilidade Civil Subjetiva e a exceção da
Responsabilidade Civil Objetiva fundada na Teoria do Risco, e tendo, deste modo,
uma visão mais geral da matéria da qual faz parte nosso núcleo de discussão neste
artigo, passemos, finalmente, a ele e a sua detida explanação, a qual trata dos
elementos da culpa, ou seja, as condutas culposas em razão de negligência, imperícia
e imprudência, pois quem age culposamente age enquadrado em um desses pontos.
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4. NEGLIGÊNCIA, IMPERÍCIA E IMPRUDÊNCIA

Como dito anteriormente, a culpa é caracterizada pela conduta, ou falta dela,


que, apesar de atingir o resultado danoso a ele não se dirige, ao contrário, se pratica
ou deixa de praticar a conduta com a crença, verdadeira, de que não se produzirá o
dano. Lembrando que o elemento objetivo da culpa é o dever violado e o elemento
subjetivo é a imputabilidade do agente, que deve, em princípio ter discernimento.

4.1. NEGLIGÊNCIA

A negligência caracteriza-se pela falta de cuidado, falta de atenção ou


desleixo em determinada situação, tarefa ou ocorrência. É conduta majoritariamente
omissiva, onde o agente falha ao dever intrínseco de todo indivíduo a ser prudente,
omite-se ou não observa tal dever em sua conduta. Deste modo o negligente falha
aos cuidados normais que se espera do homem médio. Para melhor entendimento
façamos uso de alguns exemplos:
A. Suponhamos que a Prefeitura do município X esteja realizando obra no
Parque Municipal da cidade, e deixa a céu aberto um buraco de dimensões e
profundidade significativa, porém não sinaliza a área ou cobre o buraco, os agentes
creem que aquela área é pouco frequentada e que não haverá problema, no entanto
uma criança que ali frequenta está jogando futebol com seus amigos quando a bola
cai ao longe, ele é o escolhido para busca-la e correndo, não havendo qualquer
sinalização, cai dentro do buraco, sofrendo graves ferimentos.
B. Ainda, vejamos outra situação, uma babá, especialmente zelosa, em um
dia de grande agitação esquece-se de pôr o protetor de fogo da lareira, a criança de
que cuida está brincando, mas ela crê que esta se encontra em segurança, no entanto,
ao se distrair com seus afazeres deixa de atentar para a criança de que cuida, e esta
desloca-se para perto do fogo e se queima.
Dados os exemplos vemos que em ambos os casos os agentes agiram de
forma omissiva, ou seja, deixaram de praticar um ato que seria de prudência e cuidado
para o homem comum, mesmo que nas duas situações os agentes acreditassem com
verdade que sua falta de cuidado não resultaria em dano.
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Na primeira situação deveria ter sido feita a sinalização adequada da obra,


porém deixou-se de fazer por descuido, desleixo, deste modo a Prefeitura terá de
indenizar a vítima. Na segunda situação temos da mesma forma a crença da babá de
que a criança não se machucaria, mas tinha o dever de por cuidado a que se espera
utilizar a proteção da lareira, e ter atenção com a criança de que cuidava, no entanto
faltou com esses deveres, tendo também o dever de indenizar pelos ferimentos
causados a vítima.
Deste modo, como visto a negligência decorre da culpa pela falta de cuidado
e atenção que se esperava naquela situação específica e que seria possível ter a
expectativa de que o homem comum realizasse, cumprindo com seu dever de
atenção, e como não o fizeram, omitindo-se, acabam atingidas pela responsabilidade,
e assim pelo dever de indenizar.

4.2. IMPERÍCIA

A imperícia está relacionado ao desconhecimento, a falta de técnica ou


habilidade, a que se deveria ou supunha possuir. Ou seja, para que seja configurada
a imperícia é necessário constatar a inaptidão, ignorância, falta de qualificação
técnica, teórica ou pratica, ou ainda, a ausência de conhecimentos elementares e
básicos de uma atividade ou profissão.
Há de se ressaltar, que da mesma maneira o agente nesse caso crê que
pratica corretamente a ação, ou seja, é uma falta involuntária e não intencional mas
que acaba por levar a resultado danoso ao qual não se intentava ou acreditava-se
possível de ocorrência. Vejamos os exemplos:
A. Um atleta de arco e flecha, treinando para uma competição monta um alvo
de feno a certa distância do local onde está, no limite de sua propriedade, na
propriedade vizinha há outra residência onde se encontram no jardim obras de cristal
de elevado valor, no entanto, sendo um profissional do esporte, o atleta, crendo em
suas habilidades, dispara a flecha com a intenção de atingir o alvo posicionado, porém
erra, e atingi uma das esculturas de cristal da propriedade vizinha, avaliada em mais
de um milhão de reais, e a quebra em diversos pedaços.
B. Um médico cirurgião é contratado para realizar uma cirurgia de aorta em
um paciente, confiando em suas habilidades como cirurgião que é o médico realiza a
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cirurgia com os procedimentos necessários para o desentupimento da artéria, no


entanto, acaba fazendo um corte indevido, acreditando que era o correto, fechando o
paciente este vem horas depois a morrer em decorrência daquele corte feito de forma
indevida.
Vemos em ambos os exemplos apresentados que os agentes nas duas
situações são pessoas das quais se esperava conhecimento técnico adequado para
que ao praticar o ato não decorresse dele qualquer dano, no entanto, foram imperitos,
ou seja, lhes faltou os conhecimentos básicos a um atleta de arco e flecha e a um
médico, e esta falta de aptidão levou a que seus atos, mesmo que estes não
intencionassem, produzisse resultado danoso, o primeiro a propriedade e o segundo,
a vida. Assim, como visto para se caracterizar a imperícia é necessário a falha na
técnica, mas aquela que se podia esperar daquele que teoricamente deveria ter o
conhecimento inerente aquele procedimento.
Apesar de os maiores exemplos e ocorrências na prática se darem em razão
de imperícia médica, como vimos está não se aplica somente a esses profissionais,
mas a qualquer pessoa que devia ou supôs que tivesse conhecimento teórico, técnico
e aptidão para aquela função, situação ou conduta devendo indenizar.

4.3. IMPRUDÊNCIA

A imprudência se caracteriza por uma ação precipitada e sem cautela, quando


há o desprezo dos cuidados a que se deveria ter, porém diferente da negligencia ela
é majoritariamente comissiva, ligando-se ao agir.
Assim, o imprudente sabe do risco no ato praticado, mas o faz crendo
verdadeiramente na possibilidade de realização sem que haja nenhum prejuízo.
Usemos então os exemplos para melhor visualização do explanado:
A. Um condutor, sabendo da velocidade proibida, mas por ser tarde da noite
e as pistas estarem livres, imprimi em seu veículo automotor alta velocidade, bastante
acima da permitida no local e indicada pelas placas, no entanto, apesar de sua
conduta notadamente errada, crê o condutor que não produzirá nenhum efeito danoso
com sua conduta devido ao horário e não visualizar outros veículos na rua, por essa
razão além de correr ultrapassa sinais vermelhos nos cruzamentos e assim, no meio
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de seu caminho bate na lateral de outro veículo levando o motorista daquele a morte
e o carona a ter diversos ferimentos graves.
B. Um grupo de jovens amigos organiza uma reunião em uma boate e decidi
realizar alguns truques com fogo e malabarismo, eles tem conhecimento de que o
fogo é perigoso e o local é fechado, no entanto, acreditam verdadeiramente que nada
ocorrerá de danoso, mas somente um show que os divertirá e a seus amigos. Porém,
pela baixa altura do teto as labaredas acabam atingindo material inflamável e
causando grande incêndio no local, agitação, envenenamento e morte de vários dos
amigos do grupo que encontravam-se presentes, além de diversos feridos e acabando
com o local onde estavam reunidos.
Há de se ressaltar que em ambos os exemplos aqui apresentados também
decorreria uma aplicação sancionadora na esfera criminal, no entanto aqui tratamos
somente de suas consequências na esfera cível.
Muitos são os que confundem a imprudência com a negligência, mas como
pudemos observar existem nelas um ponto diverso essencial, que reside no fato de
que quem é negligente tem conduta omissiva, ou seja, deixa de praticar ato que
deveria praticar pelo zelo e cuidado que se esperava que tivesse, já no caso da
imprudência temos uma ação com falta de cautela, ou seja, existe um ato, uma pratica,
onde se agiu diversamente do que deveria ter feito em nome do cuidado a que se
esperava tivesse.
Assim, todos os elementos apresentados, que constituem o cerne dessa
explanação se ligam diretamente a culpa, aquele que age ou deixa de agir de forma
culposa se enquadra em um desses pontos, e deste modo com a produção do
resultado dano terá indenizar.
Aduz o artigo 944 e seu parágrafo único que mede-se a indenização pela
extensão do dano, este dispositivo vem por decorrência do principio da
proporcionalidade e razoabilidade, que costuma ser frequentemente relacionada a
administração, mas também é aplicável ao direito penal, civil, processual e etc, pois
como já dito o Direito é malha única.
Em complementação ao artigo exposto alhures, temos seu parágrafo único
que aduz que o juiz poderá reduzir equitativamente a indenização quando houver
excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano.
21

4.4. GRADUAÇÃO DA CULPA

Ensina-nos a doutrina pátria que existem graduação na culpa, podendo esta


ser grave, leve ou levíssima.
a. Culpa Grave:
Temos que a culpa será considerada grave quando houver o nível de atenção
necessária para que se evitasse o resultado danoso é aquele esperado do homem
médio, não se exigindo nenhuma atenção especial, ou grande dificuldade para que se
tivesse realizado a que se deveria, ou da maneira e cuidados corretos.
Ex: Sabendo que virá chuva de granizo o mecânico deixa o carro do cliente
ao ar livre crendo que ele não será danificado.
b. Culpa Leve:
A culpa será considerada leve quando a diligencia, cuidado, ou noção técnica
a que deveria ter sido empregada for a exigível de um pai cuidadoso, tal determinação
decorre do Direito Romano com sua máxima “bônus pater famílias”, ou seja, se exigiria
uma atenção mínima um pouco acima da média mas não uma especial atenção.
Ex: Um médico que caso tivesse dado a mínima atenção, uma atenção
ordinária, ao paciente e o observado poderia ter evitado o dano a este.
c. Culpa Levíssima:
Será considerado culpa levíssima quando para evitar-se o resultado danoso
fosse necessária uma atenção especial, razoavelmente acima da média.
Ex: Quem descarta bituca de cigarro acesso pela janela e acaba provacando
um incêndio.
Há de se ressaltar que a maioria dos juristas não dão grande importância a
graduação da culpa mas a extensão do dano.
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CONCLUSÃO

Diante de toda a exposição aqui trazida podemos concluir, primeiramente, que


o Direito é uma ciência que deve atender e acompanhar a sociedade, pois a sua
função é de regulação, tendo o seu poder decorrente do povo, que se sujeita as regras
em nome do antigo pacto social, para, assim, ter sua liberdade e proteção
resguardados. Deste modo, nada mais natural do que a norma exercer sua função
protetiva no seus diversos institutos.
E desta maneira o faz na Responsabilidade Civil, resguardando o lesado e
mostrando os dois lados sancionadores da norma, o primeiro de punir aquele que
causou prejuízo, e o segundo de mostrar a sociedade em geral as consequências de
tal ato, pois impõe ao causador do dano o dever de responder pelos seus atos e
indeniza-los na medida a que deu causa.
Pelo fato do Direito muitas vezes ser visto como estudo de alta complexidade
e detalhes, tentamos trazer a este artigo a linguagem mais simples, para fazê-lo
acessível ao público em geral, não se restringindo aos leitores técnicos. Há de se
ressaltar que está é uma preocupação que as vezes falta a área, restringindo o
alcance das produções textuais, as quais seriam de grande valia para a formação
geral da população, visto que o geral conhecer do Direito é essencial a cidadania,
para que todos saibam o que lhes compete pedir e o que lhes cabe cumprir.
Ao abordarmos a matéria da Responsabilidade Civil, tivemos a intenção de
explanar de forma completa os conceitos e teorias onde está inserido o tema principal
deste artigo que é o das condutas culposas da negligência, imperícia e imprudência.
Vemos como uma questão de suma importância não só o conhecimento dos
pormenores deste núcleo ao qual nos dedicamos a falar, mas também o seu entorno.
Deste modo, cremos que não bastaria ao leitor somente saber do que se trata
negligência, imperícia e imprudência se não fosse a ele esclarecido aonde se
enquadra sua existência, o que ela ajuda a compor e o porquê de decorrer de tais
condutas o dever de indenização. Ainda, para o complemento da explicação,
pontuamos algumas informações práticas relevantes ao tema, pois necessário ao
leitor conhecer como tais institutos vem sendo aplicados no dia-a-dia dos tribunais, ou
seja, como os magistrados e suas decisões tratam esses direitos. Não menos
importante, as críticas feitas, pois é a partir delas que pretendemos dar ao leitor o
entendimento de que nada é intocável como conceito, mas que sobre eles se deve
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refletir, formar entendimentos próprios e, também, outras críticas, para que, a partir
disto, seja possível a reinvindicação de mudanças do que se entende essencial para
a boa e efetiva aplicação das normas.
De suma importância, e também pontuado, é o conhecimento da teoria
paralela daquela em que se inclui o cerne da discussão, ou seja, não somente deve-
se conhecer a Responsabilidade Civil Subjetiva, mas também a Objetiva,
principalmente porque esta última vem sendo apontada como tendência desta
matéria, e aos poucos conquista espaços no debate e na aplicação.
Sob esse ponto, da expansão da aplicação objetiva da responsabilidade civil,
a vemos com ressalvas e preocupações. Temos observado a tendência geral, não só
na esfera civil, do punitivismo exacerbado, em outras palavras, a flexibilização das
garantias para abrir caminho para a sanção. No Direito Civil um exemplo dessa
flexibilização vem claramente presente na Responsabilidade Civil objetiva, pois,
embora facilite o alcance da lei em casos concretos onde a prova se fazia de difícil
produção, não pode ser aplicada de forma indistinta, visto que parte diretamente da
presunção da responsabilidade do réu, invertendo uma máxima do direito que afirma
a inocência até prova em contrário, sendo assim, é preciso que a aplicação desta
corrente seja feita de fato com cautela e em hipóteses de necessidade comprovada.
Extraímos do estudo das condutas culposas a percepção de um volume
grande de ocorrência destas, para aqueles que vivenciam o direito é impossível não
notar que tais condutas estão presentes em diversos casos concretos a que se tem
contato diariamente, e sem dúvida, a ocorrência tão frequente denota falhas
eminentemente humanas, pois se pudessem ser sintetizadas em um só termo
chegaríamos ao fato de que todas decorrem da falta de diligência, seja com a boa
observação da técnica, desde os estudos até a aplicação, seja pela falta de cuidado
na ação ou na omissão, por um lapso momentâneo ou um habito que acaba em certa
ocasião a tornar-se evento de maior dimensão que causa danos. A regulamentação
da responsabilidade reforça o dever de todos em sociedade de prezar pela boa
conduta, já que deve existir na organização social uma solidariedade orgânica, que
limita o direito individual ao não prejuízo do direito de outrem. Por fim, assim, evolui
e se constrói o Direito, através do estudo e discussão.
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