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Versão: Ago./2012
Sumário
1. O Traço .......................................................................................................................... 2
1
1 - O TRAÇO
2
1.2 - EXPRESSÃO DO TRAÇO DO CONCRETO
1 : a : b : a/c
onde:
1 => Primeiro termo que representa a Massa de cimento em relação à Massa de cimento
(Mc/Mc = 1);
a => Massa de areia em relação à Massa de cimento (Ma/Mc = a);
b => Massa de brita / Massa de cimento(Mb/Mc = b);
a/c => Massa de água em relação à Massa de cimento (Mágua/Mc = a/c).
Observação: Deve-se ter o cuidado para não confundir o significado da letra “a” quando
representando a proporção de areia do traço, com a letra “a” do parâmetro “a/c” que
representa a proporção de água e relação ao cimento.
1 : 3 : 5 : 0,5
No caso de se utilizar mais de um agregado miúdo (areia) e/ou mais de um agregado graúdo
(pedra britada ou seixo rolado) o traço é expresso do material mais fino para o mais grosso.
Por exemplo, 2 areias e 3 britas:
1 : a1 : a2 : b1 : b2 : b3 : a/c
obs.2: Exceto o primeiro termo do traço que é sempre 1, todos os outros são expressos com números contendo
duas casas decimais.
Denomina traço bruto “m”, ou traço não desdobrado, à proporção do agregado total (miúdo +
graúdo) em relação ao cimento. Por exemplo, quando dissemos que m = 3, temos um traço
1:3, e isso significa que para cada kg de cimento temos a utilização de 3 kg de agregado
total.
3
1.3 - CÁLCULO DA QUANTIDADE DE CIMENTO DO CONCRETO
Sabemos que um certo volume de concreto é o resultado da soma dos volumes absolutos
de seus constituintes, isto é, do cimento, areia (agregado miúdo), brita (agregado graúdo) e
água. Também sabemos que em 1 m3 temos 1000 dm3. Logo podemos escrever:
Sabemos ainda que a massa específica de um material é por definição a sua massa dividida
pelo seu volume absoluto. Logo o seu volume é a massa dividida pela massa específica ou
seja:
M M
se: ρ= , então: V = (2)
V ρ
Mc Ma Mb M água
+ + + = 1000 (3)
ρc ρa ρb ρ água
Mc Ma Mb
+ + + M água = 1000 (4)
ρc ρa ρb
Usando o artifício de dividirmos ambos os lados pela massa de cimento (Mc), pois
trabalhamos com traços, que são proporções em relação à massa de cimento, temos:
Mc Ma Mb M água 1000
+ + + = (5)
M c .ρ c M c .ρ a M c .ρ b Mc Mc
Vemos na equação resultante até aqui as relações sobre a massa de cimento que no traço
representamos por:
1 a b 1000
+ + + a/c = (6)
ρc ρa ρb Mc
4
1000
Mc = (7)
1 a b
+ + +a/c
ρc ρa ρb
1000
C= (8)
1 a b
+ + + a/c
ρc ρa ρb
Na fórmula (8) não foi considerado nenhum teor de ar incorporado ao concreto, que em
concretos plásticos normais se situam por volta de 20 dm3 por m3 de concreto. Para
obtermos uma fórmula que considere o volume de ar incorporado ao concreto temos que
fazer:
1 a b 1000 − Var
+ + + a/c = (12)
ρc ρa ρb Mc
1000 − Var
Mc = (13)
1 a b
+ + + a/c
ρc ρa ρb
1000 − Var
C= (14)
1 a b
+ + + a/c
ρc ρa ρb
5
1.4 - CÁLCULO DAS DIMENSÕES DAS PADIOLAS
Padiolas são recipientes utilizados para a dosagem dos agregados em volume unitário
quando não é possível fazê-lo em massa. É utilizado para a dosagem de concretos, em
obras de menor responsabilidade. A padiola pode ser construída em madeira, compensado
ou aço, podendo ser feita para ser carregada por dois operários, ou montada sobre rodas
(estrutura semelhante à de carrinhos de mão), para poder ser transportada por somente 1
operário. Neste caso, montada sobre rodas, é preciso estar utilizando betoneira com
carregador, que permite a construção de uma pequena rampa para o acesso da padiola
sobre rodas.
No caso de padiola de padiola sobre rodas, a seção vertical que corta longitudinalmente a
padiola forma um trapézio como mostrado na figura abaixo, para facilitar o escoamento do
agregado para o carregador da betoneira.
Vista superior
e = 40 cm
Corte vertical
h = 35 cm
Li 15 cm
Ls
Para se obter uma fórmula para o cálculo da altura da padiola sobre rodas, sendo a variável
volume da padiola Vpad em dm3 e a medida de comprimento Li em dm, temos:
simplificamos temos:
Finalmente obtemos:
V pad − 10,5
Li = (sendo Li em dm) (20)
14
6
Se quisermos o valor de Li em centímetros, que é a unidade de medida usada pelo
carpinteiro, é só multiplicar o resultado da equação (20) pelo número 10.
A dimensão da seção horizontal de uma padiola para carregamento por dois operários
geralmente é de 45 x 35 cm, sendo a altura variável conforme o volume necessário para a
dosagem do traço. Uma padiola deve ser dimensionada para uma massa de agregados não
superior a 70 kg qualquer que seja o tipo de padiola.
1.5 - EXERCÍCIOS
Para resolução das questões, utilizar as características físicas dos materiais a seguir
indicadas.
II - Utilizando o traço acima, que volume de fôrmas se encherá com o concreto de uma
betonada em que se utilizam 3 sacos de cimento ?
VI - Uma obra solicitou 6 m3 de concreto a uma central. Quais as quantidades dos materiais
colocadas no caminhão betoneira para atender ao traço 1 : 2,0 : 3,5 : 0,5 (cimento, areia
fina, brita 0, água) ? obs.: Os materiais na central são medidos em massa úmida.
VII - Para os materiais medidos em volume, quais as dimensões das padiolas com seção
paralelepípeda e trapezoidal, para betonadas de 2 sacos de cimento, a serem
confeccionadas para o uso do traço acima (questão VI) ?
X - Dado o traço de concreto 1 : 2,15 : 1,85 : 2,80 : 0,62 (cimento, areia grossa, brita 0, brita
1, água), pede-se calcular a quantidade em massa dos materiais (agregados e água) a
serem colocados numa betoneira de 2 (dois) sacos de cimento, considerando:
a) Os agregados secos;
b) Os agregados na condição do canteiro.
XI - Para o mesmo traço do item anterior pede-se a quantidade dos materiais em volume,
considerando-se as condições do canteiro.
XII - Na fabricação de um concreto de traço (em massa de materiais secos) expresso como
1 : 2,20 : 4,50 : 0,60 (cimento, areia fina, brita 2, água) verificou-se que o concreto produzido
não correspondia ao volume esperado. Por um lapso, o encarregado não levou em
consideração a umidade e o inchamento dos materiais. Determine:
a) Qual o traço realmente utilizado se os materiais foram medidos em massa?
b) Qual o traço realmente utilizado se os materiais foram medidos em volume?
XIII - Qual o traço verdadeiro adotado (em massa de materiais secos) sabendo-se que os
materiais úmidos no canteiro foram:
- 2 sacos de cimento;
- 220 kg de areia grossa;
- 150 kg de brita 1;
- 250 kg de brita 2;
- 40 litros de água.
I - 360 sacos de cimento; 33,2 m3 de areia grossa úmida (26,1 m3 seca); 15 m3 de brita 0;
31,8 m3 de brita 2.
III - 7 betonadas.
VI - 2112 kg de cimento; 4.414 kg de areia fina; 7.451 kg de brita 0; 807 litros de água.
VII –
Padiola de seção paralelepípeda:
Areia fina (3 padiolas) => L = 45 cm x e = 35 cm x h = 36,7 cm
Brita 0 (5 padiolas) => L = 35 cm x e = 40 cm x h = 32,2 cm
VIII - 1509 sacos de cimento; 109 m3 de areia fina; 38 m3 de brita 1; 125 m3 de brita 2; 38 m3
de água.
IX - 33 sacos de cimento; 2.805 dm3 de areia; 1.742 dm3 de brita 1; 2.739 dm3 de brita 2; 726
litros de água.
X e XI
material traço correto material seco material nas condições de canteiro
massa úmida volume úmido
cimento 1 2 sacos 2 sacos 2 sacos
areia grossa 2,15 215 kg 222,5 kg 179,6 l
brita 0 1,85 185 kg 186,5 kg 134,1 l
brita 1 2,80 280 kg 282,2 kg 200,0 l
água 0,62 62 l 50,8 l 50,8 l
XII
a) 1 : 2,10 : 4,50 : 0,70
b) 1 : 1,69 : 4,50 : 0,68.
9
2 - OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES DAS LEIS FUNDAMENTAIS
Y3
D3 Y = a.X + b
X
X1 X2 X3
S xx = Σ in=1 ( X i − X ) 2
S xy = Σin=1 ( X i − X ).(Yi − Y )
S xy
a=
S xx
b = Y − a. X
Y = a. X + b
10
Para auxiliar a tarefa de encontrar os valores de X , Y , S xx e S xy , constrói-se uma tabela
seguindo o modêlo abaixo:
1
2
3
4
5
6
7
8
M
n
X Y S xx = Σin=1 ( X i − X ) 2 S xy = Σin=1 ( X i − X ).(Yi − Y )
Resultados
Exercício de fixação:
Uma empresa produtora de blocos de concreto celular localizada na cidade de São Paulo
possui uma rede distribuidora por todo o interior do Estado. Realizou um estudo para
determinar qual a função que liga o preço do produto ao consumidor e a distância do
mercado consumidor da cidade de São Paulo. Os dados são os seguintes:
Preço
Yi 36,00 48,00 50,00 70,00 42,00 58,00 91,00 69,00
(R$/bloco)
Distância
Xi 50 240 150 350 100 175 485 335
(Km)
a) Estimar a reta de regressão para representar essa relação. (Resp.: p = 30,19 + 0,12.d)
b) Com base na equação da reta encontrada estime o preço ao consumidor numa nova
“praça” situada a 420 Km de São Paulo. (Resposta: R$ 80,58)
c) Calcule e organize em uma tabela os erros de previsão de cada praça.
11
2.2 - LEI DE ABRAMS
fc
K1
fc = a/c
K2
a/c
K1
fc = a/c
K2
K1
log f c = log a/c
K2
log f c = log K 1 − log K 2
a/c
Y a X b
12
Para obter a equação de Abrams particular fazemos uma regressão linear entre “log fc” e
“a/c” obtendo-se “a” e “b” como coeficientes da reta.
Se:
a = − log10 K 2
log K 2 = − a
K 2 = 10 − a
Então:
1
K2 =
10 a
Se:
b = log 10 K1
então:
K 1 = 10 b
log K 1 − log f c
a
c =
log K 2
Exercício resolvido:
Y a X b
a/c fc log fc
(MPa)
13
Ponto X Y (X − X ) (X − X )2 (Y − Y ) ( X − X ).(Y − Y )
X Y S xx = Σ( X − X ) 2 S xy = Σ( X − X ).(Y − Y )
Resultados
0,5533 1,4427 0,0420 - 0,0404
S xy 0,04040
a= =− = −0,9619
S xx 0,0420
- log K2 log K1
K 1 = 10 b = 101,9749 = 94,38
1 1
K2 = a
= −0,9619 = 9,16
10 10
94,38
fc =
9,16 a / c
14
2.3 - LEI DE LYSE
Petrucci, baseado em Inge Lyse, estabeleceu afirma que . . . “para concretos plásticos de
mesma consistência, feitos com os mesmos materiais, a quantidade total de água por
unidade de volume é constante, independente do traço”.
Abatimento constante
Cimento Cimento
argamassa
Cimento
Areia
Areia Areia
Brita
Brita Brita
Obs.: Na figura 4 o termo plástico significa capacidade da mistura fresca ser deformada sob ação de uma
força externa. A maior plasticidade das misturas mais ricas é conseqüência da redução do atrito interno.
15
De acordo com a Lei de Lyse, para um determinado abatimento do concreto, o teor de água
a ser utilizado para sua elaboração depende das características particulares do cimento e
agregados utilizados. Essa regra também vale para concretos com aditivos plastificantes
desde que o teor de aditivo em relação ao teor de cimento seja mantido constante.
Denomina-se Teor de Água do Concreto, representado pela letra “H”, o valor da relação
“massa de água / massa de materiais secos” presentes na mistura. Assim sendo:
M água
H=
(M c + M a + M b )
obs.: Alguns autores preferem expressar o “H” em porcentagem da massa de
materiais secos. Para isso esse valor é multiplicado por 100%. O “H” também é
chamado por alguns autores de umidade da mistura.
Como:
M água Ma Mb
a
c = , a= , b=
Mc Mc Mc
Logo:
( a c ).M c
H=
( M c + a.M c + b.M c )
M c .( a c )
H=
M c .(1 + a + b)
Como o traço “m” é a soma das proporções de areia “a” e brita “b” em relação ao cimento,
ou seja:
m = a+b
Logo:
(a c )
H=
(1 + m)
Considerando “H” constante como afirma a Lei de Lyse e fazendo “m” como função de “a/c”
temos:
(a c )
1+ m =
H
(a c )
m= −1
H
1 a
m= .( c ) − 1
H
16
1
Chamando: K4 = e Fazendo: −1 = K3
H
m = K 4 .( a c ) + K 3
Y a X b
Molinari obteve uma equação que correlaciona o consumo de cimento por m3 de concreto
“C” com o traço bruto “m”, desde que as várias misturas de traços distintos possuam mesmo
abatimento e tenham sido dosados com o mesmo cimento e agregados. A equação tem a
seguinte forma:
10 3
C=
K 5 + K 6 .m
Essa equação é muito útil em estudos de dosagem pois permite obter o consumo de cimento
para qualquer traço desejado entre o intervalo de misturas do estudo. Para obtenção dos
valores numéricos K5 e K6 é necessário linearizar a equação para colocá-la na forma linear
(equação de uma reta), permitindo assim o uso do Método dos Mínimos Quadrados. Para
isso fazemos:
10 3
K 5 + K 6 .m =
C
10 3
= K 6 .m + K 5
C
Y a X b
17
3 - MÉTODO DE ESTUDO DE DOSAGEM DO IPT / EPUSP
3.1 - Fundamentos básicos do método
k1
f cj = a/c
k2
II – LEI DE LYSE (adaptada => k3 ≠ -1): Para um certo conjunto particular de materiais, a
consistência do concreto, medida pelo abatimento do tronco de cone, é função da relação
água/materiais secos “H” (em porcentagem) e é independe do traço seco (1:a:b).
m = k 4 .( a c ) + k 3
III – TEOR IDEAL DE ARGAMASSA SECA: Para um certo conjunto particular de materiais,
existe um teor ideal de argamassa seca “α” (em relação unitária) que é independente do
traço (ou da resistência requerida).
(1 + a)
Por definição: α =
(1 + m)
1000.ρ cf 1 a b a
C= e Teor _ de _ ar _(%) = 100 − 0,1.C. + + +
c
(1 + a + b + c ) ρc ρ a ρb
a
1000
C=
k 5 + k 6 .m
3.3 - Dados Preliminares Necessários (para se fazer uma estimativa da relação água/materiais secos
“H” e do teor ideal de argamassa seca “α” antes da determinação experimental desses parâmetros)
Abatimento (mm)
Elemento estrutural
Pouco armada Muito armada
Laje ≤ 60 + 10 ≤ 70 + 10
Viga e parede armada ≤ 60 + 10 ≤ 80 + 10
Pilar do edifício ≤ 60 + 10 ≤ 80 + 10
Paredes de fundação,
≤ 60 + 10 ≤ 70 + 10
sapatas, tubulões
observação.: Para aceitação do concreto na obra utiliza-se esses limites de + 10 mm. Entretanto, no Estudo
de Dosagem feito em laboratório, é possível e recomendável utilizar-se de uma faixa menor de
aceitação, de + 5 mm.
19
3.6 - Determinação da composição ideal entre agregados graúdos
- Considera como sendo a melhor composição aquela que produz o maior da massa unitária
no estado compactado seco
3.7 - Determinação experimental do teor ideal de argamassa seca de uma mistura com
30 kg de agregado graúdo
20
Tabela contendo os traços em função do teor ideal de argamassa encontrado
Teor de Traços desdobrados a partir dos traços brutos 1:3,5 , 1:5,0 e 1:6,5
argamassa 1:a:b
(%)
1:3,5 1:5,0 1:6,5
35 1 : 0,58 : 2,92 1 : 1,10 : 3,90 1 : 1,63 : 4,87
37 1 : 0,67 : 2,83 1 : 1,22 : 3,78 1 : 1,78 : 4,72
39 1 : 0,76 : 2,74 1 : 1,34 : 3,66 1 : 1,93 : 4,57
41 1 : 0,85 : 2,65 1 : 1,46 : 3,54 1 : 2,08 : 4,42
43 1 : 0,94 : 2,56 1 : 1,58 : 3,42 1 : 2,23 : 4,27
45 1 : 1,03 : 2,47 1 : 1,70 : 3,30 1 : 2,38 : 4,12
47 1 : 1,12 : 2,38 1 : 1,82 : 3,18 1 : 2,53 : 3,97
49 1 : 1,21 : 2,29 1 : 1,94 : 3,06 1 : 2,68 : 3,82
51 1 : 1,30 : 2,20 1 : 2,06 : 2,94 1 : 2,83 : 3,67
53 1 : 1,39 : 2,11 1 : 2,18 : 2,82 1 : 2,98 : 3,52
55 1 : 1,48 : 2,02 1 : 2,30 : 2,70 1 : 3,13 : 3,37
57 1 : 1,57 : 1,93 1 : 2,42 : 2,58 1 : 3,28 : 3,22
59 1 : 1,66 : 1,84 1 : 2,54 : 2,46 1 : 3,43 : 3,07
61 1 : 1,75 : 1,75 1 : 2,66 : 2,34 1 : 3,58 : 2,92
63 1 : 1,84 : 1,66 1 : 2,78 : 2,22 1 : 3,73 : 2,77
65 1 : 1,93 : 1,57 1 : 2,90 : 2,10 1 : 3,88 : 2,62
21
4 – A CURVA DE GAUSS
Fenômenos naturais representados por variáveis aleatórias de tendência central possuem
boa aderência à Curva de Gauss. A resistência à compressão do concreto é um fenômeno
aleatório natural de tendência central, portanto, a Curva de Gauss é uma boa ferramenta
matemática para avaliação de riscos. Mas, primeiramente, é importante definir alguns
conceitos. Então vamos lá:
- Fenômeno natural: todo fenômeno governado por leis da natureza, ou seja, leis da física e
da química. Por exemplo: velocidade das moléculas de água dentro de um copo, altura das
pessoas, peso das pessoas, resistência do concreto, etc. Fenômeno não natural (ou social)
é todo aquele governado por decisões humanas. Por exemplo: Salário de presidentes de
empresas privadas, riqueza pessoal, taxa de suicídios entre adolescentes, etc.
- Variável aleatória: toda variável cujas alterações são resultantes da influência de vários
fenômenos agindo de modo independente ao mesmo tempo.
- Variável de tendência central: toda variável cujos valores tendem para um valor médio
sendo os desvios, em relação à média, na maioria das vezes relativamente pequenos.
44
22
18
8
5
1 2
Figura 1 – Distribuição do número de alunos de uma classe com 100 exemplares conforme a altura
22
Veja que, sendo a altura uma variável aleatória natural de tendência central, a maioria dos
alunos (44 %) possui altura entre 161 e 170 cm, intervalo que também deve conter o valor
médio da altura dos alunos. Observe também, pelo mesmo motivo, que não há nenhum
aluno com altura de na faixa de 1 milímetro ou com 10 km de altura. Em fenômenos não
naturais (sociais), como por exemplo, fenômenos econômicos, distribuições alargadas são
muito comuns.
Note que, quanto menor o intervalo, menor a porcentagem relativa do mesmo. Numa
distribuição com intervalos infinitesimais (contínua), a porcentagem de cada intervalo é
também infinitesimal e, desse modo, perde o sentido físico. No entanto, numa distribuição
com intervalos infinitesimais podemos, ao invés de perguntar o número de eventos dentro
daquele intervalo infinitesimal (que é aproximadamente zero), podemos perguntar qual o
número de eventos que está compreendido entre um conjunto de intervalos infinitesimais.
Por exemplo, qual o número de alunos com altura de no máximo 150 cm? Repare que na
figura 2 cada quadrado representa um exemplar, ou seja, um aluno. Logo a soma das
alturas das colunas dos intervalos que contêm os exemplares que satisfazem os quesitos da
23
pergunta corresponde ao número de alunos, e a resposta é 6, ou seja, como a amostra
possui 100 alunos, 6 % do número total de alunos possuem altura de no máximo 150 cm.
O exemplo da figura 2 foi proposto com uma amostra de 100 exemplares para facilitar a
compreensão. Entretanto, se a amostra tivesse, por exemplo, 200 exemplares, a curva teria
a mesma forma, a diferença é que seriam 200 quadrados, cada um deles representando um
exemplar. Do mesmo modo a amostra poderia ser formada por 758 exemplares e abaixo da
curva seriam então 758 quadrados, cada um representando um exemplar, ou qualquer outro
número. O que se pode perceber é que a área total abaixo da curva é formada pela soma de
todos os quadrados (toda a amostra), cada quadrado representando um exemplar. A
contagem do número de quadrados em um certo intervalo, dividido pelo total de exemplares,
vezes 100, dá a freqüência de valores nesse intervalo.
Em função dessa interpretação, ao invés de plotarmos a altura das colunas como número de
exemplares, podemos plotá-las em termos de porcentagem da amostra (freqüência), ou
como relação unitária, o que é mais comum. Desse modo, se a freqüência em um certo
intervalo (coluna ou soma de colunas) for, por exemplo, 0,23, isso significa que 23 % dos
eventos se dão com valores dentro de tal intervalo. A soma das freqüências de todas as
colunas de um mesmo gráfico dará sempre 1, ou seja, 100 %. Observe que até agora
estamos falando somente de gráficos de colunas.
( x − µ )2
1 −
f ( x) = e 2σ 2
σ 2π
onde:
f(x) = densidade de probabilidade (1) de eventos de valor x
µ = média da população;
σ = desvio-padrão da população.
(1)
Observação: Densidade de probabilidade não é o mesmo que
probabilidade (freqüência). Não há um sentido intuitivo para essa variável. A
probabilidade (freqüência) de ocorrência de eventos de valores dentro do
intervalo entre x e x + ∆x é de aproximadamente f(x).(x + ∆x), ou seja, a área
abaixo da curva entre x e x + ∆x.
Veja como é simples. Basta conhecer a média de uma população e sua tendência de desvio
em relação à média para podermos construir uma equação matemática que descreve a
ocorrência de eventos em qualquer intervalo não muito distante da média. Ou seja, basta o
valor da média e do desvio-padrão para podermos calcular probabilidades, calcular os riscos
de ocorrência de eventos indesejáveis. E melhor, não é preciso um número elevado de
dados para construir a equação. Com uns poucos resultados tem-se uma boa aproximação.
Quanto maior o número de dados melhor será a equação que descreve um fenômeno
24
particular. Com 30 resultados (tamanho de uma amostra) a precisão se torna praticamente
igual àquela conseguida com todo o universo (todos os eventos de um fenômeno analisado).
A Curva de Gauss não surgiu por acaso. Os matemáticos (não foi somente Gauss)
procuravam por uma equação que tivesse a forma de sino e que pudesse descrever a
distribuição estatística dos valores de um fenômeno aleatório a partir de sua média e de sua
tendência de desvio em relação à média. Conseguiu-se encontrar uma equação
relativamente simples, particularizada através da média “µ” e do índice “σ” que é função da
dispersão dos valores. Verificou-se que o índice “σ” poderia ser obtido a partir de uma
amostra que tivesse pelo menos de 30 resultados usando a seguinte equação:
( x1 − x ) 2 + ( x 2 − x ) 2 + ( x3 − x ) 2 + L + ( x n − x ) 2
σ=
n
onde:
x1 , x 2 , x3 , L, x n = valores de cada exemplar;
x = valor médio;
n = número de exemplares.
( x1 − x ) 2 + ( x 2 − x ) 2 + ( x3 − x ) 2 + L + ( x n − x ) 2
S=
n −1
A figura 3 mostra como o gráfico da função densidade de probabilidade pode ser utilizado
para cálculo de probabilidades. Note que para um certo fenômeno de média “µ” a
probabilidade de ocorrência de eventos com valores entre µ-2σ e µ+2σ é de 95,4%, pois a
área abaixo da curva entre esses valores de x é de 95,4 % da área total abaixo da curva que
representa a totalidade de eventos. Por exemplo, imagine que a média de altura de alunos
seja 170 cm e o desvio-padrão das alturas seja de 10 cm. Então, podemos afirmar que 95,4
% dos alunos possuirão alturas entre 150 e 190 cm. Ou podemos afirmar que somente 4,6
% dos alunos (100 % - 95,4 %) possuem alturas menores que 150 cm (µ-2σ) e maiores que
190 cm (µ+2σ). Ainda que somente 2,3 % dos alunos (4,6 % ÷ 2) possuem alturas menores
que 150 cm ou que somente 2,3 % dos alunos possuem alturas maiores que 190 cm. Do
mesmo modo podemos dizer que 68,3 % dos alunos possuirão alturas entre 160 cm (µ-1σ) e
180 cm (µ+1σ). Essa é uma propriedade da Curva de Gauss, não importa se a tendência de
desvio do fenômeno, em relação à média, é pequeno ou grande.
25
A figura 4 (a) mostra duas distribuições com médias diferentes, mas de mesmo desvio-
padrão. Poderia ser, por exemplo, a distribuição dos alunos do sexo feminino cuja média
seria µ1 e dos alunos do sexo masculino cuja média seria µ2. Em média os dois grupos,
separados por sexo, possuem alturas médias diferentes, mas ambos possuem desvios em
relação à média semelhantes. Esse é um exemplo bem próximo da realidade. A figura 4 (b)
mostra a distribuição de valores de três grupos de mesma média, mas com tendências de
desvios em relação à média diferentes. Um exemplo poderia ser a distribuição da variável
tamanho de pães produzidos por 3 diferentes fábricas de pães de fôrma. A fábrica com
melhor controle sobre a produção (melhor qualidade) possui um σ pequeno, enquanto a
fábrica com controle de qualidade ruim irá apresentar um σ grande.
A Curva Normal é uma curva de distribuição de um fenômeno abstrato qualquer cuja média
de valores é igual a zero e o desvio-padrão é igual a 1. Desse modo, o cálculo da área
abaixo da curva pode ser calculado em termos de quantidades de quadrados de lado σ, ou
seja, um quadrado desses mede 1 σ2. Unidades de medida podem ser polegadas, pés,
centímetros, km, etc., ou simplesmente sigma. Imagine um ladrilho cerâmico cujo lado mede
1 sigma. Imagine que você viva num país imaginário e a unidade de medida é o sigma (é
como o metro). Então o ladrilho cerâmico possui área de 1 sigma quadrado, ou 1 σ2.
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
-3 -2 -1 0 1 2 3
Figura 6 – Curva normal com eixo das ordenadas de dimensão igual a 1 desvio-padrão.
xi − µ
zi =
σ
Por exemplo, caso se queira saber a freqüência provável de ocorrência de um evento de
valor entre x1 = 1,8 e x2 = 2,5 se a média da amostra é 2 e seu desvio-padrão é 0,71. Para
isso calcula-se as variáveis padronizadas z1 e z2 fazendo:
1,8 − 2 2,5 − 2
z1 = = −0,28 e z2 = = +0,70
0,71 0,71
27
A freqüência provável de ocorrência de um evento de valor entre x1 = 1,8 e x2 = 2,5 será a
mesma freqüência provável de ocorrência de um evento de valor entre z1 =-0,28 e z2 =+0,70
, que é facilmente obtido da curva normal. Mas não é preciso ter uma curva normal plotada
em um grande papel milimetrado e contar quadradinhos toda vez que precisar calcular uma
freqüência provável. Desde o começo, quando ainda não haviam computadores, os
matemáticos construíram as tabelas mostradas nas figuras 1 e 2 que contêm as freqüências
acumuladas entre -∞ e zi. Na tabela 1 estão as freqüências acumuladas para os casos em
que zi for negativo e na tabela 2 quando for positivo. Resultado do exemplo será 36,83 %.
Tabela 1 – Valores tabelados da freqüência acumulada da curva normal para valores de zi < 0.
xi − µ
zi =
σ
28
Tabela 2 – Valores tabelados da freqüência acumulada da curva normal para valores de zi > 0.
xi − µ
zi =
σ
29
5 – O CONTROLE DE QUALIDADE DO CONCRETO
5.1. CONCEITO DE RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA DO CONCRETO – fck
fck = fc – 1,65.Sn
onde,
fck = Resistência característica à compressão do concreto em MPa;
fc = Resistência média à compressão do concreto em MPa;
Sn = Desvio-padrão (da população se n ≥ 30 exemplares ou da amostra se n < 30).
Observação: Costuma-se também incluir a letra “j” para indicar que a resistência se refere a
uma certa idade de “j” dias. Por exemplo, a resistência média fcj, aos 28 dias, é representada
pelo símbolo fc28.
A figura 1 ilustra um caso hipotético de produção de concreto cuja resistência média aos 28
dias resultou em fcj = 29 MPa, teve desvio-padrão Sn = 5,5 MPa e sua resistência
característica foi exatamente igual ao valor especificado em projeto, ou seja, fck = 20 MPa.
Figura 1 – Distribuição de freqüência de resistências em que o fck = 20 MPa, Sn = 5,5 MPa e fcj = 29 MPa.
30
Resistência de Dosagem (fcd) é a resistência média especificada à compressão do
concreto, que relaciona-se com o fck segundo a expressão:
O uso da tabela 3 existia na antiga NBR 6118 (1978) que a suprimiu em função da
responsabilidade pelos critérios de dosagem e controle de qualidade do concreto terem
passado totalmente para a NBR 12655 (2006). Entretanto essa norma falha ao prescrever a
utilização do valor do desvio-padrão simples quando deve utilizar o limite superior da faixa
de desvios-padrão prováveis referente à amostra estudada.
31
Exercícios:
Observação:
Numa produção industrial define-se como lote toda uma quantidade do produto produzido,
quantidade esta que poderá ser aceita ou rejeitada pelo controle de qualidade conforme
demonstre estar conforme ou não conforme com os padrões estipulados pela fábrica. O
tamanho do lote depende da variabilidade do processo, dos custos de controle e dos custos
de rejeição. Uma amostra é um conjunto de exemplares (eventos) que representa um lote.
32
5.2. O CONTROLE DE ACEITAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO SEGUNDO A
NORMA NBR 12.655 (2006)
(início)
. . . 5.6.3.1 – Condições de preparo do concreto
O cálculo da resistência de dosagem do concreto depende, entre outras variáveis, da condição de preparo do concreto,
definidas a seguir:
a) condição A (aplicável às classes C10 até C80); o cimento e os agregados são medidos em massa, a água de
amassamento é medida em massa ou volume com dispositivo dosador e corrigida em função da umidade dos
agregados;
b) condição B:
- aplicável às classes C10 até C25: o cimento é medido em massa, a água de amassamento é medida em volume
mediante dispositivo dosador e os agregados medidos em massa combinada com volume, de acordo com o exposto
em 5.4;
- aplicável às classes C10 até C20: o cimento é medido em massa, a água de amassamento é medida em volume
mediante dispositivo dosador e os agregados medidos em volume. A umidade do agregado miúdo é determinada
pelo menos três vezes durante o serviço do mesmo turno de concretagem. O volume de agregado miúdo é
corrigido através da curva de inchamento estabelecida especificamente para o material utilizado;
c) condição C (aplicável apenas aos concretos de classe C10 e C15): o cimento é medido em massa, os agregados são
medidos em volume, a água de amassamento é medida em volume e sua quantidade é corrigida em função da
estimativa da umidade dos agregados e da determinação da consistência do concreto, conforme disposto na
ABNT NBR NM 67 ou outro método normalizado.
No início da obra, ou em qualquer outra circunstância em que não se conheça o valor do desvio-padrão Sd, deve-se
adotar para o cálculo da resistência de dosagem o valor apresentado na tabela 6,de acordo com a condição de preparo
(ver 5.6.3.1), que deve ser mantida permanentemente durante a construção.
Os resultados dos ensaios de resistência, conforme a NBR 5739, realizados em amostras formadas como descrito em
6.2.1 e 6.2.2, devem ser utilizados para aceitação ou rejeição dos lotes.
33
6.2.1 Formação de lotes
A amostragem do concreto para ensaios de resistência à compressão deve ser feita dividindo-se a estrutura em lotes que
atendam a todos os limites da tabela 7. De cada lote deve ser retirada uma amostra, com número de exemplares de
acordo com o tipo de controle (ver 6.2.3).
6.2.2 Amostragem
As amostras devem ser coletadas aleatoriamente durante a operação de concretagem, conforme a NBR NM 33. Cada
exemplar é constituído por dois corpos-de-prova da mesma amassada, conforme a NBR 5738, para cada idade de
rompimento, moldados no mesmo ato. Toma-se como resistência do exemplar o maior dos dois valores obtidos no ensaio
do exemplar.
Consideram-se dois tipos de controle de resistência: o controle estatístico por amostragem parcial e o controle do
concreto por amostragem total. Para cada um destes tipos é prevista uma forma de cálculo do valor estimado da
resistência característica, fckest , dos lotes de concreto.
Para este tipo de controle, em que são retirados exemplares de algumas betonadas de concreto, as amostras devem ser
de no mínimo 6 exemplares para os concretos do Grupo I (classes até C50, inclusive) e 12 exemplares para os concretos
do Grupo II (classes superiores a C50), conforme define a NBR 8953:
a) para lotes com números de exemplares 6 ≤ n < 20, o valor estimado da resistência característica à
compressão (fckest), na idade especificada, é dado por:
2.( f 1 + f 2 + L + f m−1 )
fck est = − fm
m −1
n
onde: m= . Despreza-se o valor mais alto de n, se for ímpar;
2
Não se deve tomar para fckest valor menor que Ψ6.f1, adotando-se para Ψ6 os valores da tabela 8, em função da
condição de preparo do concreto e do número de exemplares da amostra, admitindo-se interpolação linear.
b) para lotes com número de exemplares n ≥ 20:
onde:
fcm é a resistência média dos exemplares do lote, em megapascals;
34
Sd é o desvio-padrão da amostra de n elementos, calculado com um grau de liberdade a menos [(n-1) no
denominador da fórmula] em megapascals.
Tabela 8 – Valores de Ψ6
Condição de Número de exemplares ( n )
preparo 2 3 4 5 6 7 8 10 12 14 ≥ 16
A 0,82 0,86 0,89 0,91 0,92 0,94 0,95 0,97 0,99 1,00 1,02
B ou C 0,75 0,80 0,84 0,87 0,89 0,91 0,93 0,96 0,98 1,00 1,02
Nota – Os valores de n entre 2 e 5 são empregados para os casos excepcionais (ver 7.2.3.3).
Consiste no ensaio de exemplares de cada amassada de concreto e aplica-se a casos especiais, a critério do responsável
técnico pela obra (ver 4.4). Neste caso não há limitação para o número de exemplares do lote e o valor estimado da
resistência característica é dado por:
onde:
i = 0,05 n. Quando o valor de i for fracionário, adota-se o número inteiro imediatamente superior.
Pode-se dividir a estrutura em lotes correspondentes a no máximo 10 m3 e amostrá-los com número de exemplares entre
2 e 5. Nestes casos, denominados excepcionais, o valor estimado da resistência característica é dado por:
fckest = Ψ6 . f1
Os lotes de concreto devem ser aceitos, quando o valor estimado da resistência característica, calculado conforme 6.2.3,
satisfizer a relação:
fckest ≥ fck
Em caso de existência de não-conformidade, devem ser obedecidos os critérios estabelecidos na NBR 6118.
7 Recebimento do concreto
O concreto deve ser recebido, desde que atendidas todas as condições estabelecidas nesta norma.
Em caso de existência de não-conformidade, devem ser obedecidos os critérios estabelecidos na NBR 6118.
(fim)
35
5.3 ESTRATÉGIAS PARA O PLANO DE AMOSTRAGEM DO CONCRETO
Vimos que a NBR 12.655 (2006) admite amostragens parciais com diferentes tamanhos de
amostra. Para o engenheiro que deve planejar a amostragem fica a dúvida. Com quantos
exemplares devo formar a amostra parcial? Isso é função da relação entre custo do concreto
x custo de laboratório. Para amostras menores há que se ter uma resistência de dosagem
mais alta e vice-versa. A análise estatística não é muito simples e por isso não é
conveniente sua descrição na presente apostila. A alternativa que propomos aqui é uma
delimitação das regras da NBR 12.655 (2006) com o fim de facilitar a vida do engenheiro RT
da obra e evitar algumas interpretações errôneas da norma (coisa bastante comum), durante
a execução da obra, que possam resultar em amostras de tamanho insuficiente. A seguir
vamos às sugestões:
Exemplos desse tipo de peça estrutural: pilares, vigas de transição, blocos de coroamento
de estacas ou tubulões, estacas tubulões, sapatas, etc.
II - Concreto produzido na obra com betoneiras de pequeno volume (menor que 6 m3)
Utilizar AMOSTRAGEM PARCIAL => moldar sempre 6 exemplares por lote (total de 12
corpos-de-prova).
Além das amostras dos lotes de concreto usinado não esquecer de formar pelo menos
uma amostra composta por 6 exemplares a cada semana para o concreto complementar
produzido na obra. Distribuir essa amostragem durante a semana.
36
IV - Casos excepcionais
Mesmo sabendo-se que a NBR 12655 (2006) admite a formação de amostras parciais
com número de exemplares entre 2 e 5 para os casos de lotes com volumes menores que
10 m3 , isso não é recomendável na prática, pois aumenta-se consideravelmente o risco
de não aceitação automática de um lote conforme. A nossa recomendação é também
formar essa amostra com 6 exemplares.
Isso acontece, por exemplo, quando, após a concretagem e aceitação automática dos
concretos de vários pavimentos, passa-se à última concretagem, do conjunto barrilete-
caixa d’água. Com um volume menor que 10 m3 , pode-se optar por uma amostra menor
que 6 exemplares. No entanto, se o concreto utilizado for o mesmo que os anteriores, e
os fcks estimados com 6 exemplares foram somente ligeiramente superiores ao fck de
projeto, quando a amostra for reduzida, a probabilidade de não aceitação vai ser
aumentada consideravelmente. Para que isso não ocorra é necessário mudar o traço do
concreto a fim de produzi-lo com uma resistência média maior. Resumindo: Na prática é
mais fácil e mais barato fazer a amostragem com 6 exemplares e manter o mesmo traço.
Mudando de assunto. . .
Sobre o controle aceitação do concreto fresco observe o que diz a norma americana
ASTM C94/94M-04a – Standard Specification for Ready Mixed Concrete
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Exercícios de Controle de Aceitação de Estrutura de Concreto
1) Durante um controle da resistência do concreto da estrutura de um edifício cuja
resistência característica aos 28 dias era 20 MPa, obteve-se os valores relacionados na
tabela abaixo para o concreto das lajes e vigas do 9o Pavimento Tipo que ao todo dava um
lote de concreto usinado. O volume total de concreto das lajes e vigas do Pavimento Tipo
era 96 m3 e foi totalmente misturado em caminhões betoneira de volume máximo de 6 m3.
Verifique se a estrutura será aceita automaticamente.
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