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COLÉGIO SÃO PAULO.

ENSINO FUNDAMENTAL II – LINGUA PORTUGUESA - PROFª VALÉRIA - 7º ANO - DATA:__________________

EXERCÍCIOS VARIADOS

Leia atentamente esta crônica, observando as escolhas lexicais, os elementos da narrativa, a forma como o autor
conduz o texto, para resolver as questões de 1 a 3.

História de um nome

No capítulo dos nomes difíceis têm acontecido coisas das mais pitorescas 1. Ou é um camarada chamado
Mimoso, que tem físico de mastodonte, ou é um sujeito fraquinho e insignificante, chamado
Hércules. Os nomes difíceis, principalmente os nomes tirados de adjetivos condizentes com
seus portadores, são raríssimos e é por isso que minha avó — a paterna — dizia:
— Gente honesta, se for homem, deve ser José, se for mulher, deve ser Maria!
(...)
Mas deixemos de lado as birras de minha avó — velhinha que Deus tenha em sua santa
glória — e passemos ao estranho caso da família Veiga, que morava pertinho de nossa
casa, em tempos passados.
Seu Veiga, amante de boa leitura e cuja cachaça era colecionar livros, embora
colecionasse também filhos, talvez com a mesma paixão, levou sua mania ao extremo de
batizar os rebentos com nomes que tivessem relação com livros. Assim o mais velho
chamou-se Prefácio da Veiga; o segundo, Prólogo; o terceiro, Índice, e, sucessivamente,
foram nascendo o Tomo2, o Capítulo e, por fim, Epílogo da Veiga, caçula do casal.
Lembro-me bem dos filhos de Seu Veiga, todos excelentes rapazes, principalmente o
Capítulo, sujeito prendado na confecção de balões e papagaios. Até hoje (é verdade que
não me tenho dedicado muito na busca) não encontrei ninguém que fizesse um papagaio
tão bem quanto Capítulo. Nem balões. Tomo era um bom extrema-direita e Prefácio pegou o vício do pai — vivia
comprando livros. Era, aliás, o filho querido de Seu Veiga, pai extremoso, que não admitia piadas. Não tinha o
menor senso de humor. Certa vez ficou mesmo de relações estremecidas com meu pai, por causa de uma
brincadeira: Seu Veiga ia passando pela nossa porta, levando a família para o banho de mar. Iam todos armados
de barracas de praia, toalhas etc. Papai estava na janela e, ao saudá-lo, fez a graça:
— Vai levar a biblioteca para o banho?
Seu Veiga ficou queimado durante muito tempo.
Dona Odete — por alcunha3 “A Estante” —, mãe dos meninos, sofria o desgosto de ter
tantos filhos homens e não ter uma menina “para me fazer companhia” — como costumava
dizer. Acreditava, inclusive, que aquilo era castigo de Deus, por causa da ideia do marido de
botar aqueles nomes nos garotos. Por isso, fez uma promessa: se ainda tivesse uma
menina, havia de chamá-la Maria.
As esperanças já estavam quase perdidas. Epilogozinho já tinha oito anos, quando a
vontade de Dona Odete tornou-se uma bela realidade, pesando cinco quilos e mamando
uma enormidade. Os vizinhos comentaram que Seu Veiga não gostou, ainda que se
conformasse, com a vinda de mais um herdeiro, só porque lhe faltavam palavras
relacionadas a livros para denominar a criança.
Só depois, na hora do batizado, o pai foi informado da antiga promessa. Ficou furioso
com a mulher, esbravejou, bufou, mas — bom católico — acabou concordando em parte. E
assim, em vez de receber somente o nome suave de Maria, a garotinha foi registrada, no
livro da paróquia, após a cerimônia batismal, como Errata Maria da Veiga.
Estava cumprida a promessa de Dona Odete, estava de pé a mania de Seu Veiga.
In: Sérgio Porto. São Paulo, Abril Educação, 1981. P. 75. Coleção Literatura Comentada.

Vocabulário:
Pitoresco1 = divertido
Tomo2 = volume
Alcunha3 = apelido

1) Sobre as informações contidas no texto, analise estas afirmativas e escreva (V) para as verdadeiras e
(F) para as falsas. Depois, corrija as que estiverem incorretas.

a) (V ) A escolha pela expressão que inicia o texto — “No capítulo dos nomes difíceis” — está
relacionada ao assunto da crônica, e esse termo pode ser substituído, sem que haja alteração de
sentido, por Em relação à escolha de nomes difíceis.

b) (V ) A palavra cachaça em “Seu Veiga, amante de boa leitura e cuja cachaça era colecionar...”
tem o mesmo sentido que o termo destacado na frase: Dom Quixote tinha o vício de ler livros de
cavalaria.
1
c) (F) O narrador da crônica não vivenciou as situações descritas no texto, ou seja, não é um narrador-personagem.
Além disso, não é possível afirmar onde e quando acontecem os fatos narrados.O narrador é personagem pois ele conta
o que aconteceu com seu pai e seu Veiga.

d) (F ) O assunto dessa crônica é os estranhos critérios que, muitas vezes, determinam a escolha dos nomes das
crianças.

2) Releia esta passagem:

“Seu Veiga ficou queimado durante muito tempo.”

a) O termo em destaque, nesse contexto, foi empregado no sentido denotativo ou conotativo? Justifique sua resposta.
Sentido conotativo, figurado, pois significa que ele ficou bravo.
b) Pense em uma palavra para criar duas frases — uma em que ela seja empregada no sentido denotativo, e outra, no
sentido conotativo.(pessoal) literal(denotativo): Comi um delicioso doce de abóbora ontem.
Figurado(conotativo): Ela é um doce de pessoa!
3) A repetição excessiva de palavras, além de atrapalhar a fluência do texto, torna-o cansativo, enfadonho. Um
importante recurso para se evitarem as repetições é usar palavras de referências.
Elimine as repetições deste texto, utilizando palavras de referência. Faça as substituições, quando forem necessárias,
no próprio texto.

Seu Veiga, amante da boa leitura e cuja cachaça era colecionar livros, embora colecionasse também filhos,

levou sua mania ao extremo de batizá-los (os filhos) com nomes que tivessem relação com livros. Assim,

eles(os filhos) receberam os nomes de Prefácio, Prólogo, Índice, Tomo, Capítulo e Epílogo.

Lembro-me bem deles (dos filhos de Seu Veiga), principalmente quando passava levando-os (os filhos) à praia.

Seu Veiga era um pai carinhoso!

4) Agora, os filhos de Seu Veiga já são adultos!


Leia este e-mail que Prefácio mandou a Índice.

Sublinhe, no texto, a parte que está incoerente e explique porque isso aconteceu.
Está incoerente o fato dele falar que a faculdade está muito difícil, com muitas atividades e depois deizer que existem
festas todos os dias.

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